M-41, A1 e A3 Walker Bulldog (VCB CC)

História e Desenvolvimento.
Com o término da Segunda Guerra Mundial e o início das tensões geopolíticas que caracterizariam a Guerra Fria, o Exército dos Estados Unidos (U.S. Army) identificou a necessidade de desenvolver um novo carro de combate leve que pudesse substituir o então obsoleto M-24 Chaffee. Introduzido em serviço em 1944 para substituir o M-3 Stuart, o M-24 havia desempenhado papel importante nas fases finais do conflito mundial. Contudo, no cenário do pós-guerra, sua capacidade de combate revelou-se insuficiente diante da rápida evolução dos blindados soviéticos e da consolidação do Pacto de Varsóvia, cujas forças passaram a operar modelos mais modernos e poderosamente armados, como os T-44, T-54 e, posteriormente, T-55. Com o objetivo de manter a superioridade tática e preservar a mobilidade característica das forças blindadas norte-americanas, o Exército dos Estados Unidos (U.S. Army) iniciou, em 1946, os estudos preliminares de um novo projeto de carro leve. O programa recebeu a designação oficial de T37, e tinha como premissa o equilíbrio entre baixo custo, alta mobilidade e facilidade de manutenção, fatores cruciais em um contexto de restrições orçamentárias e reestruturação militar após o grande conflito. Buscando reduzir custos de produção e simplificar a logística de manutenção, o projeto do T-37 foi concebido de modo a aproveitar ao máximo peças e componentes automotivos já empregados em outros veículos militares. Além disso, o novo blindado deveria possuir um casco modular, capaz de ser convertido em diversas versões especializadas  como plataformas de defesa antiaérea, viatura de socorro ou veículo de transporte. Em termos operacionais, esperava-se que fosse extremamente ágil e pudesse desempenhar missões de reconhecimento, mantendo, ao mesmo tempo, capacidade de enfrentamento contra os novos tanques médios soviéticos. A concorrência para o desenvolvimento do veículo foi oficialmente lançada em 1947. Entre as exigências técnicas, destacava-se uma curiosa determinação: todos os protótipos deveriam empregar dois motores a gasolina de seis cilindros em V, refrigerados a ar, com potência combinada de 500 hp. As empresas participantes poderiam escolher entre motores produzidos pela Continental Motors Company ou pela Lycoming Engines. Essa especificação fez do T-37 um dos primeiros carros de combate norte-americanos projetados em torno de um motor preexistente, e não o inverso — uma inversão de lógica de projeto pouco comum à época. Três propostas técnicas foram apresentadas, mas o contexto de restrições orçamentárias do pós-guerra retardou significativamente o programa. A liberação de verbas para a construção dos protótipos ocorreu apenas em março de 1949, quando foram concluídas as três primeiras unidades experimentais. Esses protótipos passaram por extensos testes comparativos em campo, conduzidos em centros de avaliação. Durante essa fase, o modelo desenvolvido pela Cadillac Motor Car Division, subsidiária da General Motors, destacou-se pelo desempenho superior e pela confiabilidade mecânica. 

Como resultado, foi selecionado para prosseguir no programa de desenvolvimento, recebendo a denominação T-37 – Fase II, abrindo caminho para o veículo que, em sua versão definitiva, se tornaria um dos carros de combate leves mais emblemáticos da era da Guerra Fria. Durante o retorno  ao campo de provas, uma série de ajustes técnicos e aperfeiçoamentos foi identificada, culminando na criação de uma nova versão de pré-produção, oficialmente designada T-41E1. O veículo, agora mais robusto e sofisticado, alcançava 23.500 kg de peso, o que o aproximava da categoria dos carros de combate médios — afastando-o da concepção original de veículo leve passível de lançamento aeroterrestre. Apesar disso, o T-41E1 mantinha capacidade de transporte aéreo, o que preservava parte de sua vocação estratégica para missões de rápida mobilidade. Do ponto de vista técnico, os modelos T-41E1 e T-41E2 apresentavam várias semelhanças com o veterano M-24 Chaffee, especialmente no conjunto do trem de rolamento com cinco pares de rodas e suspensão por barras de torção. No entanto, introduziam um novo grupo motopropulsor composto pelo motor Continental AOS-895-3, a gasolina, de seis cilindros em “V” e 14.685 cm³, capaz de desenvolver 500 hp a 2.800 rpm. Essa motorização conferia ao veículo uma notável velocidade em estradas regulares, atendendo à doutrina de guerra móvel adotada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). Em termos dimensionais, o blindado media 8,05 metros de comprimento com o canhão voltado para frente (ou 5,60 metros com o canhão recuado), 3,26 metros de largura e 2,50 metros de altura. Sua blindagem frontal era de 32 mm, enquanto as laterais variavam entre 19 e 25 mm, e a torre possuía espessura entre 15 e 25 mm  uma configuração que privilegiava o equilíbrio entre proteção, leveza e mobilidade. Projetado para facilitar manutenção e reparos em campo, o T-41E1 apresentava componentes de fácil substituição e uma torre soldada de perfil delgado, elogiada por sua eficiência e simplicidade estrutural. Estava armado com o canhão M-32 (T138E1) de 76 mm, dotado de freio de boca e extrator de fumaça, adequado para o emprego anticarro em combate. O casco do veículo era dividido em três compartimentos bem definidos. Na parte frontal, situava-se o posto do motorista, que operava o carro por meio de um guidon semelhante ao de uma motocicleta, uma solução pouco convencional, mas funcional. O compartimento central, destinado ao combate, abrigava a torre e a tripulação principal: o comandante e o atirador à direita do canhão, e o municiador à esquerda. Na seção traseira, encontravam-se o motor Continental AOS-895-3 e a transmissão automática Allison CD-500-3, com duas marchas à frente e uma à ré, formando um conjunto propulsor moderno e confiável. A assinatura do primeiro contrato de produção ocorreu em agosto de 1950, mas o início da fabricação em série sofreu adiamentos significativos. Um dos principais entraves foi a decisão de incorporar um telêmetro óptico integrado diretamente à torre de aço, exigindo um reprojeto completo das ferramentas e moldes industriais. Entretanto, a eclosão da Guerra da Coreia (1950–1953) transformou radicalmente o panorama estratégico e industrial dos Estados Unidos. 
O conflito reacendeu a urgência por veículos de combate modernos e acelerou o programa do T-41E1, que passou a ser tratado como prioridade nacional pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). Em resposta à crescente demanda, a Cadillac Motor Car Division, responsável pelo projeto, promoveu amplas reformas em suas instalações de Cleveland, convertendo-as em uma linha de produção exclusiva para o novo carro de combate. O esforço mobilizou cerca de 3.700 trabalhadores, marcando o início da produção em larga escala de um veículo que, em breve, seria padronizado sob a designação definitiva de M-41 Walker Bulldog — um dos símbolos do poder blindado norte-americano durante a Guerra Fria. Este acelerado processo de produção impactaria novamente no projeto original, pois a concepção de seu ferramental envolveria alterações de ordem técnica, resultando em novos atrasos no cronograma original. O modelo receberia a designação de M-41 Little Buldog, mais tarde alterado para M-41 Walker Buldog em homenagem ao General Walton Harris Walker, falecido em um acidente com um jipe na Coréia em 23 de dezembro de 1950.  Os primeiros 8 carros de produção em série seriam entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em julho de 1951. Em março de 1953, mais de novecentos carros de combate já haviam sido entregues, porém seriam disponibilizados para serviço ativo, tarde mais para participar conflito, apesar de alguns carros terem sido enviados para a Coréia antes de julho deste mesmo ano. Em fins do ano seguinte, mais de 1.800 carros já haviam sido produzidos, porém seu emprego operacional descortinaria uma série de falhas técnicas, que possivelmente foram originadas de devido à sua produção emergencial. Estudos mais aprofundados realizados entre os anos de 1951 e 1952 apontariam que seria necessário implementar cerca de quatro mil alterações e melhorias no projeto original, levando ao desenvolvimento de uma nova versão. Além disto verificou-se que seu raio de açao era extremamente limitado o que levaria a substituição de seu motor original pelo modelo AOSI-895-5 com sistema de injeção eletrônica, garantindo uma redução de consumo de combustível na ordem de 20%.  Deste estudo nasceria a versão M-41A1, que além de atender as demandas de melhoria citadas anteriormente passava a ser equipado com o novo canhão M-76A1 (T138E2), e apresentava aumento da capacidade de armazenamento de munição de 76 mm passando de 24 no M-41 para 44, sendo acondicionadas na torre e 33 na carcaça. Com relação a pontaria, o comandante do carro e o atirador dispunham cada um de um periscópio M-20, cuja ligação balística ao canhão assegurava o alinhamento dos dois campos de visão com o eixo da alma da peça para o alvo selecionado. Além disso, o atirador dispunha de uma luneta M-97 como elemento secundário de pontaria. O municiador contava ainda com um periscópio de observação M-13 no teto da torre.  Como armamento secundário mantinha a metralhadora  M-2 de 12,7 mm montada sobre a torre e uma coaxial Browning M-1919A4E1 de 7,62 mm, contando com 430 munições de  de 12,7 mm e 4.200 de 7,62 mm.  

Após a aprovação para a produção do M-41A1, seria decidido que pelo menos 1.361 carros do modelo M-41 que se encontravam em uso nas forças regulares, fossem armazenados junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio, a fim de serem posteriormente elevados para esta nova versão.  Apesar destas melhorias o M-41A1 Walker Bulldog que nesta época já havia substituído completamente os M-24 Chaffe, ainda não se mostraria especialmente popular em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army). Mesmo com o desenvolvimento de suas  versões subsequentes como o M-41A2 em 1956 e o M-41A3 em 1958 (que passava a fazer uso do motor a diesel Cummins VTA-903), seu emprego operacional  continuaria a frustrar seus operadores. Entre varias observações destacava-se as queixas emitidas por seus condutores a respeito de seu  espaço interior limitado, somava-se ainda o fato que sua altura, tamanho e design,  afetavam sua capacidade de reconhecimento discreto no campo de batalha. Apesar do desenvolvimento de versões especializadas derivadas de sua plataforma, como o veículo antiaéreo M-42 Duster, obuseiros autopropulsados M-44 e M-52 e por fim o veículo blindado de transporte de tropas M-75, em fins de 1954 sua produção seria encerrada, totalizando 5.467 unidades entregues. Neste momento o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) passaria a focar seus esforços no desenvolvimento do novo carro de combate leve, o  M-551 Sheridan. O batismo de fogo do M-41 ocorreria em abril de 1961, em Cuba durante o preludio da  "Invasão da Baía de Porcos", quando cinco destes carros retirados dos estoque do exército foram fornecidos pela  Agencia Central de Inteligência (CIA) aos exilados anticomunistas para apoiar a incursão da Brigada 2506 e a subsequente apreensão de locais estratégicos em Cuba que provavelmente seriam patrulhados ou defendidos por blindados, principalmente tanques médios T-34-85 fornecidos pelos soviéticos. Estes seriam transportados para a costa cubana por uma única embarcação de desembarque em 17 de abril, depois desembarcaram com o apoio da infantaria em um ataque anfíbio de armas combinadas em Playa Girón.  Diversos embates ocorreriam, até que os M-41 tivessem sua munição esgotada, sendo abandonados pelas tripulações. Em 1964, como parte do esforço de apoio e modernização as forças blindadas do Exército da República do Vietnã (ARVN), o Comando de Assistência Militar Norte Americano, determinou o fornecimento de centenas de tanques M-41A3s,  que passariam a ser envolver nas maiores operações de combate, ao contrário do ocorrido no Exército dos Estados Unidos (US Army) o modelo de tornou muito popular entre os tripulantes locais, que geralmente eram de menor estatura do que seus contrapartes, e assim  não experimentariam o mesmo desconforto proporcionado pelo reduzido espaço interior.  Os últimos M-41s foram entregues a este exército em 1972 totalizando 350 carros, e durante a Queda de Saigon entre os dias 28 e 30 de abril de 1975 , muitos destes seriam capturados e incorporados ao Exército do Vietnã do Norte.
O M-41 Walker Bulldog seria o primeiro tanque do pós-guerra a ser adotado pelo Exército Alemão (Bundeswehr) após sua formação em 1955, com 50 desses veículos sendo destinados a compor os batalhões de reconhecimento blindado. No entanto o conceito de carros de combate leves provou ser impopular neste exército, e todos os M-41 seriam desativados em 1966 passando a ser substituídos pelos modelos M-48 Patton e Leopard 1.  Em 1958, de 40 a 50 carros do modelo M-41A-3 seriam cedidos as Forças Armadas Libanesas (LAF) a fim de substituírem em sua frota os obsoletos M-4  Sherman Firefly e os carros de combate leves franceses Hotchkiss H35 e Renault R35. Estes seriam amplamente empregados em cenários de conflagração real, atuando desde a crise do Líbano de 1958, a Guerra Civil Libanesa (1975 - 1982) até a Guerra da Montanha (1983 - 1984). Curiosamente além das forças regulares daquele país, vários M-41A-3 capturados seriam utilizados por por facções rebeldes dissidentes, como o Exército Árabe Libanês (LAA), Exército do Libano Livre (AFL), Forças Reguladoras Kataeb (KRF), Milícia dos Tigres e Libertação Popular Exército (PLA). No entanto seu maior usuário seria representando pelo Exército da República da China - Taiwan (ROCA), que começaria receber seus primeiros M-41A3 em 1958, chegando a receber até o ano de 1960, 700 carros de combate desta família. Ao longo dos anos uma parcela desta frota seria profundamente modernizada para a versão M-41D, com muitos destes ainda permanecendo operacionais até os dias atuais. O advento da introdução dos novos  veículos blindados de reconhecimento e assalto aerotransportados M-551 Sheridan AR/AAV iniciaria o ciclo de desativação dos M-41A1, M-41A2 e M-41A3 das unidades de linha de frente da cavalaria blindada do Exército dos Estados Unidos (US Army), com estes passando a ser armazenados como reserva técnica.  Desta maneira esta família de carros de combate passaria a constar no portifólio do Programa Militar de Assistência - MAP (Military Assistence Program), muito em virtude da grande quantidade armazenada como reserva estratégica junto a Guarda Nacional.  Dentro dos termos deste programa, milhares destes carros de combate seriam cedidos ao Brasil, Chile, República Dominicana, Guatemala, Uruguai, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Etiópia, Grécia, Japão, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Portugal, Somália, Arábia Saudita, Somália, África do Sul, Espanha, Sudão, Tailândia, Tunísia e Turquia. Diversos programas de modernizações seriam desenvolvidos para esta família de carros de combate, permitindo estender sua vida útil, com muito destes ainda operando em serviço ativo junto as forças armadas da República Dominicana, Guatemala, Taiwan e Uruguai.   

Emprego no Exército Brasileiro.
A arma de cavalaria blindada do Exército Brasileiro teve sua gênese e consolidação durante o turbulento período da Segunda Guerra Mundial, quando o país, alinhando-se aos Aliados, tornou-se signatário do programa internacional de ajuda militar conhecido como Lend-Lease Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), instituído pelo governo dos Estados Unidos em 1941. Por meio desse acordo, o Brasil recebeu um expressivo volume de material bélico moderno, que transformou profundamente a estrutura e as capacidades da Força Terrestre. Essa modernização conferiu ao Exército Brasileiro um salto tecnológico sem precedentes, elevando-o temporariamente à condição de potência militar regional. Entre os equipamentos recebidos, destacava-se uma numerosa frota de carros de combate composta por mais de seiscentas unidades, distribuídas entre os modelos leves M-3 e M-3A1 Stuart e os médios M-4 e M-4A1 Sherman, além dos M-3A3 e M-3A5 Lee. Essas viaturas, dotadas de mobilidade e poder de fogo consideráveis para a época, simbolizavam a entrada definitiva do Brasil na era dos blindados. Entretanto, o vigor desse poder mecanizado não perduraria por muito tempo. Ao final da década de 1950, a frota blindada brasileira já evidenciava sinais claros de obsolescência, resultado direto do avanço tecnológico acelerado do pós-guerra e da interrupção da produção desses modelos em meados de 1945. Além da defasagem técnica, surgiram sérios problemas de disponibilidade operacional, principalmente pela escassez de peças de reposiçã fator que comprometia a manutenção regular e reduzia drasticamente os índices de prontidão das unidades. Grande parte dessas dificuldades concentrava-se no conjunto motriz dos veículos. Diante desse quadro, o Exército Brasileiro passou a desenvolver estudos e programas de remotorização, substituindo os antigos motores a gasolina por propulsores a diesel de fabricação nacional, mais econômicos e adaptados às condições operacionais do país. Tais iniciativas, embora tecnicamente viáveis e economicamente racionais, tiveram alcance limitado: conseguiram prolongar a vida útil das viaturas e restaurar parte da capacidade operativa, mas não solucionaram a questão central — a obsolescência estrutural e tecnológica dos modelos então em serviço. O chamado “calcanhar de Aquiles” da frota nacional residia na própria natureza antiquada dos blindados. Os antigos M-3 Stuart e M-4 Sherman, pilares da força blindada durante a guerra, já não ofereciam desempenho adequado frente aos padrões de combate da Guerra Fria. Muitos deles ainda estavam equipados com canhões de 37 mm, armamento considerado insuficiente para enfrentar os novos carros de combate médios e pesados que surgiam em todo o mundo.

Diante dessa realidade, tornou-se evidente que a modernização efetiva da cavalaria blindada brasileira só poderia ser alcançada por meio da aquisição de novos carros de combate, mesmo que em quantidade inicial reduzida. Essa renovação representava não apenas uma necessidade operacional, mas também uma exigência estratégica, indispensável para manter o Exército Brasileiro em patamar compatível com as transformações doutrinárias e tecnológicas que redefiniam o campo de batalha da segunda metade do século XX. Para atender à crescente necessidade de modernização de seus meios blindados, o governo brasileiro recorreu aos dispositivos do Acordo Militar Brasil–Estados Unidos, firmado em 1952. Tal acordo inseria-se no contexto geopolítico da Guerra Fria, período em que Washington buscava fortalecer alianças hemisféricas como parte de sua estratégia de contenção à influência soviética no continente americano. O tratado visava não apenas ampliar a cooperação técnico-militar entre as duas nações, mas também estabelecer uma rede regional de defesa capaz de responder a uma hipotética ameaça expansionista socialista. Por meio desse instrumento bilateral, o Brasil passou a integrar o Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program), que assegurava acesso facilitado a equipamentos modernos, treinamento e apoio logístico fornecidos pelos Estados Unidos. Tal adesão representou um marco decisivo para a modernização das Forças Armadas brasileiras e reforçou o alinhamento político-militar entre os dois países durante a década de 1950. Em meados de 1959, o adido militar brasileiro em Washington, D.C., iniciou oficialmente as tratativas com o governo norte-americano visando à aquisição de novos veículos blindados e carros de combate. Àquela altura, o Exército dos Estados Unidos (U.S. Army) mantinha em suas reservas estratégicas uma expressiva frota de carros de combate leves M-41 Walker Bulldog, armazenados nas instalações do Ordnance Corps Depot, localizado em Lordstown Village, no estado de Ohio. Grande parte desses veículos correspondia à primeira versão de produção do M-41, posteriormente substituída nas unidades de linha pelas variantes modernizadas M-41A1 e M-41A3. Por essa razão, os blindados disponíveis para transferência apresentavam baixíssimo desgaste operacional, constituindo-se em material praticamente novo  uma oportunidade singular para o Exército Brasileiro. Concluídas as negociações burocráticas e os trâmites técnicos, uma comitiva de oficiais brasileiros foi enviada aos Estados Unidos com a missão de selecionar cinquenta unidades do M-41 Walker Bulldog. Após a inspeção e escolha, os veículos foram submetidos a revisões e testes funcionais nas instalações do depósito, sendo então preparados para o transporte marítimo. Os carros de combate chegaram ao porto do Rio de Janeiro em 14 de agosto de 1960, marcando o início de uma nova era para a cavalaria blindada nacional. 
Uma vez desembarcados, os blindados foram recondicionados, calibrados e utilizados em programas de instrução e adestramento destinados às tripulações brasileiras. Posteriormente, seguiram por via terrestre para suas unidades de destino: o 1º e o 2º Regimentos de Reconhecimento Mecanizado (RecMec), sediados em Porto Alegre e Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, e o 3º Regimento de Reconhecimento Mecanizado, localizado no Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara). Nas novas unidades, os M-41 Walker Bulldog substituíram os veteranos M-3 e M-3A1 Stuart, cujos projetos remontavam à Segunda Guerra Mundial. Em operação, os novos blindados demonstraram desempenho muito superior — tanto em velocidade e mobilidade quanto em poder de fogo. Este último era garantido pelo moderno canhão M-76A1 (T138E2) de 76 mm, que conferia ao veículo capacidade efetiva de combate contra blindados contemporâneos e consolidava o início da modernização da força blindada brasileira. O expressivo êxito operacional obtido com os primeiros carros de combate M-41  no Exército Brasileiro reforçou, em pouco tempo, a percepção de que aquele modelo representava um significativo salto qualitativo no campo da cavalaria blindada nacional. Tal constatação levou o governo brasileiro, em 1962, a firmar novas tratativas junto aos Estados Unidos, nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP – Military Assistance Program), visando à ampliação da frota. Como resultado dessas negociações, foi acordado um pacote de cessão de 303 carros de combate, cuja entrega estava prevista para ocorrer até o final da mesma década. Deste total, 248 unidades correspondiam à versão M-41A1 e 55 à versão mais moderna de produção, o M-41A3. A principal diferença entre as duas variantes residia no conjunto motriz. O M-41A3 incorporava o motor Continental AOSI-895-5, dotado de sistema de injeção de combustível, substituindo o modelo anterior carburado. Essa melhoria lhe conferia melhor desempenho e confiabilidade, além de justificar a nova designação técnica. Ademais, o M-41A3 contava com um sistema de elevação de canhão de maior amplitude e a possibilidade de instalação de equipamentos de visão e direcionamento por infravermelho, um avanço considerável para a época. Visualmente, contudo, as duas versões mantinham notável semelhança, distinguindo-se principalmente pelo formato dos paralamas — cortados no M-41A1 e retos no M-41A3. O recebimento integral do lote negociado representou um marco no processo de modernização da força blindada brasileira, permitindo o reequipamento completo das unidades de primeira linha e, por conseguinte, a gradual desativação dos veteranos M-4 e M-4A1 Sherman, remanescentes da Segunda Guerra Mundial. Com os M-41  o Exército Brasileiro ingressava em uma nova era tecnológica. Os veículos apresentavam torres com acionamento hidráulico, sistemas de mira mais precisos, maior velocidade e mobilidade tática, além de um canhão M-32 de 76 mm, substancialmente superior aos armamentos empregados nos antigos modelos dos anos 1940. A introdução da versão M-41A3, equipada com sistema de visão infravermelho  tecnologia inédita no país, representou um passo importante na familiarização das tripulações com recursos ópticos avançados, fundamentais para a condução de operações noturnas. 

Esses modernos carros de combate passaram a compor o efetivo de grandes unidades blindadas como a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld), além dos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º Regimentos de Carros de Combate (RCC) e dos 4º, 6º, 9º e 20º Regimentos de Cavalaria Blindada (RCB). Também foram destinados à Escola de Material Bélico (ESMB) — tradicional centro de excelência e manutenção dos blindados do Exército Brasileiro —, ao 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RC Mec) e à Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), no Rio de Janeiro, onde serviram como importantes instrumentos de instrução e aperfeiçoamento técnico das novas gerações de oficiais. Este importante movimento reequilibraria a balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina, nosso principal hipotético rival que começava a operar em larga escala o modelo TAM (Tanque Argentino Médio). Durante as décadas de 1960 e 1970, coube ao M-41 desempenhar o papel central na formação da moderna força blindada nacional, tornando-se o principal vetor de instrução, treinamento e experimentação da doutrina motomecanizada no Exército Brasileiro. Em torno dele consolidaram-se novas concepções táticas e logísticas, adaptadas às particularidades geográficas do território e às condições operacionais do país. Embora não existam registros oficiais conclusivos sobre o recebimento da versão M-41A2, alguns documentos internos do Exército Brasileiro confirmam a presença de unidades desse modelo em serviço. A principal característica do M-41 seu porte compacto e peso relativamente reduzido — possibilitava uma ampla flexibilidade logística. O blindado podia ser transportado com facilidade por via férrea, sem causar danos à infraestrutura ferroviária nacional, bastando a adaptação de rampas fixas ou móveis para o embarque e desembarque. Do mesmo modo, podia ser deslocado em pranchas rodoviárias, tanto militares quanto civis, permitindo sua rápida mobilização em qualquer região do país. Essa capacidade de transporte e mobilidade foi amplamente explorada ao longo do território brasileiro, com o M-41 participando de inúmeros exercícios de grande envergadura, que simulavam cenários reais de combate. Tais manobras contribuíram decisivamente para o aperfeiçoamento da tropa, abrangendo desde o planejamento logístico e o transporte ferroviário até o emprego tático, o tiro real e as rotinas de manutenção preventiva e corretiva em condições de campo. Embora os M-41  nunca tenham participado de combates efetivos, seu papel no desenvolvimento doutrinário e operacional do Exército foi inestimável. Eles estiveram presentes em momentos marcantes da história nacional, sendo eternizados no imaginário popular por meio de registros fotográficos obtidos durante os acontecimentos da Revolução de 1964. Naquela ocasião, diversas unidades de M-41 foram destacadas para a proteção de pontos estratégicos,  nas cidades do Rio de Janeiro e Brasília, permanecendo em estado de prontidão por mais de uma semana.
Entretanto, apesar de seu valor estratégico e da robustez do projeto, os M-41 nacionais acabaram sofrendo, ao longo dos anos, com a ausência de programas sistemáticos de manutenção preventiva e corretiva compatíveis com as recomendações do fabricante. As restrições orçamentárias e a dificuldade de obtenção de peças originais levaram à utilização de componentes alternativos de qualidade inferior — como retentores, mangueiras e linhas hidráulicas —, comprometendo gradualmente a confiabilidade e a longevidade da frota. Este inadequado procedimento de manutenção resultaria a médio e longo prazo em altos índices de desgastes, causando na sequência de quebras de outros componentes vitais, afetando assim a cada vez mais disponibilidade da frota. Esta irresponsável decisão, buscava implementar economias da ordem de algumas centenas de dólares por veículo, colocando em risco um carro de combate que chegava a custar mais de meio milhão de dólares.  No início da segunda metade da década de 1970, a frota de M-41 Walker Buldog brasileira já apresentava graves índices de disponibilidade operacional, com este cenário sendo agravado em 1977 após o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos.  As dificuldades na aquisição de suprimentos críticos, agravadas ainda mais pelo fato de seu motor operar com gasolina de alta octanagem, facilmente inflamável e com consumo superior a três litros por quilometro. A este problema se somava o suprimento da munição de 76 mm de seu canhão M-32 que além de não ser fabricado no país foi descontinuada nos Estados Unidos no início da década de 1970. No anseio de resolver estes problemas e objetivando também promover melhorias, seriam conduzidos estudos visando o desenvolvimento de um programa de modernização, onde além da substituição do grupo motriz importado por um nacional, previa-se a alteração do armamento principal, incluindo um canhão de 90 mm. Diversos iniciativas seriam conduzidas a partir de 1977 pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo, pelo Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), trabalhando em conjunto com a empresa paulista Bernadini S/A. Após as parametrizações de projeto e assinatura de contrato, em meados de 1978, os primeiros carros seriam encaminhados para a modernização, nascendo assim a versão nacional M-41B. Curiosamente em 1982 seriam adquiridos 53 M-41A3 no Japão , oriundos de excedentes do Exército dos Estados Unidos (US Army) que estavam armazenados em Tóquio e que nunca foram incorporados , visto que não entraram no processo de modernização. Este carros ficariam guardados no então Parque Central de Motomecanização (PqCMM) no Rio de Janeiro e acabariam servindo somente como fonte de peças de reposição. Muitos destes acabariam sendo transformados em monumentos em quarteis ou outros locais.

Em Escala.
Para representarmos o M-41A3 Walker Buldog "EB11-793" optamos pelo kit da AFV na escala 1/35, sendo este o modelo mais indicado para compor a versão empregada no Brasil com kit podendo ser montado diretamente da caixa. Este modelo apresenta ainda um excelente padrão de qualidade (oferecendo inclusive o tubo do canhão em metal). Empregamos decais confeccionados pelo fabricante Decal & Book pertencentes ao "Set Forças Armadas Brasileiras 1942/1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro, que seria aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. Os M-41, M-41A1 e o M-41A3 Walker Buldog brasileiros, mantiveram este padrão até serem submetidos ao processo de modernização, onde emergiram ostentando o esquema de camuflagem tático em dois tons adotado pela Força Terrestre  a partir do ano de 1983.

Bibliografia :
M-41 Walker Buldog - http://pt.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br