A origem da empresa viria a se tornar uma das maiores produtoras de veículos utilitários e de transporte militares, teve início no dia 16 de setembro de 1908 quando William C. Durant, um próspero produtor de carruagens, fundou a GENERAL MOTORS CORPORATION, na cidade de Flint - Michigan. O crescimento da empresa seria rápido, passando a incorporar marcas de outros fabricantes como a Buick e Oldsmobile (tradicionais fabricantes de carros), mas isto seria apenas o começo, pois ao longo dos anos novas empresas deste segmento seriam compradas como a Oakland (que mais tarde se tornaria Pontiac) e Cadillac. Em 3 de novembro de 1911, William Durant, um dos fundadores da empresa original, que havia deixado a GM devido a divergências de administração, criou em conjunto com os outros sócios (entre eles o mecânico e piloto suíço Louis Chevrolet), a Chevrolet Motor Company of Michigan. Neste mesmo ano seria criada a a marca GMC (derivada da Rapid Motor Vehicle Company), responsável pela produção e venda de caminhonetes e caminhões leve, um novo segmento que nortearia grandes investimentos futuros. Com um posicionamento visionário, os executivos da empresa logo perceberam que a empresa tinha potencial para se tornar uma empresa mundial, levando assim a um ambicioso processo expansão internacional, com a abertura de filias em diversos países. O mercado brasileiro figurava neste projeto com um dos mais promissores, levando a diretoria da empresa a priorizar o inicio das atividades, levando assim a criação da General Motors do Brasil em 1925. Suas primeiras instalações estavam localizadas no bairro do Ipiranga na Cidade de São Paulo passando a comercializar veículos importados. Em 1930 a empresas inaugurou sua linha de produção em série, passando a montar, picapes e caminhões leves com componentes importados dos Estados Unidos, produtos estes que em conjunto com carros de passeio importados da marca, logo conquistaram uma ampla fatia do mercado nacional.
A General Motors do Brasil iria atingir maturidade empresarial no país a partir do inicio da década de 1960, com o lançamento da segunda geração de picapes e caminhões da Chevrolet, que chegou as revendas em 1964, apresentando uma linha totalmente renovada. Este novo portfolio compreendia as picapes C14 de chassis curto, com 2,92 metros entre eixos, e a longa C15 de 3,23 metros, além do caminhão C65. Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo daquele ano com a denominação de fábrica C1416, este novo veículo era inicialmente derivado da linha de picapes Chevrolet C14, que substituiriam a série de picapes Brasil 3100 (considerado o primeiro veículo utilitário leve a ser fabricado pela General Motors no país, graças ao incentivo do GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automobilística, concedido no governo do presidente Juscelino Kubitschek.). A C1416 era radicalmente diferente dos veículos em produção, e representou o primeiro utilitário esportivo SUV (Sport Utility Vehicle) produzido pela Chevrolet do Brasil. Seu design foi desenvolvido pelo projetista Luther Stier, sendo inspirado na Chevrolet Suburban americano. Possuía inovadoras linhas retas que abusavam de vincos no capô, na lateral e na traseira inclinada, com as usuais quinas arredondadas estando presentes somente no para-brisa e no recorte das duas primeiras janelas laterais. O teto era mais baixo, transparecendo um visual compacto, porém apresentava dimensões imponentes com 5,16 metros de comprimento, 1,97 metros de largura e 1,73 metros de altura. Suas quatro portas facilitavam o acesso ao veículo e representavam um grande avanço, pois neste período os veículos similares dispunham apenas duas.
O principal motivo do rápido sucesso comercial deste modelo foi seu emprego como viatura policial, e em alguns casos também, como ambulância, já que era o único veículo desse porte produzido no país. O Modelo C1416 dispunha da mesma motorização dos caminhões, das picapes e do utilitário Amazonas, o confiável motor GM de seis cilindros em linha, 4.3 litros (2.478 cm³ ou 261 polegadas) com 142 cavalos de potência bruta. Suas primeiras versões contavam com uma caixa de câmbio manual de apenas três marchas a frente e uma a ré, dispondo da alavanca de mudanças na coluna de direção. Entre as inovações de projeto estavam presentes o sistema de sincronização da primeira marcha (relações: 2,667:1 / 1,602:1 / 1:1 / ré 3,437:1) e suspensão dianteira independente e molas helicoidais nos dois eixos, que apesar do porte garantia um comportamento de carro de passeio, com extrema suavidade, e uma grande melhora na estabilidade. Apesar de não contar com o sistema de tração integral para uso fora de estrada como seus principais rivais na época como o Toyota Bandeirante e Rural Willys, a C-1416 dispunha como opcional de fábrica o modo de “tração positiva”, que nada mais era que o bloqueio de diferencial. Em 1966 a General Motors do Brasil motivada pelo grande número de veículos vendidos ao governo, para uso das policias militar e civil, decidiu buscar mais um nicho governamental de mercado, mais especificadamente o da saúde com desenvolvimento de uma versão especialmente preparada para ambulância. O ponto de partida foi o modelo C1416, manteve-se o mesmo conjunto mecânico original, apenas procedendo customizações na parte interna, com a instalação de uma maca padrão hospitalar de 1,98 metros por 0,58 metros, suporte e instalação para cilindro de oxigênio, divisória integral, armário para medicamentos e banco para assistente no interior, possuía ainda sistema de sirene com luz intermitente no teto e vidros traseiros translúcidos. O novo modelo designado como C-1410 conquistou nos primeiros meses, grandes contratos advindos de licitações de governos estaduais e municipais que ansiavam por um modelo ambulância que pudessem atender melhor suas demandas. Em 1969 a linha C1416 recebeu seu primeiro “face lift’ que também foi aplicado no C1410, basicamente mantinham-se os dois pares de faróis originais, com uma grande redesenhada com frisos cromados e sem a tradicional assinatura Chevrolet. Pequenas alterações foram aplicadas no interior do veículo em termos de acabamento, incluindo um novo quadro de instrumentos. A partir deste novo modelo oficialmente a C1416 e C1410 receberam o nome de batismo comercial de Veraneio, e neste contexto sua capacidade de poder acomodar até nove pessoas levaria o modelo da GM a obter um grande êxito no mercado de carros de passeio. Em 1970, foi lançada a versão De Luxo para o Veraneio, trazendo um novo padrão de acabamento: apliques no painel imitando jacarandá, painéis de porta redesenhados, rádio, porta-malas acarpetado, faixas pintadas nas laterais, garras nos para-choques e calotas integrais. A lista de opcionais trazia bancos dianteiros reclináveis, pintura metálica e revestimento do teto em vinil.
Em 1979 os modelos passaram, a contar com a mesmo motor a gasolina GM 4.1 com seis cilindros e 171 cv da linha Chevrolet Opala, com a versão a diesel sendo equipada com o motor Perkins 4 cilindros Modelo 4236 que equipava também a picape modelo D-10, uma versão a álcool da Veraneio também seria lançada posteriormente. A partir de 1985, duas décadas depois de seu lançamento, a geração original Veraneio, considerada a de maior longevidade da Chevrolet chegava ao fim, sendo substituída pelas novas picapes das séries 10 e 20. Esta nova linha estava baseada na gama de camionetes das séries C e K norte americanas da safra de 1983, que foram adaptadas para o mercado brasileiro, da geração passada restava apenas o nome. A produção desta nova linha se manteve até meados da década de 1990, quando a crise econômica motivou a queda na demanda por grandes utilitários. Ao todo foram produzidas quase 70.000 unidades da família Veraneio, sendo que destas 12.054 foram da versão ambulância.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Apresentada no mercado brasileiro no São do Automóvel de 1964 o novo utilitário modelo Chevrolet C1416 da General Motors do Brasil, além de obter grande êxito no mercado comercial, despertou de imediato grande interesse dos órgãos de segurança governamentais que ano analisarem suas características de capacidade de espaço e potência vislumbraram a possibilidade do modelo ser empregado como viatura policial. Atentos a esta nova demanda a equipe de projetos da General Motors do Brasil, iniciou o desenvolvimento deste novo modelo, apresentando logo no inicio do ano de 1965 uma versão customizada para o emprego de forças policiais. Basicamente considerava-se o emprego do veículo original com grandes alterações em seu interior como a eliminação do porta malas para a instalação de um habitáculo para transporte de presos, substituição das duas últimas janelas de vidro por placas de ferro reforçado com orifícios para ventilação, nascia aí o famoso “Camburão” que seria eternizado na lembrança do imaginário popular brasileiro. Com o protótipo pronto a diretoria comercial da GM passou a fase de apresentação aos órgãos de polícia do novo veículo. O primeiro cliente governamental foi o Estado de São Paulo que já em 1965 celebrou um contrato para a aquisição de mais cem carros C1416 Viatura Policial, para reequipar as unidades da Policia Civil e Policia Militar. Os primeiros carros foram entregues no mesmo ano, e seu emprego operacional rendeu elogios por parte das corporações, levando assim a General Motors do Brasil a celebrar contratos com outros governos estaduais desejosos de modernizar suas frotas policiais, assim em 5 anos, a Veraneio passaria a ser o principal carro policial no País, chegando a representar durante gerações um símbolo no combate a marginalidade, principalmente por sua atuação junto a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a polícia militar de elite de São Paulo.
O grande êxito obtido pelo Chevrolet C1416 Veraneio em operação nas frotas das policias militares e civis em todo o Brasil, de o interesse do Ministério do Exército que buscava no início da segunda metade da década de 1960, completar o programa de renovação de frota e veículos utilitários de grande porte para emprego urbano. Neste período estas demandas no Exército Brasileiro eram realizadas por veículos produzidos nacionalmente como os Chevrolet Amazonas e Rural Willys (sendo este último mais indicado para operações fora de estrada) e remanescentes utilitários americanos recebidos durante a Segunda Guerra Mundial como os poucos Dodge WC-53 Carryal. Além da versão utilitária destinada ao transporte orgânico, a versão viatura policial se encaixaria perfeitamente também nas frotas dos aos Batalhões de Polícia do Exército, sendo incluída no estudo para aquisição. Mediante este cenário foi definido que o Chevrolet C1416 Veraneio atendia plenamente as demandas do Ministério do Exército naquela ocasião, levando assim a celebração do primeiro contrato de fornecimento junto a General Motors do Brasil S/A, em meados do ano de 1966. Esta primeira encomenda englobaria a apenas a versão básica utilitária, que diferia da versão civil apenas por apresentar pintura padrão militar em verde oliva. Assim os primeiros carros começaram a ser distribuídos as unidades a partir de abril do mesmo ano, onde foram classificadas como “Viatura de Transporte TNE 3X4 Ton Cabine Fechada” onde passaram a ser empregadas em missões administrativas.
A incorporação do Chevrolet C1416 Veraneio em fins da década de 1960, veio a preencher uma importante lacuna no segmento de veículos utilitários de grande porte para emprego urbano no Exército Brasileiro, permitindo assim retirar de serviço modelos obsoletos e de manutenção problemática, ampliar sua frota e principalmente concentrar os veículos Rural Willys em tarefas a serem realizadas em ambientes fora de estrada, mais indicados a sua robusta configuração e tração 4X4. Seu bom desempenho e facilidade de condução logo conquistaram os motoristas, levando a celebração de novos contratos de compra ao longo dos anos ampliando assim a disposição destes carros. Satisfeito com o emprego da versão básica do Chevrolet C1416 Veraneio em missões utilitárias, o Ministério do Exército definiu pela aquisição em novembro de 1967 de um lote de 70 carros configurados como viatura policial (internamente dispensando o porta malas para a instalação de um habitáculo para transporte de presos, eliminado também as duas últimas janelas de vidro, sendo substituídas por placas de ferro reforçado com orifícios para ventilação). Com as primeiras viaturas policiais sendo entregues no início do ano seguinte ao 1º BPE - Batalhão de Polícia do Exército, sediado na cidade do Rio de Janeiro – RJ, com os carros subsequentes destinados aos demais batalhões espalhados pelo território nacional.O programa de modernização da frota de veículos utilitários urbanos, previa também a incorporação de uma versão ambulância, que por priore devia privilegiar plataformas comuns já em uso pelo Exército Brasileiro, visando assim reduzir custos de gestão da cadeia de peças de reposição e facilidade de manutenção. Neste aspecto a versão ambulância do Chevrolet C1410 Veraneio atendia a todos estes parâmetros, pois além de substituir versões antigas dos Chevrolet Amazonas, complementaria as Volkswagem Kombi no ambiente urbano, permitindo assim liberar as novas ambulâncias Rural Willys para se concentrar em atividades no ambiente fora de estrada, possibilitando também assim substituir os derradeiros Dodge WC-51 Ambulance que ainda se mantinham e operação devido a necessidade de manutenção de parte da frota de ambulâncias Rural Willys em missões urbanas. O modelo adquirido pelo Ministério do Exército apresentava a mesma configuração medica das versões civis (que eram empregadas largamente pelos hospitais estaduais, municipais e Santas Casas), visualmente as versões militarizadas se distinguiam das demais apenas por se apresentarem na cor padrão verde oliva com marcações do EB complementas pelas cruzes vermelhas. No esteio de aquisições do Ministério do Exército, as demais forças armadas brasileiras também se interessariam pela família de veículos Veraneio. O Ministério da Aeronáutica seria o segundo cliente militar do modelo procedendo a partir de 1969 a aquisição de um lote de carros na versão utilitário C1416 e ambulâncias C1410, sendo empregados junto as bases aéreas e hospitais da aeronáutica.
Por fim o Ministério da Marinha também passaria a fazer uso dos veículos da família Chevrolet Veraneio, mediante a aquisição das versões utilitário e ambulância para emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais e bases navais da Marinha, e também a incorporação de algumas unidades da versão de viatura policial para uso junto aos efetivos das Capitanias dos Portos em tarefas de combate e repressão a contrabando e contravenções legais. A partir do ano de 1986 processo de renovação das frotas de veículos utilitários das três forças armadas brasileiras, permitiu o inicio do processo de aquisição das novas versões Séries 10 e 20 Veraneio. Este evento determinaria as gradativas retiradas dos primeiros carros com mais de 20 anos de idade, este processo perduraria até fins da década de 1980, com as versões ambulância sendo retiradas por ultimo do serviço ativo, encerrando assim a carreira militar da primeira geração do Chevrolet Veraneio no Brasil.
Em escala.
Para representarmos o Chevrolet C1410 Ambulância “EB22-3516”, empregamos um modelo em die cast produzido pela Axio para a editora Altaya na escala 1/43. Fizemos uso deste artificio por não existir um kit deste veiculo no mercado. Para compormos a versão ambulância empregada pelo Exército Brasileiro, desmontamos o modelo e preparamos para a pintura nas cores padrão do EB. Após a pintura remontamos o mesmo e fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set "Exército Brasileiro 1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em suas ambulâncias, modelos utilitários e viaturas policiais. No caso especifico das ambulâncias as alterações no padrão de identificação se resumiram as dimensões aplicadas na cruz vermelha. Já nas versões utilitárias o verde oliva predominou em todo o período de emprego, recebendo apenas a inclusão do brasão da Exército Brasileiro a partir de 1983.