Leopard 1A5 Krauss Maffei no Brasil

História e Desenvolvimento.
A origem da família carros de combate Leopard remonta ao período pós-guerra, onde a Alemanha então dividida a entre as forças do Pacto de Varsóvia (Oriental) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN (Ocidental), representava a linha de frente no conflito da Guerra Fria entre as superpotências, criando nesta região um clima de extrema tensão. No início deste período a Alemanha Ocidental permaneceu completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação aliada após sua rendição incondicional em 1945 de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa.  Em um segundo este conceito seria revisionado, dado a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça soviética. Assim em 12 de novembro de 1955 seria promulgada a constituição de uma nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo compostas pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). Em termos e recursos as novas forças armadas seriam imediatamente equipadas com sistemas de armas de origem norte americana, no segmento de blindados, os carros de combate médios fornecidos eram os modelos americanos M-47 e M-48 Paton, veículos que já se mostravam inadequados as ameaças apresentadas pelas forças blindadas do Pacto de Varsóvia. Para atender a esta demanda foi previsto e desenvolvido amplo projeto reconstrução da força militar blindada da Alemanha Ocidental em fins na década de 1960, este processo previa a construção com projetos nacionais, ou ainda a aquisição de uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas.

As especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo MBT (Main Battle Tank), foram definidas no ano de 1956, estando baseadas na necessidade de superar seus oponentes soviéticos, entre estes os novos carros de combate T54 e T55, em serviço nos exércitos do Pacto de Varsóvia. Assim os parâmetros do projeto foram definidos, compondo um veículo com peso na ordem de mais 30 toneladas, com alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, devendo ser ainda equipado com canhão de 105 mm. Vários projetos iniciais foram estudados pelo governo alemão, no ano seguinte estes esforços seriam incrementados, quando o governo francês se juntou ao projeto, pois também buscava um substituto comum, para seus antigos blindados de combate de origem norte americana. Desta união de demandas nasceria o conceito do programa “Europa Panzer”, que receberia ainda 1958, a adesão da Itália. Diversas empresas europeias e norte americanas participaram da concorrência, apresentando aos membros do comitê internacional "Europa Panzer", os primeiros protótipos em 1960. Após uma apurada análise comparativa entre todos os concorrentes, o projeto “Model 734” apresentado pela empresa automotiva alemã Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG, foi declarado vencedor da concorrência. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional que resultaria no futuro no carro de combate MBT AMX 30.
O projeto do novo carro de combate, foi batizado pelo Deutsches Heer (Exército Alemão) como Leopard I, e se tornaria o primeiro Main Battle Tank (carro principal de combate) produzido nacionalmente, do período pós-guerra. Como considerado nas especificações iniciais, este novo tanque estava equipado com uma versão alemã do consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L7 de calibre 105 mm, dispunha ainda de completo sistema de proteção NBc (Radiação Nuclear e Química). Em termos de blindagem atendendo aos parâmetros de mobilidade, possuía uma blindagem leve, porém eficiente com capacidade de resistir a rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas características lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha. Após a finalização de um programa de testes de aceitação, foi assinado entre a Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG e o República Federal da Alemanha um contrato para aquisição inicial de 100 carros. A produção em série nas instalações fabris da Krauss Maffei em Munique, seria iniciada em setembro de 1964, com os primeiros carros passando a ser entregues as unidades Deutsches Heer (Exército Alemão) entre setembro de 1965 e junho de 1966. O emprego operacional revelaria qualidades de projeto do Leopard I, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.
A última versão de produção foi o Leopard 1A1A4, que passou a contar com os sistemas integrado de controle de tiro EMES 12A1 e visão noturna PERI R12, este modelo passou a ser entregue a partir de maio de 1974 tendo atingido a cifra de 250 fabricadas. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5 que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, T-72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nova missão, o carro de combate Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades desta versão atualizada foram entregues em 1987, com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard mais empregado em todo o mundo.

Emprego no Exército Brasileiro.
Em meados da primeira década do ano 2000 o comando do Exército Brasileiro vislumbrou a necessidade de substituir os carros de combate Leopard 1A, que foram incorporados a partir do ano de 1996, com estes veículos representando no novo século, a espinha dorsal da força de carros de blindados brasileira. Apesar de serem veículos confiáveis, sua aquisição se deu diretamente junto ao governo da Bélgica, com esta negociação não sendo acompanhada de nenhum contrato de apoio técnico ou manutenção junto ao fabricante. Este fator resultaria em graves problemas no fluxo de obtenção de peças de reposição, o que resultaria em altos indicies de indisponibilidade da frota, gerando um sinal de alerta. Pesava contra o modelo também, sua obsolescência natural de projeto, pois os carros adquiridos pelo Exército Brasileiro eram oriundos do primeiro lote de mais de trezentos carros pertencentes ao Forças Armadas Belgas (La Défense), que foram produzidos entre os anos de 1968 e 1971, que apesar de serem modernizados na década de 1980, e já não podiam fazer frente as ameaças hipotéticas desenhadas no século vinte e um. Com base nesta necessidade procedeu se a análise no mercado internacional de possíveis candidatos a substituição dos carros de combate atuais.  Desde o início a possibilidade de aquisição de carros de combate novos de fábrica seria descartada, devido a restrições orçamentarias vigentes naquela época. Neste contexto surgiria inclusive uma proposta norte-americana para o fornecimento de carros de combate MBT M-1 Abrams nos termos do Programa de Vendas Militares Estrangeiras (FMS -Foreign Military Sales), que apesar de ser extremamente interessante em termos financeiros, seria declinada, pois estes carros de combate excediam em termos de peso bruto a capacidade da infraestrutura nacional.

Mais propostas seriam analisadas, porém lista de possíveis opções seria extremamente reduzida com tantas amarras de ordem financeira ou técnica. A escolha então começaria a pender para o aspecto mais lógico, ou seja, a aquisição de um lote de carros de combate usados em bom estado de conservação da família Leopard 1, modelo no qual já detínhamos certa expertise nas tarefas de manutenção e operação do conjunto mecânico. Neste período o Exército Alemão (Deutsches Heer)dispunha de uma grande quantidade carros de combate em excelente estado de conservação Krauss-Maffei Leopard 1A5 armazenados em reserva técnica, após serem retirados do serviço ativo com a introdução dos novos Leopard II. Assim negociações seriam conduzidas entre os governos brasileiro e alemão, visando alinhar os termos para a obtenção de mais de duas centenas deste modelo, incluindo neste pacote também veículos especializados de serviço baseados na mesma plataforma. As negociações se materializaram na compra de duzentos e cinquenta carros de combate  Leopard 1A5, sete Viaturas Blindadas Especializadas Socorro (VBE Soc), quatro Viaturas Blindadas Especializadas Lança-Pontes (VBE L Pnt), quatro Viaturas Blindadas de Combate de Engenharia (VBC Eng) e quatro Viaturas Blindadas Escola de Motorista. Diferente do processo de aquisição dos Leopard 1A1 em 1996, esta negociação seria acompanhada da contratação de todo o suporte técnico e garantia de fluxo de peças de reposição com o fabricante original do modelo, a  Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, possibilitando assim manter altos índices de disponibilidade e operacionalidade.
A versão do Krauss-Maffei Leopard 1A5 adquirida pelo Exército Brasileiro, é a mais moderna da família Leopard 1 produzida, empregando sistemas eletrônicos desenvolvidos para serem usados no sucessor o carro de combate Krauss-Maffei Leopard II. Estes sistemas permitem ao veículo uma sobrevida nos campos de batalha modernos, entre estes, destaca-se no o conjunto o controle de tiro fabricado pela Krupp-Atlas Elektronik EMES-18, que é baseado em um computador de tiro que possui uma mira integrada HZF (Hauptzielfernrohr) fabricado pela Carl Zeiss, este aparato em conjunto com um telêmetro a laser substituem os sistemas ópticos anteriormente usados nas versões mais antigas do veículo. Seu computador de controle de fogo pode calcular soluções de tiro contra alvos distanciados em até 4 km de distância, e como diferencial este sistema permite o carro se mover por terreno irregular com o canhão se mantendo apontado para o alvo, permitindo disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro tiro. Como novidade nos carros de combate operados até então pelo Exército Brasileiro o Krauss-Maffei Leopard 1A5 apresentava reforços em sua proteção balística através de placas de blindagem extra montadas na torre do tanque e o habitáculo do veículo é protegido para condições de ambiente NBQ (nuclear, bacteriológico e químico).

Os primeiros dez carros chegaram ao Brasil em 2009, sendo distribuídos entre os Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro e São Paulo, Escola de Material Bélico (EsMB), Parque Regional de Manutenção 3 e Centro de Instrução de Blindados (CIBld), no intuito de desenvolver os processos de nacionalização de componentes, treinamento de mecânicos e desenvolvimento de manuais de operação. Como citando anteriormente, o contrato de aquisição englobava serviços de revisão e manutenção preventiva e corretiva junto a empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann GmbH&KG para aplicação junto aos 220 carros de combate operacionais (30 serão usados como fonte de peças de reposição), veículos de serviço e aos sistemas de simuladores. Este contrato garante ainda o fluxo de peças de reposição até o ano de 2027. O segundo lote composto por 70 carros chegou ao Brasil no mesmo ano do primeiro lote, sendo distribuídos na ordem de 26 carros para o 1º RCC (Regimento de Carros de Combate), 26 para o 4º RCC e 14 para 3º RCC e 4 carros para o Centro de Instrução de Blindados (CIBld). Mais dois lotes foram recebidos entre 2010 e 2012 distribuído mais carros para as unidades descritas anteriormente e também unidades que passaram a dotar o 5º RCC, substituindo os Leopard 1A1 e M-60 Patton. A adoção deste modelo elevou o patamar operacional da arma blindada do Exército Brasileiro, outro ponto positivo foi a implementação da doutrina alemã com foco total na manutenção preventiva, cultura está até então inexistente no Brasil que proporciona além da economia a extensão da vida útil dos componentes.
A inauguração da fábrica da Krauss-Maffei na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul em março de 2018 garantiu a operacionalidade por muitos anos não só da frota de Krauss-Maffei Leopards 1A15 mas também dos Krauss-Maffei Gepard 1A2, permitindo também a possível implementação de programas de modernização que visem aumentar a vida útil destes veículos no Brasil. Ocorre porém que a partir de 2027 fecha-se o ciclo de operação deste carro sendo necessário buscar soluções para sua substituição em breve. Desse modo, acredita-se que a migração da plataforma Leopard 1 para Leopard 2 apresenta-se como possivelmente mais vantajosa, sob a perspectiva de que o Brasil manteria sua doutrina de material ordenada com a linha alemã atual, permitindo o aproveitamento do conhecimento já adquirido por seus quadros, havendo apenas a necessidade de poucas adaptações. E, por fim, permitiria a continuidade de um contrato de SLI semelhante ao celebrado com a KMW para a manutenção da frota de 1 A5, aproveitando inclusive a presença da planta de Santa Maria-RS (ANNES, 2012).

Em Escala.
Para representarmos o Krauss-Maffei  Leopard 1A5 "EB 12453", empregamos o excelente kit da Italeri na escala 1/35, não sendo necessária nenhuma alteração para se compor a versão brasileira. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Alemão empregado em todos os veículos Leopard 1A5 recebidos, sendo este esquema mantido apenas com a retirada das marcações e matriculas originais e aplicação das identificações do Exército Brasileiro.


Bibliografia :

- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Leopard-1 A5 – Brasil em Defesa - http://www.brasilemdefesa.com/2012/05/leopard-1-a5.html