M-41, M-41A1 e M-41A3 Walker Bulldog

História e Desenvolvimento.
Durante a última fase da Segunda Guerra Mundial, o comando do Exército Americano (US Army) classificou como inadequado a operação de carros blindados como o M-4 Sherman (que representavam neste momento, o esteio da força de blindados dos aliados) nos futuros conflitos. Apesar estarem dispostos em uma enorme quantidade devido a facilidade de produção em série, estes carros médios de combate, apresentavam blindagem e poder de fogo insuficientes para deter as novas ameaças representadas pelos blindados soviéticos T-34, que haviam se mostrado extremamente eficazes contra os modernos e bem armados Panzers Tiger e Pantera alemães de última geração. Para se atender esta demanda, buscou-se desenvolver um carro de combate, mais leve, mais ágil e mais bem armados, que os atuais M-4 Sherman, estes esforços se concretizariam no projeto do carro de combate M-24 Chaffee. Este novo veículo, começaria a ser distribuído as unidades a norte-americanas a partir de dezembro de 1944, vendo a ação nas fases finais do conflito, e este experiencia em campo clarificaria que este carro de combate não atenderia as demandas citadas anteriormente. O final da Segunda Guerra Mundial, levaria o mundo a divisão entre duas superpotências e novamente evidenciou que no campo de carros de combate T-34 soviéticos e seus possíveis sucessores, seriam realmente o grande desafio a ser superado pela indústria de defesa norte-americana.  A fim de se solucionar esta demanda, no início de 1946 o comando do Exército Americano (US Army) abriria uma concorrência para o desenvolvimento de carro de combate média, a ser equipado com canhão de 75 mm com a finalidade de substituição do blindado leve M-24 Chaffee. 

Os parâmetros deste projeto estabeleciam que este novo carro de combate, designado como projeto T-37, deveria ser extremamente ágil, a fim de ser empregado também em missões de reconhecimento do campo de batalha, sendo capaz ainda de enfrentar os ameaçadores tanques soviéticos T-34. Diversas empresas apresentaram suas propostas no mesmo ano, porém restrições orçamentárias impostas no período pós-guerra atrasariam a liberação de verbas para a construção dos protótipos dos projetos apresentados. Este inconveniente postergaria a construção dos veículos de testes até março de 1949, com os primeiros protótipos dos concorrentes sendo finalizados somente no segundo semestre do mesmo ano. Estes veículos seriam submetidos a um extensivo programa de avaliação comparativa e testes de campo, neste processo a modelo apresentado pela Cadilac Automotive Co. (uma subsidiaria da General Motors Co.), se destacaria, sendo aprovado para a segunda fase desta concorrência, classificada como T-37 FASE  II, sagrando-se vencedor desta contenda. O carro de combate agora designando oficialmente como T-41E1, foi concebido como um tanque leve altamente móvel, capaz de realizar um reconhecimento agressivo das linhas de frente do campo de batalha, estando suficientemente armado para poder rivalizar os novos carros de combate soviéticos T-44, T-54 e T-55. Fazia uso de peças e componentes automotivos, já comuns a outros veículos militares norte-americanos, apresentando ainda uma plataforma e casco modular, capas de ser empregado para o desenvolvimento de versões especializadas.
A celebração do primeiro contrato de aquisição seria realizada em agosto de 1950, porém o início de sua produção em série seria adiado, devido a contratempos técnicos da decorrentes da decisão de se incorporar um telêmetro integral diretamente na torre de aço, levando ao reprojeto de ferramental deste conjunto. Um renovado senso de urgência introduzido pelo início da Guerra da Coréia (1950 -1953), e as crescentes demandas do Exército Americano (US Army) por mais carros de combate, resultariam no início imediato da produção deste novo modelo. Esta necessidade emergencial levaria a diretoria industrial da Cadilac Automotive Co. a implantar a toque de caixa, reformas nas instalações localizadas na cidade de Cleveland, transformando este espaço em uma linha de produção exclusiva deste novo carro de combate. Este processo acelerado impactaria novamente no projeto original, pois a concepção do ferramental envolveria alterações de ordem técnica. Os primeiros oito carros de produção em série, começaram a ser entregues ao Exército Americano (US Army) em março de 1951, recebendo a designação de M-41 e o nome de batismo "Walker Bulldog", em homenagem ao falecido general Walton Walker. Em março de 1953, mais de novecentos carros já haviam sido entregues, porém entraram em serviço ativo, tarde mais para participar conflito, apesar de alguns carros terem sido enviados para a Coréia. Em fins do ano seguinte, mais de um e mil e oitocentos carros já haviam sido produzidos, porém seu emprego operacional descortinaria uma série de falhas técnicas, que possivelmente foram originadas de devido à sua produção emergencial. Ao todo seria necessário implementar cerca de quatro mil alterações e melhorias no projeto original, nascendo assim a versão M-41A1, com os carros do primeiro modelo sendo armazenados junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio, a fim de serem posteriormente elevados para a nova versão

Em fins de 1953 o M41-A1 e sua versão subsequente o M-41A2 já haviam substituído completamente os M-24 Chaffe nas fileiras do Exército Americano (US Army), este último modelo incorporava um sistema de acionamento hidráulico da torre ao invés de elétrica, permitindo aumentar a disponibilidade de munições de 76 mm no carro, passando de 57 para 65 tiros. Outro passo importante seria a adoção dos motores a diesel Cummins VTA-903T que representavam um enorme avanço sobre os problemáticos conjuntos a gasolina Continental AOS-895-3.  Sua versão aprimorada o M-41A3, pode ser considera a melhor produzida, porém este carro de combate, não se mostrou popular junto aos tripulantes, pois muitas vezes os condutores se queixavam do espaço interior limitado, além de criticarem a altura, tamanho e design, que afetavam sua capacidade de reconhecimento discreto no campo de batalha. O batismo de fogo do M-41 Walker Buldog ocorreria em abril de 1961, em Cuba durante a "Invasão da Baía de Porcos", quando cinco destes carros foram fornecidos pelos norte-americanos aos revolucionários, visando assim fazer frente as bases estratégicas protegidas por tanques T-34/85, diversos embates ocorreriam, até que os M-41 tivessem sua munição esgotada, sendo sendo abandonados pelas tripulações. Em 1964, como parte do esforço de apoio e modernização as forças blindadas do Exército da República do Vietnã (ARVN), o Comando de Assistência Militar Norte Americano, determinou o fornecimento de centenas de tanques M-41A3s que passaram a ser envolver nas maiores operações de combate, ao contrário do ocorrido no Exército Americano (US Army) o modelo de tornou muito popular entre os tripulantes locais, que geralmente eram de menor estatura do que suas contrapartes americanas, e não experimentaram o mesmo desconforto proporcionado pelo reduzido espaço interior.  Os últimos Walker Bulldogs foram entregues a este exército em 1972, e durante a Queda de Saigon, muitos destes carros de combate foram capturados e incorporados ao Exército do Vietnã do Norte.
Antes mesmo de seu batismo de fogo, o M-41 Walker Buldog foi classificado como inadequado pelo comando do Exército Americano (US Army) para o emprego em missões aerotransportadas devido ao seu peso, pois apesar de ser classificado como carro de combate leve, apresentava o porte real de um carro médio, levando assim posteriormente a criação do M-551 Sheridan. Como carro médio verificou se também que o M-41 Walker Buldog, não poderia fazer frente aos novos tanques soviéticos T-54, levando ao desenvolvimento de novos carros como o M-47 Patton. Esta decisão levaria ao encerramento da produção em 1963, totalizando 5.467 unidades produzidas. Além dos Estados Unidos centenas de carros de combate desta família, foram fornecidos nos termos do Programa Militar de Assistência (MAP Military Assistence Program) ao Brasil, Chile, República Dominicana, Guatemala, Uruguai, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Etiópia, República Federal da Alemanha, Grécia, Japão, Líbano, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Portugal, Somália, Arábia Saudita, Somália, África do Sul, Espanha, Sudão, Tailândia, Tunísia e Turquia. Diversos programas de modernizações seriam desenvolvidos  para esta família de carros de combate, permitindo estender sua vida útil, com muito destes ainda operando em serviço ativo.

Emprego no Exército Brasileiro.
No final da década de 1950 o Exército Brasileiro contava com uma grande frota de carros blindados de origem norte-americana, que foram recebidos entre 1942 e 1945 dentro dos termos dos acordos de Empréstimos e Arrendamentos (Leand & Lease Act Bill). Sua principal força de combate era composta por mais de seiscentos de carros combate ao todo, sendo principalmente compostos pelos carros leves  M-3 e M-3A1 Stuart, sendo complementados por blindados médios como os M-4  e M-4A1Sherman e M-3 Lee. No entanto esta considerável força blindada era constantemente afligida por baixos índices de disponibilidade, principalmente devido a problemas no fluxo de peças de reposição, tendo em vista que estes modelos tiveram sua produção descontinuada em meados de 1945. Grande parte ainda destes problemas, estava concentrada no grupo motriz destes veículos blindados, gerando assim, estudos de desenvolvimento e programas nacionais para a substituição dos antigos motores a gasolina por modelos a diesel de fabricação nacional. Apesar de se mostrarem viáveis em termos técnicos, estes processos de modernização efetivados ou em estudo, não solucionariam, porém o cenário de obsolescência destes carros de combate, que claramente já estavam defasados frente as possíveis ameaças geopolíticas regionais, principalmente por contarem com canhões de baixa efetividade operacional. A solução para este problema seria a aquisição de novos carros de combate (mesmo que em uma pequena quantidade) que possibilitaria assim uma imediata e necessária modernização da força blindada do Exército Brasileira. Em 1952, seria celebrado na capital federal no Rio de Janeiro, o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, um acordo de cooperação militar, que objetivava defender o hemisfério ocidental, contra a possível ameaça comunista. Os termos determinados neste acordo, basicamente concederiam acesso ao Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), garantindo o acesso facilitado e simplificado ao recebimento de material militar norte-americano para as Forças Armadas Brasileiras, apresentando como contrapartida o acesso prioritário do governo dos Estados Unidos na aquisição de minerais estratégicos. 

Esta adesão irai proporcionar os meios para a tão desejada modernização da Força Terrestre, pois em 1959, o adido militar brasileiro baseado na cidade de Washington DC (Distrito Columbia), daria início as tratativas, junto a aquele governo, para a aquisição de veículos militares e carros de combate. Nesta época o Exército Americano (US Army) dispunha grandes quantidade dos carros de combate M-41 Walker Buldog que estavam estocados como reserva estratégica junto as instalações do  Ordinance Corps Depot (Unidade do Corpo de Artilharia) baseado em Lordstown Village, no estado de Ohio. Vale citar que grande parte desta frota contemplava a primeira versão de produção deste modelo, e que foram logo substituídas nas linhas de frente pelas versões melhoradas como o M-41A3, apresentando assim, baixíssimo desgaste operacional. Após a conclusão das negociações burocráticas, uma comitiva formada por oficiais do Exército Brasileiro seria enviada a Ohio, para proceder a escolha de cinquenta carros de combate deste modelo.  Estes seriam então revisados colocados em condições de funcionamento e preparados para transporte por via naval, sendo recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960. Já no país, estes carros seriam preparados para o estágio operacional e treinamento dos operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos aos 1º e 2º Regimento de Reconhecimento Mecanizado (RecMec) baseados nas cidades de Porto e Alegre e Santo Ângelo no Rio Grande do Sul e ao 3º Regimento de Reconhecimento Mecanizado no Rio de Janeiro, (então Estado da Guanabara). Nestas unidades os novos carros de combate passaram a substituir os antigos carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart.
Durante os anos seguintes, mais lotes seriam negociados junto ao governo norte-americano, resultando na incorporação de mais duzentos e setenta e cinco carros da versão modernizada M-41A1 e cinquenta e cinco carro da versão mais recente de produção o M-41A3. A principal diferença entre estes novos modelos estava baseada principalmente na motorização, com o M-41A3 apresentando em seu grupo motriz um, sistema de injeção de combustível, que lhe concedia a mudança de nomenclatura passando a ser designado como Continental AOS 895-5, além disso possuía um sistema de elevação do canhão de maior ângulo, podendo este ainda receber o conjunto de equipamento de infravermelho, para direcionamento e condução. Apesar destas diferenças, os dois modelos eram visualmente idênticos.  A introdução desta família de carros de combate no Exército Brasileiro em grande quantidade, dispostos nas versões M-41, M-41A1 e M-41A3, possibilitariam o completo reequipamento de suas unidades blindadas de primeira linha, reequilibrando a balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina.  Cabe ainda ao M-41 Walker Buldog durante a década de 1960, ser o carro de combate responsável pela formação da moderna força blindada no Brasil, consolidando assim a força mecanizada mais bem equipada na América do Sul. Estes carros de combate se fizeram presentes e operacionais em grandes unidades, como a 5º Brigada de Cavalaria Blindada (Bda C Bld), 1º, 2º, 3º, 4º e 5º Regimentos de Carros de Combate (RCC) e nos 4º, 6º, 9º e 20º Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB), com alguns carros ainda servindo a tarefas de instrução junto a  a Escola de Material Bélico (ESMB). 

Ao substituir nestas unidades os antigos carros de combate, M-4 e M-4A1 Sherman, M-3 Lee e M-3 e M-3A1 Stuart, os M-41 Walker Buldog trouxeram às tripulações de carros de combate brasileiras inovações tecnológicas de grande monta, como torres com sistema de acionamento hidráulico, maior velocidade de deslocamento, sistemas de mira mais precisos. Seu novo canhão M-32 de 76 mm também era muito superior aos canhões empregados nos carros de combate produzidos durante a década de 1940. A versão M-41A3 estava equipada com um sistema de visão infravermelho, aparato até então inédito no país, e apesar de estar presente em um pequeno número de carros, possibilitou a imersão dos tripulantes em uma tecnologia de suporte a combate realmente nova. Estes carros de combate nunca participaram de combates efetivos, mas tiveram destacada participação em grandes exercícios operacionais, de longa duração simulando cenários reais de combate. Seriam ainda eternizados em registros fotográficos durante os eventos decorrentes da Revolução de 1964, quando foram destacados para a proteção de locais estratégicos no Rio de Janeiro e na capital federal em Brasília. Porém apesar de sua importância operacional e estratégica, os M-41 Walker Buldog brasileiros, infelizmente nunca receberam os programas manutenção preventiva e corretivas adequadas indicados pelo fabricante. Grande parte das manutenções acabaram sendo realizadas fazendo uso de peças de reposiçao não originais de baixa qualidade em áreas sensíveis, como retentores, mangueiras e linha hidráulicas, o que resultaria a médio e longo prazo desgastes, e consequentes quebras de outros componentes vitais, afetando assim a disponibilidade da frota. Esta irresponsável decisão, buscava implementar economias da ordem de algumas centenas de dólares por veículo, colocando em risco um blindado que chegava a custar mais de meio milhão de dólares. 
No início da segunda metade da década de 1970, a frota de M-41 Walker Buldog brasileira ja apresentava graves índices de disponibilidade, com este cenario sendo agravado em 1977 após o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos.  No anseio de amenizar estes efeitos e também promover melhorias, seriam conduzidos estudos visando o desenvolvimento de um programa de modernização, onde além da substituição do grupo motriz importado por um nacional, previa-se a alteração do armamento principal, incluindo um canhão de 90 mm. Assim esta iniciativa pretendia tornar o veículo mais confiável, com manutenção nacionalizada, aumentar seu poder de fogo e seu raio de ação. Diversos estudos seriam conduzidos a partir de 1977 pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de Sao Paulo, pelo Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), trabalhando em conjunto com a empresa paulista Bernadini S/A. Após as parametrizações de projeto e assinatura de contrato, em meados de 1978, os primeiros carros seriam encaminhados para a modernização, nascendo assim a versão nacional M-41B,   encerrando assim o primeiro ciclo de vida deste modelo original no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o M-41A3 Walker Buldog "EB11-793" optamos pelo kit da AFV na escala 1/35, sendo este o modelo mais indicado para compor a versão empregada no Brasil não necessitando de mudanças. Este kit apresenta ainda um excelente padrão de qualidade (oferecendo inclusive o tubo do canhão em metal). Empregamos decais do fabricante Decal & Book pertencentes ao "Set Forças Armadas Brasileiras 1942/1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982, os M41 Walker Buldog brasileiros, mantiveram este padrão até serem submetidos ao processo de modernização, onde emergiram com o esquema de camuflagem tático em dois tons.


Bibliografia :

- M-41 Walker Buldog - http://pt.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br