História e Desenvolvimento.
A origem do emprego de veículos leves com tração integral 4X4 do tipo “Jeep”, nas forças armadas norte-americanas, tem origem no final da década de 1920, quando o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), passaria a dedicar cada mais esforços e recursos, com o objetivo assim acelerar o processo de transição de uma força terrestre hipomóvel para uma força mecanizada. Este processo seria potencializado pelas constantes evoluções tecnológicas observadas na pujante indústria automotiva daquela nação. Além de abranger diversos modelos de caminhões de porte médio e grande dedicados ao transporte de carga e pessoal, este programa apresentava com umas suas primícias principais, o desenvolvimento de um veículo utilitário leve com tração integral, devendo apresentar capacidade de superar terrenos difíceis com obstáculos, e com capacidade para transportar mesmo com capacidade limitada infantes, carga e armamentos. No entanto o conceito final do veículo que seria conceitualmente conhecido como “Jeep”, só seria materializado em um modelo projeto viável a partir de 1932, com seus primeiros protótipos sendo completados em 1937, com os primeiros setenta carros sendo produzidos logo em seguida. Rapidamente o veículo apresentaria excelentes perspectivas operacionais, levando ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) a decidir pela sua produção em grande escala, sendo montado nas linhas da Ford Motor Company, American Bantam Company e Willys-Overland Company. Empregado com muito êxito em todos os fronts de batalha pelos aliados (incluindo mais de cinquenta mil carros entregues a Uniao Soviética nos termos do Leand & Lease Act Bill), durante a Segunda Guerra Mundial, os “Jeeps” deixariam sua marca na história militar mundial, sua produção superaria mais de meio milhão de carros. Estes estariam dispostos em várias versões, operando deste as tarefas de transporte, reconhecimento, canhoneiro, bombeiro, ambulância e comando. Diferente de muitos outros veículos, que tiveram sua produção descontinuada após o término do conflito, esta família de utilitários com tração integra para aplicação militar e civil seguiria em linha, agora sendo montados somente pela Willys-Overland Company, neste período a Ford Motor Company acabaria judicialmente impedida de fazer uso da marca “Jeep”.
Em 1948, o modelo seria redesignado junto as forças armadas norte-americanas como M-38 (MC), levando a celebração de novos contratos de produção junto a Willys-Overland Company, com um grande número de veículos sendo destinados ao mercado de exportação. Tanto os novos M-38 como os veteranos Willys MB e Ford GPW seriam empregados novamente em um cenário de conflagração real durante a Guerra da Coréia (1950-1953), contribuindo profundamente no poder de mobilidade das tropas norte-americanas. No início desta mesma década, as forças armadas norte-americanas e mais notadamente o Exército dos Estados Unidos (US Army), mantinham em suas frotas, frota milhares de veículos das versões mais recentes dos modelos M-38 e M-38A1. Neste momento estava em curso um estudo enfocando a implementação a curto e médio prazo de um grande programa de programa de renovação da força motomecanizada. Esta intenção seria materializada no mês de novembro de 1952, quando o Departamento de Comando da Força Automotriz e Tanques do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army's Ordnance Tank Automotive) lançaria concorrência nacional, que seria direcionada a várias montadoras norte-americanas, com o objetivo de se desenvolver um novo veículo utilitário de 1/4 Toneladas com tração integral 4X4. Este novo utilitário leve deveria apresentar como parâmetros básicos a manutenção da ótima relação de custo-benefício de aquisição e operação, a exemplo de seus antecessores. Ao todo, sete montadoras de carros e caminhões responderiam a esta concorrência, apresentando aos militares do exército seus projetos e propostas a partir de maio do ano seguinte. Um auspicioso processo de análise seria realizado, com a decisão pendendo para a proposta apresentada pela Ford Motor Company, este projeto abordava um utilitário que apesar de manter o mesmo lay out básico e as dimensões de seus predecessores, passava a apresentar um desing final completamente novo, pois ao contrário dos projetos de “jeeps” anteriores, o novo carro contava com uma estrutura que consistia em uma cuba de aço aparafusada em uma estrutura de aço separada, empregando um novo conceito de quadro integrado, combinando os trilhos da estrutura no chassi do veículo composto por chapas soldadas.
A adoção deste conceito em substituição ao quadro separado conceberia ao veículo uma distância maior do solo, baixando assim o centro de gravidade, este processo ocasionaria em um pequeno aumento no comprimento, tornando o também mais confortável, outra melhoria resultante foi implementada na suspensão, através da eliminação dos eixos rígidos dianteiros e traseiros, lhe permitindo viagens em alta velocidade em terrenos acidentados. Com o projeto aprovado este projeto passaria a receber a pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) a designação militar de M-151, recebendo assim a liberação para produção em série. E seguida em maio de 1956, seria firmado um primeiro contrato entre a montadora Ford Motors Company, prevendo inicialmente a aquisição de quatro mil veículos, com sua produção em série sendo iniciada em janeiro de 1958. Os primeiros jipes M-151 seriam incorporados ao Departamento de Comando da Força Automotriz e Tanques do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army's Ordnance Tank Automotive) no segundo semestre do mesmo ano. O primeiro emprego do jipe Ford M-151 em cenario de conflagração real se daria após a ocorrência do primeiro ataque das forças dos vietcongues e do exército regular do Vietnã do Norte a uma base norte-americana no Vietnã do Sul. Este preocupante evento levaria o presidente John F. Kennedy a decidir pelo envio de ajudar militar material a este país, sendo este composto principalmente por material usado, constante dos estoques de reserva das forças armadas norte-americanas. Neste momento, os Estados Unidos hesitavam em se envolver num conflito numa região tão distante após o fracasso militar americano durante a Revolução Cubana. Em agosto de 1964, porém, os serviços secretos americanos forjam incidente entre seus navios e uma suposta embarcação do Vietnã do Norte no Golfo de Tonkin. Este movimento demandaria a decisão do presidente Lyndon Johnson em enviar os primeiros contingentes de soldados para lutar neste país, incluindo neste processo uma grande quantidade de veículos e equipamentos, entre estes os novos jipes Ford M-151. Porém seu emprego operacional neste cenario de operações evidenciaria graves falhas de projeto, entre estes uma grande tendência a instabilidade quando usado em altas velocidades, podendo provocar acidentes graves como capotamento.
Como medida paliativa, os motoristas militares tanto americanos como sul vietnamitas costumavam colocar uma caixa de munição cheia de areia debaixo do banco traseiro quando nenhuma outra carga estava sendo carregada visando assim proporcionar um lastro extra para manter o centro de gravidade da viatura. Porém o grande número de acidentes registrados, iria gerar uma vasta documentação de não conformidade junto aos órgãos norte-americanos federais para a regulamentação de segurança rodoviária para veículos civis. Com este processo demandando então em uma limitante, impedindo a comercialização do Ford M-151 no mercado civil, não só de unidades novas, mas também posteriormente a entusiastas e colecionadores militares. No anseio de eliminar esta falha original do projeto, engenheiros Ford Motors Company, redesenhariam o sistema de suspensão do tipo “Semi Suspensão do Braço Traseiro (Semi-Trailing Arm Suspension). Desta modificação nasceria em 1970, a nova versão M-151A2 que após ser testada em campo provaria ao comando de material militar dos Estados Unidos que as principais falhas foram solucionadas. Com base nisto seria decidida a realização de novos contratos de produção, como neste momento a Ford Motors Company estava operando no limite de sua capacidade fabril, seria concedida as montadoras Kaiser Motors Company e AM General Corp, a autorização para produção sob licença, a fim assim de atender as demandas emergenciais militares. Em termos de diferenças estéticas entre as distintas versões, o M-151A2 se distinguia pela combinação do posicionamento das luzes de direção o que levaram a alteração no formato dos para lamas. A exemplo do modelo original o veículo serviria de base para a criação de variantes especializadas como a ambulância M-718A1, porta canhão sem recuo M-825, versão de ataque rápido aerotransportado M-151A2 FAV e a versão antitanque equipadas com misseis M-151A2 TOW. O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha dos Estados Unidos (US Marine Corps) se tornaria o segundo maior operador da família, iniciando suas primeiras aquisições em 1971, com versões customizadas para esta força recebendo as designações de Marine FAV Mk I e MKII "Super Jeep, Airborne Marine FAV, MR-C108 e pôr fim a versão M-1051 dedicada a combate a incêndios.
Até meados da década de 1980, a família de jipes Ford – Kaiser - AM M-151 se tornaria responsável pelo sustentáculo de mobilidade das forças norte-americanas, no segmento de utilitários de 1/4 toneladas com tração integral 4X4. Apesar de atenderem a contento as demandas militares naquele momento, era claro que a médio prazo está família de veículos necessitaria ser substituída por modelos mais robustos e com maior capacidade operacional. Este processo levaria a uma nova concorrência para um modelo desta categoria denominado como Veículo de Rodas Multiuso de Alta Mobilidade, culminado no desenvolvimento do famoso AM General HMMWV “Humvee”. Os primeiros lotes deste novo modelo começariam a ser incorporado as forças regulares do Exército dos Estados Unidos a partir do ano de 1983. Este processo levaria a retirada de serviços dos veículos da família jipe M-151 Mutt, com grande parte desta frota sendo colocada na reserva estratégica. Em 1984 esta frota passaria a ser disponibilizada a nações “amigas” em condições muito favoráveis nos termos do programa de Vendas Militares Estrangeiras (Foreign Military Sales FMS), com milhares destas viaturas sendo adquiridas pelas forças armadas da Argélia, Argentina, Bolívia, Bahrein, Camarões, Canadá, Chile, Colombia, República Democrática do Congo, Dinamarca, Egito, El Salvador, Etiópia, França, Gana, Grécia, Honduras, Guatemala, Indonésia, Israel, Jordânia, Kuwait, Luxemburgo, México, Marrocos, Paquistão, Panamá, Portugal, Peru, Filipinas, Portugal, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Espanha, Reino Unido, Vietnã do Sul, Iêmen, Zaire e Líbia. Atualmente uma grande parcela destes utilitários ainda se encontra em serviço regular. Entre os anos de 1958 e 1982 seriam produzidos um total de mais de cem mil veículos desta família, excepcionalmente em 1988 a linha seria reaberta para produção de mil carros destinados a atender uma encomenda do governo jordaniano.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O uso de veículos do tipo jipe nas Forças Armadas Brasileiras, teve início durante a Segunda Guerra Mundial, quando o país passou a ser signatário do programa de ajuda militar Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Este acordo resultaria no fornecimento de mais dois mil veículos das famílias Willys MB e Ford GPA, que passariam a equipar inicialmente o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira, concedendo a estas armas uma capacidade de mobilidade, com sua doutrina operacional formada em combate nos campos da Itália. Durante os próximos vinte anos estes modelos representariam o sustentáculo da força mecanizada leve da Força Terrestre, e apesar de ainda contar de uma grande frota remanescente era nítida a premente necessidade de substituição destes veteranos utilitários. A primeira alternativa neste processo se daria no início da década de 1960, quando o Exército Brasileiro passou a receber uma significativa quantidade de jipes Willys M-38, veículos estes usados, oriundos dos estoques estratégicos de reserva do Exército dos Estados Unidos (US Army) que recentemente haviam sido substituídos pelos novos Ford M-151 Mutt. Estes utilitários seriam fornecidos nos vantajosos termos dos Programa de Assistência Militar MAP (Military Assistance Program), do qual o país era signatário desde a década de 1950. Este movimento permitiria a imediata substituição de uma significativa parcela dos jipes Willys MB e Ford GPA em operação deste o ano de 1942. Neste mesmo período a indústria automotiva nacional começava a dar os primeiros passos, e programas de incentivos do governo federal buscavam fomentar este movimento de industrialização, com as Forças Armadas Brasileiras passando a incorporar uma grande quantidade de jipes nacionais militarizados do modelo Willys Overland CJ-2A e posteriormente CJ-3, CJ-4 e CJ-5. Neste momento podemos considerar, que principalmente, o Exército Brasileiro se encontrava muito bem equipado em termos de quantidade modelos de utilitários do tipo jipe com tração 4X4 na faixa de 1/4 toneladas, sobrepujando em muito qualquer outra força terrestre sul-americana. A grande prontidão operacional desta frota era ainda proporcionada pela produção local de peças de reposiçao, tornando o país completamente autossuficiente no atendimento de demandas desta classe de veículos militarizados. Este status quo levaria o Governo Brasileiro a rejeitar ofertas realizadas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (Dod) para a aquisição de mais veículos usados dos modelos Willys M-38 e novos de fábrica do Ford M-151 Mutt nos termos de programas de ajuda militar.
Apesar deste contexto, logo em seguida os novos jipes norte-americanos produzidos pela Ford Motors Company passariam a ser empregados pelo Exército Brasileiro de forma inusitada. Em 1961 a República Dominicana, estava enfrentando um período de instabilidade política, originado principalmente dos eventos que se sucederam após o assassinato do ditador Rafael Leónidas Trujillo Molina. Em seguida eleições seriam realizadas naquele país, com o candidato Juan Bosch, um dos fundadores do Partido Revolucionário Dominicano (PRD) sagrando-se vencedor do pleito em dezembro de 1962. No entanto apesar de uma breve expectativa de um novo tempo de estabilidade no país, a aplicação de políticas e dogmas populistas com inclinação a esquerda, com medidas equivocadas de a redistribuição de terras e a nacionalização de empresas multinacionais estrangeiras, levariam a ocorrência de um golpe militar sete meses mais tarde por uma facção militar de direita liderada pelo General Elías Wessin. Este por sua vez controlava o Centro de Entrenamiento de las Fuerzas Armadas (Centro de Formação das Forças Armadas ou "CEFA"), um grupo de infantaria de elite com cerca de dois mil soldados altamente treinados, que podia em teoria ser considerado uma organização militar independente, criada inicialmente por Ramfis Trujillo. Esta organização foi criada para proteger o governo e assegurar a Guarda Nacional, a Marinha e a Força Aérea, sendo responsável por transferir o poder vigente a um “Triunvirato Civil”, onde seus líderes rapidamente aboliram a Constituição, declarando-a "inexistente", passando então a comandar o país de acordo com suas diretivas e vontades. Em 24 de abril de 1965, um grupo de jovens oficiais nas forças armadas, liderado pelo coronel Francisco Caamaño, rebelou-se contra o “Triunvirato Civil”, estes rebeldes insurgentes Pró-Juan Bosch, conhecidos popularmente como "Constitucionalistas", rapidamente trataram de distribuir uma grande quantidade de armas à população civil, criando assim um clima de guerra civil. Sobre a ótica de um possível agravamento da crise, o Departamento de Estado do Governo Norte Americano, iniciou os preparativos para a evacuação dos seus cidadãos e de outros estrangeiros que poderiam desejar deixar a República Dominicana. No entanto observações dos serviços de inteligência norte americana, citavam que o avançar dos rebeldes poderia levar na região a criação de uma "uma segunda Cuba", assim buscando prevenir este possível cenário, o então presidente Lyndon Johnson, ordenou o envio de forças militares no intuito de se restaurar a ordem. Alegando como razão oficial para intervenção, a necessidade de proteger a vida dos estrangeiros, uma invasão foi deflagrada pelo Corpo de Fuzileiros Navais (US Marine Corps) e pelos efetivos da 82ª Divisão Aerotransportada do Exército dos Estados Unidos (US Army).
Assim juntamente com a aprovação e participação da Organização dos Estados Americanos (OEA), seria formada uma força multinacional militar para emprego na República Dominicana. Posteriormente, a Força Interamericana de Paz (Inter-American Peace Force IAPF) seria formalmente criada em 23 de maio, contando também com a participação de contingentes militares Brasil, Honduras, Paraguai, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. Neste contexto seria definido que os Estados Unidos, ficariam encarregados de prover em termos de armamentos, munições, suprimento, e equipamento, as nações participantes desta força multinacional de paz para o emprego no processo de pacificação e estabilização política da República Dominicana. Como nação participante, o nosso país seria representado pelo Exército Brasileiro, e após o desembarque de seus efetivos do primeiro contingente em 25 de maio de 1965, naquele país caribenho, passaria a ser equipado com uma variada gama de equipamentos e veículos de origem norte-americano entre estes oitenta e oito veículos utilitários dos modelos Ford M-151A1, Kaiser M-151AC (equipado com canhão sem recuo M-40A1 de 106 mm) e M-718 Ambulância. Durante mais de um ano, estes veículos a serviço dos militares brasileiros participariam ativamente de todas as missões realizadas pelo contingente de mais de quatro mil soldados brasileiros, que atuariam em turnos junto a tarefas de pacificação na República Dominicana. Com o fim de intervenção da Força Interamericana de Paz (IAPF), e a consequente desmobilização dos efetivos em 21 de setembro de 1966, as tropas brasileiras começariam a ser preparadas para seu retorno ao país. Neste mesmo momento o Departamento de Estado do Governo Norte Americano (DoD) determinou a doação de todos o material militar empregado pelos países participantes, incluindo todos os jipes modelos Ford M-151A1, Kaiser M-151AC e M-718 Ambulância, que foram oficialmente transferidos ao Exército Brasileiro no dia 23 de setembro do mesmo ano. No início do mês de outubro, estes veículos foram transportados por navios da Marinha do Brasil, juntamente com os efetivos do último contingente do Exército Brasileiro.
Após seu recebimento e revisão, todos estes veículos passariam a ser distribuídos a diversas unidades de infantaria motorizada localizados na região sudeste do país. Apesar das restrições operacionais quando em condução em alta velocidade, o desempenho dos Fords M-151A1, Kaisers M-151AC se mostraria muito superior aos modelos similares em uso no Exército Brasileiro, conferindo lugar de destaque nestas unidades operativas. A combinação do emprego destes com confiável canhão sem recuo modelo M-40A1 de 106 mm que equipava o modelo Kaiser M-151A1C, proporcionava uma excelente relação de poder de fogo e agilidade em terrenos desfavoráveis, provando suas qualidades principalmente em ambientes fora de estrada. Curiosamente estes utilitários seriam novamente empregados pelo Exército Brasileiro em zona de conflagração real durante a participação das forças militares do país durante a operação multinacional Força de Emergência das Nações Unidas – UNEF SUEZ (United Nations Emergency Force), no Egito durante a crise no Canal de Suez, sendo empregados pelos últimos contingentes brasileiros a participar daquele esforço de pacificação Pelo menos trinta viaturas de propriedade das Nações Unidas (ONU) seriam cedidas para uso do Exército Brasileiro. Em 1968, um lote de pelo menos vinte viaturas usadas dos modelos Ford M-151A1 e Kaiser M-151A1C, seria adquirido pela Marinha do Brasil para emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), trazendo assim um grande aumento na capacidade operacional da Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE). Estes veículos seriam empregados em grande monta em 1974, durante a Operação Dragão IX, quando foram desembarcados a partir do navio de desembarque de carros de combate NDCC Garcia D'Avila - G 28. Estes modelos que seriam carinhosamente chamados de "Patinhas" no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), se manteriam em serviço na Marinha do Brasil até meados da década de 1980 quando passaram a ser substituídos pelos veículos militarizados da família Toyota Bandeirante.
No Exército Brasileiro, em fins de sua carreira já da década de 1990, seria decidido que as viaturas remanescentes do lote original dos modelos Ford M-151A1, Kaiser M-151AC e M-718 Ambulância, passariam a ser concentrados no 24º Batalhão de Infantaria Motorizado (BIM) sediado na cidade do Rio de Janeiro – RJ. No entanto, apesar de se mostrarem ainda confiáveis e com muitos anos de serviço pela frente, esta pequena frota passava a cada dia a enfrentais mais problemas de indisponibilidade, ocasionada principalmente pela grande dificuldade na obtenção de peças de reposição no mercado internacional, tendo em vista que esta família de utilitários tenha tido sua produção descontinuada no ano de 1982. Desta maneira decidiu-se pela desativação destes veículos, com sua substituição sendo providenciada pela incorporação de modelos importados como os britânicos Land Rover Defender e os nacionais Agrale Série AM Marruá. Os últimos carros desta família seriam oficialmente retirados do serviço ativo em meados do ano de 2004, com muitos sendo preservados em museus militares ou vendidos a entusiastas e colecionadores civis.
Em Escala.
Para representarmos o Kaiser M-151A1C "EB-22-1430", fizemos uso do excelente kit da Academy, presente na escala 1/35, que nos brinda com um bom detalhamento do grupo motriz e munição para o canhão M-40A1 de 106 mm. Este modelo permite ainda montagem out of box (direto da caixa) para assim se representar a versão utilizada pelo Exército. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products presentes no Set Exército Brasileiro 1944 -1982.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os veículos Ford – Kaiser M-151A1, M-151A1C e M-718 Ambulância, quando de seu recebimento na República Dominicana, já em posse do Exército Brasileiro passariam a ostentar o Cruzeiro do Sul e identificações da Força Interamericana de Paz (IAPF). Após seu recebimento no Brasil passariam contar com as matrículas seriais padrão, este esquema se manteria até o ano de 1983, quando passaram a receber um novo padrão de camuflagem tática de dois tons, permanecendo este até sua desativação.
Bibliografia :
- M-151 Truck Utility - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/M151_Truck,_Utility,_l/4-Ton
- M-151 no Brasil - Arquivo Pessoal - Paulo Bastos
- O Brasil e a Rep Dominicana Bruno P . Vilella http://www.uff.br