M-577A1 VtrBldEspSL e M-577A2 VBE PC


História e Desenvolvimento.
A origem e o emprego dos carros blindados de transporte de tropas em larga escala no campo de batalha ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial, com a utilização de veículos de tração do tipo meia-lagarta. Destacou-se, nesse contexto, o modelo Hanomag Sd.Kfz. 251, amplamente utilizado pelo Exército Alemão (Wehrmacht). Já entre os exércitos norte-americano e britânico, a predominância desse tipo de veículo no campo de batalha foi representada pela família de meias-lagartas dos modelos White M-2, M-3 e M-5 Half Track Car, empregados em grandes quantidades em todos os teatros de operações do conflito. Apesar de seu importante papel no esforço de guerra, executando tarefas de transporte de tropas e cargas, os modelos norte-americanos apresentavam uma deficiência significativa: a ausência de uma estrutura de cobertura blindada. Essa falha de projeto tornava os soldados vulneráveis a armas leves e estilhaços de projéteis. Para solucionar esse problema, ainda durante as últimas fases do conflito, foi desenvolvido o projeto M-44 (T16), um veículo blindado de transporte de tropas originalmente derivado do carro de combate M-18 Hellcat. Seu conceito inicial priorizava a proteção total dos ocupantes, resultando em um veículo de dimensões muito superiores aos modelos meia-lagarta então em uso, com capacidade para transportar até 24 soldados totalmente equipados e um peso total de combate de 23 toneladas. Foram construídos três protótipos, submetidos a ensaios e testes em campo. Durante esse processo, verificou-se que o peso total do veículo limitava significativamente sua velocidade e sua capacidade de transpor terrenos irregulares, levando à decisão de cancelamento do projeto. No entanto, a ideia não foi abandonada, sendo reformulados os parâmetros de projeto para esse tipo de blindado. Em setembro do mesmo ano, foi lançada uma concorrência para o desenvolvimento de um novo veículo blindado destinado ao transporte de tropas, com capacidade para até dez soldados. Entre os requisitos especificados, destacava-se a necessidade de que esse novo modelo fosse baseado na plataforma e no chassi do veículo de transporte de carga T-43 Cargo Carrier. Diversas montadoras apresentaram suas propostas em meados de 1946, as quais foram avaliadas pelo Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os resultados apontaram para a superioridade do modelo conceitual T-18EI, desenvolvido pela empresa International Harvester Company (IHC), resultando na celebração de um contrato para a produção de quatro protótipos iniciais. Esses foram concluídos e disponibilizados para testes no início de 1947. O programa de avaliação estendeu-se por mais de oito meses e resultou em uma série de demandas de melhorias ao fabricante. Após a implementação das alterações recomendadas, os quatro protótipos foram novamente submetidos a ensaios, sendo posteriormente homologados para produção em série. O primeiro contrato de aquisição, contemplando mil unidades, foi formalizado em maio de 1950, com o modelo recebendo a designação oficial de M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Personnel Carrier - APC). 

Os primeiros veículos blindados deste modelo foram disponibilizados às unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir do início de 1952, substituindo gradualmente os blindados meia-lagarta White M-3 e M-5 Half Track ainda em operação. Apesar de ser mais leve que os protótipos do modelo M-44 APC, o novo veículo de infantaria blindado ainda possuía um peso total de combate de dezoito toneladas, considerado elevado. Durante os exercícios operacionais, verificou-se que esses veículos não conseguiam acompanhar os carros de combate no campo de batalha, comprometendo a mobilidade e a sincronia das unidades motorizadas de uma força terrestre. Essa situação gerou grande preocupação entre os estrategistas militares, resultando na decisão de cancelar o contrato de produção ainda em vigência. Como medida emergencial, foi necessário reativar algumas centenas de veículos meia-lagarta previamente transferidos para a reserva. Para solucionar essa deficiência, em dezembro de 1953 foi lançada uma nova concorrência para o desenvolvimento de um veículo blindado de transporte de tropas mais eficiente, prevendo a aquisição de pelo menos cinco mil unidades. O novo modelo deveria manter a premissa de garantir adequada proteção aos ocupantes, mas com menor peso total de deslocamento. Além disso, deveria possuir relativa capacidade anfíbia para a transposição de rios e pequenos cursos d'água, bem como a possibilidade de ser aerotransportado pelos aviões de grande porte então em desenvolvimento. Dentre as propostas apresentadas, o modelo T-59, desenvolvido pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), destacou-se frente à concorrência, sendo selecionado pelos militares norte-americanos. Como parte do processo de avaliação, foi firmado um contrato para a produção de oito unidades pré-série, as quais seriam submetidas a um novo programa de ensaios operacionais entre setembro e outubro de 1953. Os primeiros veículos de série foram incorporados às unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) em agosto de 1954, sendo recebidos com entusiasmo devido ao seu porte imponente e modernas linhas de design. No entanto, durante o uso operacional, o modelo apresentou deficiências significativas relacionadas à potência do motor, velocidade, autonomia e mobilidade. Esses problemas decorriam, principalmente, do alto peso de deslocamento do veículo. Essa problemática gerou grande preocupação no comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), levantando questionamentos sobre a real eficiência e capacidade de sobrevivência do FMC M-59 em um possível cenário de conflito moderno na Europa contra as forças soviéticas.
Neste mesmo momento, o comando militar do Exército dos Estados Unidos (US Army), passaria a elaborar planos para a futura substituição do M-75 APC, que apesar de sua robustez e confiabilidade se mostrava inadequado a missão, com o novo M-59 APC reprisando esta mesma problemática operacional de desempenho no campo de batalha. Criava-se então no ano de 1958, uma demanda para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas, com este modelo devendo unir as melhores características operacionais do M-75 e M-59. Este novo veículo blindado deveria apresentar velocidade compatível aos carros de combate no campo de batalha (principalmente o M-41 e M-48), relativa capacidade anfíbia e possibilidade se ser aerotransportado. Estes parâmetros resultariam no desenvolvimento do conceito AAM-PVF - Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (Veículo Multiuso Blindado Aerotransportado).  Uma concorrência seria deflagrada no final deste mesmo ano, e em meados de 1959 a FMC Food Machinery Corp seria declarada vencedora. Grande parte desta decisão recairia sobre o inovador sistema de blindagem proposto, sendo composta por uma liga de duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminium and Chemical Company. Esta solução proporcionaria ao veículo uma suficiente proteção blindada e uma grande mobilidade e velocidade no campo de batalha devido ao seu baixo peso final. Este projeto receberia a designação militar de T-113, sendo celebrado um primeiro contrato para a produção de três carros pré-série quer seriam destinados a avaliação. Estes veículos blindados de transporte de tropas seriam equipados com um motor a gasolina Chrysler 75M com 8 cilindros em "V" com potência de 215 hp, seriam entregues em maio de março de 1950, sendo imediatamente submetidos a um intensivo programa de ensaios em campo, com este processo se estendendo até o mês de setembro. Os resultados validaram sua produção em série, com um primeiro contrato sendo celebrado logo em seguida, envolvendo inicialmente novecentas unidades, com o modelo recebendo a designação militar de M-113AO APC, com os primeiros sendo entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) entre os meses de maio e junho do ano de 1960. Em campo o novo M-113 podia transportar até a linha de frente onze soldados totalmente equipados, servindo de proteção e apoio até o desembarque da tropa, devendo então recuar para a retaguarda. Como armamento de autodefesa, o blindado contava com uma metralhadora M-2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada manualmente pelo comandante. Passariam também logo a ser desdobrados em operações aerotransportadas nos novos aviões de transporte pesado, Lockheed C-130 Hercules e Lockheed C-141 Starlifter da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). 

Após sua completa introdução operacional, seria decidido implantar o novo M-113AO em um cenário de conflagração real, para fins avaliação real no campo de batalha, com esta demanda sendo atendida em 1962, pela cessão de trinta e dois blindados deste modelo para o Exército da República do Vietnã (ARVN). Em operação na Guerra do Vietnã, os M-113AO, passariam dotariam duas companhias mecanizadas, com seu batismo de fogo sendo realizados em janeiro de 1963 durante os eventos da Batalha de Ap Bac na província de Dinh Tuong (agora Tien Giang). Neste momento o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) identificou a necessidade de um veículo móvel de comando e controle que pudesse operar no campo de batalha, funcionando como um centro de operações táticas (TOC), geralmente no nível de batalhão. O M-577 Command Post Carrier foi projetado para atender a essa demanda, oferecendo um ambiente protegido para coordenar operações, comunicações e planejamento tático. Os primeiros quatro protótipos, denominados XM-577, foram construídos no Detroit Arsenal em 1962, convertidos diretamente de chassis M-113, apresentando um casco superior elevado em 64,14 cm (25,25 polegadas) para aumentar o espaço interno (altura do teto interno de 189,9 cm), permitindo acomodar equipamentos de comando, como rádios, mesas de mapas e pessoal. Diferentemente do M-113, que tinha um único tanque, o M-577 possuía dois tanques de 230 litros cada, posicionados nas laterais do compartimento de passageiros, servindo também como suportes para duas mesas dobráveis de 230 cm. Um gerador a gasolina de 28 volts foi instalado à direita do motorista, na parte frontal do compartimento elevado, para alimentar equipamentos de comando. Um guindaste (mecânico) no teto era usado para desmontar o gerador. Os protótipos seriam enviados para o Campo de Provas de Aberdeen para testes de engenharia e avaliação, sendo logo homologados para produção em série.  A FMC Corporation produziu 270 unidades do M577 entre dezembro de 1962 e maio de 1963, antes mesmo da entrega do primeiro veículo-piloto, devido à urgência operacional no Vietnã. Mais 674 unidades foram fabricadas entre novembro de 1963 e 1964. Os primeiros M-577 seriam entregues as unidades operativas norte americanas no final do ano de 1963. A viatura passou por várias atualizações ao longo de sua vida útil, acompanhando as melhorias implementadas no M-113 e as necessidades tecnológicas e operacionais. As principais variantes incluem:  M-577A1 envolvendo a substituição do motor a gasolina por um Detroit Diesel 6V53 (212 hp), alinhando-se com o M-113A1.  Isso aumentou a eficiência e a confiabilidade, além de melhorar o alcance devido a tanques de combustível maiores. Vale o destaque para o modelo K-277 construído sob licença na Coréia do Sul durante a década de 1980, se baseando no M-577A1, equipado com o motor a diesel  MAN D2848T V8 (fabricado sob licença pela Doosan) e transmissão automática Allison X200-5K, adaptada às necessidades sul-coreanas. A partir de 1979 seria desenvolvida a versão M-577A2 que  introduziu melhorias no sistema de refrigeração do motor, suspensão e aquecimento para o pessoal, baseando-se no chassi do M-113A2. A conversão de veículos M-577 anteriores para o padrão M-577A2 começou em agosto de 1979. Neste contexto neste mesmo período a fim de atender a uma demanda norueguesa, seria criada o modelo NM198 Kommandopanservogn, equipada com com forros internos anti-estilhaços (spall liners) e o NM196 Hjelpeplasspanservogn versão ambulância com melhorias no trem de força, motor diesel Caterpillar e blindagem adicional (NM196F3). O ciclo evolutivo seria mantido em meados da década de 1980 com o lançamento do M-577A3 equipado com o pacote de potência RISE (Reliability Improved Selected Equipment), incluindo um motor 6V53T turbo-diesel mais potente e um gerador a diesel em vez do modelo a gasolina. Diferentemente do M-113A3, o M-577A3 não adotou tanques de combustível externos, mantendo os tanques internos. Após a Guerra do Golfo de 1991, cerca de dois terços do inventário de M-577A2 do Exército dos Estados Unidos (US Army) foram atualizados com o Army Tactical Command and Control System (ATCCS), sendo redesignados como M-1068 SICPS (Standard Integrated Command Post System). Estes receberiam uma suíte de comunicações digitais, incluindo GPS e rastreamento de forças amigas ("blue force tracking"); antena de 10 metros para comunicações de longo alcance e um novo sistema de tenda Modular Command Post System (MCPS), mais rápido de montar/desmontar, com iluminação interna e tomadas elétricas. O MCPS se conecta ao veículo por uma "parede de bota" (bootwall), mantendo acesso ao interior. O último pacote de atualização receberia a designação de M-577A4, sendo desenvolvido pela BAE Systems em parceria com a FNSS, apresentando : Sistemas digitais e suítes de comunicação atualizadas, blindagem adicional (applique armor) e tanques de combustível externos blindados, semelhantes aos do M-113A3, liberando espaço interno, motor 6V53T turbo-diesel com 350 hp (261 kW) e transmissão automática TX-400 4B aprimorada e capacidade para sete pessoas: motorista, comandante e até cinco oficiais ou operadores de sistemas. Apesar das modernizações, o design do M-577 data dos anos 1960, o que o torna menos avançado em comparação com veículos de comando modernos, como variantes sem torre do Bradley Fighting Vehicl. Sua produção foi encerrada em 2007, totalizando 7.224 unidades, com a maioria ainda permanecendo em serviço em cerca de 50 países, com variantes adaptadas para funções específicas, como ambulâncias blindadas (Egito, Alemanha e Brasil) ou veículos de controle de fogo. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A Força de Fuzileiros de Esquadra ou FFE foi criada no de 1950 a fim de estabelecer uma estrutura de combate anfíbia, com os primeiros passos sendo dados nos anos seguintes com o objetivo de se constituir uma força de combate anfíbia nos moldes do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Em seguida seriam recebidos os primeiros navios especializados na missão de transporte de tropas, e também as embarcações de desembarque de pessoal, material e viaturas (EDVP e EDVM), criando as bases para o lançamento para operações anfíbias em larga escala. Neste momento seriam adquiridos os primeiros veículos destinados ao emprego nas operações de desembarque anfíbio como os jipes M-38A1, M-38A1C, Willys CJ-5 e utilitários leves como os Dodge M-37, que operariam a partir das Embarcações de Desembarque de Viaturas e Material (EDVM). Seriam iniciados os primeiros ciclos de adestramento fundamentados na realização de desembarques de pequena complexibilidade, envolvendo tropas, veículos leves, peças de artilharia e cargas. Em 1972 seria adquirido um lote de caminhões anfíbios GMC Duwk oriundos dos estoques da Marinha Nacional Francesa (Marine Nationale), porém ainda figurava na força a necessidade em se dispor de um moderno veículo blindado de transporte de tropas. Esta demanda seria atendida no ano seguinte, quando seriam incorporados os primeiros Engesa EE-11 Urutu a fim de dotar o recém-criado Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz),  unidade subordinada diretamente a Comando da Divisão Anfíbia. No entanto em operação estas viaturas seriam avaliadas como poucos eficazes nas operações de desembarque anfíbio, principalmente devido sua tração por rodas acarretar problemas de trafegabilidade em certos tipos de terreno como as faixas de praia.    Neste momento o comando da Marinha do Brasil, passaria considerar a aquisição de uma família de veículos blindados de transporte de tropas com tração sob esteiras, a fim de atender as demandas de suas operações de desembarque anfíbio.  As aspirações iniciais do comando do Fuzileiros Navais da Marinha (CFN) apontavam para a adoção de um lote dos novos veículos norte-americanos de assalto anfíbio FMC AAV-7A1, porém estes apresentavam um custo unitário de aquisição proibitivo, excedendo em muito a previsão orçamentaria naquele momento. Uma solução mais viável seria baseada na incorporação do veículo blindado de transporte de tropas FMC M-113A1, que apesar de não atender a todas as especificações almejadas para operações anfíbias poderiam ser adquiridas em condições econômicas favoráveis. Pesava ainda sobre esta escolha o fato do modelo ser empregado em larga escala pelo Exército Brasileiro, comprovando excelentes resultados operacionais em campo. Desta maneira a partir de abril de 1974 seriam conduzidas negociações entre o Ministério da Marinha e o governo norte-americano, que logo se materializariam na celebração de um contrato, para a aquisição de um lote de trinta carros novos de fábrica da família FMC M-113. Este acordo previa o fornecimento de quatro versões, 24 na versão M-113A1 Transporte de Tropas, 02  M-125A1 carro porta morteiro, 01 M-113A1G oficina, 02 M-577A1 Comando e por fim um carro socorro do modelo XM-806E1.

Os primeiros veículos começaram a ser recebidos em 07 de novembro de 1976, passando a ser incorporadas ao Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), neste momento um grande programa de treinamento operacional seria ministrado por equipes do fabricante em parceria com oficiais e mecânicos do Exército Brasileiro, oriundas de unidades operativas que já faziam uso deste mesmo veículo. Após o término desta fase o modelo seria declarado operacional em dezembro de 1977, recebendo a designação de Viatura Blindada Especial Sobre Lagartas (VtrBldEspSL) M113 de Transporte de Pessoal (TP). Neste momento passariam a operar em conjunto com os Engesa EE-11 Urutu. Visando adequar a nomenclatura a missão principal da unidade, o Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz), seria extinto, sendo criado assim em seu lugar, a Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld).  O primeiro exercício de grande monta com este tipo de plataforma  aconteceria em abril 1981, quando os M-113A1 e M-577A1 foram desembarcados no litoral do Espírito Santo a partir do navio de desembarque de carros de combate G26 - Duque de Caxias (classe De Soto County).Em operação constante estes veículos viriam a trazer a um novo patamar de operacionalidade a Força de Fuzileiros de Esquadra, participando ativamente nos anos seguintes de inúmeros treinamentos e operações anfíbias como a série das Operações Dragão. Em 1986 a unidade passou a ser designada como Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf) permanecendo até 2003, quando da ativação do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav), concentrando todas os veículos da família M-113 em operação nesta unidade. Com a desativação dos Engesa EE-11 Urutu, até o recebimento dos FMC AAV-7A1 Clanf em maio de 1986, os M-113A1 seriam os os únicos veículos blindados de transporte de tropas  e tarefas especializadas em serviço no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).  Destacadamente o emprego dos M-577A1 VtrBldEspSL "Posto de Comando"  desempenha um papel crucial no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, oferecendo capacidades de comando e controle em operações táticas. Diferentemente do CLAnf, que é projetado para desembarques anfíbios, o  M-577A1  é mais focado em operações terrestres, oferecendo suporte tático em ambientes urbanos e rurais. Sua versatilidade a torna essencial em missões de comando durante operações anfíbias e de Garantia de Lei e Ordem (GLO), complementando a capacidade expedicionária do CFN. No início da década de 2000, os blindados M-113A1, M-125A1 Porta-Morteiro, M-577A1 Carro Comando, M-113A1G Carro Oficina e XM-806E1 Carro Socorro estavam próximos de completar quarenta anos de serviço junto ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). O emprego intensivo ao longo dos anos, no entanto, cobrou seu preço, resultando em uma disponibilidade operacional média de apenas 66%, o que afetou significativamente a capacidade de mobilidade da Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE). Esse cenário foi agravado por problemas mecânicos e elétricos decorrentes de diversos fatores críticos, como desgaste operacional, conservação inadequada, falhas na manutenção e irregularidades na aquisição de suprimentos e peças de reposição, que já não eram facilmente encontradas no mercado internacional. Em seguida seriam  manutenidos todos os sistemas da viatura, com destaque para a substituição e padronização do sistema gerador movido a gasolina por um a diesel, de 6,5 kVA (potência nominal), com as adaptações necessárias para o seu funcionamento, tanto acoplado diretamente na VBE PC, quanto operado à distância. Foi realizada, ainda, a recuperação do toldo extensível localizado à retaguarda da viatura.
Diante dessa problemática, em 2007, o Comando da Marinha do Brasil iniciou estudos para a substituição da frota de Viaturas Blindadas Especiais Sobre Lagartas FMC M-113A1, considerando inclusive a aquisição de um terceiro lote de veículos de assalto anfíbio United Defense AAV-7A1. Contudo, devido ao contingenciamento orçamentário enfrentado pela Marinha do Brasil nesse período, essa possibilidade foi descartada. Dessa forma, uma nova abordagem foi adotada, explorando alternativas que incluíam tanto a aquisição de veículos por oportunidade quanto a implementação de um programa de modernização. A escolha recaiu sobre a segunda opção, prevendo um processo abrangente de atualização mecânica, elétrica e sistêmica, capaz de restaurar a capacidade operacional da frota e estender sua vida útil por, no mínimo, vinte anos. Para embasar essa decisão, uma equipe técnica analisou diversos programas de modernização aplicados a veículos da mesma família em outros países.  As percepções obtidas nortearam a definição dos critérios e objetivos a serem alcançados, estabelecendo os parâmetros para uma futura concorrência internacional. Esse processo foi iniciado no final de 2007, quando a Marinha do Brasil passou a receber diversas propostas de empresas especializadas nesse segmento. Após um rigoroso estudo comparativo, a proposta da empresa israelense Israel Military Industries (IMI) foi considerada a mais vantajosa. Dessa forma, em 28 de novembro de 2008, a Comissão Naval Brasileira em Londres (CNBE) assinou um contrato no valor de US$ 15,8 milhões, prevendo a modernização de vinte e quatro viaturas de transporte de pessoal M-113A1, duas viaturas posto de comando M-557A2, duas viaturas porta-morteiros M-125A1, uma viatura de reparos M-113A1G e um veículo de recuperação XM-806E1. Além de apresentar a melhor relação custo-benefício, este pacote possuía como principal diferencial a realização de todas as intervenções nas instalações do Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais (CTeCFN), sob a supervisão do Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTecCFN), com assistência da Israel Military Industries (IMI). Os blindados da versão de transporte de pessoal resultantes do processo de modernização foram designados como M-113MB1, com as sete primeiras unidades sendo oficialmente entregues em 15 de junho de 2013. Este programa de modernização reforçou sua relevância em cenários de combate moderno, incluindo operações urbanas e de segurança pública, assim o M-577 MB1 permanece uma ferramenta essencial para a coordenação de unidades blindadas, destacando-se por sua robustez, versatilidade e integração com os sistemas operacionais do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).

No início da década de 2010 seria elaborado pelo comando do Exército Brasileiro, o Projeto Estratégico do Exército-Obtenção de Capacidade Operacional Plena (PEE OCOP) , tendo o objetivo de modernizar e fortalecer a Força Terrestre (F Ter) para atender às demandas constitucionais de defesa nacional e operações no amplo espectro, incluindo a proteção da sociedade. Visava ainda preencher lacunas de capacidade operacional do Exército Brasileiro por meio da obtenção, modernização e integração de Sistemas e Materiais de Emprego Militar (SMEM). Neste contexto seriam iniciadas tratativas junto ao governo dos Estados Unidos, para a cessão de veículos blindados que viessem a compor os esforços de reequipamento previstos no Subprograma Forças Blindadas. Desta maneira em 2015 seriam cedidos ao governo brasileiro nos termos do programa Foreign Military Sales (FMS) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, um substancial lotes de veículos blindados, classificados como Excess Defense Articles (EDA). Neste pacote seriam incluídos inicialmente 34 M-577A2 (posto de comando), sendo o tipo é o mais aguardado pelo Exército Brasileiro, já que sua introdução significa o fim de uma antiga lacuna operacional. Estes blindando anteriormente encontravam-se armazenados em dois depósitos militares norte-americanos, o Anniston Army Depot, localizado no estado do Alabama, e o Sierra Army Depot, localizado no estado da Califórnia, e apesar de terem sido produzidas há mais de 30 anos, se encontravam em excelente estado de conservação, com os hodometros de algumas viaturas marcando pouco mais de 40 a  50 milhas rodadas. O primeiro lote seria recebido no porto de Paranaguá (PR)  dia 17 de outubro de 2016, com estas viaturas sendo transportadas até as instalações do Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5) em Curitiba (PR). Nesta organização seriam conduzidos o processo de recuperação das viaturas, sendo primeiramente realizado um intenso estudo técnico dos componentes e acessórios, subsidiando a posterior pesquisa de mercado com a finalidade de identificar no comércio nacional componentes para a viatura, mitigando a dependência de itens fabricados no país de origem. Em seguida seriam manutenidos todos os sistemas da viatura, com destaque para a substituição e padronização do sistema gerador movido a gasolina por um a diesel, de 6,5 kVA (potência nominal), com as adaptações necessárias para o seu funcionamento, tanto acoplado diretamente, quanto operado à distância. Foi realizada, ainda, a recuperação do toldo extensível localizado à retaguarda da viatura. Algumas M-577A2 receberam atualizações, como lagartas de borracha da Soucy Defense, que aumentam a durabilidade e reduzem o consumo de combustível, embora apresentem limitações em operações anfíbias. Essas melhorias alinham-se ao objetivo do Projeto Estratégico do Exército-Obtenção de Capacidade Operacional Plena (PEE OCOP) de modernizar equipamentos para prolongar sua vida útil e adequá-los ao combate moderno. 

Este blindado receberia no Exército Brasileiro a designação de Viatura Blindada Especial Posto de Comando M-577 (VBE PC M-577A2), devendo ser utilizadas como Posto de Comando Avançado nas operações do Regimento. Estes seriam destinados a dotar os  Grupos de Artilharia Autopropulsada, Regimentos de Carros de Combate e Batalhões de Infantaria Blindada e ao Centro de Instrução de Blindados (CI Bld) General Walter Pires. Devido à grande disponibilidade de viaturas, em 2017 o Parque Regional de Manutenção/5 (PqRMnt/5), iniciou estudos visando a conversão de um número destes carros para versão ambulância, a exemplo de viaturas deste modelo, empregados com muito êxito junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army). O objetivo deste programa, visava capacitar estas viaturas convertidas, a atenderem o padrão “B”, ou seja, capaz de realizarem o Suporte Básico no campo de batalha. Entre as adaptações internas, foram instaladas tomadas com conversão de voltagem 24V/120v para receber equipamentos médicos como desfibrilador ou cardioversor, monitores de dados vitais, sistema de oxigênio/vácuo além da maca retrátil. Todo o processo foi realizado com parceria com a equipe do 20º Batalhão de Infantaria Blindada (BIB). Em operação a viatura terá como missão, retirar os feridos das zonas quentes (linha de frente), para a retaguarda e entregá-lo as equipes médicas já estabilizado tendo em vista os recursos de “Suporte Básico de Vida” instalados a bordo. A entrega oficial do primeiro protótipo ocorreria em 02 de outubro de 2018, com a M-577A2 recebendo as marcações típicas de um veículo de saúde, as cruzes vermelhas. Esta viatura seria submetida a inúmeros testes de campo, supervisionados pela equipe do 20º Batalhão de Infantaria Blindada (BIB) durante o ano de 2019, validando o programa para a conversão de mais unidades a seguir. Em 03 janeiro de 2020 o boletim BE Nº1/2020,  anunciou que o foi autorizada a assinatura para a Carte de oferta do Programa FMS (Foreign Military Sales), referente a aquisição de mais um lote de 60 (sessenta) Viaturas Blindadas – Posto de Comando (VBE PC) M-577A2, procedentes dos depósitos de material excedente do Exército dos Estados Unidos (US Army). As primeiras 30 viaturas foram recebidas no dia 15 de setembro, no Porto de Paranaguá (PR), sendo então transportadas para o Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (Pq R Mnt/5), em Curitiba (PR), onde passarão por processos de avaliação e recuperação para, posteriormente, serem distribuídos às unidades da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld) e 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld). Em 06 de outubro de 2020 seriam recebidos os 30 M-577A2 restantes.

Em Escala.
Para representar o veículo M-577A1 VtrBldEspSL "CFN 30055055" Carro Comando, utilizamos o kit da Tamiya na escala 1/35. Embora o modelo seja de alta qualidade, ele não possui detalhamento interno, sendo necessário realizar a customização por meio de técnicas de scratch build. Não é preciso efetuar alterações adicionais para configurar a versão utilizada pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Para os acabamentos, empregamos decais produzidos pela Eletric Products, incluídos no conjunto "Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil 1/35"
O padrão de cores (FS) descrito a seguir corresponde ao primeiro esquema de camuflagem tática utilizado nos veículos desta família pelo Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Esse padrão foi substituído na década de 1980 e, posteriormente, alterado novamente no início da década seguinte. As viaturas modernizadas resultantes desse processo adotaram um padrão ligeiramente distinto, com possíveis pequenas variações nos tons das cores. Por outro lado, as Viaturas Blindadas – Posto de Comando (VBE PC) M-577A2 do Exército Brasileiro receberam o esquema de camuflagem tático considerado padrão pela Força Terrestre.

Bibliografia : 
- Variants of the M113 armored personnel carrier-  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Variants_of_the_M113_armored_personnel_carrier
- Fuzileiros Blindados - Operacional - http://www.operacional.pt/fuzileiros-blindados-i/
- Tecnologia e Defesa por Paulo Roberto Bastos e Helio Higuchi http://tecnodefesa.com.br/novidades-na-arma-blindada-brasileira/
- O primeiro M577 versão ambulância  - Roberto Caifa - Tecnologia e Defesa - www.tecnodefesa.com.br