O calibre 105 mm emergiu como um marco na artilharia de campanha no início do século XX, impulsionado pelas lições aprendidas durante a Primeira Guerra Mundial (1914–1918). Nesse conflito, os exércitos europeus, especialmente o alemão, demonstraram a superioridade de obuseiros de 105 mm, como o leichte Feldhaubitze 16 (leFH 16), que combinava alcance, potência de fogo e relativa mobilidade. Comparados aos canhões de 75 mm, como o francês Canon de 75 modèle 1897, amplamente utilizado pelos Aliados, os obuseiros de 105 mm ofereciam maior impacto e versatilidade, particularmente em combates de trincheiras e no apoio às tropas terrestres. A eficácia dessas armas em cenários de guerra moderna destacou a necessidade de modernização dos arsenais aliados, que ainda dependiam de equipamentos projetados no final do século XIX. Após o armistício de novembro de 1918, a Força Expedicionária Americana (AEF), que participou ativamente da guerra na Europa, capturou um pequeno lote de obuseiros alemães leFH 16. Essas peças foram enviadas aos Estados Unidos para análise detalhada pelo Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Artillery), responsável pelo desenvolvimento e operação dos sistemas de artilharia. A eficiência do leFH 16 em combate real, com sua capacidade de atingir alvos a distâncias maiores e com maior poder destrutivo, despertou o interesse dos militares norte-americanos, que reconheceram a obsolescência dos canhões de 75 mm em seus arsenais. Esse estudo marcou o início de um esforço sistemático para desenvolver uma nova geração de obuseiros de 105 mm, com o objetivo de substituir as peças de 75 mm e alinhar a artilharia norte-americana aos padrões modernos. Na década de 1920, o Exército dos Estados Unidos (US Army) lançou o projeto do obuseiro M-1920 Howitzer de 105 mm, um marco inicial na busca por maior potência e mobilidade. O M-1920 foi projetado para superar as limitações dos obuseiros de 75 mm, incorporando inovações como uma flecha retangular (testada na variante M-1925E) e modelos experimentais com duas flechas (T1 e T2), que buscavam melhorar a estabilidade e facilitar o transporte. Essas características refletiam a transição da artilharia hipomóvel, ainda predominante, para uma concepção mais adaptada às demandas de mobilidade em combates modernos. O comando do exército estabeleceu a ambiciosa meta de substituir rapidamente todas as peças de 75 mm pelo novo calibre 105 mm, inicialmente designado como M-1. No entanto, a Grande Depressão, desencadeada pela crise econômica de 1929, impôs severas restrições orçamentárias, limitando os recursos disponíveis para pesquisa, desenvolvimento e produção. A falta de financiamento inviabilizou a concretização do projeto M-1920, que foi abandonado no mesmo ano. Apesar desse revés, este programa lançou as bases para futuros desenvolvimentos, consolidando o calibre 105 mm como um padrão promissor para a artilharia de campanha.
Os esforços para modernizar a artilharia foram retomados em 1932, em um contexto de crescente instabilidade global, com o fortalecimento de regimes autoritários na Europa e o início da militarização japonesa na Ásia. Uma versão modificada do obuseiro M-1 de 105 mm foi desenvolvida e submetida a testes extensivos. Esse modelo introduziu uma inovação significativa: a adoção de munição semifixa, que eliminava a necessidade de carregamento separado, aumentando a cadência de tiro e simplificando a operação em campo. Para acomodar essa mudança, foi necessário alterar o bloco de culatra, resultando na redesignação do projeto como obuseiro M-2 de 105 mm. A produção inicial de 48 unidades foi contratada junto ao fabricante, mas as persistentes restrições orçamentárias, ainda reflexo da crise econômica, atrasaram as entregas até 1939. Nesse ano, o agravamento das tensões na Europa, marcado pela ascensão do Partido Nazista na Alemanha, incluindo anexação da Áustria (1938) e pela eclosão da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939, impulsionou um programa mais amplo de renovação da artilharia norte-americana. Os primeiros obuseiros deste tipo entregues, carregavam a influência de uma artilharia de campanha “hipomóvel” com sua plataforma de transporte M-1 foi projetada para ser tracionada por cavalos sendo equipado inclusive com rodas de madeira. No entanto, em 1940, essa plataforma foi substituída pela M-2T5, projetada para tração mecanizada por caminhões ou veículos utilitários 4x4, equipada com pneus e adaptada às exigências da guerra moderna. Melhorias adicionais, como a alteração do anel da culatra, foram implementadas em março de 1940, meses antes do início da produção em larga escala do modelo final, redesignado como M-2A1 105 mm. Curiosamente a arma era pesada para o seu calibre, mas isso ocorreu porque o obuseiro foi projetado para ser durável e necessitar de pouca manutenção em campo. Assim, o tubo e a carruagem podem ter grande utilidade e permanecer funcionais sem se desgastar. O conjunto final de produção do obuseiro agora designado como M-2A1 de 105 mm montado sobre o carro de transporte M-2T5, teria sua montagem destinada aos arsenais de Rock Island Arsenal e US Springfield Armory. As primeiras peças começaram a ser incorporadas em janeiro de 1941 sendo inicialmente destinados aos regimentos de artilharia baseados no continente, sendo depois entregues durante os primeiros anos do conflito a todos as unidades existentes nos mais variados teatros de operações durante a Segunda Guerra Mundial.

Após as vitórias aliadas no Norte da África em maio de 1943, os líderes aliados (principalmente Estados Unidos e Reino Unido) decidiram avançar contra o "ventre mole" do Eixo na Europa, começando pela Sicília. A Operação Husky foi planejada sob o comando do General Dwight D. Eisenhower, com o 15º Grupo de Exércitos Aliados, liderado pelo General britânico Harold Alexander, as principais forças terrestres incluíam o 8º Exército Britânico e o 7º Exército dos EUA, que participaria ativamente com seus regimentos de artilharia. Os desembarques seriam iniciados no dia 10 de julho, focando as praias de Gela, Licata e Scoglitti, no sul da Sicília. A 1ª, 3ª e 45ª Divisões de Infantaria, apoiadas pela 2ª Divisão Blindada, enfrentaram resistência inicial, especialmente em Gela, onde a Divisão Hermann Göring lançou contra-ataques com tanques. Neste momento a artilharia desempenhou um papel crítico em Gela, onde os obuseiros M-2A1 de 105 mm neutralizaram posições italianas e alemãs, enquanto os M-1 de 155 mm foram usados para conter os tanques alemães. A Operação Husky destacou a importância da coordenação entre artilharia, infantaria, blindados e apoio aéreo/naval. A mobilidade dos obuseiros M-2A1 e o poder de fogo dos M-1 de 155 mm provaram ser eficazes no terreno montanhoso da Sicília. Embora o M-2A1 já tivesse sido utilizado em combates anteriores, como na Campanha de Guadalcanal (1942–1943) e na Operação Tocha (1942), o Dia D representou um momento crítico de seu emprego em larga escala na Europa. Os batalhões de artilharia equipados com o M-2A1 forneceram fogo de supressão contra posições alemãs, como bunkers, ninhos de metralhadoras e baterias de artilharia costeira, ajudando a abrir caminho para os soldados que avançavam sob intenso fogo inimigo. Em Omaha Beach, onde a resistência alemã foi particularmente feroz, o apoio de fogo dos M-2A1, coordenado com barragens navais, foi crucial para neutralizar defesas e permitir a progressão das tropas para o interior. Os obuseiros M-2A1 foram desembarcados gradualmente nas praias, com algumas baterias entrando em ação nas primeiras horas do Dia D, após a estabilização inicial das cabeças de praia. Sua capacidade de disparar projéteis de alto explosivo a até 11,5 km, combinada com a precisão e a rápida cadência de tiro, tornou o M-2A1 indispensável para apoiar as operações de infantaria e blindados durante a expansão da cabeça de praia e os combates subsequentes em cidades como Carentan e Saint-Lô. O M-2A1 passou a ser fornecido a todas as nações aliadas nos termos do Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) durante o conflito, entre elas Canadá, Brasil, Australia e França Livre. Até o final da Segunda Guerra Mundial, 8.536 obuseiros M-2A1 de 105 mm foram produzidos em diversas versões chegando até a modelos autopropulsados como o Howitzer Motor Carriage T19 e T32 empregados em conjunto com os carros meia lagarta M-2A1 e M-3 Half Track e T-76 e T-88 montados nos chassis dos carros de combate M-24 Chaffe e M-18.

Embora o M-2A1 já tivesse sido exaustivamente emprego durante a Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Coreia representou um novo capítulo em sua história, com desafios únicos devido ao terreno acidentado e ao clima rigoroso da península coreana. O obuseiro entrou em ação logo após a mobilização das forças da ONU, em julho de 1950, quando as tropas norte-americanas e sul-coreanas enfrentaram a ofensiva inicial norte-coreana. No início do conflito, o M-2A1 foi usado para conter o avanço das forças norte-coreanas, particularmente durante a defesa do Perímetro de Pusan (agosto–setembro de 1950). Nessa fase crítica, as baterias de M-2A1 forneceram fogo de supressão contra ataques de infantaria e blindados, ajudando a estabilizar a linha de defesa até a contraofensiva aliada, liderada pelo desembarque de Incheon em setembro de 1950. A mobilidade do M-2A1, tracionado por veículos como o caminhão GMC CCKW, permitiu reposicionamentos rápidos, essenciais em um conflito caracterizado por rápidas mudanças de frente. A entrada da China no conflito, em novembro de 1950, intensificou os combates, especialmente na Batalha do Reservatório de Chosin (novembro–dezembro de 1950). Nesse cenário, unidades do US Marine Corps, equipadas com o M2A1, enfrentaram condições extremas de inverno e ataques massivos das forças chinesas. O obuseiro foi crucial para fornecer fogo de cobertura durante a retirada estratégica das tropas aliadas, neutralizando posições inimigas em terrenos montanhosos e permitindo a evacuação de milhares de soldados. A precisão e a cadência de tiro do M-2A1 foram fundamentais para conter as ofensivas chinesas, salvando vidas em um dos momentos mais dramáticos do conflito. Durante a Primeira Guerra da Indochina, a França, buscando reestabelecer o controle sobre suas colônias após a Segunda Guerra Mundial, utilizou o M2A1 como peça padrão de artilharia de campanha. Equipado com o M2A1, o Exército Francês e as forças do Estado do Vietnã, um governo fantoche estabelecido pela França em 1949, empregaram o obuseiro em operações defensivas e ofensivas contra o Viet Minh. Sua produção foi oficialmente encerrada em setembro de 1953 com 10.202 unidades entregues, logo após o termino da Segunda Guerra Mundial, um grande número de obuseiros M2A1 105 mm foram classificados como “excedente de guerra”, passando a ser cedidos a nações alinhadas aos interesses norte-americanos como Argentina, África do Sul, Australia, Áustria, Arabia Saudita, Bahrein, Brasil, Bangladesh, Bélgica, Benin, Bolívia, Bósnia, Burkina Faso, Camarões, Canada, Chile, Chade, Colômbia, Croácia, Dinamarca, República Dominicana, Equador, Espanha, Etiópia, El Salvador, Filipinas, Gabão, Grécia, Guatemala, Honduras, Holanda, Indonésia, Ira, Iraque, Japão, Coréia do Sul, República Khmer, Vietnã do Sul, Laos, Líbano, Libéria, Lituânia, Macedônia, Malásia, Mauritânia, Madagascar, México, Marrocos, Moçambique, Myanmar, Nova Zelândia, Nicarágua, Noruega, Paquistão, Peru, Portugal, Rodésia, Ruanda, Senegal, Sudão, Tailândia, Togo, Tunísia, Turquia, Uruguai e Venezuela. Em 1962 sistema de designação de artilharia militar do Exército dos Estados Unidos (US Army) seria alterado com a designação do obuseiro M-2A1 105 mm, sendo modificada para M-101A1 105 mm. Atualmente muitos exércitos ainda mantem os M2A1 – M101A1 em uso em suas unidades de linha de frente, com nações mais desenvolvidos os empregando apenas com armas cerimonias.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. A participação brasileira no esforço de guerra aliado logo se ampliaria. O então presidente Getúlio Vargas declarou que o Brasil não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos e sinalizou a possibilidade de uma participação mais ativa de suas forças, envolvendo o possível envio de tropas brasileiras para algum teatro de operações de relevância
Na década de 1940, a artilharia de campanha do Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, equipada majoritariamente com armamentos ultrapassados, como os canhões alemães Krupp 75 mm Modelo 1908 e franceses Schneider-Canet 75 mm, projetados para tração hipomóvel e fabricados no início do século XX. Esses equipamentos, embora robustos para sua época, não atendiam às exigências do combate moderno. A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, marcou o início de uma transformação profunda, impulsionada pelo programa norte-americano Lend-Lease Act. A partir de meados de 1942, navios de transporte começaram a desembarcar no porto do Rio de Janeiro, trazendo uma gama de equipamentos modernos, incluindo armas de infantaria, canhões antitanque de 37 mm e obuseiros de 105 mm e 155 mm. Essa incorporação representou um salto qualitativo para a artilharia brasileira, dotando-a de maior potência de fogo e precisão. O compromisso do Brasil com o esforço de guerra aliado foi formalizado em Em 9 de agosto de 1943, por meio da Portaria Ministerial nº 4.744, publicada em boletim reservado no dia 13 do mesmo mês, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Estruturada como a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), sob o comando do General de Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, a FEB incluía, além da divisão principal, diversos órgãos não-divisionários essenciais para sua operação. devendo ao todo ser composta por 25.000 soldados. A composição da Força Expedicionária Brasileira (FEB) contemplava quatro grupos de artilharia (três equipados com obuses de 105 mm e um com 155 mm), uma esquadrilha de aviação da Força Aérea Brasileira para ligação e observação, um batalhão de engenharia, um batalhão de saúde, um esquadrão de reconhecimento e uma companhia de comunicações. A força contava ainda com um comando próprio, um comando de quartel-general, um destacamento de saúde, uma companhia de manutenção, uma companhia de intendência, um pelotão de sepultamento, um pelotão de polícia e, simbolicamente, uma banda de música. Após desembarcar em Nápoles e realizar treinamento com instrutores americanos, a artilharia da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi posicionada para apoiar as operações do V Exército dos Estados Unidos contra as linhas defensivas alemãs, como a Linha Gustav e a Linha Gótica. O batismo de fogo ocorreria no dia 16 de setembro de 1944, no sopé do Monte Bastione, ao norte da cidade italiana de Lucca, na Toscana, um vento gelado já prenunciava os rigores do inverno próximo. Precisamente às 14 horas e 22 minutos foi lançado contra o inimigo nazista o primeiro tiro jamais disparado pela artilharia brasileira fora do continente sul-americano, atingindo com precisão o objetivo previsto: Massarosa. Ao longo da campanha, os M-2A1 105 mm foram usados para bombardear posições alemãs, neutralizar contra-ataques e proteger flancos aliados, demonstrando precisão e confiabilidade em combates prolongados.

Durante a guerra mais obuseiros deste modelo seriam recebidos no Brasil , passando a dotar pelo menos mais grupo de Artilharia Divisionária constituída por três grupos de M-2A1 105 mm e um de M-1 155 mm todos sediados no Rio de Janeiro. Com o fim do conflito, em maio de 1945, os M-2A1 e outros equipamentos utilizados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram transferidos ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos, sediado em Roma. Nesse processo, os itens em melhores condições foram cuidadosamente selecionados, acondicionados e enviados ao Brasil por via marítima, logo após serem recebidos no pais, seriam distribuídos aos Grupos de Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro. Na década de 1970, o Brasil intensificou seus esforços para modernizar suas Forças Armadas, consolidando parcerias estratégicas iniciadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945) por meio do programa Leand & Lease Bill Act. Um marco significativo nesse processo foi o Acordo de Assistência Militar Brasil-Estados Unidos, firmado em 1952, que facilitou a transferência de equipamentos militares americanos para o Exército Brasileiro e o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil. Nesse contexto, a partir do início da década de 1970, o Brasil recebeu pelo menos 160 obuseiros M-101A1 de 105 mm, oriundos dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army). Desses, pelo menos 12 unidades foram destinadas ao Batalhão de Artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais, fortalecendo a capacidade de apoio de fogo das operações anfíbias e terrestres da Marinha. Este obuseiros foram organizados em baterias, geralmente com quatro peças cada, tracionadas por veículos como caminhões Mercedes-Benz LAK 1418 VTNE, compatíveis com as demandas logísticas das operações anfíbias. A leveza relativa do M101A1, comparada a obuseiros mais pesados, permitia seu transporte em embarcações de desembarque e sua rápida implantação em praias ou terrenos acidentados, características essenciais para as missões do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Totalizando 320 peças o M-2A1 - M-101A1 Howitzer 105 mm ou como é oficialmente designado como M-101AR, atualmente ainda é um dos principais armamentos da Artilharia de Campanha Leve do Exército Brasileiro e do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha, principalmente devido a sua fácil locomoção no terreno e sua ótima eficácia durante o combate. É amplamente usada em disparos indiretos contra pessoal e material, podendo realizar tiros mergulhantes e verticais. Esse obuseiro pode utilizar também vários tipos e quantidades de cargas propulsoras, permitindo que o alcance possa variar dentro da mesma elevação de tiro, consoante as cargas escolhidas, baseado através das sete cargas existentes em que são utilizadas para devidos fins, com grande parte das munições sendo produzidas nacionalmente pela Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) como: Tiro 105 mm AE (Alto Explosivo): Usado contra pessoal e material leve, com alta capacidade de fragmentação. E Tiro 105 mm Slv (Salva): Utilizado para efeitos psicológicos ou cerimônias. O obuseiro utiliza sete cargas propulsoras (cargas 1 a 7), que permitem ajustar o alcance dentro da mesma elevação do cano.
Na década de 1980, a Artilharia de Campanha Leve do Exército Brasileiro (EB) e o Batalhão de Artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) iniciaram um processo de modernização com a incorporação de obuseiros de 105 mm de fabricação estrangeira. Essa iniciativa visava suprir as deficiências operacionais causadas pelo desgaste dos obuseiros M101A1 (designados no Brasil como M-101AR) e recompor a capacidade de combate das unidades de artilharia. Seria selecionados dois modelos : BAE L118 Light Gun (1980): De fabricação britânica, com este modelo se destacando pela sua leveza, mobilidade e precisão, sendo ideal para operações em terrenos variados, incluindo áreas de selva e montanha. E o M-56 Oto Melara (1985): De origem italiana, com este obuseiro trazendo maior robustez e capacidade de integração com sistemas modernos de pontaria, complementando as necessidades operacionais das forças brasileiras. A introdução desses obuseiros proporcionou um reforço significativo às unidades de artilharia, especialmente porque muitos M-101AR estavam fora de serviço devido ao desgaste natural e à quebra de componentes críticos, resultando em unidades com capacidade de combate incompleta. Por volta de 2015, os obuseiros M-101AR, que totalizavam 211 peças no inventário do Exército Brasileiro, haviam acumulado mais de 70 anos de serviço. Apesar de sua confiabilidade e versatilidade, o desgaste acumulado e a obsolescência tecnológica geraram a necessidade urgente de substituição ou revitalização. Esses obuseiros, embora eficazes em operações de baixa intensidade, apresentavam limitações em alcance, precisão e integração com tecnologias modernas, quando comparados a sistemas mais recentes. Este cenário culminaria no ano de 2018 na elaboração do Programa de Artilharia de Campo do Programa Estratégico do Exército para ‘Obtenção de Capacidade Operacional Plena’, o esforço é planejado para reestruturar o portfólio de artilharia de campo e fornecer tropas terrestres com poder de fogo adequado e preciso até 2031. Neste contexto, o acervo de peças de artilharia envolvia um total de 211 obuseiros M-101AR , 60 Oto Melara M-56 e 40 L-118 Light Gun, este plano tinha por objetivo colocar em campo um único sistema, buscando assim aprimorar o treinamento, a operação e a logística, além de fornecer maior mobilidade e poder de fogo às unidades de artilharia de campo. Infelizmente este programa não se materializaria nos anos seguintes muito em função de restrições orçamentarias. Na ausência da realização deste programa os olhos do Exército se voltaram para a implementação de um programa de revitalização dos M-101 AR, com este programa sendo incluído no PIT 2020, ficando sobre os auspícios do Arsenal de Guerra General Câmara (AGGC) a implementação deste. Infelizmente os efeitos correlatos a pandemia de Covid-19 ocasionar a elevação dos custos de insumos e matéria prima, algumas empresas tiveram dificuldades em entregar itens de produção nos prazos requeridos. Somente em abril de 2021 os primeiros seis obuseiros revitalizados por meio de manutenção de 3º e de 4º escalões, na oficina de armamento pesado da unidade foram entregues aos grupos de Artilharia de Campanha.

Em Escala.
A representação do obuseiro M-101A1 AR de 105 mm foi realizada com o excepcional kit da Testors-Italeri na escala 1/35, reconhecido por sua qualidade superior e alto nível de detalhamento. Produzido pela Italeri, uma renomada fabricante italiana de modelos em escala, e distribuído pela Testors, este kit destaca-se pela precisão na reprodução das características do M-101A1, incluindo todas as partes móveis do obuseiro, como o tubo, a culatra e a carruagem M-2 T5. O modelo também inclui acessórios realistas, como caixas de munição e uma equipe de operação, composta por figuras. Para retratar a versão do M101A1 AR utilizada pelo Exército Brasileiro, o kit não exige modificações, sendo possível montá-lo direto da caixa.%20105%20MM%20-%20ARMAS%20NACIONAIS%20I.png)
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Quando as primeiras unidades do M-2A1 (M-101A1) AR foram recebidas pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, elas seguiam o padrão de pintura Federal Standard (FS) do Exército dos Estados Unidos, caracterizado por um esquema monocromático em verde oliva (FS 34087), projetado para camuflagem em ambientes temperados, como os da Itália. Esse padrão foi mantido no pós-guerra, mas, a partir de 1983, o Exército Brasileiro adotou um esquema tático de camuflagem em dois tons, refletindo a necessidade de adaptar os obuseiros a diferentes cenários operacionais, incluindo áreas de selva, cerrados e ambientes urbanos. Já os M-101 empregados pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN) empregam outro padrão de pintura. Empregamos tintas e vernizes fabricados pela Tom Colors.


Bibliografia:
- M101A1 – M2A1 105 mm Howitzer Wilipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M101_howitzer
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf
- Exército mantém os M101A operacionais – Paulo Roberto Bastos Jr - https://tecnodefesa.com.br/
- Exército busca substitutos para os M101 AR – Luiz Padilha - http:// www.defesaaereanaval.com.br