A origem da Corbitt Company remonta o ano de 1895, quando eu fundador o Sr Corbitt chegou na região de Henderson no nordeste da Carolina do Norte, neste período seu ramo de atividade envolvia a comercialização de tabaco, neste momento percebeu que as grandes empresas americanas iriam dominar o pujante mercado de tabaco, criando na região uma onde de riqueza, oque traria muitas oportunidades para empreendedores. Aproveitando o cenário promissor, resolveu investir no segmento de carruagens, com seu primeiro modelo sendo lançado em 1899. Em 1907 ele fabricou seu primeiro automóvel, chamado de "carruagem sem cavalos", apesar dos tímidos resultados em vendas, ele continuou aprimorando seu produto, inclusive recorrendo a mão de obra de trabalhadores de Detroit (que detinham mais experiência no recente segmento automotivo). Em 1912 conseguiu comercializar apenas 12 automóveis, que infelizmente não lhe traziam o esperado retorno financeiro, pois a competição junto aos grandes fabricantes era muito acirrada , forçando o a reduzir os preços. Após analisar as tendências futuras do mercado automotivo norte americano, decidiu não mais competir com os grandes tubarões de Detroit, resolvendo assim no inicio do ano de 2013, derivar para a produção de caminhões comerciais, oque lhe parecia ser mais razoável em termos de possibilidade de concorrência. Seu primeiro caminhão leve comercial foi lançado em 1914, obtendo um bom sucesso comercial, isto motivou a direção da empresa a ampliar seu mix de produtos, passando a explorar também o segmento de transporte intermunicipal, lançando em 1916 seu primeiro ônibus.
No ano seguinte em 1917 lançaria seu primeiro caminhão de lixo, passando a conquistar os primeiros contratos governamentais. A entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial em 6 de abril do mesmo ano traria a Corbitt Company mais oportunidades de crescimento, chegando a celebrar com o governo norte americano um contrato para a produção de 4.400 caminhões a fim de serem usados na campanha da Europa, fornecendo assim recursos necessários para o crescimento estruturado da empresa. Em 1934 quando a empresa Auburn Automobile Company fechou sua operação o Sr Corbitt adquiriu além do ferramental, todo o estoque de matéria prima e peças acabadas deste fabricante, passando a incorporar em seu caminhões GVW de 11.000 lib./13.000 lb para-choques, capuzes e grades Auburn, sendo um produto de grande sucesso comercial, passando a ser adotado pela maiores transportadoras do estado da Carolina do Norte. Cabe ainda a empresa a menção de que um caminhão Corbitt foi empregado na operação de movimentação em via terrestre do gigantesco hidroavião "Spruce Goose" de Howard Hughes até a praia de Long Beach na Califórnia, sendo considerado na época a maior carga a granel já movida sobre a rodovia. No final da década de 1930, os Estados Unidos atentos as tensões na Europa e no Pacifico estavam empenhados em um amplo processo de modernização de suas forças armadas. Neste contexto o Corpo de Artilharia do Exército estava desenvolvendo uma linha completa de caminhões táticos que poderiam operar em todas as estradas e terrenos transversais em todo o tempo. Dentre os modelos objetivados estava um caminhão com tração 6X6 com capacidade de até de 6 toneladas (5.400 kg) que além de missões de transporte de pessoal e material seria destinado prioritariamente a tracionar peças de artilharia antiaérea e de campanha.
Dentre vários projetos apresentados o Corpo de Artilharia do Exército definiu com vencedor a proposta apresenta pela Corbitt Company, celebrando o primeiro contrato para a produção de 5 protótipos e de 200 unidades pré série, que passaram a ser entregues a partir de 1940 para fins de avaliação e testes. Este processo culminaria na versão aprimorada Corbitt 50SD6 que apresentava um grupo propulsor mais potente e novo desing, que seria liberada para a produção em série, com contrato inicial para a entrega de 5.500 unidades. O veiculo apresentava o potente e confiável motor Hércules HXD 6 cilindros a gasolina com 202 cv (151 kW) a 2.100 rpm e 642 lbf⋅ft (870 N⋅m) de torque a 900 rpm. Este estava acoplado a transmissão manual de 4 velocidades não sincronizada com uma marcha 1ª e 4ª velocidade muito baixa, em conjunto com uma caixa de transferência Timken com um alto e baixo alcance, e um neutro para a operação de decolagem de energia (INCO). Os eixos traseiros eram Timken duplo tipo de redução "abóbora"; já as versões do tipo cavalo mecânico possuíam eixos traseiros mais pesados. A maioria dos modelos tinha uma estrutura de escada com três eixos vivos, a frente em molas de folha, as molas traseiras da folha em tandem com braços localizados. A exceção foi o caminhão guindaste, que tinha uma suspensão traseira de feixe ambulante para estabilidade. A demanda extra ocasionada pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Mundial iria elevar a necessidade de produção do projeto da Corbitt Company, porém a empresa não dispunha de estrutura indústria ao atendimento desta demanda, levando assim o governo norte americano a destinar a fabricação para outras montadoras.Neste contexto a produção passou a ser destinada para a White Motor Company que logo passaria a ser a maior produtora desta família, no inicio de 1943 a Brockway Motor Company passou também a produzir, sendo seguida em 1945 também pela The Four Wheel Drive Auto Company (FWD), salientamos também que neste período a Ward LaFrance também foi responsável pela produção do chassi, que era encaminhado as montadoras. Foram construídos em sete versões com tipos de carrocerias especializadas, alguns por mais de um fabricante. Todos os modelos não importando a montadora era praticamente idênticos, com variações muito pequenas. Os primeiros lotes apresentavam cabine comercial com teto rígido, a partir de meados de 1943 foram introduzidas as versões com teto de lona e meia porta. Dentre as versões a mais produzida seria o "Prime Mover” , que além de dispor de carroceria para o transporte de cargas e pessoal, estava equipado com um engate na parte traseira para rebocar até 18.000 kg. Possuía ainda guincho hidráulico de 11.000 kg disposto em um tambor no lado direito do chassis. A segunda versão mais produzida era do "Cavalo Mecânico", destinado a tracionar peças de artilharia mais pesadas ou ainda rebocar pranchas para o transporte de blindados, este modelo estava equipado ainda com um guincho hidráulico com capacidade de até 11.000 kg montado na parte frontal do veiculo. A fim de proporcionar meios para os batalhões de engenharia foram desenvolvidas duas versões especializadas, uma destinada ao transporte de pontoes, que além de contar com todo os sistema para a movimentação das peças do pontão flutuante, dispunha de um compressor de ar auxiliar e grandes tanques de reservatório, usados para inflar boias de pontão. Já o outro modelo era do tipo “Guindaste” equipado com um dispositivo rotativo alimentado por um motor auxiliar IHC 334 in (5.5 L) em linha de 4 cilindros desenvolvendo 35 hp.
Por fim produzidos em menor numero estavam as versões de “Tanque de Combustível”, “Bombeiros” (para acidentes nas pistas) equipados com sistemas de motor auxiliares para os dispersores de espuma e por ultimo a versão de “Comunicação” usados para rebocar e alimentar o conjunto de radares antiaéreo SCR-545-A. Ao todo seriam produzidas até meados de 1945, a impressionante cifra de 219.882 veículos . Estiveram em operação junto as forças armadas norte americanas em todos os fronts de combate durante a Segunda Guerra Mundial, elencados como item estratégico programa Leand & Lease Act veículos da família Corbitt foram disponibilizados as nações aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra se mantiveram em operação nas forças armadas norte americanas até meados da década de 1950 quando passaram a ser substituídos por variantes da família REO M34 – M35. Já nas demais nações mais especificadamente as em desenvolvimento, se mantiveram em operação pelo menos até meados década de 1970.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte americano estava preocupado com uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo. Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornou claro. Se a Alemanha pudesse obter bases nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas, o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo. Além disso, as conquistas japonesas no Pacífico tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na guerra. Além deste aspecto, geograficamente o país era estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Este cenário levaria a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam a beira da obsolescência em equipamentos, armamentos e doutrina. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças do Eixo que se apresentavam no Atlântico Sul e no futuro front de batalha brasileiro nos campos da Itália.
A partir de fins e 1942 começaram a ser recebidos no Brasil os lotes de veículos militares destinados as forças armadas brasileiras que estavam dispostos no termo do acordo de empréstimos e arrendamentos. Em termos de veículos de transporte estavam diversos modelos de porte pequeno e médio da Dodge com tração 4X4 e no seguimento de caminhões os primeiros a serem recebidos pertenciam a um lote de 1.445 unidades de veículos da família GMC CCKW-352 A1 e B2 (cabine aberta e fechada), que seriam complementados nos anos seguintes por modelos da família Studbaker G-630 US-6. Durante os próximos meses mais veículos seriam recebidos incluindo neste contexto versoes especializadas como cisterna, tanque de combustível, oficina, veículo socorro sob rodas, compressor de ar, telemetro, holofote, guindaste e cavalo de mecânico produzidas por diversos fabricantes como Chevrolet GMC, Dodge, Ford, Diamond, Studebaker, International Harvester, Reo, Ward La France, Kenworth Motor e também Corbitt e White. Entre estes últimos encontravam-se mais de 100 veículos dispostos nos modelos. Esta variada gama de modelos formou uma nova e notável frota, trazendo até então inédita capacidade de mobilidade para as forças armadas brasileiras, levando a criação de inúmeras unidades motomecanizadas de transporte apoio e engenharia. Vale salientar que antes de 1942 as Forças Armadas Brasileiras estavam equipadas com antigos caminhões civis adaptados para a operação milita, todos ele com tração 4X2 (completamente inadequados a operação fora de estrada), sendo complementados por poucos veículos de transporte alemães 6X6 Henschel & Son e americanos Thornycroft Tartar 6X4.
Entre os modelos produzidos pelas montadoras The Corbitt Company e White Motors, encontravam-se mais de 100 veículos dispostos nas versões G-512 model 50SD6 Corbitt (cavalo mecânico), G-532 Mack Truck Co. , G-547 Brockway Motor Co. ,G-514 model 666 White Motor Co. , G-556 model 40SD6 Corbitt, com a versões de carga e emprego geral e transporte de pontes, sendo dispostas no modelos com teto rígido (hard top) e teto de lona (soft top). Curiosamente os veículos da família Corbitt – White Motors não seriam cedidos ao contingente do Exército Brasileiro que compunham a Força Expedicionária Brasileira (FEB), que quando em ação no front italiano a partir de 1944 receberam os mesmos veículos e equipamentos em uso pelas demais forças aliadas, nas quais os G-512 model 50SD6 Cargo se faziam presentes em grande número. Destes veículos recebidos 9 eram da versão de cavalo mecânico G-512 model 50SD6 Corbitt e estavam equipados com o motor mais potente Hercules HXD de 202 cv e tinha grande capacidade de tração, apesar não existirem registro oficiais, fotos de época comprovam que foram cedidos caminhões das versões com com teto rígido (hard top) e teto de lona (soft top). Devido a sua grande capacidade de tracionar cargas pesadas, seriam inicialmente empregos para a movimentação de peças de artilharia de grande capacidade como os canhoes Vickers-Armstrongs M1917 152,4mm, sendo empregado junto aos Grupos Móveis de Artilharia de Costa. Posteriormente seriam substituídos nesta tarefa pelos tratores sobre rodas Minneapolis Moline GTX 147 G-641 dos quais seriam recebidos 99 unidades, passando a oferecer uma melhor capacidade de movimentação da força de artilharia.No Exército Brasileiro, os veículos da família Corbitt – US White Cargo, receberam as designações de “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton" - Prime Mover para os modelos de carga, com estes sendo destinados as unidades motomecanizadas operando em conjunto com outros modelos de origem norte americana, posteriormente devido a sua grande capacidade para tracionar cargas seriam distribuídos aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC). Já os nove veículos recebidos na configuração de cavalo mecânico, receberiam a designação de “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 ton 6x4 (EB-30 Truck), e seriam alocadas posteriormente junto aos Batalhões Engenharia de Combate (BEC), onde em conjuntos com plataformas de transporte rodoviários seriam empregados na movimentação dos tratores de campo e moto niveladoras, pertencentes a estes grupos. Estes veículos seriam reforçadas também por caminhões Corbitt – White “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton, Prime Mover” chegando a dotar o 1º Batalhão de Engenharia de Combate – Villagran Cabrita (1º B E Cmb), 2º Batalhão de Engenharia de Combate – Borba Gato (2º B E Cmb), o 3.º Batalhão de Engenharia de Combate - Conrado Bittencourt (3º B E Cmb), 4º Batalhão de Engenharia de Combate - Juarez Távora (4º B E Cmb) e o 7º Batalhão de Engenharia de Combate - Visconde de Taunay (7º B E Cmb).
No início da década de 1960 a pequena frota começou remanescente, começou a apresentar altos índices de indisponibilidade ocasionados por problemas no fornecimento de peças de reposição, tendo em vista que a The Corbitt Company havia encerrado suas atividades em meados da década passada. Este cenário sendo agravado também escassez de componentes dos motores a gasolina Hercules HXD de 6 cilindros, cada vez mais raros no mercado internacional. Assim gradativamente os Corbitt - US White Cargo “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 começaram a ser retirados do serviço ativo, passando a ser substituídos pelos novos REO M34 e M35. Os veículos desativados tiveram seus componentes críticos retirados e armazenados, com o restante sendo disponibilizados a venda através de leilões de material sucateado do Exército Brasileiro. Já os nove “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 ton 6x4” teriam uma vida útil estendida principalmente pelo uso de peças de reposição dos Corbitt G-512 model 50SD6. Os sobreviventes se manteriam em serviço junto aos Regimentos de Carro de Combate (RCC), transportando os carros de combate leve M3 Stuart em plataformas de transporte até fins da década de 1970, quando foram enfi, substituídos pelos novos “VTE-Cavalo Mecânico 17ton 6x6 ENGESA-Scania LT110-38S”.
Em Escala.
Para representarmos o “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6” Corbit-White 666 Cargo, empregamos o excelente kit da Hobby Boss, na escala 1/35, modelo este que prima pelo nível de detalhamento incluindo um primoroso set de photo etched. Incluímos em resina artefatos que simulam a carga em formato de caixas de carga, paletes de madeira e lonas de campanha. Fizemos uso de decais produzidos pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Americano quando do recebimento destes caminhões no Brasil em meados da década de 1940, recebendo como alteração somente as marcações nacionais, com este esquema sendo empregado até desativação da frota dos caminhões Corbitt – White em fins da década de 1970.
Bibliografia
:
- White 666 Cargo - Corbitt Truck 6X6 – Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/6-ton_6%C3%976_truck
- Pesquisa Acordo
Leand & Lease Act - Evilésio Pedro
da Costa
- Manual Técnico –
Exército Brasileiro 1976