História e Desenvolvimento.
No final da década de 1920, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) intensificou esforços para transformar sua estrutura operacional, buscando acelerar a transição de uma força terrestre predominantemente hipomóvel, dependente de tração animal, para uma força mecanizada, capaz de atender às demandas de um cenário bélico moderno. Esse processo foi impulsionado pelos avanços tecnológicos da pujante indústria automotiva norte-americana, que oferecia soluções inovadoras para mobilidade e logística militar. O programa de mecanização abrangia o desenvolvimento de uma ampla gama de veículos, incluindo caminhões de carga, transportes de pessoal e, de forma prioritária, um veículo utilitário leve com tração integral 4x4. Este veículo deveria operar em ambientes fora de estrada, superar obstáculos com facilidade e transportar até quatro soldados totalmente equipados, garantindo agilidade e versatilidade em operações táticas. Contudo, restrições orçamentárias impostas pela Grande Depressão adiaram essa fase, interrompendo temporariamente o progresso do programa. O projeto foi retomado no final de 1936, quando o cenário econômico começou a se estabilizar e o Exército priorizou novamente a modernização. Após uma concorrência aberta, a Bantam Car Company, sediada na Pensilvânia, foi selecionada para desenvolver e produzir o lote pré-série. No final da década de 1930, a Bantam Car Company, sediada em Butler, Pensilvânia, produziu os primeiros setenta veículos utilitários leves com tração nas quatro rodas, que dariam origem à icônica família Jeep, reconhecida como uma das mais célebres linhas de veículos militares da história. Esses primeiros modelos, utilizados inicialmente pelas forças de infantaria do Exército dos Estados Unidos, destacaram-se por sua excepcional mobilidade, desempenhando com êxito uma ampla variedade de missões operacionais. Esse desempenho motivou a decisão de adotar o veículo em larga escala nas Forças Armadas norte-americanas, levando à abertura de um processo licitatório para o desenvolvimento de uma versão aprimorada, destinada à produção em grande quantidade. Em 1941, após um processo de avaliação e contratação marcado por debates, a produção do Jeep foi iniciada nas fábricas da American Bantam Company, Ford Motor Company e Willys-Overland Company. As primeiras unidades começaram a ser entregues ao Exército a partir de março de 1942. Os soldados, encantados com a versatilidade do veículo, passaram a chamá-lo de “GP” (sigla para General Purpose, ou “Propósito Geral”), cuja pronúncia em inglês lembrava a palavra “jeep”. Curiosamente, o termo “jeep” também evocava um personagem querido da cultura popular: Eugene, o animal de estimação de Olívia Palito, namorada do marinheiro Popeye, nos quadrinhos e desenhos animados dos anos 1930. Eugene era conhecido por seus poderes extraordinários, como superforça e a habilidade de caminhar por paredes e tetos. Inspirados por essa associação, os militares começaram a chamar seus veículos de “Jeep”, uma alusão às suas capacidades impressionantes. A expressão “Hey, he’s a real Jeep!” (“Ei, ele é um verdadeiro Jeep!”) tornou-se comum para descrever pessoas com habilidades físicas notáveis, consolidando o nome como um símbolo de robustez e versatilidade. Durante toda a Segunda Guerra Mundial, a produção desta versátil família de utilitários leves superaria mais de meio milhão de carros, destes 363.000 produzidas pela Willys Overland Co. e cerca de 280.000 entregues pela Ford Motors Company.
O modelo seria ainda um dos principais expoentes do Programa Lend & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), com mais de 51.000 unidades fornecidas somente para a União Soviética, além de milhares mais para os países aliados. O término da Segunda Guerra Mundial em agosto de 1945, levaria a uma desmobilização quase que imediata dos esforços de produção industrial militar dos Estados Unidos. Desta maneira, todas as indústrias de defesa norte-americanas, seriam profundamente afetadas por cancelamentos nos contratos de produção. Entre estas empresas estava a Willys Overland Company, que neste momento dedicava quase que a totalidade das linhas de produção e ferramental para a produção da família Jeep. No final da década de 1940, a Willys-Overland Company, reconhecendo a necessidade de reorientar estrategicamente seu portfólio automotivo, voltou suas atenções para o mercado civil. Essa mudança foi impulsionada por uma significativa vantagem de marketing: a Ford Motor Company, sua concorrente, estava judicialmente impedida de utilizar a marca “Jeep”. Assim, a empresa consolidou sua posição ao capitalizar a popularidade do nome que se tornara sinônimo de robustez e versatilidade. Assim a Willys-Overland lançou as bases para a versão civil de seu icônico veículo militar, o Willys MB, dando origem ao Willys CJ-2 (Civil Jeep). Foram produzidos quarenta exemplares pré-série, mas a fabricação em escala industrial teve início apenas em julho de 1945, com o modelo aprimorado CJ-2A. Embora baseado no design do Willys MB, o CJ-2A foi adaptado para o uso civil, com modificações significativas na carroceria e na construção. Equipado com o confiável motor Willys Go-Devil de quatro cilindros, o modelo apresentava carburador e sistema de ignição distintos, além de eliminar características exclusivamente militares, garantindo maior apelo ao público não militar. Em 1949, a montadora introduziu o CJ-3A, que permaneceu em produção até 1953, quando foi substituído pelo CJ-3B. O CJ-3A era movido pelo motor L-134 Go-Devil de 60 cv (45 kW; 61 cv), combinado com uma transmissão T-90, caixa de transferência Dana 18, eixo dianteiro Dana 25 e eixo traseiro Dana 41 ou 44. Esse modelo consolidou a reputação da Willys no mercado civil, oferecendo durabilidade e desempenho em diversas condições. No final da década de 1940, os Jeeps da Segunda Guerra Mundial (MB e GPW) ainda estavam em uso, mas apresentavam sinais de obsolescência. O Exército americano precisava de um veículo que mantivesse a versatilidade e capacidade off-road dos modelos anteriores, mas com melhorias em durabilidade, capacidade de carga e operação em ambientes extremos, como rios profundos e terrenos lamacentos. A Willys, com sua experiência na produção do MB, foi escolhida para desenvolver esse novo modelo, aproveitando a base do Jeep civil CJ-3A, lançado em 1948, mas com modificações significativas para atender às especificações militares. Este programa envolveria a militarização do modelo civil porém envolvendo também características estruturais dimensionadas as demandas específicas do Exército dos Estados Unidos (US Army), nascendo assim o projeto do jipe 4X4 M-38.

Os primeiros carros pré-série seriam extensamente avaliados junto ao Quartel General do Departamento Exército dos Estados Unidos no Forte de Holabird em Baltimore (Maryland), sendo logo homologados para uso operacional. Em janeiro de 1951 seria celebrado um primeiro contrato para cinco mil veículos que passariam a ser entregues no segundo semestre do mesmo ano. Este seriam implantados no principal teatro de operações durante a Guerra da Coreia (1950-1953) sendo empregados pelo Exércitos dos Estados Unidos (US Army) e pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha (US Marine Corps). Mais contratos seriam firmados logo em seguida, com o modelo ficando conhecido também na Europa pela utilização por unidades militares norte-americanas na então Alemanha Ocidental. Aproximadamente dois mil e trezentos jipes M-38, seriam fabricados pela Ford Motors do Canadá para as Forças Armadas Canadenses a partir do ano de 1952, sendo localmente designados como jipe M38-CDN. Anos depois as forças armadas norte-americanas e mais notadamente o Exército dos Estados Unidos (US Army), mantinham em suas frotas, frota milhares de veículos das versões mais recentes dos modelos M-38 e M-38A1. Neste momento estava em curso um estudo enfocando a implementação a curto e médio prazo de um grande programa de programa de renovação da força motomecanizada. Esta intenção seria materializada no mês de novembro de 1952, quando o Departamento de Comando da Força Automotriz e Tanques do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army's Ordnance Tank Automotive) lançaria concorrência nacional, que seria direcionada a várias montadoras norte-americanas, com o objetivo de se desenvolver um novo veículo utilitário de 1/4 Toneladas com tração integral 4X4. Este novo utilitário leve deveria apresentar como parâmetros básicos a manutenção da ótima relação de custo-benefício de aquisição e operação, a exemplo de seus antecessores. Ao todo, sete montadoras de carros e caminhões responderiam a esta concorrência, apresentando aos militares do exército seus projetos e propostas a partir de maio do ano seguinte. Um auspicioso processo de análise seria realizado, com a decisão pendendo para a proposta apresentada pela Ford Motor Company, este projeto abordava um utilitário que apesar de manter o mesmo lay out básico e as dimensões de seus predecessores, passava a apresentar um desing final completamente novo, pois ao contrário dos projetos de “jeeps” anteriores, o novo carro contava com uma estrutura que consistia em uma cuba de aço aparafusada em uma estrutura de aço separada, empregando um novo conceito de quadro integrado, combinando os trilhos da estrutura no chassi do veículo composto por chapas soldadas. A adoção deste conceito em substituição ao quadro separado conceberia ao veículo uma distância maior do solo, baixando assim o centro de gravidade, este processo ocasionaria em um pequeno aumento no comprimento, tornando o também mais confortável, outra melhoria resultante foi implementada na suspensão, através da eliminação dos eixos rígidos dianteiros e traseiros, lhe permitindo viagens em alta velocidade em terrenos acidentados.
Com o projeto aprovado este projeto passaria a receber a pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) a designação militar de M-151, recebendo assim a liberação para produção em série. E seguida em maio de 1956, seria firmado um primeiro contrato entre a montadora Ford Motors Company, prevendo inicialmente a aquisição de quatro mil veículos, com sua produção em série sendo iniciada em janeiro de 1958. Os primeiros jipes M-151 seriam incorporados ao Departamento de Comando da Força Automotriz e Tanques do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army's Ordnance Tank Automotive) no segundo semestre do mesmo ano. O primeiro emprego do jipe Ford M-151 em cenario de conflagração real se daria após a ocorrência do primeiro ataque das forças dos vietcongues e do exército regular do Vietnã do Norte a uma base norte-americana no Vietnã do Sul. Este preocupante evento levaria o presidente John F. Kennedy a decidir pelo envio de ajudar militar material a este país, sendo este composto principalmente por material usado, constante dos estoques de reserva das forças armadas norte-americanas. Neste momento, os Estados Unidos hesitavam em se envolver num conflito numa região tão distante após o fracasso militar americano durante a Revolução Cubana. Em agosto de 1964, porém, os serviços secretos americanos forjam incidente entre seus navios e uma suposta embarcação do Vietnã do Norte no Golfo de Tonkin. Este movimento demandaria a decisão do presidente Lyndon Johnson em enviar os primeiros contingentes de soldados para lutar neste país, incluindo neste processo uma grande quantidade de veículos e equipamentos, entre estes os novos jipes Ford M-151. Porém seu emprego operacional neste cenario de operações evidenciaria graves falhas de projeto, entre estes uma grande tendência a instabilidade quando usado em altas velocidades, podendo provocar acidentes graves como capotamento. Como medida paliativa, os motoristas militares tanto americanos como sul vietnamitas costumavam colocar uma caixa de munição cheia de areia debaixo do banco traseiro quando nenhuma outra carga estava sendo carregada visando assim proporcionar um lastro extra para manter o centro de gravidade da viatura. Porém o grande número de acidentes registrados, iria gerar uma vasta documentação de não conformidade junto aos órgãos norte-americanos federais para a regulamentação de segurança rodoviária para veículos civis. Com este processo demandando então em uma limitante, impedindo a comercialização do Ford M-151 no mercado civil, não só de unidades novas, mas também posteriormente a entusiastas e colecionadores militares. No anseio de eliminar esta falha original do projeto, engenheiros Ford Motors Company, redesenhariam o sistema de suspensão do tipo “Semi Suspensão do Braço Traseiro (Semi-Trailing Arm Suspension). Desta modificação nasceria em 1970, a nova versão M-151A2 que após ser testada em campo provaria ao comando de material militar dos Estados Unidos que as principais falhas foram solucionadas.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A trajetória dos veículos utilitários leves com tração 4x4, amplamente conhecidos como jipes, nas Forças Armadas Brasileiras teve início em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, com a adesão do Brasil ao programa norte-americano Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Esse acordo bilateral marcou um momento pivotal, permitindo a transferência de aproximadamente dois mil jipes ao Brasil, sem uniformidade de fabricante ou modelo. Embora não existam registros detalhados que especifiquem a proporção de veículos fornecidos pela Ford Motor Company ou pela Willys-Overland Company, sabe-se que os primeiros lotes, compostos por unidades novas e usadas provenientes da frota e da reserva estratégica do Exército dos Estados Unidos, começaram a chegar ao país em março de 1942. Dentre esses, 655 jipes foram enviados diretamente à Itália para equipar a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que desempenhou um papel notável no teatro de operações europeu. A experiência adquirida pelo Exército Brasileiro com o uso desses jipes em um contexto de guerra revelou-se inestimável. Robustos e versáteis, esses veículos foram fundamentais para consolidar a doutrina motomecanizada da Força Terrestre, influenciando profundamente as estratégias militares nas décadas seguintes. Entre os anos 1940 e 1950, a frota de jipes, complementada por outros meios de transporte, proporcionou às Forças Armadas Brasileiras, especialmente ao Exército, uma capacidade operacional até então inédita. A mobilidade conferida por esses veículos fortaleceu as operações de infantaria, garantindo maior agilidade e eficiência em uma ampla gama de cenários táticos. Com o passar dos anos, entretanto, o desgaste operacional e a obsolescência natural dos jipes começaram a comprometer sua disponibilidade. A escassez de manutenção adequada, agravada pela dificuldade em obter peças de reposição para modelos cuja produção havia sido descontinuada, resultou em um aumento alarmante de veículos inoperantes. Diante desse desafio, que impactava diretamente o Exército Brasileiro, o governo federal passou a avaliar a aquisição de um novo lote de jipes diretamente de fabricantes, considerando modelos como os da família Willys M-38, sucessores naturais dos icônicos Ford GPW e Willys MB. Essa iniciativa tinha como objetivo substituir as viaturas mais desgastadas, revitalizando a frota de utilitários leves. No entanto, essa opção foi preterida em favor de uma proposta mais vantajosa oferecida pelo governo dos Estados Unidos. Por meio dessa oferta, o Brasil recebeu um significativo lote de jipes Willys MB, armazenados como reserva estratégica e classificados como material excedente de guerra. Essa decisão, economicamente estratégica, permitiu ao Exército Brasileiro atender às suas necessidades operacionais sem comprometer os recursos financeiros disponíveis, assegurando a continuidade da funcionalidade de sua frota de veículos utilitários leves.
Na década de 1950, enquanto a indústria automotiva brasileira dava seus primeiros passos, impulsionada por programas de incentivos do governo federal, as Forças Armadas Brasileiras iniciaram um movimento significativo de modernização de sua frota de veículos utilitários leves. Nesse período, o Exército Brasileiro passou a incorporar um número considerável de jipes nacionais militarizados, produzidos pela Willys-Overland do Brasil, incluindo os modelos CJ-2A e, posteriormente, CJ-3, CJ-4 e CJ-5. Essa iniciativa fortaleceu a capacidade operacional da Força Terrestre, posicionando o Exército Brasileiro como uma das forças sul-americanas mais bem equipadas em termos de jipes com tração 4x4 na categoria de 1/4 tonelada. A produção local de peças de reposição, um marco de autossuficiência, garantiu a alta prontidão operacional dessa frota, reduzindo a dependência de suprimentos estrangeiros e assegurando a manutenção eficiente desses veículos. Paralelamente, no âmbito dos programas de assistência militar firmados com os Estados Unidos, o Exército Brasileiro recebeu um expressivo lote de jipes Willys M-38 usados. Esses veículos, cedidos como parte de acordos bilaterais, complementaram a frota nacional, reforçando a capacidade de mobilidade em operações táticas. A combinação de produção local e apoio internacional consolidou a robustez logística do Exército, permitindo-lhe atender às demandas operacionais com agilidade e eficiência. De forma inesperada, em meados da década de 1960, novos jipes de origem norte-americana foram incorporados ao Exército Brasileiro, em um contexto influenciado por eventos internacionais. Em 1961, a República Dominicana enfrentava um período de grave instabilidade política, desencadeado pelo assassinato do ditador Rafael Leónidas Trujillo Molina. Após esse evento, o país realizou eleições em dezembro de 1962, nas quais Juan Bosch, fundador do Partido Revolucionário Dominicano (PRD), emergiu vitorioso. Contudo, as esperanças de estabilidade foram frustradas por políticas populistas de tendência esquerdista, incluindo a redistribuição de terras e a nacionalização de empresas multinacionais estrangeiras. Essas medidas, consideradas equivocadas por setores conservadores, culminaram em um golpe militar em setembro de 1963, liderado pelo general Elías Wessin, comandante do Centro de Entrenamiento de las Fuerzas Armadas (CEFA). Esse grupo de elite, composto por cerca de dois mil soldados altamente treinados, foi criado originalmente por Ramfis Trujillo para proteger o regime e supervisionar a Guarda Nacional, a Marinha e a Força Aérea. Após o golpe, o poder foi transferido a um “Triunvirato Civil”, que aboliu a Constituição, declarando-a “inexistente”, e passou a governar o país segundo suas próprias diretivas. Em 24 de abril de 1965, a instabilidade se intensificou com uma rebelião liderada pelo coronel Francisco Caamaño, à frente de um grupo de jovens oficiais conhecidos como “Constitucionalistas”, que defendiam o retorno de Juan Bosch.

Em 23 de setembro de 1966, os jipes Ford M-151A1, Kaiser M-151AC e M-718 Ambulância foram oficialmente transferidos ao Exército Brasileiro, como parte da doação de equipamentos utilizados na Força Interamericana de Paz (IAPF) na República Dominicana. No início de outubro do mesmo ano, esses veículos, acompanhados do último contingente de soldados brasileiros, foram transportados por navios da Marinha do Brasil de volta ao país. Após um processo de revisão e manutenção, os jipes foram distribuídos a diversas unidades de infantaria motorizada localizadas na região Sudeste, reforçando significativamente suas capacidades operacionais. Embora apresentassem algumas limitações em alta velocidade, os modelos Ford M-151A1 (VTNE) e Kaiser M-151AC (VTE CSR) demonstraram desempenho notavelmente superior aos jipes então em uso pelo Exército Brasileiro, como os Willys MB e M-38. Em operação os primeiros modelos seriam empregados em tarefas de reconhecimento tático, com as unidades de infantaria motorizada usavam os M-151A1 para missões de patrulha e reconhecimento, aproveitando sua agilidade para explorar terrenos e identificar ameaças potenciais. Já as Viaturas de Transporte Especializado - Canhão sem Recuo, equipados com a arma M-40 Recoilless Rifle de 106 mm seria utilizada como apoio a infantaria atuando em operações de fogo direto contra alvos blindados ou fortificados, funcionando como uma plataforma móvel de artilharia leve. Por fim a terceira versão a Viatura Especializada Ambulância M-718 operaria em tarefas de evacuação médica, desempenhando um papel crucial em operações de movimentação de feridos para a retaguarda nos hospitais de campanha, especialmente em exercícios e missões em áreas remotas, onde a mobilidade era essencial. Um dos momentos mais significativos do emprego dos jipes Ford M-151 pelo Exército Brasileiro ocorreu durante a participação na Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF) na Crise do Canal de Suez, no Egito. Durante essa missão de paz, iniciada em 1956 e com participação brasileira até 1967, pelo menos 30 viaturas cedidas pela ONU foram utilizadas pelos últimos contingentes brasileiros, a partir de meados da década de 1960. Esses jipes, incluindo modelos M-151A1 e Kaiser M-151AC, seriam extensamente empregados nas missões de monitoramento de zonas de cessar-fogo e áreas de tensão no deserto do Sinai, em tarefas de transporte de suprimentos e pessoal em terrenos áridos, garantindo a mobilidade das tropas brasileiras e por fim em apoio a missões de observação da Organização das Nações Unidas (ONU), com a variante M-151AC oferecendo capacidade de resposta rápida em caso de incidentes.

Em Escala.
Para representarmos o VTE CSR Kaiser M-151A1C "EB-22-1430", fizemos uso do excelente kit da Academy, presente na escala 1/35, que nos brinda com um bom detalhamento do grupo motriz e munição para o canhão M-40A1 de 106 mm. Este modelo permite ainda montagem out of box (direto da caixa) para assim se representar a versão utilizada pelo Exército. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products presentes no Set Exército Brasileiro 1944 -1982.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os veículos Ford – Kaiser M-151A1, M-151A1C e M-718 Ambulância, quando de seu recebimento na República Dominicana, já em posse do Exército Brasileiro passariam a ostentar o Cruzeiro do Sul e identificações da Força Interamericana de Paz (IAPF). Após seu recebimento no Brasil passariam contar com as matrículas seriais padrão, este esquema se manteria até o ano de 1983, quando passaram a receber um novo padrão de camuflagem tática de dois tons, permanecendo este até sua desativação.
Bibliografia :
- M-151 Truck Utility - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/M151_Truck,_Utility,_l/4-Ton
- M-151 no Brasil - Arquivo Pessoal - Paulo Bastos
- O Brasil e a Rep Dominicana Bruno P . Vilella http://www.uff.br