A Seversky Aircraft Co., foi fundada em 1931 por Alexander de Seversky, um expatriado russo e veterano piloto da Primeira Guerra Mundial. No início, muitos dos projetistas da empresa, eram engenheiros russos e georgianos, incluindo Michael Gregor e Alexander Kartveli, que iriam projetar muitas das aeronaves mais famosas da República. Após várias tentativas fracassadas, a Seversky Aircraft finalmente ganhou uma competição de design para um novo caça do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), e foi premiada com seu primeiro contrato militar em 1936 para a produção de seu Seversky P-35, e ao longo dos próximos anos, novo projetos seriam desenvolvidos e oferecidos ao governo norte americano. Este seria o contexto que originaria futuramente o Republic P-47 Thunderbolt, também conhecido como "Jug", o maior, mais caro e mais pesado caça monomotor na Segunda Guerra Mundial. Durante o ano de 1939 o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), estava empenhado em um amplo programa de reequipamento de seus meios aéreos, e para atender a uma destas demandas a agora renomeada Republic Aviation Co. apresentou a proposta de seu caça bombardeio XP-41. Esta nova aeronave estava equipada com um motor radial Pratt & Whitney R-1830 com sistema turbo compressor, trem de pouso retrátil e armado com duas metralhadoras calibre .50. Apesar de ser mostrar um promissora aeronave, os militares rejeitaram a proposta com alegação de desempenho insuficiente. Curiosamente a apesar da negativa, corpo técnico militar chegou a propor a incorporação do mesmo turbo compressor empregado nos bombardeiros Boeing B-17. Com base nesta sugestão a aeronave foi reprojetada, para assim para acomodar o grande conjunto do turbo compressor, esta nova aeronave receberia a designação de YP-43, após análises prévias a empresa recebeu a liberação para a construção do primeiro protótipo, que seria concluido e entregue em setembro de 1940. Paralelamente os engenheiros Seversky e Kartvelli propuseram um novo conceito, no qual o a aeronave apresentaria uma cabine mais aerodinâmica e um cubo de hélice encobrindo o motor, com o objetivo de reduzir o arrasto aerodinâmico imposto pela grande área frontal do motor radial. Esta proposta impressionaria o comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), resultando em um contrato para a produção de 80 aeronaves, antes mesmo até da finalização do programa de ensaios em voo do primeiro protótipo.
O iniciar das hostilidades na Europa deixou claro que tanto o P-43 quanto o P-44 eram inferiores aos novos Mersserschimit ME-109, levando assim ao cancelamento desta encomenda,e forma a manter a firma em condições de operar, o USAAC encomendou 54 P-43A, bem como outros 80 quando a encomenda dos XP-44 foi cancelada. Em julho de 1941 a força aérea da China adquiriu 125 deles, dos quais 108 foram entregues – os restantes 13 foram incorporados ao USAAC após dezembro de 1941 e, convertidos para missões de reconhecimento fotográfico, receberam a designação de P-43B. Quatro P-43A e quatro P-43D foram utilizados por duas unidades da Royal Australian Air Force em missões de reconhecimento tático. Com o cancelamento do XP-44, Seversky e Kartveli propuseram um novo caça, conhecido pela companhia como “Advanced Pursuit design no. 10” (AP-10) (Projeto Nº 10, Aeronave Avançada de Perseguição), e como XP-47 pelo USAAC. O novo projeto deveria ser propulsionado por um motor em linha Allison V-1710, refrigerado a água; no entanto, o USAAC passou a solicitar que fosse acrescentado ao projeto equipamento para satisfazer vários requisitos: armamento mais pesado, tanques auto-selantes de combustível, blindagem para o piloto e cabides subalares, entre outros. Isso levou a um aumento do peso da aeronave e, por volta de maio de 1940, parecia que o XP-47 seria cancelado. Em setembro de 1940, a fim de atender às novas especificações do USAAC para o projeto XP-47, Kartveli projetou um novo caça, inspirado em variantes propostas do SEV-1XP. Ele seria propulsionado por um motor de 18 cilindros, em estrêla dupla, P&W R-2800 de 2.000HP, com turbocompressor; seria equipado com blindagem para o piloto e oito metralhadoras 12,7mm; e alcançaria uma velocidade máxima superior a 400MPH e um teto de serviço próximo de 40.000 pés.Na verdade, o XP-47 foi projetado em torno do conjunto motor-turbocompressor, este último montado atrás do piloto. As enormes dimensões do novo caça – “será um dinossauro, mas um dinossauro bem proporcionado”, segundo Kartveli – eram ditadas justamente pelo uso daquele conjunto. O primeiro vôo foi realizado em 6 de maio de 1941 e, após solucionar alguns poucos problemas, iniciou-se a produção em série dos primeiros P-47, que totalizou 15.682 exemplares. O protótipo XP-47 tinha uma cabine com cobertura transparente fixa, e o piloto ingressava na cabine através de uma porta.

Desde o início, o Republic P-47 Thunderbolt , era armado com 8 metralhadoras Browning M2 12,7mm (calibre .50) com 2500 cartuchos de munição de vários tipos, concedendo a aeronave um excelente poder ofensivo, não só em missões ar ar, mas também em tarefas de ataque ao solo. Experiências colhidas em batalha pelo 56º Fighter Group da Força Aérea do Exercito dos Estados Unidos (USAAF), combinadas com novos refinamentos de projeto culminaram na versão Republic P-47D, que logo seria liberada para a produção em série. As primeiras aeronaves produzidas eram em sua essência muito semelhantes ao Republic P-47C, sendo entregues destas 10 unidades sendo designadas pela empresa como P-47D-1-RA. A adição do sufixo final na designação do modelo fazia referência a unidade fabril produtora, sendo o RE destinado as aeronaves originarias da planta de Farmingdale, em Long Island, e o RA referente as de Evansville, Indiana. O modelo "D" na verdade consistia em uma série de blocos de produção em evolução, sendo que o último deles era visivelmente diferente do primeiro, sendo que as subversões P-47D-1 a P-47D-6, o P-47D-10 e o P-47D-11 incorporaram sucessivamente mudanças tais como a adição de mais flaps de refrigeração do motor ao redor do dorso do capuz para reduzir o sobreaquecimento do motor, problemas que tinham sido observados no campo. Já o P-47D-15 foi produzido em resposta a solicitações dos grupos de caça da norte americanos e britânicos em atendimento a necessidade de ampliação de alcance, incluindo sistemas de combustível sob pressão para drenar combustível dos tanques subalares. Já os P-47D-16, D-20, D-22 e D-23 eram semelhantes aos P-47D-15 contando apenas com sistema de combustível melhorado, subsistemas do motor e inclusão do motor Pratt & Whitney R-2800-59 a partir da versão P-47D-20.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas de primeira importância para o esforço de guerra aliado, quanto no estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Em fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica. Estas agressões culminariam na declaração formal de guerra aos países agressores em 22 de agosto de 1942, acelerando assim a adesao do Brasil ao programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), os termos garantidos por este acordo viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Este programa seria de vital importância para adequar em termos de aeronaves e doutrina operacional a recém criada Força Aérea Brasileira (FAB), que até então herdara da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aeronaves obsoletas e não adequadas para principalmente para se fazer frente a a ameaça dos submarinos italianos e alemães. Além da cessão de bases áreas no litoral do pais e apoio no esforço de patrulha e escolta de comboios mercantes, ficaria definido também o envio de tropas brasileiras ao teatro de operações europeu, e juntamente com uma unidade de aviação de combate. Para atendimento a este acordo, seria criado em 18 de dezembro de 1943, o 1º Grupo de Aviação de Caça, que faria parte da dotação do 350 th Fighter Group da USAAC, para equipar esta unidade seria definido o emprego de caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt.
Após o treinamento em Aguadulce, Panamá, com aeronaves Curtiss P-40, o 1º Grupo de Aviação de Caça, deslocou-se para Suffolk Field, Long Island, Nova Iorque. Lá, os pilotos e as equipagens de terra tomaram seu primeiro contato com o P-47. A conversão operacional, idêntica à realizada por qualquer piloto de caça norte-americano, à época, teve uma duração média de 70 horas para cada piloto, após o qual foram considerados aptos a utilizarem-no em combate. Após este processo, todo o contingente da Força Aérea Brasileira se deslocou por via naval para a Itália, onde chegaram no dia 06 de outubro de 1944. Os primeiros 31 caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt de um lote original de 68 células destinadas ao Brasil, foram transladados até a base de Tarquinia a partir de 14 de outubro por pilotos brasileiros e já se encontram com as marcações nacionais, destas, 15 células eram da versão da Republic P-47D-RE-25, e passaram a ostentar as designações "A3" , "A4", "D2", "B1", "C1", "C6" , "B1", "B3","B4","B5" e "D6", cabendo também a esta versão a aeronave empregada pelo comandante da unidade Coronel Nero Moura o P-47 “1”. Começando suas operações aéreas em 31 de outubro de 1944, durante as primeiras missões os pilotos brasileiros voavam, individualmente, agregados a esquadrilhas dos outros três esquadrões norte-americanos – 345th Fighter Squadron, 346th FS e 347th FS – que compunham, junto com o 1º Gp Av Ca, o 350th Fighter Group. À medida que os pilotos brasileiros iam adquirindo experiência operacional, eram destacados para missões cada vez mais difíceis. Em 6 de novembro, faleceu em combate o 2º Ten.-Av. John Richardson Cordeiro e Silva, abatido pela “flak” alemã nas imediações de Pianoro, ao voar em missão como o nº 4 de uma esquadrilha do 347th FS.Ao final da manhã do dia seguinte, faleceu o 2º Ten.-Av. Oldegard Olsen Sapucaia, em vôo de treinamento, quando os controles de seu P-47D-25-RE travaram, ao efetuas manobras evasivas simuladas. A aeronave encontrava-se em parafuso invertido a 450m do solo quando o 2º Ten.-Av. Sapucaia saltou, mas o pára-quedas não abriu completamente. Dois dias depois, surgiu a explicação para o acidente: a seção de manutenção do 1º Gp Av Ca recebeu um boletim de ordem técnica, aonde se alertava para o fato de que os P-47D-25/D-27/D-28 não deveriam ser submetidos a manobras não coordenadas de aileron e leme, pois este último poderia travar na direção de sua aplicação, seguido de incontrolável giro no eixo lateral, levando a um parafuso invertido. Esse fenômeno era causado pela perda de área da fuselagem traseira nas primeiras versões “bubbletop”, conforme citado anterior. Como as quilhas dorsais só eram instaladas quando revisões de maior envergadura eram realizadas, junto ao 80th Service Squadron em Cericola, foram poucos os P-47D brasileiros que receberam essa modificação.


Em Escala.
Para representarmos o Republic P-47D Thunderbolt "B-5 229265” empregamos o excelente kit da Academy na escala 1/48 embalado pela HTC Modelismo, em conjunto com set de conversão da Commando 5 em resina eu apresenta a barbatana dorsal sendo a mesma facilmente adaptada no modelo original. Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM que estão presentes no kit da HTC/Academy.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura padrão presente em algumas das células entregues a Força Aérea Brasileira no teatro de operações da Itália durante a Segunda Guerra Mundial, após o regresso ao Brasil as aeronaves mantiveram este mesmo padrão principalmente com os insígnias nacionais americanizadas, até passarem pelo processo de revisão em âmbito e parque quando passar a adotar a pintura em metal natural com aplicação de verde oliva para parte superior frontal para evitar reflexos, este último padrão com algumas alterações como a inclusão de marcações de alta visibilidade foi mantido até a desativação do modelo no ano de 1958.
Bibliografia
:
- O Trator Voador por Jackson Flores Junior- Revista Força Aérea Nº 2
-
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 por Jackson Flores
- P-47D Thunderbolt - Wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Republic_P-47_Thunderbolt
- P-47D Thunderbolt - Wikipédia http://en.wikipedia.org/wiki/Republic_P-47_Thunderbolt
- Republic P-47 Thunderbolt na FAB por Aparecido Camazano Alamino -
Revista Asas Nº 62