História e Desenvolvimento.
Os governos europeus, a partir da segunda metade da década de 1930, passariam a presenciar um forte programa de rearmamento por parte Alemanha, que apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) avançava em escaramuças a passos largos. O governo alemão, que era regido partido nacional socialista (Partido Nazista) e liderado pelo chanceler Adolf Hitler, começava a esboçar preocupantes ambições em termos de expansão territorial na Europa. O plano secreto de fortalecimento militar alemão, estava focado no desenvolvimento de novos conceitos e doutrinas militares, que acabariam resultando no conceito da Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), um revolucionário método de guerra ofensiva projetado para desferir um golpe rápido e focado em um inimigo usando forças móveis e manobráveis, incluindo tanques blindados e apoio aéreo. Este conceito apresentava como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, que deveriam apresentar como principal característica a combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Assim os tanques seriam desenvolvidos para serem superiores aos seus pares disponíveis na época. Do outro lado do atlântico, estas ameaças não passavam desapercebidas aos olhos do Exército dos Estados Unidos (US Army), levando nesta mesma época a criação de um ambicioso programa de estudos visando o desenvolvimento de blindados que pudessem a rivalizar com os novos carros de combate alemães. Esta iniciativa previa a criação de uma variada gama de veículos, envolvendo desde blindados sobre rodas a carros de combate leves e médios, visando assim proporcionar uma melhoria de sua capacidade ofensiva em confrontos terrestres. A fim de atender a esta demanda em julho de 1941, o Departamento de Defesa Americano, iniciaria estudos para o desenvolvimento de um novo carro antitanque leve, que apresentava como objetivo substituir o já obsoleto e não adequado carro blindado sobre rodas GMC M-6 Gun Motor Carriage (uma versão customizada do utilitário General Motors GMC WC-5 com tração 4X4). Os parâmetros desta concorrência definiam um veículo blindado leve sobre rodas com tração integral do tipo 6X6, devendo estar armado primordialmente com um canhão de 37 mm instalado em uma torre giratória e com duas metralhadoras Browning calibre .50 para autodefesa.
Diversas propostas seriam apresentadas em atendimento a esta demanda, com o Departamento de Defesa Americano (DoD - Department of Defense) passando a selecionar uma lista finalista para análise, envolvendo as propostas da Studebaker Automotive Company com seu modelo T-21, da Ford Motors Company com seu modelo T-22 e por fim a Chrysler Automotive Company com seu modelo T-23. Como estas propostas se mostravam conceitualmente em âmbito de projeto, uma linha de financiamento governamental deveria ser aberta para a construção de protótipos destes modelos, visando assim promover uma análise comparativa destes carros blindados em testes de campo competitivos. Os resultados apresentados nesta fase, levariam a decisão a pender favoravelmente para o modelo T-22 da Ford Motors Company, porém apresentando importantes ressalvas, levando o corpo de engenharia da empresa a estudar e implementar uma série de melhorias a fim de sanar as deficiências identificadas neste processo. Neste estágio, porém já estava clarificado que o canhão de 37 mm, já não se apresentava como eficaz contra as blindagens frontais e laterais dos novos carros de combate alemães, que passavam a adotar armas de maior que calibre e melhor blindagem. Esta combinação tornaria o Ford T-22 uma presa fácil , pois sua blindagem fora originalmente desenvolvida para suportar apenas o impacto de armas leves, limitando em muito sua capacidade de sobrevivência no campo de batalha. Apesar deste contexto, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), decidiria por seguir com este projeto, com esta decisão sendo profundamente influenciada pelo intensificar das tensões políticas na Europa e no Pacífico, demandando então grande urgência na implementação de um vasto programa de reequipamento. Neste momento seria decidido que o novo veículo blindado passaria a ser especificadamente empregado em missões de reconhecimento do campo de batalha, com seu projeto recebendo uma grande gama de alterações para o atendimento destas novas demandas. Apesar do seu conceito original ser rapidamente customizado, o novo veículo que agora recebia a designação de M-8 enfrentaria grande problemas de ordem burocrática referentes a celebração de seu contrato de produção. Estes entraves causariam um grande atraso no cronograma original de produção, como os primeiros veículos passando a serem produzidos em série apenas em meados do mês de março do ano de 1943.
Neste contexto, este novo veículo receberia a designação de M-8, e apesar das definições sobre as alterações necessárias no projeto e desing para adequação a este novo escopo de missão, seu cronograma de produção esbarraria em diversos problemas de ordem contratual, atrasando assim seu início de produção em série até pelo menos meados do mês de março de 1943. Logo em seguida os primeiros Ford M-8 começariam a ser entregues para o Exército dos Estados Unidos (US Army), curiosamente seriam inicialmente rejeitados pelo Exército Real (Royal Army), em detrimento a escolha do Chevrolet T-17E1 Staghound, 6X6. Posteriormente ao ser incluído como item constante no programa de Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), passaria enfim a equipar durante o conflito, não só as forças britânicas onde seria batizado como “Greyhound” como também as forças francesas livres e o Exército Brasileiro. O conceito do emprego operacional seria o de prover as divisões de infantaria e as divisões blindadas, a capacidade de reconhecimento avançado no campo de batalha, servindo assim como os "olhos e ouvidos" das forças terrestres. Nesta atividade a velocidade e a agilidade na linha de frente, seriam preteridas em detrimento poder de fogo e armadura. Quando em marcha, a missão da cavalaria blindada era o de fazer contato no momento mais propicio, visando atacar conquistar e manter as posições almejadas. Neste papel, cabia as unidades de reconhecimento, identificar e fazer contato antecipadamente contingentes hostis, relatando sua força, composição, disposição e movimento, podendo assim proporcionar ao corpo principal aliado tempo hábil para elaboração de estratégias e táticas para o futuro enfrentamento. Já durante as operações de retirada, estas mesmas unidades equipadas com os Ford M-8 Greyhound seriam responsáveis por implementarem uma força de triagem junto as unidades principais, auxiliando na organização deste processo. Seu batismo de fogo ocorreria no início de julho de 1943, quando seria deflagrada a invasão da Sicília pelos Aliados, codinome Operação Husky, nesta campanha após a primeira leva de desembarques e a consequente conquista da cabeça de ponte, dezenas de veículos deste modelo seriam trazidos a praia, onde seriam empregados em missões de reconhecimento. Neste cenário o Ford M-8 Greyhound lograria grande êxito, não só por sua agilidade e velocidade nos deslocamentos, mas também por estar equipado com melhor sistema de rádio de longo alcance existente até então. Estas características positivas levariam o modelo a manter um elemento de surpresa e reduzir a chance de ser ouvido pelo inimigo. Por causa disso, estes carros blindados no Terceiro Exército do General George Patton eram conhecidos como "fantasmas de Patton", uma vez que eram difíceis de detectar.
O modelo se faria presente nas principais batalhas realizadas ao longo do conflito, curiosamente assumindo no teatro de operações do Pacífico, a missão de destruidor de tanques, já que a maioria dos carros de combate japoneses dispunham de uma leve blindagem que era vulnerável ao canhão de 37 mm do M-8 Greyhound. Superados os problemas e rejeições iniciais, a plataforma do Ford M-8 Greyhound passaria a ser cogitada para o desenvolvimento de uma versão de carro comando, substituindo assim os derradeiros Cadillac 1914 (variante blindada produzida sobre a plataforma de um veículo de passeio). Isto se dava principalmente em função do novo ambiente de guerra moderna, onde a alta mobilidade no campo de batalha, demandava um veiculo para o transporte dos comandantes dos batalhões motorizados de infantaria até a linha de frente de batalha, proporcionando uma leve proteção blindada contra armas de fogo de baixo calibre e estilhaços permitindo assim que os oficiais pudessem atuar o mais próximo possível do front de batalha. Fazendo uso da plataforma original do Ford M-8 Greyhound (mesmo chassis e estrutura), o projeto seria rapidamente desenvolvido, eliminando principalmente a torreta giratória do canhão de 37 mm, e em seu lugar passava a se projetar uma nova extensão vertical da blindagem, podendo ainda ser incluído nesta base um anel giratório de 360 graus, que permitiria a instalação e operação de uma metralhadora antiaérea Browning calibre .50 para autodefesa. Este novo blindado, seria ainda equipado com um moderno sistema de rádio de longo alcance para uso dos comandantes em todo o campo de batalha, podendo ainda se comunicar com facilidade com as estações de retaguarda. Este novo modelo de veículo blindado de comando sobre rodas com tração 6X6 receberia no Exército dos Estados Unidos (US Army), inicialmente a designação de M-10 Armored Utility Car, porém logo em seguida para evitar problemas de identificação com o blindado de combate caça tanques Fisher Body M-10 Wolverine, teria sua designação alterada para M-20 Armored Utility Car. Seu batismo de fogo se daria também durante os meses de setembro e outubro durante as fases finais da Operação Husky – Invasão da Sicília na Itália. O modelo ser faria presente em todas as importantes batalhas que viriam a ocorrer no processo de retomada a Europa entre os anos de 1944 e 1945.
Ao longo Segunda Guerra Mundial, seu emprego operacional derivaria para também o emprego como veículo blindado reconhecimento do campo de batalha e transporte de cargas especiais. Nesta última tarefa, centenas destas viaturas seriam convertidas para transportadores táticos, ganhando grande importância entre as fileiras aliadas, pois sua grande mobilidade, velocidade e principalmente blindagem geravam um grande diferencial quando comparados aos caminhões militares normais como os GMC CCKW e Studebaker US6G. Neste modal seriam então preferidos para o transporte de cargas especiais (principalmente munição) em cenários de conflagração próximo a linha de frente, complementando assim o trabalho dos veículos convencionais de transporte. O modelo seria produzido com exclusividade nas linhas de montagem da Ford Motors Corporation, em sua planta automotiva na cidade de Saint Paul, no estado de Maine. Entre junho de 1943 e julho de 1945, seriam produzidos três mil setecentos e noventa e um veículos deste modelo. Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, os Ford M-20 Armored Utility Car, seriam novamente empregados em apoio e comando a missões reais de combate durante o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra da Coreia (1950 - 1953). Na segunda metade desta mesma década, restavam em serviço nas forças armadas norte-americanas apenas uma pequena parcela da frota original, com estes blindados de comando passando a ser concentrados em apenas cinco regimentos de cavalaria blindada. Neste mesmo momento o restante destes veículos em condições operacionais, seriam classificadas como "excedente militar" e armazenadas com a finalidade de serem posteriormente disponibilizados a nações amigas nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program). A França se tornaria o maior operador de pós-guerra do Ford M-20, tendo recebido dezenas de unidades entre os anos de 1945 a1954, sendo muito empregados na Primeira Guerra Indochina servindo até o termino do conflito sendo doados ao Exército da República do Vietnã. (ARVN). A Legião Estrangeira Francesa (FFL) também empregaria este blindado durante a Guerra de Independência Argelina (1954 – 1962). Neste mesmo continente o Ford M-20 seria utilizado pelas Forças Armadas Belgas, operando em conjunto com as forças de defesa da Force Publique no Congo Belga.
Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo. Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário levaria a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência em equipamentos, armamentos e doutrina. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. Seria decidido também pelo presidente Getúlio Vargas, que o país enviaria um contingente expedicionário para ajudar no esforço aliado no teatro europeu de operações.
Esta decisão culminaria assim no dia 9 de agosto de 1943, na criação do Corpo Expedicionário que seria conhecida popularmente como Força Expedicionária Brasileira (FEB). Este grupamento seria estruturado nos mesmos moldes do Exército dos Estados Unidos (US Army), havendo assim a necessidade de se contar com diversas unidades mecanizadas para apoio, transporte e reconhecimento. Ao seguir a sistemática norte-americana estas unidades deveriam ser dotadas com inúmeros veículos blindados, que seriam assim dedicados a diversas tarefas especializadas, como os modelos Ford M-8 Greyhound , White Motors M2 Half Track e Ford M-20 Armored Utility Car. Assim estes mesmos modelos deveriam ser fornecidos em grandes números ao Exército Brasileiro, porém ao contrário do esperado e sem explicações ou registros oficiais, seriam cedidos este veiculas em quantidades inferiores as necessidades reais demandadas por um contingente das proporções do brasileiro e curiosamente nenhum veículo de comando blindado Ford M-20 Armored Utility Car seria entregue no teatro de operações da Itália, aos efetivos da Força Expedicionária Brasileira (FEB), ficando assim o 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária equipado somente com os quinze veículos do modelo Ford M-8 Greyhound. Esta definição deixaria então comando do Exército Brasileiro no front italiano, sem a opção de contar com modelo de carro comando blindado, fazendo uso então nas linhas de retaguarda dos modelos especializados não blindados como os modelos Dodge WC-56 e Dodge WC-57 Command Car. Paralelamente ainda durante a Segunda Guerra Mundial, em 1944 o Exército Brasileiro receberia no país em meados do ano de 1944, ainda nos termos do programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos, vinte carros blindados Ford M-8 Greyhound e dois carros comando do modelo Fod M-20 Armored Utility Car. Estas novas incorporações de veículos blindados sobre rodas, aumentariam a capacidade de mobilidade da Força Terrestre Brasileira, sendo inicialmente distribuídos entre as unidades blindadas de infantarias sediadas no Rio de Janeiro. Esta movimentação permitiria ao Exército Brasileiro, concentrar os primeiros carros blindados sobre rodas com tração integral 6X6 em serviço, do modelo Ford T-17 Deerhound, na região Sul do país.
Após a rendição das foças armadas alemães em 8 de maio de 1945, todo contingente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) seria desmobilizado, e neste momento teria início o processo de repatriamento das tropas, veículos e equipamentos pertencentes ao Exército Brasileiro, com os blindados remanescentes do modelo Ford M-8 Greyhound "Italianos", sendo despachados ao Brasil por via naval em navios da Marinha Americana (US Navy). Após seu recebimento no porto do Rio de Janeiro, estes blindados de reconhecimento seriam concentrados em um só esquadrão, passando a operar juntamente com os dois carros comando Ford M-20 Armored Utility Car. A estes se juntariam mais vinte Ford M-8 Greyhound e pelo menos quatro M-20 que seriam recebidos no final do mesmo ano, permitindo assim de imediato o Exército Brasileiro expandir seu leque operacional, sendo integrados as unidades de reconhecimento mecanizado, com este esquadrão passando a ser considerado como o embrião da cavalaria mecanizada no Brasil, preparando finalmente a transição da doutrina hipomóvel para a mecanizada. Nesta fase o 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (Esqd Rec Mec) era detentor de uma grande experiencia operacional adquirida no calor do combate durante a Segunda Guerra Mundial, o que seria determinante para assim fomentar o desenvolvimento do embrião da cavalaria mecanizada no Brasil. Este processo seria de grande importância no processo de modernização da Força Terrestre, fazendo finalmente a transição da doutrina operacional hipomóvel para a mecanizada. Toda essa evolução ajudaria o Brasil, a continuar como potência militar da América do Sul e principal cavalaria da região, com a rápida adequação motomecanizada de suas tecnologias de combate ligeiro, de reconhecimento, segurança e ataque na vanguarda. Registros não confirmados, informam ainda o recebimento no início da década de 1950 de pelo pelo menos mais cento e quatorze veículos do modelo Ford M-20 Armored Car, oriundos dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army), agora dispostos nos termos do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP), este novo. Pela primeira vez em sua História o Exército Brasileiro tinha a seu dispor uma completa e moderna frota de veículos destinados a múltiplos empregos. Pela primeira vez os carros comando Ford M-20 Armored Utility Car, passariam a operar em conjunto com os Ford M-8 Greyhound e demais modelos e carros blindados, aplicando neste momento o conceito completo de um carro de comando e controle.
Neste momento, pela primeira vez nos treinamentos operacionais, os oficiais de comando do Exército Brasileiro podiam operar avançando na linha de frente, em uma profundidade que anteriormente seriam impensáveis de se imaginar em carros comando convencionais não blindados como os Dodge WC-57 Command Car. Como quesito qualitativo, o sistema de rádio de última geração de longo alcance, passaria a representar um diferencial fundamental conectando as toda a força mecanizada. No final de 1947, seria promovido no Exército Brasileiro, uma profunda reorganização operacional, processo este que englobaria todos os esquadrões e unidades, entre estes diretamente o 4º/ 2º Regimento de Cavalaria Divisionária – R.C.D, baseado na cidade de São Borja no interior do Rio Grande do Sul, com este sendo posteriormente redenominado como 2º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado (Esqd Rec Mec). Neste momento este grupamento em substituição aos carros de combate leves M-3A1 Stuart, passaria a receber para sua dotação oito viaturas blindadas sobre rodas Ford M-8 Greyhound, cinco carros blindados meia lagarta White Motors M-2A1 e um dos dois carros comando, Ford M-20 Armored Utility Car. Desta maneira este esquadrão seria o segundo grupo a operar este modelo de blindado de comando, com grade proficiência nos anos seguintes. Em 15 de janeiro de 1954 o presidente Getúlio Vargas sancionaria o decreto federal de número 34.946, alterando a denominação desta unidade para 13º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada (RCMec) – Regimento Anhanguera, sendo neste momento transferido com seu pessoal e material para a cidade de São Paulo. Ao longo dos anos seguintes, o binômio composto pelos blindados sobre rodas M-8 Greyhound e M-20 Armored Utility Car teriam destacada participação nas mais importantes manobras militares no estado de São Paulo. Porém esta viatura se tornaria notária aos olhos dos públicos durante a realização dos desfiles do 7 de setembro na cidade de São Paulo, sempre participando da abertura do cerimonial passando a ser um velho conhecido de todos. O Ford M-20 Armored Utility Car, seria empregado ainda por militares brasileiros em um cenário real de conflagração, quando da participação de diversos contingentes do Exército Brasileiro, que passariam a compor a Força Multinacional de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas), durante a Crise do Canal de Suez (1957-1967). Nesta iniciativa, pelo menos cinco destes carros de propriedade do Exército Americano (US Army), seriam cedidos em regime de comodato, a fim de serem operados por militares brasileiros durante participação brasileira neste esforço multinacional de paz.
Apesar de sua grande contribuição a força mecanizada, a já envelhecida frota dos M-8 e M-20 passava a apresentar preocupantes índices de disponibilidade, principalmente ocasionados por graves problemas no processo de obtenção de peças de reposiçao para os antigos motores a gasolina Hercules JXD 6 cilindros de 100 hp . Este cenário levaria aos primeiros estudos realizados pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2), em São Paulo, que visam promover processo de remotorização e modernização de uma variada gama de veículos militares de origem norte-americana. Este programa englobaria a substituição da caixa de câmbio manual, sistema de transmissão, freios, suspensão, parte elétrica, incluindo também a troca de seu motor original a gasolina, por um conjunto nacional a diesel Mercedes-Benz OM 321 6 cilindros de 120 hp de potência. Estes trabalhos seriam executados junto as oficinas do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo, com a fase de elaboração e testes dos protótipos entre os anos de 1968 e 1969. Os testes apresentariam resultados extremamente satisfatórios, levando a Diretoria de Motomecanização (DMM) a decidir pela aplicação deste programa em pelo menos mais cento e vinte Ford M-8 Greyhounds e alguns poucos Ford M-20 Armored Car. A plataforma do M-20 serviria de base para estudos de uma versão lança foguetes através da instalação de uma torre lançadora desenvolvida pelo Arsenal de Guerra da Urca, operando em modo semelhante ao sistema russo Katiusha , com um exemplar sendo produzido pela Diretoria de Pesquisa e Ensino Técnico do Exército (DPET). Esta solução chegou a ser testada, mas não entrou em produção, mesmo sendo um protótipo o veículo foi apresentado oficialmente em 28 de junho de 1966, participando de diversos desfiles. Por fim o processo de modernização seria realizado com êxito total até fins do ano de 1972, não só pela recuperação da capacidade operacional da Força Terrestre, mas também pela obtenção de grande experiencia e qualificação teórica e prática que permitiria ao corpo técnico de engenharia do Exército Brasileiro. Este programa seria concluído com pleno êxito em fins do ano de 1972, com este processo permitindo estender a vida útil dos dois Ford M-20 Armored Utility Car, até fins do ano de 1986, quando estes e os M-8 Greyhound seriam substituídos pelos novos blindados sobre rodas da Engesa EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu.
Em Escala.
Para representarmos o Ford M-20 Armored Utility Car "EB10-301“empregado como veículo comando do 13º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada (RCMec) – Regimento Anhanguera, optamos pelo antigo e raríssimo modelo produzido pela Monogram, na escala 1/32. Dispondo de um interior completamente despojado de detalhamento, procedemos a inclusão de todo o equipamento de rádio e assentos da tripulação. Empregamos decais produzidos pela Eletric Products presentes no set Exército Brasileiro 1944 - 1982.
O esquema de cores descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelos blindados pertencentes ao Exército dos Estados Unidos (US Army), durante a Segunda Guerra Mundial quando do recebimento dos veículos blindados Ford M-20 Armored no Brasil. Estes carros receberiam apenas as marcações nacionais, mantendo este esquema até a sua desativação no ano de 1986. Duas viaturas seriam preservadas, com uma delas recebendo o esquema de pintura camuflado em dois tons, adotado pelo Exército Brasileiro a partir de 1983.
Bibliografia :
- Blindados no Brasil - Volume I – Expedito Carlos Stephani Bastos
- Origem do Conceito 6X6 do Veículo Blindado no Exército Brasileiro - http://www.funceb.org.br/images/revista/20_1n8q.pdf