Unimog emprego militar no Brasil

História e Desenvolvimento.
O termo Unimog é um acrônimo para o alemão "UNIversal-MOtor-Gerät" , sendo a palavra alemã para um equipamento (também no sentido de dispositivo, máquina, instrumento, engrenagem, aparelho), podendo neste contexto ser definido como “Veículo de Aplicação Universal”. Este conceito representaria uma versátil família de veículos para operação fora de estrada. O projeto teve início no outono de 1945 sob o comando do engenheiro alemão Hans Zabel, com os trabalhos de desenvolvimento sendo finalizados em meados de 1946 mediante uma parceria realizada com a empresa Damler Benz onde o renomado engenheiro Erhard Sohne assumiu a liderança do projeto. Está nova influencia tornaria o veiculo um ideal 4X4 para emprego rural na Europa. Foi projetado com tração traseira e tração dianteira comutação, com rodas de tamanho igual, a fim de ser conduzido em estradas em velocidades mais altas do que tratores agrícolas padrão. Com seu alto espaço no solo e um quadro flexível que é essencialmente uma parte da suspensão, infelizmente o modelo não foi dimensionado para transportar grandes volumes de carga. O elemento de design característico do Unimog é o chassi, uma estrutura de escada flexível com saliências curtas, e eixos de portal de feixe surgidos com um tubo de torque central e links transversais. Com eixos de portal, os centros dos pneus estão abaixo do centro do eixo, o que dá ao Unimog uma alta distância do solo sem pneus grandes. A bobina surgida com tubos de torque permite um deslocamento de ângulo de eixo de até 30°, dando aos pneus uma ampla gama de movimento vertical para permitir que o caminhão dirija confortavelmente sobre terrenos extremamente irregulares, mesmo pedregulhos de um metro de altura.

Em 20 de novembro do mesmo ano seu nome comercial ‘Unimog” (sigla encurtada de Universal-Motor-Gerät) foi oficialmente revelado, logo em seguida o primeiro protótipo seria concluído, com sua produção em série sendo iniciada em abril de 1947. A primeira série estava equipada com o confiável motor a diesel OM636 da Daimler Benz, curiosamente o caminhão começou a ser construído na planta indústria da Boehringer, pois a empresa Erhard und Soehne não dispunha de capacidade instalada para tal empreitada e tendo em vista que neste mesmo período a Mercedes Benz fora proibida pelos aliados de produzir veículos fora de estrada. Ao ser disponibilizado no mercado doméstico alemão, o Unimog começou a ganhar participação no mercado, passando largamente a ser empregado em fazendas agrícolas, onde suas qualidades de utilização em ambiente foram confirmadas com mérito. A partir de 1951 com o vencimento das restrições de produção de veículos fora de estrada, a Mercedes Benz assumiu a produção e o Unimog pode começar a usufruir de uma rede de distribuição e vendas fora da Alemanha, incrementando sensivelmente os volumes de vendas. O modelo passou por diversas melhorias e aperfeiçoamentos durante sua primeira década, evoluindo de um pequeno caminhão agrícola com teto lona (Boehringer Unimog 70200) para veículo mais complexo. Esta linha evolutiva pode ser exemplificada pela versão S-404 Series, lançada em 1955 que apresentava como principais características uma maior distância entre eixos e grupo propulsor mais potente.
Esta nova plataforma também seria empregada para o desenvolvimento da primeira variante moderna produzida para fins militares, com o objetivo de potencializar sua vocação original para operação em quaisquer tipos de terreno, características muito necessárias no ambiente militar. Oficialmente, o Unimog nunca foi destinado a ser um veículo militar, na verdade, a permissão aliada para desenvolver o caminhão foi concedida apenas porque seus projetistas garantiram aos aliados que o modelo já mais teria qualquer propósito militar. Porém sua carreira sob farda teria início quando 44 veículos da série 70200 foram empregados como tratores de engenharia de combate no exército suíço. O desempenho aferido em campo foi tão positivo levando o governo daquele país a encomendar mais 540 unidades agora do modelo sucessor o Unimog 2010, permanecendo em uso até o ano de 1989. Neste mesmo período, oficiais do exército francês das forças de ocupação na Alemanha, presenciaram testes do Unimog no início da década de 1950, considerando o modelo útil para operações militares, procedendo a aquisição de pelo menos uma centena destes caminhões divididos entre as séries 2010 e 401. Esta decisão seria favorecida por um pleito do governo alemão para o desenvolvimento de um Unimog inteiramente novo apenas para fins militares. Este novo modelo deveria ser um pequeno caminhão de 1,5 toneladas, capaz de transportar de 10 a 12 soldados equipados, a uma velocidade de até 90 km/h. Este novo modelo receberia a designação de Unimog 404 ou Unimog S, e ao se tornar um modelo padronizado para emprego pelos países da OTAN, seria produzido em larga escala, atingindo a cifra de 64.242 caminhões entregues entre 1955 e 1980.

Com a introdução da série 406 em 1962, a Daimler-Benz lançou as bases para uma família modelo Unimog completamente nova, a série média baseada em 406 (na década de 1960 conhecida como série pesada), sendo esta produzida até fins de 1944, sendo dispostas nos modelos 403, 413, 406, 416, 426 e 419. Estes caminhões foram oferecidos com três diferentes distâncias entre-eixos (2.380 mm, 2.900 mm, 3.400 mm) e dois motores, os motores diesel retos e seis a injeção direta OM 314 e OM 352, variando de 54 DIN-PS a 110 DIN-PS (40 kW – 81 kW). As séries light 421 e 431 compartilham seu design de quadro com a série 411, mas emprestam seu drivetrain e design de cabine da série 406, e é por isso que eles também contam como Unimogs 406. A série pesada 425 foi introduzida em 1974, e apresentou pela primeira vez a cabine avançada, que ainda é uma característica de design do hoje. Em 1988, após o declínio das vendas da Unimog, a Daimler-Benz lançou uma nova estratégia que deveria aumentar as vendas e tornar o modelo mais rentável, chamado "Unimog-Programm 1988". Os novos modelos introduzidos com este programa foram as novas séries light 407 e média 417, que devem substituir todas as séries relacionadas à Unimog 406. Em todo o mundo os Unimogs são usados como veículos de transporte de tropas, tração de artilharia, ambulâncias, cisternas, socorro e centros de comando móveis equipados com equipamentos de comunicações militares ou guerra eletrônica, com esta última aplicação sendo largamente empregada pelo Exército Americano (US Army). 
Além das nações citadas anteriormente os  Unimogs foram e são utilizados por muitas forças militares diferentes, incluindo Argentina, África do Sul Bélgica, Brasil, Dinamarca, Hungria, Irlanda Indonésia, Portugal, Finlândia, Lituânia, Letônia, Nova Zelândia Grécia, Chile, Bolívia, México, Mongólia, Paquistão, Turquia, Rodésia, Cingapura, Luxemburgo e China. A Argentina foi o primeiro país a fabricar fora da Alemanha, com os caminhões sendo montados na planta da da Mercedes-Benz Argentina SA em Gonzalez Catán, nos arredores da cidade de Buenos Aires até fins de 1968. Novas versões seriam desenvolvidas nas décadas de 1980, 1990 e 2000, com sua produção atingindo a casa de 300.000 unidades. Em 2003, a linha de montagem foi transferida para a planta de Wörth am Rhein da Mercedes-Benz-LKW-Montagewerk, passando a disponibilizar versões mais atualizadas com cabines redesenhadas e novos motores para atender aos padrões de emissão de poluentes -  Euro VI, permitindo assim que este novos veículos possam se manter em operação pelas próximas décadas em todo o mundo.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A década de 1960 presenciaria o fim hegemonia norte americana de caminhões militares em serviço junto as Forças Armadas Brasileiras, com este movimento sendo iniciado pela incorporação de veículos militarizados produzidos localmente pela FNM (Fabrica Nacional de Motores) e Mercedes Bens do Brasil. Este contexto abriria caminho para aquisição de veículos e equipamentos militares originários de outros países, principalmente no continente europeu, e assim faria o Ministério da Aeronáutica que neste mesmo período buscava um caminhão leve configurado como bombeiro para operação em suas bases aéreas, em substituição a similares obsoletos recebidos durante a Segunda Guerra Mundial. Inicialmente foram estudadas opções nacionais de caminhões convertidos de modelos civis, porém infelizmente não atenderiam as especificações exigidas. Ao buscar modelos especializados nesta atividade o ministério destinou mais tempo a analisar a proposta oferecida pela Mercedes Benz alemã que apresentava o Unimog Bombeiro na série S404, resultando na aquisição de 30 veículos que começaram a ser recebidos a partir de meados de 1962. Este contrato seria ainda no seguinte complementado por uma encomenda de viaturas especializadas da família em atividades de Posto de Controle de Rádio – Radar e transporte de pessoal, com esta ultima destinada a dotar os Batalhões de Infantaria da Aeronáutica. Durante a década de 1980 novos lotes de Unimog versão bombeiro seriam adquiridos pelo Ministério da Aeronáutica, complementados também por veículos da versão de transporte de pessoal.

Acompanhando o emprego operacional dos Unimog na Força Aérea Brasileira, em 1967 o Ministério do Exército faria a aquisição de um pequeno lote destes veículos na versão de transporte de pessoal que passariam a ser empregados inicialmente junto ao 22º Batalhão Logístico Leve (2ª Cia L Mnt) – Batalhão Coronel Amadeu de Paula Castro e posteriormente junto a demais batalhões de logistica e infantaria. Novamente os excelentes resultados recebidos levariam a aquisição de mais unidades da família Unimog, passando a ser operados pelos Grupos de Artilharia de Campanha de Selva, sendo responsáveis por tracionar e transportar morteiros pesados de 120 mm, mais unidades seriam recebidas para operação junto aos Grupamentos de Artilharia Leve de Campanha (GAC L) em conjunto com obuseiros Oto Melara. A partir de fins da década de 1990 o Exercito Brasileiro passaria a operar também uma versão do Unimog destinada a guerra eletrônica, sendo configurados para o transporte de “shelters” do programa de Sistema de Comunicações Táticas – SISTAC, que fora ativado no inicio do ano de 1998, sendo operado inicialmente pelo 1º Batalhão de Comunicações de Santo Ângelo, no estado do Rio Grande do Sul. Este foi o primeiro sistema deste tipo a ser adquirido pelas Forças Armadas Brasileiras. Trata-se de uma rede integrada de comunicação digital multisserviços, capaz de fornecer serviços de voz e dados, em claro e criptografados, e também a interface com redes externas e com sistemas de rádio convencionais. A partir desta década o modelo Unimog 2150 passaria a ser o mais comum da família em serviço no Exército Brasileiro. O último lote incorporado em 2010 compreendeu seis unidades destinadas ao 1° Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (Marabá/PA).
O Ministério da Marinha se tornaria o terceiro usuário da família Unimog, sendo que em fins da década de 1980 lançaria uma concorrência internacional para a aquisição de mais de uma centena de caminhões leves com tração 4X4 para o emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Detentor de implacável liderança mundial neste segmento de veículos, a Mercedes Benz celebraria em no ano de 1989 um contrato junto ao ministério para a aquisição de 145 unidades dispostas nas versões de transporte (com capacidade de até 5 toneladas), cisterna e veículo socorro com guincho e guindaste hidráulico. Em comum estes modelos compartilhavam a plataforma do Unimog 2150 4X4 equipada com o confiável motor MB OM 366 LA Diesel com 6 cilindros em linha direta de injeção, turbo compressor e refrigeração a ar. Os primeiros caminhões começaram a ser recebidos no início do ano de 1991, com as entregas sendo finalizadas no primeiro trimestre de 1994. O advento do emprego deste modelo proporcionou a tropa de fuzileiros navais uma grande mobilidade e agilidade, sendo empregados em complemento aos REO M35, principalmente no uso em missões de desembarque anfíbio de soldados e carga. Destacamos ainda o uso dos Unimogs 2150 em apoio ao contingente brasileiro da MINUSTAH - ONU (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti). Portando esquema de pintura com marcações das forças de paz da ONU, veículos desta família nas versões de transporte e cisterna de água, começaram a operar a partir de 2004, sendo o modelo muito elogiado devido ao seu pequeno porte principalmente quando empregado nas estreitas ruas da periferia da cidade de Porto Príncipe. Cerca de quarenta unidades foram alocadas nesta missão atendendo a um sistema calendário de rodizio para substituição e envio ao Brasil para a realização das manutenções de grande monta. 

Satisfeita com o desempenho do 2150 4X4, em 2010m a Marinha do Brasil efetivou a aquisição 150 unidades divididas entre o modelo Unimog 4000 e o Unimog 2450L com tração 6X6, sendo estes últimos equipados como o novo motor MB OM 336 LA Turbo com 240 hp, na configuração de veículo de socorro sob rodas, dispondo de sistema hidráulico de guincho e guindaste com carroceria em metal produzida na Áustria pela Fahrzeugwerk Bernard Krone GmbH & Co., empresa especializada na conversão de versões militares da família Unimog. No Corpo de Fuzileiros Navais este veículo tem como foco o socorro a diversos tipos de viaturas que integram as forças de deslocamento rápido. Infelizmente por se tratar de um modelo importado, atrasos rotineiros nos processos de importação de peças de reposição de uso frequente, geravam preocupantes problemas nos índices de disponibilidade da frota das três forças armadas brasileiras. Visando amenizar este problema, em 2016 o Centro de Coordenação da Marinha (CCEMSP), desenvolveu em parceira com industrias automotivas brasileiras, um programa de nacionalização de componentes. Entre diversos objetivos atendidos por esta demanda estava um dos mais críticos, o sistema de freios (discos e pastilhas), que passaram a ser fabricados nacionalmente em substituição ao exclusivo sistema original militar padrão OTAN. A conclusão deste programa traria inúmeros benefícios não só em termos de ganho de rapidez e flexibilidade logístico no processo de aquisição das peças, mas também em termos de custo. O envelhecimento natural iria diminuir consideravelmente a frota de Unimogs do CFN, deficiência esta que seria parcialmente atendida a partir de maio de 2013 com a aquisição 195 viaturas não-especializadas de 5 toneladas 4×4 1725/42 da Mercedes Benz produzidas nacionalmente.
Em 24 de novembro de 2002 a Marinha do Brasil (MB) formalizou,  a compra de 90 caminhões UNIMOG 5000, junto à empresa alemã Daimler Truck AG. Os veículos “no estado da arte” militar são apropriados para qualquer terreno e indicados, especialmente, para as operações anfíbias realizadas por tropas do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Os lotes anuais de viaturas pesadas UNIMOG 5000, incluindo veículos de transporte de tropas e material, cisternas de água e combustível, frigoríficas e basculantes, este contrato apresenta um cronograma de entrega previsto entre os anos de 2021 a 2027. Os primeiros cinco Unimogs U5000 4X4,  foram recebidos no dia 22 de abril de 2021 destinadas ao emprego no Sistema Integrado de Comando e Controle da Marinha do Brasil (SIC2MB). As viaturas fazem parte das plataformas para o funcionamento das atividades de Guerra Eletrônica (GE) e de Comando e Controle (C2) desenvolvidas pela Força. A aquisição das viaturas UNIMOG U5000, bem como o SIC2MB, faz parte do PROADSUMUS, programa estratégico da Marinha que tem por finalidade garantir a capacidade expedicionária do CFN, restabelecendo e ampliando as capacidades da Brigada Anfíbia, nucleada na Força de Fuzileiros da Esquadra, bem como dos Batalhões de Operações Ribeirinhas, dos Grupamentos de Fuzileiros Navais e dos Batalhões de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica da Marinha.

Em Escala.
Para representarmos o Unimog "CFN 34324886” fizemos uso do kit Revell na escala 1/35, modelo este de boa qualidade onde somente apresentamos ressalva aos pneus que são em borracha e devem ser substituídos por similares em resina. Empregamos decais presentes no set " Forças Armadas Brasileiras" da Decals e Books em conjunto com decais da Eletric Products, para assim compor este padrão de identificação representado no modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura dos veículos empregados nas missões das forças de paz da ONU, como este padrão sendo removido após o retorno dos veículos ao Brasil. Cada uma das três forças armadas brasileiras aplicou em sua frota de Unimog esquemas de pintura táticos idênticos aos utilizados em seus veículos de transporte.

Bibliografia : 

- Unimog  - Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Unimog

- Unimog - Alle Modelle Seit 1948 - Peter Schneider - Ed Motor Buch Verlag

- Unimog no Corpo de Fuzileiros Navais - Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/U2450L.pdf

- PROADSUMUS - Marinha do Brasil adquire novas viaturas para o CFN - https://www.defesanet.com.br/

- Marinha recebe novos Unimog – Tecnologia & Defesa https://tecnodefesa.com.br/