Leopard 1A1 Krauss Maffei

História e Desenvolvimento.
Do ponto de vista da engenharia automotiva com aplicação militar, a Segunda Guerra Mundial representaria um período de evolução sem igual. Em um intervalo de seis anos, exércitos que ainda utilizavam a cavalaria de forma literal com cavalos seriam substituídos por divisões blindadas com carros de combate com peso de até 76 toneladas. Na ponta de lança dessa corrida tecnológica estava a Alemanha e sua já prestigiada indústria automotiva, que ao longo do conflito conceberia e produziria em larga escala lendários modelos de carros de combate, os "Panzer ou Panzerkampfwagen" (que em alemão, significa couraça). Estes em maciço conjunto com veículos blindados especializados e de transporte de tropas seriam as ferramentas empregadas na doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que em combate rompiam  rompiam os pontos frágeis das defesas inimigas e os exploravam com velocidade atordoante, garantindo nas fases iniciais da guerra retumbantes vitórias. No entanto apesar de deterem a vantagem tecnológica, os icônicos Panzers seriam superados em números por seus rivais norte americanos no front ocidental ou pelos eficientes T-34 soviéticos no leste europeu. A rendição incondicional seria assinada no dia 7 de maio de 1945, com pais sendo dividido entre os aliados ocidentais e a União Soviética. Neste contexto a Alemanha Ocidental permaneceria completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação dos termos da rendição de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa, com sua outrora pujante indústria automotiva passando a focar seus esforços no mercado comercial. No entanto o antigo território alemão seria transformado em uma região de grande tensão, representando a principal linha de frente no conflito da Guerra Fria, entre as forças do Pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte  (OTAN). Este cenário levaria junto ao comando a decisão de se revisionar o conceito da proibição de constituição de forças de defesa da Alemanha Ocidental, tendo em vista a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça representadas pelas forças dos países do bloco soviético. Desta maneira no dia 12 de novembro de 1955 seria promulgada dentro da constituição, as normativas que constituiriam a nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo composta pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). De imediato seria iniciado um vasto programa de rearmamento, sendo fornecidos principalmente, equipamentos, armas, veículos, aeronaves, navios, blindados, e carros de combate de origem norte-americana. Em termos de carros de combate, o recém-criado Exército Alemão (Deutsches Heer) passaria a ser equipado imediatamente, com uma respeitável frota composta pelos modelos M-41 Walker Buldog, M-47 Paton e M-48 Paton.  Porém neste mesmo momento, estes carros de combate já se mostravam inadequados frente as ameaças representadas pelos modelos T-44, T-54 e T-55 que equipavam as forças blindadas do Pacto de Varsóvia. A solução para atendimento a esta demanda ainda neste momento não estava disponível para emprego junto aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), apesar de existirem projetos em desenvolvimento como o norte-americano MBT T-95.  

Esta realidade motivaria o governo alemão a retomar sua indústria de defesa, sendo iniciados estudos ao final desta década, visando assim o desenvolvimento de projetos nacionais englobando uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas de serviço. No que tange a carros de combate, os esforços seriam direcionados ao desenvolvimento de um MBT (Main Battle Tank), com suas especificações de projeto sendo definidas em 1956, sendo baseadas na necessidade de se superar os novos T-54 e T-55. Estas abrangiam um veículo na ordem de mais trinta toneladas, devendo ter alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, e por isso sendo dotado com um canhão de 105 mm. Vários norteamentos seriam sugeridos, se destacando o programa “Europa Panzer”, um consórcio formado em 1958 por Alemanha, França e Itália. Diversas propostas seriam apresentadas, com os primeiros protótipos sendo disponibilizados em 1960, com o modelo Porsche 734 sendo declarado vencedor. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional, com este processo culminando no desenvolvimento e produção carro de combate principal  AMX 30. A seguir o modelo a ser produzido pela Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG seria batizado como Leopard I, e apresentava o mesmo layout convencional compartilhado com vários outros tanques pós Segunda Guerra Mundial, com o compartimento do motorista localizado na frente (no lado direito, acessado por uma escotilha no teto do casco que se abre para a esquerda) compartimento de combate com uma torre giratória no centro (o comandante e o artilheiro estão sentados na metade direita da torre e acessam suas posições a partir de uma escotilha de peça única no teto da torre, no lado direito), enquanto o carregador pega a metade esquerda (e é fornecido com sua própria escotilha de abertura traseira) e compartimento do motor na parte traseira do casco, separado do compartimento da tripulação com uma antepara à prova de fogo. Seu artilheiro se posicionaria na frente e abaixo do comandante e é fornecido com um único periscópio de observação voltado para a frente e as miras principais; estes consistem em um telêmetro estereoscópico Turmentfernungsmesser (TEM) 1A (comprimento base de 1.720 mm com um modo de coincidência) que tem uma ampliação selecionável de ×8 ou ×16 e está ligado ao canhão principal, bem como uma mira telescópica TZF 1A coaxial (ampliação de ×8) que possui uma retícula móvel para vários tipos de munição. O veículo seria alimentado por um motor diesel superalimentado MTU MB 838 Ca-M500 que desenvolve aprox. 610 quilowatts (820 hp) a 2.200 rpms. Este é um motor de 37,4 litros, dez cilindros e quatro tempos refrigerado a líquido na configuração V-90 com capacidade multicombustível, mas que normalmente funcionava com óleo diesel (designação da OTAN F-54) consumindo aprox. 190 litros por 100 km. O motor, juntamente com seu sistema de refrigeração, é acoplado a um "powerpack" com um sistema de transmissão 4HP-250, construído pela ZF, que possui um conversor de torque hidráulico, embreagem de travamento, caixa de câmbio planetária e mecanismo de giro de pivô (para cada uma das marchas). 
Para o atendimento aos parâmetros de mobilidade anteriormente exigidos, o novo carro de combate dispunha de uma blindagem leve, fabricada a partir de placas blindadas soldadas de espessura e geometria variadas, enquanto a torre é um componente complexo totalmente fundido. A proteção da tripulação seria aprimorada com um sistema automático de supressão de incêndio (gatilho manual também disponível) e um sistema de proteção, que produzia uma sobre pressão no compartimento da tripulação e fornece filtragem do ar fornecido. Este sistema garantiria uma relativa capacidade de proteção, podendo resistir a disparos rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas especificações lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha, superando em muito blindados de sua categoria. A fim de proporcionar melhores chances de sobrevivência em um hipotético confronto contra as forças do Pacto de Varsóvia, o novo MBT alemão receberia um completo sistema de proteção NBC (Radiação Nuclear e Química). Este modelo seria ainda equipado com o consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L-7 de calibre 105 mm, fazendo uso de munição padrão OTAN,  com a maior parte do carregamento (quarenta e dois cartuchos) armazenada em um carregador de munição dentro do casco, à esquerda do posto do motorista,  três cartuchos são mantidos em um rack pronto na frente do carregador do casco - para uso imediato  e outros quinze cartuchos são empilhados dentro da torre, para um total de 60 cartuchos transportados a bordo. Para autodefesa portaria duas metralhadoras MG 1 (posteriormente substituídas pela MG3): uma é instalada coaxial com a arma principal (1.250 cartuchos são carregados para ela), enquanto uma segunda, metralhadora antiaérea, é montada em um trilho de skate acima da escotilha do artilheiro. Ainda para fins defensivos, o carro dispunha de dois bancos com quatro lançadores de granadas de fumaça disparados eletricamente em ambos os lados da torre, que podem ser disparados individualmente ou em uma salva. Um lote de quatro protótipos, seria empregado em um intenso programa de testes de campo, com seus resultados validando seu processo de aceitação operacional pela comissão de avaliação técnica do Exército Alemão (Deutsches Heer). Em fevereiro de 1963, o ministro da Defesa, Kai-Uwe von Hassel, solicitaria ao comitê de defesa do Parlamento a aprovação da produção deste novo carro de combate, com seu custo unitário sendo estimado na ordem de US $ 250.000,00. Em atendimento a este pleito,  em julho do mesmo ano seria celebrado um contrato entre o Ministério da Defesa Alemão (Bundeswehr) e Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, envolvendo mil e quinhentos carros Leopard 1A1, que seriam produzidos junto as instalações da empresa na cidade Munique. Atendendo ao cronograma contratual os dois lotes iniciais, envolvendo um total de cem carros, seriam entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) entre setembro de 1965 e junho de 1966.  

Seu emprego operacional revelaria qualidades de projeto, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim grandes contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.  Em 1968, logo após que o último veículo das quatro primeiras séries de produção foi entregue, seria deflagrado no início da década de 1970 um programa de atualização que receberia a designação de Leopard 1A1. Este processo envolvia a adoção de um novo sistema de estabilização de canhão da Cadillac Gage (estabilização total em elevação e rotação, bem como elevação motorizada de -9 ° a + 20 °) que permitiu que o tanque disparasse efetivamente em movimento. Passaria a fazer uso de saias de metal-borracha ao longo dos flancos do casco para proteger contra ogivas HEAT, e o cano da arma seria envolto em uma jaqueta para reduzir o desvio das cargas térmicas. A esteira foi alterada para um tipo de pino duplo D640A com almofadas de borracha retangulares destacáveis em vez da esteira Diehl D139E2 de pino duplo anterior com bandas de rodagem vulcanizadas. As almofadas de borracha das novas pistas podem ser facilmente substituídas por garras de metal em forma de X para movimento no gelo e na neve. 20 garras foram fornecidas para cada tanque e armazenadas em suportes no glacis superior do casco dianteiro quando não estavam em uso. Seria desenvolvido um novo snorkel que permitiu a condução subaquática a uma profundidade de 4 metros após selar o tanque com tampões especiais. Os periscópios de visão noturna infravermelhos ativos do motorista e do comandante foram substituídos por miras noturnas passivas de intensificação de imagem.  Entre os anos de 1975 e 1977, todos os carros dos primeiros quatro lotes seriam elevados para o padrão Leopard 1A1, e receberiam uma blindagem adicional na torre desenvolvida pela Blohm & Voss, que consistia em placas de aço revestidas de borracha aparafusadas à torre (incluindo a cesta da torre traseira) com espaçadores resistentes a choques. O mantelete do canhão receberia uma tampa blindada em forma de cunha feita de chapas de aço soldadas e o sistema de admissão de ar do motor foi aprimorado. Assim, os veículos atualizados passariam a pesar um total de 42,4 toneladas. Vislumbrando um potencial de mercado para o atendimento de seus clientes de exportação, a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, passaria a produzir um kit de atualização, logrando êxito em comercializar centenas destes a diversos países operadores do modelo. Neste processo alguns clientes optariam por incluir uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss, que em termos de design se diferiria do Leopard 1A1 alemão, alterando assim a estética visual do veículo. Uma atualização na década de 1980 adicionaria um sistema híbrido de mira e observação LLLTV / IR passivo, que estava sendo semelhantes aos empregados nos novos Leopard 2 (que sem encontravam em produção) à medida que eram atualizados para termovisores. O sistema de televisão de baixo nível de luz PZB 200 (LLLTV) com scanner infravermelho IRS 100 seria desenvolvido pela AEG-Telefunken e montado em uma gaiola protetora no mantelete, acima da arma principal, criando o modelo  Leopard 1A1A2.   
Este sistema combinava uma câmera LLTV,  um tipo de dispositivo de intensificação de imagem que produzia uma imagem de TV  nos monitores do comandante e do artilheiro, acoplado a um scanner IR (sensível a diferenças térmicas nos comprimentos de onda de 3-5 μm e baseado em um detector PbSe) que sobreporia a imagem IR processada sobre o sinal LLLTV para melhorar a detecção e identificação do alvo, passariam ainda a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90. Os primeiros 232 tanques do quinto lotem de produção foram entregues como Leopard 1A2 entre 1972 e 1974. O A2 incluía uma torre fundida blindada mais pesada e melhor, visualmente difícil de distinguir do tipo anterior. A diferença mais notável foram as caixas blindadas ovais, em oposição às redondas, para a ótica da mira de telêmetro TEM. Os tanques Leopard 1A2 não foram sujeitos a mais atualizações de blindagem, assim como o 1A1, mas receberiam melhorias em seu sistema de proteção NBC. Os próximos 110 veículos pertencentes ao quinto lote de produção foram equipados com um novo tipo de torre soldada projetada pela Blohm & Voss, que foi equipada com blindagem espaçada (consistindo em duas placas de aço com um enchimento de plástico entre elas) e um mantelete de canhão em forma de cunha, resultando no Leopard 1A3. Embora o nível de proteção da blindagem fosse equivalente às torres fundidas do A2 anterior, o volume interno foi aumentado em 1,5 m3 e o nível de proteção efetiva foi aumentado. As atualizações subsequentes foram paralelas aos modelos 1A2: o Leopard 1A3A1 com miras noturnas aprimoradas, o Leopard 1A3A2 com os novos rádios e o Leopard 1A3A3 com ambos. O Leopard 1A4 formou o sexto lote de 250 veículos (215 fabricados pela Krauss-Maffei e 35 pela MaK), começando a ser entregue em 1974. O 1A4 era externamente semelhante ao 1A3, mas incluía um novo sistema integrado de controle de fogo. Isso consistia em uma mira independente PERI R12 estabilizada para o comandante, um novo telêmetro estereoscópico EMES 12A1 acoplado à mira primária do artilheiro, um canhão principal totalmente estabilizado e um computador balístico FLER HG. Muitos desses sistemas foram derivados do programa Leopard 2. Embora o EMES 12A1 ainda fosse apenas um telêmetro óptico (o telêmetro a laser desejado ainda estava em desenvolvimento), ele era usado para aquisição de alvos e conectado ao computador balístico, que produziria automaticamente um ângulo de ataque assim que o alcance fosse medido e várias outras entradas balísticas fossem calculadas. Essa solução reduziu o tempo entre a aquisição do alvo e o engajamento e aumentou a probabilidade de acerto na primeira rodada. As entregas finais do Leopard 1A4 para a Bundeswehr ocorreram em 1976 e marcariam a conclusão da produção do Leopard 1 para a Alemanha. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, -72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard padrão. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A implementação da arma de cavalaria blindada no Brasil, seria desenvolvida e potencializada a partir da Segunda Guerra Mundial, quando do fornecimento de centenas de carros de combate dos modelos M-3 Stuart, M-3 Lee e M-4 Sherman. Esta imponente frota para os padrões regionais naquele período,  traria grande capacidade operacional para a Força Terrestre. Apesar deste cenário, poucos anos depois estes carros de combate se encontrariam obsoletos, levando a necessidade de implementação de um ciclo de renovação dos meios blindados. Desta maneira em meados da década de 1960, seriam  incorporados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program) os primeiros carros de combate médios M-41 Walker Buldog. Ao substituir ou complementar os antigos modelos M-4 e M-4A1 Sherman, M-3 Lee e M-3 e M-3A1 Stuart, estes novos blindados trariam o contato e imersão das tripulações brasileiras a inovações tecnológicas de grande monta, como torres com sistema de acionamento hidráulico, sistema de visão infravermelho (M-41A3), canhões mais eficientes, maior velocidade de deslocamento e conjuntos mira mais precisos. No entanto o rápido avançar da tecnologia naquele mesmo logo traria a obsolescência neste segmento ao Exército Brasileiro. No início da década de 1970 seriam desenvolvidas iniciativas de modernização ou desenvolvimento pela indústria nacional em parceria com os militares. Este processo visava garantir localmente os meios para a promoção de um novo ciclo de renovação da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Entre estes esforços destacamos os projetos Bernardin X1 e X-1A, M-41B e M-41C Caxias, no entanto estas seriam soluções paliativas de pouco êxito operacional. Paralelamente esforços mais ousados como os projetos Bernadini MB-3 Tamoyo e Engesa  EET-1 P1 Osório, porém infelizmente não avançariam além dos estágios de protótipos. Estes acontecimentos impactariam severamente a Força Terrestre, que em espera de uma solução nacional não promoveria a inclusão de novos carros de combate, ficando assim claramente defasado em relação as hipotéticas ameaças representadas no cone sul. No  início da década de 1990, a força de carros de combate de primeira  estava composta pelos modelos  modernizados M-41B e M41C Caxias, que apesar de estarem disponíveis em grande escala, já eram considerados obsoletos para operação em uma moderna arena de combate.  Se fazia necessário então em curto espaço de tempo prover a substituição destes carros na linha de frente, devendo-se também substituir por completo os modelos X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará que ainda dotavam dois Regimentos de Carros de Combate (RCC).

Esta demanda passaria a ser considerada como prioridade, dentro do escopo do programa Força Terrestre 90 (FT 90), que tinha como meta a curto prazo na construção do “exército do futuro”, que deveria se estender até 2015,  envolvendo os planos Força Terrestre 2000 (FT 2000) e Força Terrestre do Século XXI (FT 21). Desta maneira seria previsto a análise e aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração, que a médio prazo deveria substituir toda a frota atual, envolvendo principalmente os carros de combate. Uma concorrência seria aberta, passando-se a analisar propostas internacionais que envolviam o modelo francês AMX 30, o alemão Krauss Maffei  Leopard I, o norte-americano Chrysler M-60A3 e curiosamente até o russo LKZ T-80, que chegaria a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Neste contexto a preferência do Exército Brasileiro acabaria para pender para o modelo alemão, no entanto os investimentos pretendidos para a aquisição de mais de cem carros de combate "novos de fábrica" acabariam por ser obstruídos pela estagnação econômica nacional naquele momento específico, que culminariam em severos cortes nos orçamentos destinados as Forças Armadas naquela década.  A fim se adequar a realidade orçamentaria premente, este programa passaria a ser norteado com buscas em compras de oportunidade, sendo analisadas diversas propostas no mercado internacional. Entre estas se destacaria uma oferta apresentada pelo governo da Bélgica envolvendo carros de combate usados do modelo Leopard 1A1, unidades oriundas do primeiro lote, produzidos entre os anos de 1968 e 1971. Salientando que estes haviam sido atualizados na década de 1980 para uma versão intermediaria com alterações eu seus sistemas de mira e comunicações. Após serem iniciadas as negociações junto ao governo belga, seria formada uma Comissão de Aquisição do Exército Brasileiro, que em dezembro de 1994 seria destinada a avaliar in loco os carros estocados, escolhendo inicialmente sessenta e um veículos que se encontrassem em melhor estado de conservação. Os critérios deste processo deveriam obedecer a critérios básicos eliminatórios, como, pleno funcionamento do aparelho de visão noturna infravermelho, sistemas computadorizados de condução de tiro estático e em movimento, vida útil do canhão, quilometragem da transmissão e menor número de horas de uso motor. Após parametrização estatística, seria definido o status do "Carro Médio Padrão" com estes devendo apresentar no máximo 500,8 horas de uso do motor, 3.229 km de quilometragem da transmissão e 172 EFC de vida útil do canhão. 
Após a seleção dos carros, seria contratada junto a empresa belga Stiles Antwerp Lt (um tradicional prestador de serviços forças armadas daquele país), a implementação de um programa de revisão, com este acordo abrangendo ainda o processo de transporte até o Brasil. Desta maneira seriam despachados ao Brasil em três lotes, separados por intervalos de quatro meses entres cada remessa, somente a munição de 105 mm seria enviada integralmente com o primeiro lote de carros. Os pagamentos seriam realizados na ordem dos recebimentos dos lotes, sendo no primeiro vinte carros, no segundo mais vinte carros e por fim no terceiro lote vinte e um carros. Este processo que estaria ainda sobre a supervisão da comissão de militares brasileiros, englobaria o envio também de toda a gama de ferramental existente permanente ao veículo, bem com kits de manutenção até de quarto escalão.  Em vias de se receber o primeiro lote destes veículos, em 17 de maio de 1996, o Ministério do Exército, definiria uma diretriz para a implantação das Viaturas Blindadas de Combate, VBC -CC Leopard 1A1. Estes então estes "novos" carros de combate, todo o material de apoio e ferramental, passariam a ser concentrados junto a instalações do Parque Regional de Manutenção/1 (PqRMnt/1) no Rio de Janeiro, para formatação das doutrinas e manuais de operação e manutenção básica.  Neste meio tempo um contingente de militares brasileiros seria enviado a Bélgica para treinamento e vivência operacional junto as unidades blindadas das Forças Armadas Belgas, envolvendo ainda detalhamento dos processos de manutenção em nível de 1º, 2º e 3º Escalões. Já no Brasil, seria criado em 11 de outubro de 1996, na cidade do Rio de Janeiro- RJ, o Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CIBld), que teria por missão especializar militares das Forças Armadas e de Nações Amigas na operação de meios blindados e mecanizados e no emprego tático de frações de mesma natureza até o nível subunidade. A implementação deste modelo proporcionaria grande mudanças na sistemática operacional da arma blindada do exército, pois toda uma nova infraestrutura teve de ser criada, indo desde o processo de treinamento, instalações, doutrinas e sistemas de transporte (terrestre ou ferroviário), além de uma variada gama de veículos de apoio e socorro mais adequadas ao porte do novo modelo. Após o retorno deste contingente da Bélgica, os sessenta e um carros passariam a ser distribuídos as respectivas unidades operacionais entre os anos de 1997 e 2000, substituindo então os M-41B e M-41C Caxias, com estes sendo alocados junto aos Regimentos de Carros de Combate (RCC) que recentemente haviam desativados os últimos X-1 Pioneiro & X-1A2 Carcará.  No ano de 1998, o comando do Exército Brasileiro decidiu se pela aquisição de mais sessenta e sete carros de combate da mesma versão recebida, com um novo contrato sendo celebrado junto ao governo belga. Novamente uma comissão brasileira procederia in loco a seleção destes veículos, sendo também revisados localmente e preparados para transporte. 

Nesta nova negociação seriam inclusos também a aquisição de veículos especializados e de serviço como o Leopard Escola, Leopard Socorro (Bergepanzer Standart), além de outros dois modelos únicos no mundo configurados na versão de socorro Leopard HART (Heavy Armoured Recovery Tank) produzidos pela empresa belga Sabiex Internacional.  Todos estes veículos seriam despachados em lotes, com último destes sendo recebido em maio do ano de 2000. Com esta aquisição, a frota de Leopard 1A1 passaria a ser de cento e vinte oito unidades, melhorando assim a distribuição destes carros de combate no Exército Brasileiro, além de dotar o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), estes seriam destinados a equipar quatro Regimentos de Carros de Combate (RCC) alocados nas regiões Sul e Sudeste. Desta maneira os Leopard 1A1 passariam a compor o esteio da Arma de Cavalaria Blindada no Brasil, porém apesar de um pródigo início operacional, estes carros de combate alemães, ao longo dos anos seguintes, passariam a apresentar preocupantes índices de disponibilidade.  Podia-se atribuir a este preocupante cenário, a inexistência de qualquer contrato de prestação de suporte e manutenção junto a Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG, fabricante do modelo, impactando principalmente no processo de obtenção de peças de reposição.  Assim desta maneira seriam deflagrados estudos visando possíveis alternativas para a implementação de um novo ciclo de modernização da Arma de Cavalaria Blindada Brasileira. Desde o início a possibilidade de aquisição de carros de combate novos de fábrica seria descartada, devido a restrições orçamentarias vigentes naquela época. Neste contexto surgiria inclusive uma proposta norte-americana para o fornecimento de carros de combate MBT M-1 Abrams nos termos do Programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS -Foreign Military Sales), porém apesar desta ser extremamente interessante em termos financeiros, seria declinada, pois estes carros de combate excediam em termos de peso bruto a capacidade da infraestrutura nacional. Tendo em vista a intenção de manter pelo menos em operação uma parte da frota original dos carros de combate  Leopard 1A1, em 2008, o Ministério da Defesa no anseio padronizar seus meios e melhorar sua capacidade operacional, buscaria no mercado internacional compras de oportunidade visando a incorporações de versões mais recentes deste carro de combate. Uma proposta então seria apresentada pela empresa  Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, envolvendo a aquisição, modernização e suporte técnico operacional para carros do modelo Leopard 1A5, veículos pertencentes ao Exército Alemão (Deutsches Heer), que se encontravam  armazenados como reserva técnica, após serem recentemente retirados do serviço ativo,  mediante a introdução dos novos Leopard II.
Negociações seriam conduzidas entre os governos brasileiro e alemão, visando alinhar os termos para a obtenção de mais de duas centenas deste modelo, incluindo neste pacote também veículos especializados de serviço baseados na mesma plataforma como sete Viaturas Blindadas Especializadas Socorro (VBE Soc), quatro Viaturas Blindadas Especializadas Lança-Pontes (VBE L Pnt), quatro Viaturas Blindadas de Combate de Engenharia (VBC Eng) e quatro Viaturas Blindadas Escola de Motorista. Os primeiros lotes começariam a ser recebidos no Brasil, a partir de 2009, este programa além de proporcionar modernização de sua frota de carros de combate, visava prover constante suporte técnico do fabricante, incluindo o estabelecimento de uma filial do fabricante no país, evitando assim incorrer nos mesmos erros da aquisição dos modelos anteriores. Assim desta maneira, o recebimento gradativo destes novos carros de combate, permitiram o comando da Força Terrestre a estruturar um plano de desativação gradual dos Leopard 1A1 mais desgastados. Neste planejamento a implementação deste novo carro de combate no Exército Brasileiro, definiria que setenta e quatro Leopard 1A1seriam retirados de serviço imediatamente, sendo parcialmente desmontados a fim de proporcionarem um estoque de segurança na cadeia de suprimentos dos "novos" Leopard 1A5 devido ao alto grau de comunalidade de componentes. Dos carros restantes, seria definido que os trinta e nove carros em melhor estado, deveriam ser mantidos em operação, sendo divididos em três esquadrões de treze carros a fim de substituírem os derradeiros M-41C Caxias ainda em uso em uso junto aos 4°, 6º e 9º Regimentos de Cavalaria Blindados (RCB). A partir do ano de 2012, seriam realizados estudos visando estender a vida útil dos Leopard 1A1, com esta iniciativa culminando na implementação de um programa de recuperação e revisão de um lote remanescentes destes carros de combate.  Este programa receberia a denominação de Projeto de Recuperação das Viaturas Blindadas de Combate (VBC CC) Leopard 1A1, sendo implementado pelo Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3), localizado na cidade de Santa Maria (RS), contemplando quarenta e um veículos, com último veículo sendo entregue em janeiro de 2016. Atualmente, cada um destes Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB) conta com um esquadrão de VBC CC Leopard 1A1, além de possuir, em seus quadros, militares experientes para manutenir rotineiramente essas viaturas. Este programa permitirá o emprego destes veteranos carros de combate até sua provável substituição dentro do Projeto Nova Couraça da Força Terrestre. 

Em Escala.
Para representarmos o Krauss Maffei   Leopard 1A1 "EB 006047 Itatiaia", empregamos o excelente kit da Revell na escala 1/35. Para compormos a versão brasileira, tivemos de produzir em scratch as quatro caixas de ferramentas que são fixadas nas laterais do veículo. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set  "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura com os quais os Leopard 1A1 foram recebidos entre os anos de 1996 e 2000. Os carros submetidos ao Projeto de Recuperação das Viaturas Blindadas de Combate (VBC CC) Leopard 1A1 receberiam o esquema tático de dois aplicados na maioria dos veículos blindados em uso no Exército Brasileiro.

Bibliografia :
- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Leopard 1A1: 41 carros de combate recuperados - https://www.defesaaereanaval.com.br/defesa/leopard-1a1-41-carros-de-combate-recuperados
- Leopard-1 A5 – Brasil em Defesa - http://www.brasilemdefesa.com/2012/05/leopard-1-a5.html


Gepard 1A2 Flakpanzer

História e Desenvolvimento.
Do ponto de vista da engenharia, a Segunda Guerra Mundial foi um período de evolução sem igual. Num intervalo de seis anos, exércitos que ainda utilizavam a cavalaria de forma literal com cavalos seriam substituídos por divisões blindadas com tanques de até 76 toneladas. Na ponta de lança dessa corrida tecnológica estava a Alemanha e sua já prestigiada indústria automotiva, que ao longo do conflito conceberia e produziria em larga escala lendários modelos de carros de combate, os "Panzer ou Panzerkampfwagen" (que em alemão, significa couraça). Estes em maciço conjunto com veículos blindados especializados e de transporte de tropas seriam as ferramentas empregadas na doutrina Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), que em combate rompiam  rompiam os pontos frágeis das defesas inimigas e os exploravam com velocidade atordoante, garantindo nas fases iniciais da guerra retumbantes vitórias. No entanto apesar de deterem a vantagem tecnológica, os icônicos Panzers seriam superados em números por seus rivais norte americanos no front ocidental ou pelos eficientes T-34 soviéticos no leste europeu. A rendição incondicional seria assinada no dia 7 de maio de 1945, com pais sendo dividido entre os aliados ocidentais e a União Soviética. Neste contexto a  Alemanha Ocidental permaneceria completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação dos termos da rendição de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa, com sua outrora pujante indústria automotiva passando a focar seus esforços no mercado comercial. No entanto o antigo território alemão seria transformado em uma região de grande tensão, representando a principal linha de  frente no conflito da Guerra Fria, entre as forças do Pacto de Varsóvia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte  - OTAN. Este cenário levaria junto ao comando a decisão de se revisionar o conceito da proibição de constituição de forças de defesa da Alemanha Ocidental, tendo em vista a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça representadas pelas forças dos países do bloco soviético. Desta maneira no dia 12 de novembro de 1955 seria promulgada dentro da constituição, as normativas que constituiriam a nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo composta pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). De imediato seria iniciado um vasto programa de rearmamento, sendo fornecidos principalmente, equipamentos, armas, veículos, aeronaves, navios, blindados, e carros de combate de origem norte-americana. Em termos de carros de combate, o recém criado Exército Alemão (Deutsches Heer) passaria a ser equipado imediatamente, com uma respeitável frota composta pelos modelos M-41 Walker Buldog, M-47 Paton e M-48 Paton.   

Porém neste mesmo momento, estes carros de combate já se mostravam inadequados frente as ameaças representadas pelos modelos T-44, T-54 e T-55 que equipavam as forças blindadas do Pacto de Varsóvia.  A solução para atendimento a esta demanda ainda neste momento não estava disponível para emprego junto aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte  - OTAN, apesar de existirem projetos em desenvolvimento como o norte-americano MBT T-95.   Esta realidade motivaria o governo alemão a retomar sua indústria de defesa, sendo iniciados estudos ao final desta década, visando assim o desenvolvimento de projetos nacionais englobando uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas de serviço. No que tange a carros de combate, os esforços seriam direcionados ao desenvolvimento de um MBT (Main Battle Tank), com suas especificações de projeto sendo definidas em 1956, sendo baseadas na necessidade de se superar os novos T-54 e T-55. Estas abrangiam um veículo na ordem de mais trinta toneladas, devendo ter alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, e por isso sendo dotado com um canhão de 105 mm. Vários norteamentos seriam sugeridos, se destacando o programa “Europa Panzer”, um consórcio formado em 1958 por Alemanha, França e Itália. Diversas propostas seriam apresentadas, com os primeiros protótipos sendo disponibilizados em 1960, com o modelo Porsche 734 sendo declarado vencedor. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional. A seguir o modelo da Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG seria batizado como Leopard I, com sua versão final estando equipada com o consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L-7 de calibre 105 mm, dispunha ainda de completo sistema de proteção NBC (Radiação Nuclear e Química). Em termos de blindagem atendendo aos parâmetros de mobilidade, possuía uma blindagem leve, porém eficiente com capacidade de resistir a impactos rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas características lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha. Após a finalização de um programa de testes de aceitação, seria celebrado um contrato inicial para cem carros, que seriam produzidos nas instalações fabris da  Krauss-Maffei Wegmann GmbH & Co. KG  em Munique. Os primeiros Leopard I, seriam entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) entre setembro de 1965 e junho de 1966. O emprego operacional revelaria qualidades de projeto, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.

Ao ser operado por diversos países nos mais variados ambientes, verificaria-se suas qualidades operacionais e robustez em campo, abrindo assim estudos que partiam do empregado da plataforma original para o desenvolvimento de versões especializadas. Neste escopo em setembro de 1965, o Ministério Federal de Defesa da República Federal da Alemanha (Bundesministerium der Verteidigung) deflagaria uma concorrência visando o desenvolvimento de uma versão volta a tarefas de defesa antiaérea, objetivando a substituição do modelo norte-americano GMC M-42 Duster, que era equipado com os antigos canhões Bofors M-2A1, de 40 mm. Seus parâmetros de projeto previam o emprego de dois canhões de 30 mm, controlados por um sistema digital de controle de fogo, que tinha com finalidade engajar alvos aéreos em manobras evasivas. Deveria ainda apresentar um peso máximo de 45.500 kg e maior comunalidade no emprego de componentes presentes nos carros de combate Leopard 1. Dois consórcios industriais alemãs um formado pela Rheinmetall/AEG Telefunken/Porsche e outro pela Oerlikon-Contraves/Siemens-Albis responderiam à esta concorrência. A proposta apresentada pelo primeiro concorrente propunha o conceito de “grupo de batalha” (composto por viaturas equipadas separadamente com dispositivos de vigilância -identificação e outras com radar de controle de fogo/canhões, ambos os tipos sendo liderados por um veículo de comando). Já o segundo apregoava que todas estas funcionalidades fossem reunidas em um só veículo autônomo, armado com canhões de 35 mm (calibre rejeitado em 1962, por não ser padrão empregado naquela época). As duas propostas seriam analisadas entre os anos de 1966 e 1970, e neste momento o projeto apresentado pelo consórcio  Rheinmetall/AEG Telefunken/Porsche seria oficialmente cancelado. Neste contexto a proposta vencedora seria aperfeiçoada, passando a receber o radar de vigilância Siemens MPDR 12 acoplado a um identificador de contatos aliados/hostis. Os primeiros protótipos receberiam a designação militar de “5 PFZ-A”, e após serem inseridos em um extenso programa de testes e avaliações, resultariam em uma variada gama de modificações e melhorias. Deste processo emergiria o um modelo de “segunda geração”, o "5 PFZ-B” que passaria a incorporar novos sistemas de radar de vigilância com capacidades aperfeiçoadas de supressão de interferências e de discriminação de alcance e radar Doppler de rastreio de alvos. Seu habitáculo seria soldado na torreta, usando placas de blindagem espaçadas nas seções frontal, traseira e superior; carro receberia uma proteção ao longo da lateral superior esquerda, cobrindo a saída do motor auxiliar e absorvedores de choque nas porções dois e seis do braço de suspensão.   

Sua blindagem apresentava apenas uma camada, com 70 mm de espessura à frente, variando entre 20 e 30 mm nas partes traseira e lateral, proporcionando satisfatória proteção em combate. Suas baterias elétricas seriam realocadas, com o veículo recebendo geradores auxiliares para os canhões antiaéreos, alocados no antigo paiol de munições do carro de combate original, estando estes isolados dos chassis por paredes blindadas com painel de acesso e extintor de incêndio próprios. Os protótipos desta "segunda geração" seriam testados e avaliados entre os anos de 1971 e 1974, com este programa avançando para o estágio de pré-produção, com dois veículos sendo produzidos e novamente submetidos a testes de campo. Em seguida seria firmado um contrato para a produção de doze carros, que englobariam mais modificações, tendo destaque o aumento do casco em 80 mm; reposicionamento da torreta em 20 mm ao centro; instalação de doze absorvedores de choque e lagartas mais cumprida, com este novamente direcionados ao programa de avaliação.  Finalmente, em fevereiro de 1975, Ministério Federal de Defesa da Alemanha (Bundesministerium der Verteidigung), anunciaria a homologação do modelo 5PFZ Tipo B, com este sendo inicialmente adotado pelo Exército Alemão (Deutsches Heer). Um novo contrato seria celebrado em maio do mesmo ano com a empresa Krauss-Maffei AG (atual Krauss Maffei Wegman), definindo como subcontratadas as empresas  Oerlikon-Contraves e Siemens AG.  Estes termos previam a produção de vinte carros iniciais, classificados como "lote piloto" sendo seguido por mais cento e vinte dois carros da versão B-1. Porém havia a previsão contratual para aquisição de para 432 torres  e 420 cascos com um valor total de DEM 1.200.000.000,00  de marcos alemães, neste patamar cadaveículo custaria cerca de três vezes o preço de um Leopard 1 normal. Esta segunda fase seria alterada, com o desenvolvimento da versão B-2 com radar aperfeiçoado, na qual seria autorizada a produção de cento e noventa cinco carros. Um segundo contrato seria assinado em 1977 para a aquisição de duzentos e vinte cinco carros da versão B-2L, que passava a contar com um sistema de medidor de distância a laser, para alvos a até 5.100 metros.  O veículo apresentaria um peso final de  47.5 toneladas, medindo 7,68 metros de comprimento, 3, 27 metros de largura e 3, 29 metros de altura, (com a antena do radar de busca rebatida).  Estava equipado com dois motores, um Mercedes Benz MTU 838 Cam 500, multi combustível, de 10 cilindros, gerando 830 HP e outro auxiliar Daimler Benz OM 314, a diesel, gerando 90 HP para o acionamento dos canhões, complementado por dois geradores de 20 kVA cada.  Este conjunto mecânico lhe proporcionava uma velocidade máxima de 65 km/h e 550 km de alcance. 

Em termos de armamento ofensivo, seus dois canhões Oerlikon KDA L/R04, apresentavam uma cadência conjunta de 1.100 disparos por minuto, com os projéteis tendo velocidade inicial de 1.175 metros por segundo e alcance de 4 km. O projétil padrão pesava 550 gramas, podendo ser dos tipos de Alto Explosivo Incendiário (HEI), perfurante de Blindagem Incendiário (API), além de traçante. Cada arma levava 320 munições antiaéreas (armazenadas no interior da torreta) e 20 projéteis perfurantes, estocados ao lado dos canhões.  Este sistema de armas seria orientado por um radar de busca Siemens MPDR 12 S-band instalado em um braço oscilante (abaixado atrás da torre para trânsito) na parte traseira da torre, que fornece um alcance de detecção hemisférica de 15 km e possui um interrogador MSR 400 Mk XII integrado para discriminação automatizada de alvos. Além disso, o Gepard possuía um sistema de mira óptica de backup para aquisição e engajamento passivo de alvos, consistindo em dois periscópios panorâmicos estabilizados para o artilheiro e o comandante, com uma ampliação variável (1,5× e um campo de visão de 50 ° e 6× com um FOV estreito de 12,5 °). Esses periscópios podem ser acionados mecanicamente pelo radar de rastreamento e direcionados automaticamente ao alvo para identificação preliminar. Um telêmetro a laser foi fornecido em veículos atualizados para o padrão B2L e instalado no topo da caixa da antena para o radar de rastreamento. O modelo que receberia por parte do fabricante o nome de batismo de "Gepard", com os primeiros blindados sendo entregues ao Exército Alemão (Deutsches Heer) entre os anos de 1976 e 1980, se consolidando como principal linha de defesa área a média e baixa altitude. O Gepard 1A2 Flakpanzer seria exportado para Bélgica e a Holanda, que adquiriram entre 54 e 95 carros, respectivamente.  Entre os anos de 1997 e 2007, cento e quarenta e sete carros foram submetidos a um programa de modernização, visando assim a extensão de vida útil, os sistemas foram atualizados, passando a contar com um novo computador digital, conexão com o sistema de defesa aérea e gerenciamento de batalha através de rádios SEM 93. Os canhões receberam modificações para poder empregar munições do tipo HVFAPDS/FAPDS (perfurante de blindagem, estabilizada por aleta e calço descartável, de alta velocidade), proporcionado até 1.400 metros por segundo de velocidade inicial, o que elevou o alcance e teto operacional dos canhões para 5000 e 3.500 metros respectivamente. No Exército Alemão (Deutsches Heer), o Gepard seria descontinuado no final de 2010 e substituído pelo sistema Wiesel 2 Ozelot Leichtes Flugabwehrsystem (LeFlaSys) com quatro lançadores de mísseis FIM-92 Stinger ou LFK NG que passavam a oferecer uma proteção mais adequada a defesa área a média e baixa altitude. Seu batismo de fogo se daria durante a Guerra da Ucrânia, quando em 2023 veículos doados pela Alemanha seriam implantados naquele teatro de operações, obtendo grande êxito contra os drones russos.   

Emprego no Exército Brasileiro.
O processo de implementação de um sistema de artilharia antiaérea no Exército Brasileiro, teve sua origem no dia  4 de outubro de 1940, data de criação do 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé) na cidade do Rio de Janeiro. Este grupamento seria equipado com os famosos canhões alemães Flak 88 mm C/56 Modelo 18 que passariam em operar em conjunto preditores Carl Zeiss WIKOG 9SH e aparelhos de localização pelo som Electroacoustic GmbH ELASCOPORTHOGNOM. A partir de 1942 a artilharia antiaérea brasileira seria fortalecida pelo recebimento de uma grande quantidade de canhões norte-americanos dos modelos M-2A2 AA de 37 mm, M-3 AA de 76 mm e por fim M-1A3 AA de 90 mm. No entanto curiosamente não seriam cedidos ao país sistemas de artilharia antiaérea autopropulsados, que já eram empregados em grande escala no conflito. Esta lacuna operacional infelizmente perduraria durante as décadas seguintes, com a necessidade de criação de um sistema de defesa antiaérea a média e baixa altitude, sempre se fazendo presente, principalmente pelas dimensões continentais da nação. No início da década de 1970 seria implementado na Força Terrestre o “Plano Impere”, um programa que visava recuperar a operacionalidade diversos veículos de combate do III Exército Brasileiro que se encontravam parados há alguns anos, analisando inclusive a possibilidade de conversão de carros de combate dos modelos M-4 Sherman e M-3 Stuart como veículos de serviço e suporte. Entre diversas alternativas seria desenvolvido um protótipo de uma viatura blindada antiaérea, com um carro M-3 Stuart recebendo a instalação de um reparo de metralhadoras antiaéreas quadruplo calibre .50 do modelo M-45 Quadmount . Testes de campo se mostrariam extremamente promissores, porém infelizmente não se sabe por quais motivos, o comando do Exército Brasileiro, não demonstraria neste momento o devido interesse, levando assim ao cancelamento do projeto. O conceito para o desenvolvimento de uma viatura antiaérea autopropulsada, ressurgiria em fins da década de 1970, tendo como alicerce o programa do Carro Combate Leve Nacional MB-1 (X-1A Pioneiro e X1-A2 Carcará), com este gerando uma família de veículos especializados sobre esta nova plataforma, incluindo um modelo dedicado defesa antiaérea. Nascia assim o projeto M.01.15, que seria gerido Centro de Tecnologia do Exército (CETEX) em parceria com a empresa Bernardini S/A. Dois protótipos seriam construídos recebendo a designação de Viatura de Combate Antiaérea XM3D1 (VBC AAe) que contariam como armamento orgânico com quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50 montadas em uma torre M-55M Quadmout modernizada.  Estes protótipos seriam exaustivamente testados e avaliados pelo Exército Brasileiro, porém a baixa cadência de fogo e o alcance das armas de calibre .50, se mostraram inadequados face a nova ameaça proporcionada pelas aeronaves de ataque a reação existentes naquela época, levando assim ao cancelamento definitivo do projeto. 

A partir de meados da década de 1970, o sistema de defesa antiaéreo do Exército Brasileiro se mostrava complemente obsoleto contendo em suas filiares de antigos canhoes Boffors de 40 mm, se fazendo necessário a implementação de sua imediata substituição. Para o atendimento a esta demanda, entre os anos de 1977 e 1978 novos investimentos seriam feitos, envolvendo a aquisição do sistema suíço de artilharia antiaérea Oerlikon de 35 mm, que posteriormente seriam integrados com o conjunto diretor de tiro de fabricação nacional EDT FILA, controlando os canhões de 40 mm C/70 Bofors e canhões Oerlikon 35 mm C/90. Uma tentativa mais ousada seria materializada na aquisição do sistema de mísseis terra-ar Roland II montados no veículo sob esteiras alemão Marder 1A2, no entanto só seriam incorporadas quatro baterias com elas apresentando uma carreira efêmera no Exército Brasileiro. Nos anos vindouros não seriam registrados mais investimentos significativos neste segmento, porém em 1994, dentro do escopo do programa de modernização da Força Terrestre -  FT 90 seriam incorporados os primeiros misseis russos Igla-S, armas terra ar de curto alcance do tipo Manpad (Man-Portable Air-Defense Systems). Mesmos estas iniciativas, ainda não trariam ao Exército Brasileiro uma real capacidade de defesa de ponto antiaérea, com este segmento tornando assim o principal "Calcanhar de Aquiles" da Força Terrestre. No início deste século, o Ministério da Defesa e o Exército Brasileiro conduziriam um amplo processo de transformação e modernização das suas estruturas, equipamentos e veículos de combate blindados, com este programa recebendo a denominação de modernização dos Produtos de Defesa (PRODE). Entre diversas vertentes este contemplaria a partir do ano de 2006 a aquisição da Viatura Blindada de Combate Carro de Combate (VBCCC) LEOPARD 1A5 BR para o emprego junto aos Regimentos de Carro de Combate (RCC). Apesar de que neste momento o Exército Brasileiro passaria a contar em sua frota com um veículo moderno e de elevada capacidade de sobrevivência, ainda as Baterias Antiaéreas (Bia AAAe) orgânicas das Brigadas Blindadas seriam desprovidas de um sistema autopropulsado. Assim sua defesa de ponto ficaria somente a cargo do emprego dos misseis antiaéreos (AAe) portáteis russos  Igla-S, o que reduzia em muita sua capacidade de proteção contra-ataques aéreos, principalmente de helicópteros de ataque a média altura. Em um cenário de conflagração moderna, nossas forças mecanizadas em trânsito ficariam completamente desprotegidas contra ataques aéreos, com este cenário se repetindo para a defesa de ponto em objetivos estratégicos espalhados pelo país.     
A partir de meados do ano de 2012, seriam conduzidos estudos referentes a adoção de possíveis soluções dedicadas a proteção do espaço aéreo nacional. Curiosamente apesar de ser um pleito antigo da Força Terrestre, esta demanda logo seria priorizada não por questões estratégicas e sim políticas, pois o país logo sediaria dois eventos internacionais de grande relevância, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Dentre as várias medidas de segurança exigidas ao país sede, figurava a defesa antiaérea de ponto dos locais onde estes eventos seriam realizados, assim a fim de sanar esta lacuna operacional, a Diretoria de Material do Exército Brasileiro emitiria ao mercado de defesa internacional, uma Solicitação de Informação - RFI (Request for Information), para assim estruturar a sua capacidade de defesa antiaérea de ponto, que passaria a ser denominado como "Projeto Estratégico Defesa Antiaérea". Em seguida começariam a ser apresentadas a Diretoria de Material, diversas propostas de empresas do segmento de defesa de renome internacional, uma criteriosa análise seria então elaborada, tendo como primícias básicas a busca por uma equilibrada relação de custo-benefício. Neste contexto a proposta comercial e técnica apresentada pela empresa alemã Krauss-Maffei Wegman que contemplava o modelo Gepard 1A2 uma versão modernizada. Estas propostas após ser analisada se mostraria mais viável em termos operacionais e financeiros, tendo como destaque sua rápida disponibilidade de entrega. Pesava sobre esta escolha também o histórico operacional do modelo junto a países europeus, com seus canhões de 35 mm operando em conjunto com um sofisticado sistema de radar com alcance de 15 km, efetuando ainda a varredura no espaço aéreo juntamente com o radar de tiro e computador digital de direcionamento e controle de fogo com o mesmo alcance. Como principal vantagem operacional, destacava-se que o sistema era montado sobre o chassi do carro de combate  Leopard I, modelo com o qual o Exército Brasileiro já estava familiarizado em termos de operação e manutenção, o que facilitaria em muita sua incorporação, não havendo a necessidade de se proceder investimento adicionais em termos de treinamentos e ferramental. Após negociações seria celebrado entre as partes um acordo na ordem de US$ 50 milhões de dólares, englobando trinta e seis carros (oriundos dos estoques do Exército Alemão), munição, sobressalentes, ferramental e pacote de treinamento. Atendendo ao cronograma contratual, entre os dias 4 de março a 17 de maio de 2013, uma delegação de dez oficiais de dez sargentos realizaria a primeira fase de treinamento na cidade, cidade de Hardheim (Alemanha). O primeiro lote com dez carros Krauss Maffei Flakpanzer Gepard 1A2, seria recebido no  Brasil dia 17 de maio de 2013, momento em que oficialmente seriam incorporados a a estrutura do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), ficando a estes subordinados até a realização destes grandes eventos. 

Neste momento estes mesmos militares participariam da segunda fase de formação, agora no Brasil, com a fase final deste treinamento resultando no processo de Tiro de Recebimento do GEPARD, conduzido pela 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea no Centro de Avaliações do Exército (CAEx), nos dias 22 e 23 de junho de 2013. Junto as instalações do Campo de Provas da Marambaia, no Rio de Janeiro seriam executados 755 tiros sobre alvos aéreos ECLIPSE, operados por integrantes do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea e 871 tiros sobre alvos fixos a 500 e 1500 metros de distância, na Linha I.  Seus canhões de  35 milímetros apresentam uma cadência de tiros de 1100 tiros por minuto sendo 550 em cada arma, com uma capacidade 640 tiros antiaéreo e mais 40 terrestre sendo 320 e 20 em cada arma com suas funções respectivamente, com este perfil operacional representando um grande avanço para a Força Terrestres. A partir deste momento, a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea passaria a ser responsável pela formação dos oficiais e sargentos do Exército Brasileiro operadores do Sistema GEPARD. Logo após, os oito carros deste primeiro lote seriam liberados para plena operação, com a missão de defesa de ponto, com este processo sendo conduzido a tempo de participar da edição da Copa da Confederações da Fifa, realizada no Rio de Janeiro entre os dias  15 a 30 de junho de 2013.  Os veículos restantes seriam recebidos em diversos lotes entre maio de 2013 a setembro de 2014, totalizando trinta e quatro Gepard 1A2, operacionais e dois dedicados para treinamento. Em serviço operacional os estes blindados  passariam a ser denominados como Veículo Blindado de Combate Antiaéreo (VBC AAe), sendo distribuídos a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe), 11ª Bateria de Artilharia Antiaérea Autopropulsada (GAAAe), 6º Brigada de Infantaria Blindada (Bda Inf Bld), 1º Brigada de Artilharia Antiaérea (Bda AAAe), 6º Brigada de Infantaria Blindada (Bda Inf Bld), 2º Brigada de Artilharia Antiaérea (Bda AAAe), 2º Grupo de Artilharia Antiaérea (GAAe) e 5ª Brigada Blindada (Bda C Bld). Apesar de se encontrarem em excelente estado de conservação, os veículos adquiridos pelo Exército Brasileiro foram produzidos durante a década de 1970 e modernizados em 1996, necessitando então da implementação de um novo processo de atualização.  Para atendimento a esta demanda seria celebrado em 2014 um contrato junto a Brasil Krauss-Maffei Wegmann, visando a modernização das viaturas e simuladores, abrangendo os sistemas sistema de tiro digital, visores termais estabilizados, data link a um centro de controle de defesa aérea - monitoramento, sensores de velocidade da munição. Este pacote englobava ainda a realização de revisões nos sistemas estruturais e mecânicos permitindo estender a vida útil do modelo até o ano de 2030. 
A primeira unidade modernizada de um lote inicial de oito carros contratados, seria entregue ao Exército Brasileiro em 9 de março de 2016, com este processo sendo concluído até o final do ano de 2018. Apesar de muitas críticas internas do próprio Exército Brasileiro, quanto a real efetividade de proteção contra as ameaças aéreas atuais, a aquisição do sistema Flakpanzer Gepard 1A2 veio a robustecer o sistema operacional de defesa antiaérea da Força Terrestre. Principalmente para emprego em baixa altura até 3.000 metros, garantindo assim elemento importantíssimo para o sucesso nas operações, incrementando ainda mais, o poder de combate da tropa blindada. A importância deste sistema seria revelada durante a Guerra da Ucrânia, onde os Flakpanzer Gepard 1A2 tem desempenhado um papel fundamental no combate contra os drones, que se tornariam um dos principais flagelos das forças blindadas envolvidas naquele conflito. Assim além de prover proteção com esta nova ameaça, estes veículos a serviço do Exército Brasileiro, proporcionam uma razoável proteção contra helicópteros de ataque, sendo principalmente empregados como parte orgânica das Brigadas Blindadas, as Baterias Antiaéreas Autopropulsadas (Bia AAAe AP). Com estas brigadas sendo compostas por quatro Seções de Artilharia Antiaérea (Seç AAAe), menor Unidade de Emprego de Artilharia Antiaérea (AAAe), sendo constituídas cada uma dessas Seções de Artilharia Antiaérea (Seç AAAe) por quatro veículos  Flakpanzer Gepard 1A2.  Além de operarem junto as Brigadas de Artilharia Antiaérea, cada viatura individualmente é considerada como Unidade de Tiro (U Tir) com capacidade de, por seus próprios meios, detectar, acompanhar e destruir uma incursão inimiga, podendo ser empregada em operações estáticas ou em movimento, tais como em uma Marcha para o Combate, onde o Gepard 1A2 estará desdobrado no interior da coluna de blindados para prover a defesa antiaérea da tropa defendida.  Em 2023 o Programa Estratégico do Exército Defesa Antiaérea passaria a focar seus esforços na recuperação capacidades já existentes, bem como obter novas capacidades de defesa antiaérea de baixa, média e grande alturas, modernizando as organizações militares de Artilharia Antiaérea da Força Terrestre. Assim durante um tempo os Gepard 1A2 operarão em conjunto com novos sistemas de defesa de média e grande altura que devem ser adquiridos nos próximos anos.  

Em Escala.
Para representarmos o Krauss Maffei Gepard 1A2 Flakpanzer  em uso pelo Exército Brasileiro, empregamos o antigo kit da Tamiya na escala 1/35, salientando que este apresenta a versão Gepard 1A1, desta maneira é necessário implementar uma série de mudanças em scratch building. Já os kit mais recentes produzidos pela Meng e Takon representam o modelo empregado pelo Exército Brasileiro, sendo indicados estes para compor a versão brasileira. Para representarmos a versão em uso no Brasil, não há necessidade de se proceder qualquer alteração em relação ao kit original. Fizemos uso de decais confeccionados pela  Decals & Books presentes no set  "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelo Exército Alemão (Deutsches Heer), com o qual estes blindados foram recebidos a partir de 2013. Nos dois primeiros não receberiam nenhuma marcação nacional, com o escudo do Exército Brasileiro sendo aplicado após o ano de 2018, salientamos ainda que mesmos os veículos modernizados não passaram por qualquer alteração em seu esquema de pintura. 



Bibliografia :

- Gepard  - Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Flakpanzer_Gepard
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Gepard 1A2 – Plano Brasil por Sergio Santana www.planobrazil.com

CCL X-1 Pioneiro e X-1A1/A2 Carcará

História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento do governo nacional socialista que se encontrava em plena implementação passava a focar também o desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares, que seriam no campo de batalha combinados com novas tecnologias em equipamentos e armas destinadas ao combate terrestre com apoio aéreo. Esta iniciativa culminaria na criação do conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg, esta tática tinha, como um dos principais pilares, o desenvolvimento de carros de combate blindados, que se caracterizavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Neste contexto os novos carros de combate alemães seriam desenvolvidos para serem superiores em todos os aspectos aos seus pares disponíveis na época. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes a Alemanha (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) este e demais programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançava a passos largos.  Do outro lado do oceano atlântico, o serviço de inteligência norte-americano transmitia ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) todos os informes relativos a estes avanços e suas eminentes ameaças futuras. Análise preliminares destes relatórios apontavam que estes novos carros blindados alemães facilmente superariam os modelos em uso até então.  A fim de se solucionar esta problemática, em abril do ano de 1939 seria iniciado um abrangente programa de estudos, que visava o desenvolvimento novos carros de combate que teriam por objetivo principal substituir os já obsoletos modelos M-1 e M-2 que representavam o esteio da força de blindada daquela nação.   O principal objetivo deste plano era conceber carros de combate que em hipotéticos cenários de conflagração, poder rivalizar com os novos carros de combate alemães e japoneses que se encontravam em fase inicial de operação. Assim em julho de 1940 seria deflagrado o programa do carro de combate leve "M-3 Light Tank", com este projeto sendo capitaneado inicialmente pelas equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department) com sede em Fort Lee, Virgínia. De imediato os trabalhos conceituais seriam iniciados, sendo estabelecidos diversos parâmetros iniciais de projeto, se destacando entre eles a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e de um sistema de blindagem dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre de sua arma principal. 

O peso adicional resultante da blindagem parametrizada em projeto, levaria ao emprego de um novo sistema de suspensão muito diferente do utilizado no M-2 Light Tank, para melhoria da equalização do peso total do veículo, seria adicionado nas lagartas uma polia extensora traseira de maior diâmetro, aumentando assim a superfície de contato com o solo. A fim de se abrigar a nova peça de artilharia, uma nova torre com potencial de giro de 360º seria desenvolvida, sendo inicialmente soldada e rebitada em formato oitavado, sendo posteriormente substituída por uma composta uma única chapa laminada moldada de espessura. O veículo seria projetado para operar com uma tripulação reduzida de quatro homens, composta por motorista, comandante, municiador e auxiliar. Nos primeiros modelos produzidos, o comandante do carro, desempenharia também a tarefa de artilheiro do canhão, já nas versões mais recentes a adoção do conjunto de periscópicos levaria a alteração da posição do comando do carro seria posicionada ao lado direito, passando o comandante a atuar também na função de municiador. O carro seria testado em campo, e apesar de um certo ceticismo por parte de um grupo de analistas mais críticos que avaliavam que quando comparado a seus adversários, o modelo apresentava uma duvidosa capacidade de proteção, devido sua fina blindagem, e questionava-se também a real eficácia da arma de 37 mm frente a couraça dos carros de combate alemães de nova geração. Apesar destas importantes ressalvas, a necessidade de se atender rapidamente as demandas norte-americanas de seus possíveis aliados levaria a decisão de se iniciar imediatamente a produção em larga escala. Neste contexto seria priorizado o fornecimento ao Exército Real (Royal Army) para o emprego no teatro de operações da África Norte, onde receberia seu batismo de fogo, onde apesar de suas limitações apresentaria um destacado papel nesta fase inicial do conflito, vindo a reforçar provisoriamente as debilitadas forças blindadas aliadas, ganhando tempo para a aceleração da capacidade industrial norte-americana. Já os seus primeiros combates pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) se dariam a partir de 8 de dezembro de 1941, quando dos enfrentamentos decorrentes da invasão japonesa as Filipinas.  Em fins de 1943 as limitações originais do projeto em termos de blindagem e armamento levariam a sua necessidade de substituição na linha de frente o que ocorreria com a introdução a partir de 1944  dos novos carros de combate leve M-24 Chaffe.
Apesar disto o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, não assistiria o fim da carreira dos M-3 e M-5 Stuart, que após retirados do serviço junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army), seriam classificados como "excedente militar" passariam a compor os programas de ajuda militar, com milhares destes carros de combate passando a ser cedidos mais de trinta países com os quais os Estados Unidos buscavam fortalecer suas relações. Nesta nova fase seriam empregados novamente em situações de conflito real, participando ativamente da Guerra Civil Chinesa (1946 - 1949), Guerra da Indochina (1946 - 1954), nas primeiras fases das Guerras Indo-Paquistanesas e por fim durante a Guerra de Independência de Angola (Guerra de Ultramar). Apesar de ultrapassado deste o final da década de 1950, a simplicidade, robustez, baixo custo de manutenção e operação de seu projeto original, levariam ao desenvolvimento de inúmeros programas de revitalização e modernização ao redor do mundo, com destaque principalmente para os projetos implementados junto as Forças de Defesa de Israel (IDF). Com estes programas servindo no futuro de influência, para estudos que seriam realizados no Brasil. Em fins da década de 1960, a frota brasileira de carros de combate leve M-3 e M-3A1 Stuart era composta por mais de quatrocentos veículos, com a grande maioria destes se encontrando fora de serviço. Este cenário era causado principalmente por problemas na obtenção de peças de reposição, mais notadamente componentes dos dispendiosos motores a gasolina Continental AOS-895A3 ou Guiberson T-1020A. Desta maneira, apesar de estarem armazenados como reserva estratégica, seriam logo disponibilizados para a venda como sucata. Neste contexto em 1969, o 1º BCCL (Batalhão de Carros de Combate) baseado na cidade do Rio de Janeiro - RJ, receberia a visita de uma delegação israelense, que tinha como objetivo a aquisição de plataformas militares antigas para a conversão em veículos de serviço blindados sob esteiras.  Esta intenção viria a despertar a atenção do Coronel Oscar de Abreu Paiva, comandante da unidade, sob as possibilidades e potencialidades para o emprego dos M-3 e M3-A1 brasileiros como veículos especializados, com esta motivação sendo reforçada pelos militares israelenses, que teceram grandes elogios, quanto aos programas desta natureza implementados anteriormente em sua força terrestre.

Neste momento o Exército Brasileiro apontava a necessidade de uma renovação de sua frota de carros de combate e veículos em geral, com o atendimento desta demanda ser cerceada principalmente falta de recursos. Desta maneira neste momento surgiriam as primeiras iniciativas visando estudos para a implementação de programas de modernização da frota de M-3 e M-3A1 Stuart. Os primeiros resultados práticos seriam obtidos pelo Parque Regional de Motomecanizacão de Santa Maria (PqRMnt/3) no Rio Grande do Sul. Esta organização estava profundamente comprometida nos esforços do “Plano Impere” , programa este que visava recuperar diversos veículos de combate e transporte pertencentes ao III Exército. Os primeiros exemplos do emprego da plataforma destes carros de combate leves resultariam na criação de um trator de artilharia ou rebocador e no primeiro protótipo da Viatura de Combate Antiaérea. Apesar desta tímida iniciativa, um grande impulso neste sentido seria motivado pelos resultados positivos obtidos pelo Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2) no processo de remotorização de carros blindados como os Ford M-8 Greyhound e meia lagarta White M-2/M-3/M-5. Desta maneira logo em seguida o Ministério do Exército criaria o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB). O principal objetivo desta organização era o de desenvolver uma nova família de blindados leves tendo por base a plataforma e componentes vitais dos antigos M-3 e M-3A1 Stuart.  Um dos pontos de partida deste processo se baseava na substituição do motor original a gasolina por um novo conjunto de produção nacional a diesel, elencando como opção de análises modelos de motores produzidos nacionalmente pela MWM Motores S/A , Deutz do Brasil S/A e Scania Vabis do Brasil S/A. A instalação destes novos motores demandaria alterações na estrutura do veículo, que tiveram de ser alongados com chapas de aço  SAE 5150 fornecido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Com esta mudança seria necessário efetuar a troca da suspensão original do M-3 Stuart em virtude da diferença de altura do solo proporcionada. Como soluçao seria empregado o sistema utilizado originalmente no  trator de artilharia M-4 de 18 toneladas, que era maior e mais larga. Seriam então completados três protótipos, que seriam exaustivamente testados em ensaios comparativos, com o modelo com o motor Deutz apresentando a melhor performance, no entanto logo esta empresa encerraria suas operações no Brasil, com a escolha recaindo sobre o motor produzido pela Scania Vabis do Brasil S/A que apresentava uma potência nominal de 250 cv. 
Ao ser definido seu grupo propulsor a diesel, as atenções se voltariam ao desing do modelo, neste quesito suas principais deficiências estavam baseadas em suas linhas retas e planos verticais da carcaça que impunham fragilidade a sua blindagem original. Também pesavam negativamente sua elevada pressão sobre o solo em função de suas lagartas estreitas e principalmente seu baixo poder de fogo da munição do canhão de 37mm. Assim realizaram-se estudos envolvendo uma total reformulação da carcaça do veículo, abrangendo muito além da simples substituição do motor, como previsto inicialmente. Os resultados destes trabalhos indicavam a necessidade de uma reformulação total, com um novo desenho da carcaça com aproveitamento das partes traseira e frontal, suportando principalmente a instalação do novo motor a diesel, com modificações especiais de cárter e turbina. Como dito, incluindo a adaptação de um novo sistema de suspensão que permitisse o uso de lagartas mais largas adequadas a equalizar sobre o terreno o peso superior do veículo. Como maior destaque se encontrava o desenvolvimento de uma nova torre que pudesse abrigar um canhão de calibre 90 mm.  Estes trabalhos tiveram início em 28 de junho de 1973, com autorização do DPET (Diretoria Pesquisa de Ensino Técnico) e apoio da Diretoria de Motomecanização, que positivamente estava comprometida com o novo projeto. O primeiro protótipo funcional seria completado em dois meses nas instalações da Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda, com este processo sendo diretamente supervisionado pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo.  Este veículo seria submetido a um intenso programa de testes de campo na cidade de Peruíbe no litoral de São Paulo, operando em percursos em estradas de terra e asfalto, continuamente dia e noite, parando apenas para substituição de motorista e abastecimento.  Inicialmente este protótipo estaria equipado com uma torre produzida pela Engesa S/A, com está sendo substituída posteriormente por uma nova projetada pela Bernardini S/A, que receberia a designação inicial de B-90, em seguida, B-90 A1 (nos de série). Neste conjunto seria adaptado o canhão francês DEFA D-921A 90 F1 90 mm (3,54 pol), que poderia ainda fazer uso de munição  HEAT, HESH e APFSDS. Esta torre era construída totalmente em aço especial com uma polegada de espessura, resistente a tiros de metralhadoras calibre .50 a pelo menos 200 metros de distância.  

Emprego no Exército Brasileiro.
Os trabalhos de testes e aperfeiçoamentos do projeto seguiram atendendo ao cronograma original, com o primeiro protótipo participando da parada de 7 de Setembro de 1973 em Brasília no Distrito Federal, liderando início do desfile das forças motorizadas em Brasília, com este carro sendo comandado pelo diretor de Motomecanização do Exército Brasileiro. Logo após a versão final seria aprovada, resultando na celebração dos contratos de produção, com a Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda e Bernardini S/A,  envolvendo a aquisição inicial de cinquenta e três carros de combate, podendo chegar até cento e treze unidades em um aditivo complementar) do modelo agora designado como Viatura Blindada de Combate ou Carro de Combate MB-1.  Seu processo de produção seria dividido fases, com a primeira envolvendo o recebimento dos M-3 e M-3A1 Stuart pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo, que seria responsável pode proceder a desmontagem do veículo. A seguir as carcaças seriam entregues a Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda, nesta etapa seriam recuperadas a caixa de mudança e o sistema de transmissão original. Paralelamente seriam iniciados os trabalhos de transformação da carcaça, envolvendo principalmente o aumento no comprimento para a instalação do motor Scania DS-11 e caixa de transmissão. Nesta fase seria feito também o processo de rebaixamento da silhueta, e por fim seriam instalados acessórios, toda a parte elétrica e as lagartas produzidas pela Novatração. O veículo saia rodando e seguiria para as instalações da Bernardini S/A, onde seria realizada instalação da a torre e o canhão. Em um espaço reservado os técnicos do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) procediam a instalação do armamento secundário e do equipamento de comunicações. Por fim seriam conduzidos testes em estrada na ordem de 200 a 300 km e testes de armas secundárias e principal, devendo ser disparados seis tiros com o canhão de baixa pressão de 90 mm.. No entanto o cronograma original enfrentaria uma série de atrasos, entre a assinatura do contrato em dezembro de 1973 e a entrega dos primeiros veículos pré-série seriam transcorridos mais de vinte e sete meses, com estes sendo disponibilizados entre os meses de março e abril de 1976.

Este atraso seria gerado por diversos fatores, destacando-se a proibição inicial de importação de componentes críticos, deficiências na formulação dos processos de engenharia de projeto, problemas de gestão de crédito com a Bernardini S/A que geravam interrupções no fluxo de peças e desvios de recursos e de atenção para os novos projetos como as versões posteriores X-1A1 e X-1A2. No citado período seriam completados dezessete carros de classificação como pré-séries, os quais foram incorporados ao 4º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB). Em operação estes carros uma variada gama de problemas técnicos e operacionais de pequena monta, obrigando o retorno destes ao fabricante, onde posteriormente seriam sanados convenientemente. O segundo de produção compreendia dezesseis carros, com quatorze sendo entregues em abril de 1979 ao 6º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB), os dois restantes seriam disponibilizados a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e Escola de Material Bélico. Apesar não haver uma documentação especifica dos fabricantes, registros oficiais do Exército Brasileiro apontam que estes seriam os últimos carros entregues desta versão, neste período sua designação oficial seria alterada para  CCL-MB-1 Pioneiro X1. Este seria a primeira experiencia da indústria brasileira no segmento de blindados sobre lagartas, porém não lograria o mesmo êxito obtido com os modelos sobre rodas. O programa seria alvo de crítica, muitas delas duras, mas serviria de grande aprendizado para o Exército Brasileiro e para a indústria nacional. Junto aos Regimentos de Cavalaria Blindada, os CCL-MB-1 Pioneiro X1 seriam intensamente empregados, mantendo inicialmente índices aceitáveis de disponibilidade, principalmente devido a sua robustez e facilidade de manutenção. Seu maior número de ocorrências estava relacionado a problemas técnicos de fácil solução, com os processos corretivos sendo rapidamente executados. No entanto seu ciclo operacional seria reduzido principalmente devido à falta de manutenção preventiva, resultando no desgaste prematuro de componentes críticos, com este fato se dando pela ausência manuais técnicos que deveriam ser elaborados pelo fabricante e entregues juntamente com os veículos.
Nos anos seguintes começariam a ser registradas falhas mais graves, que seriam posteriormente classificados como problemas crônicos, com destaque para quebra da embreagem deficiente (por conter apenas um disco), constante quebra de molas volutas (originarias dos tratores M-4 e semelhantes nacionais) e por trincamento do garfo da polia tensora, com este fato ocorrendo em  função do peso elevado da roda tensora que solicitava exageradamente este componente durante o deslocamento do veículo em alta velocidade sobre um terreno difícil. Apesar destes fatores, paralelamente seriam conduzidos estudos visando desenvolvimento de uma família inteira de blindados dedicados a tarefas especializada que seriam construídos sobre a mesma plataforma do CCL-MB-1 Pioneiro X1.  Elencando inicialmente neste contexto o XLP-10 - carro lançador de pontes (04 protótipos), XLF-40 - carro lançador de foguetes (01 protótipo), XCS - carro porta-morteiro (01 protótipo). Na sequência seria planejado o desenvolvimento de um carro de engenharia do tipo buldozer e um carro destruidor de minas, porém estes dois não evoluiriam além da análise conceitual. Em julho de 1978, um relatório da 4º Subchefia do Estado-Maior do Exército Brasileiro sugeriria a interrupção da produção do X-1 Pioneiro, direcionando a transformação dos remanescentes carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart para o novo modelo X-1A que se encontrava em fase de testes de protótipo e suas subsequentes subversões especiais como porta-morteiro, antiaéreo, lança-ponte e lança foguete. Em fevereiro de 1983, oito destes se encontravam fora de operação, com este cenário se agravando, e ao final do mesmo apenas dois dos trinta e quatro CCL-MB-1 Pioneiro X-1 pertencentes a dotação original do  4º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB) estariam operacionais.  Em junho de 1984, essa questão seria resolvida com o retorno à lubrificação a óleo, com vinte e três destes carros sendo recolados em serviços após a realização de reparos. Inicialmente, estava previsto que a Bernardini S/A produzisse cinquenta e oito novos conjuntos de  marchas que solucionariam estas falhas, mas os custos envolvidos se mostrariam tão altos que esta alternativa acabaria abandonada. Além dos braços oscilantes racharem, o casco também começou a rachar no ponto de montagem dos bogies. Isso foi causado devido ao suporte inadequado das suspensões com o aumento do peso dos veículos. Os CCL-MB-1 Pioneiro X-1 passariam em 1988 a serem gradualmente substituídos pelos Bernardini M-41C  Caxias, com o último sendo desativado em  julho de 1994.

Fruto da experiência passada, o novo X-1A1 apresentava mudanças importantes, como a adoção de um novo sistema de suspensão com três boogies, em vez de dois como no X-1 e uma polia tensora independente. Esta solução permitiria uma pressão sobre o solo de 0,53kg/cm2, melhorando acomodação ao terreno com aumento da capacidade de transposição de fosso e com componentes de durabilidade e resistência superiores a seus similares no exterior. Sua carcaça seria ainda alongada em 20 centímetros permitindo, com a mudança da posição da saída de emergência, aumento do comprimento do teto e do espaço necessário para ampliação do diâmetro da torre. Isto permitiria a adoção de uma nova torre com rolamento maior de 1,60 m com acionamento de giro hidráulico, ao apresentar maiores dimensões esta torre permitiria maior conforto da tripulação, aumentando ainda capacidade de armazenamento de munição do canhão, possibilitando também a instalação de um segundo rádio e antena, escotilha giratória do chefe do carro com base para uma metralhadora antiaérea. O novo modelo também adotava o sistema de acionamento hidráulico das alavancas de comando das lagartas, permitindo mais conforto e menor desgaste físico do motorista. Dentro deste conceito seria completado um protótipo, que ao ser entregue ao Exército Brasileiro passaria a ser empregado em um extenso programa de testes e avaliação de campo realizado entre os anos de 1977 e 1978. Este novo projeto levaria a outro norteamento para o desenvolvimento de um carro de maior porte o projeto X-15, no entanto restrições orçamentárias levariam ao cancelamento desta iniciativa com o foco retornando a plataforma deste protótipo.  Neste contexto a ideia era desenvolver um modelo intermediário de baixo custo para o emprego em tarefas de adestramento podendo assim poupar custos e desgastes na frota de carros de combates médios M-41 Walker Buldog. De volta a fase de projeto nasceria o modelo X-1A2 que receberia o nome de batismo de "Carcará", que é considerado por muitos o primeiro carro-de-combate sobre lagartas concebido no Brasil.  Sua carcaça seria totalmente reformulada, inclusive retirando-se o espaço destinado ao auxiliar do motorista, permitindo assim a adoção de um conjunto de blindagem frontal com características balísticas muito superior às do X-1 e do X1-A1, concedendo-lhe também um desing mais moderno. Como novidade seria efetuada também a troca da caixa de transmissão mecânica, que passaria a ser uma Allison modelo CD-500 Cross-Drive, com três marchas alta e baixa a frente e uma a ré. Seria movido por um motor diesel Saab-Scania de 300 cv, a fim de compensar com seu peso aumentado de 19 toneladas, e apresentaria uma autonomia de 580 km.  Além disso, um novo sistema de controle de incêndio projetado pelo D.F. Vasconcelos S/A seria instalado, para melhorar as chances de sobrevivência em combate.   
O Bernardini X-1A2 manteria a torre de seu antecessor, porém seu sistema de giro passaria a ser hidráulico, sendo equipada com o mesmo canhão EC-90 mm (versão nacional do belga Cockerill) que equipava os carros de reconhecimento sob rodas Engesa EE-9 Cascavel. Neste contexto o X-1A2 Carcará passaria a apresentar um maior índice de nacionalização de componentes, o que neste momento muito interessava ao comando do Exército Brasileiro, que buscava atingir um percentual mínimo de independência industrial na obtenção de componentes críticos em relação a fornecedores internacionais. Testes de campo seriam implementados com o modelo recebendo homologação para emprego operacional pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), sendo neste momento contratada junto a Bernardini S/A a produção inicial de vinte e quatro carros divididos em dois lotes. O primeiro contemplando dez carros seriam entregues ao 6º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB) em meados do ano de 1981, sendo alocados no segundo batalhão em substituição aos últimos M-4 Sherman em uso no Exército Brasileiro. Em operação real, verificou-se nos carros X1A2 Carcará um vazamento crônico do selo mecânico do conversor de torque, com esta ocorrência aliada também a alto índice de falhas e quebras no sistema de manches de direção.  Apesar de serem anomalias passiveis de correção, neste período todos os recursos disponíveis passariam a ser canalizados para o ambicioso projeto de modernização dos carros de combate médios M-41 Walker Buldog. O segundo lote seria disponibilizado em 1984, e curiosamente estes carros não foram colocados em serviço sendo apenas armazenados nesta unidade. O modelo seria retirado no serviço ativo no ano de 1994, sendo também substituído pelos Bernardini M-41C  Caxias. O eventual desenvolvimento do X-1 e X-1A2 pode ser um pouco questionável, considerando que o Engesa  EE-9 Cascavel representava todos os efeitos, um veículo igual, se não melhor. Mas isso não tira o objetivo real da indústria de defesa brasileira na época, que não era criar um veículo de combate excepcional, e sim ganhar experiência na fabricação e conversão de veículos blindados, que mais tarde seriam realizados em veículos mais complexos. Seu objetivo operacional era o de estender a vida útil e melhorar a eficácia de combate do M-3 Stuart até que o projeto M-41C pudesse ser iniciado. 

Em Escala.
Para representarmos o Bernardini CCL X-1 Pioneiro “EB11-232” utilizamos como ponto de partida kit da Academy na escala 1/35, desenvolvendo em scracth todo o chassi, canhão e torre. Fizemos uso de fotos de referência e desenhos, buscando a maior proximidade possível com o veículo real. Empregamos decais confeccionados Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro  1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados em todos os carros de combate leve (CCL) X-1 , X-1A1 e X-1A2 operados pelo Exército Brasileiro até 1983, sendo que após este ano alguns carros de combate receberam o padrão de camuflagem tático em dois tons adotado pelos Engesa EE-9 Cascavel e Bernardini M-41C Caxias, mantendo este esquema até a sua desativação em julho do ano de 1994.


Bibliografia :
- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M3 Stuart Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Stuart
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos