REO M-34 G742 em serviço no Brasil

História e Desenvolvimento. 
A Reo Motors Motor Car Company, tem sua origem em 1897, quando o empresário Ransom E. Olds entre outras empresas, fundou a empresa Olds Motor Vehicle Company, corporação esta que no futuro seria responsável pela produção da famosa linha de carros da marca Oldsmobile (que depois passaria a fazer parte da General Motors). Em 1905, Ransom E. Olds deixou a Oldsmobile e fundou uma nova empresa, a qual recebeu o nome de REO Motor Car Company, na cidade de Lansing, Michigan. Olds tinha 52% das ações e os títulos de presidente e gerente geral. Para garantir um suprimento confiável de peças, ele organizou uma série de empresas subsidiárias como a National Coil Company, a Michigan Screw Company e a Atlas Drop Forge Company. Originalmente, esta nova empresa deveria ser chamada de "R. E. Olds Motor Car Company", porém ações legais movidas pela Olds Motor Vehicle Company com base na indução ao erro por parte dos consumidores, motivou Ransom a mudar o nome para suas iniciais. O nome da empresa era escrito alternadamente em todas as capitais REO, ou com apenas um capital inicial como Reo. Rapidamente a linha de carros de passeio como o Reo Flying Cloud, lançado em 1927 e modelo Reo Royale 8 lançado em 1931 se tornariam grandes sucessos comerciais, gerando assim recursos necessários para o lançamento de veículos de maior porte como os caminhões. Os veículos desta nova série eram representados pelos caminhões REO Fire Truck lançado em 1934, REO BUS e o REO Speed Wagon Truck lançado em 1936, rapidamente conquistariam boas vendas no mercado norte americano. Apesar destes êxitos problemas na gestão da empresa criariam cenários de instabilidade financeira e fiscal, levando a empresa a abandonar a fabricação de carros de passeio no ano de 1936, focando todos seus esforços na produção de caminhões.

No início do ano de 1939 a R. E. Olds Motor Car Company atingiu seu estágio de maior dificuldade financeira, chegando inclusive a interromper sua linha de produção em função da quebra no fluxo de componentes face a inadimplência junto a seus fornecedores. Este cenário só seria alterado a partir do ano seguinte, quando o governo norte americano passou a apoiar uma série de indústrias, tendo como objetivo preparar a cadeia produtiva necessária ao reequipamento e rearmamento das forças armadas americanas face sua iminente participação na Segunda Guerra Mundial. Neste contexto as linhas de produção da Reo se juntaram ao esforço de guerra norte americano, passando a fabricar uma grande gama de componentes militares, entre eles motores e caminhões de porte médio para diversas aplicações militares. Assim a REO Motor Car Company  passou a ser um dos principais fabricantes sob licença do caminhão 6X6 Studebaker US6, totalizando 22.204 caminhões entregues até fins de 1945, muitos deles destinados a União Soviética para o atendimento dos termos do acordo Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Estes contratos governamentais possibilitaram a empresa uma estabilidade financeira que não era percebida há anos, o término do conflito levaria uma desaceleração gradual na demanda de caminhões. Apesar de se mostrar um fenômeno positivo a médio prazo a empresa decidiu derivar seus negócios, lançando uma divisão de cortadores de grama movida por motores a gasolina em 1946. Esta decisão se mostrou acertada três anos depois, quando o mercado de caminhões se reduziu drasticamente, gerando assim os recursos mínimos necessários para a empresa a sobreviver durante esse período.
A importante aprendizado representado com a produção de caminhões militares durante a Segunda Guerra Mundial, levaria a direção da REO  Motor Company, a desenvolver uma nova geração de caminhões militares, se antevendo assim a uma possível necessidade de renovação da frota de caminhões militares das foças armadas americanas. Estes estudos culminariam no projeto de um caminhão médio com tração 6X6 denominado pelo fabricante como REO M-34. Como antevisto, próximo ao final da década de 1940 o Exército Americano (US Army) iniciou estudos visando o desenvolvimento e um novo caminhão militar 6X6.  Esta concorrência seria de grande importância tendo em vista a necessidade de substituição da imensa frota de veículos composta pelos veteranos GMC CCKW e Studebaker, que estavam em serviço desde o início da década de 1940 e demandavam urgência na renovação. Uma concorrência em âmbito nacional foi aberta com o projeto da REO Motor Car Company sendo declarado vencedor em 1949, o modelo designado M-34, era um caminhão médio com tração 6X6 e capacidade de carga de duas toneladas e meia, estando equipado com um motor a gasolina OA-331 Continental I-6. Testes e avaliações realizadas pelo corpo técnico de material do Exército Americano (US Army) validaram a operacionalidade do modelo, levando a celebração de um contrato inicial para a produção de 5.000 caminhões que começaram a ser produzidos na planta industrial da empresa em Lansing, no estado de Michigan. Os primeiros caminhões REO M-34 produzidos foram entregues as unidades motomecanizadas do Exército Americano (US Army) a partir de fevereiro de 1950.

Seu batismo de fogo ocorreu durante a Guerra da Coreia (1950-1953), quando centenas caminhões do REO M-34 foram enviados a linha de frente no teatro de operações daquele conflito. Durante seu emprego em missões reais o novo caminhão passou a ser popularmente chamado pelas tropas americanas como "Eager Beaver", sendo esta denominação sendo atribuída ao modelo devido à sua capacidade de atravessar rios e córregos em terrenos adversos. No entanto dificuldades e problemas também foram identificados após o uso, levando a necessidade de alterações no projeto original. Essas melhorias visavam potencializar o desempenho do veículo em terrenos adversos, com a mudança visual mais perceptiva representada pela inclusão de conjuntos duplos de pneus nos eixos traseiros. Esta modificação tinha por objetivo de aumentar a capacidade de transporte e facilitar o deslocamento em trechos fora de estrada. Outro ponto negativo na operação do REO M-34 era representado pela potência insuficiente do motor a gasolina OA-331 Continental  I-6 de seis cilindros, sendo este conjunto substituído um novo motor multi combustível, muito mais eficiente que o original a gasolina. Estas alterações culminariam em uma nova versão denominada REO M35, que passou imediatamente a ser produzida como parte do contrato inicial. Após a guerra da Coreia, a Reo Motors Motor Company, foi vencida pela General Motors Co. em uma concorrência para a obtenção de novos contratos de produção junto ao Exército Americano. Apesar deste duro golpe o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, traria novos contratos de compra onde a REO Motor Car Company novamente passou a produzir o modelo.
A adoção em larga escala do novo modelo REO M-35 e suas variantes especializadas, automaticamente relegaria os caminhões REO M-34 a atividades de segunda linha, com grande parte da frota em serviço, sendo transferida sistematicamente para unidades de reserva do Exército Americano (US Army) e da Marinha Americana (US Navy), ou ainda para estocagem como excedente militar, a fim serem incluídos em programas de apoio militar a nações estrangeiras. Em seu país de origem os últimos veículos permaneceram em serviço na Guarda Nacional (National Guard) somente até fins do ano de 1967, onde foram a seguir completamente suplantados por seu sucessor. Os veículos armazenados seriam disponibilizados a nações amigas nos termos do Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar), durante os anos seguintes, como Argentina, Áustria, Brasil, Camboja, Canada, Chade, Chile, Colômbia, República Democrática do Congo, Djibuti, República Dominicana, Egito, El Salvador, Grécia, Guatemala, Honduras, Israel, Ira, Jordania, Laos, Libano, Libéria, Mexico, Marrocos, Nicaragua, Paquistão, Panamá, Filipinas, Coréia do Sul, Portugal, Arabia Saudita, Sudão, Tailandia, Tunísia, Turquia, Venezuela e Vietnã do Sul (o maior operador estrangeiro desta família de caminhões). Centenas destes veículos permanecem em serviço ativo até os dias atuais.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial o Exército Brasileiro vivenciou uma experiencia única em termos de capacidade de mobilização de suas tropas e cargas, este processo foi proporcionado pela adesao do país ao esforço de guerra aliado em 1942, passando as forças armadas brasileiras a receber até fins de 1945, mais de cinco mil caminhões militares das séries GMC CCKW, Corbitt, Diamond e Studebaker US6G, fornecidos nos termos programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). No entanto em fins da década seguinte esta operacionalidade estaria comprometida nao só pelo desgaste natural da frota, mas principalmente na problemática encontrada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de 10 anos). Este cenário causava extrema preocupação ao comando do Exército Brasileiros, pois afetava perigosamente sua capacidade operacional, gerando assim a necessidade em curto prazo de soluções que pudessem atender a esta demanda. Em termos básicos a solução mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os caminhões da família REO M-34 e M-35. Porém o investimento necessário para uma aquisição deste porte se pautava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro naquele período. Estudos mais realistas apontavam, para três soluções complementares, sendo a primeira a aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos, a segunda estudos referentes a possível repotenciação dos caminhões GMC Série CCKW e Studebaker US6G, e a terceira a adoção de caminhões comerciais militarizados para o cumprimento de missões secundarias. A combinação destas três alternativas poderia devolver ao Exército Brasileiro sua operacionalidade fundamental, infelizmente os estudos referentes a repotenciação  dos caminhões GMC CCKW e Studebaker  US6G não seriam recomendados, devidos a aspectos de alto custo de implantação e inexistência de nível técnico adequado (muito em função de nunca ter de ser realizado no país um programa de modernização desta magnitude).

Neste mesmo período o governo brasileiro intensificava seu apoio ao estabelecimento de uma indústria automotiva nacional, atraindo ao país diversas montadoras internacionais. Assim desta maneira o projeto de substituição da frota de caminhões militares passou a ser norteado também por esta política, neste contexto a preferência seria dada para a FNM (Fábrica Nacional de Motores), que mantinha acordo comercial junto a montadora italiana Alfa Romeo. Neste pacote seriam oferecidos ao Exército Brasileiros versões militarizadas dos modelos civis FNM D-9500 e FNM D-11000 que passaram a ser adotados a partir do início da década de 1960. Apesar de serem veículos robustos e de fácil manutenção, os modelos produzidos localmente, não eram em sua essência veículos militares e não apresentavam a capacidade de desempenho operacional em um ambiente fora de estrada, o que limitaria a substituição total dos antigos caminhões GMC CCKW, G-506 Corbitt e US6G Studebaker. Assim como a opção inicial passava a ser descartada como solução ideal, optou se por adquirir uma limitada quantidade de veículos da FNM, que seriam destinados a tarefas secundarias. De volta ao problema original, o governo brasileiro passou a buscar no mercado internacional um modelo que viesse a preencher estas necessidades. Tendo em vista a grande quantidade de caminhões (preferencialmente com tração 6X6) que deveriam ser adquiridos a curto e médio prazo, buscava se também preferencialmente um pacote que abrangesse a abertura de uma linha de crédito internacional para o pagamento desta compra de veículos.
Os valores e condições observados para a aquisição de veículos novos junto ao mercado internacional, se mostraram proibitivos quando analisados em face a dotação orçamentaria prevista para este programa de reequipamento.  A partir desta realidade de limitação financeira, definiu-se que a melhor opção em termos de custo e benefício seria a aquisição de caminhões militares usados. Neste contexto os esforços seriam concentrados junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano, tendo em vista que este país ainda era o principal parceiro militar deste a Segunda Guerra Mundial. Assim consultas foram feitas junto ao Departamento de Defesa Americano visando a possível aquisição de caminhões militares usados, classificados como “excedente militar”, se valendo para isto dos termos do Programa de Assistência Militar – Brasil Estados Unidos (MAP) que fora celebrado anteriormente em 15 de março de 1952 entre os presidentes Getúlio Vargas e Harry Truman. Estas negociações evoluíram para o fornecimento de um grande pacote de assistência militar, englobando carros de combate, blindados de transporte de tropas, veículos leves e caminhões militares, que atenderiam a tão necessária renovação dos meios do Exército Brasileiro. Em termos de caminhões militares com tração 6X6 este pacote contemplava o recebimento de mais de 2.000 unidades (estimativas, pois não dispomos dados oficiais) usados em bom estado de conservação constantes das reservas do Exército Americano (US Army). Este lote seria dividido entre os modelos REO M-34 e REO M-35 abrangendo além das versões de transporte, variantes especializadas como os REO M-109 Oficina, M-47 Basculante, M-34 Talha e REO M-60 Light Wrecker. As primeiras unidades recebidas a partir de 1958, eram do modelo M-34 REO G-742, sendo seguidas a partir de 1965 pelos REO M-35 A2C, permitindo assim ao Exército Brasileiro recuperar grande parte de sua mobilidade operacional.

Em serviço no Exército Brasileiro, os REO M-34 foram empregados principalmente em missões de transporte de tropas, cargas, reboque de peças de artilharia e demais funções não especializadas de logística. Participaram ainda ativamente in loco das missões de apoio ao contingente pelo Exército Brasileiro em apoio aos contingentes enviados pelo país, para compor as tropas empregadas junto a Força Emergencial das Nações Unidas - UNEF (United Nation Emergencial Forces), na pacificação do conflito entre Israel e Egito. Vale citar também o emprego do REO M-34 junto ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, que nos termos do Programa de Assistência Militar – Brasil Estados Unidos (MAP) veio a receber pelo menos 40 unidades do modelo que foram entregues no início da década de 1960 e foram empregados junto ao 1° Batalhão de Infantaria da Força Naval - Riachuelo, sendo usados em inúmeros exercícios de operações de desembarque anfíbio, durante as duas décadas seguintes. A partir de meados da década de 1970, tanto os REO M-34 como os M-35, já apresentavam os sinais de desgaste operacional e necessitavam ser substituídos gradativamente a médio e longo prazo. Neste momento a indústria automobilística nacional já estava em processo de consolidação, e no segmento de caminhões, a subsidiária brasileira da Mercedes-Benz despontava como líder, e em conjunto com empresa Engesa S/A, passava a apresentar as Forças Armadas Brasileiras, soluções em veículos militarizados, que podiam atender plenamente as necessidades operacionais. O recebimento desta nova geração de caminhões especialmente configurados para operações em ambientes fora de estrada, relegaria os REO M-34 a tarefas de segunda linha, permanecendo em operação até os primeiros anos do século XXI, quando enfim foram desativados, contando com apenas alguns veículos preservados em suas unidades.
O grande número de caminhões REO M-34 armazenados nas unidades do Exército Brasileiro, motivaria a equipe técnica do Parque Regional de Manutenção da 1º Região Militar (Pq R Mnt/1), no Rio de Janeiro, a desenvolver estudos visando aproveitar a estrutura original destes veículos, para a criação de caminhão com tração 4X4 de pequeno porte.  Derivado do REO M-34 original, esta versão com chassi "encurtado" e com redução de peso de 1 tonelada, apresentava dimensões próximas ao descontinuado caminhão Engesa EE-15 e ao Mercedes Benz Unimog U100L, podendo assim ser facilmente aerotransportado pelas aeronaves da Força Aérea Brasileira, quando a serviço das Brigadas de Infantaria de Paraquedistas (BDAInFPqdt). O primeiro protótipo denominado como VTNE ½ Ton (Viatura de Transporte Não Especializado) Candiru I, foi concluído no ano de 2004 e submetido a um grande programa de testes de campo. Apesar de apresentar resultados promissores, este projeto não evoluiria além da fase de protótipo, com a decisão sendo influenciada pela aquisição de veículos de perfil semelhantes "novos de fábrica" 

Em Escala.
Para representarmos o caminhão REO M-34 "EB 341204111", empregamos o kit Revell na escala 1/35 (apesar que as dimensões do mesmo aparentam pertencer a escala 1/32). Modelo este, de fácil montagem, porém carece de qualidade de acabamento de injeção e baixo nível de detalhamento, sendo necessários proceder estes refinamentos em scratch. Para compor a versão nacional fizemos uso de decais diversos presentes no set "Forças Armadas Brasileiras 1983 - 2003", confeccionados pela Eletric Products.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura tática empregado nos REO M-34 a partir de 1983, com este esquema de camuflagem em dois tons substituindo o padrão original total em olive drab, no qual os veículos foram recebidos a partir de 1958.



Bibliografia :

- M-35 2½ ton cargo truck - http://en.wikipedia.org/wiki/M35_2%C2%BD_ton_cargo_truck
- Caminhão Candiru I 4X4 - Uma Solução Nacional – Expedito Carlos S. Bastos
- M-34 e M-35 REO Serie, Olive Drab -  http://olive-drab.com/od_mvg_www_deuce_m35.php