História e Desenvolvimento.
Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz revolucionaram a história da mobilidade ao desenvolverem, de forma simultânea, os primeiros automóveis motorizados funcionais. Suas contribuições pioneiras não se limitaram aos automóveis, abrangendo também a criação do primeiro ônibus, do primeiro caminhão movido a gasolina e do primeiro caminhão a diesel, marcos que transformaram a indústria automotiva global. Em abril de 1900, foi introduzido o motor “Daimler-Mercedes”, um propulsor simples, eficiente e de baixo custo, que viabilizou a produção em série dos primeiros veículos comerciais, consolidando a reputação de inovação da empresa. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Daimler-Motoren-Gesellschaft (DMG) desempenhou um papel crucial no esforço de guerra alemão, fabricando veículos, componentes e motores de aviação. Contudo, o fim do conflito mergulhou a Alemanha em uma grave crise econômica, impactando severamente as vendas de veículos novos. Nesse cenário desafiador, apenas empresas com solidez financeira conseguiram sobreviver. Para enfrentar a crise, a DMG e a Benz & Cie uniram forças em 1926, combinando administração e expertise tecnológica, padronizando projetos, processos produtivos e estratégias comerciais. Embora inicialmente mantivessem suas marcas distintas, a fusão culminou na criação da Daimler-Benz AG, que adotou a icônica estrela de três pontas como logotipo, desenhada por Gottlieb Daimler. Cada ponta simbolizava a adaptabilidade dos motores da empresa aos três modais de transporte: terra, ar e mar. Na década de 1930, a recuperação econômica da Alemanha, aliada às demandas do programa de rearmamento do governo, impulsionou significativamente as vendas da Daimler-Benz. A empresa expandiu seu portfólio, passando a produzir não apenas automóveis e caminhões, mas também motores aeronáuticos, embarcações e componentes mecânicos, tornando-se um dos principais fornecedores estratégicos do regime nazista. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as instalações industriais da Daimler-Benz, severamente danificadas por bombardeios, foram reconstruídas com o apoio de forças britânicas e norte-americanas, em um esforço para revitalizar a economia alemã. A reconstrução do país, devastado pelo conflito, gerou uma demanda crescente por veículos utilitários de diversos portes. Nesse contexto, a Daimler-Benz identificou uma oportunidade singular de mercado, consolidando sua posição como líder na produção de veículos, como os caminhões Mercedes-Benz MB L-319, que seria oferecido em diversas configurações, incluindo caminhões de carga, furgões, chassis para ônibus e veículos especializados, o que o tornava extremamente versátil. O sucesso do MB L-319 no mercado Europeu deu origem à família de caminhões LP (Lastkraftwagen-Pulmann), que incluía modelos derivados com capacidades e configurações variadas, que atenderiam às necessidades de transporte e logística de uma nação em recuperação.
Após o sucesso comercial de seus caminhões desenvolvidos na década de 1930, a Daimler-Benz AG obteve os recursos necessários para explorar novos segmentos de mercado, destacando-se a oportunidade no nicho de caminhões leves projetados para operar em qualquer terreno. No outono de 1945, Albert Friedrich, ex-chefe de design de motores de aeronaves da Daimler-Benz, idealizou um veículo robusto para uso agrícola, combinando características de trator e caminhão. Ele formou uma parceria com a Erhard und Söhne, uma empresa de siderurgia, para desenvolver o projeto. O objetivo era criar um veículo com tração nas quatro rodas, capaz de operar em terrenos difíceis, alcançar até 50 km/h (o dobro dos tratores da época) e suportar implementos agrícolas na dianteira e traseira, além de carregar cargas. Neste contexto o desenvolvimento do veículo incorporou tração traseira e tração dianteira comutável, com rodas de tamanho uniforme, permitindo maior velocidade em estradas em comparação aos tratores agrícolas convencionais. O design foi marcado por um chassi de escada flexível com saliências curtas, complementado por eixos de portal com tubo de torque central e links transversais. Essa configuração posicionava os pneus abaixo do centro do eixo, garantindo elevada distância do solo sem a necessidade de pneus de grandes dimensões, embora isso limitasse a capacidade de carga do veículo. A inovação no projeto permitiu um torque robusto, possibilitando um deslocamento angular do eixo de até 30°. Essa característica conferia aos pneus uma ampla gama de movimento vertical, permitindo ao veículo transpor terrenos extremamente irregulares, como pedregulhos de até um metro de altura, com conforto e estabilidade. A largura de 1,27 m foi projetada para corresponder à distância entre fileiras de batatas, refletindo sua vocação agrícola. Nesse momento, nasceu o conceito do “Veículo de Aplicação Universal”, com o primeiro protótipo, contudo ainda fazia uso de um motor a gasolina, com 25 vc de potencia, uma vez que o motor a diesel estava em fase final de desenvolvimento. Em 1947, o motor diesel OM 636 da Daimler-Benz foi incorporado, e a produção em série começou em 1948 pela Boehringer, já que a Daimler-Benz estava inicialmente impedida pelos Aliados de produzir veículos off-road. Em 20 de novembro do mesmo ano, seu nome comercial ‘Unimog” representando o acrônimo em alemão para "Universal-Motor-Gerät" que poderia ser interpretado em um contexto geral como dispositivo, máquina, instrumento, engrenagem e aparelho, criado por Hans Zabel foi oficialmente apresentado ao mercado durante a feira agrícola DLG em Frankfurt, onde o veículo recebeu 150 encomendas.

A produção em série do Veículo de Aplicação Universal, conhecido como Unimog, estava programada para iniciar em abril de 1947 na planta industrial da Boehringer Ingelheim na Alemanha . Essa decisão decorreu de dois fatores principais: a Erhard & Söhne GmbH, parceira no desenvolvimento, não possuía no momento a capacidade produtiva suficiente à época, e a Daimler-Benz AG enfrentava restrições impostas pelos Aliados no pós-guerra, que a impediam de fabricar veículos fora de estrada. Cumprindo o cronograma estabelecido, em maio de 1947, os primeiros Unimogs equipados com o confiável motor a diesel Daimler-Benz OM636 de 25 hp começaram a ser comercializados no mercado alemão. O Unimog rapidamente conquistou a confiança de agricultores, destacando-se por sua versatilidade e robustez em ambientes rurais. Suas qualidades excepcionais contribuíram significativamente para o aumento da produtividade agrícola na Alemanha, em um período crucial de reconstrução pós-guerra. Em 1951, com o fim das restrições aliadas, o Unimog passou a ostentar a estrela de três pontas da Mercedes-Benz, e a produção foi ampliada agora na planta de Gaggenau, e passaria ser incluso no portifólio de sua rede de distribuição global. Essa transição permitiu a expansão da distribuição para mercados internacionais, impulsionando significativamente as vendas. Ao longo de sua primeira década, o Unimog passou por contínuas melhorias, evoluindo do modelo inicial Boehringer Unimog 70200, um caminhão agrícola com teto de lona, para versões mais sofisticadas. Em 1953, a série 401/402 introduziu opções de cabine fechada e aberta, produzidas pela Westfalia. Um marco nessa trajetória foi o lançamento da série S-404 em 1955, que introduziu uma maior distância entre eixos e um motor mais potente, ampliando sua versatilidade. Essa plataforma também serviu como base para a primeira variante militar moderna, projetada para reforçar sua capacidade de operação em terrenos desafiadores, característica essencial para aplicações militares. Embora o Unimog não tenha sido concebido originalmente para fins militares, sua produção foi autorizada pelos Aliados sob a condição de que o veículo seria destinado exclusivamente a uso civil, especialmente agrícola. Essa restrição reflete o contexto do pós-guerra, mas não impediu que o Unimog se tornasse um ícone de inovação, combinando funcionalidade e adaptabilidade, e deixando um legado duradouro tanto no setor agrícola quanto, posteriormente, em aplicações militares. Em 1955, o Unimog S 404, projetado para uso militar, tornou-se um marco, com maior distância entre eixos e capacidade off-road excepcional. Esse modelo foi amplamente adotado por forças armadas, como as da Alemanha, França e Suíça, devido à sua robustez e versatilidade, permanecendo em produção até 1980. Durante esse período, o Unimog também ganhou melhorias, como motores mais potentes (de 25 cv para até 30 cv na série 411 em 1956) e transmissão sincronizada a partir de 1959.
A partir de meados da década de 1950, o Unimog, originalmente concebido como um veículo agrícola versátil, começou a trilhar um novo caminho, consolidando-se como uma ferramenta indispensável no âmbito militar. Essa transição marcou um capítulo significativo na história desse ícone da engenharia automotiva, cuja robustez e adaptabilidade conquistaram a confiança de exércitos em todo o mundo. Em 1956, o Exército Suíço (Schweizer Armee) reconheceu o potencial do Unimog ao adquirir 44 unidades do modelo 70200, destinadas ao uso como tratores de engenharia de combate. O desempenho excepcional dessas máquinas em terrenos desafiadores impressionou as autoridades suíças, que, entusiasmadas, encomendaram mais de 500 unidades do modelo Unimog 2010. Esses veículos permaneceram em serviço até 1989, evidenciando a durabilidade e a confiabilidade que se tornariam sinônimos da marca Unimog. Na mesma década, durante o período de ocupação aliada na Alemanha pós-guerra, oficiais do Exército Francês (Armée de Terre) observaram de perto o desempenho operacional dos primeiros modelos do Unimog. Fascinados por sua versatilidade, os franceses conduziram estudos detalhados que culminaram, em 1957, na aquisição de mais de cem unidades dos modelos U-2010 e U-401. Esse contrato de exportação não apenas ampliou a presença do Unimog no mercado internacional, mas também chamou a atenção dos comandantes do Exército Alemão (Deutsches Heer). Por meio do comando das Forças Armadas (Bundeswehr), a Alemanha solicitou à Daimler-Benz o desenvolvimento de uma versão especificamente militarizada. O desafio era claro: criar um caminhão compacto, com capacidade de carga de 1,5 toneladas, capaz de transportar de 10 a 12 soldados totalmente equipados e atingir velocidades de até 90 km/h em terrenos regulares. Em resposta, a Daimler-Benz apresentou, em 1958, o Unimog 404, também conhecido como Unimog S. Após rigorosos testes de campo, o modelo foi aprovado e rapidamente se tornou um padrão entre os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Entre 1955 e 1980, mais de 60 mil caminhões Unimog foram entregues, consolidando o modelo como um marco em veículos militares. Em 1962, a introdução do Unimog 406 marcou o início de uma nova geração de veículos, composta pelos modelos 403, 406, 413, 416, 419, 421, 426 e 431. Disponíveis com três diferentes distâncias entre eixos (2.380 mm, 2.900 mm e 3.400 mm), esses modelos foram equipados com os confiáveis motores a diesel de injeção direta OM 314 e OM 352, com potências variando entre 54 DIN-PS (40 kW) e 110 DIN-PS (81 kW). As versões mais leves, 421 e 431, compartilharam a motorização e o design de chassi da série 411, enquanto adotavam a cabine da série 406, garantindo maior conforto e funcionalidade.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A história de colaboração entre a Mercedes-Benz do Brasil S/A e as Forças Armadas Brasileiras começou a ser escrita em maio de 1959, com a assinatura de um marco histórico: o primeiro contrato para o fornecimento de caminhões militarizados, modelos MB LP-321 e MB LP-331, equipados com tração 4x2 e 4x4. Esse acordo inicial abriu as portas para uma relação de confiança e sinergia que, ao longo das décadas, se estenderia ao Exército Brasileiro, à Marinha do Brasil e à Força Aérea Brasileira (FAB). Nos anos seguintes, mais de mil veículos foram entregues, atendendo às necessidades logísticas das três forças com notável eficiência e robustez, solidificando a reputação da Mercedes-Benz como parceira indispensável. Embora os modelos MB LP-321 e LP-331 com traçao 4X2 e 4X4 tenham desempenhado suas funções com competência, suas limitações operacionais, decorrentes de um projeto que já se tornava obsoleto, começaram a se manifestar no contexto militar. A ausência de opções nacionais que atendessem às demandas por veículos especializados, equipados com carrocerias específicas para tarefas como combate a incêndios ou operações táticas, levou o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar soluções no mercado internacional de defesa. Esse movimento marcou o início de uma nova fase na modernização da frota da Força Aérea Brasileira (FAB), com o Unimog emergindo como protagonista. Em 1959, o comando de material do Ministério da Aeronáutica iniciou estudos para a aquisição de um lote de caminhões configurados como veículos bombeiros, destinados a substituir modelos obsoletos herdados da Segunda Guerra Mundial. Após uma análise detalhada das opções disponíveis no mercado nacional, ficou evidente que os veículos produzidos localmente não atendiam às especificações exigidas para operações em bases aéreas. Assim, a Força Aérea Brasileira (FAB) voltou sua atenção para fabricantes europeus, e a proposta da Mercedes-Benz AG destacou-se com o modelo Unimog Série S-404 na configuração bombeiro. As negociações culminaram na celebração de um contrato para o fornecimento de trinta caminhões Unimog S-404, com entregas iniciadas em meados de 1962. O desempenho excepcional desses veículos em operações reais logo conquistou elogios dos operadores, que reconheceram sua robustez, versatilidade e capacidade de atuar em condições adversas. Esse sucesso inicial abriu caminho para a aquisição de novos lotes nos anos seguintes, agora contemplando configurações adicionais, como Posto de Controle de Rádio, Posto de Radar e transporte de pessoal. Esta última versão foi especialmente destinada aos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BInfA), reforçando a capacidade operacional da Força Aérea Brasileira (FAB) em missões táticas e de apoio. Durante a década de 1980, a FAB intensificou o uso do Unimog, adquirindo novos lotes nas versões bombeiro e de transporte geral. Esses veículos tornaram-se peças-chave em bases aéreas, onde sua capacidade de operar em terrenos difíceis e sua adaptabilidade a diferentes funções foram fundamentais. Os Unimogs permaneceram em serviço ativo até 2008, desempenhando papéis cruciais em operações logísticas, combate a incêndios e apoio às atividades de vigilância e segurança aérea.
O desempenho excepcional dos modelos Unimog S-400 e S-404, especialmente em terrenos fora de estrada, quando empregados pelos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BInfA), despertou o interesse do comando da Diretoria de Material do Exército Brasileiro. Essa confiança inicial pavimentou o caminho para a integração do Unimog às operações do Exército, marcando uma parceria duradoura com a Mercedes-Benz. Em 1967, após negociações conduzidas com agilidade e precisão, o Exército Brasileiro celebrou um contrato para a aquisição de vinte caminhões Unimog na configuração básica de transporte de carga e pessoal. Esses veículos foram entregues no início daquele ano e destinados ao 22º Batalhão Logístico Leve (2ª Cia L Mnt) – Batalhão Coronel Amadeu de Paula Castro, sediado em Barueri, São Paulo. A robustez e a capacidade off-road do Unimog rapidamente se provaram em operações, conquistando a confiança dos militares que dependiam de sua versatilidade para cumprir missões em terrenos desafiadores. O sucesso inicial levou à ampliação da frota. No ano seguinte, em 1968, mais quarenta caminhões Unimog foram incorporados, distribuídos entre batalhões de logística e infantaria do Exército. A performance excepcional desses veículos, capaz de operar em condições extremas, culminou na encomenda de novos lotes, agora destinados aos Grupos de Artilharia de Campanha de Selva (GAC Sl). Nessas unidades, os Unimogs assumiram a crucial tarefa de tracionar e transportar morteiros pesados de 120 mm, demonstrando sua capacidade de suportar cargas exigentes em ambientes como a Amazônia, onde a mobilidade é um desafio constante. Na década de 1980, o Unimog continuou a se destacar como peça-chave nas operações do Exército Brasileiro. Em 1980, mais oitenta unidades foram adquiridas para equipar os Grupamentos de Artilharia Leve de Campanha (GAC L). Nessas unidades, os Unimogs foram responsáveis por tracionar os modernos obuseiros leves Oto Melara M-56 de 105 mm, reforçando a capacidade de mobilidade e resposta rápida das forças de artilharia. A habilidade do Unimog de operar em terrenos acidentados e sua durabilidade sob condições intensas de uso solidificaram sua reputação como um veículo indispensável. Em 1992, o Exército Brasileiro deu um passo significativo rumo à modernização de suas comunicações com a implementação do Sistema Tático de Comunicações (SISTAC). Esse sistema, projetado para apoiar o comando e controle de tropas em operações, exigia veículos capazes de transportar shelters equipados com uma rede integrada de comunicação digital multisserviços. Esses shelters proporcionavam serviços de voz e dados, em claro e criptografados, além de interfaces com redes externas e sistemas de rádio convencionais. Para essa missão crítica, o Unimog 100L/38 foi selecionado, destacando-se por sua robustez e capacidade de operar em ambientes operacionais complexos. A partir de 1998, os Unimogs 100L/38 começaram a equipar o 1º Batalhão de Comunicações, localizado em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Durante a década de 1990, o modelo Unimog 1300L/38 tornou-se o mais comum da família em serviço no Exército Brasileiro, consolidando sua presença em diversas unidades devido à sua versatilidade e confiabilidade. Em 2010, um lote final de seis unidades foi incorporado ao 1º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (GAC Sl), baseado em Marabá, Pará. 

No final da década de 1980, a Marinha do Brasil consolidou-se como o terceiro pilar das Forças Armadas Brasileiras a integrar a família Unimog em suas operações, marcando um capítulo significativo na história desse veículo icônico. Esse processo teve início com a abertura de uma concorrência destinada à aquisição de mais de cem caminhões leves com tração 4x4, projetados para atender às necessidades do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Entre as diversas propostas apresentadas, a da Mercedes-Benz AG destacou-se, refletindo a liderança global da montadora no segmento de veículos off-road. Em 1989, foi celebrado um contrato para o fornecimento de 148 caminhões Unimog, configurados em versões variadas para atender às demandas operacionais do CFN. Os modelos adquiridos incluíam Transporte Não Especializado (TNE), TNE com guincho, Transporte Especializado (TE) Frigorífica, Munk (guincho hidráulico), Cisterna Água, Cisterna Combustível e Especial Socorro. Todos compartilhavam a robusta plataforma do Unimog U2150, equipada com o confiável motor diesel MB OM 366 LA, de seis cilindros em linha, com injeção direta, turbocompressor e refrigeração a ar. Essa configuração garantia não apenas potência, mas também a durabilidade necessária para enfrentar os desafios impostos pelas operações dos Fuzileiros Navais. Em dezembro de 1999, o primeiro lote de 39 viaturas Unimog foi recebido, com as unidades restantes entregues em lotes subsequentes até 2003. Essas Viaturas Operativas 5 Toneladas 4x4 tornaram-se rapidamente indispensáveis, desempenhando papéis cruciais como meios de apoio ao combate e de serviços de suporte. Sua versatilidade conferiu mobilidade essencial aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, permitindo o transporte eficiente de tropas, equipamentos e suprimentos em terrenos variados, desde áreas urbanas até regiões de difícil acesso. A presença do Unimog no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) reforçou a capacidade operacional da Marinha, garantindo que os Fuzileiros Navais estivessem preparados para responder com agilidade e eficiência às mais diversas missões. A robustez do veículo, aliada à sua capacidade de operar em condições adversas, tornou-o um parceiro confiável para os militares que dependiam de sua performance em situações críticas. Um dos momentos mais marcantes da história do Unimog no CFN foi sua participação na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), iniciada em 2004 sob a liderança da Organização das Nações Unidas (ONU). Após receberem no Brasil o esquema de pintura com marcações das forças de paz da ONU, cerca de 40 caminhões Unimog, nas configurações Transporte Não Especializado (TNE), Cisterna Água e Cisterna Combustível, foram enviados ao Haiti. Esses veículos destacaram-se pela sua capacidade de operar nas estreitas ruas da periferia de Porto Príncipe, onde seu porte compacto e tração 4x4 foram fundamentais para garantir mobilidade em um ambiente urbano desafiador. Os Unimogs alocados à MINUSTAH operaram em um sistema de rodízio, com veículos sendo enviados ao Brasil para manutenções de grande porte e substituições, garantindo a continuidade das operações. Sua performance em terreno haitiano recebeu elogios unânimes, destacando-se como um pilar logístico que apoiou as tropas brasileiras em suas missões de paz, desde o transporte de suprimentos até o fornecimento de água e combustível em áreas de conflito.
O desempenho excepcional dos caminhões Unimog U2150 e U1300L no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil consolidou a confiança na família Unimog como um pilar de mobilidade e suporte operacional. Em 2010, a Marinha efetivou a aquisição de 150 novos veículos, divididos entre os modelos Unimog 4000 e Unimog 2450L com tração 6x6, este último configurado como Veículo de Socorro sob Rodas. Essa aquisição reforçou a capacidade do CFN de responder com agilidade e eficiência às demandas de suas forças de deslocamento rápido, marcando mais um capítulo na história de parceria entre a Marinha e a Mercedes-Benz. As quatro viaturas Unimog 2450L destacaram-se por sua configuração avançada, equipadas com o moderno motor diesel MB OM 336 LA Turbo, de 240 hp, combinado a uma transmissão UG 3/65 completamente sincronizada, com oito marchas à frente e oito à ré. A suspensão independente nas seis rodas, eixos rígidos com versão pórtico (contramarcha de roda), bloqueadores diferenciais em todos os eixos, molas helicoidais e amortecedores garantiam desempenho excepcional em terrenos desafiadores. O sistema de acionamento dos eixos traseiros, com diferencial longitudinal, e do eixo dianteiro, com bloqueio longitudinal e transversal conectável em movimento, conferia versatilidade operacional única. Complementando essas características, as viaturas contavam com um sistema hidráulico de guincho e guindaste, integrados a uma carroceria metálica fabricada pela renomada Fahrzeugwerk Bernard Krone GmbH & Co., da Áustria, especializada na conversão de versões militares do Unimog. No Corpo de Fuzileiros Navais, os Unimogs, especialmente na configuração de Veículo de Socorro sob Rodas, tornaram-se fundamentais para o apoio às forças de deslocamento rápido. Sua missão principal era o resgate e a manutenção de viaturas em operações, garantindo a continuidade das missões em cenários exigentes. A robustez e a capacidade off-road desses veículos asseguraram um elevado índice de disponibilidade, permitindo que o CFN respondesse prontamente a qualquer eventualidade, desde operações em áreas urbanas até missões em terrenos acidentados, como os encontrados em regiões de fronteira ou na Amazônia. A aquisição dos Unimogs trouxe vantagens significativas para a logística do CFN, simplificando o transporte de equipamentos, o resgate de veículos avariados e o suporte às operações táticas. Para os Fuzileiros Navais, esses caminhões não eram apenas ferramentas, mas aliados confiáveis que fortaleciam a capacidade de projeção de força e a prontidão operacional, refletindo o compromisso da Marinha com a excelência em suas missões. Apesar do sucesso operacional, a natureza importada dos Unimogs trouxe desafios logísticos, particularmente relacionados à importação de peças de reposição de uso frequente. Atrasos nesses processos impactavam os índices de disponibilidade da frota, uma preocupação compartilhada pelas três Forças Armadas Brasileiras, que também operavam o Unimog naquele período.

Reconhecendo a necessidade de uma solução sustentável, em 2016, o Centro de Coordenação da Marinha (CCEMSP) lançou um programa inovador de nacionalização de componentes, em parceria com indústrias automotivas brasileiras. Um dos focos principais desse programa foi o sistema de freios, especificamente discos e pastilhas, que anteriormente dependiam do exclusivo padrão militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A produção nacional desses componentes trouxe benefícios significativos, reduzindo o tempo de aquisição, aumentando a flexibilidade logística e diminuindo os custos de manutenção. Essa iniciativa não apenas resolveu um gargalo crítico, mas também reforçou a autonomia do Brasil na manutenção de sua frota militar, garantindo maior prontidão operacional. O envelhecimento natural da frota de caminhões Unimog nas Forças Armadas Brasileiras, ao longo das décadas, trouxe desafios significativos para a manutenção da capacidade operacional no segmento de veículos especializados. A redução gradual da disponibilidade desses veículos, devido ao desgaste e à obsolescência, impactou a prontidão das forças, exigindo soluções inovadoras para atender às demandas logísticas e táticas. No início da década de 2010, o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil buscaram alternativas para mitigar esse problema, adotando medidas paliativas que incluíram a aquisição de caminhões militarizados produzidos nacionalmente pela Mercedes-Benz e pela Volkswagen. No Exército, essa transição resultou na desativação de grande parte da frota Unimog, com muitas unidades sendo leiloadas e adquiridas por colecionadores e entusiastas, que reconheceram o valor histórico e técnico desses veículos icônicos. Enquanto o Exército Brasileiro gradualmente substituiu seus Unimogs, a Marinha do Brasil optou por reforçar sua frota com uma nova aquisição, reafirmando a confiança na versatilidade e robustez da família Unimog. Em 24 de novembro de 2020, a Marinha formalizou um contrato com a Daimler Truck AG, da Alemanha, para a compra de 90 caminhões Unimog 5000, com entregas previstas em sete lotes, a serem concluídas até 2027. Cada lote foi acompanhado por peças sobressalentes, literatura técnica e programas de treinamento para os militares do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), garantindo a plena integração e manutenção das viaturas. Esses Unimogs, considerados o estado da arte em veículos militares, foram projetados para operar em qualquer terreno, com destaque para sua adequação às operações anfíbias, uma capacidade essencial para as missões do CFN. Os Unimogs 5000 adquiridos pela Marinha foram configurados em versões específicas para atender às diversas necessidades operacionais, incluindo transporte de tropas e material, cisternas de água e combustível, munk frigoríficas e basculantes. Sua robustez e capacidade off-road tornaram-nos aliados indispensáveis para as operações anfíbias, permitindo o transporte eficiente de suprimentos e pessoal em ambientes desafiadores, desde áreas urbanas até terrenos alagados ou acidentados. Em janeiro de 2022, as primeiras 12 viaturas foram recebidas, com cinco delas destinadas ao Sistema Integrado de Comando e Controle da Marinha do Brasil (SIC2MB). Essas unidades desempenham um papel crucial como plataformas para atividades de Guerra Eletrônica (GE) e de Comando e Controle (C2), integrando o programa estratégico ProAdsumus. Esse programa visa fortalecer a capacidade expedicionária da Marinha, ampliando as competências da Brigada Anfíbia, nucleada na Força de Fuzileiros da Esquadra, além de apoiar os Batalhões de Operações Ribeirinhas, os Grupamentos de Fuzileiros Navais e os Batalhões de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica. A presença dos Unimogs no SIC2MB reforça a capacidade da Marinha de coordenar operações complexas, garantindo comunicação segura e mobilidade tática em cenários exigentes. Embora a frota de Unimogs no Exército Brasileiro tenha sido reduzida, algumas unidades permanecem em operação, especialmente em missões especializadas onde sua versatilidade ainda é valorizada.
Em Escala.
Para representarmos o Unimog U-1300L "CFN 34324886” fizemos uso do kit Revell na escala 1/35, modelo este de boa qualidade, onde somente apresentamos ressalva aos pneus que são em borracha e devem ser substituídos por similares em resina. Empregamos decais presentes no set " Forças Armadas Brasileiras" impressos pela Decals e Books em conjunto com decais produzidos pela Eletric Products, para assim compor este padrão de identificação representado no modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura dos veículos empregados nas missões das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), como este padrão sendo removido após o retorno dos veículos ao Brasil. Cada uma das três forças armadas brasileiras aplicou em sua frota de caminhões Unimogs, esquemas de pintura táticos idênticos aos utilizados em seus veículos de transporte.
Bibliografia :
- Unimog - Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Unimog
- Unimog - Alle Modelle Seit 1948 - Peter Schneider - Ed Motor Buch Verlag
- Unimog no Corpo de Fuzileiros Navais - Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/U2450L.pdf
- PROADSUMUS - Marinha do Brasil adquire novas viaturas para o CFN - https://www.defesanet.com.br/
- Marinha recebe novos Unimog – Tecnologia & Defesa https://tecnodefesa.com.br/