Engesa EE-9 Cascavel M1 e M2 no Brasil

História e Desenvolvimento.
As primeiras experiências do Exército Brasileiro na operação de veículos blindados de reconhecimento do campo de batalha com tração 6X6 teve início em 1942, quando da celebração dos acordos Leand & Lease Act, que permitiram ao país acesso a modernos equipamentos de combate, entre eles inicialmente carros como T-17 Deerhound e posteriormente M-20 Command Car e M-8  Greyhound, cabendo a este último a experiência de operação em combate real durante a campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial. Tanto o emprego deste tipo de veículo na Europa quando no Brasil pós-guerra tornaram este modelo muito bem aceito entre as unidades mecanizadas brasileiras. Porém em fins da década de 1960 a frota nacional de carros blindados 6X6 atravessava uma crise operacional, seja por falta de peças de reposição originais norte-americanas ou pela evidente obsolescência do projeto em si. Neste momento, prover sua substituição, era uma possibilidade inviável devido aos altos custos de aquisição de carros novos, levando então o comando do Exército Brasileiro a analisar soluções para a extensão da vida útil desta frota. Coube então ao Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2) desenvolver estudos para a implementação de um programa de remotorização, substituindo o conjunto original a gasolina por um nacional produzido pela Mercedes Benz o motor OM321, movido a diesel com 120 hp de potência. Este programa atingiria pleno êxito, sendo aplicado não só em grande parte da frota de blindados Ford M-8 Greyhound, mas também gerando programas derivados, com implementação em outros tipos de veículos militares de origem norte-americana em serviço no Exército Brasileiro, como os carros blindados meia lagarta M2 - M3 e M5 Half Track, veículos sobre rodas M-3 Scout Car e por fim caminhões com tração total 6X6, como os GMC CCKW e Studebaker US6G.

Curiosamente, esta imersão no projeto de revitalização dos Ford M-8 Greyhound, despertariam a motivação da equipe do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar (PqRMM/2), a estudar a possibilidade de conceituar um projeto de uma viatura blindada sobre rodas com tração 4X4, tendo em vista que a médio prazo a substituição dos veículos revitalizados era inevitável. O processo de desenvolvimento do projeto, maquete em escala e construção do primeiro protótipo funcional foi implementado entre o segundo semestre de 1968, e o primeiro semestre de 1970. Este carro blindado, recebeu a denominação de VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1), e possuía o design semelhante ao Ford M-8 Greyhound, estando equipado com um motor nacional a diesel Mercedes Benz com 200 hp, com caixa de transferência e sistema de tração projetados e produzidos pela empresa paulista Engesa S/A. O veículo, equipado com uma torre em ferro fundido, estava armada com canhão de 37 mm, que tinha por orientação um sistema ótico, empresa paulista DF Vasconcelos Ltda.  O protótipo seria extremamente testado, nas mais severas condições, incluindo testes de balística e resistência da blindagem. Apesar dos resultados promissores o interesse do comando do Exército Brasileiro repousava sobre um veículo com tração 6X6, levando assim a equipe técnica de desenvolvimento a retornar a prancheta de projetos. Para se atender a demanda, inicialmente considerou em estender a carroceria protótipo do VBB-1, transformando em veículo com tração 6X6, porém implicações de ordem técnica descartariam esta possibilidade partindo para o projeto de um novo veículo. Assim a Diretoria de Motomecanização (DMM) definiria as especificações para o desenvolvimento de um veículo blindado de reconhecimento de reconhecimento com tração 6X6, dando início ao programa VBB-2 (Viatura Blindada Brasileira 2). Neste contexto o primeiro mock-up receberia a torre empregada no VBB-1 (baseada na torre original do T-17 Deerhound). equipada com um canhão de 37 mm. 
A partir deste momento, a designação do veículo passou a ser Carro de Reconhecimento sobre Rodas (CRR), com sua configuração básica recebendo pequenas modificações, principalmente em suas linhas básicas, até a construção do primeiro protótipo, em 1970. Este protótipo seria construído nas instalações do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2), e neste momento visando melhorar a suspensão, seria adotado o sistema “boomerang” criado pela Engesa S/A a qual o aplicava em veículos civis para emprego rural.  No entanto, o Calcanhar de Aquiles do projeto, estava baseado na carência de torres do canhão, com o corpo técnico do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar (PqRMM/2), optando pelo desenvolvimento de um modelo, baseado na torre original do Ford M-8 Greyhound, com a produção de oito unidades ficando a cargo da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Esta nova peça, em relação a original norte-americana, apresentava um alongamento na parte traseira, para assim abrigar o sistema de rádio, sendo equipada com um canhão de 37 mm e uma metralhadora coaxial  Browning  calibre .30, e suporte para uma segunda metralhadora Browning  calibre .50 a ser fixada na parte superior da mesma torre. Este protótipo seria submetido a um programa de testes de campo, com os promissores resultados obtidos, resultando na decisão para a produção inicial de cinco veículos pré-série, sendo elevado para oito carros no ato assinatura do contrato com a Engesa S/A em 1971. O desenvolvimento do ferramental necessário para a produção em série, geraria atrasos no cronograma, com o último carro sendo finalizado somente em 1975. Esta versão pré-série diferia do protótipo original pela instalação de uma nova torre, agora uma versão modificada do modelo utilizado no carro de combate leve M-3 Stuart. 

Estes oito carros, seriam submetidos a um intensivo programa de testes e avaliação, englobando um total 32.000 km de rodagem entre as cidades de São Paulo, Uruguaiana e Alegrete. As provas consistiram em trafegar com os veículos, 24 horas por dia, parando apenas para a troca equipe e abastecimento, avaliando neste interim os defeitos que iam surgindo ao longo deste processo. Depois de reparados e corrigidas as falhas, os blindados voltavam ao campo até a conclusão deste programa. A partir desta etapa, inúmeras alterações foram implementadas, incluindo a troca da torre, incorporando se novamente uma peça derivada do Ford M-8 Greyhound, com alongamentos laterais e traseira. Essa versão foi sendo aprimorada gradativamente, culminando numa torre mais moderna, com visores laterais e perfil baixo. Aprovado nos testes, o projeto receberia a nova designação de Carro de Reconhecimento Médio (CRM), permanecendo este modelo como a base para a produção em série. Neste momento este blindado nacional agora designado como Engesa EE-9 Cascavel (com o o "EE" uma abreviatura de Engenheiros Especializados S/A , o número "9" a representação de sua tonelagem e Cascavel, por ser o nome de uma cobra venenosa brasileira), começaria a despertar o interesse do mercado internacional de defesa. Além de lograr êxito em um vultoso contrato com o Exército Brasileiro, o EE-9 Cascavel receberia seu primeiro grande contrato de exportação em 1976, com uma encomenda de duzentas unidades sendo celebrada junto ao governo Líbio, com este demando por exigência contratual, a adoção de um canhão de 90 mm. Esta demanda seria atendida com a importação de torres canhões de origem francesa, com este modelo recebendo a designação de EE-9 Cascavel MKII. O próximo contrato seria celebrado com o Exército Chileno, englobando cento e seis carros, a este seguiria mais uma encomenda agora para a Líbia, com estes blindados sendo agora equipados com uma torre nacional e canhões belgas Cockerill de 90mm, recebendo a denominação de Cascavel MKIII.
O batismo de fogo do Engesa EE-9 Cascavel ocorreria em 1977, quando uma divisão blindada o Exército Nacional Líbio, confrontou as forças do Exército Egípcio, com o blindado nacional, conquistando um papel decisivo nesta batalha, principalmente pela sua mobilidade e velocidade no campo de batalha, conseguindo chegar à linha de frente, na metade do tempo gasto pelos carros de combate russos T-62. Este êxito em combate, proporcionaria uma fundamental ferramenta de propaganda internacional do produto brasileiro, culminado em novos contratos de exportação ao longo dos anos seguintes, passando a equipar as forças armadas do Iraque, Burma, Colômbia, Chipre, Congo, Equador, Gabão, Gana, Ira, Nigéria, Paraguai, Catar, Togo, Uruguai, Zimbabwe, Tunísia, Suriname e Burkina Faso. Este veículo blindando sobre rodas seria o maior sucesso comercial da Engesa S/A, sendo produzidos ao todo 1.738 unidades entre os anos de 1974 e 1993, dispostas em quatro versões, que apresentavam um custo inicial de US$ 250.000,00. As excepcionais qualidades operacionais e robustez do projeto garantiram longa vida a família EE-9 Cascavel, com muitos carros se mantendo em serviço ativo em diversos países até os dias atuais.

Emprego no Exército Brasileiro.
A conclusão dos testes de campo com os oito carros pré-série em 1976, levariam a formatação da configuração final, que seria destinada a produção em série, com esta designada pelo fabricante como EE-9 Cascavel M1. O primeiro contrato firmado com Governo Brasileiro, previa a aquisição de 110 carros (incluindo os oito veículos pré-série). Ao iniciar o serviço operacional, este carro blindado receberia o apelido de  "Cascavel Magro", com este sendo influenciado pela arma de 37 mm, os carros entregues apresentavam diversos modelos de torres, englobando modelos experimentais projetadas pelo corpo técnico do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar (PqRMM/2) e produzidas pela Bernardini S/A, modelos semelhantes as torres do Ford M-8 Greyhound e por fim torres modificadas dos carros de combate leves M-3 Stuart (produzidas em maior número). Em termos de motorização, estes carros estavam equipados o motor a diesel Mercedes Benz OM-352A de seis cilindros em linha que lhe proporcionavam 174 hp de potência, que operava em conjunto com um câmbio mecânico produzido nacional pela Clark Equipamentos S/A. Curiosamente ao contrário de veículos semelhantes o Cascavel seria equipado com um sistema de freios a tambor, deficiência essa que seria somente resolvida a partir da versão M-6 em 1983. O sistema de blindagem apresentava um sistema de chapas de aço do tipo ABNT 1045 temperado, com sua proteção frontal e torre com 16 mm de espessura e lateral de 8,5 mm, proporcionando uma proteção satisfatória contra armas de infantaria de baixo calibre, sendo esta blindagem aceitável para as ameaças existentes da época. O modelo estava ainda equipado com pneus a prova de bala fabricados pela empresa Novatração Artefatos de Borracha Ltda. 

Os primeiros veículos de série seriam entregues ao Exército Brasileiro em meados do ano de 1974, recebendo a designação de "Carro de Reconhecimento Médio 6X6" (CRM). Já de posse dos primeiros carros operacionais, definira-se como próxima fase, a implementação do novo veículo blindado sobre rodas com tração 6X6 no Exército Brasileiro. Assim, caberia a Diretoria de Motomecanização (DMM), a criação dos manuais de treinamento e operação, visando planejar o cronograma de implementação do Engesa EE-9 Cascavel na Força Terrestre. Esta fase seria fundamental para o melhor aproveitando do grande potencial deste novo carro blindado. Após finalizado este processo, seria iniciada a primeira distribuição destes veículos para os   Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RCC) e Esquadrões de Cavalaria Blindada (EsqdCMec), onde passariam a operar em conjunto com os derradeiros Ford M-8 Greyhound ainda em serviço. Comparativamente o novo veículo era imensamente superior aos antigos carros norte-americanos, nao só em termos de velocidade (máxima de 100 km/h), mas também de autonomia (aproximadamente 750 km) e mobilidade no campo de batalha moderno. Podemos então considerar que a introdução do Engesa EE-9 Cascavel M1 e M2, promoveu na força blindada brasileira um grande salto quantitativo e qualitativo, pois trouxe uma disponibilidade operacional que não era experimentada há anos, tendo em vista que restavam neste momento poucos Ford M-8 Greyhound modernizados em serviço. Desta maneira se formaria uma nova doutrina operacional na Cavalaria Blindada no Exército Brasileiro. 
A aceitação do blindado no Exército Brasileiro, motivaria a diretoria da Engesa S/A em 1973, a estudar a possibilidade de exportação do blindado, com diversos clientes potenciais sendo prospectados, entre estes o Exército Português, que na época estava envolvido com a Guerra do Ultramar, travada em Angola, Moçambique e Guiné Bissau. O Engesa EE-19 seria bem recebido, mas era notória a necessidade em se contar com um maior poder de fogo, pois o canhão de 37 mm já não era mais eficaz contra as ameaças existentes naquele período. O atendimento desta demanda seria sugerido com a adoção de uma torre e um canhão francês de 90 mm. No entanto as dimensões do carro não eram compatíveis com o novo armamento, levando a necessidade de alteração da carcaça original, nascendo assim a versão de exportação denominada como Engesa EE-9 Cascavel MKII. No início de 1974, os primeiros blindados desta nova versão foram enviados a Portugal para testes, porém mudanças políticas alterariam o curso daquele conflito, levando o governo português a suspender este programa de aquisição. Neste contexto. a empresa reorientaria seus esforços para um novo plano de prospecção internacional, com o modelo portando um canhão de 90 mm baixa-pressão (o mesmo empregado no blindado francês sobre rodas Panhard AML), passando ainda por um refinamento ao receber uma nova transmissão automática. O principal foco deste esforço seria o mercado do Oriente Médio, com a primeira venda sendo concretizada através de contrato para o fornecimento de vinte blindados para o Catar. A esta conquista se seguiram outras com o modelo logrando ao longo de sua história mais de US$ 800 milhões de dólares em contratos.

Estes contratos de exportação promoveriam grandes refinamentos no projeto original, culminando em um carro equipado com o eficiente canhão belga Cockerill de 90 mm, que passaria a ser montado no Brasil com a designação local de EC-90. Neste momento o comando do Exército Brasileiro acompanhava atentamente a evolução do modelo de exportação, verificando as vantagens operacionais proporcionadas pela introdução de um canhão de maior calibre. Esta observação motivaria o início de estudos visando a possível atualização de sua frota de cem carros Engesa EE-9 Cascavel M1 e M2, que se encontravam em serviço. Este programa apresentava como premissa básica a adoção de um canhão de 90 mm, em substituição a já ineficiente arma de 37 mm, que comprovadamente já não apresentava eficácia frente as possíveis ameaças que o país poderia enfrentar naquele período. As analises se inclinariam principalmente para a relação custo-benefício, apontando para a adoção da versão nacional do canhão Cockerill de 90 mm (EC-90).  Pesaria nesta escolha também o desejo do Ministério do Exército, em gradualmente reduzir a dependência externa em termos de componentes vitais importados. Assim desta maneira a Engesa S/A negociariam um amplo pacote de produção sob licença do armamento belga, incluindo treinamentos e ferramental adequado para nacionalização. A exemplo do versões de exportação, a adoção do novo canhão de 90 mm, implicaria também na substituição da torre original. Inicialmente pensou-se em adotar a mesma torre usada nos carros configurados para o contrato líbio, opção rapidamente descartada em detrimento da adoção de uma torre de fabricação nacional.
Desta maneira no final do ano de 1977, seria celebrado um contrato entre o Ministério do Exército e a Engesa S/A, visando a modernização de uma grande parte da frota atual destes carros blindados. Assim no início do ano seguinte, oito carros da versão EE-9 Cascavel M2 pertencentes a dois Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RC Mec), foram encaminhados as instalações da empresa na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, a fim de servirem de protótipos funcionais para o programa de modernização. Além da alteração da arma principal, o modelo receberia a nova torre nacional, nascendo assim a nova versão designada como EE-9 Cascavel M2 Série 3, sendo contemplados neste processo cinquenta e cinco carros da frota original. Entre os anos de 1978 e 1980 seriam recebidos mais sessenta carros agora novos de fábrica, que receberiam a designação de EE-9 Cascavel M2 Série 5. Ao longo da década de 1980, mais carros seriam recebidos, sendo dispostos nas versões EE-9 Cascavel M6 Séries ¨3¨, ¨4¨ e ¨5¨ e EE-9 Cascavel M7 Séries ¨8¨ e ¨9¨, relegando assim os carros das primeiras versões a tarefas de treinamento, com os últimos veículos sendo retirados do serviço ativo em meados da década de 1990.

Em Escala:
Para representarmos o Engesa Cascavel EE-9 M2 "EB 10-128", fizemos uso de um modelo em resina de fabricação artesanal na escala 1/35. Como este modelo originalmente representa a versão Engesa Cascavel EE-9 M3, implementamos uma conversão em scracth build, envolvendo a alteração da disposição dos faróis e luzes de sinalização dianteiras, escotilhas frontais, desenho lateral do casco e inclusão de nova torre para o canhão de 37 mm. Empregamos ainda peças oriundas do kit do carro blindado leve M-3A1 Stuart produzido pela Academy (estrutura parcial da torre) e componentes em resina e plasticard. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no Set Exército Brasileiro - FEB 1941 - 1945.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura e marcações nacionais adotado pelo Exército Brasileiro a partir do término da Segunda Guerra Mundial, sendo mantido nos Engesa EE-9 Cascavel até o ano de 1982, quando um novo esquema de camuflagem táticas em dois tons foi implementado.

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Bibliografia: 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume II, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- EE-9 Cascavel Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/EE-9_Cascavel

Consolidated PBY-5 Catalina Aerobote

História e Desenvolvimento. 
A Consolidated Aircraft Corporation seria fundada em 1923 pelo empresário Reuben H. Fleet em Buffalo, no estado de Nova York, a empresa surgiria da liquidação da massa falida da empresa Gallaudet Aircraft Companye, em conjunto com uma ação de compra de projetos aeronáuticos da Companhia Dayton-Wright, sendo está uma antiga subsidiária da General Motors, que estava sendo encerrada devido a um processo de reorganização da gigante do setor automotivo norte americano. Seu primeiro projeto militar a lograr êxito de comercialização o treinador primário biplano PT-1 Trusty, passaria a equipar a Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy). Os recursos obtidos nesta negociação possibilitariam a empresa a ampliar seus investimentos em estrutura, pesquisa e desenvolvimento, levando a companhia em setembro de 1935 a inaugurar uma moderna e ampla fábrica na cidade de San Diego no estado da Califórnia. Neste mesmo período, o governo norte-americano avaliou, considerar como inevitável, a curto e médio prazo, um conflito no Oceano Pacífico contra as forças armadas do Império do Japão. Neste hipotético front de batalha aeronaval, seria necessário o emprego de uma nova geração de aviões de patrulha e bombardeio com grande alcance operacional. Esta necessidade se daria devido à baixa disponibilidade de aeródromos preparados para aeronaves de grande porte em suas bases militares nas ilhas do sudeste asiático, onde invariavelmente seriam os grandes palcos das hipotéticas batalhas. Assim desta forma, estudos determinavam a necessidade de se contar com uma nova aeronave do tipo anfíbio ou aerobote, estimava-se que este novo vetor deveria apresentar a configuração bimotora de porte médio, com um desejável alcance de  4.800 km, velocidade de cruzeiro de 260 km/h e um peso máximo de 11.340kg.  Além da função de patrulha, esta nova aeronave deveria ser configurada também para atendimento as missões de guerra antissubmarino e bombardeio naval.

O objetivo principal do desenvolvimento e incorporação desta nova aeronave, era o de substituir a curtíssimo prazo o binômio dos já  obsoletos hidroaviões biplanos Consolidated P2Y e Martin P3M, encarregados destas tarefas. Assim no início de 1935 uma concorrência seria lançada pelo comando da Marinha Americana (US Navy) para o este novo modelo, várias empresas apresentariam propostas. Porém uma análise criteriosa elegeria dois prováveis finalistas, envolvendo os projetos das empresas Douglas Aircraft Company, com seu modelo Douglas XP3D e a Consolidated Aircraft Co. com o  XP3Y-1. Apesar de avaliações de ordem técnica, o critério de custo-benefício apresentaria um fator decisivo na escolha da nova aeronave, muito em função enorme demanda de aquisição. Assim desta maneira o projeto apresentando pela Consolidated Aircraft Co., acabou sendo declarado vencedor deste programa, principalmente pelo projeto primar pela simplicidade e baixo custo de operação e aquisição. Esta aeronave designada pelo fabricante como Modelo 28 fora projetada anteriormente pela equipe do engenheiro Isaac M. Landdon em 1933, e apresentava a configuração bimotora com dois motores Pratt & Whitney R-1830 – R-1854 Wasp de 825 hp de potência, com asas na disposição em para sol, quatro montantes de fixação de flutuadores retráteis nas pontas das asas que permitiam melhor controle da aeronave na água e menor arrasto aerodinâmico quando em voo. O primeiro protótipo designado XBP-3Y1 (X de experimental, BP de bombardeio patrulha e Y de código do fabricante), fez seu primeiro voo em 28 de março de 1935. Submetido a uma série de ensaios o modelo foi homologado pela Aviação Naval da Marinha Americana (US Navy), apresentando como principal aprimoramento a introdução de um motor mais robusto, agora com 900 hp de potência, e pequenas modificações aerodinâmicas que facilitariam a decolagem.
A primeira aeronave do lote de pré-produção PBY-1 (Modelo 28-1), alçaria voo em 19 de maio de 1936, durante o qual foi alcançado um voo de distância sem escalas recorde de 3.443 milhas, ou 5.541 km. Neste interim mais aeronaves seriam entregues ao esquadrão de patrulha VP-11F em outubro de 1936, logo no ano seguinte seria a vez do esquadrão VP-12 (os famosos Black Cats) ser equipado com aeronaves desta modelo, sendo estas células constantes dos primeiros contratos de aquisição de sessenta aeronaves. Em maio de 1937 seria iniciado o desenvolvimento de uma nova versão, que apresentava um leque pequenos de melhorias, recebendo a designação de PBY-2 (Modelo 28-2) e um contrato para produção de cinquenta aeronaves. Apesar de relativos avanços, observa-se a necessidade de maior potência na aeronave, surgindo assim a versão PBY-3 (Modelo 28-3), que passava a ser equipada com dois motores radiais Pratt & Whitney R-1830-66 de 1.000 hp, com sessenta e seis aeronaves encomendadas. A esta se seguiria o novo PBY-4 (Modelo 28-4) com trinta e três células produzidas e equipadas com os motores Pratt & Whitney R-1830-72 de 1.050 hp de potência. O conhecimento obtido no desenvolvimento e operação destas versões, levaria em fins do ano de 1939, a  Consolidated Aircraft Co. a propor a construção de uma variante aprimorada que além de contar com os novos motores Pratt & Whitney R-1830-82 ou R-1830-92 de 1.200 hp, passava a ser equipada com melhor armamento defensivo, hélices hidráulicas, bolhas de observação lateral e maior provisão de combustível em tanques com proteção parcial  do tipo auto vedante. Esta nova aeronave agora designada pelo fabricante como PBY-5 (Modelo 28-5), receberia o primeiro contrato de produção para cento e sessenta e sete aeronaves em fins do ano de 1939, com as primeiras aeronaves sendo declaradas operacionais nos esquadrões de patrulha da Marinha Americana (US Navy) no início do ano seguinte.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Consolidated PBY-5/A tiveram largo emprego em tarefas de guerra antissubmarino (ASW), bombardeios de patrulha, escolta de comboios, missões de busca e resgate (especialmente resgate aéreo-marítimo) e transporte de cargas. Embora lento e desajeitado o modelo se destacou no esforço aliado, tendo atuado em quase todos os teatros operacionais do conflito, servindo com distinção e desempenhando um papel proeminente e inestimável na guerra contra o Império do Japão. Os Consolidateds PBYs são lembrados também por seu papel de resgate, no qual salvaram a vida de milhares de tripulantes derrubados sobre a água. Curiosamente os aviadores alteravam seu código de chamada de rádio conforme a missão, sendo denominados como “Gato" em missões de combate e "Dumbo" no serviço de resgate aéreo. O primeiro grande cliente de exportação seria o Comando Costeiro da Real Força Aérea (Royal Air Force), e neste momento seria cunhado seu nome de batismo como "Catalina “em homenagem à Ilha de Santa Catalina na Califórnia. Cabe ao modelo ainda ser responsável pela primeira operação ofensiva contra os japoneses, quando em 27 de dezembro de 1941, seis Consolidated PBY-5/A do Esquadrão de Patrulha 101 bombardearam o transporte japonês na Ilha Jolo, atuando contra a forte oposição de caças inimigos. Durante a Guerra do Atlântico, os Consolidated PBY-5/A da Marinha Americana (US Navy) e do Comando Costeiro da Real Força Aérea (Royal Air Force) foram fundamentais na cobertura área dos comboios marítimos entre os dois países, sendo responsáveis pelo afundamento de um grande número de submarinos alemães e italianos. Durante todo o conflito além dos Estados Unidos e Grã Bretanha, a aeronave seria empregada em combate real pelas forças armadas da Austrália, Brasil, Canadá e União Soviética.
Ao todo seriam produzidas pelas instalações da Consolidated Aircraft Co., seiscentas e oitenta e quatro células da versão PBY-5. A necessidade de se operar a partir de pistas de pouso faria surgir o PBY-5A (Modelo 28-5A), uma versão anfíbia do PBY-5, dispondo de trem de pouso era triciclo com acionamento hidráulico com as rodas principais recolhendo para a lateral da fuselagem através de um sistema de engrenagens. Esta foi a primeira versão que podia ser dotada com um radar de busca marítima instalado em um radome acima da cabine, ao todo seriam construídas oitocentas e três aeronaves. A última variante desenvolvida seria o PBY-6A que apresentava um novo redesenho de cauda, os pedidos iniciais apontavam novecentas unidades, porém o término da Segunda Guerra Mundial levou ao cancelamento deste contrato, sendo entregues apenas cento e setenta e cinco aeronaves. Além da Consolidated Aircraft Co., que possuía linhas de montagem em San Diego (CA), New Orleans (LA) e Buffalo (NY), o Catalina também seria fabricado sob licença no Canada, pelas empresas Boeing Aircrat Company e Canadian Vickers, houve também aeronaves construídas na União Soviética, sendo estes aerobotes denominados localmente como GST - MP-7 e os anfíbios designados como KM-1 e KM-2. Foram produzidas duas mil e trezentas células das diversas variantes pela Consolidated, setecentas e trinta e uma aeronaves fabricadas no Canada (onde receberam o nome de Canso), cento e cinquenta e cinco pela Naval Aircraft Factory e cerca de setecentos e setenta aparelhos produzidos na União Soviética, perfazendo um total de 4.051 unidades entregues no período de dez anos ininterruptos, fazendo do Catalina nas versões   aerobote e  anfíbio o modelo mais construído em todo o mundo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou a ter uma posição estratégica tanto no fornecimento de matérias primas de primeira importância para o esforço de guerra aliado, quanto no estabelecimento de pontos estratégicos para montagem bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego no teatro europeu. Em fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica. Estas agressões culminariam na declaração formal de guerra aos países agressores em 22 de agosto de 1942, acelerando assim a adesão do Brasil ao programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), os termos garantidos por este acordo viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de cem milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Este programa seria de vital importância para adequar em termos de aeronaves e doutrina operacional a recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB), que até então herdara da Aviação Militar do Exército Brasileiro e da Aviação Naval da Marinha do Brasil, aeronaves obsoletas e não adequadas para principalmente para se fazer frente a ameaça dos submarinos italianos e alemães. Nesta primeira fase caberia as aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) apenas a realização de voo de presença ao longo do litoral, muitas em vezes em monomotores North American AT-6B e Vought V-65B Corsair.
 
Durante o ano de 1942, em meio a incentivos econômicos e pressão diplomática, os americanos instalaram bases aeronavais ao longo da costa Norte-Nordeste brasileira, passando assim a Marinha Americana (US Navy) a operar esquadrões de patrulha e guerra antissubmarino a partir de bases. A partir deste momento, as tripulações da oficiais da Força Aérea Brasileira, começaram a acompanhar as missões americanas conquistando ao pouco a instrução e qualificação necessária, complementada com um vasto programa de treinamento. No fim de 1942 foi determinado que a Força Aérea Brasileira deveria começar a assumir uma parcela das atividades de patrulhamento e guerra antissubmarino em seu mar territorial, para isto dentro dos termos do acordo Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), foram transferidas sete aeronaves PBY-5 Catalina que estavam em operação no Esquadrão de Patrulha VP-94 da Marinha Americana (US Navy). Neste momento os grupos de patrulha das duas nações passaram a ser concentradas na Base Aérea do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro, onde no início do ano de 1943 foi criada a USBATU (United States Brazilian Training Unit), unidade dedicada ao treinamento das tripulações brasileiras em doutrinas e técnicas de guerra antissubmarino, anti superfície e patrulha. Após a conclusão deste programa de formação, três aeronaves PBY-5 Catalina foram distribuídas para o 7º Regimento Aviação na Base Aérea de Belém, três permaneceram no Rio de Janeiro na Unidade Volante do Galeão e a sétima foi envida para o 14º Corpo da Base Aérea de Florianópolis em Santa Catarina, onde passaram a iniciar as missões de patrulha, inicialmente com tripulações mistas de oficiais dos dois países para adaptação e posteriormente somente por brasileiros.  O primeiro ataque efetuado por uma tripulação brasileira a um submarino alemão foi no dia 22 de maio de 1942. Um B-25 Mitchell, do Agrupamento de Aviões de Adaptação, sediado em Fortaleza, encontrava-se em patrulha nas imediações do arquipélago de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas, onde quatro dias antes havia sido afundado o navio mercante brasileiro “Comandante Lyra”, pelo submarino italiano “Barbarigo”. Às 14 horas, a tripulação do B-25 – sob o comando do Cap.-Av. Parreiras Horta (FAB) e composta pelos Cap.-Av. Pamplona (FAB), 1st Lt. Schwane (USAAF), Sgt. Yates (USAAF), S/Sgt. Tyler (USAAF) e S/Sgt. Robinson (USAAF) – surpreendeu um submarino alemão navegando na superfície, o qual imediatamente reagiu com forte tiro de artilharia antiaérea à presença do B-25. De acordo com as ordens então em vigência, uma vez que o Brasil se encontrava em estado de neutralidade, as tripulações só poderiam engajar unidades inimigas caso fossem atacadas inicialmente. Assim sendo, a tripulação do Mitchell lançou suas cargas de profundidade, as quais caíram próximas ao submarino.
Já o primeiro registro de um embate com o inimigo, fazendo uso de um PBY-5 Catalina, ocorreu em 31 de julho de 1943, quando o PBY-5 PA-02 comandado pelo oficial Alberto Martins Torres, estava em missão de patrulha na região de Cabo Frio acompanhando à saída do comboio JT-3 com destino aos Estados Unidos, passou a acompanhar o submarino alemão U-199 que havia sido detectado e atacado por uma aeronave PBM-3 Mariner  do esquadrão VP-74 (USN), baseado no Rio de Janeiro da Marinha Americana (US Navy), a embarcação alemã foi danificada no ataque inicial, mas não afundou, e permaneceu atirando com suas peças de artilharia antiaérea no PBM-3C. As defesas brasileiras já então haviam sido alertadas e um Hudson da Força Aérea Brasileira imediatamente levantou vôo do Rio de Janeiro, pilotado pelo Asp.-Av. Sergio Cândido Schnoor. Ele atacou o U-199 com duas cargas de profundidade Mk. 17 as quais caíram perto do submarino; efetuando um segundo ataque, o Asp.-Av. Schnoor metralhou o U-199 com as metralhadoras localizadas no nariz do Hudson, o que incapacitou alguns dos marinheiros alemães que manejavam a artilharia antiaérea do submarino. A aeronave brasileira então deixou então a área e o   PBY-5 Catalina PA-02 também da  Força Aérea Brasileira , o qual estava em patrulha próximo ao local, foi destacado para atacar o U-199, assim eu se deparar com a embarcação inimiga, a aeronave  lançou três cargas de profundidade no alvo, uma quarta carga seria ainda lançada apenas para confirmar o afundamento, pois a tripulação alemã já abandonara o barco. Este seria o primeiro afundamento de um submarino alemão por uma aeronave e tripulação brasileira. Após o ataque a aeronave brasileira, sobrevoou os sobreviventes lançados botes infláveis e viveres, sendo os mesmos resgatados posteriormente por um navio americano. O PBY-5 Catalina PA-02 recebeu o nome de Árara em homenagem a um dos navios brasileiros afundados por submarinos alemães no litoral brasileiro durante o ano de 1942.

Em 30 de outubro de 1943 o PBY-5 PA-01 pilotado pelo Capitão Aviador Dionísio Cerqueira de Tanuy do 1º Grupo de Patrulha baseado no Galeão, identificou e atacou o submarino alemão U-170, infelizmente não conseguiu realizar o afundamento do barco em virtude de graves avarias provocadas pela artilharia antiaérea alemã. Durante o transcurso da guerra inúmeras missões foram realizadas pelos PBY-5 Catalina, registrando novos encontros e combates com submarinos alemães e italianos. Este esforço de guerra seria ampliado em dezembro de 1944 com o recebimento de mais 15 aeronaves agora na versão anfíbia o PBY-5A (Modelo 28-5A) Catalina   que também pertenciam ao esquadrão VP-94 da Marinha Americana (US Navy), o que possibilitou a criação 2º Grupo de Patrulha, de acordo com o Decreto-Lei Ministerial N.º 6.796, de 17 de agosto de 1944. Com a reformulação da sistemática de designação de Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira, adotada a partir de março de 1947, o 2º Grupo de Patrulha foi desativado e todas as suas aeronaves foram transferidos para a Base Aérea de Belém - PA . O 1º Grupo de Patrulha foi transformado no 1º Esquadrão do 2º Grupo de Aviação (1º/2º GAv), de acordo com o Aviso n.º 5, de 1º de abril de 1947. A nova Unidade também recebeu a incumbência de ser a responsável por ministrar a instrução de Aviação de Patrulha na Força Aérea Brasileira, formando, anualmente, os novos pilotos de patrulha da Aeronáutica.
Dentre as sete células do Consolidated PBY-5 Catalina recebidos em 1943, podemos afirmar que havia várias diferenças no que tange não só os esquemas de camuflagem e marcações (padrões norte-americanos), mas também a presença de diversos sistemas de equipamentos de detecção e acompanhamento de submarinos e navios de superfície. Por exemplo as aeronaves PBY-5 Catalina de matricula "FAB  PA-01 e PA-02" não dispunham de suíte eletrônica de  detecção e combate, enquanto as demais células faziam uso de radares de superfície e sistemas diversos. Após o término do conflito os Consolidated PBY-5 Catalina da Força Aérea Brasileira começaram a ser retirados das missões de patrulha e guerra antissubmarino, passando a ser empregados em missões de busca e salvamento e transporte, mas notadamente nas regiões norte e nordeste do país. No final de 1948, o Ministério da Aeronáutica (MAer) adquiriu, no Canadá, seis aeronaves  usadas do modelo PBV-1A "Canso" (variante canadense) , que anteriormente estavam a serviço da Força Aérea Real do Canadá (Royal Canadian Air Force), no intuito de  substituir os aviões perdidos em acidentes  e também  possibilitar a desativação das células remanescentes dos primeiros aerobotes Consolidated PBY-5 Catalina, que apresentavam além de fadiga estrutural uma operação mais complexa do que a variante mais nova do tipo anfíbia. Assim desta maneira seria encerrada a carreira destas primeiras aeronaves na Força Aérea Brasileira, infelizmente nenhuma célula desta versão seria preservada.

Em Escala.
Para representarmos o Consolidated PBY-5 Catalina  FAB PA-02 “Árara” fizemos uso do antigo e excelente kit da Monogram na escala 1/48. Para compormos a versão empregada pela Força Aérea Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, devemos abrir mão do uso das antenas dos sistemas de guerra antissubmarino e exautores do motor. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no antigo set 48/08.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura das aeronaves de patrulha da Marinha Americana (US Navy) durante a Segunda Guerra Mundial, com a aplicação das marcações da Força Aérea Brasileira nas laterais e asas, lembrando que inicialmente os aviões mantiveram os  cocares norte americanos na parte inferior das asas. Com o final do conflito as aeronaves passaram a ostentar um padrão de pintura em branco e metálico.



Bibliografia :

- O Consolidate PBY5/A Catalina na FAB, por Aparecido Camazano Alamino- Revista Asass Nº45
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Catalinas do Brasil - http://www.catalinasnobrasil.com.br/site/historico/18-os-pby-5a-da-forca-aerea-brasileira.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 - 2015  por Jackson Flores Junior

Leopard 1A1 - Krauss Maffei no Brasil

História e Desenvolvimento.
A origem da família carros de combate Leopard remonta ao período pós-guerra, onde a Alemanha então dividida a entre as forças do Pacto de Varsóvia (Oriental) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN (Ocidental), representava a linha de frente no conflito da Guerra Fria entre as superpotências, criando nesta região um clima de extrema tensão. No início deste período a Alemanha Ocidental permaneceu completamente desmilitarizada, sendo proibida pela regulamentação aliada após sua rendição incondicional em 1945 de constituir instituições militares, mesmo para autodefesa.  Em um segundo este conceito seria revisionado, dado a necessidade de se reforçar as defesas da região, para assim fazer frente a constante ameaça soviética. Assim em 12 de novembro de 1955 seria promulgada a constituição de uma nova estrutura das forças armadas da República Federal da Alemanha, sendo compostas pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã). Em termos e recursos as novas forças armadas seriam imediatamente equipadas com sistemas de armas de origem norte americana, no segmento de blindados, os carros de combate médios fornecidos eram os modelos americanos M-47 e M4-8 Paton, veículos que já se mostravam inadequados as ameaças apresentadas pelas forças blindadas do Pacto de Varsóvia. Para atender a esta demanda foi previsto e desenvolvido amplo projeto reconstrução da força militar blindada da Alemanha Ocidental em fins na década de 1960, este processo previa a construção com projetos nacionais, ou ainda a aquisição de uma variada gama de veículos blindados, desde carros de combate, transporte e versões especializadas.

As especificações de projeto para o desenvolvimento de um novo MBT (Main Battle Tank), foram definidas no ano de 1956, estando baseadas na necessidade de superar seus oponentes soviéticos, entre estes os novos carros de combate T54 e T55, em serviço nos exércitos do Pacto de Varsóvia. Assim os parâmetros do projeto foram definidos, compondo um veículo com peso na ordem de mais 30 toneladas, com alta mobilidade como prioridade em detrimento ao poder de fogo, devendo ser ainda equipado com canhão de 105 mm. Vários projetos iniciais foram estudados pelo governo alemão, no ano seguinte estes esforços seriam incrementados, quando o governo francês se juntou ao projeto, pois também buscava um substituto comum, para seus antigos blindados de combate de origem norte americana. Desta união de demandas nasceria o conceito do programa “Europa Panzer”, que receberia ainda 1958, a adesão da Itália. Diversas empresas europeias e norte americanas participaram da concorrência, apresentando aos membros do comitê internacional "Europa Panzer", os primeiros protótipos em 1960. Após uma apurada análise comparativa entre todos os concorrentes, o projeto “Model 734” apresentado pela empresa automotiva alemã Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG, foi declarado vencedor da concorrência. Esta decisão, no entanto, levaria a repercussões de ordem política e motivado por sentimentos nacionalistas o governo da França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional que resultaria no futuro no carro de combate MBT AMX 30.
O projeto do novo carro de combate, foi batizado pelo Deutsches Heer (Exército Alemão) como Leopard I, e se tornaria o primeiro Main Battle Tank (carro principal de combate) produzido nacionalmente, do período pós-guerra. Como considerado nas especificações iniciais, este novo tanque estava equipado com uma versão alemã do consagrado canhão inglês, Royal Ordinance L7 de calibre 105 mm, dispunha ainda de completo sistema de proteção NBc (Radiação Nuclear e Química). Em termos de blindagem atendendo aos parâmetros de mobilidade, possuía uma blindagem leve, porém eficiente com capacidade de resistir a rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção. Estas características lhe permitiam atingir uma velocidade máxima de 65 km/h no campo de batalha. Após a finalização de um programa de testes de aceitação, foi assinado entre a Dr. Ing. H.C. F. Porsche AG e o República Federal da Alemanha um contrato para aquisição inicial de 100 carros. A produção em série nas instalações fabris da Krauss Maffei em Munique, foi iniciada em setembro de 1964, com os primeiros carros passando a ser entregues as unidades Deutsches Heer (Exército Alemão) entre setembro de 1965 e junho de 1966. O emprego operacional revelaria qualidades de projeto do Leopard I, passando a despertar o interesse de outras nações pelo modelo (além da Itália), gerando assim contratos de exportações para a Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.

Após a entrega dos três primeiros lotes de carros de combate ao Deutsches Heer (Exército Alemão), vislumbrou-se a oportunidade de implementação de melhoramentos, levando em 1968 ao desenvolvimento do modelo Leopard 1A1, a principal inovação estava baseada no novo sistema de estabilização do canhão, que efetivamente permitia o tiro em movimento, além deste novo carro de combate passar a dispor também de aparatos de proteção ao longo das laterais para proteger a parte superior das lagartas. Este modelo receberia inúmeros contratos de produção tanto do governo alemão, quanto de outros países levando a produção de novas 875 unidades. Vislumbrando um potencial de mercado para o atendimento de   seus clientes iniciais a Krauss Maffei, passou a produzir um kit de atualização, logrando êxito em comercializar centenas destes a diversos países. Neste processo alguns clientes optaram por incluir uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss, alterando assim a estética visual do veículo. Em 1980 um novo plano de modernização foi implementado, incluindo um intensificador de imagens noturnas PZB 200, surgindo a versão 1A1A2, que seria sucedida pelo Leopard  1A1A3 que passaram a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90.
A última versão de produção foi o Leopard 1A1A4, que passou a contar com os sistemas integrado de controle de tiro EMES 12A1 e visão noturna PERI R12, este modelo passou a ser entregue a partir de maio de 1974 tendo atingido a cifra de 250 fabricadas. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T64, -72, T72M1 e T80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos anteriormente sendo elevados a este patamar, tornando esta versão o Leopard padrão.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 1990, a força de carros de combate do Exército Brasileiro estava composta na linha de frente por tanques modernizados M-41B e M4-1C Caxias, que apesar de disponíveis em uma quantidade suficiente já se mostravam ultrapassados quando comparados as ameaças regionais hipotéticas ao país. Se fazia necessário então prover a substituição destes na linha de frente e também neste processo realocar um certo número de M41C Caxias em substituição aos X-1 Pioneiro & X-1A1/A2 Carcará que ainda equipavam dois Regimento de Carros de Combate. O caminho para o atendimento desta demanda começou a tomar forma com a elaboração de um ambicioso programa de modernização denominado como FT-90 ou Força Terrestre 90, dentre as prioridades constantes neste programa estava a aquisição de um substancial lote de carros blindados de nova geração. Estudos de análise de desempenho e capacidade econômica foram realizados, com a equipe técnica do exército se debruçando sobre propostas do modelo francês AMX 30, o alemão Leopard I, o norte americano M-60 e curiosamente até o russo T-80 que chegou a ser avaliado por uma comitiva brasileira em uma viagem a aquele país. Apesar da preferência pender para o modelo alemão, estudos econômicos tornaram a aquisição se carros de combate novos de fábrica como inviável, pois deveria ser inicialmente adquirido mais de 100 unidades o que levaria o valor a um patamar irreal devido as restrições orçamentárias do Ministério do Exército. Assim o programa passou a ser norteado com buscas em compras de oportunidade o que acabou se concretizando mediante oferta do governo belga, envolvendo unidades usadas do carro de combate Leopard 1A1 que se encontravam estocadas, e que eram oriundos do primeiro lote de 334 carros adquiridos entre 1968 e 1971, que haviam sido atualizados na década de 1980 para a versão intermediaria.

Após as tratativas iniciais junto ao governo da Bélgica, foi formada uma Comissão de Aquisição do Exército Brasileiro, que trataria em dezembro de 1994 de identificar e avaliar in loco inicialmente sessenta e um veículos em melhor estado de conservação. As unidades escolhidas deveriam obedecer a critérios basicos eliminatórios, como, vida útil do canhão, quilometragem da transmissão e menor número de horas de uso motor. Após parametrização estatística, seria definido o status do "Carro Médio Padrão" com estes devendo apresentar no máximo 500,8 horas de uso do motor, 3.229 km de quilometragem da transmissão e 172 EFC de vida útil do canhão. Com os carros escolhidos, seria necessário proceder um processo de revisão básica mecânica e seu consequente transporte até o Brasil, sendo neste momento contratada a empresa belga Stiles Antwerp Lt, especializada nestas atividades e homologada como prestador de serviços Forças Armadas Belgas (La Défense). Os Leopard 1A1, seriam recebidos, prevendo a entrega em três lotes com intervalo de quatro meses entres cada remessa. Somente a munição que em regime de exceção seria despachada integralmente com o primeiro lote de carros. Os pagamentos seriam realizados na ordem dos recebimentos dos lotes, sendo no primeiro vinte carros, no segundo mais vinte carros e por fim no terceiro lote vinte e um carros. Uma comissão formada por oficiais do Exército Brasileiro seria encarregada de acompanhar todo o processo até o embarque dos respectivos lotes ao Brasil. Além dos carros seriam despachados do a gama de ferramental existente permanente ao veículo, bem com kits de manutenção até de quarto escalão.
Em vias de se receber o primeiro lote destes veículos, em 17 de maio de 1996, o Ministério do Exército, definiria uma diretriz para a implantação das Viaturas Blindadas de Combate, VBC -CC Leopard 1A1 no Exército Brasileiro. Após o recebimento de todos os carros e o material de apoio, seriam concentrados junto a instalações do Parque Regional de Manutenção/1 (PqRMnt/1) no Rio de Janeiro, e de lá foi distribuído às respectivas unidades entre 1997 e 2000.  Neste meio tempo um contingente de militares brasileiros seria enviado a Bélgica para treinar junto as unidades operacionais daquele exército toda a operação e manutenção do carro de combate Leopard 1A1 em nível de 1º, 2º e 3º Escalões.Fatos importantes marcam esta nova fase da arma blindada no Exército Brasileiro, como a criação em 1996 do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CIBld), responsável pela formação, padronização, modernização e atualização na instrução e adestramento dos futuros combatentes blindados, com este programa sendo iniciado no Rio de Janeiro e depois transferido para Santa Maria no Rio Grande do Sul em 2004. A implementação deste modelo no Brasil proporcionou grande mudanças na sistemática operacional da arma blindada do exército, pois toda uma nova infraestrutura teve de ser criada, indo desde o processo de treinamento, instalações, doutrinas e sistemas de transporte (terrestre ou ferroviário), além de uma variada gama de veículos de apoio e socorro mais adequadas ao porte do novo modelo.

No ano de 1998, o comando do Exército Brasileiro decidiu se pela aquisição de mais sessenta e sete carros de combate da mesma versão recebida anteriormente, atendendo a mesma sistemática, estes carros foram escolhidos, revisado e despachados ao Brasil em lotes, com o último recebido em maio do ano de 2000. Junto com este novo contrato seriam adquiridos também carros na versão Leopard Escola, Leopard Socorro (Bergepanzer Standart), além de outros dois modelos únicos no mundo configurados na versão de socorro Leopard HART (Heavy Armoured Recovery Tank) produzidos pela empresa belga Sabiex. Com esta aquisição a frota de carros Leopard 1A1 passaria a ser de cento e vinte oito unidades, melhorando a distribuição destes carros de combate no Exército Brasileiro. Além do Centro de Instrução de Blindados (CIBld), os Leopard 1A1. Além do Centro de Instrução de Blindados (CIBld), os Leopard 1A1 foram destinados a quatro Regimentos de Carros de Combate alocados nas regiões Sul e Sudeste. Apesar do pródigo início operacional, os carros de combate alemães, que apresentavam inúmeros avanços quando comparados aos carros de combate norte-americanos M-41B e M-41C Caxias, ao longo dos anos seguintes passariam a enfrentar deficiências graves em sua cadeia logística, proporcionando indicies de indisponibilidade não satisfatórios. Pode-se atribuir a este preocupante cenário, a inexistência de qualquer contrato de prestação de serviço com o fabricante referente a manutenção ou fornecimento de peças de reposição, bem com a fatores técnicos decorrente da idade do projeto do carro de combate alemão.  
No anseio padronizar seus meios, o Comando do Exército, assinou no ano de 2008 junto ao governo alemão e a fabricante Krauss-Maffei Wehrtecnik GmbH, um contrato para a aquisição, modernização e manutenção de 250 carros de combate do modelo  Leopard 1A5. Os primeiros lotes deste modelo começaram a ser recebidos no Brasil, a partir de 2009.  O principal objetivo deste programa era além de modernizar sua frota de carros de combate, contar com um constante suporte técnico do fabricante, evitando assim incorrer nos mesmos erros da aquisição dos modelos Leopard 1A1. O recebimento gradativo destes novos carros de combate, permitiram o comando da Força Terrestre a estruturar um plano de desativação gradual dos Leopard 1A1 mais antigos. Este plano definia que dos cento e vinte oito carros originais adquiridos, setenta e quatro, seriam retirados de serviço imediatamente, sendo parcialmente desmontados a fim de proporcionarem um estoque de segurança na cadeia de suprimentos dos novos Leopard 1A5. Dos carros restantes, seria definido que os trinta e nove carros em melhor estado, deveriam ser mantidos em operação, sendo divididos em três esquadrões de treze carros a fim de substituírem os derradeiros M-41 Caxias ainda em uso em alguns Regimentos de Cavalaria Blindada (RCC). Ja os carros restantes seriam destinados para acervo de museus militares.

Em Escala.
Para representarmos o Leopard 1A1 "EB 006047 Itatiaia", empregamos o excelente kit da Revell na escala 1/35. Para compormos a versão brasileira, tivemos de produzir em scratch as quatro caixas de ferramentas que são acondicionadas nas laterais do veículo. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no set  "Forças Armadas Brasileiras".
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os veículos  Leopard 1A1, utilizados desde o recebimento até os dias atuais. Alguns carros foram padronizados com o esquema tático de dois, especula-se que os carros que serão mantidos em serviço venham a adotar o mesmo padrão de camuflagem dos antigos M-41C Caxias.

Bibliografia :

- Leopard 1  - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Leopard_1
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos