Renault FT-17 Carro Combate Leve

História e Desenvolvimento.
Em 15 de setembro de 1916, um tanque de guerra seria usado pela primeira vez na história militar em uma frente de batalha, no norte da França.  O primeiro modelo deste tipo a entrar em serviço pertencia ao modelo inglês Mark I, levado para combate pelo Capitão H. W. Mortimore da Marinha Real Britânica para Delville Wood durante a batalha do Somme. Neste cenário alemães e aliados enfrentaram-se durante semanas numa frente de combate com mais de quarenta quilômetros de extensão. Nesta mesma manhã, os alemães aguardavam os costumeiros ataques das tropas inglesas de infantaria. Para surpresa geral, no lugar de combatentes, surgiram à distância o que alguns soldados acreditaram tratar-se de tratores, estes novos veículos desencadeariam a situação mais fatídica ocorrida até então numa frente de combate. Os "monstros" superavam obstáculos, em função dos quais milhares de soldados tinham morrido antes. Armas, trincheiras ou cercas de arame farpado, nada conseguia deter os poderosos blindados. Os primeiros “tanques de guerra” eram no consideravelmente lentos, perfazendo apenas seis quilômetros por hora, além de serem bastantes difíceis de manobrar. Dos quarenta e nove tanques de guerra da primeira geração envolvidos nas primeiras batalhas, poucos retornariam a seus postos de origem. Grande parte deles seria abandonada no caminho em função de panes no motor ou na esteira de rodagem ou acabou atolada em algum buraco ou lamaçal profundo. Nove tanques foram destruídos corajosamente pelo Exército Imperial Alemão nesta primeira fase. Neste contexto a França se destacaria no desenvolvimento e produção de carros de combate, este programa seria supervisionado pelo coronel Jean-Baptiste Eugène Estienne. e em um dado momento em julho de 1915 se reuniria com Louis Renault, visando que a montadora projetasse um novo modelo baseado no trator Holt. inicialmente esta empresa recusou a demanda, com os argumentos que sua empresa estava operando a plena capacidade na produção de componentes e armamentos bélicos e que também não detinha experiência em veículos de lagarta. Assim Estienne levaria seus planos para a empresa Schneider, culminando no nascimento do primeiro carro de combate operacional moderno francês o Schneider CA, com estes sendo empregados em combate na frente ocidental pela primeira vez a 16 de abril de 1917.

Embora Louis Renault, tenha recusado a ideia inicial, ele ficaria intrigado com a temática, iniciando os primeiros estudos visando a elaboração de um projeto de um tanque leve, que deveria atender a primícia básica de ser relativamente simples de produzir. Avaliando o cenário da época, ele concluiria que os motores existentes não tinham a relação potência peso necessária para permitir que veículos blindados transpassassem com sucesso as trincheiras, buracos de projéteis e outros obstáculos. Assim desta maneira seria autoimposta, uma limitação de sete toneladas para este veículo. Em julho de 1916, o coronel Jean-Baptiste Eugène Estienne se reuniria novamente com o empresário, pois passava a compactuar da ideia de que carros de combate menores e mais leves, poderiam sobrecarregar os defensores de maneiras mais eficazes que os tanques maiores e mais pesados, o que ia de encontro com projeto em desenvolvimento. Embora esse apoio tenha se mostrado crítico, Louis Renault lutaria com afinco para obter a aceitação de seu projeto por parte do Ministro de Munições Albert Thomas e do alto comando francês. Semanas depois, após um extenso trabalho de convencimento lhe seriam concedidos a permissão e os recursos para a construção de um único protótipo. Trabalhando com seu talentoso designer industrial Rodolphe Ernst-Metzmaier, a Renault procurou trazer suas teorias à realidade. A fim de se atender as demandas de desempenho, seria desenvolvido um novo grupo propulsor, o modelo Renault 4 cilindros de 4.5 litros refrigerado a água com 32 hp de potência, com este sendo projetado para funcionar normalmente sob qualquer inclinação, operando normalmente em declives muito íngremes, levando o veículo a transpassá-los, sem perda de potência. A fim de proporcionar uma ventilação interna eficaz para a tripulação, seria instalado um ventilador no radiador do motor, puxando o ar através do compartimento da frente do tanque e forçando o para fora através do compartimento do motor traseiro. O design resultante definiu o padrão para todos os carros de combate futuros. Embora torres totalmente giratórias tenham sido usadas em uma variedade de carros blindados franceses, este seria o primeiro tanque a incorporar esse recurso. Isso permitiu que o tanque menor utilizasse totalmente uma única arma, em vez de precisar de várias armas montadas com campos de tiro limitados. Seria equipado normalmente com um canhão Puteaux SA18 de 37 mm ou uma metralhadora Hotchkiss de 7,92 mm.
Este projeto também estabeleceria o precedente de alocação do motorista, o posicionando na parte frontal do veículo e seu grupo propulsor na traseira. A somatória destas criativas soluções de engenharia, faria que este novo carro de combate se afastasse radicalmente dos projetos franceses anteriores, como o Schneider CA1 e o St. Chamond, que eram pouco mais que tratores em caixas blindadas. Os ensaios de campo com o protótipo começariam em abril de 1917, e os resultados obtidos levariam ao refinamento do projeto durante a segunda metade de 1917, com o modelo recebendo a designação oficial de Renault FT-17. Apesar das promissoras qualidades identificadas no programa de avaliação, este carro de combate encontraria uma série de dificuldades iniciais para que sua produção em larga escala fosse aprovada. Este entrave se dava, pois neste período, muitos dos oficiais franceses ainda ponderavam se muitos tanques leves seriam preferíveis e efetivos quando comparados aos resultados de menos tanques superpesados. Novamente o apoio do coronel Jean-Baptiste Eugène Estienne seria de vital importância, enviando ao comandante francês um memorando pessoal propondo a adoção imediata e a fabricação em massa do modelo. Um primeiro contrato seria celebrado, e até o final de 1917 um total de oitenta blindados seriam produzidos e entregues para o Exército Frances (Armée de Terre). Sua produção seria acelerada no início do ano seguinte, com o novo blindado passando a dotar cada vez mais unidades, principalmente na frente ocidental. Seu batismo de fogo ocorreria no dia 31 de maio de 1918 a leste da Floresta de Retz, em  Chaudun, entre Ploisy e Chazelles, durante a Segunda Batalha do Marne, contribuindo  decisivamente junto ao 10º Exército na desaceleração da investida alemã em Paris.  A partir desta experiencia, um número cada vez maior dos Renault FT-17 passaria a ser empregado em conjunto com os modelos mais antigos e pesados como os tanques Schneider CA1 e Saint-Chamond, representando assim as bases da motomecanizaçao do combate. Como a guerra havia se tornado um conflito de alta mobilidade, os Renault FT-17 por serem leves, eram frequentemente transportados em caminhões pesados e reboques especiais em vez das vulneráveis plataformas ferroviárias, a exemplo do ocorrido em grande escala durante a Ofensiva dos Cem Dias, entre agosto e novembro de 1918.

Quando os Estados Unidos entraram na guerra, em abril de 1917, seu exército não dispunha de carros de combate blindados, e decidiu-se que a maneira mais rápida de equipar as forças norte-americanas, era a de conceder a licença para produção em seu país. Assim seria desenvolvida uma versão customizada que receberia a designação de M-1917, que deveria ser produzida em regime de urgência na ordem de mais de quatro mil veículos. Porém este planejamento esbarraria na baixa disponibilidade ociosa das linhas de produção da indústria norte-americana, que já estavam empenhadas no esforço de guerra, este fator levaria a suspensão deste programa. A fim de se atender a esta demanda, o governo francês cederia em regime de comodato ao governo dos Estados Unidos, um total de cento e quarenta e quatro carros Renault FT-17. Este seriam suficientes para a dotação completa de dois batalhões, porém nenhum destes entraria em combate junto as Força Expedicionária Americana - AEF (American Expeditionary Force) até o término do conflito. A partir do final do ano de 1917, os aliados tencionavam aumentar expressivamente sua frota de carros de combate, neste aspecto a expectativa francesa englobava dispor no curto prazo de mais de doze mil tanques FT-17 (incluindo os norte-americanos M-1917), antes do final de 1919, porém e função do término do conflito em novembro de 1918, este número nunca seria atingido. Amplamente empregados pelas forças aliadas, os Renault FT-17 participariam de mais de quatro mil combates, com setecentos e quarenta e seis sendo perdidos para a açao inimiga. Ao todo seriam entregues ao Exército Frances (Armée de Terre) antes do Armistício em 1918, um total de dois mil seiscentos e noventa e sete carros de combate deste modelo. Destes cerca da metade sairiam das linhas de montagem da Renault em Boulogne-Billancourt, perto de Paris, com o restante subcontratado para diversas empresas. No período pós-guerra os contratos pendentes de aquisição seriam reorganizados, muito em virtude dos excelentes resultados durante o conflito, com um total de sete mil duzentos e oitenta carros sendo distribuídos para a Renault (52%), Somua- Schneider & Cie (23%), Berliet (23%) e Delaunay-Belleville (8%), com a concordância prévia de Louis Renault, em renunciar aos royalties para todos os fabricantes franceses deste carro de combate.

A partir de meados de 1919 uma grande quantidade seria exportada, passando a equipar as forças armadas Bélgica, Brasil, Checoslováquia, Estônia, Finlândia, Irã, Japão, Lituânia, Holanda, Polônia, Romênia, Espanha, Suíça, Turquia, Uniao Soviética e Iugoslávia. E durante os anos seguintes se manteria como o esteio da força blindada do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os Renault FT-17 veriam açao real ainda em muitas ocasiões como Guerra Civil Russa, a Guerra Polaco-Soviética, a Guerra Civil Chinesa, a Guerra Rif, a Guerra Civil Espanhola e a Guerra da Independência da Estónia. Sua longevidade seria notória, com milhares de modelos permanecendo em serviço ativo nas unidades de primeira linha em diversos países até o final da década de 1930. No início do ano de 1940, o exército francês ainda dispunha de oito batalhões, cada um equipado com sessenta e três Renaut FT-17, além de três divisões independentes, cada uma com dez blindados, com uma força orgânica totalizando quinhentos e trinta e quatro veículos, todos equipados com metralhadoras. Além destes havia ainda uma grande quantidade mantida como reserva técnica. Os efeitos da devastadora campanha Blitzkrieg reduziria rapidamente a frota de modernos carros de combate franceses, levando a reativação os Renault FT-17 que se encontravam na reserva, porém pouco podiam fazer para deter o avanço alemão. Com a queda da França, o Exército Alemão capturaria mil e setecentos Reunault FT-17, com uma grande parte destes sendo redistribuídos em toda a Europa ocupada, para serem empregados na defesa de bases aéreas e campos de prisioneiros da Força Aérea Alemã (Luftwaffe). Pelo menos quinhentos destes seriam empregados pelas forças armadas francesas de Vichy dispostas no norte da África. Estes seriam empregados contra as forças norte-americanas e britânicas durante os desembarques decorrente da Operação Tocha no Marrocos e na Argélia no final do ano de 1942. No entanto não seriam páreo para os carros de combate M-3 Lee, M-3 Stuart e M-4 Sherman, sendo facilmente destruídos.

Emprego no Exército Brasileiro
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Ministério da Guerra enviaria a França em um processo de intercambio militar e educacional, o 1º Tenente de cavalaria José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, onde iniciaria seus estudos voltados as especialidades de motorização e mecanização na Escola de Carros de Combate de Versalhes. Posteriormente em abril de 1919, dentro deste programa seria designado para servir como observador junto ao 503ª Regimento de Artilharia de Carros-de-Assalto, onde teria a oportunidade de ter contato próximo junto a rotina operacional dos carros de combate Renault FT-17. Quando de seu retorno ao Brasil, a experiencia do Tenente José Pessoa geraria grande influência junto ao comando do Exército Brasileiro para a aquisição de carros de combate. Neste contexto sobre a influência política demandada por uma maior aproximação em temas militares entre os governos brasileiros e francês, seria definida a escolha pelo modelo Renault FT-17, muito embora o próprio capitão não achasse que este seria o modelo ideal de carro-de-combate para equipar a futura força blindada brasileira. Cabe ainda a ele ser o autor de um verdadeiro tratado sobre o desenvolvimento e emprego da arma blindada no teatro de operações europeu durante a Primeira Guerra Mundial, intitulado Os Tanks na Guerra Europeia (publicado em 1921 no Rio de Janeiro). Posteriormente, seria um dos idealizadores da AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) na cidade de Resende no Rio de Janeiro, também, o fundador do Centro de Instrução de Artilharia de Costa (transformado em escola em 1942). A negociação para a aquisição se daria antes da chegada dos primeiros representantes da Missão Militar Francesa, contratada para a modernização e restruturação das Forças Armadas Brasileiras. Atendendo ao cronograma previsto no contrato, em abril de 1920 seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, doze carros de combate Renault FT-17, novos de fábrica recém-saídos das linhas de produção da  Delaunay Belleville. Destes seis estavam configurados com a torre fundida Berliet armados com o canhão Puteaux de 37 mm e cinco com a torre octogonal rebitada Renault, armada com metralhadoras Hotchkiss de calibre 7 mm. E por fim um veículo de Telegrafia sem Fio – TSF, desprovido da torre giratória equipado com sistemas de comunicação para emprego em campo em conjunto com as forças de ataque.

Para operar estes novos veículos blindados de combate de forma efetiva, seria criada pelo Decreto 15.235, de 31 de dezembro de 1921, a Companhia de Carros de Assalto, baseada na Vila Militar, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. Desta forma o Exército Brasileiro ser tornaria o pioneiro no emprego da arma blindada na América do Sul, muito embora ela já se encontrasse operacional mesmo antes da sua formalização. No entanto esta nova companhia a apresentava algumas deficiências operacionais, conforme descrito no Boletim número 55 de 7 de dezembro de 1921, neste documento seu comandante o Capitão José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque informava diretamente ao Ministro da Guerra, que dispunha naquele momento de sete oficiais e cento e vinte e três praças (com metade deles em véspera de licenciamento), o que prejudicaria seriamente sua operacionalidade e efetividade bélica. É curioso ressaltar que estes carros de combate foram entregues ao Chefe da Missão Militar Brasileira em Paris em maio de 1919 e chegaram ao Brasil no início do ano seguinte, sendo então armazenados no 1º Regimento de Infantaria, no Rio de Janeiro, permanecendo lá até o dia 28 de setembro de 1921. Nesta data seriam disponibilizados ao Capitão José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que mediante o Boletim nª 223 de 01 de outubro iniciaria a organização da Companhia de Carros de Assalto. Porém apesar dos Renault FT-17 representarem uma novidade do âmbito do Exército Brasileiro, o blindado não teria uma boa receptividade entre os oficiais mais antigos. Esta reação negativa resultaria na criação de deficiências originarias deste problema de doutrina e falta de cultura de inovação junto as fileiras do Exército Brasileiro.  E ao que tudo indica estas nunca seriam sanadas, dificultando desta forma o emprego da Companhia de Carros-de-Assalto nas importantes crises políticas e militares que viriam ocorrer no Brasil durante as conturbadas décadas de 1920 e 1930. Em 3 de novembro de 1921, seria realizado o primeiro exercício de carros-de-combate, operando em conjunto com Aviação Militar do Exercito no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, na colina Boscosa, na Vila Militar, iniciando assim o embrião uma nova era operacional militar no pais. 
Em 3 de novembro de 1921, seria realizado o primeiro exercício de carros-de-combate, operando em conjunto com Aviação Militar no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, na colina Boscosa, na Vila Militar. Sua primeira aparição pública se daria em 25 de agosto de 1922, quando toda a Companhia se apresentou no Campo de São Cristóvão, Rio de Janeiro, ocasião em que recebeu o Pavilhão Nacional e foi aberta à visitação pública, gerando grande interesse por parte da população em conhecer a novidade chamada de “carros de combate”. Em registros fotográficos de época, observa-se sempre no máximo seis carros operacionais, nunca mais do que isso o que pode denotar uma frequente baixa disponibilidade. Sobre o modelo de Telegrafia Sem Fio (TSF), tudo indica que nunca foi totalmente operacional, tendo sido retirado do serviço ativo em 1925 e armazenado pelo menos até o ano de 1932. Seu primeiro emprego operacional real, ocorreria durante os eventos decorrentes da Revolução de 1924, quando a Companhia de Carros de Assalto, seria destacada para ocupar a cidade de São Paulo após a retirada das forças rebeldes. Em 18 de maio de 1925, o aviso nª 254, mudou a designação para Companhia de Carros-de-Combate, porém ainda o emprego dos Renault FT-17 ainda não havia conseguido motivar a oficialidade da Força Terrestre, com os carros de combate sendo negligenciados não só na operação, mas também nos processos de manutenção. Assim em 21 de janeiro de 1932, o Decreto nª 20.986, de 21 de janeiro de 1932, extinguiria oficialmente a Companhia de Carros-de-Combate; com seus veiculos em precário estado de conservação sendo transferidos para o Batalhão Escola de Infantaria. Meses mais tarde, estes seriam recolocados em operação para serem empregados em virtude da eclosão da Revolução Constitucionalista levada a cabo por São Paulo em 9 de julho. Vale ressaltar que alguns foram recuperados na Oficina Ferroviária de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde também modelo de Telegrafia sem Fio (TSF) seria incluso neste processo, porém estranhamente não seria reincorporado ao serviço ativo. Estes veículos, provavelmente meia dúzia deles, foram empregados separadamente ou em duplas, em alguns setores onde ocorreram combates entre tropas rebeldes e legalistas, sendo usados para manter pontes, atacar ninhos de metralhadoras e em locais montanhosos, como a divisa de Minas Gerais com São Paulo. Estes cenários de emprego, no entanto não eram apropriados para seu uso e desta forma não foram decisivos como instrumento para definir a superioridade e até mesmo garantir a vitória das forças legalistas naquele conflito.   

Em 1935, pelo Aviso nª 248, de 22 de abril, seria criada a Seção de Carros-de-Combate no Batalhão de Guardas, que aproveitaria os carros-de-combate existentes no Batalhão Escola de Infantaria. Também seria criada neste momento a Seção de Motomecanização no Estado-Maior do Exército, por influência direta do chefe da Missão Militar Francesa, General Paul Noel, o que sem dúvida representaria um grande avanço. Em um contexto geral a criação da Companhia de Carros-de-Assalto no Exército Brasileiro representaria uma tentativa isolada e pioneira do Capitão José Pessoa, porém infelizmente acabaria caindo no abandono, por falta de visão da velha oficialidade do Exército Brasileiro, e infelizmente não tendo continuidade. As motivações internas contrárias à sua sobrevivência da motomecanizado de combate serviriam de alerta, uma tendencia que deveria ser mudada evitando assim o atraso da doutrina operacional na Força Terrestre brasileira. Estes dogmas seriam habilmente contornados em nova oportunidade, quando, em 1938, o General Waldomiro Castilho de Lima, depois de ter observado o desenvolvimento das operações de guerra realizadas pelos italianos na Abissínia, voltaria a esta temática junto ao Ministério da Guerra. Assim seria decidido substituir os velhos carros-de-combate Renault FT-17, já obsoletos, por modernos carros de combate Fiat - Ansaldo CV-3/35 II, modelos operados com relativo sucesso, no terreno montanhoso em que se desenvolveu a Guerra Civil Espanhola e nas terras áridas da Etiópia. Assim as ideias iniciais do Capitão Jose Pessoa Cavalcante de Albuquerque, seriam retomadas com grande entusiasmo pelo Capitão Carlos Flores de Paiva Chaves, que culminaria na implantação da arma blindada no Brasil. Em 25 de maio de 1938, pelo aviso nª 400, é criado o Esquadrão de Autometralhadoras do Centro de Instrução de Motorização e Mecanização, no Rio de Janeiro, onde, além dos novos carros adquiridos na Itália, deveria contemplar todo o pessoal e equipamento pertencente anteriormente a  Seção de Carros-de-Combate no Batalhão de Guardas.
A introdução dos novos carros de combate italianos, não decretaria a total desativação dos Renault FT-17 no Exército Brasileiro, assim os últimos cinco veiculos deste modelo seriam agregados a Seção de Carros-de-Combate do Batalhão de Guardas, que neste momento passaria a denominar-se Seção de Carros-de-Combate do Batalhão de Guardas, onde seguiriam em operação porém enfrentando as mesmas restrições de operacionalidade em função de problemas de manutenção adequada e falta de peças de reposição. Em 1941 o movimento de aproximação entre os governos brasileiros e norte-americano proporcionaria um salto evolutivo nas Forças Armadas Brasileiras, principalmente pela adesão ao programa de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Antes disso mesmo em fins de agosto deste mesmo ano seriam recebidos os primeiros dez carros de combate leves M-3 Stuart. Em 26 de fevereiro de 1942 o Decreto-Lei Reservado n.ª 4.130, transformaria o Pelotão de Carros-de-Combate do Centro de Instrução de Motorização e Mecanização na Companhia Escola de Carros-de-Combate. Neste momento seria efetivada a desativação dos últimos Renault FT-17 que ainda se encontravam em condições operacionais, sendo substituídos pelos carros de combate leves M-3 e M3A1 Stuart. Os carros remanescentes seriam armazenados e posteriormente preservados. Em 2011 uma iniciativa combinada entre Centro de Instrução de Blindados (CIBld) e o Parque Regional de Manutenção/3 (Santa Maria), resultaria na restauração total de um destes veículo, recolocando em condição operacional para ser empregados em solenidades e comemorações. 

Em Escala.
Para representarmos o carro de combate leve Renault FT-17, fizemos uso do excelente kit da Meng  na escala 1/35, modelo este que prima pelo detalhamento, apresentando set em photo etched para refinamento. Não há necessidade de se promover nenhuma alteração para se representar a versão empregada pelo Exército Brasileiro, podendo se optar pela versão armada com canhão Puteaux de 37 mm ou equipada com metralhadoras Hotchkiss de calibre 7 mm. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura aplicado aos Renault FT-17, inicialmente os carros foram recebidos em um esquema na cor marrom terra (Flat Earth), momento no qual receberam algumas identificações especificas. Este padrão se manteria até o ano de 1925, quando foram repintados nas cores normativas adotadas pelo Exército Brasileiro naquele período, mantendo este esquema até sua desativação em 1942.

Bibliografia :

- O Brasil na Era dos Blindados  por Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/DC2.PDF
- Renault Ft-17 O Primeiro Carro De Combate Do Exército Brasileiro - por Expedito Carlos S. Bastos
- Consolidação dos Blindados no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos - www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/DC3.PDF