Consolidated PBY-5 Catalina Aerobote

História e Desenvolvimento. 
A Consolidated Aircraft Corporation seria fundada em 1923 pelo empresário Reuben H. Fleet em Buffalo, no estado de Nova York, a empresa surgiria da liquidação da massa falida da empresa Gallaudet Aircraft Companye, em conjunto com uma ação de compra de projetos aeronáuticos da Companhia Dayton-Wright, sendo está uma antiga subsidiária da General Motors, que estava sendo encerrada devido a um processo de reorganização da gigante do setor automotivo norte americano. Seu primeiro projeto militar a lograr êxito de comercialização o treinador primário biplano PT-1 Trusty, passaria a equipar a Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy). Os recursos obtidos nesta negociação possibilitariam a empresa a ampliar seus investimentos em estrutura, pesquisa e desenvolvimento, levando a companhia em setembro de 1935 a inaugurar uma moderna e ampla fábrica na cidade de San Diego no estado da Califórnia. Neste mesmo período, o governo norte-americano avaliou, considerar como inevitável, a curto e médio prazo, um conflito no Oceano Pacífico contra as forças armadas do Império do Japão. Neste hipotético front de batalha aeronaval, seria necessário o emprego de uma nova geração de aviões de patrulha e bombardeio com grande alcance operacional. Esta necessidade se daria devido à baixa disponibilidade de aeródromos preparados para aeronaves de grande porte em suas bases militares nas ilhas do sudeste asiático, onde invariavelmente seriam os grandes palcos das hipotéticas batalhas. Assim desta forma, estudos determinavam a necessidade de se contar com uma nova aeronave do tipo anfíbio ou aerobote, estimava-se que este novo vetor deveria apresentar a configuração bimotora de porte médio, com um desejável alcance de  4.800 km, velocidade de cruzeiro de 260 km/h e um peso máximo de 11.340kg.  Além da função de patrulha, esta nova aeronave deveria ser configurada também para atendimento as missões de guerra antissubmarino e bombardeio naval.

O objetivo principal do desenvolvimento e incorporação desta nova aeronave, era o de substituir a curtíssimo prazo o binômio dos já  obsoletos hidroaviões biplanos Consolidated P2Y e Martin P3M, encarregados destas tarefas. Assim no início de 1935 uma concorrência seria lançada pelo comando da Marinha Americana (US Navy) para o este novo modelo, várias empresas apresentariam propostas. Porém uma análise criteriosa elegeria dois prováveis finalistas, envolvendo os projetos das empresas Douglas Aircraft Company, com seu modelo Douglas XP3D e a Consolidated Aircraft Co. com o  XP3Y-1. Apesar de avaliações de ordem técnica, o critério de custo-benefício apresentaria um fator decisivo na escolha da nova aeronave, muito em função enorme demanda de aquisição. Assim desta maneira o projeto apresentando pela Consolidated Aircraft Co., acabou sendo declarado vencedor deste programa, principalmente pelo projeto primar pela simplicidade e baixo custo de operação e aquisição. Esta aeronave designada pelo fabricante como Modelo 28 fora projetada anteriormente pela equipe do engenheiro Isaac M. Landdon em 1933, e apresentava a configuração bimotora com dois motores Pratt & Whitney R-1830 – R-1854 Wasp de 825 hp de potência, com asas na disposição em para sol, quatro montantes de fixação de flutuadores retráteis nas pontas das asas que permitiam melhor controle da aeronave na água e menor arrasto aerodinâmico quando em voo. O primeiro protótipo designado XBP-3Y1 (X de experimental, BP de bombardeio patrulha e Y de código do fabricante), fez seu primeiro voo em 28 de março de 1935. Submetido a uma série de ensaios o modelo foi homologado pela Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy), apresentando como principal aprimoramento a introdução de um motor mais robusto, agora com 900 hp de potência, e pequenas modificações aerodinâmicas que facilitariam a decolagem.
A primeira aeronave do lote de pré-produção PBY-1 (Modelo 28-1), alçaria voo em 19 de maio de 1936, durante o qual foi alcançado um voo de distância sem escalas recorde de 3.443 milhas, ou 5.541 km. Neste interim mais aeronaves seriam entregues ao esquadrão de patrulha VP-11F em outubro de 1936, logo no ano seguinte seria a vez do esquadrão VP-12 (os famosos Black Cats) ser equipado com aeronaves desta modelo, sendo estas células constantes dos primeiros contratos de aquisição de sessenta aeronaves. Em maio de 1937 seria iniciado o desenvolvimento de uma nova versão, que apresentava um leque pequenos de melhorias, recebendo a designação de PBY-2 (Modelo 28-2) e um contrato para produção de cinquenta aeronaves. Apesar de relativos avanços, observa-se a necessidade de maior potência na aeronave, surgindo assim a versão PBY-3 (Modelo 28-3), que passava a ser equipada com dois motores radiais Pratt & Whitney R-1830-66 de 1.000 hp, com sessenta e seis aeronaves encomendadas. A esta se seguiria o novo PBY-4 (Modelo 28-4) com trinta e três células produzidas e equipadas com os motores Pratt & Whitney R-1830-72 de 1.050 hp de potência. O conhecimento obtido no desenvolvimento e operação destas versões, levaria em fins do ano de 1939, a  Consolidated Aircraft Co. a propor a construção de uma variante aprimorada que além de contar com os novos motores Pratt & Whitney R-1830-82 ou R-1830-92 de 1.200 hp, passava a ser equipada com melhor armamento defensivo, hélices hidráulicas, bolhas de observação lateral e maior provisão de combustível em tanques com proteção parcial  do tipo auto vedante. Esta nova aeronave agora designada pelo fabricante como PBY-5 (Modelo 28-5), receberia o primeiro contrato de produção para cento e sessenta e sete aeronaves em fins do ano de 1939, com as primeiras aeronaves sendo declaradas operacionais nos esquadrões de patrulha da Marinha Americana (US Navy) no início do ano seguinte.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Consolidated PBY-5/A tiveram largo emprego em tarefas de guerra antissubmarino (ASW), bombardeios de patrulha, escolta de comboios, missões de busca e resgate (especialmente resgate aéreo-marítimo) e transporte de cargas. Embora lento e desajeitado o modelo se destacou no esforço aliado, tendo atuado em quase todos os teatros operacionais do conflito, servindo com distinção e desempenhando um papel proeminente e inestimável na guerra contra o Império do Japão. Os Consolidateds PBYs são lembrados também por seu papel de resgate, no qual salvaram a vida de milhares de tripulantes derrubados sobre a água. Curiosamente os aviadores alteravam seu código de chamada de rádio conforme a missão, sendo denominados como “Gato" em missões de combate e "Dumbo" no serviço de resgate aéreo. O primeiro grande cliente de exportação seria o Comando Costeiro da Real Força Aérea (Royal Air Force), e neste momento seria cunhado seu nome de batismo como "Catalina “em homenagem à Ilha de Santa Catalina na Califórnia. Cabe ao modelo ainda ser responsável pela primeira operação ofensiva contra os japoneses, quando em 27 de dezembro de 1941, seis Consolidated PBY-5/A do Esquadrão de Patrulha 101 bombardearam o transporte japonês na Ilha Jolo, atuando contra a forte oposição de caças inimigos. Durante a Guerra do Atlântico, os Consolidated PBY-5/A da Marinha Americana (US Navy) e do Comando Costeiro da Real Força Aérea (Royal Air Force) foram fundamentais na cobertura área dos comboios marítimos entre os dois países, sendo responsáveis pelo afundamento de um grande número de submarinos alemães e italianos. Durante todo o conflito além dos Estados Unidos e Grã Bretanha, a aeronave seria empregada em combate real pelas forças armadas da Austrália, Brasil, Canadá e União Soviética.
Ao todo seriam produzidas pelas instalações da Consolidated Aircraft Co., seiscentas e oitenta e quatro células da versão PBY-5. A necessidade de se operar a partir de pistas de pouso faria surgir o PBY-5A (Modelo 28-5A), uma versão anfíbia do PBY-5, dispondo de trem de pouso era triciclo com acionamento hidráulico com as rodas principais recolhendo para a lateral da fuselagem através de um sistema de engrenagens. Esta foi a primeira versão que podia ser dotada com um radar de busca marítima instalado em um radome acima da cabine, ao todo seriam construídas oitocentas e três aeronaves. A última variante desenvolvida seria o PBY-6A que apresentava um novo redesenho de cauda, os pedidos iniciais apontavam novecentas unidades, porém o término da Segunda Guerra Mundial levou ao cancelamento deste contrato, sendo entregues apenas cento e setenta e cinco aeronaves. Além da Consolidated Aircraft Co., que possuía linhas de montagem em San Diego (CA), New Orleans (LA) e Buffalo (NY), o Catalina também seria fabricado sob licença no Canada, pelas empresas Boeing Aircrat Company e Canadian Vickers, houve também aeronaves construídas na União Soviética, sendo estes aerobotes denominados localmente como GST - MP-7 e os anfíbios designados como KM-1 e KM-2. Foram produzidas duas mil e trezentas células das diversas variantes pela Consolidated, setecentas e trinta e uma aeronaves fabricadas no Canada (onde receberam o nome de Canso), cento e cinquenta e cinco pela Naval Aircraft Factory e cerca de setecentos e setenta aparelhos produzidos na União Soviética, perfazendo um total de 4.051 unidades entregues no período de dez anos ininterruptos, fazendo do Catalina nas versões   aerobote e  anfíbio o modelo mais construído em todo o mundo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas de primeira importância para o esforço de guerra aliado, quanto no estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Em fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica. Estas agressões culminariam na declaração formal de guerra aos países agressores em 22 de agosto de 1942, acelerando assim a adesão do Brasil ao programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), os termos garantidos por este acordo viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Este programa seria de vital importância para adequar em termos de aeronaves e doutrina operacional a recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), que até então herdara da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aeronaves obsoletas e não adequadas para principalmente para se fazer frente a ameaça dos submarinos italianos e alemães. Nesta primeira fase caberia as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) apenas a realização de voo de presença ao longo do litoral, muitas em vezes em monomotores North American AT-6B e Vought V-65B Corsair.
 
Durante o ano de 1942, em meio a incentivos econômicos e pressão diplomática, os americanos instalaram bases aeronavais ao longo da costa Norte-Nordeste brasileira, passando assim a Marinha Americana (US Navy) a operar esquadrões de patrulha e guerra antissubmarino a partir de bases. A partir deste momento, as tripulações da oficiais da Força Aérea Brasileira, começaram a acompanhar as missões americanas conquistando ao pouco a instrução e qualificação necessária, complementada com um vasto programa de treinamento. No fim de 1942 foi determinado que a Força Aérea Brasileira deveria começar a assumir uma parcela das atividades de patrulhamento e guerra antissubmarino em seu mar territorial, para isto dentro dos termos do acordo Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), foram transferidas sete aeronaves PBY-5 Catalina que estavam em operação no Esquadrão de Patrulha VP-94 da Marinha Americana (US Navy). Neste momento os grupos de patrulha das duas nações passaram a ser concentradas na Base Aérea do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro, onde no início do ano de 1943 foi criada a USBATU (United States Brazilian Training Unit), unidade dedicada ao treinamento das tripulações brasileiras em doutrinas e técnicas de guerra antissubmarino, anti superfície e patrulha. Após a conclusão deste programa de formação, três aeronaves PBY-5 Catalina foram distribuídas para o 7º Regimento Aviação na Base Aérea de Belém, três permaneceram no Rio de Janeiro na Unidade Volante do Galeão e a sétima foi envida para o 14º Corpo da Base Aérea de Florianópolis em Santa Catarina, onde passaram a iniciar as missões de patrulha, inicialmente com tripulações mistas de oficiais dos dois países para adaptação e posteriormente somente por brasileiros.  O primeiro ataque efetuado por uma tripulação brasileira a um submarino alemão foi no dia 22 de maio de 1942. Um B-25 Mitchell, do Agrupamento de Aviões de Adaptação, sediado em Fortaleza, encontrava-se em patrulha nas imediações do arquipélago de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas, onde quatro dias antes havia sido afundado o navio mercante brasileiro “Comandante Lyra”, pelo submarino italiano “Barbarigo”. Às 14 horas, a tripulação do B-25 – sob o comando do Cap.-Av. Parreiras Horta (FAB) e composta pelos Cap.-Av. Pamplona (FAB), 1st Lt. Schwane (USAAF), Sgt. Yates (USAAF), S/Sgt. Tyler (USAAF) e S/Sgt. Robinson (USAAF) – surpreendeu um submarino alemão navegando na superfície, o qual imediatamente reagiu com forte tiro de artilharia antiaérea à presença do B-25. De acordo com as ordens então em vigência, uma vez que o Brasil se encontrava em estado de neutralidade, as tripulações só poderiam engajar unidades inimigas caso fossem atacadas inicialmente. Assim sendo, a tripulação do Mitchell lançou suas cargas de profundidade, as quais caíram próximas ao submarino.
Já o primeiro registro de um embate com o inimigo, fazendo uso de um PBY-5 Catalina, ocorreu em 31 de julho de 1943, quando o PBY-5 PA-02 comandado pelo oficial Alberto Martins Torres, estava em missão de patrulha na região de Cabo Frio acompanhando à saída do comboio JT-3 com destino aos Estados Unidos, passou a acompanhar o submarino alemão U-199 que havia sido detectado e atacado por uma aeronave PBM-3 Mariner  do esquadrão VP-74 (USN), baseado no Rio de Janeiro da Marinha Americana (US Navy), a embarcação alemã foi danificada no ataque inicial, mas não afundou, e permaneceu atirando com suas peças de artilharia antiaérea no PBM-3C. As defesas brasileiras já então haviam sido alertadas e um Hudson da Força Aérea Brasileira imediatamente levantou vôo do Rio de Janeiro, pilotado pelo Asp.-Av. Sergio Cândido Schnoor. Ele atacou o U-199 com duas cargas de profundidade Mk. 17 as quais caíram perto do submarino; efetuando um segundo ataque, o Asp.-Av. Schnoor metralhou o U-199 com as metralhadoras localizadas no nariz do Hudson, o que incapacitou alguns dos marinheiros alemães que manejavam a artilharia antiaérea do submarino. A aeronave brasileira então deixou então a área e o   PBY-5 Catalina PA-02 também da  Força Aérea Brasileira , o qual estava em patrulha próximo ao local, foi destacado para atacar o U-199, assim eu se deparar com a embarcação inimiga, a aeronave  lançou três cargas de profundidade no alvo, uma quarta carga seria ainda lançada apenas para confirmar o afundamento, pois a tripulação alemã já abandonara o barco. Este seria o primeiro afundamento de um submarino alemão por uma aeronave e tripulação brasileira. Após o ataque a aeronave brasileira, sobrevoou os sobreviventes lançados botes infláveis e viveres, sendo os mesmos resgatados posteriormente por um navio americano. O PBY-5 Catalina PA-02 recebeu o nome de Árara em homenagem a um dos navios brasileiros afundados por submarinos alemães no litoral brasileiro durante o ano de 1942.

Em 30 de outubro de 1943 o PBY-5 PA-01 pilotado pelo Capitão Aviador Dionísio Cerqueira de Tanuy do 1º Grupo de Patrulha baseado no Galeão, identificou e atacou o submarino alemão U-170, infelizmente não conseguiu realizar o afundamento do barco em virtude de graves avarias provocadas pela artilharia antiaérea alemã. Durante o transcurso da guerra inúmeras missões foram realizadas pelos PBY-5 Catalina, registrando novos encontros e combates com submarinos alemães e italianos. Este esforço de guerra seria ampliado em dezembro de 1944 com o recebimento de mais 15 aeronaves agora na versão anfíbia o PBY-5A (Modelo 28-5A) Catalina   que também pertenciam ao esquadrão VP-94 da Marinha Americana (US Navy), o que possibilitou a criação 2º Grupo de Patrulha, de acordo com o Decreto-Lei Ministerial N.º 6.796, de 17 de agosto de 1944. Com a reformulação da sistemática de designação de Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira, adotada a partir de março de 1947, o 2º Grupo de Patrulha foi desativado e todas as suas aeronaves foram transferidos para a Base Aérea de Belém - PA . O 1º Grupo de Patrulha foi transformado no 1º Esquadrão do 2º Grupo de Aviação (1º/2º GAv), de acordo com o Aviso n.º 5, de 1º de abril de 1947. A nova Unidade também recebeu a incumbência de ser a responsável por ministrar a instrução de Aviação de Patrulha na Força Aérea Brasileira, formando, anualmente, os novos pilotos de patrulha da Aeronáutica.
Dentre as sete células do Consolidated PBY-5 Catalina recebidos em 1943, podemos afirmar que havia várias diferenças no que tange não só os esquemas de camuflagem e marcações (padrões norte-americanos), mas também a presença de diversos sistemas de equipamentos de detecção e acompanhamento de submarinos e navios de superfície. Por exemplo as aeronaves PBY-5 Catalina de matricula "FAB  PA-01 e PA-02" não dispunham de suíte eletrônica de  detecção e combate, enquanto as demais células faziam uso de radares de superfície e sistemas diversos. Após o término do conflito os Consolidated PBY-5 Catalina da Força Aérea Brasileira começaram a ser retirados das missões de patrulha e guerra antissubmarino, passando a ser empregados em missões de busca e salvamento e transporte, mas notadamente nas regiões norte e nordeste do país. No final de 1948, o Ministério da Aeronáutica (MAer) adquiriu, no Canadá, seis aeronaves  usadas do modelo PBV-1A "Canso" (variante canadense) , que anteriormente estavam a serviço da Força Aérea Real do Canadá (Royal Canadian Air Force), no intuito de  substituir os aviões perdidos em acidentes  e também  possibilitar a desativação das células remanescentes dos primeiros aerobotes Consolidated PBY-5 Catalina, que apresentavam além de fadiga estrutural uma operação mais complexa do que a variante mais nova do tipo anfíbia. Assim desta maneira seria encerrada a carreira destas primeiras aeronaves na Força Aérea Brasileira, infelizmente nenhuma célula desta versão seria preservada.

Em Escala.
Para representarmos o Consolidated PBY-5 Catalina  FAB PA-02 “Árara” fizemos uso do antigo e excelente kit da Monogram na escala 1/48. Para compormos a versão empregada pela Força Aérea Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, devemos abrir mão do uso das antenas dos sistemas de guerra antissubmarino e exautores do motor. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no antigo set 48/08.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura das aeronaves de patrulha da Marinha Americana (US Navy) durante a Segunda Guerra Mundial, com a aplicação das marcações da Força Aérea Brasileira nas laterais e asas, lembrando que inicialmente os aviões mantiveram os  cocares norte americanos na parte inferior das asas. Com o final do conflito as aeronaves passaram a ostentar um padrão de pintura em branco e metálico.



Bibliografia :

- O Consolidate PBY5/A Catalina na FAB, por Aparecido Camazano Alamino- Revista Asass Nº45
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Catalinas do Brasil - http://www.catalinasnobrasil.com.br/site/historico/18-os-pby-5a-da-forca-aerea-brasileira.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 - 2015  por Jackson Flores Junior

Leopard 1A1 - Krauss Maffei no Brasil

História e Desenvolvimento.
A origem da família carros de combate Leopard remonta ao período pós-guerra, onde a Alemanha então dividida a entre as forças do Pacto de Varsóvia (Oriental) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN (Ocidental), representava a linha de frente no conflito da Guerra Fria entre as superpotências, criando nesta região um clima de extrema tensão. No início deste período a Alemanha Ocidental permaneceu completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação aliada após sua rendição incondicional em 1945 de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa.  Em um segundo este conceito seria revisionado, dado a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça soviética. Assim em 12 de novembro de 1955 seria promulgada a constituição de uma nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo compostas pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). Em termos e recursos as novas forças armadas seriam imediatamente equipadas com sistemas de armas de origem norte americana, no segmento de blindados, os carros de combate médios fornecidos eram os modelos americanos M-47 e M4-8 Paton, veículos que já se mostravam inadequados as ameaças apresentadas pelas forças blindadas do Pacto de Varsóvia. Para atender a esta demanda foi previsto e desenvolvido amplo projeto reconstrução da força militar blindada da Alemanha Ocidental em fins na década de 1960, este processo previa a construção com projetos nacionais, ou ainda a aquisição de uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas.

As especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo MBT (Main Battle Tank), foram definidas no ano de 1956, estando baseadas na necessidade de superar seus oponentes soviéticos, entre estes os novos carros de combate T54 e T55, em serviço nos exércitos do Pacto de Varsóvia. Assim os parâmetros do projeto foram definidos, compondo um veículo com peso na ordem de mais 30 toneladas, com alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, devendo ser ainda equipado com canhão de 105 mm. Vários projetos iniciais foram estudados pelo governo alemão, no ano seguinte estes esforços seriam incrementados, quando o governo francês se juntou ao projeto, pois também buscava um substituto comum, para seus antigos blindados de combate de origem norte americana. Desta união de demandas nasceria o conceito do programa “Europa Panzer”, que receberia ainda 1958, a adesão da Itália. Diversas empresas europeias e norte americanas participaram da concorrência, apresentando aos membros do comitê internacional "Europa Panzer", os primeiros protótipos em 1960. Após uma apurada análise comparativa entre todos os concorrentes, o projeto “Model 734” apresentado pela empresa automotiva alemã Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG, foi declarado vencedor da concorrência. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional que resultaria no futuro no carro de combate MBT AMX 30.
O projeto do novo carro de combate, foi batizado pelo Deutsches Heer (Exército Alemão) como Leopard I, e se tornaria o primeiro Main Battle Tank (carro principal de combate) produzido nacionalmente, do período pós-guerra. Como considerado nas especificações iniciais, este novo tanque estava equipado com uma versão alemã do consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L7 de calibre 105 mm, dispunha ainda de completo sistema de proteção NBc (Radiação Nuclear e Química). Em termos de blindagem atendendo aos parâmetros de mobilidade, possuía uma blindagem leve, porém eficiente com capacidade de resistir a rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas características lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha. Após a finalização de um programa de testes de aceitação, foi assinado entre a Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG e o República Federal da Alemanha um contrato para aquisição inicial de 100 carros. A produção em série nas instalações fabris da Krauss Maffei em Munique, foi iniciada em setembro de 1964, com os primeiros carros passando a ser entregues as unidades Deutsches Heer (Exército Alemão) entre setembro de 1965 e junho de 1966. O emprego operacional revelaria qualidades de projeto do Leopard I, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.

Após a entrega dos três primeiros lotes de carros de combate ao Deutsches Heer (Exército Alemão), vislumbrou-se a oportunidade de implementação de melhoramentos, levando em 1968 ao desenvolvimento do modelo Leopard 1A1, a principal inovação estava baseada no novo sistema de estabilização do canhão, que efetivamente permitia o tiro em movimento, além deste novo carro de combate passar a dispor também de aparatos de proteção ao longo das laterais para proteger a parte superior das lagartas. Este modelo receberia inúmeros contratos de produção tanto do governo alemão, quanto de outros países levando a produção de novas 875 unidades. Vislumbrando um potencial de mercado para o atendimento de   seus clientes iniciais a Krauss Maffei, passou a produzir um kit de atualização, logrando êxito em comercializar centenas destes a diversos países. Neste processo alguns clientes optaram por incluir uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss, alterando assim a estética visual do veículo. Em 1980 um novo plano de modernização foi implementado, incluindo um intensificador de imagens noturnas PZB 200, surgindo a versão 1A1A2, que seria sucedida pelo Leopard  1A1A3 que passaram a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90.
A última versão de produção foi o Leopard 1A1A4, que passou a contar com os sistemas integrado de controle de tiro EMES 12A1 e visão noturna PERI R12, este modelo passou a ser entregue a partir de maio de 1974 tendo atingido a cifra de 250 fabricadas. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T64, -72, T72M1 e T80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard padrão.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 1990, a força de carros de combate do Exército Brasileiro estava composta na linha de frente por tanques modernizados M-41B e M4-1C Caxias, que apesar de disponíveis em uma quantidade suficiente já se mostravam ultrapassados quando comparados as ameaças regionais hipotéticas ao país. Se fazia necessário então prover a substituição destes na linha de frente e também neste processo realocar um certo número de M41C Caxias em substituição aos X-1 Pioneiro & X-1A1/A2 Carcará que ainda equipavam dois Regimento de Carros de Combate. O caminho para o atendimento desta demanda começou a tomar forma com a elaboração de um ambicioso programa de modernização denominado como FT-90 ou Força Terrestre 90, dentre as prioridades constantes neste programa estava a aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração. Estudos de análise de desempenho e capacidade econômica foram realizados, com a equipe técnica do exército se debruçando sobre propostas do modelo francês AMX 30, o alemão Leopard I, o norte americano M-60 e curiosamente até o russo T-80 que chegou a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Apesar da preferência pender para o modelo alemão, estudos econômicos tornaram a aquisição se carros de combate novos de fábrica como inviável, pois deveria ser inicialmente adquirido mais de 100 unidades o que levaria o valor a um patamar irreal devido as restrições orçamentárias do Ministério do Exército. Assim o programa passou a ser norteado com buscas em compras de oportunidade o que acabou se concretizando mediante oferta do governo belga, envolvendo unidades usadas do carro de combate Leopard 1A1 que se encontravam estocadas, e que eram oriundos do primeiro lote de 334 carros adquiridos entre 1968 e 1971, que haviam sido atualizados na década de 1980 para a versão intermediaria.

Após as tratativas iniciais junto ao governo da Bélgica, foi formada uma Comissão de Aquisição do Exército Brasileiro, que trataria em dezembro de 1994 de identificar e avaliar in loco inicialmente sessenta e um veículos em melhor estado de conservação. As unidades escolhidas deveriam obedecer a critérios basicos eliminatórios, como, vida útil do canhão, quilometragem da transmissão e menor número de horas de uso motor. Após parametrização estatística, seria definido o status do "Carro Médio Padrão" com estes devendo apresentar no máximo 500,8 horas de uso do motor, 3.229 km de quilometragem da transmissão e 172 EFC de vida útil do canhão. Com os carros escolhidos, seria necessário proceder um processo de revisão básica mecânica e seu consequente transporte até o Brasil, sendo neste momento contratada a empresa belga Stiles Antwerp Lt, especializada nestas atividades e homologada como prestador de serviços Forças Armadas Belgas (La Défense). Os Leopard 1A1, seriam recebidos, prevendo a entrega em três lotes com intervalo de quatro meses entres cada remessa. Somente a munição que em regime de exceção seria despachada integralmente com o primeiro lote de carros. Os pagamentos seriam realizados na ordem dos recebimentos dos lotes, sendo no primeiro vinte carros, no segundo mais vinte carros e por fim no terceiro lote vinte e um carros. Uma comissão formada por oficiais do Exército Brasileiro seria encarregada de acompanhar todo o processo até o embarque dos respectivos lotes ao Brasil. Além dos carros seriam despachados do a gama de ferramental existente permanente ao veículo, bem com kits de manutenção até de quarto escalão.
Em vias de se receber o primeiro lote destes veículos, em 17 de maio de 1996, o Ministério do Exército, definiria uma diretriz para a implantação das Viaturas Blindadas de Combate, VBC -CC Leopard 1A1 no Exército Brasileiro. Após o recebimento de todos os carros e o material de apoio, seriam concentrados junto a instalações do Parque Regional de Manutenção/1 (PqRMnt/1) no Rio de Janeiro, e de lá foi distribuído às respectivas unidades entre 1997 e 2000.  Neste meio tempo um contingente de militares brasileiros seria enviado a Bélgica para treinar junto as unidades operacionais daquele exército toda a operação e manutenção do carro de combate Leopard 1A1 em nível de 1º, 2º e 3º Escalões.Fatos importantes marcam esta nova fase da arma blindada no Exército Brasileiro, como a criação em 1996 do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CIBld), responsável pela formação, padronização, modernização e atualização na instrução e adestramento dos futuros combatentes blindados, com este programa sendo iniciado no Rio de Janeiro e depois transferido para Santa Maria no Rio Grande do Sul em 2004. A implementação deste modelo no Brasil proporcionou grande mudanças na sistemática operacional da arma blindada do exército, pois toda uma nova infraestrutura teve de ser criada, indo desde o processo de treinamento, instalações, doutrinas e sistemas de transporte (terrestre ou ferroviário), além de uma variada gama de veículos de apoio e socorro mais adequadas ao porte do novo modelo.

No ano de 1998, o comando do Exército Brasileiro decidiu se pela aquisição de mais sessenta e sete carros de combate da mesma versão recebida anteriormente, atendendo a mesma sistemática, estes carros foram escolhidos, revisado e despachados ao Brasil em lotes, com o último recebido em maio do ano de 2000. Junto com este novo contrato seriam adquiridos também carros na versão Leopard Escola, Leopard Socorro (Bergepanzer Standart), além de outros dois modelos únicos no mundo configurados na versão de socorro Leopard HART (Heavy Armoured Recovery Tank) produzidos pela empresa belga Sabiex. Com esta aquisição a frota de carros Leopard 1A1 passaria a ser de cento e vinte oito unidades, melhorando a distribuição destes carros de combate no Exército Brasileiro. Além do Centro de Instrução de Blindados (CIBld), os Leopard 1A1. Além do Centro de Instrução de Blindados (CIBld), os Leopard 1A1 foram destinados a quatro Regimentos de Carros de Combate alocados nas regiões Sul e Sudeste. Apesar do pródigo início operacional, os carros de combate alemães, que apresentavam inúmeros avanços quando comparados aos carros de combate norte-americanos M-41B e M-41C Caxias, ao longo dos anos seguintes passariam a enfrentar deficiências graves em sua cadeia logística, proporcionando indicies de indisponibilidade não satisfatórios. Pode-se atribuir a este preocupante cenário, a inexistência de qualquer contrato de prestação de serviço com o fabricante referente a manutenção ou fornecimento de peças de reposição, bem com a fatores técnicos decorrente da idade do projeto do carro de combate alemão.  
No anseio padronizar seus meios, o Comando do Exército, assinou no ano de 2008 junto ao governo alemão e a fabricante Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, um contrato para a aquisição, modernização e manutenção de 250 carros de combate do modelo  Leopard 1A5. Os primeiros lotes deste modelo começaram a ser recebidos no Brasil, a partir de 2009.  O principal objetivo deste programa era além de modernizar sua frota de carros de combate, contar com um constante suporte técnico do fabricante, evitando assim incorrer nos mesmos erros da aquisição dos modelos Leopard 1A1. O recebimento gradativo destes novos carros de combate, permitiram o comando da Força Terrestre a estruturar um plano de desativação gradual dos Leopard 1A1 mais antigos. Este plano definia que dos cento e vinte oito carros originais adquiridos, setenta e quatro, seriam retirados de serviço imediatamente, sendo parcialmente desmontados a fim de proporcionarem um estoque de segurança na cadeia de suprimentos dos novos Leopard 1A5. Dos carros restantes, seria definido que os trinta e nove carros em melhor estado, deveriam ser mantidos em operação, sendo divididos em três esquadrões de treze carros a fim de substituírem os derradeiros M-41 Caxias ainda em uso em alguns Regimentos de Cavalaria Blindada (RCC). Ja os carros restantes seriam destinados para acervo de museus militares.

Em Escala.
Para representarmos o Leopard 1A1 "EB 006047 Itatiaia", empregamos o excelente kit da Revell na escala 1/35. Para compormos a versão brasileira, tivemos de produzir em scratch as quatro caixas de ferramentas que são acondicionadas nas laterais do veículo. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set  "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os veículos  Leopard 1A1, utilizados desde o recebimento até os dias atuais. Alguns carros foram padronizados com o esquema tático de dois, especula-se que os carros que serão mantidos em serviço venham a adotar o mesmo padrão de camuflagem dos antigos M-41C Caxias.

Bibliografia :

- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos

Avro 504K na Aviação Naval

História e Desenvolvimento.
A origem da notável empresa aeronáutica britânica A.V Roe and Company, ocorre no ano de 1908 quando o primeiro aeroplano projetado e fabricado artesanalmente pelo engenheiro inglês Alliot Vernon Roe, decolou dos campos de Manchester para a realização de seu primeiro voo. Podendo este modelo ser seguramente considerado como primeira aeronave de projeto 100% inglês. Motivados pelo sucesso dos primeiros testes de voo, os irmãos Humphrey, Edwin Alliott Verdon-Roe, fundaram em 1 de janeiro de 1910 no porão da companhia Everards Elastic Webbing Company em Brownsfield Mill em Manchester, a empresa A.V. Roe & Company, esta que seria também uma das primeiras empresas construtoras aeronáuticas do mundo. Paralelamente, um galpão seria alugado no Brooklands Flying Grounds para o qual Edwin Alliott movia as aeronaves acabadas, funcionando assim com uma loja, onde elas eram oferecidas a este novo mercado consumidor por apenas £450 libras esterlinas. As vendas começaram a evoluir e conjuntamente o projeto das aeronaves também, sendo que no final do ano de 1912, o negócio além de se provar viável em termos de retorno financeiro. A empresa passava também a demonstrar um fantástico potencial de crescimento, e em 11 de janeiro do ano seguinte, se tornaria um negócio completamente autônomo. Apesar do otimismo com a efervescência do mercado, cada vez mais concorrentes chegavam a este segmento, oferecendo assim riscos ao potencial de crescimento da A.V Roe and Company. O grande fator do impulso fundamental para  desenvolvimento futuro da empresa, se daria com o o lançamento do modelo Avro E (ou Avro 500), que lograria a companhia a obter o primeiro contrato militar em 1913, com a encomenda de dezoito células para Corpo Aéreo Real RFC (Royal Flying Corps) que seriam destinados a operação junto aos Esquadrões de Treinamento 3º, 4º e 5º.

Com boa aceitação junto aos pilotos e ao comando do Corpo Aéreo Real (Royal Flying Corps), a empresa decidiria investir recursos no aprimoramento do projeto, o que levaria ao conceito do novo Avro Modelo 504. Apesar de baseado em seu antecessor, o projeto se mostrava muito promissor, levando a A.V Roe and Company a optar pela fabricação de dois protótipos em julho do mesmo ano. A primeira aeronave alçou voo em 5 de setembro de 1913, bem a tempo de poder participar logo em seguida da Feira Aérea de Farnborough, logo de imediato o avançado desing da nova aeronave e sua performance em voo chamariam a atenção do comando das forças armadas britânicas, que imediatamente iniciaram junto a diretoria da empresa, tratativas para a aquisição da notável aeronave. Ao final desta, contratos seriam firmados para a aquisição de um substancial número de aeronaves não só para o Corpo Aéreo Real (Royal Flying Corps), mas também Real Serviço Aéreo Naval (Royal Naval Air Service). Porém as demandas excediam em muito a capacidade produtiva da linha de fabricação, levando a empresa a se mudar para novas e maiores instalações em Clifton Street, Miles Platting - Manchester. Esta seria, no entanto, uma medida paliativa tendo em vista o breve estrangulamento da capacidade de produção desta linha, levando a empresa a migrar para as instalações da Mather & Platt Works em Newton Heath. As primeiras aeronaves seriam declaradas operacionais a partir de março de 1914, passando a atuar em missões de treinamento e observação. O eclodir da Primeira Guerra Mundial em 28 de julho de 1914 iria alterar profundamente o destino da A.V. Roe & Company e do Avro Modelo 504, elevando o patamar operacional da aeronave a um nível jamais imaginado por seus desenvolvedores .

Neste contexto de conflito, os Avro Modelo 504 assumiriam novas missões, agora já em missões de combate real na linha frente na Europa continental, cabendo ao modelo ser a primeira aeronave britânica abatida pelo fogo antiaéreo alemão em 14 de agosto de 1914, durante uma missão de bombardeio as fabricas de dirigíveis “Zeppelin Works” na região da cidade de Friedrichshafen nas margens do Lago de Constança. Em 21 de novembro do mesmo ano um grande número de Avros Modelo 504 armados com quatro bombas de 9 kg, teriam destacada participação em um bem-sucedido ataque a fabricas alemãs produtoras de hidrogênio no norte da França. Conforme o conflito ia ganhando intensidade e amplitude, a tecnologia aeronáutica avançava freneticamente, gerando uma nova geração de aeronaves de caça, bombardeio e observação mais avançadas, o que sobrepujaria o desempenho operacional dos Avro 504, tornando o ambiente de combate extremante desfavorável para o modelo. Assim rapidamente esta aeronave logo seria relegada a missões de segunda linha, sendo retirada para servir principalmente junto aos esquadrões de treinamento na Inglaterra. Neste momento o estágio de produção da aeronave já atingia milhares de células entregues, dispostas nas versões Avro 503A á Avro 504J, com os motores evoluindo de 60 hp para 80 hp de potência. A versão a ser mais produzida, no entanto, seria o Avro 504K, modelo originalmente configurado como aeronave de treinamento de dois lugares, que apresentava como curiosidade a possibilidade de poder a ser equipado como uma vasta gama de motores em virtude da escassez de componentes.

No inverno de 1917 e 1918, a alta demanda por aeronaves de caça no continente, e a urgente necessidade de se substituir os já obsoletos Vickers BE2cs nos esquadrões de defesa doméstica, levaria o comando do Corpo Aéreo Real (Royal Flying Corps) a empregar dezenas de células dos modelos Avro 504J e Avro 504K convertidos para missões de caça. Estas versões modificadas para um único assento de tripulante, estavam armados com uma metralhadora leve Lewis .303 de calibre 7,62mm × 54 mm, montada acima da asa, além disto seria padronizado o uso de motores Gnome Monosoupape de 100hp de potência. Um total de duzentas e setenta células seriam modificadas para esta versão, passando a ser distribuídos a oito esquadrões de defesa doméstica. Em sua função principal de treinador, os Avro Modelo 504, muito em face das suas dóceis características de voo e desempenho, se tornariam o  “treinador padrão” britânico, permanecendo nesta atividade mesmo após o final da Primeira Guerra Mundial, mantendo o título de treinador básico padrão na agora recém criada Força Aérea Real (Royal Air Force), sendo substituído somente nesta atividade em meados da década de 1930. Nesta fase ainda, cerca de trezentas células do Avro Modelo 504K seriam transferidos para escolas civis de pilotos, recebendo o registro civil na Grã-Bretanha, onde passaram a ser empregados em missões de treinamento de pilotos e tarefas de reboques de faixas publicitarias permanecendo em uso até pelo menos o início do ano de 1940.
A carreira do Avro Modelo 504 seria intensa, fora de seu país de origem, sendo empregados em maior número pelo Serviço Aéreo da União Soviética, que fora formado logo após o termino da Primeira Guerra Mundial. Neste país era feito uso de células originais, bem como de aeronaves do modelo produzidas sob licença denominadas localmente como denominadas “Avrushka” ou pequeno Avro, com estas aeronaves equipadas com motores soviéticos rotativos idênticos ao Gnome Monosoupape.  O modelo ainda entraria em combate nos conflitos na China Nacionalista, quando foram usados em missões de observação e bombardeio. Ao todo foram produzidas entre os anos de 1914 e 1928 um total de 11.484 células, montadas em treze plantas industriais não só na Gra Bretanha, mas fabricados sob licença na Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Japão e União Soviética. Em termos de operadores o modelo esteve a serviço das forças armadas do Brasil, Argentina, Canada, Estônia, Finlândia, Grécia, Guatemala, Índia Britânica, Irã, Irlanda, Japão, Letônia, Malaia, México, Mongólia, Noruega, Peru, Polônia, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Tailândia Uruguai e Estados Unidos.

Emprego no Marinha do Brasil.
Em fevereiro de 1914, a Escola Brasileira de Aviação seria criada, no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, através de uma parceria entre os ministérios da Guerra e da Marinha e a firma Gino, Buccelli & Cia. Este acordo tinha por base o comprometimento da empresa privada em fornecer equipamentos e instrutores para formar aviadores militares. Não havia dez anos desde o primeiro voo do mais pesado que o ar, pelas mãos do ilustre brasileiro Alberto Santos Dumont, quando a Marinha do Brasil criou a sua Escola de Aviação Naval - EAvN, em 23 de agosto de 1916. Esse pioneirismo, fruto da visão de grandes chefes navais, como o então Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino de Alencar, que, pautado no desempenho dessas plataformas nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, adquiriria nossos primeiros aviões e os entregaria ao Almirante Protógenes Pereira Guimarães, Patrono da Aviação Naval, a missão de preparar o pessoal e a doutrina de emprego aéreo na Marinha do Brasil. Quando a Escola de Aviação Naval - EAvN foi criada, em 23 de agosto de 1916, o primeiro dos três aerobotes adquiridos da fábrica Curtiss Aircraft Co. já havia voado e os dois restantes estavam em final de montagem, ficando prontos em outubro do mesmo ano. Todos seriam montados na Carreira Tamandaré do antigo Arsenal de Marinha, na base do Morro de São Bento, próximo à antiga ponte para a Ilha das Cobras, local atualmente ocupado pelo rancho do 1° Distrito Naval. Pouco tempo depois, a Escola de Aviação Naval - EAvN seria transferida para a Ilha das Enxadas, onde foram construídos dois hangares para quatro aeronaves. Ao longo dos anos seguintes esta instituição com o apoio de instrutores norte-americanos seguiu na missão de formar os primeiros aviadores navais da Marinha do Brasil. Neste contexto ficava cada vez mais claro a necessidade de não só ampliar o número de aeronaves bem como adquirir modelos mais modernos para o emprego em diversos perfis de operação militar.

Os novos desafios exigiam modernização de meios e práticas. Assim, tendo em vista que muitos dos hidroaviões de treinamento da variada coleção da Escola de Aviação Naval - EAvN chegavam ao fim de sua vida útil, decidiu-se reduzir o número de tipos e sistematizar as práticas de instrução de voo. Seria adotado o chamado “Sistema Gosport”, introduzido pelo Real Serviço Aéreo Naval (Royal Naval Air Service) em 1916, que, dentre outras inovações, preconizava o emprego de aviões terrestres para treinamento inicial. Assim, uma delegação de oficiais marinha seria enviada a Inglaterra, para conhecer de perto este processo e os vetores empregados. Desta maneira se daria o primeiro contato de nosso oficiais  com a aeronave Avro Modelo 504, modelo que então figurava como o treinador primário padrão deste racional e lógico sistema de treinamento. No entanto a incorporação do primeiro exemplar na Aviação Naval da Marinha do Brasil, ocorreria de forma casual, pois com a enorme disponibilidade de material aeronáutico após o término da Primeira Guerra Mundial, diversos grupos empresariais deram início a organização de empresas de transporte aéreo para operação regional e internacional. Entre muitas, a corporação inglesa Handley Page Ltda decidiu por estabelecer uma empresa aérea para operação de transporte civil no Brasil. Depois de receber autorização do governo brasileiro para operar rotas entre as principais cidades brasileiras, a empresa trouxe quatro aeronaves para o país, entre as quais um Avro Modelo 504K. A vida desta empresa seria efêmera sendo as aeronaves doadas ao governo brasileiro, com este  modelo de treinamento entregue em maio de 1920 a Marinha do Brasil.
Esta aeronave matriculada como “46” seria repassada então a Escola de Aviação Naval – EavN, não está claro se aquele Avro 504K foi recolhido a esta organização (que ainda se encontrava sediada na ilha das Enxadas e não dispunha de pista para operar aeronaves terrestres) para ser desmontado e armazenado ou se permaneceu em outro local. Neste mesmo período foram disponibilizados recursos para adquirir mais quatro células do modelo usadas e estavam equipadas com o famoso motor rotativo Gnome Monosoupape, Ao chegaram no Brasil no final do primeiro semestre de 1921, os dois primeiros foram montados no mês de agosto e encaminhados ao Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, onde iriam operar até a conclusão das obras da nova pista da Escola de Aviação Naval - EAvN na Ponta do Galeão. A perda de uma aeronave em um acidente levaria a Aviação Naval da Marinha do Brasil a proceder a montagem das duas células restantes entre novembro e dezembro de 1921. Esta dotação seria reforçada com a aquisição de mais doze células previstas em um contrato celebrado em 23 de maio de 1922, tratava-se novamente de aeronaves usadas, que seriam entregues configuradas como novos motores radiais Le Rhone de 110 hp. Em fins de 1923 estas aeronaves já se encontravam operacionais junto a 3º Esquadrilha da Flotilha de Treinamento, totalizando assim dezesseis aeronaves, porém o índice de disponibilidade se mantinha muito baixo em função de pequenos acidentes de operação.

Durante os conturbados episódios políticos que se seguiram durante ano de 1924, as atividades da Escola de Aviação Naval - EAvN foram muito reduzidas, sendo algumas vezes os Avro 504K foram armados com metralhadora Lewis .303 durante os momentos mais tensos do período revolucionário. Este quadro de instabilidade levaria a severas restrições orçamentarias que interromperam o fluxo de peças de reposição e material de apoio, levando indisponibilidade a índices alarmantes, sendo que em 1925 somente quatro células estavam aptas a voo, com as demais armazenadas ou em manutenção. No ano seguinte mais uma aeronave seria recuperada pelo Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro (CAvNRJ). Apesar do quadro de penúria, três Avro 504K realizaram um reide entre a capital carioca e a cidade de Belo Horizonte, representando um feito para aquela época, infelizmente duas aeronaves foram perdidas nesta missão. Em 1927, a frota de aviões Avro 504K encontrava-se reduzida a apenas três exemplares disponíveis para voo, com os demais perdidos em acidente ou em processo de manutenção de grande monta, com a necessidade de modernizar a frota de aeronaves de treinamento, a Diretoria Geral de Aeronáutica da Marinha examinou diversas propostas de fornecimento de mais células do modelo, no entanto optou-se pela aquisição de uma variante mais moderna o Avro 504N/O, que passaram a ser recebidos no ano seguinte, realizando em conjunto com as células originais, as missões de treinamento e formação de pilotos, com os Avro Modelo 504K registrando uma quantidade de horas de voo inferior à média anterior.
No objetivo de aumentar a vida útil das três ultimas aeronaves que se encontravam em condições de voo, foi decido em maio de 1929 pela implementação de um programa de modernização, tendo como foco principal a substituição do problemático motor rotativo por um novo radial fixo Armstrong Siddeley Lynx IVC, o mesmo  que dotava os recém chegados Avro 504N/O, sendo as três entregues entre os meses de novembro do mesmo ano e janeiro de 1930, curiosamente estas células foram adaptadas para o uso de flutuadores sendo empregadas como hidro aviões. Porém observou-se que o processo de modernização não atingiria os objetivos almejados e decidiu-se pela desativação das aeronaves, o que ocorreu após um voo de formatura da Escola de Aviação Naval - EAvN em junho de 1930, onde após este foram excluídas e alienadas para venda, encerrando assim sua carreira na Aviação Naval da Marinha do Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Avro 504K “A7” da Aviação Naval, empregamos o antigo kit da Airfix na escala 1/72, modelo de fácil montagem porém de baixo detalhamento exigindo a confecção em scratch dos para-brisas . Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decais presentes no antigo set 72/09.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura empregado pelos Avro 504K da Aviação Naval, inicialmente as aeronaves foram recebidas em uma tonalidade de amarelo denominada clear dope linen com o FS 33695.


Bibliografia :

- Avro 504 – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Avro_504
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- 100  anos da Aviação Naval - Marinha do Brasil & Fundação Getulio Vargas
- Asas sob os Mares , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html