Agrale Marruá Série AM 4X4 Militar

História e Desenvolvimento.
A montadora Agrale S/A iniciou suas atividades em outubro de 1965, quando Francisco Stedile, fundador e proprietário da indústria de lonas de freios Fras-le, adquiriu o controle acionário da Agrisa, fabricante de cultivadores mecânicos de Sapucaia do Sul (RS), que se encontrava insolvente. Em novembro do mesmo ano a linha de fabricação da Agrisa foi transferida para Caxias do Sul (RS), onde fica sediado o Grupo Stedile, assim dando início à história de sucesso do único fabricante atual de caminhões, tratores e motores de capital 100% nacional. Os motocultivadores e seus motores (a partir de 1967 fabricados pela Agrale, sob licença da alemã Hatz) permaneceram em linha por longos anos, com atualizações constantes. Desde cedo, porém, Stedile buscou a diversificação, lançando mão da disponibilidade potencial de sua linha de fabricação de motores. Assim, lança no VI Salão do Automóvel, em 1968, o microtrator T-415, com 950 kg, primeiro produto inteiramente desenvolvido pela nova empresa e categoria de veículo na qual é até hoje líder de mercado. A segunda investida da Agrale no setor automotivo se deu em 1976, quando a produção de tratores já alcançara 400 unidades mensais: numa tentativa de compensar a instabilidade crônica do mercado de máquinas agrícolas, promoveu a apresentação pública do protótipo de seu primeiro caminhão. Tratava-se de um veículo leve, com rodado traseiro simples e capacidade de carga de uma tonelada – porte de picape, porém resistência de caminhão. Este filão “descoberto” pela empresa seria por ela explorado, quase que com exclusividade, até a chegada das vans coreanas (e de seus sucedâneos) importadas a partir dos anos 90. Acionado pelo motor bicilíndrico diesel de 36 cv da empresa, o caminhão tinha todos os elementos estruturais e mecânicos de fabricação própria (com exceção da caixa, originária da Kombi, e dos freios) e cabine de dois lugares (espartana, porém bem elaborada) fabricada em chapa de aço plana e soldada. Assim, no início de 1981, enquanto a produção de tratores caía verticalmente, era mostrado mais um protótipo de caminhão (seria terceiro e último), com nova cabine, ainda metálica, e capacidade aumentada para 1.100 kg. O caminhãozinho, que ganhava um nome – TX –, recebeu eixo traseiro Albarus e caixa Clark de quatro marchas, ao invés da Volkswagen anteriormente proposta; o motor permanecia o bicilíndrico turboalimentado refrigerado a ar de 1.270 cm3 e 36 cv de origem Hatz. 

O Agrale TX 1100, que seria o primeiro mini caminhão e o primeiro caminhão leve com cabine avançada do país, foi finalmente lançado em janeiro de 1982, com expectativa de venda de 500 unidades no primeiro ano. Trazendo uma cabine em plástico reforçado com fibra de vidro de linhas agradáveis, fornecida pela Hidroplás, tinha estilo totalmente distante das superfícies planas e cantos vivos mostrados nos protótipos anteriores. O pequeno veículo, porém, teve aceitação limitada, em especial em função da pequena potência do motor e, consequentemente, das baixas velocidades obtidas. Isto fez com que, logo no ano seguinte, fossem oferecidos dois novos modelos (TX 1200 e TX 1600, respectivamente para 1,2 e 1,6 tonelada, com quatro e cinco marchas), equipados com novas motorizações, ambas refrigeradas a água: a primeira, uma unidade Chevrolet a álcool, com quatro cilindros, 2,5 litros e 90 cv; a segunda, um diesel de três cilindros, da MWM, com 3 litros e 63 cv de potência. Em conjunto com as novas versões também foi disponibilizado um furgão integral, batizado Furgovan, excelente solução para entregas urbanas, inédita no Brasil. Todos os modelos chegaram com nova grade dianteira, na cor preta, diferenciando-os do “irmão” menor TX 1100; este, por sua vez, depois de produzidas 350 unidades, por razões fiscais teve sua produção suspensa em junho de 1984, pois as políticas vigentes oneravam desproporcionalmente veículos diesel com menor capacidade de carga. No final de 1985 ocorreu o lançamento da linha 86 do caminhão, que ganhou opção de rodado duplo traseiro e cabine totalmente nova, no desenho e na comodidade. Também moldada em plástico pela Hidroplas, com 15 cm a mais na largura, três lugares, área envidraçada 32% maior, ventilação e isolamento termoacústico melhorados, a nova cabine vinha resolver algumas das deficiências apontadas pelos usuários no modelo anterior, tais como espaço reduzido e ruído e aquecimento interno excessivos. O novo caminhão passava a se chamar apenas Agrale 1600A (ou D, conforme o combustível fosse álcool ou diesel), abandonando o TX do nome. Com ele foram pela primeira vez oferecidas opções de cabine dupla e tração 4×4 (Engesa, com roda livre e freios dianteiros a disco), além de uma versão para passageiros – antecipando em anos a conquista do país, na década seguinte, por essa classe de veículos. O lançamento da linha 86 foi acompanhado do processo de abertura de capital da Agrale e o início de negociação das suas ações em Bolsa.
A gênese do envolvimento da Agrale S/A com mercado militar se daria com o final da produção do Jeep Ford em 1983. Neste momento os mercados civil e militar ficarão carentes de um veículo de custo acessível, com tração 4X4 e características para operação em qualquer terreno.  Neste período, o Toyota Bandeirante militarização ainda estava em desenvolvimento e não havia sido homologado pelo Exército Brasileiro, gerando assim um potencial nicho de mercado para a empresa paulista Engesa S/A. Dentro deste contexto, nasceria o Engesa EE-12, um jipe 4X4 completamente desenvolvido no Brasil, usando componentes nacionais, agregando assim a vasta experiencia da empresa no setor de tração de veículos militares.  Apresentando inicialmente em 1984, este jipe foi oferecido ao mercado civil a partir do ano seguinte, com a denominação de Engesa 4. Este novo veículo apresentava como diferencial, o exclusivo sistema de suspensão por molas helicoidais, barras oscilantes longitudinais e transversais, que brindavam um excepcional curso de 225 mm, perfeito para transpor terrenos irregulares. De sobra este conjunto proporcionava ao veículo fora de estrada, uma maciez de condução de carro de passeio. A fim de reduzir custos, a carroceria desenhada elo sistema de computador Cad Cam, era produzida apenas com dobras e soldas, dispensando as caras ferramentas de estamparia. O chassi contava com longarinas tubulares em aço de alta resistência. A propulsão era garantida por um motor Chevrolet 151 de quatro cilindros e 2.470 cm3, igual ao da linha Opala oferecido em versões a álcool de 88 cv e gasolina de 85 cv. A transmissão era a Clark 240v, de cinco velocidades e redução total de 6,33:1, que, de certo modo compensava a falta da reduzida na caixa de transferência. A capacidade de subida de rampa chegava a 60% e a velocidade máxima era de 116 km/h na versão a álcool, e o consumo médio em estrada ficava em 5,2 km/litro de álcool. O jipe que pesava cerca de 1.500 kg, podia acomodar 500 kg de carga útil sobre os pneus 7-50x16, com comprimento de 3.590 mm de comprimento, tornado o Engesa 4 mais curto que o Fiat Uno. Um pacote de aprimoramentos foi implementado em 1988, de modo a tornar o 4X4 mais confortável e econômico. O fabricante aumentou o entre eixos e o balanço traseiro em 100 mm, permitindo portas maiores e espaço adicional para a bagagem. Também neste processo o para-brisa foi ampliado e a tampa traseira e o painel foram redesenhados, a caixa de transferências foi representada ficando mais silenciosa. Para melhor desempenho global a transmissão foi encurtada e o diferencial foi alongado.  

Porém no início da década de 1990, a Engesa S/A passou a sofrer com sérios problemas de ordem financeira, sendo este cenário provocado em face de altos investimentos com recursos próprios para o desenvolvimento do blindado EE-T1 Osório, que infelizmente não logrou êxito em vendas, com este cenário sendo profundamente agravado pelo sério processo de inadimplência, na ordem de US$ 200 milhões de dólares, junto ao governo iraquiano. Somatórias destes fatos, culminaria na falência da empresa no início da década de 1990, gerando uma dívida de US$ 1,5 bilhão de dólares junto ao Banco do Brasil e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Parecia o fim do jeep militar brasileiro, mas felizmente este promissor projeto renasceria por mãos de outra empresa, a Agrale S/A, esta montadora lograria êxito em absorver o know how para a produção em larga escala de veículos robustos,  a partir de 1998 após a formalização de uma parceria com a montadora norte-americana Navistar Corporation para a montagem de caminhões médios e pesados da marca International nas suas instalações. Neste mesmo momento um grupo de ex-funcionários da Engesa S/A , resolveu levar adiante o projeto do Modelo 4, projeto sobre o qual detinham os direitos intelectuais, visando produzir este veículo junto a Columbus Comercial Importadora e Exportadora Ltda, empresa está fundada também por ex-funcionários Engesa S/A, fundada especificadamente para prover a manutenção de blindados e caminhões da marca que ainda se encontravam em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Os primeiros três protótipos foram construídos em conjunto com a Ceppe Equipamentos Ltda, no Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), em Barueri – São Paulo, com sua apresentação oficial ao Exército Brasileiro em fevereiro de 2003. Durante quatro meses estes três protótipos foram exaustivamente em um programa de testes de campo, visando a sua homologação pelo Exército Brasileiro, recebendo ao fim desta, sua aprovação para produção em série e futura implementação. 
Neste momento a necessidade de produção em larga escala, esbarrava na capacidade econômica e financeira tanto da Ceppe Equipamentos Ltda, quanto da Columbus Comercial Importadora e Exportadora Ltda, que não tinham as capacidades exigidas para uma demanda desta monta. A solução encontrada, seria a introdução no programa do novo LMV  4X4, da montadora brasileira Agrale S/A, assumindo a posição de investidor no projeto, realizando um aporte de R$ 11.000.000,00, adquirindo então desta maneira, os direitos do projeto, ficando assim responsável pela produção em série, neste mesmo período o projeto receberia o nome de batismo de Marruá, que significa em tupi guarani “novilho selvagem” . A versão final militar foi apresentada oficialmente em 2003 na Feira Internacional de Defesa e Segurança (LAAD) no Rio de Janeiro despertando o interesse de outras nações, em novembro do ano seguinte foi disponibilizada uma primeira série de 100 unidades para uso civil; a menos da alteração do sistema elétrico (passou de 24 para 12 V) e da eliminação dos faroletes auxiliares e do para-brisas dianteiro basculante, todas as demais características da versão militar foram mantidas.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Por um longo período, o veículo básico 4×4 do Exército Brasileiro (EB) fora, o Jeep Willys em suas diferentes versões e modelos, tanto fornecidos pelos Estados Unidos quanto fabricados no Brasil pela Willys e pela Ford, entre 1954 e 1983. Esses veículos realizavam diversas missões como ligação, transporte leve, remoção de feridos do campo de batalha, reconhecimento e outras ações táticas. Nas décadas de 1980 e 1990 o Exército já buscava um substituto para a “família jipe”, cuja fabricação pela Ford, no Brasil, cessou em 1983. Soluções paliativas foram adotadas passando pela aquisição de veículo nacionais como os Engesa EE-34, Toyota Bandeirante, JPX A3 e importados como os Land Rover Defender. Este processo levaria ao grande interesse do Ministério da Defesa Brasileiro em acreditar e investir no projeto do Agrale Marruá, visando tornar este o modelo o veículo padrão do segmento de VTL (Viatura Tática Leve) e VTNE (Viatura de Transporte Não Especializada). O primeiro contrato militar com as Forças Armadas Brasileiras seria celebrado em 2005 prevendo a aquisição inicial de oito unidades do modelo Agrale Marruá AM2, recebendo a designação de VTNE ½ t 4×4, com as primeiras entregas ocorrendo para o Exército Brasileiro em 10 de abril de 2006. Estes carros foram incorporados ao 3º Batalhão de Suprimentos (3º Bsup), na cidade de Nova Santa Rita no Rio Grande do Sul, onde foram aceitos para operação e distribuídos as unidades de Grupo de Exploradores dos Pelotões de Cavalaria e Pelotões de Explorador. A aplicação real em campo renderia a Agrale S/A, mais contrato, agora de 57 unidades que foram entregues ao longo do ano de 2007 . O modelo final homologado pelo Exército Brasileiro, atendia plenamente ao Requisito Técnico Básico (RTB) 063/94 destinado a concepção de veículo classificado como VTNE ½ 4X4, destinado para o transporte de pessoal ou carga, podendo carregar 500 kg em qualquer terreno, podendo ainda dispor de um reboque militar com mais 250 kg. Basicamente destinava-se ao transporte de quatro homens com equipamento individual, sendo previsto ainda o emprego desta plataforma para o emprego de míssil anticarro, canhão sem recuo de 106 mm, metralhadora leve 7,62 mm tipo MAG ou calibre .50 do  tipo Browning. Sua carroceria era construída toda em aço, com teto e portas em vinilona,  janelas de enrolar, barra de proteção anticapotagem, para brisa rebatível com vidro basculante, reguláveis, e banco traseiro para passageiros. Dispunha de tampa traseira de abertura lateral que permite amplo acesso ao compartimento de carga. Estava equipado com um motor dianteiro MWM modelo 4,07 TCA a diesel, quatro cilindros em linha, 2,8 litros e 135 cavalos, dotado ainda com o câmbio Eaton modelo FS 2305, manual de cinco marchas a frente e uma ré, caixa de transferência de fabricação própria e caixa de direção TRW, modelo TAS-2 com acionamento hidráulico. A suspensão dianteira e traseira era composta por barras oscilantes longitudinais e transversais, molas helicoidais e amortecedores de dupla ação.

O emprego operacional do jipe Agrale Marruá AM2 (VTNE ½ t 4×4), despertaria o interesse da Marinha do Brasil, que tinha por intermédio do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) o interesse em substituir as versões mais antigas dos Toyota Bandeirante. Assim no início do ano seguinte, seria homologada a versão AM2-MB 4X4, especificadamente customizada para o emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), apresentando como características únicas, como a pintura especial que garante maior resistência à corrosão causada pelo mar e pneus especiais para uso em terreno arenoso. O primeiro lote contratado de 29 carros, seria entregue em agosto de 2008, sendo seguidos pois mais lotes, gerando assim a possibilidade de substituição das versões mais antigas de veículos similares como os Toyota Bandeirante e Land Rover Defender. A partir de 2010, o Exército Brasileiro começou a incorporar cada vez mais viaturas Agrale Marruá na configuração VTNE ½ 4X4 e VTL ½ 4X4, com os contratos superando a casa de 200 veículos. Em seguida seria adotada uma nova versão, o Marruá AM11 desenvolvida sobre chassi longo e capaz de receber um reparo para metralhadora calibre 7,62 mm. Esta versão recebeu a nomenclatura militar “Viatura Tática Leve de Reconhecimento” (VTL Rec). Esta viatura é, na atualidade, o principal veículo leve empregado pelo Exército Brasileiro nos seus Pelotões de Cavalaria Mecanizado. Em 2011 a Força Aérea Brasileira passaria a adotar não só versão básica Agrale Marrua AM2, mas também variantes especializadas de cabine dupla para emprego como carro socorro e bombeiro para emprego junto as bases aéreas. No mesmo ano a empresa apresentaria na edição da LAAD (Latin America Aerospace & Defence), a nova versão picape, Marruá AM 31 – VTNE 1,5 t 4X4. Este modelo foi concebido á atender às especificações militares na faixa de 1.500 kg podendo ainda rebocar 1.500 kg. Muitos dos componentes são os mesmos empregados na versão básica, com suspensão de mola semi-eliptica com rate variável da classe Ford F-250, mantendo as características no desempenho fora de estrada da versão do jipe. Em 18 de novembro de 2013, a Portaria Nº 224-EME do Ministério da Defesa, estabelecia a adoção da Viatura de Transporte Não Especializada, 1½ toneladas, 4×4, Categoria 2, Agrale MARRUÁ, Modelo AM 31 (VTNE 1½t, 4×4).
Em consequência, de apresentar uma plataforma básica, versátil, robusta, de fácil manutenção e baixo custo operacional, esta família de utilitários ganharia novas versões especializadas, como viatura porta Shelter para Comando e Controle (VTNE ¾ 4x4 – VCC), ambulância (VTNE ½ Amb UTI de 14 m3) e AM21 versão GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que incorporava características especiais para missões de pacificação e manutenção da ordem. O principal foco do projeto em tela foi a concepção de um kit de blindagem, fazendo uso de aço balístico, para aplicação na VTNE 3/4 t Agrale Marruá Cargo, uma vez que, em virtude das características topográficas e urbanísticas do terreno das operações, com sua principal aplicação na cidade do Rio de Janeiro. Outras versões a serem implementadas em seguida, estavam o Marruá VTL REC RHD, o Marruá VTNE 2 ½ ton. AM41, a VTL Rec, implementada com sistema de visão termal (em parceria com a AEL sistemas), e uma versão blindada do Marruá AM200 Cabine Dupla Nova Geração, uma opção para uso tanto das Forças de Segurança e Policiais como para uso civil. O modelo de maior porte Agrale Marruá AM-41 VTNE 2 ½ , com capacidade total para transporte de 2.500 kg e reboque de 2.500kg, sendo desenvolvido de acordo com as necessidades das Forças Armadas Brasileiras para o transporte de equipamento, carga e pessoal em qualquer terreno. Já a versão armada VTL Rec, passaria a adotar a possibilidade de portar uma segunda metralhadora de 7,62 mm, ou uma gama variada de armamentos, inclusive misseis anticarro, possuindo ainda quatro lançadores de granadas fumiginas instaladas no para-choque dianteiro e um guincho elétrico.

A plataforma seria ainda empregada ainda com base no modelo AM20 Marruá, para a tarefa de transporte do avançado sistema de controle para a artilharia antiaérea, desenvolvido para o Exército Brasileiro pela OrbiSat S/A (atual Bradar) e controlada pela Embraer Defesa e Segurança S/A. Este projeto desenvolvido em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), integra o Sistema de Defesa Antiaérea do Exército Brasileiro, abastecendo-o com informações capazes de contribuir para a tomada de decisões em inúmeras situações que envolvam questões de defesa e segurança. Este sistema funciona como uma base para o comando e controle das informações enviadas, em tempo real, pelo radar Saber M60, também produzido pela mesma empresa, e usado para vigilância aérea e terrestre de aeronaves a baixa altura, rastreando alvos em um raio de até 60 quilômetros e a altitude de até cinco mil metros. Deste conceito nascem três versões especializadas com diferentes configurações, como Agrale AM20 GE (Guerra Eletrônica), Agrale AM20 MAGE (Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica) e Agrale AM20 VCC (Viatura Comando e Controle), passando a ser operados pelos Centros de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército e Companhias de Comando e Controle. Todas estas nova versões fazem uso de um shelter produzido pela empresa Truckvan MTO, com seu interior sendo configurado de acordo com a especialização da viatura. O batismo de fogo em operações reais ocorreria em 2008, quando dezenove veículos do modelo AM20 VTNE ½ 4X4 (Viatura de Transporte Não Especializada), pertencentes ao Exército Brasileiro foram destacadas para participar do contingente brasileiro das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) durante a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). No ano de 2010 carros da versão ambulância seriam incorporadas ao contingente brasileiro para o emprego principalmente na capital Porto Príncipe.
Ao longo de quase vinte anos, as viaturas de transporte da família Agrale AM Marruá, se consolidaram como a viatura padrão nas Forças Armadas Brasileiras com tração integral nas modalidades de 1½ t 4×4 e ¾ t 4x4. Em 2011 uma versão dedicada a tarefa de Carro de Resgate e Salvamento (CRS) para emprego junto as bases aéreas, foi desenvolvida sob encomenda para a Força Aérea Brasileira, baseada na plataforma do modelo Agrale AM20, com equipamentos produzidos pela empresa Triel HT S/A, dispondo de um guincho elétrico com capacidade de até 4.100 kg e torre de iluminação. Na primeira metade da década de 2010, verificou-se junto aos veículos mais antigos, um alto nível de corrosão e desgaste de componentes, levando a elaboração de estudos pela equipe técnica do Parque Regional de Manutenção da 7ª Região Militar (PqRMnt/7), que culminariam no Projeto Marruá. O escopo deste programa consistia na implementação da manutenção preventiva e corretiva de 2º e 3º escalão dos sistemas críticos (suspensão, direção e freio), na recuperação da capotaria e nos trabalhos de funilaria e pintura, além da substituição das caçambas danificadas por conjuntos novos. O Projeto Marruá seria iniciado em fins do ano de 2018, chegando até a presente data em 225 carros já recuperados e entregues as Organizações Militares jurisdicionadas à 7ª Região Militar. Logo em seguidas projetos semelhantes passaram a ser conduzidos pelos Arsenais de Guerra espalhados por todo país, garantindo assim maior tempo de efetiva operação junto à tropa, assim como o seu valor estratégico para os Comandos Militares e para a Força Terrestre.

Em Escala.
Para representarmos o veículo Agrale Marruá AM20 VTNE MAGE (Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica), fizemos uso do modelo em die cast na escala 1/43 da coleção “Veículos de Serviço do Brasil” da editora Planeta de Agostini. A versão original representa o modelo cabine dupla Marruá AM 150 CD CC ano 2006, para se representar a versão utilizada pelo Exército Brasileiro, tivemos de construir em scratch o “shelter”, fazendo uso de fotos e referências do veículo real. Empregamos decais confeccionados pela Decals e Books pertencentes ao set "Forças Armadas do Brasil 1983 a 2002 1/35”.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro aplicado em todos os seus veículos militares a partir de 1983. Os únicos veículos do Exército Brasileiro que receberam um esquema diferente deste, foram os destinados ao contingente brasileiro a serviço durante a operação da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), onde passaram a ostentar o padrão de pintura padrão das forças de paz das Nações Unidas (ONU). Já os veículos a serviço do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e Força Aérea Brasileira (FAB) adotaram esquemas de pintura diferentes, pertinentes a suas funções ou padrão de cada força.


Bibliografia :

- Agrale Marruá, um legítimo 4X4 militar Made In Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Agrale Marruá AM2 no Exército Brasileiro - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Agrale S/A – www.agrale.com.br
- Viatura Tática de Reconhecimento Agrale  - Expedito Carlos Stephani Bastos