Em meados da década de 1930 o Comando do Exército Americano (US Army) buscava efetivar um amplo processo de renovação de sua artilharia de campanha, este projeto englobava os principais calibres, e entre estes objetiva-se substituir os ja obsoletos canhões de M1918 de 155 mm, da Primeira Guerra Mundial, que foram fabricados sob licença anteriormente, a partir do modelo francês 155 C Modelo 1917 Schneider. O projeto de uma nova peça de artilharia foi confiado ao arsenal de Rock Island Arsenal, que iniciou os trabalhos de desenvolvimento desta nova arma a partir do segundo semestre de 1939. O primeiro protótipo funcional foi concluído em 15 de maio de 1941, e apresentava um cano alongado de 20 calibres e um novo mecanismo de culatra. Excepcionalmente, este foi o único sistema que empregava um mecanismo de parafuso interrompido por 'cone lento' a entrar no serviço no Exército Americano (US Army) após a década de 1920, isto significava que dois movimentos separados eram necessários para abrir a culatra, contra o movimento único do mecanismo de "cone íngreme" que girava e retirava simultaneamente a culatra. Testes de aceitação foram feitos, definindo assim que o agora oficalmente designado canhão Howtizer M1 155 mm, seria a peça de artilharia padrão do exército, com sua produção em série sendo destinada no início de 1942 as linhas de produção do US Springfield Armory. As primeiras entregas se iniciaram em fins do mesmo ano, passando logo em seguinda a dotar, os regimentos de artilharia do Exército Americano (US Army).
A necessidade emergencial em se modernizar a artilharia de campanha do Exército Norte Americano face ao aumento das tensões na Europa e no Oceano Pacífico, levaram a assinatura de contratos de produção em larga escala no início de 1943. Com a produção em ritmo acelerado Howtizer M1 155 mm, passou a dotar todos os regimentos de artilharia, sendo estes constituídos de um batalhão de artilharia de equipados com os M1 de 155 mm e três batalhões de artilharia equipados com os M2 de 105 mm. Ambos os batalhões de 155 mm e 105 mm possuíam doze canhões cada, divididos em três baterias de quatro canhões. Isso deu a cada regimento um total de doze obuses de 155 mm e trinta e seis obuses de 105 mm, isto evidenciava a importância que os obuses M1 de 155 mm representavam no conjunto total. Entre as melhorais apresentadas sobre os canhões da Primeira Guerra Mundial estava a nova “carreta” que ao longo de sua produção passou a apresentar sensíveis melhorias como a substituição dos freios elétricos originais da Warner pelos freios a ar Westinghouse na versão M1A1. Ambos os vagões de transporte dos modelos, M1 e M1A1, usaram um pedestal de disparo no meio do eixo que foi estendido por um mecanismo de catraca. O novo M1A2 substituiu a catraca por um sistema de macaco e modificou a trava de deslocamento. Já o vagão de transporte do M1A1E1 foi planejado para uso em terreno lamacento e substituiu as rodas do M1A1 por uma suspensão de esteira livre, mas o projeto foi encerrado após o termino da Segunda Guerra Mundial sem ter atingido a produção contratada.

O M1 Howitzer 155 mm se fariam presentes também na Guerra da Coreia, quando o Exército do Povo da Coreia do Norte (socialista) invadiu o território do sul em todo o 38º Paralelo na data de 25 de junho de 1950. Neste período o Exercito Americano estava passando por um período de desmobilização e não dispunha dos mesmos efetivos para artilharia de campanha, a exemplo do que possuía no final da Segunda Guerra Mundial. Assim desta maneira somente vinte e um M1 Howitzer 155 mm foram empregados nas primeiras fases do conflito. Apesar de serem reforçados por novas peças de artilharia , muitas destas se perderam em combate, sendo abandonadas perante o avanço das forças inimigas. Mesmo assim este modelo de obuseiro provaria novamente seu valor no campo de batalha. A partir de 1962 o modelo seria renomeado atendendo ao nova padrão de designação do Exército Americano, passando a ser conhecido como M114, época no qual passaram a dotar também os grupos de artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Estados Unidos. Dentro dos esforços de apoio a Coréia do Sul o M114 AR passaria a ser produzido sob licença pela Kia Machine Tool (atualmente Hyundai Wia) fornecendo ao exército daquele país um arsenal de artilharia capaz de rivalizar com seu maior oponente. O inicio da Guerra do Vietnã traria os M114 e M114AR de novo a ação real, se tornando novamente a peça de artilharia padrão no calibre de 155 ml para ações de médio alcance, sendo fornecidos também ao Vietnã do Sul. Com o termino deste conflito em 1975 os M114 capturados pelas forças do exército da República Socialista do Vietnã passar a integrar esta força se mantendo em uso até a década de 1980.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas de primeira importância para o esforço de guerra aliado, quanto no estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Como contrapartida no intuito de se promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam a beira da obsolescência em materiais, quando de doutrina militar (pois havia grande influência francesa no meio militar brasileiro pois por muitos anos o pais ainda era signatárias da doutrina militar francesa que fora desenvolvida durante a Primeira Guerra Mundial. Este processo de reequipamento teria início em meados de 1941 após a adesão do governo brasileiro do presidente Getúlio Vargas ao programa norte americano denominado Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Os termos garantidos por este acordo viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes materiais e equipamento seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças do Eixo que se apresentavam no Atlântico Sul e no futuro front de batalha brasileiro nos campos da Itália. Entre estes equipamentos estavam os primeiros canhões modernos a serem recebidos em grande número variando de calibres de 37 mm a 305 mm, representando um grande avanço para a artilharia do Exército Brasileiro.
Dentre o equipamento destinado a compor o regimento de artilharia da Força Expedicionária Brasileira estavam 18 canhões M1 Howitzer 155 mm que seriam entregues no front italiano para o emprego do Exército Brasileiro pela Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira, sendo composta por quatro batalhões de obuseiros (Grupos de Obuses), sendo três deles com 12 obuseiros M2 105mm cada, e um Batalhão de Artilharia (IV) com 12 obuseiros M1 AR 155mm. O batismo de fogo ocorreia no dia 16 de setembro de 1944, no sopé do Monte Bastione, ao norte da cidade italiana de Lucca, na Toscana, um vento gelado já prenunciava os rigores do inverno próximo. Precisamente às 14 horas e 22 minutos foi lançado contra o inimigo nazista o primeiro tiro jamais disparado pela artilharia brasileira fora do continente sul-americano, atingindo com precisão o objetivo previsto: Massarosa. Durante todo o avanço das tropas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, os M1 AR Howitzer 155 mm estiveram sempre presentes, tendo fundamental papel na campanha. Durante a guerra mais unidades seriam recebidas, passando a dotar pelo menos mais grupo de Artilharia Divisionária constituída por três grupos de obuseiros M2 AR 105 mm e um de M1 AR 155 mm sendo sediados no Rio de Janeiro. Adoção destes novos canhões, possibilitaria um avanço na doutrina operacional da artilharia existente até então no Exército Brasileiro que na época estava equipado com antigos canhões de 75 mm de origem alemã oriundos de tecnologia da Primeira Guerra Mundial, entre os avanços destacavam se o aumento do calibre, emprego de trajetórias curvas e o fato de serem auto rebocados.

Os obuseiros M114 AR 155 mm e M114A2 AR 155 mm, se mantem em operação até os dias atuais no Exército Brasileiro, representando a dotação dos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC) orgânicos da Artilharia Divisionária. Apesar de ser um equipamento antigo, apresenta aspectos positivos, tais como a simplicidade e rusticidade, sendo particularmente útil em operações defensivas, devido ao seu poder de fogo elevado, proporcionado pela variedade munição de 155 mm disponivel nos paios, sendo produzida no Brasil. Como pontos negativos apresenta peso elevado de deslocamento (5.700kg) que impacta profundamente na mobilidade das viaturas tratoras, seu grande porte reflete em dificuldades no prazo mínimo para ser disposto e sair da posição de combate, vale citar também que seu o alcance insuficiente, dificultam a missão de aprofundar o combate, realizar os fogos de contrabateria e comprometem a possibilidade de sobrevivência no campo de batalha. Porém a principal deficiência que evidencie a obsolescência de seu projeto é seu tubo de apenas 24 calibres é um impedimento para o emprego das munições de maior tecnologia, que necessitam de tubos mais longos, fato que limita sua eficiência. Uma solução paliativa seria a implementação do programa de modernização da RDM de 155 mm de 30 calibres que aumentaria consideravelmente seu alcance, somente uma peça deste modelo foi adquirido pelo Exército Brasileiro, estando o mesmo desativado atualmente e exposto como monumento.

Em Escala:
Para representarmos o M114 AR Howitzer 155 mm fizemos uso do excelente kit da Bronco Models na escala 1/35, modelo que prima pela qualidade e detalhamento, combinado peças em metal e photo etched. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não há necessidade de se realizar nenhuma alteração, bastando montar o modelo direto da caixa.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura empregado desde o recebimento das primeiras peças em 1942 e nos lotes subsequentes, após o ano de 1983 os M114 AR e M114A2 AR 155 passaram a ostentar o novo esquema de camuflagem tática em dois tons, mantendo este padrão até a atualidade.
Bibliografia:
- M114 Howitzer Wilipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M114_155_mm_howitzer
- M114A2 Towed 155mm Howitzer - https://www.hmdb.org/
- M114 Weapons Systems - http://weaponsystems.net/weaponsystem/DD03%20-%20M114.html
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti
- http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf