Como resultado, em 30 de novembro de 1934, a Airplane Development Corporation foi adquirida pela Cord Corporation, leading à formação da Aviation Manufacturing Corporation (AMC). Essa consolidação visava fortalecer a posição da empresa em um mercado competitivo. Contudo, a AMC foi dissolvida em 1º de janeiro de 1936, dando origem à Vultee Aircraft Division, uma subsidiária autônoma que continuou a desenvolver e produzir aeronaves sob a liderança de Gerard Vultee. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936–1939), o Vultee V-1 ganhou relevância internacional. Sete aeronaves anteriormente operadas pela American Airlines, juntamente com oito unidades adquiridas pelo governo espanhol para tarefas de transporte, foram empregadas pelas forças republicanas. Quatro dessas aeronaves foram capturadas e operadas pelas forças nacionalistas, lideradas por Francisco Franco, demonstrando a versatilidade do V-1 em cenários de conflito. O uso dessas aeronaves na guerra destacou sua robustez e adaptabilidade, embora seu papel tenha sido limitado a missões de transporte e apoio logístico, devido às suas características de projeto voltadas para o mercado civil. Esse emprego inesperado pelas forças republicanas e nacionalistas revelou o potencial de adaptação de projetos civis para fins militares, incentivando a diretoria da empresa a explorar um novo nicho de mercado: aeronaves de combate monomotoras. Apesar das regulamentações da Civil Aeronautics Authority (CAA) que restringiam o uso de aeronaves monomotoras em operações comerciais de transporte de passageiros, o mercado militar oferecia menos barreiras, especialmente para missões de bombardeio e treinamento. Com base no sucesso do Vultee V-1, a Vultee Aircraft Division iniciou o desenvolvimento de uma versão militar, designada Vultee V-11, voltada principalmente para o papel de bombardeiro de mergulho, com capacidade secundária como treinador avançado. A nova aeronave preservava as principais características de desempenho do V-1, incluindo sua estrutura monoplana de asa baixa e construção inteiramente metálica. Equipado com um motor radial Wright Cyclone SR-1820-F53 de 750 hp, o V-11 mantinha a robustez e a eficiência do modelo original, mas incorporava modificações específicas para atender às exigências militares, como maior capacidade de carga bélica e adaptações estruturais. O projeto do V-11 reaproveitava elementos fundamentais do V-1, como o motor, o trem de pouso retrátil e a estrutura alar, enquanto outras partes e componentes foram desenvolvidos especificamente para a nova aeronave. A principal inovação foi a capacidade de realizar bombardeio de mergulho, uma tática militar em ascensão na década de 1930, que exigia precisão e resistência estrutural para suportar manobras de alta intensidade. Além disso, o V-11 foi projetado para operar como treinador avançado, atendendo à demanda por aeronaves versáteis em forças aéreas emergentes.
Na década de 1930, o mundo testemunhava uma escalada de tensões políticas e militares, com a ascensão de regimes totalitários na Europa e a expansão imperial japonesa no Pacífico. A Aircraft Manufacturing Co. Vultee Division, sediada nos Estados Unidos, era uma empresa emergente no setor aeronáutico, conhecida por sua inovação em projetos de aeronaves militares e civis. Em 1939, atenta ao cenário global e à demanda por aeronaves de combate modernas, a Vultee iniciou estudos conceituais para desenvolver um novo bombardeiro leve de mergulho, uma categoria de aeronave crucial para ataques precisos contra alvos terrestres e navais, como demonstrado pelos sucessos dos Junkers Ju 87 Stuka alemães. Paralelamente, a França, antecipando a possibilidade de um conflito iminente, mantinha uma missão militar permanente nos Estados Unidos para adquirir armamentos, incluindo aeronaves destinadas a missões de bombardeio de mergulho. Essa missão identificou a Vultee como uma potencial fornecedora, levando a empresa a acelerar o desenvolvimento do Model 72 (V-72), projetado especificamente para atender às especificações da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air). A nova aeronave apresentava configuração monoplano monomotor de asa baixa, com um cockpit (cabine) fechado para dois tripulantes, e estava equipado com um motor radial motor Wright Twin Cyclone GR-2600-A5B-5, refrigerado a ar com potência de 1.600 hp. Seu perfil de voo foi concebido exclusivamente para mergulhar verticalmente sem o levantar da asa, puxando a aeronave para fora do alvo. Para isso, possuía um ângulo de incidência de 0° na asa para melhor alinhar o nariz da aeronave com o alvo durante o processo de mergulho. Possuía seis metralhadoras Browning de calibre .30 (7,62 mm), sendo quatro fixas nas asas e duas móveis nas naceles traseiras, operadas pelo artilheiro. A aeronave podia transportar até 680 kg de bombas, armazenadas em um compartimento interno (bombay) e em pontos fixos subalares. O primeiro protótipo do V-72 realizou seu voo inaugural em 30 de março de 1941, demonstrando desempenho promissor. Representantes da missão militar francesa, impressionados com o projeto, recomendaram ao governo francês a aquisição de 300 unidades, com entregas previstas para começar em outubro de 1940. No entanto, a invasão alemã da França, iniciada em 10 de maio de 1940, mudou drasticamente o cenário, em apenas seis semanas, Paris foi ocupada em 14 de junho de 1940, e o governo francês assinou o armistício em 22 de junho de 1940, levando a extinção de todos os contratos militares. Neste mesmo período, os britânicos impressionados com o desempenho em combate dos bombardeiros de mergulho Junkers JU-87 Stuka da Força Aérea Alemã (Luftwaffe), buscavam agregar a Força Aérea Real (Royal Air Force) uma aeronave da mesma categoria, vislumbrando no V-72 uma oportunidade de preencher uma lacuna em sua aviação de ataque. Assim em 1940, uma comitiva militar britânica iniciou negociações com a Vultee para adquirir o V-72. Em 3 de julho de 1940, foi assinado um contrato para a entrega de 200 aeronaves, com uma opção para mais 100 unidades, totalizando potencialmente 300 células. A aeronave recebeu a designação A-31 Vengeance (posteriormente Vengeance Mk I a Mk IV na RAF) e foi destinada a reforçar as operações britânicas, especialmente no teatro asiático contra o Japão. No entanto, o comando da Força Aérea Real (Royal Air Force) solicitou diversas modificações para adaptar o V-72 às suas necessidades operacionais, incluindo melhorias em aviônica, armamento e proteção dos tripulantes. Essas alterações impactaram o cronograma original de entrega, atrasando a produção. Além disso, a entrada dos Estados Unidos na guerra após o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941 intensificou o programa emergencial de rearmamento norte-americano, redirecionando as prioridades da Vultee para atender às demandas do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). Assim novas modificações seriam solicitadas pelos militares norte-americanos, resultando em uma nova versão designada como Model A-35. Esta aeronave estaria equipada com o motor Wright R-2600-13 Twin Cyclone, com 1.700 hp, recebendo ainda reforços na fuselagem e maior proteção para os dois tripulantes (piloto e artilheiro). O primeiro protótipo do A-35 realizou seu voo inaugural em 30 de março de 1941, seguido por um rápido programa de ensaios em voo que confirmou sua adequação para produção em série. Devido à sobrecarga da planta fabril da Vultee em Downey, Califórnia, que já produzia os treinadores Vultee BT-13 Valiant, a produção do A-35 Vengeance foi distribuída em regime de parceria para as linhas de montagem da Stinson Aircraft Company em Nashville, Tennessee, e da Northrop Corporation em Hawthorne, Califórnia. As primeiras unidades do A-31 Vengeance foram entregues à RAF em outubro de 1942, equipando os 82º e 110º Grupos de Ataque, além dos 84º e 45º Esquadrões da RAF e os 7º e 8º Esquadrões da Força Aérea Indiana (IAF). O batismo de fogo do A-31 Vengeance foi conduzido pelos britânicos, mas análises táticas indicaram que a aeronave era vulnerável a caças alemães e italianos, como o Messerschmitt Bf 109 e o Macchi C.202, devido à sua velocidade limitada (370 km/h) e falta de blindagem adequada.
Assim, o comando da Força Aérea Real (RAF) optou por vetar seu uso nos teatros da Europa e do Mediterrâneo, redirecionando as aeronaves para o teatro asiático, onde enfrentariam ambientes menos saturados por caças inimigos. Apesar de sua eficácia em alvos terrestres, o Vengeance começou a ser substituído a partir de março de 1944 por aeronaves mais modernas, como os caças-bombardeiros Hawker Hurricane e Curtiss P-40, de fabricação britânica e americana. As últimas missões de combate dos A-31 britânicos foram realizadas em 16 de julho de 1944, marcando o fim de sua atuação na linha de frente. Apesar disto dezenas de células foram modificadas para uso como rebocadores de alvos e como pulverizadores contra mosquitos da malária, usando dispensadores de spray sob as asas. A Força Aérea Real Australiana (RAAF) foi um dos maiores operadores do A-31, recebendo aproximadamente 400 unidades em 1942. As primeiras missões ocorreram durante a Campanha da Ilha Selaru, nas Índias Orientais Holandesas, em 1943, onde os Vengeance foram usados em ataques contra aeródromos e instalações portuárias japoneses . No entanto o A-31 foi gradualmente substituído a partir de março de 1944 pelos B-24 Liberator, que ofereciam maior alcance e capacidade de carga. As primeiras aeronaves recebidas pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) em 1942, pertenciam ao modelo A-31, sendo desviados dos contratos de fornecimento aos britânicos, sendo seguidos pelos A-35. Estas aeronaves seriam destinadas aos Esquadrões de Bombardeio de Mergulho 55º, 56º, 57º, 88º, 309º, 311º, 312º, 623º, 628º, 62º, 630º e 631º. Apesar de não serem empregados em combate real pelo exército, estas aeronaves seriam fundamentais na manutenção da operacionalidade dos pilotos. Posteriormente estes esquadrões seriam reequipados com bombardeiros bimotores B-25B/D, extinguindo assim as tarefas de bombardeio de mergulho. Um grande número destes aviões seria ainda convertido para o emprego como rebocadores de alvos, e algumas aeronaves inglesas da versão Vengeance Mk IV foram cedidas a 8ª Força Aérea dos Estados Unidos. Nesta mesma época grande parte da frota receberia a designação de Vultee RA-35B (R de restrito), sendo alocados somente para fins de instrução em solo. A Força Aérea Francesa Livre (FAFL) receberia sessenta e sete aeronaves, chegando a equipar três grupos de bombardeio em operação no norte da África. Os franceses, no entanto, desejavam pôr a aeronave em operação o mais rápido possível, e assim não aguardaram a implementação de programas de melhoria de projeto incorporadas nas aeronaves britânicas e australianas. Este lapso resultaria em uma operação não confiável, apresentando alto consumo de óleo e grande número de acidentes e falhas técnicas. Como tal, eles foram restritos a operações de treinamento, sendo finalmente retirados do serviço em setembro de 1944.
Neste contexto seria destinada a Força Aérea Brasileira (FAB), ainda um lote de 28 células do Vultee A-31 Vengeance, projetadas especificamente para bombardeio de mergulho, aviões estes originalmente destinadas a contrato para fornecimento à Força Aérea Real (RAF) britânica. Como estes se encontravam em fase final produção, foi possível redirecioná-las a atender às necessidades brasileiras, com entregas sendo realizadas entre agosto e dezembro de 1942. Em um esforço contínuo para fortalecer as capacidades da Força Aérea Brasileira (FAB) durante a Segunda Guerra Mundial, um segundo contrato, firmado sob o programa Lend-Lease com os Estados Unidos, previa a cessão de 50 aeronaves Vultee A-35 Vengeance, uma versão mais avançada do modelo A-31, com entregas programadas para o decorrer de 1943. Contudo, esse cronograma enfrentou atrasos significativos, decorrentes de desafios na padronização do projeto e nos processos de produção nas linhas de montagem da fábrica da Vultee em Nashville, Tennessee. Esses contratempos refletiam as pressões da guerra, que sobrecarregavam a indústria aeronáutica americana, mas também a determinação de pilotos e técnicos brasileiros que, com resiliência, aguardavam a chegada dessas aeronaves para reforçar a defesa do litoral brasileiro contra a ameaça de submarinos alemães. Estas aeronaves foram transladadas ao Brasil por pilotos do 4º Ferry Group, um grupo especializado neste tipo de missão, pertencentes ao Força Aérea do Exércitos dos Estados Unidos (USAAF) Durante esse processo, uma célula foi perdida em um pouso forçado na cidade de San José, Guatemala, um incidente que, embora isolado, ilustrou os riscos enfrentados por aqueles que dedicavam suas vidas à entrega de equipamentos vitais em tempos de guerra. As 27 células remanescentes do lote inicial de A-31 Vengeance, entregues entre agosto e dezembro de 1942, foram encaminhadas à Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, onde foram incorporadas ao 2º Grupo do 1º Regimento de Aviação (RAV). A adoção do modelo foi facilitada por suas características de voo dóceis e comandos responsivos, permitindo que as tripulações brasileiras se qualificassem rapidamente para operação. Para essas missões, os Vultee A-31 Vengeance foram equipados com armamento orgânico de autodefesa, complementado por uma carga ofensiva que incluía uma bomba de profundidade Mod. 1 de 325 libras, alojada no compartimento interno de bombas, e duas bombas de emprego geral, dos modelos AN-M43 de 500 libras ou AN-M30 de 100 libras, montadas em cabides subalares. No entanto, a despeito de seu desempenho satisfatório em patrulhas, os A-31 enfrentaram desafios significativos relacionados ao grupo motopropulsor, particularmente o motor Wright R-2600 Cyclone, que apresentava problemas como consumo excessivo de óleo e falhas nos anéis dos pistões.
Em resposta a esses incidentes, a fabricante Vultee, em conjunto com o comando militar norte-americano, emitiu uma notificação técnica ordenando que todos os A-35B Vengeance em translado para o Brasil fossem imediatamente retirados de operação, permanecendo estacionados onde quer que se encontrassem. Como resultado, várias células permaneceram abandonadas, algumas delas deteriorando-se ao ar livre no Campo de Caravelas, no estado da Bahia, um desfecho que simbolizava os desafios logísticos da guerra. Apesar dessas dificuldades, a criação do 1º e 2º Grupos de Bombardeio e a tentativa de integrar os Vultee A-35 à frota da Força Aérea Brasileira (FAB) representaram um marco na consolidação da aviação militar brasileira. Quanto aos Vultee A-31 e A-35 Vengeance remanescentes em operação na Força Aérea Brasileira (FAB), tornou-se evidente que as dificuldades técnicas identificadas pelo fabricante não poderiam ser resolvidas localmente, dadas as restrições impostas pela Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). Em um contexto de guerra global, onde recursos eram priorizados para teatros de operações mais intensos, era praticamente inviável manter uma linha de suprimentos aberta entre os Estados Unidos e o Brasil, o que comprometia a disponibilidade operacional dessas aeronaves. Como consequência, o 2º Grupo de Bombardeio (2º GBP), sediado na Base Aérea de São Paulo, jamais foi ativado, optando-se por concentrar todos os Vultee A-31 e A-35 no 1º Grupo de Bombardeio (1º GBP), na Base Aérea de Santa Cruz. No entanto, esse plano não se concretizou plenamente, e, ao longo de 1947, com o fim da guerra e a transição para a paz, todas as células da versão A-31 foram recolhidas ao Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PqAerSP). Lá, foram desmontadas e alienadas para venda como sucata, marcando o fim de uma era para esses aviões. Por sua vez, os últimos Vultee A-35B foram reclassificados como aeronaves de instrução em solo, destinados ao acervo da Escola Técnica de Aviação (ETAv), onde contribuiriam para a formação de novas gerações de técnicos e pilotos. Esses foram complementados por uma unidade solitária do Vultee RA-35B-VN, recebida no terceiro trimestre de 1944, que foi entregue à instituição para fins educacionais. Essa transição para o ensino preservou o legado técnico desses aviões, permitindo que seu conhecimento fosse transmitido a jovens entusiastas da aviação, que aprenderiam com as lições de uma guerra que unira nações e testara o espírito humano. 




