Embraer EMB-312 T-27 Tucano

História e Desenvolvimento.
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava comprometida com um ambicioso programa de integração nacional. Nesse contexto, quase toda a sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 foi empregada, com o objetivo de expandir não apenas as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), mas também de realizar missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do país. Entretanto, com o passar dos anos e o uso intensivo, essas aeronaves começaram a apresentar desgastes estruturais significativos, o que impactou diretamente nos índices de indisponibilidade da frota. Esse problema foi agravado pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição, sinalizando a necessidade urgente de substituir integralmente essa frota. Nesse cenário, o Coronel Ozires Silva apresentou ao comando da Aeronáutica a proposta de desenvolver uma aeronave bimotora nacional de médio porte. Seus esforços começaram a tomar forma em junho de 1965, em colaboração com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial em São José dos Campos, SP, quando foi lançado o projeto IPD-6504. Este projeto envolvia uma aeronave bimotora de asa baixa, com estrutura metálica, medindo 12,74 m de comprimento, janelas em formato de bolha e capacidade para oito passageiros. A construção do primeiro protótipo foi iniciado em 1967, utilizando motores turboélice Pratt & Whitney PT6A-20, cada um com potência de 550 shp. A aeronave recebeu a designação oficial de YC-95 e foi batizada de "Bandeirante". O protótipo realizou seu primeiro voo em 22 de outubro de 1968 e, após leves ajustes no projeto da aeronave, foi oficialmente apresentado na semana seguinte em uma cerimonia no aeroporto de São José dos Campos (SP), sob a observação de autoridades, imprensa e de um público de 15 mil pessoas. Nesse mesmo ano, o Coronel Ozires Silva e sua equipe iniciaram esforços para buscar parcerias no setor privado nacional para a produção em série da nova aeronave. Apesar das muitas negativas enfrentadas, o Coronel não se deixou desanimar; uma grande oportunidade surgiu durante um encontro inesperado com o presidente Artur da Costa Silva, no qual ele conseguiu convencê-lo a investir no projeto de produção em série. Esse esforço resultou na criação de uma empresa estatal de capital misto, estabelecida na cidade de São José dos Campos, São Paulo, com sua fundação ocorrendo em 19 de agosto de 1969. A nova empresa recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), tendo o Coronel Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. Em 29 de junho de 1970, seu terceiro protótipo  alçou voo, e após modificações surgiria sua versão inicial de produção, o EMB-110, que, em sua versão civil, para até 12 passageiros, e uma maior capacidade de carga presente  no modelo militar C-95.

O Embraer EMB-110 Bandeirante, graças ao seu design conceitual cuidadosamente alinhado às necessidades do mercado-alvo, alcançou rapidamente sucesso comercial, conquistando os primeiros contratos de exportação. A companhia francesa de transporte regional Air Littoral foi seu cliente inaugural. Em 1975, a Embraer celebrou seu primeiro contrato militar com o governo do Uruguai e, no mesmo ano, o EMB-110 consolidou-se no mercado civil norte-americano, tornando-se uma referência no segmento de aviação regional. O êxito comercial do Bandeirante gerou recursos financeiros e avanços tecnológicos que permitiram à estatal brasileira a investir no desenvolvimento de novas aeronaves com maior capacidade e desempenho. Nesse contexto, foi concebido o Embraer EMB-121 Xingu, a primeira aeronave executiva pressurizada da empresa. Embora o Xingu não tenha replicado o sucesso comercial do Bandeirante, sua produção elevou significativamente o conhecimento técnico e a expertise da Embraer. Paralelamente, o Ministério da Aeronáutica (MAer) buscava soluções para otimizar o processo de formação de pilotos militares, que, à época, era estruturado em três fases: treinamento básico com aeronaves Aerotec T-23 Uirapuru, treinamento intermediário com Neiva T-25 Universal e treinamento avançado com jatos Cessna T-37C. Contudo, a operação do Cessna T-37C enfrentava desafios significativos, incluindo altos custos operacionais e problemas crônicos de disponibilidade devido à escassez de peças de reposição, o que comprometia sua eficiência. Diante dessas dificuldades, a Academia da Força Aérea (AFA) iniciou a substituição gradual dos jatos Cessna T-37C pelo Neiva T-25 Universal no treinamento avançado. Embora economicamente viável, essa solução revelou-se inadequada, pois o Neiva T-25 Universal (e suas propostas de atualização) apresentava desempenho significativamente inferior ao necessário para atender aos padrões de formação avançada. Esse cenário foi agravado na mesma década com a introdução no Brasil de aeronaves de alta performance, como os caças franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR F-103E e os norte-americanos Northrop F-5E Tiger II, que demandavam  desde as fases iniciais um treinamento mais sofisticado e qualificado para seus pilotos. A conjugação desses fatores levou o Ministério da Aeronáutica (MAer) a buscar alternativas para atender a essa demanda crescente. Tal necessidade não passou despercebida pela Embraer, que identificou uma oportunidade estratégica para desenvolver soluções que atendessem aos requisitos da Força Aérea Brasileira.
Diante da identificação de uma oportunidade de mercado, a Embraer S/A iniciou estudos para desenvolver uma aeronave voltada ao treinamento militar, atendendo às demandas do Ministério da Aeronáutica (MAer). Na época, as opções disponíveis incluíam aeronaves a jato ou aviões de propulsão convencional equipados com motores turboélice. A análise técnica e econômica apontou que a motorização turboélice oferecia uma melhor relação custo-benefício, especialmente em um contexto de crise internacional do petróleo, que elevava significativamente os custos de combustível e, consequentemente, o custo por hora de voo de treinamento. Em 1977, a Embraer apresentou ao Ministério da Aeronáutica a proposta inicial do EMB-312, uma aeronave projetada especificamente para treinamento militar. A proposta gerou grande interesse, culminando na formalização de um acordo de desenvolvimento em dezembro de 1978. O programa foi oficialmente iniciado em janeiro de 1979, com uma grande equipe de técnicos sendo coordenados pelo talentoso engenheiro húngaro radicado no Brasil, Joseph Kovacks,  marcando assim o início de uma nova fase no portfólio da empresa. Durante 1979, o projeto ganhou forma com a realização de testes aerodinâmicos utilizando modelos em escala radiocontrolados. Ainda no mesmo ano, foi construído um modelo em escala real, equipado com um cockpit funcional para avaliação dos instrumentos de voo. Esses ensaios permitiram a definição dos parâmetros fundamentais do projeto, estabelecendo as bases para a construção do primeiro protótipo. Em março de 1980, a Embraer concluiu a construção do primeiro protótipo, designado YT-27 e registrado com a matrícula FAB 1300. A aeronave foi oficialmente apresentada em uma cerimônia de rollout no dia 19 de agosto de 1980, coincidindo com as comemorações dos 11 anos da Embraer. Na mesma data, o YT-27 realizou seu primeiro voo oficial, marcando um marco significativo no programa. O segundo protótipo, que incorporava melhorias em relação ao primeiro, incluindo a capacidade de portar armamentos, realizou seu primeiro voo em 10 de dezembro de 1980. Infelizmente, essa aeronave foi perdida em agosto de 1982 durante um voo de teste, embora os pilotos tenham conseguido ejetar-se em segurança. Um terceiro protótipo, registrado com a matrícula civil PP-ZDK, voou pela primeira vez em 16 de agosto de 1982. Este protótipo destacou-se por sua estreia internacional no Farnborough Airshow, na Inglaterra, em setembro de 1982, poucos dias após seu primeiro voo. Para realizar a travessia do Atlântico, a aeronave utilizou tanques suplementares de combustível e realizou escalas técnicas.

O Embraer EMB-312 Tucano, designado T-27, destacou-se como uma aeronave de treinamento avançada, incorporando inovações que estabeleceram novos padrões globais para o segmento. Desenvolvido desde sua concepção como um treinador turboélice, o Tucano combinava características operacionais típicas de jatos, oferecendo desempenho superior e eficiência econômica. O EMB-312 introduziu uma configuração de assentos em tandem escalonados, com o instrutor posicionado em um assento mais elevado que o do aluno. Essa disposição eliminava obstruções no eixo longitudinal da aeronave, proporcionando ao instrutor visão frontal desimpedida. Além de reduzir a área frontal da aeronave, essa configuração facilitava a adaptação do cadete ao ambiente operacional de aeronaves de caça. O Tucano foi pioneiro ao incorporar assentos ejetáveis em uma aeronave de treinamento turboélice, um avanço significativo em segurança para a época. Os tripulantes eram protegidos por uma capota transparente de plexiglass, moldada em peça única para evitar distorções óticas, garantindo visibilidade excepcional. Projetado para ser estável em baixas velocidades e altamente manobrável, o EMB-312 atendia às exigências de uma aeronave de treinamento avançado. Sua capacidade de operar com eficiência em diversas condições de voo reforçava sua adequação à formação de pilotos. Além de sua função primária como treinador, o Tucano possuía quatro pontos duros nas asas para cargas externas, permitindo seu uso em missões de treinamento armado, apoio aéreo e ataque ao solo. Essa versatilidade ampliava seu valor operacional. O primeiro protótipo, registrado como YT-27 com a matrícula FAB 1300, foi oficialmente apresentado em 19 de agosto de 1980, durante a cerimônia de rollout em São José dos Campos - SP, que marcou os 11 anos da Embraer. Na mesma data, a aeronave realizou seu primeiro voo, demonstrando desempenho promissor e atraindo atenção internacional. A combinação de desempenho excepcional e baixo custo operacional do EMB-312 logo despertou interesse global, Honduras e Egito foram os primeiros países a encomendar a aeronave. No Egito, o EMB-312 Tucano foi produzido sob licença  pela Arab Organization for Industrialization (AOI), especificamente por meio de sua divisão de aviação, a Helwan Aircraft Factory, uma entidade estatal egípcia responsável por projetos industriais e de defesa, e a produção do Tucano foi parte de um acordo para atender às necessidades da Força Aérea Egípcia e para exportação ao Iraque.
A produção sob licença do EMB-312 Tucano no Egito, realizada pela Arab Organization for Industrialization (AOI) por meio da Helwan Aircraft Factory, representou a primeira iniciativa da Embraer na montagem de aeronaves fora do Brasil. Esse projeto, voltado para atender às demandas da Força Aérea Egípcia e do Iraque, fortaleceu a presença da empresa no mercado internacional de aviação militar, demonstrando sua capacidade de transferência tecnológica e adaptação às exigências de clientes estrangeiros. Em resposta a uma concorrência internacional lançada pela Real Força Aérea Britânica (Royal Air Force) para a aquisição de uma nova aeronave de treinamento básico, a Embraer firmou uma parceria estratégica com a empresa irlandesa Short Brothers PLC. A partir do projeto original do EMB-312, foram implementadas modificações e melhorias, resultando no protótipo do Shorts Tucano TMk1. Este modelo venceu a concorrência, consolidando a reputação internacional da Embraer e levando à abertura de uma terceira linha de produção na Irlanda do Norte. Essa conquista marcou um momento pivotal na projeção global da empresa. Em 1991, a Embraer celebrou outro marco significativo com a assinatura de um contrato para o fornecimento de 80 aeronaves da versão EMB-312F à Força Aérea Francesa (Armée de l’Air). As entregas tiveram início em 1994, reforçando a presença da empresa em mercados europeus exigentes e destacando a versatilidade e confiabilidade do Tucano. A produção em série do EMB-312 Tucano foi encerrada em 1996, com um total de 624 aeronaves entregues para 17 países: Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, Egito, França, Honduras, Irã, Iraque, Quênia, Kuwait, Mauritânia, Moçambique, Paraguai, Peru, Reino Unido e Venezuela. Muitas dessas aeronaves permanecem em operação, beneficiando-se de processos contínuos de modernização que garantem sua relevância e funcionalidade por décadas. O Embraer EMB-312 Tucano destacou-se por combinar inovação técnica, versatilidade operacional e competitividade econômica. Suas características pioneiras, como a configuração em tandem escalonada, assentos ejetáveis e capacidade multifuncional, estabeleceram novos padrões para aeronaves de treinamento avançado. A rápida aceitação do Tucano no mercado global e sua longevidade operacional reforçaram a reputação da Embraer como uma referência na indústria aeroespacial, consolidando sua posição como líder em soluções de aviação militar e de treinamento.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O Embraer EMB-312 T-27 Tucano foi desenvolvido com o objetivo de substituir o Cessna T-37C na missão de treinamento avançado da Academia da Força Aérea (AFA), além de promover a incorporação de novas tecnologias de materiais e processos produtivos na indústria aeroespacial brasileira. Este documento detalha o contrato de aquisição, a entrega inicial das aeronaves e o processo de integração do Tucano na AFA. Em outubro de 1980, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou um contrato com a Embraer S/A para a aquisição de 118 aeronaves EMB-312 T-27 Tucano, com a opção de compra de adicional 50 aeronaves no futuro. Este acordo, de significativa envergadura, proporcionou à Embraer o financiamento estatal necessário para estabelecer uma linha de produção dedicada ao modelo em São José dos Campos, no interior do estado de São Paulo. A iniciativa fortaleceu a infraestrutura industrial da empresa e consolidou sua capacidade de atender às demandas da Força Aérea Brasileira (FAB). As primeiras oito aeronaves EMB-312 T-27 Tucano destinadas ao Ministério da Aeronáutica (MAer) foram oficialmente entregues em 29 de setembro de 1983, em cerimônia realizada nas instalações da Embraer em São José dos Campos. As aeronaves, matriculadas de FAB 1303 a FAB 1310, receberam uma pintura branca com faixas laranja e matrículas visíveis na fuselagem, inaugurando um novo esquema para aeronaves de instrução.  Após a entrega, foram transferidas em voo para a Academia da Força Aérea (AFA), localizada em Pirassununga, também no interior de São Paulo. Na AFA, as aeronaves iniciaram um processo de aceitação técnica e operacional, acompanhado do treinamento de instrutores e multiplicadores. As oito unidades foram alocadas ao 1º Esquadrão de Instrução Aérea (1º EIA), marcando o início da transição para o uso do T-27 Tucano no estágio de treinamento avançado. Com a chegada do T-27, as aeronaves Neiva T-25 Universal, até então utilizadas pelo 1º EIA, foram redistribuídas para o 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA). Esse movimento possibilitou o início da desativação gradual dos treinadores básicos Aerotec T-23 Uirapuru, alinhando a frota da AFA às novas exigências de formação. Nos meses seguintes, a AFA recebeu unidades adicionais do EMB-312, o que permitiu a formação de uma frota suficiente para suportar o treinamento avançado dos cadetes do quarto ano. Essa expansão consolidou o Tucano como a principal plataforma de instrução avançada, aprimorando a qualidade e a eficiência do processo de formação de pilotos.

A partir de 1º de julho de 1984, a  Academia da Força Aérea (AFA) iniciou a operação com o turboélice EMB-312 T-27 Tucano, resultando em impactos imediatos na qualidade do treinamento avançado. A aeronave oferecia desempenho superior em comparação ao Neiva T-25 Universal, combinando alta performance de voo com a capacidade de permitir a correção de erros comuns cometidos por cadetes em formação. Uma das principais inovações do T-27 foi a adoção da configuração de assentos em tandem, em substituição aos assentos lado a lado do Neiva T-25 Universal Com o aluno posicionado no assento frontal e o instrutor atrás, a visibilidade do cadete simulava a experiência de voar sozinho, promovendo maior proatividade, confiança, iniciativa e capacidade de julgamento. Essa configuração expunha os alunos a situações que exigiam independência na tomada de decisões críticas, qualidades essenciais para pilotos de aviação de caça. O T-27 destacou-se por suas características técnicas avançadas, incluindo: Autonomia de voo: Até quatro horas e meia com tanque interno. Manobrabilidade: Excelente desempenho em baixas altitudes. Robustez e confiabilidade: Comandos precisos e ampla margem de manobra. Versatilidade: Capacidade de operar em diversas condições climáticas. Visibilidade: Cockpit com ampla visibilidade, favorecendo o treinamento. Esses atributos tornaram o T-27 Tucano uma plataforma ideal para o treinamento avançado, aprimorando a didática e a eficácia do processo de formação de pilotos.  Pois além de apresentar uma melhor performance que a apresentada pelo Neiva T-25 Universal, melhoria a didática, uma vez que os pilotos, que antes voavam em assentos lado a lado com os instrutores, passaram a voar em tandem. “Apesar de estar com instrutor atrás, a visão do aluno, no assento da frente, é de quem está sozinho, o que exige dele uma postura de maior proatividade, maior confiança, iniciativa e capacidade de julgamento, expondo assim o aluno em curso, a situações de independência para a tomada de decisões críticas, qualidade muito requerida em pilotos da aviação de caça. Este cenário contribuiria em muito para a futura adaptação do aviadores ao jato de treinamento Embraer AT-26 Xavante, quando em curso de formação de pilotos líderes da Aviação de Caça, junto ao 1º/4º Grupo de Aviação – Esquadrão “Pacau”. A aeronave seria ainda empregada para missões de ataque leve (utilizando o prefixo AT-27), que recebeu cargas externas como bombas, casulos para metralhadoras e até foguetes, sendo empregado em missões de treinamento armado, apoio aéreo, ataque ao solo e defesa do espaço aéreo.
O Embraer EMB-312 T-27 Tucano destacou-se por sua versatilidade, desempenhando papéis em treinamento, ataque ao solo e demonstrações aéreas. Este documento detalha sua integração ao Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), conhecido como Esquadrilha da Fumaça, a aquisição pela Força Aérea Brasileira (FAB), os desafios estruturais enfrentados e o processo de recuperação da frota. Além de suas funções primárias de treinamento e ataque ao solo, o T-27 Tucano revelou-se ideal para demonstrações aéreas devido à sua manobrabilidade, robustez e desempenho. Essas qualidades permitiram a execução de manobras acrobáticas complexas, elevando o padrão das apresentações do EDA. Em 1983, o Ministério da Aeronáutica (MAer) decidiu reativar o grupo de demonstração aérea, oficialmente designado Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) a partir de 21 de outubro de 1982, mas amplamente conhecido como Esquadrilha da Fumaça. Até então, o EDA operava com aeronaves Neiva T-25 Universal. A introdução do T-27 marcou uma nova fase, aprimorando a qualidade das demonstrações e consolidando a reputação do esquadrão como símbolo de excelência da Força Aérea Brasileira (FAB). Em 1980, o MAer firmou um contrato com a Embraer S/A para a aquisição de 151 aeronaves T-27 Tucano. Contudo, apenas 136 unidades foram incorporadas à FAB, pois, por meio de um acordo com o governo argentino, 15 células foram retiradas da linha de produção e exportadas para a Força Aérea Argentina (FAA). Em 16 de novembro de 1996, um acidente envolvendo a aeronave T-27 Tucano, matrícula FAB 1320, pertencente ao EDA, ocorrido em Santos, São Paulo, levantou preocupações sobre a integridade estrutural da frota. Esse incidente, aliado a outros episódios, levou a Embraer a investigar potenciais problemas nas aeronaves. Em 1999, o corpo de engenharia da Embraer constatou fadiga estrutural nas asas da frota de T-27 Tucano, exigindo reforços estruturais em todas as unidades. Como medida de segurança, apenas aeronaves sem indícios de fadiga foram autorizadas a voar, impactando significativamente a operacionalidade das unidades da Força Aérea Brasileira (FAB) que utilizavam o modelo. Para o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), o problema resultou na suspensão de sua agenda de demonstrações por 21 meses, interrompendo suas atividades de representação institucional. A partir de 2001, a Embraer S/A em conjunto com o Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS) iniciou um processo de revisão e correção estrutural nas instalações de São José dos Campos, São Paulo. O retrofit abrangeu a maioria das aeronaves T-27, restaurando sua capacidade operacional plena. Esse esforço permitiu a retomada das operações regulares tanto na Academia da Força Aérea (AFA) quanto no EDA, garantindo a continuidade das missões de treinamento e demonstração.

Na década de 1990, o desenvolvimento da aeronave de ataque leve ALX, posteriormente designada Embraer A-29 Super Tucano, iniciou uma transformação no papel do Embraer EMB-312 T-27 Tucano na Força Aérea Brasileira (FAB). O projeto Embraer EMB-314 foi concebido para substituir as aeronaves Embraer AT-26 Xavante no papel de formação de pilotos de caça, e também  integrar o “braço armado” do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM).  A fim de anteder a esta segunda demanda,  em novembro de 2005 o 1º/3º Grupo de Aviação - Esquadrão "Escorpião" receberia os seus dois primeiros A-29 Super Tucano, iniciando o processo de substituição dos AT-27 que desempenhavam as missões de ataque leve e vigilância, com este processo se repetindo no 2º/3º Grupo de Aviação - Esquadrão "Grifo" e no 3º/3º Grupo de Aviação - Esquadrão "Flecha". A substituição pelos A-29 permitiu que as células T-27 em melhores condições fossem revisadas e realocadas para a Academia da Força Aérea (AFA). Essa transferência visava repor perdas operacionais acumuladas ao longo de quase três décadas, durante as quais 30 aeronaves foram perdidas em acidentes e pelo menos 10 foram retiradas de serviço devido a comprometimentos estruturais. Após serem revisadas estas células seriam realocadas junto a frota da Academia da Força Aérea (AFA) , reforçando a capacidade de  formação de cadetes. Em 2016, o 1º Esquadrão de Instrução Aérea (1º EIA) da AFA operava com apenas 35 células T-27 em condições de voo, complementadas por 30 aeronaves armazenadas em reserva técnica. Apesar da quantidade relativa, a frota apresentava limitações significativas, com aviônicos e sistemas obsoletos em comparação com aeronaves modernas. Neste momento a frota de primeira linha da Força Aérea Brasileira estava composta pelos modelos A-29 Super Tucano e os caças Northrop F-5EM e Embraer AMX A-1M, aeronaves que apresentavam uma sofisticada suíte eletrônica em termos e aviônicos, comunicação e autodefesa, em muito se assemelhando aos sistemas existentes em aeronaves de quarta geração. Em comparação a tecnologia presente nos T-27 Tucano pertencia ainda a década de 1980, e esta defasagem  criava um descompasso no treinamento de pilotos, comprometendo e encarecendo  a transição para plataformas de caça mais avançadas. Em termos de adequação as demandas o A-29B se mostraria a solução ideal, porem a aquisição de um novo lote dessas aeronaves se mostraria inviável em termos recursos, tendo em vista que naquele período o Comando da Aeronáutica, estava priorizando a maior parte de seu orçamento nos programas do  caça Saab F-39 Gripen e do transporte reabastecedor  Embraer KC-390 Mileniun. 
Desta maneira se fazia necessário promover uma atualização dos Embraer T-27 Tucano, objetivando assim  equalizar o ambiente de treinamento as aeronaves de primeira linha. Está problemática começaria a ser resolvida a partir de março de 2018, quando o o Ministério da Defesa publicou um edital para a modernização de 50 células do Embraer T-27 Tucano. O programa visava atualizar os sistemas aviônicos e de navegação, elevando as cabines ao padrão “glass cockpit” e integrando tecnologias modernas. As principais especificações incluíam: Substituição dos instrumentos analógicos por duas telas coloridas sensíveis ao toque, com dimensões entre 6 e 10 polegadas e a atualização dos sistemas de rádio e navegação por satélite, aprimorando conectividade e precisão. Neste contexto uma concorrência seria deflagrada, com a empresa Albatroz S/A sendo declarada vencedora deste processo, culminando na  assinatura de um contrato no valor de R$ 42,5 milhões. O processo de modernização foi conduzido nas instalações do Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA LS), com a produção inicial de dois protótipos para validação do projeto. O programa previa a conclusão da modernização de todas as 50 células até dezembro de 2022, assegurando a continuidade do uso do T-27 na AFA com sistemas atualizados. O primeiro protótipo (FAB 1446), realizou seu voo inaugural em 23 de outubro de 2020, com duração de aproximadamente duas horas, marcando o início dos ensaios do programa. O segundo protótipo (FAB 1426), voou pela primeira vez em 23 de abril de 2021, incorporando melhorias significativas em relação ao primeiro protótipo. Essa versão validou os parâmetros finais do programa, estabelecendo o padrão para as demais aeronaves. Em setembro de 2021, foi apresentado o novo esquema de pintura para os T-27 modernizados (T-27M), exibido pela aeronave matrícula FAB 1383. O design, com cores contemporâneas, reflete a modernização tecnológica, reforçando a identidade visual da frota e alinhando-a às atualizações realizadas. Desde sua introdução em 1983, o Embraer T-27 Tucano desempenhou um papel central na formação de pilotos na AFA, em Pirassununga, São Paulo. Seus principais marcos incluem: Formação de Aviadores: Mais de 2.700 aviadores treinados em aproximadamente 500.000 horas de voo. Pioneirismo na Inclusão: Formação da primeira aviadora militar brasileira em 2007 e da primeira instrutora da AFA em 2020. Esses feitos destacam a relevância do T-27 Tucano como uma plataforma de treinamento confiável e versátil, contribuindo para a excelência da aviação militar brasileira. O legado do Embraer T-27, marcado por sua contribuição à formação de aviadores e à inclusão na FAB, permanece como um testemunho de sua importância na história da aviação militar brasileira.

Em Escala.
Para representarmos o Embraer EMB-312 T-27 Tucano “FAB 1427 " empregamos o kit em resina produzido pela De Lima Kits & Dumont Replicas Artesanais na escala 1/48, modelo este de excelente qualidade e bom nível de detalhamento. Fizemos usos de decais originais presentes no kit, com os quais se permitem configurar até quatro padrões de identificação empregados por estas aeronaves na  Força Aérea Brasileira.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão aplicado as aeronaves Embraer EMB-312 T-27 Tucano empregadas nas esquadrilhas Esquadrão de Instrução Aérea (1º EIA), pertencentes a Academia da Força Aérea (AFA), com este esquema tendo sido adotado no ano de 2001, substituindo o original quando do recebimento das aeronaves em 1983. Já as aeronaves do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) empregaram dois esquemas de pintura ao longo de sua carreira, inicialmente um predominante vermelho com detalhes em branco, e posteriormente em 2012 receberam as cores da bandeira nacional.


Bibliografia :

- Centro Histórico Embraer – T-27 Tucano - http://www.centrohistoricoembraer.com.br
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- FAB vai modernizar 50 aeronaves T-27 Tucano - https://www.cavok.com.br
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html