Jeep Bantam BRC40 1941 (VTrOp)

Historia e Desenvolvimento.
A American Bantam Car Company, também conhecida como American Bantam, foi um fabricante de automóveis dos Estados Unidos, com sede em Butler, Pensilvânia. A empresa foi fundada em 1936, a partir da aquisição dos ativos da falida American Austin Car Company por Roy Evans e William A. Ward Jr. A American Austin, estabelecida em 1929, produzia uma versão licenciada do compacto Austin Seven, da britânica Austin Motor Company, mas enfrentou dificuldades devido à Grande Depressão e à baixa aceitação de carros pequenos no mercado norte-americano, encerrando suas operações em 1934. Em 1935, Roy Evans, ex-vendedor da American Austin, adquiriu a fábrica e os equipamentos por apenas 5.000 dólares, reorganizando a empresa como American Bantam Car Company em junho de 1936. A nova companhia buscou revitalizar a produção de microcarros, adaptando o design original do Austin Seven com modificações para evitar o pagamento de licenças. O designer Alexis de Sakhnoffsky foi contratado para redesenhar a carroceria, criando novos para-lamas, grade frontal e traseira, enquanto o engenheiro Harold Crist modificou o motor de 747 cc, aumentando sua potência para 20 cavalos, com uma relação de compressão elevada e um sistema de óleo pressurizado. Entre 1937 e 1940, a American Bantam produziu cerca de 6.000 veículos, incluindo modelos como coupés, roadsters, conversíveis, picapes e furgões de entrega. Apesar do preço acessível (entre 439 e 499 dólares) e da eficiência de combustível (até 60 mpg), os carros compactos enfrentaram resistência no mercado norte-americano, onde os consumidores preferiam veículos maiores e mais potentes. O modelo Bantam de 1938 ganhou notoriedade por inspirar o carro do personagem Pato Donald, da Disney, mas isso não foi suficiente para impulsionar as vendas. A mentalidade americana e a recuperação econômica pós-Depressão dificultaram a comercialização desses microcarros. Apesar desta trajetória melancólica a American Bantam entrou para a história ao desenvolver o protótipo do veículo que se tornaria o Jeep. No final da década de 1920, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) intensificou esforços para transformar sua estrutura operacional, buscando acelerar a transição de uma força terrestre predominantemente hipomóvel, dependente de tração animal, para uma força mecanizada, capaz de atender às demandas de um cenário bélico moderno. Esse processo foi impulsionado pelos avanços tecnológicos da pujante indústria automotiva norte-americana, que oferecia soluções inovadoras para mobilidade e logística militar. O programa de mecanização abrangia o desenvolvimento de uma ampla gama de veículos, incluindo caminhões de carga, transportes de pessoal e, de forma prioritária, um veículo utilitário leve com tração integral 4x4. Este veículo deveria operar em ambientes fora de estrada, superar obstáculos com facilidade e transportar até quatro soldados totalmente equipados, garantindo agilidade e versatilidade em operações táticas. 

As iniciativas para conceber esse novo utilitário envolveram colaboração estreita entre militares e a indústria automotiva, mas enfrentaram desafios técnicos e orçamentários. O conceito definitivo começou a tomar forma no início de 1932, sob a liderança do Coronel Robert G. Howie, comandante da 7ª Companhia de Tanques, sediada em Fort Snelling, Minnesota. Como defensor fervoroso da motomecanização total da Força Terrestre, Howie possuía uma visão clara das necessidades operacionais em um novo espectro de combate. Sua experiência prática e compreensão estratégica foram fundamentais para o avanço do projeto. Sob sua supervisão, o primeiro protótipo funcional foi construído nas oficinas do Fort Sam Houston, no Texas. Submetido a rigorosos testes de campo, o veículo demonstrou resultados promissores, comprovando sua capacidade de operar em terrenos difíceis e atender às exigências táticas. Esses testes reforçaram a confiança do comando do Exército na viabilidade do conceito, levando à decisão de alocar recursos para a produção de um lote pré-série de setenta veículos. Contudo, restrições orçamentárias impostas pela Grande Depressão adiaram essa fase, interrompendo temporariamente o progresso do programa. O projeto foi retomado no final de 1936, quando o cenário econômico começou a se estabilizar e o Exército priorizou novamente a modernização. Após uma concorrência aberta, a Bantam Car Company, sediada na Pensilvânia, foi selecionada para desenvolver e produzir o lote pré-série. Conhecida por sua agilidade na fabricação de veículos leves, a Bantam entregou os primeiros utilitários a partir de meados de 1938, destinando-os ao Quartel-General do Departamento do Exército, localizado no Fort Holabird, em Baltimore, Maryland. Com uma frota inicial à disposição, o Exército ampliou a abrangência de seu programa de testes, avaliando o desempenho dos veículos em diversos terrenos e condições operacionais. Esse processo foi crucial não apenas para validar o projeto, mas também para iniciar a formatação de uma doutrina de emprego operacional para utilitários leves 4x4. Esses testes estabeleceram as bases para o desenvolvimento do que viria a ser o Jeep, um ícone militar que revolucionaria a mobilidade tática na Segunda Guerra Mundial. No âmbito de um abrangente programa de testes de campo conduzido no final da década de 1930, o Exército dos Estados Unidos (US Army) verificou que o novo veículo utilitário leve com tração integral 4x4 apresentava um potencial excepcional para ampliar a mobilidade da Força Terrestre. Capaz de operar com eficácia em uma ampla gama de ambientes fora de estrada (off-road), o veículo demonstrou versatilidade em diversas tarefas, superando obstáculos naturais e garantindo o transporte eficiente de até quatro soldados totalmente equipados. Esses resultados consolidaram a convicção do comando do Exército de que o utilitário representava um avanço estratégico crucial para a mecanização das forças armadas, levando à decisão de adotá-lo em larga escala. 
Com base nos testes bem-sucedidos,  lançou-se, em 1940, uma concorrência formal para a produção em série do veículo utilitário leve 4x4. O processo foi estruturado com rigor, envolvendo a emissão de convites a mais de cem empresas da indústria automotiva norte-americana. As participantes deveriam apresentar propostas técnicas e comerciais detalhadas, acompanhadas de protótipos funcionais que atendessem às especificações. A concorrência visava assegurar que o veículo final combinasse robustez, confiabilidade e capacidade de manufatura em larga escala, alinhando-se às necessidades operacionais . O aumento das tensões geopolíticas na Europa e no Pacífico Sul, impulsionado pela ascensão da Alemanha Nazista e do Império do Japão, alterou drasticamente o contexto da concorrência. A iminência de um conflito global tornou evidente a necessidade urgente de reequipar as forças armadas norte-americanas para enfrentar potenciais ameaças. Em resposta o comando do Exército revisou o cronograma original, estabelecendo um prazo excepcionalmente curto de 49 dias para a apresentação de protótipos funcionais. Essa exigência refletia a pressão para acelerar o processo, mas também impôs desafios significativos às empresas concorrentes. Das mais de cem empresas convidadas, apenas três aceitaram o desafio de desenvolver um protótipo dentro do prazo estipulado: a Ford Motor Company, a American Bantam Car Company e a Willys-Overland Company. A American Bantam, uma pequena montadora da Pensilvânia com experiência em veículos leves, foi a única a cumprir o prazo, entregando um protótipo funcional em setembro de 1940. Denominado Bantam Reconnaissance Car (BRC), o veículo foi submetido a testes comparativos rigorosos, demonstrando desempenho excepcional em mobilidade, resistência e adequação às especificações militares. Embora o protótipo da Bantam tivesse obtido êxito nos testes, o comando do Exército, ciente da necessidade emergencial de produção em grande escala, optou por aprovar também as propostas da Ford e da Willys-Overland. Essa decisão foi motivada pela capacidade industrial limitada da Bantam, que não poderia atender sozinha à demanda militar em tempo hábil. Os testes comparativos entre os protótipos resultaram em melhorias significativas no projeto original, incorporando sugestões das três montadoras. O modelo pré-série Bantam BRC, desenvolvido pela American Bantam Car Company, apresentava um design traseiro que evocava os padrões estilísticos dos automóveis da década de 1930, aliado a características técnicas cuidadosamente projetadas para atender às exigências militares. Com tração 4x4, suspensão reforçada e capacidade de carga de ¼ de tonelada, o BRC foi concebido para oferecer robustez e versatilidade em operações de campo. 

Embora os protótipos apresentados pela Bantam, Ford Motor Company e Willys-Overland Company tenham sido inicialmente aprovados, pairavam dúvidas sobre a viabilidade dos projetos concorrentes das duas últimas empresas. Para dirimir essas incertezas, o Exército dos Estados Unidos (US Army) promoveu uma nova rodada de testes de campo, conduzida entre 27 de setembro e 16 de outubro de 1940, nos campos de prova do Quartel-General do Departamento do Exército. Durante esses ensaios, o Bantam BRC destacou-se novamente, impressionando engenheiros e militares por seu desempenho excepcional. Esse resultado levou o Exército a reconsiderar a ideia inicial de produzir três modelos distintos, inclinando-se, em um primeiro momento, a favor do projeto da Bantam. Em 31 de março de 1941, foi firmado um contrato com a American Bantam Car Company para a fabricação de 1.500 unidades do modelo BRC 40. No entanto, ficou evidente que a Bantam não dispunha da capacidade industrial nem da solidez financeira necessárias para atender à demanda de produção em larga escala exigida pelo cronograma militar. Diante dessa limitação, o Departamento de Guerra dos Estados Unidos tomou uma decisão polêmica: transferir o projeto e as plantas originais do BRC 40 para a Ford Motor Company e a Willys-Overland Company. Essa medida permitiu que ambas as empresas desenvolvessem suas próprias versões do veículo utilitário, incorporando melhorias com base no protótipo da Bantam. Surpreendentemente, essa decisão, considerada arbitrária, não foi contestada pela diretoria da Bantam, possivelmente devido à frágil situação financeira da empresa à época. Como uma possível compensação, a American Bantam Car Company foi contemplada com contratos para a produção de componentes automotivos, reboques de carga e combustível T/1 de ¾ de tonelada (totalizando mais de 70 mil unidades) e também torpedos para a Marinha Real Britânica (Royal Navy). Essa estratégia assegurou a sobrevivência da empresa, ainda que sua contribuição central para o desenvolvimento do Jeep tenha sido ofuscada pelo sucesso posterior dos modelos produzidos pela Ford e Willys. Em agosto de 1941, o Exército dos Estados Unidos (US Army) assinou um novo contrato com a Willys-Overland Company para a produção de mais 16.000 veículos, designados pela montadora como MA Quad (posteriormente evoluindo para o modelo MB).
A partir de maio de 1941, os primeiros lotes do Bantam BRC-40 começaram a ser integrados às unidades motomecanizadas do Exército dos Estados Unidos posicionadas no continente americano. Posteriormente, esses veículos foram alocados para unidades militares estacionadas nas Filipinas e no Havaí. Em operação, o BRC-40 rapidamente conquistou a admiração de seus operadores, especialmente por seu desempenho excepcional em terrenos off-road. Esse reconhecimento impulsionou a ampliação das funções do veículo, levando ao desenvolvimento de variantes especializadas, como modelos de socorro médico e versões antitanque equipadas com um canhão de 37 mm, denominadas BRC T2E1. O batismo de fogo do Bantam BRC-40 ocorreu em dezembro de 1941, durante a invasão japonesa das Filipinas. Unidades do Exército Filipino, incluindo a Philippine Constabulary, empregaram o veículo em missões de defesa contra as forças do Exército Imperial Japonês. O desempenho do BRC-40 em combate destacou sua robustez e versatilidade, marcando um ponto de inflexão na modernização militar. Esse veículo revolucionou as operações do Exército dos Estados Unidos, substituindo gradualmente motocicletas e cavalos e consolidando a mecanização das forças armadas. Nos anos seguintes, a produção em larga escala pela Ford Motor Company e Willys-Overland Company ampliou esse movimento de transformação. Ao todo, foram fabricados 2.700 veículos Bantam BRC-40. Além de equipar as forças norte-americanas, grande parte desses utilitários foi fornecida à Grã-Bretanha e à União Soviética por meio do programa de assistência militar Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Essa iniciativa reforçou a relevância estratégica do veículo no contexto global da Segunda Guerra Mundial. A American Bantam é reconhecida como a precursora do conceito do Jeep, um ícone não apenas da Segunda Guerra Mundial, mas também da cultura automotiva mundial. Apesar de sua breve trajetória e dos desafios comerciais enfrentados, a empresa demonstrou notável capacidade de inovação ao adaptar microcarros e criar um veículo militar revolucionário. Recentemente, a marca foi revitalizada pela American Bantam Car Corp., sob a liderança de Charlie Paglee, com planos de desenvolver veículos off-road modernos nos Estados Unidos e na China, preservando e honrando o legado pioneiro da Bantam.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa  envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância.

No âmbito do programa de assistência militar Lend-Lease Act, o Brasil, a partir do final de 1941, começou a receber um expressivo volume de equipamentos bélicos provenientes dos Estados Unidos, abrangendo caminhões, veículos utilitários leves, aeronaves, embarcações e armamentos. O Exército Brasileiro foi o principal beneficiário desse aporte, que representou um marco significativo na modernização de suas capacidades operacionais. Neste momento o Exército Brasileiro ainda era considerado uma força terrestre hipomóvel, com toda a sua doutrina operacional estabelecida anteriormente pela Missão Militar Francesa, neste contexto o fornecimento de milhares de veículos militares de uma variada gama de modelos, traria um grande salto qualitativo a todas as Forças Armadas Brasileiras. Além grandes quantidades de caminhões militares dos modelos Diamond T968 & T969 6X6, GMC CCKW 352, Corbitt - US White Cargo, Chevrolet G-7107 – G-506 e Studebaker US6 G-630, utilitários de médio porte como os Dodge WC-51 e WC-52, deveriam ser fornecidos inicialmente um total de mil novecentos e oitenta e cinco utilitários com tração integral 4X4 do tipo Jeep. Os contratos inicialmente firmados entre os governos brasileiro e norte-americano, previam o fornecimento quase dois mil veículos utilitários leves com tração 4X4 do tipo "Jeep", com estes não atendendo a nenhum critério de padronização por fabricante ou modelo, não existindo registros oficiais por parte das forças armadas brasileiras sobre a quantidade de modelos recebidos que foram produzidos pela Ford Motors Company ou pela Willys Overland Company. Em função das altas demandas por este tipo de veículo junto as forças armadas norte-americanas, seria decidido que os carros destinados ao atendimento das demandas brasileiras deveriam ser compostos primordialmente por Jeeps usados, priorizando assim veículos novos de fábrica para atuação direta nos fronts de batalha na África, Europa e Pacífico. Desta maneira estes carros selecionados para cessão ao Brasil teriam sido prioritariamente produzidos durante o ano de 1941 representando modelos da fase de pré-produção (procedimento normal dos fornecimentos feitos dentro dos termos do Leand & Lease Act Bill, a exemplo dos carros entregues também para a (Inglaterra, Rússia e China). Infelizmente não existem nos arquivos do Exército Brasileiro, registros  oficiais sobre a quantidade de modelos produzidos pela Ford Motors Company, American Bantam Company  e Willys Overland Company, que foram recebidos no pais nos termos do programa de ajuda militar durante a Segunda Guerra Mundial
A partir de março de 1942, o porto do Rio de Janeiro tornou-se o ponto de chegada dos primeiros lotes de veículos utilitários Jeep destinados às Forças Armadas Brasileiras, no âmbito do programa Lend-Lease Act. Esses lotes eram compostos majoritariamente por veículos usados, provenientes do Exército dos Estados Unidos, com um pequeno número de unidades novas de fábrica. Registros extraoficiais da época apontam a presença de modelos raros, como o Willys MA, o Ford GP com grade “Slat Grill” e, de forma notável, uma unidade do pioneiro Bantam BRC-40. Essa diversidade reflete o esforço aliado para suprir as demandas de seus parceiros durante a Segunda Guerra Mundial. A chegada desses veículos foi um divisor de águas para o Exército Brasileiro, que, até então, contava com recursos limitados para sua motomecanização. Antes de 1942, os únicos utilitários com tração integral disponíveis eram os Vidal & Sohn Tempo G-1200, de origem alemã, adquiridos em 1938, mas em quantidade insuficiente para equipar uma unidade operacional completa. A introdução dos Jeeps marcou o início de uma transformação profunda, capacitando o Exército Brasileiro a adotar uma estrutura mais moderna e alinhada às exigências da guerra mecanizada. Em 13 de agosto de 1943, foi instituída a Força Expedicionária Brasileira (FEB), composta por aproximadamente 25.000 militares, estruturada para operar em conformidade com os padrões de alta mobilidade do Exército dos Estados Unidos. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) incluía quatro grupos de artilharia (três equipados com obuses de 105 mm e um com 155 mm), uma esquadrilha de aviação da Força Aérea Brasileira para missões de ligação e observação, um batalhão de engenharia, um batalhão de saúde, um esquadrão de reconhecimento, uma companhia de comunicações, um destacamento de saúde, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia militar e, simbolizando o espírito da tropa, uma banda de música. Para atender às necessidades de mobilidade no front italiano, a FEB foi equipada com 660 utilitários leves com tração integral 4x4, retirados do estoque estratégico do 5º Exército Norte-Americano. Muitos desses veículos eram “veteranos de guerra”, tendo participado de campanhas aliadas na Sicília e no Norte da África. A presença de Jeeps usados, alguns de modelos iniciais, alimentou especulações sobre a possível utilização de um ou mais Bantam BRC-40 pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), embora tais relatos não sejam corroborados por documentação oficial. Esses veículos, robustos e versáteis, foram essenciais para as operações da FEB no teatro italiano, permitindo que os militares brasileiros desempenhassem suas missões com eficiência e bravura. Mais do que equipamentos, os Jeeps simbolizaram a modernização do Exército Brasileiro e a solidariedade entre as nações aliadas, deixando um legado de coragem e inovação que ecoa na história militar do Brasil.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945, os Jeeps remanescentes utilizados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB), juntamente com outros veículos, armamentos e equipamentos fornecidos pelo programa Lend-Lease Act, foram entregues ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos, na cidade de Roma. Nesse local, as viaturas em melhores condições foram cuidadosamente selecionadas, armazenadas e, posteriormente, transportadas por via marítima ao Brasil. Ao chegarem, esses Jeeps foram incorporados à frota de veículos utilitários já em operação no país desde 1942, sendo distribuídos às unidades operacionais do Exército Brasileiro, onde fortaleceram a capacidade logística e tática das tropas. A partir da segunda metade da década de 1950, o Brasil recebeu novos lotes de Jeeps classificados como “material excedente de guerra” (War Surplus), provenientes do Exército dos Estados Unidos, no âmbito do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program – MAP). Essas viaturas representaram um reforço significativo para as Forças Armadas Brasileiras, permitindo a substituição de unidades mais antigas e desgastadas. A introdução desses novos Jeeps também promoveu maior padronização dos modelos em uso, facilitando os processos de manutenção e aumentando a eficiência operacional do Exército. Não há registros oficiais que esclareçam o destino de um ou dois possíveis Bantam BRC-40 que podem ter sido utilizados pela FEB durante o conflito. Quanto à única unidade desse modelo supostamente recebida no Brasil antes de 1945, especula-se que, com a expansão da frota de Jeeps após o fim da guerra, ela tenha sido destinada a um esquadrão de cavalaria mecanizada na região sul do país. Esse Bantam BRC-40, assim como os primeiros Jeeps Willys-Overland e Ford MB de 1942, provavelmente foi desativado em meados da década de 1960, sendo substituído por novos modelos militarizados produzidos localmente a partir do mesmo período.

Em Escala.
Para representarmos o Jeep Bantam 40 BRC em serviço no Exército Brasileiro, empregamos o novo kit da Miniart na escala 1/35, modelo de fácil montagem, com algumas ressalvas referentes a qualidade de injeção, porém com um excelente complemento em photoetched. Fizemos uso de decais confeccionados pela Eletric Products pertencentes ao set  "Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo, representa o padrão de pintura tático do Exército dos Estados Unidos (US Army) empregado em todos seus veículos militares durante a Segunda Guerra Mundial, com todos os jeeps destinados ao Exército Brasileiro, sendo recebidos neste padrão a partir do ano de 1942. As marcações de número de série seriam implementadas somente após o término do conflito, com o Bantam 40 BRC mantendo este esquema de pintura até sua desativação na década de 1960. Empregamos tintas, washes e vernizes produzidos pela Tom Colors.


Bibliografia : 
- American Bantam Car Company Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/American_Bantam
- Bantam BRC-40 - https://olive-drab.com/
- 1941 Bantam BRC-40 - http://www.jeepcollection.com/
- Leand & Lease Act  - Revista Tecnologia e Defesa - Edição 133.