M-55 Machine Gun Trailer Mount

História e Desenvolvimento.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), o emprego de metralhadoras automáticas seria extremamente difundido entre as forças beligerantes, esta nova realidade levaria ao desenvolvimento de novos sistemas de blindagem para uso em veículos e aeronaves. Este movimento tonaria completamente ineficiente a maioria das armas que ainda empregavam munição de fuzil, demandando a criação de novas armas para as forças de infantaria. Neste momento o comandante da Força Expedicionária Americana, General John J. Pershing, solicitaria ao Departamento de Armamentos do Exército o desenvolvimento urgencial de metralhadoras de calibre maior. Seu pleito inicial previa uma arma com um calibre de pelo menos 0,50 polegadas (12,7 mm) com uma velocidade de boca de pelo menos 2.700 pés por segundo (820 m/s). Atendendo a esta demanda, em julho de 1917 o projetista John Moses Browning começaria a redesenhar sua metralhadora M-1917 para operar com munições de calibre maior. A Winchester Repeating Arms Company passaria a trabalhar imediatamente na nova munição, que era uma versão mais robusta de seu cartucho .30-06 empregada com munição anti-veículo, porém o General John J. Pershing resistiria a esta ideia, solicitando que o novo cartucho fosse sem aro. O primeiro protótipo passaria a ser submetido a testes a partir do dia 15 de julho de 1918, chegando, no entanto, a disparar menos de 500 tiros por minuto com uma velocidade de saída de apenas 2.300 pés/s (700 m/s). A arma era demasiadamente pesada, de difícil controle, disparando muito lentamente para o papel antipessoal, não sendo ainda poderosa o suficientemente contra blindagens leves. Enquanto se seguia o desenvolvimento desta arma, em agosto do mesmo ano, no campo de batalha na Europa, uma grande quantidade de metralhadoras alemães Mauser 1918 T-Gewehr e suas munições seriam capturadas, sendo possível realizar uma completa avaliação. As munições alemãs de 13,2 mm tinham uma velocidade de focinho de 2.700 pés/s (820 m/s), com balas de 800 gr (53 gramas), podendo penetrar armaduras de 25 mm de espessura com um alcance de 230 metros. Este desempenho levaria os projetistas norte-americanos a reavaliarem seus projetos. Como resultado prático a Winchester Repeating Arms Company melhoraria sua munição de calibre .50 (12,7 mm), alcançando uma velocidade final de saída de 2.750 pés/s (840 m/s). Apesar de todos estes esforços, a versão final desta nova metralhadora não seria concluída antes do término do conflito em 11 de novembro de 1918.   

O fim da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) levaria ao encerramento ou cancelamento de muitos projetos militares, no entanto devido a sua importância estratégica este projeto em desenvolvimento, resultando no ano de 1921 na metralhadora M-50 Browning M-1921 refrigerada a água. Esta nova arma automática seria então destinada para o emprego de infantaria e autodefesa em aeronaves, com milhares destas armas sendo empregadas experimentalmente de 1921 até 1937. Esta metralhadora apresentava cano leve, com sua munição sendo alimentada apenas pelo lado esquerdo, sendo de prático emprego e remuniciamento, uma versão mais pesada seria considerada para uso na autodefesa de veículos terrestres. O decorrer destes testes passaria a levantar sérias dúvidas sobre sua adequação para emprego por aeronaves ou para uso antiaéreo. Em novembro de 1926, John Moses Browning viria a falecer, com o desenvolvimento da arma sendo retomados no ano seguinte sobre o comando da companhia S.H. Green, que se debruçaria sobre os problemas de projeto do M-1921, visando assim atender as demandas das forças armadas norte-americanas. Esta iniciativa resultaria no modelo padrão M-2 Browning, que poderia ser configurado em até sete versões especializadas com calibre .50 , com estas armas passando a ser produzidas a partir de 1933 pelas empresas Colt's Manufacturing Company, General Dynamics, U.S. Ordnance , Ohio Ordnance Works Inc. e FN Herstal (Fabrique Nationale). Ao longo desta década o modelo passaria a ser atualizado, como principal mudança a alteração de seu sistema de refrigeração, trocando o sistema a água pelo a ar. Esta importante melhoria, tornaria a Browning M-2  a principal metralhadora pesada a ser empregada pelas forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), sendo empregada por forças de infantaria, aeronaves, carros de combate, caminhões, veículos de reconhecimento e meios navais. Esta metralhadora se destacaria no emprego antiaéreo de baixa altitude, sendo usada como arma de autodefesa em veículos blindados, seu êxito operacional suscitaria a ideia para o aumento de concentração de fogo com emprego de duas as mais armas, operando em um conjunto único. Esta iniciativa seria materializada no início do ano de 1942, em uma concorrência visando o desenvolvimento de um sistema de armas composto por das metralhadoras M-2 Browning calibre. 50 acopladas a uma torre elétrica com giro de 360º que deveria apresentar facilidade de instalação e operação em veículos automotores. Empresas como Bendix Corporação, Martin Aircraft Company e W. L. Maxson Corporation encaminhariam suas propostas ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army). 
Destas, seria escolhida a proposta apresentada pela W. L. Maxson Corporation, que resultaria no projeto do modelo M-33 que deveria montado inicialmente sobre os blindados meia lagarta White M-2, proporcionando assim as unidades de infantaria uma proteção antiaérea de baixa altitude autopropulsada. Curiosamente a empresa não receberia o contrato de produção, com estes sendo cedidos a Kimberly-Clark e a  Landers, Frary e Clark Company, caberia, no entanto, a Maxion produzir os inversores de velocidade variável para as torres. Entre os anos de 1942 e 1943 entregariam um total de 2.160 sistemas M-33 ao Exército dos Estados Unidos (US Army). O emprego operacional das torres M-33 nos veículos meia lagarta M13 Multiple Gun Motor Carriage, (designação aplicada aos White M-2 equipados com esta torre) se mostraria pouco eficiente não conseguindo proporcionar uma concentração de fogo suficiente para a saturação do espaço aéreo de baixa altitude. Isto traria a oportunidade para o aprimoramento do mercado com a equipe do engenheiro William Leslie Maxson, retornado a prancheta de projetos, da qual nasceria o modelo M-45 Quadmount que passava a ser equipado com quatro metralhadoras M-2 Browning calibre. 50 acopladas a uma torre elétrica com giro de 360º. Este sistema era operado por dois carregadores e um artilheiro, com sua torre girando em 360º, com uma elevação angular entre -10 e +90 graus, sendo acionadas eletricamente, alimentadas por duas baterias recarregáveis de 6 volts. Todas as quatro armas podiam ser disparadas de uma só vez, mas a prática padrão era alternar entre disparar o par superior e inferior de armas, permitindo que um par esfriasse enquanto o outro estava em uso. Isso permitiu períodos mais longos de ação, pois o superaquecimento dos canos das armas foi diminuído. Seus conjuntos de armazenamento continham 200 munições cada. Seus protótipos seriam testados, obtendo excelentes resultados, com as quatro armas proporcionando agora o poder de fogo almejado, gerando assim os primeiros contratos de aquisição, sendo estes novamente firmados com as mesmas empresas que produziram anteriormente o sistema M-33. Seu batismo de fogo se daria durante a Operação Husky, também conhecida como a Invasão da Sicília em julho 1943, e durante toda a campanha no teatro Europeu o M-45 Quadmount se tornaria a principal arma (juntamente com o canhão de 37 mm) dos batalhões de artilharia antiaérea altamente móveis. Esses batalhões forneceriam uma defesa aérea inestimável para unidades muito maiores, particularmente artilharia de campanha, com estes servindo como um forte dissuasor para corridas de strafing por aviões de guerra inimigos, pois, além de seu poder de fogo bruto, seu quarteto de metralhadoras Browning M2HB de calibre .50 de "cano pesado" eram capazes de ser "ajustados" para convergir para um único ponto a distâncias que poderiam ser redefinidas durante o uso. 

O M-45 Quadmount seria utilizado durante toda a guerra também uma arma terrestre, particularmente durante a Batalha do Bulge.  Embora os Aliados houvessem alcançado a supremacia aérea com a invasão da Normandia em junho de 1944, os ataques alemães em baixa altitude ainda eram uma ameaça, com os M-45 montados nos modelos M13 e M-15  Multiple Gun Motor Carriage representando uma satisfatória proteção as forças terrestres aliadas. Também este sistema seria empregado pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy) a partir de fins de 1944 durante os ataques suicidas “Kamikaze” da Marinha Imperial do Japão, com os porta aviões da classe Essex recebendo seis conjuntos destes para testes operacionais começando com o CV-16 Lexington em maio de 1945, no entanto os resultados seriam ineficazes contra as altas velocidades que as aeronaves japonesas de mergulho possuíam. Durante a Segunda Guerra Mundial, a torre seria M-45 foi montada em dois sistemas específicos; o M-16 Multiple Gun Motor Carriage, montado nos meia lagarta White M-2 e M-5 e o M-51 Multiple Machine Gun Carriage montados no trailer M-17.  Quando montado no reboque M-20, este conjunto passaria a ser denominado como M-55 Machine Gun Trailer Mount, mas este sistema não tinha terminado os testes antes do término das hostilidades na Europa em maio de 1945. Os M-51 presentes no teatro de operações do Pacífico, seriam retirados de serviço no final da Segunda Guerra Mundial em favor dos M-55. Ainda durante o conflito, experimentalmente, o M-45  Quadmount também seria testado em 1942 em um tanque leve M-3 Stuart, montado lugar da torre original do canhão de 37 mm, mas o projeto seria encerrado devido a priorização de outros projetos em andamento. Durante a Guerra da Coreia (1950 – 1953), tanto o  M-55 Machine Gun Trailer Mount quanto o M-16 Multiple Gun Motor Carriage seriam submetidos a combates intensos com emprego para fogo terrestre, e as lições aprendidas neste conflito levariam a conversão de mais de 1.200 White M-3 meia lagarta para a versão M-16A1, adicionando assim uma torre M-45. Estes podiam ser identificados pela ausência de blindagem rebatível e porta de tropa traseira no compartimento da tripulação e muitas vezes seriam equipados com o para-choque dianteiro de rolo em vez do para-choque de guincho instalado em todos os M-16. Em 1954, uma modificação adicional seria aplicada em cerca de 700 M-16A1, adicionando a porta da tropa traseira e aparafusando a armadura dobrável na posição ascendente. Esta modificação ficaria conhecida como M-16A2 Multiple Gun Motor Carriage. 
Mesmo durante o transcurso da Guerra da Coréia (1950 – 1953), já se mostrava a obviedade de que o sistema M-45 Quadmount seria ineficaz contra os novos aviões de voo rápido da “Era do Jato”, levando então seu foco para o combate terrestre, devendo operar principalmente contra alvos de infantaria no serviço pós-guerra. Neste mesmo período, pelo menos sessenta conjuntos seriam cedidos as França, para uso pelo Corpo Expedicionário do Extremo Oriente colonial da União Francesa, que seriam montados sob caminhões militares, e teriam destaca participação contra as forças revolucionárias comunistas do Viet Min, entre 13 de março e 7 de maio de 1954, durante a Batalha de Dien Bien Phu no Vietnã. A partir de meados da década de 1960, um grande número de conjuntos M-55 Machine Gun Trailer Mount seriam revisados e modernizados, recebendo um gerador elétrico mais potente, passando a ser montados sobre a traseira dos caminhões Reo M-35 e Diamond T M-54, sendo empregado em combate durante a campanha norte-americana no Vietnã. Entre os anos de 1943 e 1944 seriam produzidos um total de 13.070 conjuntos M-45 Quadmount, com uma grande parte destes sendo armazenada como reserva estratégica em meados da década de 1950. Posteriormente estes sistemas de armas seriam incluídos como itens de programas de ajuda militar, sendo cedidas a nações alinhadas aos objetivos da geopolítica norte-americana, como França, Brasil, Colômbia, Coréia do Sul, Argentina, Venezuela, Cuba, Vietnã do Su,l Holanda, Bélgica, Taiwan, Bolívia, Israel e Paquistão. Atualmente existem alguns M-45 Quadmount em operação no Exército da Colômbia, montados em veículos blindados sobre rodas Ford M-8 Greyhound repotencializados, com pelo menos seis M-55 Machine Gun Trailer Mount em serviço no Exército do Paraguai. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A estruturação do sistema de defesa antiaéreo no Brasil tem início no dia 04 de outubro 1940 com a criação do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (I/1º RAAAé) na cidade do Rio de Janeiro, se confundindo com a evolução da defesa antiaérea no país. Esta organização militar seria estabelecida com o principal objetivo de operacionalizar o emprego dos canhões alemães Flak Krupp 88 mm C/56 Modelo 18 e seus respectivos equipamentos de comando e direção de tiro (preditores) WIKOG 9SH fabricados pela Carl Zeiss e sistemas de localização de som Elascoporthognom, pertencentes ao “Grande Contrato Krupp” firmado no ano de 1938. O 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé) iniciaria sua operação de fato e direito em fevereiro de 1941, quando foram efetivamente recebidos seus primeiros equipamentos de origem alemã.  Neste momento o intensificar das operações alemães no teatro europeu e no norte da África, levariam a o governo dos Estados Unidos a passar a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, proporcionando ao pais, uma   linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados, carros de combate em material de artilharia de campo e antiaérea.  

Em termos de artilharia de campo, seriam recebidos canhões anticarro e antitanque M-1 de 57 mm e M-3 de 37 mm, obuseiros de campo M-1 Pack Howitzer, de 75 mm, M-2 de 105 mm, M-1 de 155 mm, estes seriam complementando por poucas pelas antiaéreas representadas pelos modelos M-2A2 AA de 37 mm, M-3 AA de 76 mm e por fim M-1A3 AA de 90 mm. O recebimento destes canhões antiaéreos apesar de apresentarem em números inferiores as demandas nacionais, seriam muito bem-vindos, preenchendo assim a lacuna deixada pelo recebimento de apenas vinte e oito peças da encomenda original dos canhões alemães Flak Krupp 88 mm C/56 Modelo 18. Desta maneira seriam plenamente equipados o 1º , 2 º e  3º Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé), alocados estrategicamente para a proteção de pontos vitais do litoral brasileiro, inclusive mantendo uma bateria na ilha de Fernando de Noronha. Neste momento a cobertura de artilharia antiaérea de média altitude estava a par do canhoes M-2A2 AA de 37 mm, com suas unidades operadoras passando a ser denominadas como Grupo de Artilharia Antiaérea 40 mm (Gcan40 AAe). Para defesa a baixa altitude, se encontravam em serviço ainda, apenas algumas dezenas de canhões duplos Oerlikon de 20 mm e metralhadoras dinamarquesas Madsen de 30 mm e centenas norte-americanas M-50 Browning M-1921 e Browning M-2 calibre .50 (estas últimas montadas em veículos blindados utilizados para autodefesa.) Apesar de serem um item pertencente ao portifólio do programa como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), o sistema M-55 Machine Gun Trailer Mount não seria incluso no pacote negociado junto ao governo brasileiro, acredita-se que esta decisão seria tomada pelo mínimo risco existente naquele de ataques a baixa altitude na região continental no país. Desta mesma maneira também em 1944, estes sistemas de armas antiaéreas não seriam cedidos a Força Expedicionária Brasileira (FEB), pois já não havia mais no front de batalha italiano a ameaça concreta de ataques as forças em solo, anteriormente representada pela Força Aérea Alemã (Luftwaffe). 
Logo após o período pós-guerra, por volta de meados do ano de 1948, seriam recebidos no país os primeiros conjuntos de metralhadores antiaéreas M-55 Machine Gun Trailer Mount, com pelo menos vinte destas peças usadas (mas em bom estado) sendo cedidas pelo governo norte-americano. Estes passariam a dotar os Grupos de Artilharia Antiaérea 40 mm (Gcan40 AAe). Em 1952, seria assinado na capital federal no Rio de Janeiro, o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, que concederia as Forças Armadas Brasileiras acesso ao Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), facilitando e simplificando o recebimento de material militar norte-americano. A partir deste momento seriam fornecidos ao país, uma grande quantidade de veículos e armamentos, entre eles setenta conjuntos do sistema de metralhadoras antiaéreas M-55 Machine Gun Trailer Mount. Neste momento iniciara-se o emprego deste sistema de armas como defesa de ponto para as tropas de infantaria com este equipamento passando a operar embarcado na traseira de caminhões GMC CCKW 352 B2 6X6, assim pela primeira vez o Exército Brasileiro passaria a contar para suas forças de infantaria com um sistema de proteção mínimo contra a ameaças de ataque aéreo a baixa altitude. Uma nova possível aplicação para os M-55 no Exército surgiria no ano de 1969, quando uma delegação israelense esteve em visita ao 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), o objetivo desta comitiva era o de buscar no mercado internacional a aquisição de veículos blindados antigos, visando assim transformá-los em veículos especializados ou de serviço. Durante esta reunião o comandante da unidade o Coronel Oscar de Abreu Paiva demonstraria grande interesse neste processo, tendo em vista os inúmeros comentários positivos preferidos pelos militares israelenses sobre estas conversões. Com base neste conceito, seriam conduzidos estudos visando a conversão de uma parcela da frota de carros de combate leve M-3 e M-3A1 Stuart em veículos antiaéreos autopropulsados, a exemplo de estudos similares conduzidos nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, para o desenvolvimento de uma plataforma semelhante.

Após ser elaborado o projeto conceitual, seria escolhido o carro M-3 Stuart “EB11-487” como veículo protótipo, tendo este sua torre do canho de 37 mm removida, recebendo em seu lugar, um  sistema de reparo de metralhadoras antiaéreas quadruplo calibre .50 do modelo M-45 Quadmount que seria fornecida em regime de comodato pelo 5º Grupamento de Artilharia Antiaérea 90mm (Gcan90 AAe).Todo este processo de conversão seria executado nas oficinas do 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), contando com o apoio da equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da Terceira Região Militar de Santa Maria (PqRMM/3). Esta viatura seria submetida a testes e campo, com os seus resultados se mostrando extremamente positivos do funcionamento dos sistemas elétricos e mecânicos, validando assim seu conceito técnico operacional desta conversão, evoluindo então para os testes de tiro real. Infelizmente não se sabe por quais motivos, o comando do Exército Brasileiro, não demonstraria neste momento o devido interesse, levando assim ao cancelamento do projeto, sendo o veículo restaurado a sua condição original e seu conjunto M-45 Quadmount sendo devolvido ao seu grupamento de origem. Em fins da década de 1970, apesar da idade e relativa ineficiência contra aeronaves de alta performance, o sistema M-55 Machine Gun Trailer Mount ainda podia ser empregado com sucesso contra aeronaves de asas rotativas e alvos de infantaria, este cenário levaria o comando do Exército Brasileiro a estudar um possível processo de repotenciamento deste sistema visando assim estender a vida útil destes sistemas de armas. Uma proposta seria apresentada pela empresa carioca Lysam Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos Ltda, envolvendo além de uma completa revisão a troca de seu sistema elétrico original, adotando um modelo mais moderno carregado por um motor a gasolina Montgomery M-226 ou M-252 de 5 cv ou 6 cv (3,73 ou 4,47kW). A proposta agradaria os militares do Exército Brasileiro, sendo contratada a produção de um protótipo para fins de avaliação com este sendo concluído em meados do ano seguinte. Embora mantivesse capacidades e desempenho semelhantes por manter como seu armamento orgânico as quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50, sua velocidade de travessia seria melhorada, com sua capacidade de elevação aumentando para mais de 90° por segundo, para assim poder engajar alvos de travessia rápida. 
Neste momento, encontrava-se em pleno processo de implementação o desenvolvimento da família de blindados, com base no novo Carro de Combate Leve MB-1 (X-1A Pioneiro e X1-A2 Carcará), novamente o conceito para o desenvolvimento de uma viatura antiaérea autopropulsada orgânica para assim equipar as unidades de Artilharia Antiaérea das Brigadas Blindadas. Este projeto designado como M.01.15, seria conduzido pelo Centro de Tecnologia do Exército (CETEX) em parceria com a empresa Bernardini S/A. Como protótipo seria escolhido um carro de combate leve X-1A Pioneiro, que passaria por alterações mecânicas, possibilitando assim poder operar o conjunto quadruplo de metralhadoras M-55M. Ao ser concluído este receberia a designação de Viatura de Combate Antiaérea XM3D1 (VBC AAe), com este sendo submetido a um intenso programa de testes. Este programa previa a construção de um segundo protótipo (projeto M.01.27) que deveria ser equipado com um canhão Bofors L/60 de 40 mm, recebendo a designação de XM3E1, porém esta configuração de armamento seria cancelada e está viatura acabaria recebendo também um conjunto M-55M. Os resultados finais apurados na fase de testes não recomendavam a adoção da viatura, tendo como determinante, a baixa cadência de fogo e o alcance das metralhadoras Browning M-2 calibre .50, levando assim ao cancelamento definitivo do projeto. Durante os anos seguintes, os conjuntos de metralhadoras M-55M montados sobre caminhões Ford - Engesa F-600 seguiriam em operação junto aos Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe), se mantendo em serviço até o início da década de 1990, quando foram enfim desativados, com suas metralhadoras Browning M-2 e seus demais componentes sucateados. Atualmente se encontram preservadas algumas unidades deste sistema de armas,  como a presente no acervo do Museu do Comando Militar do Sul, localizado da cidade de Porto Alegre – RS.

Em Escala.
Para representarmos o sistema de metralhadoras antiaéreas M-55 Machine Gun Trailer Mount , fizemos uso do excelente kit na escala 1/35 produzido pela Dragon Models. Como optamos pela versão original não modernizada, não é necessário proceder nenhuma mudança, com o modelo podendo ser montado direto da caixa. Usamos decais originais fornecidos com o modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a Segunda Guerra Mundial com os quais este sistema de defesa antiaérea foram recebidos a partir de 1948. Durante toda sua carreira no Brasil os M-55 Machine Gun Trailer Mount fizeram uso desde esquema de pintura.



Bibliografia :
- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M-45 Quadmount - https://en.wikipedia.org/wiki/M45_Quadmount 
- M2- Browning - https://en.wikipedia.org/wiki/M2_Browning
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos