Caça Submarinos Classe PC-461

História e Desenvolvimento

No final da década de 1930, o intensificar das tensões na Europa e na Ásia, já denunciavam claramente o que estava por vir, levando o governo norte americano a antecipar estudos visando programas de modernização de suas forças armadas. No tocante aos meios navais, esta seria uma das maiores preocupações tendo em vista principalmente o expansionismo da armada imperial japonesa. No entanto umas das principais possíveis futuras ameaças no teatro de operações do Atlântico era representada pelo aumento alarmante da frota de submarinos da Alemanha nazista, que poderiam resultar em perdas catastróficas se empregados adequadamente contra a marinha mercante norte americana que possuía alto fluxo de cargas com o velho continente. Inúmeros esforços seriam direcionados a construção de navios especializados em escoltas de comboio e guerra antissubmarino, como Destroier, Fragatas e Destroier de Escolta. Os investimentos na produção extrapolavam a casa de milhões de dólares ou libras esterlinas por navio entregue e se fazia necessário buscar soluções mais econômicas podendo assim ampliar em larga escala a frota de embarcações destinadas a guerra antissubmarino. A solução viria do emprego de um tipo de navio empregado com êxito contra submarinos alemães na Primeira Guerra Mundial, os “Submarine Chaser” (caçador de submarino), eram navios de pequeno porte, muito ágeis. Ao termino do conflito em 1918 erroneamente pensou se que estilo de embarcação estaria ultrapassado na próxima década devido ao evoluir dos submersíveis para combate em mar aberto, porém vislumbrou se que poderiam ser empregados com êxito em missões junto a faixa costeira, permitindo assim que os navios de maior parte como os destroier fossem empregados mais mar adentro, multiplicando assim o fator de dissuasão antissubmarino da frota.

A marinha norte americana também fez emprego de caçadores de submarinos “Submarine Chaser” sendo destinados em 1918 a combater submarinos alemães, com nesta curta, porém exitosa experiencia levaria a criação de uma nova classe de navios de pequeno porte. Na Primeira Guerra Mundial o principal armamento o desta classe era composta por cargas de profundidade e para autodefesa carregavam metralhadoras antiaéreas. O incremento das tensões tanto na Europa quanto no Pacífico levou o comando da marinha dos Estados Unidos a destinar uma grande soma de recursos para esta classe de navio antissubmarino. Estes esforços culminariam em dois projetos experimentais o PC-451 e o PC-452, que após testados gerariam a versão inicial de produção do caçador de submarinos denominada como PC-461. Apresentavam um deslocamento de 280 toneladas (padrão), 450 toneladas (carregado), suas dimensões eram de 52.73 m de comprimento, 7.01 m de boca e 3.04 m de calado. Em termos de propulsão estavam equipados com dois motores diesel de 16 cilindros General Motors Model 16-258S gerando 2.000 bhp, acoplados a dois eixos com hélices de três pás, que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de máxima de 20 nós e com um alcance máximo de 3.000 milhas náuticas à 12 nós. Seu pacote de armamentos padrão era composto por 1 canhão de 3 pol. (76.2 mm/50); 1 canhão Bofors L/60 de 40 mm em um reparo Mk 3; 2 metralhadoras Oerlikon de 20 mm em reparos singelos Mk 4; 2 lançadores óctuplos de bomba granada A/S (LBG) de 7.2 pol. Mousetrap Mk 20 na proa; 2 calhas de cargas de profundidade Mk 3 e 2 projetores laterais do tipo K Mk 6 para cargas de profundidade Mk 6 ou Mk 9.
Diferente de seus antecessores da Primeira Guerra Mundial onde a detecção era feita visualmente os PC-461 estariam dotados com 1 radar de vigilância de superfície tipo SF ou SL e um novo modelo de sonar de casco. A operação do navio de seus sistemas e armas seria efetuada por 65 homens, sendo 5 oficiais e 60 praças. Seu baixo custo de produção desta classe entre os anos de 1941 e 1943 era de US$ 1,7 milhões, o que tornaria ideal para atender as nações aliadas dentro dos dermos do acordo Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), sendo que curiosamente os primeiros 46 navios construídos pelos estaleiros da Defoe Boat and Motor Works Co. receberam a designação de exportação de PC-471 sendo transferidos para a Marinha Real Britânica (Royal Navy). Os contratos totais firmados para produção ultrapassavam 400 unidades, sendo para atingir esta cadência de produção os estaleiros da Luders Marine Construction Co., em Stanford, Connecticut. A necessidade de prover a segurança contra submarinos alemães e japoneses nos portos e nas águas costeiras, transformar o programa PC-461 em um processo estratégico, sendo concluídos até outubro de 1944 um total de 343 navios. Neste período estava claro que a ameaça inimiga de submersíveis havia cessado e um total 60 barcos desta classe tiveram seus contratos de construção cancelados pelo governo.

Os primeiros navios desta classe a entrarem em missões reais na Segunda Guerra Mundial foram os PC-471 da Royal Navy, mas os PC-461 estiveram em todos os fronts de batalha no conflito atuando no Pacífico, Atlântico, Caribe e Mediterrâneo. Eram empregados em todas as missões antissubmarino, quer na patrulha, quer nas escoltas de comboios. Essas não eram, na realidade, missões empolgantes ou gloriosas, de curta duração, como acontecia com os aviões militares, os quais recebiam informes precisos, saindo as aeronaves para o ataque aos submarinos plotados. Voltavam esses pilotos às suas bases cheios de excitação, contando, com profusos gestos de mão, os detalhes do combate. A vida de um caça submarino no mar era, pelo contrário, monótona e cansativa, prolongando-se por dias seguidos, sem nada acontecer. A Vitória da missão estava, justamente, em nada de anormal haver no comboio, para os mercantes chegarem, com as suas valiosas cargas, incólumes aos seus destinos. Eram navios para gente jovem, pois os mais velhos não poderiam resistir à dura vida de bordo. Podemos dizer, sem receio de errar, que os homens que tripulavam esses navios, se não eram, tornaram-se verdadeiros marinheiros. Dois eixos acoplados hidraulicamente aos motores principais davam ao navio, ao fim de 30 segundos, inicialmente a velocidade de 7 nós, indo depois até 18 nós. O fato de levar algum tempo para o acoplamento e arrancar já nos 7 nós, quando se dava a partida no forte motor diesel, perturbava os manobristas de renome, dificultando as atracações e outras manobras, Era, porém, ótimo navio no mar, apesar de baixo, e os seus dois lemes faziam o navio girar muito rapidamente, condição necessária à caça do insidioso inimigo, o submarino."
Os caça submarinos eram navios excelentes: dificilmente os arquitetos navais poderiam fazer um barco tão completo e, ao mesmo tempo, tão compacto. Eram bem armados, com um canhão de duplo uso, de 76 mm na proa; a meio-navio havia instalado um canhão de duplo efeito de 40 mm Bofors, mesmo tipo daqueles fornecidos pelos EUA à URSS, durante a guerra. Além disso, possuía duas metralhadoras, de superfície e anti-aérea de 20 mm Oerlikon, e , no ataque anti-submarino, duas calhas duplas de doze foguetes, dois morteiros K de bombas de profundidade, em ambos os bordos e finalmente as calhas de bombas de profundidade na popa. As calhas de bombas apenas deixavam cair os petrechos, mas os morteiros em K podiam variar a distância, conforme a carga de projeção usada. Durante a guerra 59 PC-461s foram convertidos para outros tipos de navios-patrulha, em combate 8 navios foram perdidos. Registros oficiais creditam ao modelo o afundamento do submarino alemão U-166, o entanto, o site 'Patrol Craft Sailors Association' cita navios da classe PC-461 afundando ou ajudando a afundar até 6 submarinos alemães e japoneses. Foram ainda fornecidos no pós guerra para as marinhas da França, Camboja, Uruguai, Noruega, Grécia, Holanda, China, Venezuela, Vietnã do Sul , Filipinas e Coreia do Sul.

Emprego no Brasil.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas quanto no estabelecimento de pontos bases aéreas e portos na região nordeste destinados ao envio de tropas, suprimentos e armas para os teatros de operações europeu e norte africano. Mais notadamente o crescente fluxo de matérias primas estratégicas para os Estados Unidos levaria a crescente ameaça da ação de submarinos alemães e italianos nas costas do Atlântico Sul. Para fazer frente a este cenário as  Forças Armadas Brasileiras foram submetidas a um amplo processo de modernização, sendo o país beneficiado por ser signatário do Acordo de Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) que fora celebrando entre os dois países em outubro de 1941 na capital americana de Washington, que liberava ao pais um linha de crédito de mais de US$ 100 milhões para a aquisição de armas e equipamentos militares de última geração. Como citado o maior desafio era a guerra antissubmarino, sendo assim o país agraciado com recebimento de aeronaves de patrulha e combate e projetos de corvetas para a construção local e transferência de navios dedicados a este tipo de missão, com os primeiros recebimentos ocorrendo em fins do ano de 1942. Nesta fase da campanha do Atlântico Sul em termos de unidades de guerra antissubmarino viáveis para conter a ameaça dos submarinos alemães e italianos a Marinha Brasileira contava apenas com seis navios mineiros da Classe Carioca que foram construídos no  Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, sendo comissionados entre junho de 1939 e agosto de 1940, que passaram ser reclassificados como corvetas após o início da Segunda Guerra Mundial. Porém esses pequenos navios além de não contar com sensores adequados a detecção de submarinos estavam armados apenas com um canhão de 102 mm e lançadores de minas marítimas. Para sanar estas dificuldades foi determinado a transferência de navios da Marinha Americana para o Brasil, sendo oito destes Caça Submarinos da Classe PC-461.

O Guaporé - G 1, ex-USS PC 544 foi construído pelo estaleiro Defoe Boat and Motor Works, em Bay City, MI. Foi lançado em 30 de abril de 1942 e foi incorporado a Marinha dos EUA em 5 de junho. Junto com o CS Gurupi G2 ex-USS PC 547, foi um dos primeiros navios de guerra transferidos pelos EUA, e incorporados à Marinha do Brasil após a declaração de guerra aos países do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Foi transferido e incorporado a MB em 24 de setembro de 1942 em cerimônia realizada na Base Naval de Natal (RN) Em 5 de outubro, passou a subordinação da Força Naval do Nordeste (FNNE), criada pelo Aviso n.º 1661, do mesmo dia, para substituir a Divisão de Cruzadores. Iniciou sua vida operacional sendo utilizado junto com o CS Gurupi - G 2, como navio de treinamento para às futuras guarnições, realizou sua primeira missão real em 23 de julho de 1943, quando obteve um contato submarino positivo de sonar, lançando suas cargas de profundidade na posição Lat. 00º28' S e Long. 45º 54' W. Se mantiveram em atividade constante durante todo o conflito, sendo descomissionados somente em 1958 e vendidos como sucata para desmanche. O Caça Submarino Guaíba - G 3, ex-USS PC 604 foi construído pelo estaleiro Luders Marine Construction Co., em Stanford, Connecticut. Foi lançado em 24 de outubro de 1942 e incorporado a Marinha dos EUA em 9 de março de 1943. Foi transferido e incorporado a MB em 11 de junho de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Aluisio Galvão Antunes. A exemplo dos dois primeiros navios desta classe participou de inúmeras missões de escolta mista (americana/brasileira) a comboios nos trajetos principalmente nos de Recife / Salvador, Salvador / Recife, Recife / Trinadad, Trinadad / Recife sendo também regularmente empregado em outras rotas de comboio costeiro no país. Em 1952 foi retirado do serviço ativo.
O Caça Submarino Gurupá - G 4, ex-USS PC 605, foi o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil. O Gurupá foi construído pelo estaleiro Luders Marine Construction Co., em Stanford, Connecticut. Foi lançado em 19 de novembro de 1942 e incorporado a Marinha dos EUA em 28 de maio de 1943. Foi transferido e incorporado a MB em 11 de junho de 1943 em cerimônia realizada em Miami (Florida). Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Hélio Ramos de Azevedo Leite. Foi ostensivamente na campanha do Atlântico, após o término da Segunda Guerra Mundial manteve suas atividades até ser retirado do serviço ativo em 1952. O Caça Submarino Guajará - G 5, ex-USS PC 607, foi o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a uma Baía localizada no Estado Pará, formada pelo braço Sul do Rio Amazonas e os Rios Capim e Guana. O Guajará foi construído pelo estaleiro Luders Marine Construction Co., em Stanford, Connecticut. Foi lançado em 11 de fevereiro de 1943 e incorporado a Marinha dos EUA em 27 de agosto de 1943. Foi transferido e incorporado a MB em 19 de outubro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Dário Camillo Monteiro. Esteve em operação até meados de 1959 quando deu baixa do serviço ativo.

O Caça Submarino Goiana - G 6, ex-USS PC 554, foi o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio e a cidade homônimas no Estado de Pernambuco. O Goiana foi construído pelo estaleiro Sullivan Dry Dock and Repair Co., em Brooklyn, New York. Foi lançado em 1º de maio de 1942 e incorporado a Marinha dos EUA em 15 de setembro de 1942. Foi transferido e incorporado a MB em 29 de outubro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente José Geossens Marques. Em 13 de dezembro de 1951, deu baixa do serviço ativo, sendo submetido a Mostra de Armamento em cumprimento ao Aviso n.º 2632 de 15/10/51 e vendido para desmonte. O Caça Submarino Grajaú - G 7, ex-USS PC 1236, foi o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a um riacho homônimo do antigo Distrito Federal. O Grajaú foi construído pelo estaleiro Sullivan Dry Dock and Repair Co., em Brooklyn, New York. Foi lançado em 31 de agosto de 1943 e incorporado a Marinha dos EUA em 15 de novembro. Foi transferido e incorporado a MB em 15 de novembro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Antônio Augusto Cardoso de Gastão. Em 11 de abril de 1959 , deu baixa do serviço ativo pelo Aviso n.º 0847.
Por fim o Caça Submarino Graúna - G 8, ex-USS PC 561, foi o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a essa ave negra de nossa fauna. O Graúna foi construído pelo estaleiro Jeffersonville Boat and Machine Co., em Jeffersonville, IN. Foi lançado em 1º de maio de 1942 e incorporado a Marinha dos EUA em 11 de julho. Foi transferido e incorporado a MB em 30 de novembro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente José Leite Soares Júnior. Operou na Marinha do Brasil até 15 de outubro, deu baixa do serviço ativo pelo Aviso n.º 2632. Em 21 de julho 1944 em serviço ativo, junto com o CS Jutaí - CS 52, quanto fazia parte do Grupo de Escolta do comboio JT-18, prestou socorro aos naufragos da Cv Camaquã - C 6, que afundou em razão das péssimas condições do tempo, às 9:30 hs a cerca de 12 milhas a nordeste de Recife-PE. Em 19 de abril de 1950 , retornou a custodia do Governo dos EUA, através do Departamento de Estado e acabou sendo transferido em definitivo para o Brasil. Em 15 de outubro de 1951, deu baixa do serviço ativo pelo Aviso n.º 2632.

Em Escala. 

Para representarmos o Caça Submarinos da Classe PC-461 Gurupi Força Naval do Nordeste (FNNE), da Marinha do Brasil, fizemos uso do excelente kit da L Arsenal em resina na escala 1/350. Para representarmos o navio em serviço no Brasil, não deve se aplicar alterações, apenas fizemos em scratch o apoio e a placa de identificação da classe. Fizemos uso de decais presentes em diversos sets nesta mesma escala.

Apesar da maioria dos Caças Submarinos da Classe PC-461 da Marinha Americana (US Navy) empregar camuflagens táticas, os registros fotográficos de época apontam que os navios destinados a Marinha do Brasil, foram recebidos no padrão básico representado no esquema de cores (FS) descrito abaixo representa. Esta sistemática se manteve até a desativação do ultimo navio desta classe em 1959.



Bibliografia : 

- PC-461 Class Submarine Chaser Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/PC-461-class_submarine_chaser
- A Vida nos Caça-Ferro – Poder Naval https://www.naval.com.br/ngb/G/CS-na-IIGM.htm
- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/