O emprego de aeronaves militares de asas rotativas na Segunda Guerra Mundial tem início em 1940, quando o alemão Flettner Fl 282 “Kolibri” um aparelho de cockpit aberto e rotores entrelaçados e assento único foi liberado pela Luftwafe para produção em massa. Inicialmente pretendia-se usar esta aeronave para realizar o transbordo de cargas e passageiros entre os navios da marinha, posteriormente uma nova versão dotada de um segundo assento para um observador de campo de batalha foi implementando gerando assim a versão B-2, este parecia ser um projeto muito promissor levando o governo do Reich Alemão a encomendar mil unidades a BMW (Bayerische Motoren Werke AG), porém devido aos intensos bombardeios aliados a máquina industrial nazista, apenas vinte e quatro células acabariam sendo efetivamente entregues. Já no lado dos aliados, o desenvolvimento de aeronaves de asas rotativas apresentou grandes avanços perto do fim da Segunda Guerra Mundial, tendo as primeiras aeronaves do modelo Sikorsky R-4 tendo sido enviadas para o teatro de operações Pacífico meses antes do término das hostilidades. Apesar do pouco uso em função do fim do conflito, ficou notório o potencial deste tipo de aeronave, no entanto outras empresas americanas já ensaiavam sua participação neste mercado durante a década de 1940, entre elas a Bell que passou a considerar o projeto de autoria da equipe do engenheiro aeronáutico Arthur Young, que apresentado a diretoria da empresa em 03 de setembro de 1941, e visava o desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas de pequeno porte. Este projeto receberia o financiamento por parte do governo norte-americano para a produção de dois protótipos que receberam a denominação de fábrica de Model 30, com a primeira célula alçando voo em 26 de junho de 1943. Um completo projeto de ensaios e testes de voo seria aplicado no modelo gerando assim as bases para a formatação do modelo inicial de produção do agora denominado pela fábrica como Bell Model 47.
O primeiro protótipo do modelo alçaria voo nas instalações industriais da Bell Helicopter Co. em Fort Worth, no estado do Texas, no dia 8 de junho de 1945, este helicóptero possuía um rotor simples com duas hélices de madeira, motor convencional, uma seção tubular de aço soldado desprovida de carenagem e com o cockpit coberto com uma bolha em de plexiglass. Esta seção superior poderia ainda ser removida transformando a aeronave em um helicóptero conversível, posteriormente esta bolha passou a ser moldada em uma peça só, se tornando visualmente a marca registrada do modelo. Esta concepção final com a cabine apresentando ampla visibilidade, pequena coluna de instrumentos no centro do cockpit e capacidade para transporte de um piloto e mais dois passageiros tornariam rapidamente a aeronave um sucesso comercial. Em 08 de março de 1946 a nova aeronave de asas rotativas receberia sua homologação para o mercado civil (classificação H1), e desta maneira o Bell Helicopter Model 47A, oficialmente se tornaria a primeira aeronave comercial de asas rotativas do mundo. A nova aeronave despertaria o interesse do comando Exército Americano (US Army) que buscava um aparelho leve de asas rotativas para missões de ligação e observação. Partindo com base no projeto original do modelo civil, seria solicitado a equipe de projetos da Bell Helicopter Co. a implementação de pequenas alterações, entre estas demandas, as mais marcantes estavam baseadas na troca do motor original pelo modelo Franklin 6V4-178-B3 de 178 hp, inclusão do cone de cauda coberto com tecido e trem de pouso com quatro rodas. Estas especificações levariam ao nascimento do modelo militar Bell H-13 Sioux, recebendo uma encomenda inicial de vinte e oito unidades que passaram a ser entregues no final de 1946 e serviriam de base para ensaios em voo e posterior avaliação para real emprego operacional.

Seu batismo de fogo ocorreria na Guerra da Coreia (1950 a 1953), quando os novos Bell H-13 das três forças armadas norte-americanas, seriam empregados em larga escala no transporte de feridos da linha de frente diretamente para os centros médicos de campanha, recebendo esta tarefa a denominação de MEDEVAC (Medical Evacuation – Evacuação Aero médica). Essa nova missão faria aumentar a necessidade de mais aeronaves do modelo Bell H-13 neste conflito, gerando assim mais contratos de aquisição de centenas de células. A grande disponibilidade de aeronaves de asas rotativas neste teatro de operações aliadas ao desenvolvimento de técnicas de operação do modelo resultaria no fantástico número de resgate, transporte e salvamento de mais de quinze mil soldados norte-americanos que foram feridos em combate. Neste mesmo período nos Estados Unidos, o Bell H-13 viria a se tornar o primeiro treinador padrão primário de aeronaves de asas rotativas desempenhando esta missão junto a força aérea, exército, marinha e corpo de fuzileiros, não só formando os pilotos, mas também colaborando para o desenvolvimento da doutrina operacional de emprego de helicópteros. A fabricação do Bell 47D em suas versões militares e civis, alcançaria a cifra de mil células produzidas até 1953, quando começaram a ser desenvolvidas e fabricadas novas variantes para o atendimento de demandas de clientes internacionais nos mercados civil e militar, como o Bell 47E, 47F, 47G, 47G2 e versão final Bell 47H foi a projetada para três pessoas contando com o canopy totalmente fechado. As oportunidades internacionais levariam no transcorrer das décadas de 1950 e 1960 a empresa a licenciar os modelos da família Model 47, com as aeronaves nas versões Bell 47G e Bell 47J sendo fabricadas pela empresa italiana Augusta SpA com cerca de mil e duzentas células e pela inglesa Westland Aircraft Co. um total quatrocentos e vinte e dois helicópteros.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de 1.500 modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), incluindo os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhak e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Este emprego de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino, a tornava a segunda maior força aérea das Américas. Apesar deste cenário se mostrar aceitável de imediato, as perspectivas futuras de médio prazo, seriam drasticamente alteradas pela evolução tecnológica aeronáutica observada no fim desta mesma década. Além da crescente participação de aeronaves movidas com motores de reação, começava a se destacar a introdução e operação dos primeiros modelos de aeronaves de asas rotativas, principalmente nas forças armadas norte-americanas com o emprego dos primeiros Sikorsky R-4 e Bell 47D Sioux inclusive com sua versatilidade sendo testada e aprovada em cenários de conflitos reais em missões de transporte de pessoal, ligação, observação de campo de batalha e evacuação aero médica , como observado no transcorrer da Guerra da Coreia (1950 – 1953). Atento a estas mudanças no início da década de o Ministério da Aeronáutica (MAer) empreenderia estudos envolvendo a estruturação de seu primeiro grande plano de modernização. Entre os pontos focais deste processo estava a aquisição vetores, e a criação e operação de um núcleo destinados ao emprego de aeronaves de asas rotativas. Seria definido neste estudo, que a primeira missão deste núcleo seria focada principalmente para prestar serviços de transporte aéreo especial (VIP – Very Important Person) aos mais altos escalões do governo federal.
Após análise de modelos existente no mercado internacional o Ministério da Aeronáutica (MAer), acabaria decidindo pela aquisição do helicóptero produzido pela empresa americana Bell Helicopter do modelo Bell 47D1 que estava equipado com motor Franklin O-335 de 178 HP, que neste período representava a versão militar mais moderna em produção, equipando o braço aéreo das forças armadas norte-americanas. Assim um contrato seria celebrado com o fabricante em março de 1952 para a aquisição de quatro aeronaves novas de fábrica, englobando neste pacote os serviços de treinamento e fornecimento de peças de reposição. Após entregues nas instalações da Bell Helicopter em Fort Worth no estado do Texas, as células seriam desmontadas e preparadas para transporte ao Brasil por via marítima, chegando a Rio de Janeiro nos primeiros dias do ano de 1953. Após transportadas por via terrestre até o aeroporto do Galeão, estas células começariam a ser montadas por técnicos do fabricante em conjunto com o pessoal da Fábrica do Galeão (FGL), porém neste processo observou-se que uma das aeronaves havia sido extremamente danificada na operação de transporte ao Brasil, e a após uma análise mais detalhada dos danos sofridos, classificaria a recuperação da célula como economicamente inviável. Assim este Bell 47D não chegou a ser montado, e suas peças foram separadas e armazenadas para servirem de suprimento as demais células operacionais. O modelo passou a ser designado na Força Aérea Brasileira como H-13D recebendo assim as matrículas 8500 a 8502.

A criação do 2º/10º Grupo de Aviação (2º/10ºGAv) - Esquadrão “Pelicano” em 1957, com sede na Base Aérea de Cumbica na cidade de Guarulhos, determinaria que todo o processo de formação dos pilotos de asas rotativas da Força Aérea Brasileira ficaria sob responsabilidade desta nova unidade. Desta maneira durante o transcorrer do ano de 1958, as três células remanescentes dos Bell H-13D seriam transferidos para este novo grupo de aviação. Seguindo no processo de formação, estas aeronaves seriam empregadas exaustivamente, porem infelizmente em maio de 1959 o Bell H-13D "FAB 8500" sofreria um acidente com perda total e vítimas fatais, reduzindo a frota do modelo para somente duas aeronaves. Com a crescente demanda por mais aeronaves de asas rotativas de treinamento para a formação de pilotos e também para a realização de missões em apoio ao Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, o Ministério da Aeronáutica (MAer) em meados do ano de 1959 procederia a aquisição diretamente do fabricante norte-americano, de treze novas aeronaves agora dispostas na versão mais atual a Bell H-13G2. Estes helicópteros começariam a ser entregues no início do ano seguinte, passando a ser distribuídos ao 2º/10ºGAv - Esquadrão “Pelicano” para emprego no treinamento e também missões de busca e salvamento e também ao 1º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) e para a 1 º e 3 º Esquadrilhas de Ligação e Observação (ELO), que operavam em proveito do Exército Brasileiro e por último a 2º Esquadrilha de Ligação e Observação (ELO) que apoiava as atividades operacionais da Marinha do Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Bell 47D1 - H-13D " FAB 8502 " empregamos o kit da Italeri na escala 1/48 como não há no mercado um set de decais especifico para o modelo nacional, optamos por representar uma célula equipada com o kit de flutuação pertencente aos efetivos SALVAERO da 3º Zona Aérea - Rio de Janeiro, então assim empregamos decais oriundos de diversos sets da FCM.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado nos H-13D, pois foram originalmente recebidos na cor azul que era mais adequada as missões de transporte VIP. Posteriormente receberam este padrão tático em olive drab , mantendo em uso este esquema até implementação do processo de modernização, quando passaram a ostentar o padrão de pintura em amarelo das demais versões do Bell 47 em uso na FAB.
Bibliografia
:
-
Esquadrao Pelicano 50 anos de Historia - Mauro Lins Barros & Oswaldo
Cruz
- Sikorsky H-19 Chicksaw - Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Sikorsky_H-19_Chickasaw
- Sikorsky
H-19D Na FAB, por Aparecido Camazano Alamino - Revista Asas Nº 32
- Historia da Força Aérea
Brasileira – Prof Rudnei Dias Cunha
- Historia da Força Aérea Brasileira por : Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Historia da Força Aérea Brasileira por : Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html