N.A. T-28R-1 e T-28A(S) na Marinha

História e Desenvolvimento. 

Logo após o termino da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Americana (USAF) começou a considerar possíveis substitutos para sua frota de treinadores avançados T-6 Texan deflagrando assim uma concorrência entre várias empresas americanas para o desenvolvimento do projeto de uma nova aeronave dedicada a esta tarefa. Após análises preliminares de todos os concorrentes, a empresa North American Aviation sagrou-se vencedora, com seu projeto NA-159, uma aeronave biposta em tandem com trem de pouso triciclo, equipada com um motor radial de 800 hp, que recebeu a designação militar de XBT-28, sendo dotado com um motor radial Wright R-1300-7 de 800 hp, com os primeiros voos ocorrendo a partir de 26 de setembro de 1949.

Após uma densa campanha de ensaios aplicada aos dois protótipos da aeronave, o Air Training Command (ATC – Comando Aéreo de Instrução) passou a receber em abril de 1950 as primeiras células do modelo, agora sob a designação de T-28A Trojan e passaram a ser distribuídos ao Proving Ground na base área de Eglin na Florida e ao  3200 th Fighter Test Squadron (Esquadrão de Testes em Voo), que viriam a desenvolver a doutrina de operação da aeronave, com este processo se alongando até novembro do mesmo, gerando assim os primeiros contratos de produção englobando 605 células, que seriam seguidos por outros contratos até o ano de 1957 totalizando a aquisição de 1.194 aeronaves.
Após ser adotado como treinador primário padrão pela Força Aérea Americana (USAF), a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) também demonstrou interesse pelo modelo também com o objetivo de substituir os T-6 Texan , assinando contratos da aquisição da versão de treinamento avançado, designada T-28, que diferia da anterior por contar com um novo motor  Wright R-1820-9 com 1425 hp, os acordos firmados totalizaram 489 aeronaves adquiridas, que seriam empregados não só pela US Navy, mas também pelo Corpo de Fuzileiros Navais (US Corps Marine), para operações de treinamento embarcado em porta aviões com a aquisição de 266 unidades da versão T-28C que passava a dispor de gancho de parada e outras pequenas modificações necessárias a navalizacao do modelo.

No entanto a carreira do T-28A na USAF foi breve em face do desejo daquela arma em introduzir aeronaves de reação no programa de formação de seus pilotos. Consequentemente, a partir de 1956, os T-28A gradualmente deixaram de operar com o ATC, sendo substituídos totalmente até o início de 1960, pelo binômio Beech T-34A / Cessna T-37A. Já os as versões T-28B e T-28C continuaram a ser empregadas pela US Navy e US Corps Marine até o início da década de 1980. A retirada de serviço dos T-28A da USAF gerou um volume de células excedentes em bom estado, que passaram a ser transferidas a nações alinhadas com os Estados Unidos, gerando assim novas versões, entre elas a T-28D Nomad que ser originaram de conversões do modelo original que foram  implementadas pela empresa  Pacific Airmotive  a partir de 1962,  sendo destinadas ao emprego armado em missões de reconhecimento e contra insurgência, tendo destacada atuação nos conflitos do sudeste asiático.
A empresa francesa Sud Aviation a pedido da Força Aérea Francesa, passou a desenvolver um processo de conversão similar ao T-28D Nomad, capacitando a aeronave a dispor de um leque de armamentos, composto por pods de metralhadora .50, foguetes não guiados de 37 mm e 62 mm Matra e bombas de bombas de queda livre e napalm, dispostos em seis pontos duros sob as asas, resultando em uma e encomenda 148 aeronaves, que foram empregadas em conflitos regionais no Norte da África entre 1959 e 1962 No ano de 1960 a empresa Hamilton Aircraft Company passou a oferecer no mercado civil e militar uma conversão designada T-28R Nomair, adotando um motor de Cyclone 1820-56A de 1.350 hp e hélice tripa. A versão civil recebeu a designação T-28R-2 (com canopi fixo e capacidade para até cinco pessoas) e a militar T-28R-1, sendo exportadas a 28 países, com células em serviço até pelo menos até o início da década de 1990.

Emprego no Brasil. 

No início da década de 1960, a Marinha do Brasil consolidava o processo de reativação da sua aviação naval, elaborando em seu cronograma de implementação as necessidades de equipamentos e aeronaves para compor suas unidades áreas, entre estas previa se um esquadrão de instrução aérea dotado de aeronaves de asa fixa. Apesar de a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DaerM) ter comprado, no mercado civil local aeronaves leves no transcorrer de 1962, esses em termos de qualidade e quantidade estavam longe de satisfazer aquela necessidade, levando a Marinha do Brasil a buscar no mercado exterior meios que atendessem a esta demanda. Porém o cenário de embate com a Aeronáutica, devido a outrora exclusividade da FAB em operar aeronaves militares levou a  DaerM a descartar as fontes tradicionais e procurar soluções entre fornecedores de pequeno porte.

Assim em meados de 1962, a Comissão Naval Brasileira sediada em Washington D.C, iniciou negociações junto a empresa Hamilton Aircraft Company nos, com vistas a adquirir seis células do modelo T-28A, que anteriormente foram compradas da USAF, e convertidas ao padrão T-28R-1 Nomair com a substituição do motor original por um Wright R-1820-56A de 1.350 hp, para serem comercializadas no mercado civil, facilitando assim seu processo de exportação. O contrato de compra assinado no último trimestre de 1962 previa ainda a customização das aeronaves, adequando as para operação embarcadas em navio aeródromo, dentre estas alterações a mais visível era a instalação de um gancho de parada. Paralelamente, em janeiro de 1963, o adido naval brasileiro em Paris finalizou as negociações e assinou o contrato de compra de 12 aviões T-28A(S) que se encontravam estocados desde 1961 que pertencerem anteriormente a Força Aérea Francesa e foram modificados pela Sud Aviation .
Os dois lotes foram transportados por via marítima, sendo recebidos desmontados no final do primeiro trimestre de 1963. Os T-28R-1 foram trazidos a bordo do Navio de Transporte de Tropa Soares Dutra, e logos após sua atracação as caixas contendo as células foram transferidas para o NAeL Minas Gerais a fim de serem montadas nos hangares sob o acompanhamento de um técnico americano da Hamilton Aircraft Company, assim quando prontas as aeronaves foram pintadas, prontificadas e testadas para vôo, no dia 17 de outubro de 1963, decolando do porta aviões em direção a Base Aeronaval de Sao Pedro da Aldeia – RJ. Estas células juntamente com seis T-28A(S) deveriam ser distribuídas ao 2º Esquadrão de Aviões de Instrução (2ºEsAvl) que teria como missão treinamento avançado e qualificação de pouso a bordo em navio aeródromo. Porém as circunstâncias ditaram uma mudança nestes planos e os T-28R-1 passaram a integrar o 1º Esquadrão de Aviões Anti-Submarino (unidade posteriormente renomeada 1º Esquadrão Misto de Aviões Anti-submarino e de Ataque), já os T-28A(S) permaneceram desmontados e armazenados.

Dispondo de pilotos qualificados pela Aviação Naval Americana para operação em navio aeródromo, a Marinha começou a ensaiar o primeiro pouso embarcado no Nael Minas Gerais, que ocorreu em 11 de dezembro de 1963, quando o T-28 N-703, pilotado pelo Capitão-de-Corveta Roberto Arieira comandante do 1º EsMavASA executou o primeiro pouso de avião militar brasileiro a bordo do Minas Gerais, assinalando, assim, o início de uma nova etapa na História da Aviação Naval. Mais dois embarques seriam registrados em operações de adestramento e patrulha, com uma aeronave sendo perdida em um acidente fatal em 3 de janeiro de 1964. No intuito de melhorar a formação de pilotos navais previa-se a ativação do 2º Esquadrão de Aviões de Instrução (2ºEsAvl) com a dotação inicial de seis T-28A(S). Porém as divergências entre os Ministérios da Aeronáutica e Marinha, esta decisão foi postergada e novamente as aeronaves permaneceram desmontadas, ocorre porém que registros fotográficos comprovam que houve a remoção dos motores R-1820-56A de alguns T-28R-1, sendo substituídos pelos R-1820-76A de 1425 hp dos T-28A(S).
Em dezembro de 1964 ocorreu o incidente de Tramandaí, quando um helicóptero da MB foi metralhado por pessoal da FAB, e uma decisão final para o destino da Aviação Naval tornou-se urgente. No início do ano de 1965, o Minas Gerais entrou na Baía de Guanabara com os T-28 estacionados no convôo. A consequente reação do Ministro da Aeronáutica em relação ao fato acabou precipitando a decisão presidencial e, no dia 26 de janeiro, o Decreto de extinção da Aviação de Asas Fixas da Marinha foi assinado. Uma semana após a publicação do Decreto, o presidente Castelo Branco e sua comitiva chegaram ao NAeL Minas Gerais para assistir a última demonstração de toques e arremetidas e de pouso enganchado das aeronaves. Após o evento, os T-28 decolaram para o seu último vôo nas mãos da Marinha., as cinco aeronaves remanescentes foram transferidas para a FAB em janeiro de 1965, sendo incorporadas à 2ª Esquadrilha de Ligação e Observação.

Em Escala.

Para representarmos o T-28R-1 "N 703" empregamos o kit da Monogram da versão T-28A na escala 1/48, a escolha por este modelo se deu através da observação de fotos de época onde está célula apresenta estar dotada com a tomada de ar mais curta da refrigeração do radiador de óleo, características estas presentes nas versões "A e B” para representarmos a versão brasileira incluímos a hélice tripá e o gancho de parada, além de pequenas conversões em scratch. Empregamos decais confeccionados pela FCM presentes no Set 48/05.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura adotado pela Marinha Brasileira em suas aeronaves de asas fixas e asas rotativas a partir de fins da década de 1950, sendo mantido ate a transferência das células para a Força Aérea Brasileira em 1965.


Bibliografia :

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr
- North American T-28 Trojan – Wikipedia
- Asas sobre os Mares Aviação Naval Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html
- North American T-28 Trojan - Poder Naval - http://www.naval.com.br/anb/ANB-aeronaves/NA_T-28/NA_T28_Trojan.html