M-3A1 e XM-3D1 Antiáereo (VBC AAe)

História e Desenvolvimento.
Na primeira metade da década de 1930, o plano de reequipamento do governo nacional-socialista alemão encontrava-se em plena implementação, abrangendo não apenas a modernização de armamentos, mas também o desenvolvimento de novos conceitos e doutrinas militares. No campo de batalha, essas inovações seriam empregadas de forma sincronizada, integrando veículos, armamentos e carros de combate de última geração. Essa iniciativa culminaria na formulação do conceito da "Guerra Relâmpago" (Blitzkrieg), uma tática militar que enfatizava o emprego de forças altamente concentradas e de rápida mobilidade. A estratégia envolvia formações blindadas e unidades de infantaria motorizada ou mecanizada, operando em conjunto com artilharia, assalto aéreo e apoio aéreo aproximado. O objetivo principal era romper as linhas defensivas inimigas, desestabilizar suas forças e comprometer sua capacidade de resposta diante de uma frente de batalha em constante mutação, conduzindo-as, assim, a uma derrota rápida e decisiva. Um dos pilares fundamentais dessa tática baseava-se no desenvolvimento de novos carros de combate (como o Panzer II e III) que, ao entrarem em ação a partir de setembro de 1939, demonstraram superioridade em diversos aspectos em relação a seus equivalentes britânicos, soviéticos, norte-americanos e franceses. Apesar das restrições impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes (assinado ao término da Primeira Guerra Mundial, em 1918), era evidente que o regime nazista avançava rapidamente em seu programa de rearmamento — um fato que não passou despercebido pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. Relatórios elaborados por esses serviços detalhavam o crescente potencial das forças armadas alemãs, incluindo projeções de aumento do efetivo militar e da produção de equipamentos por aquele hipotético inimigo. Neste contexto o desenvolvimento do M-3 Stuart remonta aos esforços de modernização dos tanques leves norte-americanos na década de 1930, impulsionados pelas observações dos conflitos na Europa e Ásia. Seu predecessor direto foi o Tanque Leve M2, introduzido em 1935, que evoluiu para variantes como o M2A4 em 1940. O M2A4 era armado com um canhão de 37 mm e apresentava uma suspensão de mola voluta vertical (VVSS), mas foi considerado obsoleto devido à armadura fina e ao armamento insuficiente para os padrões emergentes da guerra moderna. As lições aprendidas com a Guerra Civil Espanhola (1936–1939) e a invasão alemã da Polônia em 1939 destacaram a necessidade de tanques com armadura mais espessa, melhor suspensão e sistemas de recuo de canhão aprimorados. Em julho de 1940, o Exército dos Estados Unidos (US Army) iniciou o projeto de um novo tanque leve para substituir o M-1 e M-2A3 e M-2A4, incorporando essas melhorias. O M-3 foi concebido como uma evolução direta, mantendo a mobilidade do M-2A4, mas com proteções e poder de fogo superior.

Essa iniciativa foi conduzida pelo Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia, e resultou no desenvolvimento dos projetos conceituais, que em julho de 1940 se materializariam no primeiro protótipo do M-3, construindo pelo Arsenal de Rock Island, em Illinois. O carro de combate leve M-3  foi concebido para priorizar mobilidade, com um peso de cerca de 12,7 toneladas, permitindo velocidades de até 58 km/h em estrada. Em termos de armadura possuía uma construção variando de 9,5 mm a 50,8 mm, com 38 mm na frente superior do casco, 44 mm na frente inferior e 51 mm no mantelete do canhão. A armadura era soldada ou rebitada, oferecendo proteção contra armas leves. Como armamento principal dispunha de uma arma de 37 mm M-5 (posteriormente M-6), com alcance efetivo de 1.000 metros, e até cinco metralhadoras Browning M-1919A4 de 7,62 mm para autodefesa (incluindo posições coaxiais, antiaéreas e de casco). Estava equipado inicialmente com um motor radial Continental W-670 a gasolina (250 hp) ou Guiberson T-1020 a diesel. O M-5 futuramente introduziria os modernos motores duplos Cadillac V8 com transmissão Hydra-Matic, reduzindo ruído e calor interno. Fazia uso do sistema de suspensão do tipo VVSS (Vertical volute spring suspension) com rodas de estrada duplas e roda intermediária traseira, melhorando o contato com o solo e a tração em terrenos variados. Sua tripulação era composta por quatro membros (comandante, atirador, motorista e assistente de motorista), com visibilidade limitada em variantes iniciais devido à ausência de cúpula na torre. O veículo seria extensivamente testado em campo, levando ao estabelecimento de um certo grau de ceticismo por parte de um grupo de analistas mais críticos. Estes apontavam questionamentos sobre a real capacidade de proteção do veículo (em função de sua fina blindagem), bem como a real eficácia da arma de 37 mm frente a couraça dos carros de combate alemães de nova geração.  Apesar de suas limitações identificadas, como a vulnerabilidade a armamentos antitanque, a urgência de equipar as forças armadas norte-americanas e seus aliados prevaleceu sobre as ressalvas técnicas, levando à decisão de iniciar a produção em larga escala. Para atender à esta demanda, o Departamento de Ordenança do Exército contratou a Baldwin Locomotive Works e a American Locomotive Company (ALCO), além da American Car and Foundry Company, para a produção do M-3 a um custo unitário estimado de US$ 32.915,00. Essas empresas, originalmente especializadas na fabricação de locomotivas e equipamentos industriais, adaptaram suas linhas de montagem para a produção de veículos blindados para assim efetivamente cooperar com o esforço de guerra.

A produção do M-3 Stuart começou em março de 1941, liderada por três grandes fabricantes, com as primeiras entregas ao Exército dos Estados Unidos (US Army) ocorrendo três meses depois, se tornando o mais moderno carro de combate em uso naquele pais.  Sua introdução coincidiu com a expansão das divisões blindadas norte-americanas, que se preparavam para o conflito global. O tanque foi rapidamente integrado a unidades de reconhecimento e apoio tático, destacando-se pela velocidade e confiabilidade. Neste momento o novo carro de combate leve, receberia o nome de batismo de M-3 'Stuart", em homenagem a James Ewell Brown “Jeb” Stuart, um renomado oficial das Forças Confederadas dos Estados Unidos. Este nome de batismo seria também adotado pela Grã-Bretanha, que logo se tornaria o primeiro cliente de exportação do modelo, com uma grande encomenda sendo firmada nos termos do programa de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). O batismo de fogo do M-3 Stuart ocorreu durante a Operação Crusader, uma ofensiva britânica no Norte da África, lançada entre 18 de novembro e 30 de dezembro de 1941, contra as forças do Eixo lideradas pelo general alemão Erwin Rommel. O M-3 Stuart, designado pelos britânicos como “Stuart I” (ou “Stuart II” para a variante a diesel),  sendo empregados pela 7ª Divisão Blindada, conhecida como “Ratos do Deserto”. Durante esta operação  o M-3 Stuart foi empregado em missões de reconhecimento e apoio à infantaria, aproveitando sua velocidade (58 km/h em estrada) para realizar manobras rápidas no deserto. Sua mobilidade foi um trunfo em terrenos abertos, permitindo flanquear posições inimigas e coletar informações estratégicas. Os Stuarts enfrentaram tanques alemães, como o Panzer III, e italianos, como o Fiat M13/40. No entanto, o canhão de 37 mm revelou-se ineficaz contra a armadura frontal dos tanques médios alemães, enquanto a armadura fina do M-3 (máximo de 50,8 mm) o tornava vulnerável a canhões antitanque, como o Pak 38 de 50 mm. Apesar das limitações, o M-3 Stuart foi elogiado pelos britânicos por sua confiabilidade mecânica e facilidade de manutenção. Sua velocidade permitiu operações de reconhecimento eficazes, mas as perdas foram significativas devido à superioridade dos tanques alemães em poder de fogo e proteção. Neste contexto a produção de exportação seria priorizada em detrimento as necessidades norte-americanas, muito em função de dotar o Exército Real (Royal Army) de uma capacidade numérica capaz de enfrentar as unidades blindadas do África Korps, pertencentes ao Exército Alemão (Wehrmacht), no teatro de operações da África do Norte. Ao todo seriam entregues aos britânicos um total 5.532 destes carros de combate, dispostos em diversas versões.

A produção do M-3 Stuart começou em março de 1941, liderada por três grandes fabricantes, com as primeiras entregas ao Exército dos Estados Unidos (US Army) ocorrendo três meses depois, se tornando o mais moderno carro de combate em uso naquele pais.  Sua introdução coincidiu com a expansão das divisões blindadas norte-americanas, que se preparavam para o conflito global. O tanque foi rapidamente integrado a unidades de reconhecimento e apoio tático, destacando-se pela velocidade e confiabilidade. Neste momento o novo carro de combate leve, receberia o nome de batismo de M-3 'Stuart", em homenagem a James Ewell Brown “Jeb” Stuart, um renomado oficial das Forças Confederadas dos Estados Unidos. Este nome de batismo seria também adotado pela Grã-Bretanha, que logo se tornaria o primeiro cliente de exportação do modelo, com uma grande encomenda sendo firmada nos termos do programa de Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). O batismo de fogo do M-3 Stuart ocorreu durante a Operação Crusader, uma ofensiva britânica no Norte da África, lançada entre 18 de novembro e 30 de dezembro de 1941, contra as forças do Eixo lideradas pelo general alemão Erwin Rommel. O M-3 Stuart, designado pelos britânicos como “Stuart I” (ou “Stuart II” para a variante a diesel),  sendo empregados pela 7ª Divisão Blindada, conhecida como “Ratos do Deserto”. Durante esta operação  o M-3 Stuart foi empregado em missões de reconhecimento e apoio à infantaria, aproveitando sua velocidade (58 km/h em estrada) para realizar manobras rápidas no deserto. Sua mobilidade foi um trunfo em terrenos abertos, permitindo flanquear posições inimigas e coletar informações estratégicas. Os Stuarts enfrentaram tanques alemães, como o Panzer III, e italianos, como o Fiat M13/40. No entanto, o canhão de 37 mm revelou-se ineficaz contra a armadura frontal dos tanques médios alemães, enquanto a armadura fina do M-3 (máximo de 50,8 mm) o tornava vulnerável a canhões antitanque, como o Pak 38 de 50 mm. Apesar das limitações, o M-3 Stuart foi elogiado pelos britânicos por sua confiabilidade mecânica e facilidade de manutenção. Sua velocidade permitiu operações de reconhecimento eficazes, mas as perdas foram significativas devido à superioridade dos tanques alemães em poder de fogo e proteção. Neste contexto a produção de exportação seria priorizada em detrimento as necessidades norte-americanas, muito em função de dotar o Exército Real (Royal Army) de uma capacidade numérica capaz de enfrentar as unidades blindadas do África Korps, pertencentes ao Exército Alemão (Wehrmacht), no teatro de operações da África do Norte. Ao todo seriam entregues aos britânicos um total 5.532 destes carros de combate, dispostos em diversas versões.

Já o primeiro combate do M-3 Stuart com tripulações norte-americanas ocorreu nas Filipinas, em dezembro de 1941, após o ataque japonês a Pearl Harbor, que marcou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. O 192º e o 194º Batalhões de Tanques, equipados com M-3 Stuarts, enfrentaram as forças japonesas durante a invasão das Filipinas. Os Stuarts foram usados em ações defensivas contra os tanques leves japoneses Type 95 Ha-Go, que possuíam armadura fina (12–16 mm) e um canhão de 37 mm semelhante. Esses confrontos representaram o primeiro combate tanque contra tanque envolvendo forças americanas na guerra. A falta de experiência das tripulações americanas em combate e as condições tropicais das Filipinas, como terrenos lamacentos, dificultaram as operações. A ausência de uma cúpula na torre nas primeiras unidades do M-3 limitava a visibilidade do comandante, comprometendo a eficácia tática. O M-3 Stuart desempenhou um papel importante, mas limitado, no Exército Vermelho, que no inicio do conflito dependia de tanques leves como o T-26 e o BT-7, que apresentavam armaduras finas e armamentos limitados.  Sendo considerado nas fases iniciais do conflito o principal carro de combate leve das forças aliadas, a grande quantidade de veículos em campo levaria a oportunidade de se aproveitar a possível comunalidade da plataforma, criando versões de serviço que fariam uso do mesmo fluxo logística de peças de reposição, facilitando ainda a manutenção em campo. Este cenário proporcionaria o campo para desenvolvimento de versões especializadas (viaturas novas ou modificadas), resultando na criação dos modelos M-3 e M-5 Command Tank (Carro Comando), T-8 Reconnaissance Vehicle – (Carro de Reconhecimento Leve sob Esteiras), M-5 Dozer (Veículo de Engenharia), M-8 e M-8A1 Scott (Obuseiro Autopropulsado de 75 mm), M-3 e M-3A1 Flame Gun (Lança Chamas), Stuart Race (versão britânica para reconhecimento). O último estudo referia-se a criação de um veículo antiaéreo autopropulsado, que receberia a designação de M-3 Maxson Turret , sendo este equipado com quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50 montadas em uma torre elétrica do modelo M-45 Quadmout. Apesar dos testes de campo revelarem um excelente perfil operacional, seu projeto seria cancelado em favor do aumento de produção dos carros meia lagarta White M-16 equipados com o mesmo sistema de armas. As demais  versões especializadas começaram a entrar em serviço no início de 1942 e estima-se que um total de 2.450 veículos foram produzidos ou convertidos durante a Segunda Guerra Mundial. Estas versões especializadas proporcionaram um novo alento na contribuição da família de carros de combate blindados leves M-3 e M-5 Stuart no esforço de guerra aliado se desdobrando em diversas tarefas de apoio. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. O cronograma de recebimento de grande parte dos veículos destinados ao país previstos neste acordo estava programado para ocorrer entre os meses de novembro e dezembro de 1941.  

Como parte de uma estratégia de propaganda e para demonstrar o compromisso com a modernização militar, o Ministério da Guerra optou por adquirir um lote inicial de dez unidades do M-3 Stuart, custeado à vista, fora do escopo principal do Lend-Lease Act. Essa compra foi realizada com rapidez para garantir que as viaturas estivessem disponíveis a tempo do desfile da Independência, em 7 de setembro de 1941, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. A introdução do carro de combate leve M-3 Stuart no Exército Brasileiro em 1941 marcou um ponto de inflexão na modernização das forças blindadas do país, desencadeando um novo ciclo operacional que rompeu com a doutrina militar francesa herdada da Primeira Guerra Mundial. O segundo lote composto por 20 carros, já constantes no processo do  Lend-Lease Act foi recebido em 21 de fevereiro de 1942, com mais 200 M-3 Stuart sendo recebidos até o final do mesmo ano. Neste momento seriam estruturados os Batalhões de Carros de Combate, equipados com os modelos CCM M-3 Lee e CCL M-3 Stuart, ficando baseados em pontos estratégicos nos estados de Sao Pauylo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Recife. Próximo ao término do conflito mais carros seriam recebidos, possibilitando a  formação de unidades de Cavalaria, tais como os cinco Regimentos de Reconhecimento Mecanizado (RRec Mec) e os sete Esquadrões de Reconhecimento Mecanizado (Esqd RecMec). Com o término do conflito mundial, os Stuart, assim como outros carros de combate, foram distribuídos em municípios das Regiões Sul e Sudeste e Nordeste. Em fins da década de 1960, a frota de carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart completava quase vinte anos de operação no Exército Brasileiro, tendo a marca de ter sido o percursor dos modernos carros de combate a entrar em serviço na força terrestre nacional, sendo empregado inclusive em uma grande quantidade de viaturas. No entanto esta considerável frota já vinha há alguns anos apresentando índices críticos de disponibilidade, resultado este ocasionado principalmente por problemas de obtenção de peças de reposição no mercado internacional. Com este fato mais notadamente concentrado nos antigos e obsoletos motores pela falta de um fluxo adequado logístico de peças de reposição, mais notadamente aquelas destinadas aos antigos e obsoletos motores a gasolina Continental AOS 895-3 e Guiberson T-1020A , que haviam tido sua produção descontinuada há mais de vinte anos. Sua sobrevida operacional seria proporcionada pela implementação do Plano Impere”, que visava recuperar diversos veículos, efetuando uma manutenção de 5º escalão dos carros de combate do III Exército. No M-3 Stuart seriam abrangidos itens críticos como trocas de anéis, pistões, guias de válvulas, mangueiras de alta pressão, substituição de lagartas , magnetos, bobinas, sistemas de rádio. E por fim revisão completa na parte elétrica, inclusive no sistema de disparo elétrico dos sponson gun do M-3 e impressões de novos manuais. 

Antes do início dos trabalhos de recuperação desta frota de carros de combate leves M-3 Stuart, vislumbrar-se-ia a necessidade de se dotar o Parque Regional de Motomecanização da Terceira Região Militar de Santa Maria (PqRMM/3) com um trator sob esteiras para assim mover os blindados de seus depósitos até as oficinas da organização, a fim de serem submetidos ao processo de recuperação. Desta frota seria escolhido uma viatura do modelo M-3A1 que se encontrava em plenas condições operacionais, que seria transformada em um trator de engenharia. Sua torre original seria retirada, recebendo a  aplicação algumas modificações no chassi, destinadas ao sistema de fixação de cabo de torque. Nascia assim o primeiro modelo de veículo blindado de serviço derivado da família de carros de combate leves M-3 Stuart a ser concebido e convertido no Brasil, apresentando uma capacidade para tracionar viaturas de até 13 toneladas. Este trator teria uma longeva carreira operacional no Exército Brasileiro, se mantendo na ativa nesta unidade até pelo menos meados da década de 1980. Paralelamente a equipe técnica do 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL) sediado em Campinas - SP, procederia a recuperação operacional plena, de várias viaturas do modelo que constavam em seu inventario, provando mais uma vez a viabilidade técnica de repotencialização da plataforma. Durante o ano de 1969, ocorreria a visitação de uma delegação israelense esteve em visita ao 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), o objetivo desta comitiva era o de buscar no mercado internacional a aquisição de veículos blindados antigos, visando assim transformá-los em veículos especializados ou de serviço. Durante esta reunião o comandante da unidade o Coronel Oscar de Abreu Paiva demonstraria grande interesse neste processo, tendo em vista os inúmeros comentários positivos preferidos pelos militares israelenses sobre estas conversões, principalmente em veículos de socorro, engenharia, tratores de artilharia, porta morteiros, obuseiros autopropulsados, comando, controle e artilharia aérea autopropulsada. Entre as inúmeras possibilidades de variantes a serem exploradas, inicialmente ganharia força o desenvolvimento de estudos visando a conversão de uma parcela da frota de carros de combate leve M-3 e M-3A1 Stuart em veículos antiaéreos autopropulsados. Este projeto se basearia em estudos realizados durante a Segunda Guerra Mundial,  pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) para a criação da versão de defesa antiaérea M-3 Maxson Turret, que fazia uso de um reparo de metralhadoras M-33.

Após ser elaborado o projeto conceitual, seria escolhido o M-3 “EB11-487” como veículo protótipo, tendo este a torre que abrigava o canhão de 37 mm removida, recebendo em seu lugar, um  sistema de reparo multiplo M-55 Quadmount equipado com quatro metralhadoras antiaéreas Browning M-2   calibre .50 que seria fornecida em regime de comodato pelo 5º Grupamento de Artilharia Antiaérea  90mm (Gcan90 AAe).Todo este processo de conversão seria executado nas oficinas do 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), contando com o apoio da equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da Terceira Região Militar de Santa Maria (PqRMM/3) e de mecânicos do 5º GCan 90 AAe. Este processo foi concluído alguns meses, o veículo foi testado em funcionamento, tendo inclusive participado de desfiles e deslocamentos na unidade, mas não existem registros de testes de tiro. No início, com o entusiasmo da primeira transformação, surgiu a ideia de equipar outro Stuart com um sistema antiaéreo mais efetivo, um canhão Bofors M947 L/60, de 40 mm, também pertencente ao 5º GCan 90 AAe. Condicionado pelas limitações técnicas e de ferramental para uma empreitada com tal complexidade, o projeto não saiu do papel. Por outro lado, a falta de interesse do Exército Brasileiro nesse tipo de sistema fez com que o projeto parasse. Pouco antes dos CCL M-3 Stuart darem baixa no 1º BCCL, em função do recebimento dos novos BVTP M-113 e da sua transformação no 28º Batalhão de Infantaria Blindada (28º BIB), o M-3 EB 11-487 teve sua torre original restaurada e o sistema M-55 foi devolvido à unidade de origem. O conceito para o desenvolvimento de uma viatura antiaérea autopropulsada orgânica com a finalidade de se equipar as unidades de Artilharia Antiaérea das Brigadas Blindadas, ressurgiria no início da década de 1980, tendo como alicerce o programa do Carro Combate Leve Nacional MB-1 (X-1A Pioneiro e X1-A2 Carcará). Este projeto envolvia o desenvolvimento de uma variada gama de modelos com base na plataforma modernizada do M-3 Stuart, como veículos lança pontes, porta morteiro, lança foguetes e defesa antiaérea.  Nascia assim o projeto M.01.15, que seria gerido Centro de Tecnologia do Exército (CETEX) em parceria com a empresa Bernardini S/A, e a exemplo da iniciativa da década de 1960 o armamento estava baseado no reparo antiaéreo M-55M Quadmout,  que fora modernizado e nacionalizado pela empresa carioca Lysan Indústria e Comercio Ltda, estando também equipado quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50. Ao ser concluído, o primeiro protótipo baseado no modelo X-1A receberia a designação de Viatura de Combate Antiaérea XM3D1 (VBC AAe), com este sendo submetido a um intenso programa de testes. 

Este programa previa ainda produção de um segundo protótipo (projeto M.01.27), que passaria a empregar uma torre com sistema de giro elétrico, bem mais moderno, dotado de uma arma de maior calibre um canhão Bofors L/60 de 40 mm. Este modelo receberia a designação de XM3E1, infelizmente esta configuração de armamento nunca seria adotada, e este protótipo receberia também um conjunto de metralhadoras M-55M. O bom desempenho dos Stuart paraguaios ressuscitou o projeto do XM3E1, que teve a carcaça novamente modificada, voltando à configuração próxima da original, com o motor na traseira, mas bem diferente do modelo de Campinas. Esse novo veículo possuía uma carcaça diferente de todos os modelos já construídos: a traseira era a mesma dos Stuart do Paraguai, e a carcaça era tão baixa que obrigou o deslocamento da torre para a esquerda, pois devido ao desenho do motor Scania, similar aos paraguaios, o eixo cardan ficava na diagonal e impedia a colocação do sistema de acionamento elétrico da torre. Estes protótipos seriam exaustivamente testados e avaliados pelo Exército Brasileiro, porém a baixa cadência de fogo e o alcance das armas Browning M-2 de calibre .50, se mostraram um pouco inadequados face a nova ameaça proporcionada pelas aeronaves de ataque a reação existentes naquela época. A priorização de investimento no programa de modernização dos carros de combate M-41 Walker Buldog também contribuiria na decisão do cancelamento definitivo do projeto de criar uma viatura blindada antiaérea orgânica das unidades de Artilharia Antiaérea das brigadas blindadas. Posteriormente os dois protótipos foram encaminhados a Campo de Provas da Restinga da Marambaia, sendo que o XM3E1 ainda permaneceu na ativa até recentemente sendo empregado como trator rebocador, já o XM3D1 seria empregado como alvo estático durante a campanha de avaliação dos blindados italianos Centauro em 2001. O XM3D-E não resultou em uma frota operacional, mas pavimentou o caminho para iniciativas futuras de defesa antiaérea. Infelizmente o Exército Brasileiro somente conquistaria uma relativa capacidade de defesa antiaérea de baixa altura em 2013 com a incorporação dos Gepard 1A2 equipados com canhões de 35 mm. Apesar disso o conceito do desenvolvimento do projeto XM3D-E influenciaria o desenvolvimento do projeto Guarani VBC AAe – MSR, que integra mísseis superfície-ar, canhões automáticos e radares em uma plataforma 6x6 da Iveco Defence Vehicles. 

Em Escala.
Para representarmos o M-3A1 Stuart VBC AAe  “EB11-487” convertido pelo 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL) durante a década de 1960, fizemos uso do excelente kit da Academy na escala 1/35. Para se representar este protótipo dispensamos o emprego da torre original, adaptando seu sistema de giro a um  reparo quadruplo de metralhados M-45 Quadmount, retirado de um modelo M-16 Half Track na escala 1/32 produzido pela New Ray.  Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados em todos os carros de combate leve  M-3 e M-3A1 Stuart operados pelo Exército Brasileiro, sendo as cores originais da fábrica denominada como “ Vitrolack Cor 7043-P-12”.  Este padrão de pintura seria mantido durante o período de testes e avaliação, um dos carros receberia temporariamente ainda a pintura camuflada em dois tons  adotada como padrão pela Força Terrestre a partir de 1983.

Bibliografia :
- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M-3 Stuart Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Stuart
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos