A Europa, na segunda metade da década de 1930, presenciou um forte programa de rearmamento da Alemanha, que apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) avançava a largos passos. O governo alemão que era regido partido nacional socialista (Partido Nazista) e liderado pelo chanceler Adolf Hitler, começava a esboçar preocupantes ambições em termos de expansão territorial. O plano secreto de fortalecimento militar alemão, estava focado desenvolvimento de novos conceitos e doutrinas militares, em sincronia com o uso de novas tecnologias em equipamentos e armas destinadas ao combate terrestre com apoio aéreo (que viria a ser denominado posteriormente como Blitzkrieg). Este conceito apresentava como um dos principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, caracterizada pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Os novos tanques alemães foram criados para serem superiores aos seus pares disponíveis na época. Do outro lado do atlântico, estas ameaça não passava desapercebida aos olhos do Exército Americano (US Army), levando nesta mesma época a criação de um programa de estudos visando o desenvolvimento de blindados que pudessem a rivalizar com os novos carros de combate alemães, italianos e japoneses. Esta iniciativa previa a criação de uma variada gama de veículos, desde blindados sobre rodas, carros de combate leve e médios, visando assim proporcionar uma melhoria de sua capacidade ofensiva em confrontos terrestres, que neste período tinha como estio de sua força de carros de combate, o modelo M3 Stuart. Apesar de estarem em números satisfatórios este modelo despertava dúvidas quanto a sua efetividade contra estas novas ameaças, principalmente por dispor de um canhão de 37 mm como arma principal, calibre este inadequado em tese para enfrentar os carros blindados dos potenciais inimigos até então.
Estes temores identificados por parte dos militares do exército americano seriam alarmantemente confirmados no eclodir da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939, principalmente no ao seguinte durante a campanha da França, quando os novos carros blindados alemães dos modelos Panzer III e Panzer IV obtiveram esmagadoras vitorias em enfrentamentos com os melhores carros de combate franceses e ingleses disponíveis. O rápido avançar da Wehrmacht (Exército Alemão) aumentaram o nível de preocupação de comando do Exército Americano quando ao timing da solução que seria materializada com o projeto do novo carro de combate médio M4 Sherman, pois apesar de ser um programa promissor o mesmo ainda se encontrava nos estágios finais de desenvolvimento e não estava pronto para ser produzido em larga escala. Para atender a necessidade de aquisição em massa em larga escala optou-se por empregar o projeto do carro de combate médio M3 que fora desenvolvido no início do ano de 1940, apesar de atender a demanda básica no porte do canhão de 75 mm, o blindado apresentava três pontos negativos graves, como perfil elevado, baixa relação de peso e potência e pequeno deslocamento lateral do canhão pois o mesmo estava instalado no chassi. Em função da emergencial necessidade de se suprir as forças britânicas com blindados, estas deficiências foram ignoradas e milhares de carros foram empregados na campanha do deserto africano nas primeiras fases da guerra. O desempenho pífio observado em combate real deste carro de combate com as tropas inglesas e posteriormente norte americanas, levaria o comando do exercito a repensar o projeto do M3 Grant Lee, visando não aplicar grandes alterações no processo produtivo optou-se por manter grade parte do projeto original, agregando um novo redesenho de casco e inclusão de uma torre giratória 360º para o canhão de 75mm, dando inicio assim a uma nova família de carros de combate.

Durante o transcorrer da Segunda Guerra Mundial o modelo e suas variantes foram empregados em todos os teatros de operações, tendo destacado papel nas principais batalhas .Assim rapidamente os modelos da família M4 Sherman passou a ser principal carro de combate médio dos aliados, substituindo completamente os M3 Lee/Grant, visando a padronização da linha de suprimentos de peças de reposição e processos de manutenção, decidiu-se também desenvolver uma versão de viatura blindada especial de socorro que viesse a substituir os atuais M31 (com base no chassis do M3 Lee) nesta função. Como previsto a base para a concepção do novo veículo utilitário , se deu a partir do modelo M4A1 Sherman, que era facilmente reconhecido por dispor de escotilhas ovais menores para o motorista e seu auxiliar, empregava ainda o casco soldado em ângulo acentuado, não contemplando ainda as usuais blindagens extras externas. Os primeiros modelos começaram a ser entregues em meados de 1942, sendo montados a partir de carros já produzidos originalmente como carro de combate. Basicamente toda a estrutura dedicada as operações de socorro e manutenção foram incluídas sobre a base padrão das versões do M4 Sherman, infelizmente a necessidade em se entregar o máximo possível de carros de combate, limitou em muito o emprego imediato do M32 Recovery Vehicle nos teatros de operações europeu e asiático, tendo participado ativamente do conflito a partir dos desembarques aliados na Itália e na Normandia.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Em meados da década de 1960, visando diminuir sua dependência externa de equipamentos, o Exército Brasileiro começou a pensar na produção de veículos militares blindados no país. Em 1967 seria criado no Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2), em São Paulo, um grupo de trabalho para cuidar deste projeto, que logo se transformaria no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB). Apesar de pequenos programas de substituição de motores já haverem existido, como a tentativa de substituição dos motores a gasolina radias dos CCM3 por grupos a diesel, este era realmente o primeiro programa de médio e longo prazo, que começou com a simples troca de motores e outros componentes mais elementares, visando a produção seriada de viaturas blindadas sobre rodas e lagartas. O primeiro estágio deste processo buscava elaborar estudos para a modernização de sua já obsoleta frota de carros de combate, entre eles o M3, M3A1 Stuart e M4 Sherman, visando adequar estes carros da década de 1940 as ameaças atuais. Assim em 1969 as primeiras aplicações práticas começaram a tomar forma quando dois M3A1 Stuart e um M4 Sherman Composite Hull foram entregues ao PqRMM/2, para a implementação de trabalhos de remotorização. Apesar conceitualmente, haver a possibilidade de se trocar motor original a gasolina do M4 pelo MWM Diesel de quatro tempos com facilidade este programa seria suspenso temporariamente, visando assim focar esforços e recursos nos programas de modernização da frota de carros de combate leves M3 Stuart, modelo do qual o Exercito Brasileiro dispunha de uma grande frota.
Em 1974 o conceito de modernização das frotas de carro e combate médios M4 Sherman brasileiros, seria retomado motivado principalmente pelo sucesso operacional dos M4 das Forças de Defesa de Israel que foram amplamente melhorados em programas de atualização. No âmbito do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) uma unidade do M4 Composite Hull matriculado EB11-721 foi destinado a um processo de remotorização envolvendo a instalação do MWM Diesel TD232 V12, orginalmente este entregava uma potencia de 406 cv, porém atendendo a uma demanda do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), este foi modificados pelo fabricante para atingir a potência de 500 cv. Após a implementação das adaptações necessárias internas para acomodação do motor (este novo grupo possuía 1,69 metros de comprimento), turbo compressor e sistema de refrigeração, o veículo foi entregue para testes em 1975. Porém neste mesmo período iniciavam se os estudos para a modernização da frota de carros de combate médios M41 Walker Buldog, modelo este que por ser mais novo apresentava resultados mais promissores em termos operacionais, se mostrando assim mais atrativo em termos e investimentos de recursos. Com esta decisão o comando do Exército Brasileiro decidiu que, caso houvesse alguma modernização dos Sherman, estes iriam se transformar em veículos de serviço, pois seu conceito como carro de combate estava obsoleto para a época.

Ele poderia transportar, além do condutor e chefe do carro, uma guarnição de até cinco homens totalmente equipados para a missão de engenharia de combate. Também era provido com uma metralhadora Browning M2HB, calibre .50, e quatro lançadores de granadas fumígenas (produção nacional) para autodefesa. Conforme citado anteriormente seria desenvolvido para o veículo novo sistema antiminas , para ser acoplado na parte frontal do veículo, no lugar da lamina de terraplanagem, que consistia de duas pás dotadas de diversas garras, que reviravam a terra a frente do veículo, extraindo minas do solo. Durante testes realizados, este sistema, no entanto se mostrou ineficaz, pois era incapaz de varrer minas enterradas em terrenos compactados, e consequentemente foi abandonado. O projeto e o contrato original com a Moto Peças S/A previa a construção de 15 desses veículos, porém por entraves no projeto e limitação de verbas para investimento levaram a construção de somente um protótipo que recebeu a matrícula EB3460224584 e cinco carros de produção. Após serem recebidos os VBE-ENG-M4-30t-Lag foram submetidos a um programa de testes finais em campo dependências do Centro de Avaliações do Exército (CAEx) e Centro de Tecnologia do Exército, posteriormente seriam incorporados a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN, ao 5º Batalhão de Engenharia de Combate Leve, 11º Companhia de Engenharia de Combate Leve, ao 7º Batalhão de Engenharia de Combate Leve e ao 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado, onde se mantiveram em operação por diversos anos.
Em fins da primeira década dos anos 2000, quatro VBE-ENG-M4-30t-Lag constavam ainda no inventário do Exército Brasileiro apesar não estarem mais operacionais, estando estes armazenados no 5º Batalhão de Engenharia de Combate Leve, na 11º Companhia de Engenharia de Combate Leve e no 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado. Atualmente quatro desses veículos ainda constam no inventario, apesar de não estarem operacionais do 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado, na 11º Companhia de Engenharia de Combate Leve e no 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado. Além destes existe outro carro, que oficialmente pertence ao acervo do Museu Militar de Conde de Linhares que hoje se encontra se armazenando no Parque Regional de Manutenção (Pq R Mnt/5) e que aguarda uma futura restauração para ser assim exposto no museu sediado no Rio de Janeiro. Apesar não serem produzidos em uma escala aceitável o projeto do VBE-ENG-M4-30t-Lag representou um grande estagio no processo de conversão e modernização de veículos blindados no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o VBE-ENG-M4-30t-Lag " EB 3460224898" optamos por base o kit da Tamiya na escala 1/35 , aproveitando apenas os componentes básicos como suspensão, esteiras, bogies e casco, sendo o restante confeccionado em plasticard no modal de scracth. Usamos para a conversão desenhos e fotos de época, podendo assim não representar fielmente a estrutura do casco ou detalhes complementares. Empregamos decais produzidos pela Decal e Books presentes no set " Forças Armadas do Brasil ".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de de pintura camuflada em dois tons, empregado em todos os blindados de combate do Exército Brasileiro, a partir de meados da década de 1980, existe, porém, uma unidade do modelo que está no 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado, em Alegrete (RS) foi preservada no padrão anterior de pintura.
Bibliografia :
- Viatura Blindada Especial de Engenharia - Expedito Carlos S.
Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/VBE.pdf
- M-4 Sherman no Brasil – Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Jr
- Blindados No Brasil Volume I, por Expedito Carlos Stephani Bastos