Mercedes-Benz Série Sprinter

História e Desenvolvimento.
Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz construíram paralelamente os primeiros automóveis motorizados do mundo. O pioneirismo desses homens fez com que colecionassem outras conquistas como a construção do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão a diesel do mundo. Em abril de 1900 nasceria um novo motor baseado como "Daimler-Mercedes", grupo propulsor que impulsionaria a produção em série dos primeiros carros comerciais. O período após a Primeira Guerra Mundial foi fortemente afetado pela inflação e pelo número de vendas reduzido, especialmente em relação aos bens de luxo, como automóveis de passageiros, acabaram por pesar fortemente sobre a indústria automóvel alemã. Apenas marcas fortes produzidas por empresas com solidez financeira foram capazes de sobreviver, e muitas delas viram-se forçadas a fusões e a cooperativas. Ao longo dos anos seguintes a produção cresceria gradativamente, e em junho de 1926 a união das empresas DMG e a Benz & Cie, resultaria na criação da Daimler Benz AG, uma nova marca nascia, na qual estava incorporada a estrela de três pontas, com esta iniciativa baseada em um compromisso mútuo para que esta união entre as duas empresas perpetuasse até o ano 2000. A origem do nome Mercedes-Benz tem dois pontos. O primeiro termo é uma homenagem à filha de Emil Jellinek de apenas 11 anos que tinha o nome de Mercedes. O termo Benz é o sobrenome do segundo fundador, Carl. Grande partícipe do esforço de guerra alemão, entre 1934 e 1945 a empresa ampliaria seu portifólio, passando a produzir motores aeronáuticos, barcos e aeronaves. Com o término do conflito as plantas industriais da empresa, seriam reconstruídas em cooperação com os aliados, visando assim ajudar a prover a recuperação econômica do país. Neste contexto surgiriam os primeiros utilitários leves e caminhões, com o modelo Mercedes-Benz MB L-319, conquistando grande sucesso no mercado Europeu. Este novo modelo de pequeno porte apresentava um desenho de cabine avançada, conceito este que possuía vantagens, pois esta configuração permitia um espaço maior para a carga, sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi, nem a distância entre eixos. 

O êxito alcançado no mercado com este modelo denominado LP ou “Pulman” originaria uma família de caminhões de grande sucesso internacional com as versões Mercedes-Benz LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331. Paralelamente neste mesmo período a empresa alemã vislumbrava a oportunidade de uma expansão internacional, começando assim a estudar novos potenciais mercados, e entre estes o mercado sul-americano seria considerado como fundamental nesta estratégia. O Brasil seria definido como o ponto inicial deste processo, planejando-se o estabelecimento de uma linha de produção de caminhões e futuramente chassis para ônibus. Em 1951, ainda na gestão de Getúlio Vargas, incentivada por Alfred Jurzykowski, cidadão polonês distribuidor da marca no país, que anteriormente comercializava veículos importados sob a forma de CKD (Completely Knock-Down), a matriz alemã celebraria um convenio com o governo brasileiro para a fabricação local de caminhões e ônibus com motorização diesel. Dois anos depois, em outubro de 1953, com apenas 25% de capital alemão, foi fundada a Mercedes-Benz do Brasil S.A. e imediatamente iniciada a construção da sua fábrica, em São Bernardo do Campo (SP), à beira da via Anchieta. A planta de São Bernardo do Campo seria inaugurada em 28 de setembro de 1956, sendo produzido o caminhão médio MB L-312, vulgo “Torpedo”, considerado o primeiro veículo comercial a diesel brasileiro. Ao longo dos anos seguintes a montadora alemã, crescia e consolidava cada vez mais a sua marca em todos os mercados nos quais atuava, a receita gerada por este cenário lhe permitia buscar novos nichos de mercado no segmento de utilitário leves. Durante meados da década de 1980 a empresa começaria a vislumbrar uma grande oportunidade no mercado de Vans, almejando conquistar uma fatia deste crescente nicho de utilitários leves urbanos na Europa, que até então apresentava uma predominância de veículos de origem francesa.
Esta iniciativa, culminaria no projeto do primeiro utilitário leve urbano da Mercedes-Benz alemã, nascia assim no final da década de 1980 a primeira família deste tipo de veículo, porém neste momento a concorrência já estabelecida (Renault nas versões de transporte de carga e Volkswagen no transporte de passageiros) representava uma grande resistência a entrada deste novo modelo neste nicho de mercado. Visando reverter esta cenario, a equipe de engenharia da empresa voltaria a prancheta de projetos, nascendo a assim em 1990 a linha Mercedes Sprinter MB 180 D e 310 D, uma “Van Full-size”, monovolume para transporte de carga e passageiros, apresentando um motor a diesel de quatro cilindros em linha Mercedes-Benz OM 601 de 2.148 cc com potência de 74 cv á 4.400 rpm, câmbio manual MB 313 02/11 de cinco marchas sincronizadas a frente e uma a ré, equipada  ainda com freios com acionamento hidráulico, a disco na dianteira e tambor ajustável na traseira. Apresentava peso líquido de 1954 kg e bruto de 3.500 kg, e ainda dimensões de 4,97 metros de comprimento na versão SWB a 6,68 metros na versão LWB, com uma largura de 1,88 metros, já em termos de altura, as dimensões variavam por versão, sendo de 2,36 metros na versão 2500 High Ceiling SWB á 2,59 metros na versão 2500 Super High Ceiling SWB. Já em termos de distância entre eixos, a família apresentava na versão SWB 2,99 metros, na MWB 3,55 mm e por fim 4,01 metro no modelo LWB. Posteriormente a montadora lançaria na mesma plataforma, uma versão de camionete, com o cliente podendo optar por qualquer tipo de carroceira para instalação posterior, seja aberta, fechada ou frigorificada.

Sendo inicialmente produzidos na linha de montagem da fábrica da Mercedes-Benz em Dusseldorf, na Alemanha, a família de utilitários leves urbanos passaria a conquistar expressivo sucesso comercial, não só em seu país de origem, mas também em outros países do continente europeu. Este movimento, levaria a matriz alemã a expandir a produção desta família de utilitários urbanos leves para as linhas de montagem da subsidiaria espanhola, em sua planta fabril na cidade de Barcelona. Neste mesmo momento o mercado brasileiro de utilitário leves, até então dominado pelas já obsoletas Volkswagen Kombi, passava ser invadido por novos competidores de origem asiática, representado pelos modelos Kia Besta e Asia Topic, com seu desempenho e capacidade de transporte se mostrando muito superiores ao líder de mercado. Rapidamente estes novos veículos passariam a compor a paisagem das grandes cidades brasileiras, sendo empregas em tarefas de transporte de passageiros (lotação), carga e ambulância. Atentos a esta tendencia de mercado, a diretoria comercial da Mercedes-Benz do Brasil S/A, decidiria oferecer ao mercado uma nova alternativa. A escolha em 1993 recairia sobre o modelo Sprinter MB-180D com peso bruto total de 3.500 kg, sendo este veículo importado da Espanha. Assim como as concorrentes asiáticas, esta van tinha a vantagem, perante a Kombi, de ser a diesel e, perante as demais, de ser de uma montadora gabaritada no cenário internacional. Trazendo o motor OM-616 originário do automóvel 240D muito utilizado como táxi na Europa, Oriente Médio e África, este era movido a diesel e trabalhava com pré-câmara de combustão e com seus 2.4 litros possuía apenas 75cv de potência a 4.400rpm. Apesar de possuir um preço de aquisição superior, o modelo ganharia prestígio no mercado nacional, permanecendo em linha até o ano de 1997, quando passou a ser substituída no mercado nacional pela moderna Sprinter, que permanece sendo comercializada até os dias de hoje, acumulando até a atualidade em mais de 130.000 vendidas no Brasil.
Entre as aplicações militares da família, destaca-se o emprego com ambulância, transporte de passageiros (ou pilotos em bases áreas), com emprego inicial junto as forças armadas alemães espanholas, portuguesas e suecas. Além dos modelos básico, novas aplicações militares seriam aplicadas a família Mercedes-Benz Sprinter como, Oficina, Viatura Comando e Controle, Guerra Eletrônica, Comunicações e Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica, passando a empregar inclusive tração integral 4X4, sendo empregada por mais trinta forças militares ao redor do mundo até os dias atuais. Estando em produção há mais de 20 anos a família de utilitários leves urbanos Mercedes-Benz Sprinter acumulam mais de com 2,8 milhões de unidades vendidas em mais de 130 países, se solidificando com um dos principais competidores deste segmento, devendo se manter ainda em produção pelas próximas décadas, inclusive no Brasil, onde apesar alta presença de concorrentes com custo inferior como Iveco, Peugeot e Renault, esta família de veículos se mantém altamente competitiva. Em 2012, quando a empresa completou 55 anos no país, renovou todo o seu portfólio de produtos, incluindo a nova linha de comerciais leves Sprinter.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Os primórdios da motomecanização no Brasil, tem seus primórdios no final da década de 1910, quando o Exército Brasileiro enviou à França, uma Comissão Militar Brasileira, para visitar á fabrica da Renault na cidade de Paris, com o intuito de adquirir algumas ambulâncias, com este processo se concretizando no ano de 1921. Pode se afirmar que este tipo de veículo de socorro e remoção médica seriam os precursores da transição de uma força terrestre hipomóvel para uma motomecanizada. Durante os eventos decorrentes da Revolução de 1924, ocorreria a primeira grande utilização de veículos automotores para fins militares, principalmente na frente de combate do Paraná, onde o General Rondon, comandante daquele setor empregou diversos veículos civis e militares nesta campanha, em diversas funções, desde ambulâncias para transporte de feridos e pequenos caminhões para o transporte de tropas, muito embora o suporte logístico de viveres, combustível e outros itens fosse ainda todo feito por enormes carroças puxadas por cavalos. No entanto a boa experiencia do emprego de veículos automotores em ambiente real de combate motivaria ao governo brasileiro a ampliar nos anos seguintes sua frota, principalmente de ambulâncias, passando a adquirir uma grande quantidade de veículos do modelo Ford TT.  Ao longo dos anos seguintes novos e mais modernos modelos de ambulâncias e pequenos veículos utilitários seriam incorporados não só ao Exército Brasileiro, mas também a Marina do Brasil, com um novo grande salto tecnológico ocorrendo somente a partir de 1942, quando a adesão do governo brasileiro ao programa de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), passou receber uma grande quantidade de veículos e equipamentos militares modernos de origem norte-americana, entre estes novas 149 ambulâncias do modelo Dodge WC-54.

Após o término do conflito, as Forças Armadas Brasileiras estavam predominantemente equipadas com ambulâncias e utilitários leves de origem norte-americanas, produzidas principalmente pela Dodge Motors Co. dispostas nas versões WC-51, WC-52, WC-53 e WC-54. Este status quo passaria a ser alterado somente no início da década de 1960, quando do estabelecimento das primeiras filiais brasileiras de montadoras internacionais. Neste contexto a Volkswagen Kombi 1300, seria o primeiro utilitário nacional na versão ambulância a ser incorporado ao Exército Brasileiro, com as primeiras unidades sendo entregues a partir de meados do ano de 1961. Sua simplicidade e baixo custo de aquisição e operação lhe renderia grande êxito comercial junto as Forças Armadas Brasileiras, com estas ambulâncias passando a dotar muitos hospitais e unidades médicas administrativas militares espalhadas pelo país.  Porém o perfil operacional deste veículo não era adequado a operações em ambiente fora de estrada, levando a aquisição em seguida de ambulâncias derivadas dos veículos Ford Willys-Overland Rural F-75 e F-85, Chevrolet Veraneio C-1416 e C-1410 e Toyota Bandeirante, com contratos sendo celebrados junto Força Aérea Brasileira, Marinha do Brasil e Exército Brasileiro ao longo das décadas de 1970 e 1980. Além do emprego em tarefas de remoção e socorro médicos, versões utilitárias de transporte seriam usadas pelas polícias militares estaduais e corpo de bombeiros.
No início da década de 1990, a abertura do país as importações de veículos automotores iriam descortinar uma infinidade de novas opções ao mercado civil brasileiro, impulsionando as montadoras internacionais e incorporar ao seu portifólio veículos de sucesso. Entre estas iniciativas a Mercedes-Benz do Brasil S/A, decidiria pela introdução da linha de utilitários leves Urbanos MB-180 Sprinter, passando a importar veículos produzidos em sua subsidiária espanhola. A versão disponibilizada no mercado brasileiro, estava equipado com um motor MB OM-600 á diesel com 4 cilindros em linha de 2.3999 cm3 com potência de 75 cv a 4.400 rpm, chegando a uma capacidade de carga de 1.560 kg. Dentre as versões oferecidas estava a versão ambulância que podia abranger o modelo mais básico de “simples remoção” até os mais completos equipados com desfibriladores, tanques de oxigênio e sistemas de UTI, passando a conquistar grandes vendas junto aos órgãos governamentais civis, se destacando nos serviços de socorro médico por suas dimensões externas compactas, facilidade de manobra e agilidade no trânsito. Isso resulta numa operação com eficiência e confiabilidade, fatores essenciais para quem atua com transporte no setor da saúde. Este fato tornaria ao longo dos anos o principal veículo deste tipo a integrar a frota do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) do Ministério da Saúde. O governo do Estado de São Paulo, passaria em 1993 a adquirir pelo menos 20 unidades de uma versão policial especifica para emprego como bases comunitárias móveis 30 unidades configuradas para tarefas de resgate para o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar. Na aplicação do setor de socorro médico, o amplo espaço interno dos furgões Sprinter propicia conforto e segurança para os pacientes e também praticidade e comodidade aos profissionais de saúde.

Se aproveitando da excelente relação existente com o Exército Brasileiro, principalmente no fornecimento de caminhões militarizados, a Mercedes-Benz do Brasil S/A passaria em 1994 a oferecer em parceria com a empresa Marimar Veículos Ltda, uma versão ambulância para “simples remoção” e “atendimento básico”. Neste momento o veículo utilizado nesta mesma atividade, era o Chevrolet Veraneio, e comparativamente o Mercedes Sprinter por sua configuração monovolume apresentava um espaço interior muito maior, este fator levaria a aquisição de um primeiro lote, que passaria a ser entregue no final do mesmo ano. Em serviço o Mercedes-Benz MB-180D Sprinter, recebeu a designação de Viatura de Transporte Especializado Ambulância (VTE Amb 4X2), passando a operar junto aos Hospitais do Exército. Logo em seguida esta escolha seria acompanhada pela Marinha do Brasil, mediante a uma encomenda para uso junto aos Ambulatórios e Hospitais Navais, e por fim o mesmo modelo seria incorporado também a frota da Força Aérea Brasileira (FAB). Nestas organizações os Mercedes-Benz MB-180D Sprinter, passaram a substituir os menores e mais antigos veículos dedicados a estas tarefas. Na esteira destas aquisições alguns veículos configurados para transporte de passageiros seriam adquiridos, com os primeiros do modelo Mercedes-Benz 312D Sprinter 2000 sendo usados pelo Batalhão de Infantaria de Aeronáutica Especial de Brasília para Pelotão de Cães de Guerra, com esta decisão sendo seguida pelo Exército Brasileiro, para uso dos Batalhões de Polícia do Exército na Seção de Cães de Guerra – Canil. 
A exemplo da Força Aérea Brasileira (FAB), o Exército Brasileiro passaria a partir do ano de 2012, a incorporar um pequeno número de veículos do modelo Mercedes-Benz 415 CDi Sprinter 2012/2013, transformados em veículos canil pela empresa Tako Capotaria Ltda, para uso pela Seção de Cães de Guerra – Canil, alocados junto as unidades da Polícia do Exército (PE). Os primeiros modelos adquiridos na década de 1990 foram retirados do serviço ativo até a primeira metade do início do século XX, sendo substituídos por veículos novos, principalmente na versão ambulância, e neste contexto passaram a dividir espaço com ambulâncias baseadas nas plataformas de utilitários como Renault e Iveco, quebrando assim a hemogenia da montadora alemã. Novamente estes carros foram distribuídos aos Hospitais das três Forças Armadas, ao Batalhão da Guarda Presidencial do Exército Brasileiro na capital federal, Brasília – DF. Em termos veículos da família Mercedes-Benz Sprinter, configurados na versão de transporte de passageiros (16 lugares), as últimas incorporações foram realizadas pela Marinha do Brasil, sendo alocados aos comandos dos Distritos Navais espalhados pelo país. 

Em Escala.
Para representarmos o Mercedes-Benz MB-180D Sprinter VTE Amb 4X2, do Exército Brasileiro, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio na escala 1/43 para a "Coleção Veículos de Serviço do Brasil" da Editora Altayia.  Como não há diferenças entre a versão civil e militar não há a necessidade proceder nenhuma customização. Empregamos decais confeccionados pela Decals e Books pertencentes ao set "Forças Armadas do Brasil 1983 á  2002 1/35”.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura, empregado em todas as ambulâncias do Exército Brasileiro (mesmo padrão civil) utilizadas junto as unidades de saúde administrativas da organização. Já os veículos a serviço em outras tarefas fazem uso dos esquemas de pintura pertinentes a cada ramo das Forças Armadas Brasileiras.

Bibliografia :

- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos;
- Veículos de Serviço do Brasil – Mercedes-Benz MB-180D Sprinter  – Editora Altaya;
- Mercedes- Wikipedia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercedes-Benz;
- Mercedes-Benz do Brasil - https://www2.mercedes-benz.com.br/
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/
- Exército Brasileiro - https://eb.mil.br/