F-2000B Dassault Mirage 2000B

História e Desenvolvimento.
Durante a segunda metade da década de 1950, o aumento das tensões entre os países que compunham a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o Pacto de Varsóvia elevariam a temperatura da "Guerra Fria", levariam as forças de ambos os lados a aumentarem seus investimentos em defesa. Como prioridade estava a busca de soluções para a defesa aérea contra possíveis bombardeios convencionais ou nucleares, demandando assim o desenvolvimento de uma nova geração caças interceptadores de alta performance.  Apesar de esforços conjuntos entre os países da OTAN  a política apregoada pelo governo francês baseava-se na busca pela independência no desenvolvimento e produção de itens de defesa estratégicos, visando assim não depender tecnologicamente ou politicamente de outras nações. Desta maneira em 1953 o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) decidiu encomendar um estudo para o desenvolvimento de um interceptador supersônico leve de alta performance. Esta nova aeronave, apresentava como parâmetro básico a capacidade de operação e qualquer tempo (all-weather), potencial de ascensão a 18.000 metros em seis minutos e atingir a velocidade de Mach 1.3 (1592.56 km/h) em voo horizontal. Com base nestas especificações, prontamente a empresa Marcel Dassault Aviation apresentaria ao Ministério de Defesa Francês, um projeto denominado como "MD.550 Mystère-Delta", um pequeno e ágil interceptador puro.  Esta aeronave seria impulsionada por dois motores turbojatos ingleses Armstrong Siddeley MD30R Viper, estando equipados com pós combustores, cada um com um empuxo de 9.61kN (2,160lbf) tendo como complemento um motor foguete de combustível líquido que provinha um empuxo adicional de 14.7kN. (3.300lbf), lhe permitindo um grande potencial de ascensão.  Esta proposta agradaria o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), levando a liberação de recursos para a produção de um protótipo funcional, e esta aeronave não receberia seus pós combustores, apresentando um perfil de voo de vinte minutos de missão, atingindo um teto de 3.000 pés com uma velocidade máxima de Mach 0.95 (1.170 km/h). No entanto este desempenho seria considerado insatisfatório, e assim seu projeto seria inteiramente revisado, passando a receber uma série de melhorias. Esta versão seria equipada com o motor turbo jato francês Snecma Atar 101G1 dotado de pós combustor que rendia 43,2 kN (9,700 lbf) de empuxo, e receberia a designação oficial de Dassault Mirage III. Logo a seguir seria celebrado um primeiro contrato para a produção de um lote pré-série, com mas primeiras aeronaves sendo entregues em maio de 1957.  Após os ensaios em voo, no início do ano seguinte seriam encomendadas 95 aeronaves, que começariam a ser entregues a partir de fevereiro de 1961. Mesmo antes disto, este modelo conquistaria diversos contratos de exportação, neste mesmo momento seria solicitado ao fabricante, o desenvolvimento de uma versão destinada a tarefas de treinamento e conversão operacional. 

O caça multifuncional Dassault Mirage IIIE alcançou notável sucesso comercial no cenário internacional, consolidando-se, a partir de meados da década de 1960, como um dos pilares da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air). Este modelo desempenhou um papel crucial em missões de primeira linha, sendo especialmente relevante na estratégia de defesa contra possíveis incursões de bombardeiros soviéticos em território francês durante o auge da Guerra Fria. Sua versatilidade, aliada a um projeto robusto da Marcel Dassault Aviation, tornou-o um marco na aviação militar da época. Contudo, o rápido avanço da tecnologia aeronáutica, impulsionado pela intensa competição entre as potências ocidentais e o bloco soviético, revelou as limitações do Mirage IIIE, conduzindo-o à obsolescência em um curto espaço de tempo. Diante desse cenário, o governo francês, ciente dos desafios impostos pela acelerada evolução tecnológica e pela necessidade de manter a superioridade aérea, buscou alternativas inovadoras para modernizar sua frota de caças. Entre as iniciativas propostas, destacou-se o ambicioso "Programa ACF – Avion de Combat Futur" (Avião de Combate do Futuro), concebido na década de 1970 com o objetivo de desenvolver uma aeronave multifuncional de última geração. O projeto previa a adoção de asas de geometria variável, uma configuração então considerada revolucionária, que prometia combinar versatilidade operacional com desempenho superior em diferentes perfis de missão. Contudo, os elevados custos de desenvolvimento, aliados às complexidades técnicas, levaram ao cancelamento do programa em 1972, frustrando as expectativas de uma nova era para a aviação militar francesa. Paralelamente, a Marcel Dassault Aviation concentrou esforços na promoção do caça tático Dassault Mirage F-1, projetado para suceder ao Mirage III no mercado internacional. Apesar de suas qualidades, o F-1 não alcançou o mesmo êxito comercial de seu antecessor, enfrentando forte concorrência, sobretudo do caça norte-americano General Dynamics F-16 Fighting Falcon. O F-16, com seu design avançado e custo competitivo, frequentemente superava o Mirage F-1 em licitações internacionais, o que representou um revés significativo para a indústria aeronáutica francesa. Esse contexto de desafios e concorrência global motivou a Dassault a redirecionar seus esforços para o desenvolvimento de uma nova aeronave que combinasse inovação, eficiência operacional e custos moderados. Assim nasceu o programa Mirage 2000, concebido como um vetor multimissão capaz de substituir não apenas os modelos Mirage IIIC e IIIE, mas também o Breguet-BAC SEPECAT Jaguar e o próprio Mirage F-1 na Armée de l’Air. Em 1972, enquanto o programa ACF ainda estava em curso, a Dassault iniciou um projeto secundário, provisoriamente denominado "Delta 1000". Com o cancelamento do ACF, os recursos e a atenção da empresa voltaram-se integralmente para o "Dov Delta 1000", que se tornaria a base do Mirage 2000.
O desenvolvimento do Mirage 2000 beneficiou-se diretamente das lições e inovações do programa ACF. Entre as tecnologias incorporadas, destacam-se o motor SNECMA M53, um propulsor de alto desempenho, e os slats automáticos ao longo do bordo de ataque das asas, controlados por um avançado sistema de voo por comando elétrico (fly-by-wire). A decisão de retomar a configuração de asa delta, em vez das asas de geometria variável do ACF, trouxe vantagens significativas: maior simplicidade estrutural, redução da assinatura de radar e maior capacidade de armazenamento de combustível. No entanto, a asa delta apresentava desafios, como maior velocidade de pouso, distâncias mais longas de decolagem e aterrissagem e menor manobrabilidade em baixas altitudes. Para superar essas limitações, o fabricante introduziu o conceito de instabilidade dinâmica no projeto do Mirage 2000, deslocando o centro de pressão para trás do centro de gravidade da aeronave. Essa inovação, aliada ao sistema fly-by-wire redundante, aumentou significativamente a manobrabilidade e reduziu a distância de decolagem. A distância de aterrissagem, por sua vez, foi otimizada com a adoção de freios de fibra de carbono, uma solução avançada para a época. Além disso, o Mirage 2000 foi equipado com o sistema HOTAS (Hands On Throttle And Stick), que permitia ao piloto controlar a maioria dos sistemas da aeronave por meio de botões estrategicamente posicionados no manche e no manete de potência, aprimorando a ergonomia e a eficiência em combate. O Mirage 2000, portanto, representou não apenas uma evolução tecnológica, mas também uma resposta estratégica às demandas da Guerra Fria e às pressões do mercado internacional. Combinando inovação, desempenho e uma relação custo-benefício otimizada, o programa consolidou a posição da Dassault como uma das líderes mundiais na produção de aeronaves militares, garantindo à Força Aérea Francesa um vetor de combate moderno e versátil, capaz de atender às exigências das décadas seguintes. O primeiro protótipo da aeronave alçou voo em 10 de março de 1978, apenas 27 meses após a autorização oficial do programa pelo governo francês, em dezembro de 1975. Este curto prazo de desenvolvimento sublinhou a expertise técnica da Dassault e a urgência de modernizar a Força Aérea Francesa (Armée de l’Air) em um contexto de intensas tensões geopolíticas. A apresentação pública do Mirage 2000 ocorreu durante o prestigiado Farnborough Air Show, em setembro de 1978, onde a aeronave impressionou especialistas e autoridades pela sua avançada concepção. O programa de ensaios em voo foi conduzido com rigor, com o segundo protótipo voando em outubro de 1978 e o terceiro em abril de 1979. Esses testes intensivos permitiram a validação das capacidades da aeronave, culminando na assinatura de um contrato inicial para a produção de 37 unidades. 

Paralelamente ao processo de ensaios em voo realizado com o primeiro protótipo no ano de 1978, a equipe de projetos da Dassault Aviation trabalhava no desenvolvimento de uma versão de treinamento e conversão operacional. Assim desta maneira a variante Mirage 2000B seria concebida desde o início do programa como uma versão de treinamento operacional de dois lugares em tandem, para permitir a conversão de pilotos sem comprometer as capacidades de combate. Seguindo o mesmo conceito de projeto do Mirage IIID, esta nova aeronave receberia uma extensão de fuselagem na ordem de vinte e dois centímetros, visando assim fornecer o espaço para a acomodação de um segundo assento que seria destinado ao instrutor. Suas modificações estruturais seriam mínimas, aproveitando a estrutura e os sistemas do monoplace, com modificações mínimas para acomodar o segundo assento, controles duplos e instrumentação de treinamento. Diferentemente das variantes monoplace, o 2000B não deveria inicialmente possuir canhão interno fixo (embora possa carregar um pod externo CC630 com canhões gêmeos de 30 mm), mas mantinha a compatibilidade com radares, mísseis e outros sistemas de armas, tornando-o versátil para missões reais além do treinamento.  Divergindo do conceito de seu antecessor, o fabricante francês optou por manter na versão biplace capacidade de combate do modelo monoplace, mantendo o radar Thomson CSF, e a possibilidade de operar com dois dois mísseis ar ar com guiagem infravermelho Matra Magic 2, além de dois misseis Super R-530F/D. Neste momento o seria decidido manter também seus dois seus canhões DEFA 554 de 30 mm (com 125 cartuchos cada).  Em missões de ataque ao solo, o novo Mirage 2000B podia ser equipado com bombas convencionais de queda livre, foguetes de 70 mm e bombas inteligentes guiadas a laser, com a designação dos alvos podendo ser feita através de um pod ou por outra aeronave.  O protótipo do Mirage 2000B foi financiado pela própria Dassault e realizou seu primeiro voo em 11 de outubro de 1980, pilotado por Michel Porta, já estando equipado com a motorização final escolhida para a versão Mirage 2000C, o motor turbo jato Snecma M53-5.  Esse protótipo foi integrado ao programa de testes geral do Mirage 2000, servindo como a única variante biposto inicial para avaliação. Após o encerramento do programa de testes, a Força Aérea Francesa (Armée de l’Air) formalizaria uma encomenda de 30 células do Mirage 2000B, que após seu recebimento deveriam ser distribuídas entre as três alas de caça, a fim de suprir as necessidades de treinamento de conversão. As primeiras entregas do Mirage 2000B ocorreram no verão de 1983, alinhadas com a produção inicial da família Mirage 2000, e a variante entrou em serviço em 1984, paralelamente ao 2000C.
Embora o foco inicial fosse no treinamento, o Mirage 2000B serviu de base para variantes posteriores, como o Mirage 2000-5 (um protótipo modificado de um 2000B voou em 24 de outubro de 1990 para testes avançados).  A partir da versão de treinamento e conversão surgiria a variante destinada a missões de ataque nuclear tático recebendo do fabricante a designação de Mirage 2000N, estando apta a transportar e lançar o míssil nuclear stand-off Air-Sol Moyenne Portée (ASMP). Esta variante passou a operar entre 1988 e 1991, se mantendo em operação até 2008, quando da entrada de versão similar do Dassault Rafale. A segunda versão de ataque convencional denominada Dassault Mirage 2000D, baseada na plataforma da versão biposta de treinamento, surgiu como uma necessidade da Armée de l'Air (Força Aérea Francesa, agora Armée de l'Air et de l'Espace) para complementar os caças SEPECAT Jaguar em missões de ataque diurno, adicionando capacidades noturnas e de mau tempo. Em 1986, a Força Aérea anunciou o desenvolvimento de uma versão atualizada do Mirage 2000N, inicialmente designada "Mirage 2000N Prime" ou "Mirage 2000N cousin". Essa variante foi derivada diretamente do Mirage 2000N, que por sua vez se baseava no Mirage 2000B (treinador biposto), projetado para substituir o Mirage IVP em missões nucleares. O Mirage 2000N teve seu primeiro voo em 3 de fevereiro de 1986, com 75 unidades produzidas até 1993. Devido aos atrasos no Rafale, o foco mudou para uma versão convencional, sem armas nucleares, para estender a vida útil da frota Mirage 2000. O Mirage 2000D evoluiu com subvariantes: R1 (capacidade limitada de armas) e R2 (capacidade plena, incluindo mísseis Apache, Scalp, ATLIS II e suíte Samir). A partir de 2001, upgrades incluíram contramedidas aprimoradas com dispensadores de flares duplos. Em 2015, o programa RMV (Rénovation Mi-Vie) foi revivido para modernizar 55 aeronaves até 2024, integrando mísseis MICA, bombas GBU-48/50 e atualizações de aviônicos, ao custo de 532,5 milhões de euros. Operacionalmente, o Mirage 2000D serviu em intervenções como a Guerra do Afeganistão (a partir de 2001), realizando ataques de precisão com bombas guiadas a laser em coordenação com forças internacionais. Quanto a versão de conversão Mirage 2000B  a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) Força Aérea Francesa optou por concentrar as células remanescentes na Base Aérea de 155 Orange-Caritat em Vauclus, melhorando assim o processo de formação dos novos pilotos , reduzindo inclusive os custos neste processo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No final da década de 1990, a Força Aérea Brasileira (FAB) enfrentava um cenário desafiador em sua aviação de caça e ataque. Sua frota era composta por apenas 65 aeronaves, divididas entre os caças franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR (designados F-103E) e os norte-americanos Northrop F-5E Tiger II. Essas aeronaves, alocadas em quatro unidades de caça de primeira linha – incluindo o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvC) e o 1º/14º Grupo de Aviação (Esquadrão Pampa) – pertenciam às gerações de segunda e terceira de aviões de combate. Apesar de sua confiabilidade operacional, esses vetores eram considerados tecnologicamente obsoletos, especialmente quando comparados aos caças de quarta geração que dominavam os cenários de combate aéreo da época. Durante a Guerra Fria, os Mirage IIIEBR e F-5E Tiger II foram pilares da defesa aérea brasileira, desempenhando papéis cruciais em missões como a interceptação de um bombardeiro Avro Vulcan em 1982, durante a Guerra das Malvinas. No entanto, na década de 1990, exercícios multinacionais conjuntos expuseram as limitações dessas aeronaves frente a caças modernos, como o Dassault Mirage 2000 e o Lockheed Martin F-16C/D Fighting Falcon. A principal deficiência era a incapacidade de operar em combates além do alcance visual (Beyond Visual Range – BVR), uma característica essencial na guerra aérea moderna, que exigia sistemas de radar avançados, mísseis de longo alcance e aviônicos integrados. Além disso, muitos dos Mirage IIIEBR/D, adquiridos na década de 1970, aproximavam-se do fim de sua vida útil estrutural. As células apresentavam sinais de fadiga, e os custos de manutenção estavam se tornando insustentáveis, sinalizando a necessidade urgente de substituição. Os F-5E, embora mais recentes e com potencial de modernização como demonstrado por programa realizados em outros países, também careciam de sistemas compatíveis com os padrões de quarta geração, como mísseis BVR do tipo AIM-120 AMRAAM ou radares multimodo. Reconhecendo essas limitações, a Força Aérea Brasileira (FAB) identificou a necessidade de adquirir pelo menos 50 aeronaves multimissão de quarta geração para substituir os Mirage IIIEBR e complementar os F-5E. Esse objetivo ganhou forma em julho de 2000, com a aprovação do Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, que incluía o projeto FX BR como seu braço armado. Com um orçamento inicial de US$ 700 milhões, o programa previa a aquisição de 12 a 24 caças de superioridade aérea, capazes de operar em cenários de combate moderno e fortalecer o Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA). O Ministério da Defesa conduziu um meticuloso processo de análise técnica, avaliando propostas de fabricantes globais. 

Entre os concorrentes estavam caças de renome, como o Dassault Mirage 2000-5, o Lockheed Martin F-16C/D, o Sukhoi Su-30 e o Saab JAS 39 Gripen.  Após rigorosa avaliação, uma lista final (short list) foi definida, destacando os modelos mais alinhados com os requisitos operacionais e orçamentários. Infelizmente, o ímpeto do programa FX BR foi interrompido em 2002, quando um novo governo assumiu o poder no Brasil. Apesar do financiamento externo garantido, que minimizava a necessidade de investimento imediato, a nova administração optou por cancelar o programa, priorizando a alocação de recursos para iniciativas sociais. Essa decisão, adiou a modernização da aviação de caça brasileira, deixando a Força Aérea Brasileira (FAB) dependente de vetores envelhecidos por mais uma década.Apesar desta negativa, a premente necessidade de substituição e modernização, se fazia presente, e o comando do Ministério da Defesa imbuído da missão de fazer o máximo possível com o seu reduzido orçamento para  Aeronáutica, decidiu derivar por dois caminhos. O primeiro caminho pautava um estudo voltado a aplicação de um processo de modernização de sua frota de caças Northrop  F-5E/F Tiger II, com este sendo profundamente influenciado no exitoso programa aplicado junto aos caças F-5E Tigres III chileno.  Nesse contexto, seria criado o Programa F-5BR, liderado pela Embraer S/A  em parceria com a israelense Elbit Systems, emergindo como uma iniciativa estratégica para modernizar a frota de F-5E/F, garantindo sua relevância operacional até o final da década de 2020. O segundo visaria a aquisição de dez a doze caças usados para a substituição dos Marcel Dassault Mirage IIIEBR - F-103E, que  em função da obsolescência das células, que já estavam em serviço há mais de trinta anos e estavam próximos ao limiar da vida útil estrutural, não recomendavam a aplicação de qualquer processo de modernização. Neste aspecto, alternativas para a aquisição de um caça tampão seriam estudadas, como propostas de leasing de doze caças Kfir C-10 israelenses, aluguel de doze caças russos Sukhoi Su-27SK  ou ainda a compra de dezoito caças usados norte-americanos  General Dynamics F-16 Fighting Falcon usados da Força Aérea Holandesa (RNLAF). No entanto infelizmente por diversos motivos, estas propostas não passariam das fases preliminares de estudo. O programa de aquisição de novas aeronaves de caça só seria retomado no ano de 2003, recebendo a designação oficial de Programa FX2-BR. Diversas propostas atualizadas seriam recebidas, com as análises sendo totalmente reiniciadas, e o cronograma previa a definição do vencedor prevista para março de 2004, mediante decisão em sessão específica do Conselho de Defesa Nacional (CDN). 
Porém o passar dos anos agravaria ainda mais a situação operacional da combalida frota de interceptadores Dassault Mirage IIIEBR e IIIDBR - F-103E/D. E o consequente adiamento das definições geraria um atraso de no mínimo cinco anos entre a escolha do vencedor e as primeiras entregas, o que seria inadmissível, pois deixaria a defesa aérea desfalcada por um período muito extenso.  Visando amenizar esta problemática o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) retomaria estudos com o intuito de se buscar uma solução temporária, optando por uma aquisição ou aluguel de "novos" vetores de caça.  Novamente possíveis opções seriam analisadas, incluindo uma nova proposta vantajosa oferecida pela empresa francesa Dassault Aviaton, que participava da concorrência do programa "FX2-BR" com seu caça multimissão Rafale C.  Esta proposta consistia na  venda de 12 caças Mirage 2000 provenientes de esquadrões operacionais da Força Aérea Francesa (Armée de l’Air). A oferta incluía 10 unidades da variante monoplace Mirage 2000C e duas da variante biposto Mirage 2000B, destinadas ao treinamento e conversão operacional. Essa proposta destacava-se pela excelente relação custo-benefício, especialmente considerando o interesse estratégico da Dassault em fortalecer sua posição no competitivo mercado brasileiro, em meio ao processo de seleção do programa "FX2-BR", que visava a aquisição de um novo caça para a Força Aérea Brasileira (FAB) . A proposta foi formalmente validada pelo Ministro da Defesa do Brasil, resultando, em 12 de julho de 2003, na assinatura de um contrato de aquisição em Paris, entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Jacques Chirac, da França. Avaliado em 80 milhões de euros, conforme estipulado pelo Decreto nº 5.625, de 22 de dezembro de 2005, o acordo contemplava a transferência de 12 aeronaves Mirage 2000 (10 da variante “C” e duas da variante “B”), todas oriundas de unidades de primeira linha da Armée de l’Air. Além das aeronaves, o contrato incluía treinamento operacional, suporte técnico e um amplo suprimento de peças de reposição, assegurando a manutenção e a operacionalidade do novo vetor. Uma comissão formada por oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB), seria enviada a França para proceder a escolhas das células em melhor estado de conservação. Desta maneira seriam destacas dez aeronaves da versão Mirage 2000C, fabricadas no ano de 1984, equipadas com os motores turbo jatos SNECMA M53-5 com 8.998 Kg de empuxo, radar RDI Thales S 5.2 C Pulse Doppler com capacidade look down - shoot down, sistema de alerta de radar RWR Serval e lançadores de chaffs - flares Eclair.  Juntamente com um amplo suprimento de peças de reposição foram adquiridos um pacote de um pacote de armamentos composto por misseis ar ar BVR Matra Super 530D, misseis Matra Magic 2, cartuchos de munição de calibre 30 mm, chaffs e flares. Para ampliar a autonomia, foram fornecidos tanques suplementares de combustível ventrais de 1.300 e 2.000 litros, fixados nos pontos internos de cada asa. 

Logo em seguida no Brasil, seriam selecionados pilotos e mecânicos  a fim de serem enviados a França para treinamento e conversão para o novo vetor na base aérea da  Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) de Orange no interior do pais. O cronograma de entregas foi cuidadosamente planejado, com as 12 aeronaves transferidas em três lotes de quatro unidades cada, transladadas por pilotos brasileiros do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA). O primeiro lote foi entregue em 2006, seguido por mais quatro aeronaves em 2007 e as últimas quatro em 2008. Em 2006, as aeronaves Dassault Mirage 2000, designadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) como F-2000, foram declaradas plenamente operacionais, marcando um avanço significativo na capacidade de defesa aérea do Brasil.  Incorporadas ao 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), sediado na Base Aérea de Anápolis, Goiás, essas aeronaves substituíram os jatos de treinamento avançado Embraer AT-26 Xavante, que haviam sido utilizados de forma provisória desde dezembro de 2005, após a desativação dos últimos Dassault F-103E Mirage IIIEBR. A introdução dos F-2000 representou um salto qualitativo para a Força Aérea Brasileira (FAB), consolidando a modernização de sua frota de caças em um período de transição estratégica, enquanto o país aguardava a aquisição de aeronaves de quarta geração no âmbito do programa "F-X2-BR". Embora classificado como um caça de terceira geração, com tecnologias desenvolvidas na segunda metade da década de 1980, o Mirage 2000C era significativamente superior ao seu antecessor, o F-103E Mirage IIIEBR, tanto em desempenho operacional quanto em sistemas eletrônicos embarcados. Um dos avanços mais notáveis foi a introdução do sistema fly-by-wire, que utilizava controles computadorizados para as superfícies móveis da aeronave, sendo o primeiro caça da Força Aérea Brasileira (FAB) a incorporar essa tecnologia. Esse sistema, aliado ao radar Thales RDI S5.2C Pulse Doppler com capacidade look-down/shoot-down e aos mísseis Matra Super 530D, conferiu ao F-2000 a capacidade de combate beyond visual range (BVR, além do alcance visual), uma inovação que redefiniu as táticas de engajamento aéreo do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA). A introdução do F-2000C trouxe uma evolução significativa na doutrina operacional do esquadrão,  como um todo. A capacidade BVR permitiu a realização de treinamentos de combate dissimilar contra os caças Northrop F-5EM Tiger II, operados por outras unidades da Força Aérea Brasileira (FAB). Esses exercícios, que colocavam em confronto aeronaves com diferentes parâmetros de desempenho, enriqueceram a capacitação técnica dos pilotos e contribuíram para o aprimoramento das táticas de combate aéreo. Além disso, os mísseis de curto alcance Matra Magic 2, equipados nos F-2000, apresentavam desempenho superior aos Rafael Python 3, utilizados nos F-103E Mirage e F-5E Tiger II, aumentando o desafio nos treinamentos e elevando o padrão de preparação das equipagens.
Durante sua trajetória os Mirage F-2000C e F-2000B desempenharam um papel de destaque em diversos exercícios multinacionais, com ênfase na CRUZEX 2006 ( Exercício Cruzeiro do Sul ), um dos maiores exercícios aéreos da América Latina, que reuniu forças aéreas de países como Argentina, Chile, França e Uruguai.  Nesse evento, os Mirage F-2000C demonstraram sua interoperabilidade com outras aeronaves e sua eficácia em simulações de defesa aérea e combates aéreos, reforçando a credibilidade da Força Aérea Brasileira (FAB) no cenário internacional. Além dos exercícios, os F-2000 foram empregados em missões reais de policiamento do espaço aéreo, incluindo interceptações no contexto de operações como a Ágata, voltada para o combate ao tráfico de drogas e crimes transfronteiriços. Apesar de recebidos a partir de 2006, estas aeronaves tinham tempo definido de operação na Força Aérea Brasileira (FAB), compreendendo seu uso até fins de 2013 (pois quando adquiridas da Força Aérea Francesa- Armée de l'Air, estavam no limiar de sua vida útil contando com somente mais 1.000 horas de voo por célula).  Nesse período, a frota operou com eficiência limitada pela idade das aeronaves, exigindo manutenção intensiva. Análises preliminares realizadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) indicaram que qualquer programa de retrofit ou modernização seria economicamente inviável, dado o curto tempo de vida útil remanescente e os altos custos associados. Em 2013, apenas seis unidades permaneciam em condições operacionais, enquanto as demais foram desmontadas para servir como fonte de peças de reposição, uma prática comum em frotas envelhecidas para maximizar a disponibilidade das aeronaves ativas. Com base neste cenário, a decisão pela desativação completa da frota foi tomada, com a data oficial estabelecida para 31 de dezembro de 2013. O último voo operacional ocorreu em 20 de dezembro de 2013, quando a aeronave F-2000C Mirage FAB 4948 decolou da Base Aérea de Anápolis às 10h42, com destino ao Museu Aeroespacial (MUSAL), no Rio de Janeiro, onde foi incorporada ao acervo histórico. Como as primeiras células do modelo SAAB Gripen NG F-39E (vencedor do processo FX-2), seriam somente entregues a partir do ano de 2022, sendo que novamente o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA) passou a ser equipado provisoriamente com aeronaves tampão, agora os Northrop F-5EM Tiger II modernizados. 

Em Escala.
Para a representação do Mirage 2000B designado na Força Aérea Brasileira (FAB), como F-2000B, registrado sob a matrícula FAB 4933, foi utilizado o kit de modelismo produzido pela Airfix na escala 1/48. Embora o nível de detalhamento do kit seja comparável aos modelos contemporâneos fabricados pela Italeri, a qualidade do plástico injetado apresentou limitações significativas. Observou-se que diversas peças exibiam deformações (empenamento) e fragilidade excessiva, o que comprometeu parcialmente o processo de montagem. Para a customização e acabamento do modelo, foram empregados decais de alta qualidade fornecidos pela FCM Decais, provenientes do conjunto Set 48/40, lançado recentemente.
O Mirage F-2000B, operado pela Força Aérea Brasileira (FAB) entre 2006 e 2013, adotou o esquema de pintura tático padrão utilizado pelas aeronaves da Armée de l'Air (Força Aérea Francesa), baseado no sistema de cores Federal Standard (FS). Este padrão foi mantido mesmo após a transferência das aeronaves para o Brasil, refletindo sua origem francesa e a condição de aquisição de segunda mão. Abaixo, detalho o esquema de cores, as marcações aplicadas e o contexto histórico relacionado, de forma formal e estruturada, conforme solicitado.

Bibliografia :
- Mirage 2000 Mudança de Vetores, Marcelo Mendonça - Revista Força Aérea Nº 40
- Anápolis a Toca dos Jaguares, Luciano R Melo – Revista Força Aérea Nº 61
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html