Douglas B-26C e A-26C Invader

História e Desenvolvimento.
A Douglas Aircraft Company seria fundada pelo empresário Donald Wills Douglas no dia 22 de julho de 1921 na cidade de Santa Monica no estado da Califórnia nos Estados Unidos, após a dissolução da Davis-Douglas Company. Um de seus primeiros marcos de notoriedade seria conseguido a partir de 1923 com o programa "World Flight", uma demanda do Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USASS), que objetiva circum-navegar a Terra pela primeira em aeronaves. Atendendo a esta demanda, a empresa proporia o emprego de um modelo modificado do bombardeio biplano Douglas DT, esta aeronave ficaria conhecida como Douglas World Cruiser (DWC) e representaria o primeiro grande projeto de Jack Northrop. Quatro aeronaves seriam encomendadas, com a última célula sendo entregue aos militares em 11 de março de 1924, após diversas dificuldades e inerentes acidentes durante o percurso, esta importante jornada lograria êxito, levando a companhia a adotar o lema  "First Around the World" (Primeira Volta ao Mundo). Nos anos seguintes passaria a produzir uma variada gama de aeronaves militares, se especializando nesta fase em bombardeiros torpedos para a Marinha dos Estados Unidos (US Navy). A empresa manteve seu mercado militar e expandiu-se para aviões anfíbios no final da década de 1920, também mudando suas instalações para Clover Field em Santa Monica, Califórnia. Em 1934, Douglas produziu um avião comercial de transporte bimotor, o Douglas DC-2, a ampla gama de aeronaves produzidas pela empresa incluía aviões, bombardeiros leves e médios, aviões de caça, transportes, aeronaves de reconhecimento e aeronaves experimentais. Seu maior sucesso seria representado em 1936 com o lançamento do Douglas DC-3, que pode ser considerado como o avião de transporte mais significativo já feito, incluindo neste contexto sua versão militar o  C-47 Skytrain ou "Dakota" quando em serviço junto as forças armadas britânicas. Este retumbante sucesso permitiria a empresa a investir em outros nichos de aeronaves militares, assim em fins da década de 1930, seria decidido desenvolver uma aeronave média de bombardeio de alta velocidade capaz de transportar uma razoável carga de bombas e ágil o bastante para escapar da interceptação. Este programa ficaria sob a tutela dos engenheiros aeronáuticos Donald Douglas, Jack Northrop e Ed Heinemann. Os trabalhos seriam iniciados em fins de 1936, com os primeiros conceitos sendo apresentados no primeiro trimestre do ano seguinte, recebendo a designação de Model 7A. No entanto este projeto não avançaria além do estágio conceitual, No início do ano de 1938, este daria lugar ao Model 7B, incorporando agora os requisitos estipulados pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) em uma concorrência deflagrada para o desenvolvimento de uma aeronave de porte médio de alta velocidade.  

Apesar de são ser escolhido, o modelo logo lograria em seguida êxito na celebração de contratos de exportação para diversos países, e posteriormente seria adotado em seu país de origem pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), recebendo a designação de A-20 Havoc. Esta família de aeronaves de ataque se faria presente em todos os cenários de conflagração durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar dos bons resultados operacionais a partir do início do ano de 1942 vislumbraria-se a necessidade em se desenvolver a curto prazo, um substituto mais moderno e capaz. Este projeto seria conduzido pela genial e habilidosa equipe de projetos da Douglas liderada pelos engenheiros Edward H. Heinemann, Robert Donovan e  Ted. Robert. Smith.  Seu primeiro protótipo designado como XA-26, alçaria voo em 10 de julho de 1942 a partir da base aérea de Mines Field, na cidade El Segundo na California, sendo logo conduzido a um extenso programa de ensaios em voo. Apesar de apresentar um bom perfil operacional, a aeronave seria severamente avaliada pelo corpo técnico da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), que elencou uma série de alteração e especificações, com sua totalidade baseada na configuração de armamento ofensivo e defensivo. Estas demandas viriam a estender significativamente o cronograma de desenvolvimento final da aeronave, levando a aprovação de uma configuração final somente no início de 1944. Seu batismo de fogo ocorreria no teatro de operações na Europa, em julho do de 1944, quando aeronaves A-26 Invader pertencentes ao 553° Esquadrão de Bombardeiros (Bomb Squadron) baseado na Inglaterra, atacaram alvos alemães na França ocupada. Apesar dos elogios iniciais de suas tripulações quanto ao desempenho, alguns problemas de projeto, como fragilidade das pernas do trem de pouso e problemas no sistema de refrigeração dos motores, passariam constantemente a afligir a frota, reduzindo em muitas suas surtidas operacionais de combate. Já no teatro de operações do Pacífico, inicialmente o modelo encontraria forte resistência a sua implantação, muito em virtude de as tripulações estarem muito bem entrosadas com a operação dos veteranos Douglas A-20 Havoc.  O processo de convencimento seria árduo, porém enfim, o Douglas A-26 Invader  já dispostos nas versões mais aprimoradas, acabaria por ser aceito integralmente por todas a unidades aéreas pertencentes da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), naquele teatro de operações, tendo participado das mais importantes batalhas do conflito. 
Originalmente a pedido do comando do Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), o Douglas A-26 Invader seria desenvolvido em duas configurações distintas, com a primeira sendo designada como A-26B destinada a ataque a solo, que seria dotado  com um nariz sólido, prevendo a instalação de diversas combinações de armamentos fazendo uso de metralhadoras M-2 Browning calibre .50 e canhões de 20 mm, com suas configurações mais distintas recebendo os codinomes de "six-gun nose" ou "eight-gun nose (seis ou oito armas no nariz). A segunda versão designada como A-26C, teria aplicação específica para missões de bombardeio de queda livre em média altitude, e para isto dispunha do nariz transparente em plexiglass, equipado com as sofisticadas miras Norden. Inicialmente para autodefesa, seriam instaladas duas M-2 Browning calibre .50 fixadas no nariz na fuselagem, a exemplo dos Douglas A-20 Havoc, posteriormente a partir de 1570° célula produzida esta configuraçao original de armas, passariam a ser substituídas por seis metralhadoras do mesmo modelo, que seriam alojadas internamente nas asas. Sua excelente capacidade de transporte de carga útil como bombas e foguetes não guiados de até 1.814 kg , aliada ao seu eficiente sistema de autodefesa, manobrabilidade e comando dóceis, reuniria nos Douglas A-26 Invader, qualidades especiais que estavam separados em diversos modelos de aeronaves de ataque e caça. Além do piloto, a tripulação era composta por um navegador que também executava as tarefas de carregador de munição das armas frontais, um terceiro assento estava localizado no compartimento traseiro e tinha por função a operação de controlar remotamente as torretas elétricas de metralhadoras dorsal e ventral. Caberia ainda ao Douglas A-26 Invader, o possível crédito de vitória em combate aéreo contra um jato Messerschmitt Me-262 Schwalbe  da Força Aérea Alemã (Luftwaffe), quando a aeronave pilotada pelo Major Myron L. Durkee, pertecente ao  386° Esquadrão de Bombardeiros (Bomb Squadron), foi atacado por um grupo destas aeronaves durante o retorno de uma missão, com a aeronave obtendo êxito em alvejar gravemente um dos atacantes.   

Apesar da Douglas Aircraft Company ter recebido grandes contratos de produção durante o ano 1944, estes acordos seriam revistos em meados do ano seguinte, se antecipando ao próximo término do conflito, assim até agosto de 1945 seriam entregues apenas duas mil quatrocentas células. Porém ao contrário da grande maioria das aeronaves de ataque equipadas com motores a pistão, que seriam desativadas após o término da Segunda Guerra Mundial, os Douglas A-26 Invader se manteria em operação na Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), seja nas versões tradicionais de ataque ou no modelo de reconhecimento aéreo RB-26C, sendo operados pelas unidades áreas em atividade na Europa e no Japão ocupado.  Durante a Guerra da Coréia (1950 - 1953) os Douglas A-26 do 3° Grupo de Bombardeiro (Bombardment Group) baseados no Sul do Japão, estariam entre os primeiros aviões norte-americanos a se envolver naquele conflito, realizando missões sobre a Coréia do Sul nos dias 27 e 28 de junho. Com estas incursões ocorrendo antes mesmo de realização da primeira missão de bombardeio norte-americana na Coréia do Norte em 29 de junho de 1950, quando bombardearam um campo de aviação fora da região de  Pyongyang. Ao todo neste conflito, os Douglas A-26 Invader seriam responsáveis pela destruição de trinta e oito mil veículos, quatrocentas e seis locomotivas, três mil composições ferroviárias e sete aeronaves inimigas em terra. Além das versões originais de ataque, operadas em missões noturnas de interdição, um pequeno número de células de modelos especializados como os Douglas WB-26 e RB-26 pertencentes a 67ª Ala de Reconhecimento Tático (Tatic Recon), seriam empregados em missões críticas de observação e reconhecimento climático, em papéis de apoio as operações de combate. Em meados da década de 1950, um grande número de células das versões Douglas A-26B e A-26C armazenadas em unidades de reserva da Guarda Aérea Nacional, passariam a ser consideradas como "excedente de guerra", sendo inclusas como item para o fornecimento nos programas de apoio e ajuda militar internacional, com centenas de células sendo transferidas as forças armadas da França, Brasil, Colômbia, Chile, República Dominicana, Guatemala, Indonésia, Laos, Nicarágua, Peru, Portugal, Arábia Saudita, Reino Unido e Turquia. 
Além da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF), um grande número destas aeronaves seria operado extraoficialmente pela Central de Inteligência Americana (CIA) em operações especiais. inicialmente vinte células seriam deslocadas para um base secreta na Guatemala, onde exilados cubanos estavam sendo treinados para a malfadada operação de invasão a Baia dos Porcos em 15 de maio de 1961.  A seguir ainda sob a tutela desta agência norte-americana uma pequena frota de aeronaves modernizadas desta família, seriam conduzidos por tripulações mercenárias (veteranos das missões em Cuba) em missões de ataques ao solo contra as forças rebeldes do Simba na crise do Congo. Os Douglas A-26 Invader da Central de Inteligência Americana (CIA) teriam sua despedida operacional na Tailândia, quando células operadas por militares norte-americanos atuaram em diversas missões de ataque a solo, auxiliando o governo do  Laos a combater a guerrilha comunista de  Pathet Lao. Já durante a Guerra do Vietnã, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF), fariam uso da versão mais moderna da aeronave denominada como Douglas A-26K Counter - Invader,  para o emprego em missões noturnas de ataque a solo e supressão contra as tropas norte vietnamitas principalmente na campanha contra a Trilha Ho Chi Minh. Esta variante passava a contar com significativas melhorias de projeto, evolvendo motores mais potentes e hélices atualizadas, adoção de tanques de combustível suplementares nas pontas das asas e por fim uma sofisticada suíte eletrônica incluindo sistemas de visão noturna do tipo Flir. Durante mais de dois anos de operação, o 609º Esquadrão de Operações Especiais realizaria mais de sete mil missões de combate, totalizando 19.762,7 horas de voo. As últimas células seriam retiradas do serviço ativo somente em fins de 1969, representando a última aeronave de ataque oriunda da Segunda Guerra Mundial a ser desativada da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de células de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. Logo no início da década seguinte, o Departamento de Estado do Governo Norte Americano (Department of Defense - DoD) passaria intensificar a suas ações de "boa vizinhança" procurando aumentar sua influência geopolítica em vários países, fazendo o emprego de diversos programas de auxílio e apoio em diversos setores econômicos e militares, com seu foco sendo destinado principalmente a nações emergentes.  Neste momento seria apresentada ao governo brasileiro, uma oferta em excelentes condições para de cessão de aeronaves de diversas modelos, entre estes se encontravam várias células dos modelos Douglas A-26 Invader. Curiosamente esta oferta seria inicialmente rejeitada pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), com esta decisão se baseando na grande frota de aeronaves North American B-25B e B-25J Mitchel que se encontrava em operação, atendendo a contento as demandas em missões de ataque, não sendo recomendada assim a adoção de um novo vetor de ataque. Porém esta realidade se transformaria rapidamente, pois em 1956 o programa de suporte norte-americano a operação dos North American B-25 Mitchel seria encerrado, muito em virtude da extinção dos estoques estratégicos de peças de reposição (pois sua produção havia sido descontinuada há mais de dez anos). Este cenário seria ainda agravado pelo desgaste natural das células, o que acabaria logo resultando em preocupantes índices de disponibilidade da frota brasileira. Visando resolver este problema, seriam iniciados estudos visando a aquisição de um novo vetor destinado as missões de bombardeio e ataque, em busca da modernidade imediatamente vislumbrava-se a escolha de uma aeronave movida a reação. Neste contexto aspirações do comando da Força Aérea Brasileira, pendiam para a escolha dos modernos bombardeiros britânicos a reação English Eletric Canberra B.8 e T.4 (que já se encontram em operaçao na Força Aérea Argentina), no entanto a realidade orçamentaria daquele período, inviabilizaria completamente a concretização desta compra. 

Neste momento o governo brasileiro faria uma nova consulta ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano (Department of Defense - DoD) , visando verificar opções para o atendimento desta demanda. Assim dentro do escopo do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP), seria apresentada uma proposta de fornecimento em condições extremamente vantajosas de um lote envolvendo vinte e oito células de aeronaves dos modelos Douglas B-26B e B-26C Invader, com poucas horas de voo que se encontravam armazenadas. Assim em janeiro de 1957 uma comitiva de oficiais da Força Aérea Brasileira, se deslocaria para a base aérea de Davis em Montana, (tradicional base de recolhimento e estoque de aeronaves da Força Aérea Americana - USAF) a fim de avaliar e escolher as aeronaves em melhor estado de conservação. As células escolhidas seriam transladadas por pilotos norte-americanos para as instalações de apoio e manutenção da empresa Fairchild ASD Corporation, localizadas Saint Augustine na Florida e Hagerstown em Maryland, a fim de serem submetidas a uma completa revisão estrutural. As primeiras aeronaves células chegariam ao Brasil em setembro de 1957, sendo seguidas por outros vinte e quatro aviões divididos em seis voos de translado com a última aeronave chegando em fevereiro do ano seguinte. Foram recebidas quatorze aeronaves da versão Douglas B-26B que estavam equipadas com o formidável arsenal orgânico de seis metralhadoras Browning M-2 de calibre .50 (12,7 mm) dispostas no nariz e duas metralhadoras do mesmo tipo instaladas em uma torreta elétrica dorsal (salientando que todos os B-26 Invaders brasileiros não dispunham da  tradicional torre ventral). Ao chegarem ao Brasil, os Douglas B-26 ostentavam um acabamento em metal natural, com as naceles dos motores   pintadas de preto fosco, bem como um painel anti-brilho à frente da cabine de pilotagem, com seu leme pintado com as cores verde e amarela.  Estas células seriam distribuídas ao 1 º e 2 º Esquadrões do 5 º Grupo de Aviação (GAv), onde passariam a realizar missões de ataque e bombardeio, tendo como atribuição secundária o treinamento operacional. Neste processo de formação o 1º/5º Grupo de Aviação (GAv) estava encarregado das tarefas instrução de ataque e bombardeio e o 2º/5º Grupo de Aviação (GAv) encarregado pela transição para aeronaves multimotoras.
No entanto, a operação dos agora designados na Força Aérea Brasileira como Douglas B-26B  e B-26C revelou-se não ser das mais fáceis, e logo surgiriam sérios problemas relacionados a dificuldades com a manutenção preventiva e obtenção de material de reposição em um fluxo adequado, resultando assim em baixas taxas disponibilidade. Em 1963 devido a este cenário, o modelo deixaria de ser utilizado em tarefas de treinamento, sendo substituídos nesta missão por aeronaves Beechcraft H-18S (TC-45T), incorporadas ao 2º/5º Grupo de Aviação - Esquadrão Joker. As aeronaves remanescentes seriam concentradas no 1º/5º Grupo de Aviação (GAv)  - Esquadrão Rumba, e passariam a desempenhar exclusivamente missões de ataque e bombardeio, sendo subordinado ao Comando Aerotático Terrestre. As aeronaves cedidas a Força Aérea Brasileira, em sua maioria foram produzidas entre os anos de 1944 e 1945, e no início da segunda metade da década de 1960, estas aeronaves já mostravam sinais de desgaste operacional. Entre os anos de 1964 e 1965, seria desenvolvido dentro dos auspícios do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program - MAP), o projeto “Wing Spar”, que apresentava como objetivo a substituição das longarinas das asas dos Douglas B-26 Invader, então em uso por várias forças aéreas latino-americanas naquele momento. Apesar de ser apresentado ao governo brasileiro, curiosamente a Força Aérea Brasileira não faria a adesão a este importante programa. Seguindo e operação, o agressivo perfil operacional no qual estas aeronaves eram empregadas levariam ao estresse estrutural, com várias células apresentando rachaduras nas longarinas das asas, identificadas nos Douglas A-26 brasileiros pela primeira vez durante o ano 1966. De forma a corrigir este problema e recuperar a capacidade operacional destas aeronaves, seriam conduzidas conversações com a empresa  Hamilton Aircraft Company, visando a contratação de um programa para revisão e atualização de parte da frota brasileira. Um contrato seria celebrado envolvendo processos de revisões e reparos estruturais, e modificações e modernizações em seus aviônicos, sistemas de comunicação, canopi e armamento orgânico (com a remoção da torreta dorsal). A fim de participar deste programa, seriam selecionados dezesseis exemplares, avaliados como em melhores condições (doze B-26B e quatro B-26C). 

Estas aeronaves seriam transladadas em voo por tripulações brasileiras para as instalações da empresa na cidade de Tucson no estado do Arizona em junho de 1967. Após serem entregues, seriam detalhadamente inspecionadas por técnicos da Hamilton Aircraft Company,  que acabariam por reprovar uma das células, por apresentar excessiva corrosão estrutural, sendo imediatamente substituída por uma aeronave obtida localmente. Outros três aviões foram adquiridos a fim de substituírem aeronaves que haviam sido perdidas durante operação no Brasil. Os Douglas B-26B e B-26C Invader emergiriam dessas modificações pintados com a metade superior da fuselagem (incluindo as naceles dos motores) verde médio, brilhante, e metade inferior em cinza médio. Na deriva, seria pintado um retângulo com as cores verde e amarela. Os primeiros quatro Douglas A-26B Invader retornariam ao Brasil em 7 de setembro de 1968, onde foram reincorporados ao 1º/5º Grupo de Aviaçao (GAv) - Esquadrão Rumba. A partir de 1970, estas "novas" aeronaves foram sendo progressivamente redesignadas na Força Aérea Brasileira como Douglas A-26B e A-26C.  Em 1971, nove Douglas A-26 Invader  seriam transferidos para o 1º/10º Grupo de Aviação (GAv) – Esquadrão Poker, então sediado na Base Aérea de São Paulo (BASP), substituindo os veteranos Douglas A-20K Havok, tornando-se assim a terceira unidade brasileira a fazer uso desta aeronave, a empregando em missões de ataque, reconhecimento fotográfico, esclarecimento marítimo e COIN (contra-inssurreição) seriam realizadas por aquela unidade. Uma célula a mais ainda seria incorporada em 1970, sendo fruto de um processo de apreensão realizado pela Polícia Federal (PF) por emprego em contrabando e tráfico de drogas. Como esta aeronave estava configurada para operação civil de transporte de carga, seria no âmbito da Força Aérea Brasileira designada como Douglas CB-26B, passando a ostentar a matrícula" FAB 5176". 
Apesar da carreira do modelo estar se aproximando do fim, aparentemente os Douglas A-26 Invader da Força Aérea Brasileira, participariam de algumas ações de combate real entre os anos de 1972 a 1973, quando foram empregados em missões secretas de COIN (contra-inssurreição) e reconhecimento fotográfico. Passando a ser operadas no leque de ações militares contra os movimentos de luta armada protagonizados pelas lideranças do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na região do Araguaia no Centro Oeste do País.  Incursões frequentes estas que seriam cercadas de grande sigilo naquele conturbado período. Apesar da correção estrutural realizada em 1967 nos Estados Unidos, já no ano de 1972 seriam novamente detectadas rachaduras nas longarinas das asas em algumas destas aeronaves, com estas sendo recolhidas para averiguação. Assim em meados de 1974, apenas doze exemplares encontravam-se em condições de voo, e neste contexto estas aeronaves seriam preparadas para gradualmente deixar o serviço ativo. Este processo seria concluído em 3 de setembro de 1975, durante uma singela solenidade militar na Base Aérea de Cumbica, com o pouso do Douglas A-26C FAB 5159 representando o fim da era de bombardeiro na Força Aérea Brasileira. Ao todo seriam operados no pais trinta e duas aeronaves, operando por vinte e oito anos, encerrando sua carreira cumprindo missoes de aerofogrametria. Algumas células seriam preservadas, com destaque para o “FAB 5159” (U.S. BuNo 41-39288), originalmente um  Douglas B-26C , que atualmente compõe o acervo do  Museu Aeroespacial (Musal) no Rio de Janeiro.

Em Escala.
Para representarmos o Douglas A-26C Invader “FAB 5175”, empregamos o antigo kit da Monogram na escala 1/48, que apresenta linhas de alto relevo. Para se representar a versão original recebida pela Força Aérea Brasileira  não é necessário aplicar nenhuma mudança. Fizemos uso de decais produzidos pela FCM Decals  presentes no antigo Set 48/02.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o  primeiro padrão de pintura  com o qual as aeronaves Douglas B-26B e B-26C foram recebidos em 1957, se mantendo até a implementação do programa de retrofit e modernização realizado na Hamilton Aircraft Corp em 1967, este esquema foi alterado para um padrão tático em verde e cinza.

Bibliografia :

- Douglas A-26 Invader , Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_A-26_Invader
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Invader na FAB , Claudio Lucchesi e José R. Mendonça  - Revista Asas  nº 10
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html

Northrop F-5EM Tiger II Modernizado

História e Desenvolvimento. 
Em meados da década de 1950 o avançar da tecnologia aeronáutica atingia uma velocidade sem precedentes na história da aviação moderna, porém em termos de custos de aquisição e operação, as novas aeronaves de combate superavam em muito os caças e bombardeiros da década passada. Esse cenário preocupava não só os comandantes militares norte-americanos bem como os fabricantes de aeronaves, que temiam terem suas receitas reduzidas em face a cortes orçamentários. Atento a esta demanda a diretoria da empresa Northrop Corporation em 1956 criou uma equipe de desenvolvimento chefiada pelo vice-presidente de engenharia e aeronaves, Edgar Schmued (responsável pelo desenvolvimento do P-51 Mustang e F-86 Sabre). O principal objetivo desta equipe, era o de criar uma aeronave de combate leve com alto desempenho, capacidade de manobra aprimorada e alta confiabilidade, fornecendo um custo operacional muito inferior ao caças de combate daquela geração contemporânea. Ademais reconhecendo que aviões a jato caros não poderiam ser substituídos de maneira viável em curto período (como ocorria com as aeronaves com motor a pistão), este novo projeto deveria incluir o conceito de "potencial de crescimento projetado", permitindo uma longevidade de serviço superior a vinte anos. Seguindo ainda este conceito que ficaria definido como "custo do ciclo de vida"   o engenheiro-chefe do projeto Welko Gasich definiu que os motores devem estar localizados dentro da fuselagem para obter o máximo desempenho com baixo custo operacional e a longa vida útil. O projeto denominado oficialmente como Projeto N-156, deveria atendar as possíveis demandas futuras da Força Aérea Americana (USAF), bem como se adequar as exigências de uma concorrência emitida pela Marinha Americana (US Navy) que buscava um caça leve para emprego em seus porta aviões de escolta, tendo em vista as aeronaves em uso até então nos porta aviões normais excediam as capacidades lançamento e hangaragem. Infelizmente para a Northrop Corporation a Marinha Americana (US Navy) reavaliou sua estrutura e meios resultando na desativação dos pequenos porta aviões de escolta.

Este projeto receberia a designação de "N-156" e se espelhava em parâmetros exigidos em uma concorrência anteriormente lançada pela Marinha Americana (US Navy), para o desenvolvimento de um caça leve para emprego em seus porta aviões de escolta. Porém com citado em 1957, dentro de uma nova definição estratégica, este tipo de embarcação seria retirado de serviço, levando ao cancelamento da concorrência. Apesar deste pequeno revés a empresa seguiu com o projeto derivando o em duas vertentes, uma destinada a um caça tático leve o "N-156F" e uma aeronave de treinamento avançado o "N-156T". O conceito deste último modelo agradaria muito o comando da Força Aérea Americana (USAF), sendo assim selecionado como treinador padrão, em substituição aos jatos subsônicos Lockheed T-33. Apesar da negativa em relação a versão monoplace, a companhia decidiu com recursos próprios continuar o desenvolvimento desta aeronave. Esta iniciativa seria recompensada, pois em 25 de fevereiro de 1958, seria iniciado um estudo para a criação de uma aeronave multifuncional para exportação, para emprego no âmbito do Programa de Assistência Militar (MAP -  Military Assistence Program) a nações amigas. Este programa se materializaria em 1962, com a criação do "Programa FX", uma concorrência para a aquisição de mais duzentas aeronaves. A proposta apresentada pela Northrop Aircraft Corporation contemplava como oferta o modelo N-156F. Sendo este modelo declarado vencedor desta contenda em 23 de abril do mesmo ano. O modelo receberia a designação militar de Northrop F-5A e nome de batismo de “Freedon Fighter” tendo este nome em alusão ao propósito original de se prover as nações amigas, um vetor capaz de garantir a defesa aérea de países menos desenvolvidos, principalmente contra a ameaça do expansionismo do comunismo no mundo. A Northrop Aircraft Corporation receberia assim o primeiro contrato de produção da nova aeronave para a Força Aérea Americana (USAF) em outubro de 1962.
A produção atingiria até 1987 um total de 1.399 células, dispostas entre as versões monoplace e biplace, e no final desta mesma década o modelo em seu país de origem passaria a ser substituído pelas primeiras versões do novo caça multifuncional General Dynamics F-16 Fighting Falcon. No início da década seguinte era claro que o Northrop F-5E Tiger II se encontrava tecnologicamente defasado quando comparado as novas ameaças de caças soviéticos, e as células norte-americanas excedentes começaram a ser alienadas e vendidas para nações que já haviam adquirido a aeronave anteriormente e assim necessitavam recompor suas frotas. Ainda um grande número de células seria transferidas para as Unidades Especializadas em Treinamento de combate Dissimilar (ACT), tendo como destino principalmente os Esquadrões de Armas de Caça 57th, 64th e 65th (Fighter Weapons Squadrons) que operavam junto a Base Aérea de Nellis no estado de Nevada. E por fim as aeronaves remanescentes que pertenciam a Força Aérea Americana (USAF) foram cedidas a Marinha Americana (US Navy) e Aviação do Corpo de Fuzileiros Navais (US Marine Corps) para emprego no processo de formação avançada de pilotos de caça (inclusive sendo empregadas na escola Top Gun). Apesar da defasagem tecnológica quando comparados as aeronaves de quarta geração, os Northrops F-5E Tiger II apresentavam ainda pontos positivos, como excelente manobrabilidade, baixa assinatura aos radares, aliadas ainda a uma excelente relação custo-benefício operacional. Estes fatores levariam alguns dos maiores operadores do modelo a vislumbrar soluções para o prolongamento da vida útil desta família de aeronaves, com este conceito se baseando no retrofit estrutural das células e na atualização da avionica, radares e sistemas de armas, recuperando assim sua capacidade operacional na moderna arena de combate aéreo perante as aeronaves de nova geração.

Neste contexto em 1991 a Força Aérea da Republica de Singapura (RSAF), se tornaria o primeiro operador do Northrop F-5E Tiger II  a implementar um programa de modernização nestas aeronaves,  com o programa se baseando principalmente na adoção do moderno radar FIAR Grifo-F da Galileo Avionica (similar em desempenho aos modelos AN/APG-69), aviônicos de última geração, atualização dos sistemas de navegação e autodefesa, além da integração sistemas de armas mais modernos como os mísseis israelenses  ar ar de curto alcance Rafael Python e norte-americanos de longo alcance (BVR além do alcance visual) AIM-120 AMRAAM. Em seguida a Força Aérea Chilena (FACH) lançaria um programa similar de modernização para suas aeronaves, com a concorrência sendo vencida em uma parceria entre a Empresa Nacional de Aeronáutica - ENAER e a israelense Israel Aircraft Industries - IAI, com seu protótipo sendo apresentado na edição de 1993 na Feira Aeronáutica Le Bourget na França. O resultado deste processo despertaria atenção no evento pois tecnicamente representava a versão mais ousada em termos de atualização efetivada até o momento, empregava em sua concepção sistemas e equipamentos oriundos do projeto do caça de quarta geração israelense  IAI LAVI, destacando-se o radar multimodo Elta EL/M-2032B (com capacidade look down shot down), Head Up Display El-Op , dois displays multi função Astronautics, barramento digital MIL-STD 1553B, conceito dispositivo de manche e manete de potência combinados (HOTAS), e sensores sistemas de  defesa passiva do tipo RWR/ECM integrados com lançadores de chaff/flare. Todos estes sistemas estavam integrados a um computador central e ao moderno sistema de armas ar ar composto por misseis também israelenses de curto alcance Shafrir e Python III, com capacidade ainda para operação de  misseis do tipo BVR (além do alcance visual) Rafael Derby.
Ao todo quatorze células divididas entre os modelos monoplace e biplace seriam incluídos neste processo de modernização pela Força Aérea Chilena (FACH), com os modelos emergindo deste processo com a nova designação de F-5E e F-5F Tiger III. No ano seguinte estas aeronaves provariam seu valor e suas novas qualidades quando da realização do exercício multinacional SALITRE, onde estas aeronaves equipadas com os modernos capacetes israelenses do tipo DASH (Display and Sight Helmet System) integrados aos eficientes misseis ar ar de curto alcance Python IV, lograram um significativo índices de sucessos em combate simulados contra os modernos caças de quarta geração General Dynamics F-16C Fighting Falcon   e experientes pilotos norte-americanos do Esquadrão de Caça 198º (Fighter Squadron). Cerca de doze nações já implementaram diversos níveis de modernização ou retrofit de células operacionais, permitindo assim que a família Northtop F-5 Tiger II se mantenha em operação até fins da década de 2020, completando uma carreira de quase quarenta e cinco anos de serviço.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Em fins de década de 1990 a Força Aérea Brasileira dispunha em sua frota de apenas sessenta e cinco aeronaves de caça e ataque, divididas entre os modelos franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR -  F-103E e norte-americanos Northrop F-5E Tiger II, dispostos em quatro unidades de caça de primeira linha. Vetores estas pertencentes a segunda e terceira geração de aeronaves de combate, sendo consideradas ultrapassadas em termos de tecnologia embarcada e sistemas de armas. Este cenário seria comprovado inúmeras vezes, quando as aeronaves brasileiras enfrentaram aeronaves de quarta geração dos modelos Dassault Mirage 2000 e Lockheed F-16C/D Fighting Falcon em âmbito de exercícios multinacionais conjuntos.  A maior deficiência dos caças da Força Aérea Brasileira estava baseada na incapacidade de operação no ambiente de guerra além do alcance visual (BVR), fator determinante na moderna arena de combate aéreo. Além da defasagem tecnológica evidente, uma significativa parcela destas aeronaves eram compostas pelos caças franceses Dassault Mirage IIIEBR/D, se encontravam próximo ao limiar da vida útil das células, antevendo assim sua necessidade de substituição a médio prazo. A solução mais óbvia, seria a aquisição de pelo menos cinquenta aeronaves multimissão de quarta geração para substituição dos dois modelos de caças em uso até então. Esta demanda se materializaria em julho do ano 2000, com a aprovação do Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, que apresentava como braço armado o projeto FX BR, detentor este de um orçamento de US$ 700 milhões, para a compra de doze a vinte e quatro caças de superioridade aérea. Um criterioso processo de análise técnica seria realizado pelo Ministério da Defesa, chegando a fase de seleção final "short list", infelizmente no ano de 2002, um novo governo assumiria o poder, e apesar do programa contar com financiamento externo, este seria cancelado por decisão do novo mandatário, com a argumentação que os recursos seriam mais bem aplicados em programas sociais, mesmo o programa de aquisição não apresentando necessidade de investimento imediato.

Apesar desta negativa, a premente necessidade de substituição e modernização, se fazia presente, e o comando da Força Aérea Brasileira imbuída da missão de fazer o máximo possível com o seu reduzido orçamento, decidiu derivar por dois caminhos, sendo um pautado pela aquisição de dez a doze caças usados para a substituição dos Marcel Dassault Mirage IIIEBR - F-103E, e outro pelo estudo para a aplicação de um processo de modernização de sua frota de caças Northrop  F-5E/F Tiger II. Os primeiros estudos seriam baseados no exitoso programa aplicado junto aos caças F-5E Tigres III chilenos, levando este a formalização de uma parceria entre a Embraer S/A e a empresa israelense Elbit Systens, nascendo assim o programa F-5BR. No dia 30 de dezembro de 2001, seria aprovado um orçamento no valor de US$ 285 milhões, visando o retrofit estrutural e  modernização da avionica e sistemas de armas de  de quarenta e três  células dos modelos F-5E Tiger II e três do F-5F Tiger II. Este programa teria como destaque a instalação de um moderno radar Pulso Doppler Grifo F/BR (Grifo-X P2803) com capacidade look down shot down, abrangendo a implementação de uma cabine equipada com três mostradores multifuncionais (MFD) em cores e leitura HUD, com todos estes sistemas e iluminação projetados para missões noturnas. Adoção de um sistema de rádio V/UHF digital da marca Rohde & Schwartz, com previsão de enlace de dados interoperacionalidade com as aeronaves Embraer R-99 A/B e A-29 Super Tucano.A tecnologia de quarta geração incluiria o sistema HMD (mostrador montado no capacete) do modelo DASH 4, link para dados, sistema de planejamento de missão, AACMI (Instrumentação Autônoma para Simulação e Avaliação de Manobras de Combate) e capacidade para treinamento virtual de vôo. Este conjunto seria complementado pela adoção do dispositivo de manche e manete de potência combinados (HOTAS), dois computadores de alto desempenho e um sistema integrado de navegação INS/GPS. Em termos de sistemas de autodefesa a aeronave passaria a contar com um elaborado conjunto de contra-medidas eletrônicas (ECM), receptores de aviso de radar (RWR) integrados com lançadores de chaff/flare.
Além do processo de modernização de sistemas, este programa incluiria um completo retrofit estrutural, abrangendo também a padronização das aeronaves, que apresentavam diferenças entre si, pois foram fornecidas em dois lotes, incluindo também a instalação da sonda de reabastecimento em voo nas aeronaves recebidas em 1988. As duas primeiras aeronaves que seriam utilizadas como protótipos do programa foram recebidas nas instalações da Embraer S.A em São José dos Campos, no dia  21 de fevereiro de 2001. O primeiro protótipo na versão biplace realizaria seu primeiro voo em 4 de dezembro de 2003 e o monoplace em 16 de junho de 2004. A primeira aeronave modernizada o Northrop F-5EM Tiger II FAB 4586 foi entregue oficialmente no dia 21 de setembro de 2005 na Base Aérea de Canoas no Rio Grande do Sul. Como curiosidade esta célula foi o primeiro Northrop F-5E Tiger II produzido pela Northrop Aircraft Corporation, tendo voado pela primeira vez em 11 de agosto de 1972.  No ano de 2007 seria negociado junto ao governo jordaniano a aquisição de mais oito aeronaves da versão monoplace, células estas tiveram a compra condicionadas como fator obrigatório para o recebimento de três unidades do modelo biplace tão desejados pela Força Aérea Brasileira. Posteriormente somente estes "novos" Northrop F-5F Tiger II seriam modernizados com os demais servindo como fonte de peças de reposição. Apesar do empenho de todos os envolvidos, ocorreram atrasos no cronograma inicial previsto, pois problemas de ordem orçamentaria afligiram o Ministério da Defesa, postergando a conclusão do processo até o ano de 2013 quando a última aeronave modernizada foi entregue a Força Aérea Brasileira.

As aeronaves que emergiram deste processo de modernização passando a contar com um novo leque de sistema de armas, entre estes os misseis de curto alcance Python-4 e Piranha, de longo alcance com capacidade de engajamento além do visual (BVR), kits para bombas inteligentes LGB ou Lizard para o emprego com os modelos MK-82 ou MK-84. Complementando esta suíte, foram integrados a aeronave como casulos (pods) israelenses de guerra eletrônica dos modelos Rafael Skyshield e Rafael Litening III, para reconhecimento, designação de alvos por laser, infravermelho IR ou GPS. Pode-se afirmar que a introdução em serviço dos Northrop F-5EM Tiger II, elevou a Força Aérea Brasileira a um novo patamar de capacidade operacional, podendo enfrentar em regime de igualdade na arena de batalha moderna as demais aeronaves de quarta geração. Sua capacidade de enlace de dados e interoperacionalidade com as aeronaves de alerta aéreo antecipado Embraer E-99, sensoreamento remoto Embraer R-99 e aeronaves de ataque como os Embraer A-29 ALX e A-1M AM, permitiriam a força aérea a operar no conceito de "ataque por pacotes", fazendo uso de modelos de aeronaves de distinto emprego. Novas doutrinas seriam criadas, priorizando o combate ar ar no ambiente além do visual, sendo empregados frequentemente em combates simulados contra os caças Dassault Mirage F-2000C do 1º Grupo de Defesa Aérea. Este processo evolutivo seria coroado quando da participação do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa no prestigioso exercício multinacional RED FLAG no deserto de Nevada, realizado em junho de 2008 nos Estados Unidos, onde cinco  Northrop F-5EM participaram de combate simulados contra aeronaves Boeing F-15E Eagle, Lockheed F-16C Falcon e Saab JAS 39 Gripen, obtendo excelentes resultados operacionais.
Além de ser operado pelo 1º Grupo de Aviação de Caça – Esquadrão Senta a Pua e pelo 1º/14º Grupo de Aviação – Esquadrão Pampa, a versão modernizada passaria a dotar o 1º/4º Grupo de Aviação - Esquadrão Pacau, a partir de 12 de dezembro de 2010, em substituição aos veteranos jatos de treinamento avançado Embraer AT-26  Xavante, elevando assim este esquadrão  a categoria de unidade de caça de primeira linha, com a mesma sendo transferida para a Base Aérea de Manaus. Em fins de 2013, após a desativação precoce dos interceptadores franceses Dassault Mirage 2000 B/C – F-2000, o 1º Grupo de Defesa Aérea (1ºGDA) passou a ser equipado com os Northrop F-5EM Tiger II, devendo se manter nesta missão até a entrada em operação dos novos caças suecos Saab F-39 Gripen NG em meados do ano de 2022. Já no ano de 2021 as primeiras células dos caças norte-americanos começaram a ser desativadas do serviço ativo da Força Aérea Brasileira. Especula-se que todas as aeronaves devem ser enfim desativadas até meados da década de 2020 encerrando assim gloriosa folha de serviços.

Em Escala.
Para representarmos o Northrop F-5EM Tiger II “FAB "4834 “, empregamos o antigo kit da Monogram, na escala 1/48. Para adequarmos este modelo a versão brasileira, adicionamos itens como a barbatana dorsal confeccionada em plasticard , sonda de reabastecimento em voo ( peça em resina ), receptores de aviso de radar (RWR, e dispensers dos lançadores de chaff e flares. Para configurar o pacote de armamentos confeccionamos os misseis Rafael Derby em scratch e usamos os mísseis  Python III em resina confeccionados pela  Paragon Models. Empregamos decais impressos pela FCM Decais , presentes no antigo Set 48/03.


O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático atual, empregado por todas as aeronaves de combate da Força Aérea Brasileira, apresentando as marcações em baixa visibilidade. Existem pequenas variações referentes a aplicação das marcações exclusivas das cinco unidades que empregam o modelo.

Bibliografia :

- Os Tiger Afiam suas Garras - Carlos Lorch - Revista Força Aérea Nº3
- Northrop F-5 Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Northrop_F-5
- História da Força Aérea Brasileira, Professor Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Mike , um Novo Vetor de Armas – Jose Leandro P- Casella – Revista Força Aérea Nº 45
- Os F-5M da FAB – Defesa BR  http://www.defesabr.com/Fab/fab_f5br.htm

Vultee A-31 e A-35 Vengeance

História e Desenvolvimento.
A empresa Aircraft Manufacturing Co. Vultee Division, foi fundada no ano de 1932, nos Estados Unidos pelo projetista Gerard F. Vultee, um jovem engenheiro que já havia trabalhado com o visionário Jonh Northrop no desenvolvimento do Lockheed Vega, ganhando assim experiência necessária que lhe permitiria agora seguir seu próprio caminho mercado de aviação civil. O primeiro projeto desta nova empresa receberia a denominação de Vultee V-1, e fora concebido para competir no exclusivo segmento de transporte executivo. Tratava-se de um veloz monoplano, monomotor, todo metálico, com capacidade para transportar até oito passageiros. O programa de ensaios de voo mostrou-se ser extremamente promissor e ter inclusive registrado recorde de velocidade e autonomia, conquistando como primeiro cliente a empresa American Airlines com aquisição de quatorze aeronaves que passariam a ser empregadas em rotas domésticas. O segundo operador civil a empregar o modelo seria a empresa Bowen Airlines do Texas. Curiosamente sete aeronaves que antes pertenceram a American Airlines e outras oito células foram empregadas pelas Forças Republicanas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), com quatro Vultee V-1 sendo capturados e operados também pelas Forças Nacionalistas Espanholas, apresentando assim uma nova faceta para qual o modelo nunca fora pensado inicialmente em seu projeto. Visando atingir um novo nicho de mercado, em 1935 a empresa, daria início ao desenvolvimento de uma versão militar do modelo V-1, apesar das restrições quanto a aeronaves monomotoras para emprego em bombardeio, a empresa resolveu dar sequência no projeto. Esta nova aeronave estava equipada com um motor Wrigth Cyclone SR 1830-F53, de 750 hp de potência, que conservava as excelentes características de desempenho vistas no modelo civil V-1. Basicamente o novo Vultee V-11 empregava o motor, estrutura das asas e o trem de pouso de seu antecessor, sendo as demais partes projetadas do zero, para a nova aeronave. Apresentava como principal missão ataque leve, bombardeio de mergulho (picado) e treinamento avançado. Apesar de não poder ser considerado um sucesso comercial, este modelo atenderia ao propósito de gerar experiência  (know how) para produção de aeronaves militares, ao todo foram fabricadas duzentas e vinte e cinco células para exportação atendendo China Nacionalista, Turquia, Brasil e União Soviética.

Em 1939, a Aircraft Manufacturing Co. Vultee Division , atenta aos acontecimentos políticos e militares na Europa e no Oceano Pacífico, iniciaria estudos conceituais para o desenvolvimento de um novo bombardeiro leve de mergulho. Neste mesmo período, o governo francês, que  mantinha uma missão fixa nos Estados Unidos com a finalidade de adquirir material bélico de todos os tipos, buscava uma aeronave destinada a este tipo de missão, e  neste escopo uma consulta seria feita a esta empresa para a possível aquisição de aeronaves militares. Motivados por este fato, a diretoria da empresa decidiria pelo emprego de recursos próprios para o desenvolvimento do projeto de uma nova aeronave designada como Model 72 (V-72), que tinha como principal objetivo atender as demandas da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air). A nova aeronave apresentava configuração monoplano monomotor de asa baixa, com um cockpit (cabine) fechado para dois tripulantes, e estava equipado com um motor radial motor Wright Twin Cyclone GR-2600-A5B-5, refrigerado a ar com potência de 1.600 hp. Estaria armado com seis metralhadoras Browning de calibre .30 (7,62 mm) dispostas nas asas e nas naceles traseiras, podendo ainda transportar até 680 kg de bombas em um compartimento de bombas interno (bombay) e em pontos fixos externos subalares. Seu perfil de voo foi concebido exclusivamente para mergulhar verticalmente sem o levantar da asa, puxando a aeronave para fora do alvo. Para isso, possuía um ângulo de incidência de 0° na asa para melhor alinhar o nariz da aeronave com o alvo durante o processo de mergulho. Os representantes da missão militar francesa demonstraram muito entusiasmo com o projeto, recomendando ao seu governo a aquisição da aeronave, gerando assim um acordo formal para a compra de trezentas células, com um cronograma de entrega das primeiras aeronaves previsto para o início de outubro de 1940. Infelizmente para a empresa norte-americana, a França capitularia perante as forças alemães em junho de 1940, e o contrato deixaria de existir.
Neste mesmo período, os britânicos impressionados com o desempenho dos bombardeiros de mergulho Junkers JU-87 Stuka da Força Aérea Alemã (Luftwaffe), buscavam agregar a Força Aérea Real (Royal Air Force) uma aeronave da mesma categoria. Cientes do desenvolvimento do modelo Vultee V-72 para os franceses, uma comitiva militar da Força Aérea Real (RAF) iniciaria negociações para aquisição de pelo menos duzentas aeronaves, com um contrato sendo celebrado em 3 de julho de 1940, com a opção ainda para posterior aquisição de mais cem células. A aeronave receberia a designação militar de A-31 Vengeance e apesar de se encontrar em estágio de produção, o comando militar britânico enviaria ao fabricante um pleito envolvendo diversas modificações e melhorias, que impactariam no cronograma original previsto no contrato. Esse quadro seria agravado com a implementação do programa emergencial de rearmamento das forças armadas norte-americanas, levando a alteração de prioridades na produção da Aircraft Manufacturing Co. Vultee Division, que voltariam suas atenções as demandas nacionais. Novas modificações seriam solicitadas pelo comando do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), que resultaria na nova versão designada como Model A-35, que diferenciava do modelo exportação por contar com  a nova versão do motor Wright R-2600-13 Twin Cyclone com 1.700 hp de potência. O primeiro protótipo alçaria voo em 30 de março de 1941, e após um rápido programa de ensaios em voo seria liberado para produção em série. Como a planta fabril da empresa na cidade de Downey já estava comprometida na produção dos treinadores Vultee BT-13 Valiant, esta aeronave passaria a ocupar em regime de parceria as linhas de montagem da Stinson Aircraft Company em Nashville no Tennesse e Northrop Corporation em Hawthorne, Califórnia.

Caberia a Força Aérea Real (Royal Air Force) o batismo de fogo da aeronave, no entanto análises de ameaças possíveis apontavam que aeronave seria muito vulnerável a ação de caças alemães e italianos, optando então pelo veto de seu emprego nos teatros de operações da Europa e Mediterrâneo, com estas aeronaves sendo enviadas para a Birmânia a fim de serem empregadas em operações de bombardeio em apoio às tropas britânicas e indianas nas selvas.  As primeiras aeronaves britânicas foram distribuídas em outubro de 1942 aos grupos de ataque 82º e 110º, passando a realizar as primeiras missões em 19 de março de 1943.  Além destes grupos os Vultee A-31 Vengeance equipariam os esquadrões ingleses 84º e 45º e os 7º e 8º esquadrões da Força Aérea Indiana (IAF). Este modelo foi amplamente empregado em apoio a segunda campanha de Arakan de 1943 a 1944 e nas ações de defesa aos ataques japoneses a Imphal e Kohima, de abril a julho de 1944. Após este período, estas aeronaves começaram a ser gradativamente substituídos do front por aeronaves mais modernas de fabricação nacional, com as últimas missões dos Vultee A-31 Vengeance sendo realizadas em 16 de julho de 1944. Apesar de não estarem mais na linha de frente, dezenas de células foram modificadas para uso como rebocadores de alvos pulverizadores contra mosquitos da malária, usando dispensadores de spray sob as asas. A Força Aérea Real Australiana (RAAF) seria um dos maiores operadores da aeronave, tendo recebido quatrocentas aeronaves, com as primeiras células sendo recebidas em maio de 1942, sendo empregados nas primeiras missões reais durante a campanha da Ilha Selaru, nas Índias Orientais Holandesas. As aeronaves australianas foram retiradas da linha de frente nas unidades de bombardeio a partir de março de 1944, sendo substituídas pelo novos quadrimotores norte-americanos Consolidated B-24 Liberator.
As primeiras aeronaves recebidas pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) em 1942, pertenciam ao modelo Vultee A-31 Vengeance, sendo desviadas dos contratos anteriores de fornecimento a Força Aérea Real (Royal Air Force) sendo seguidos pelos  Vultee A-35. Estas aeronaves seriam destinadas aos Esquadrões de Bombardeio de Mergulho 55º, 56º, 57º, 88º, 309º, 311º, 312º, 623º, 628º, 62º, 630º e 631º, baseados principalmente no continente norte-americano. Apesar de não serem empregados em combate real pela aviação do Exército Americano (US Army), estas aeronaves seriam fundamentais na manutenção da operacionalidade dos pilotos. Posteriormente estes esquadrões seriam reequipados com bombardeiros bimotores North American B-25B e B-25D, extinguindo assim as tarefas de bombardeio de mergulho. Um grande número destes aviões seria ainda convertido para o emprego como rebocadores de alvos, e algumas aeronaves inglesas da versão Vengeance Mk IV foram cedidas a 8ª Força Aérea Americana na Europa para esta mesma finalidade. Nesta mesma época grande parte da frota receberia a designação de Vultee RA-35B (R de restrito), sendo alocados somente para fins de instrução em solo. A Força Aérea Francesa Livre (FAFL) receberia sessenta e sete aeronaves, chegando a equipar três grupos de bombardeio em operação no norte da África. Os franceses, no entanto, desejavam pôr a aeronave em operação o mais rápido possível, e assim sendo não aguardaram a implementação de programas de melhoria de projeto incorporadas nas aeronaves britânicas e australianas. Este lapso resultaria em uma operação não confiável com as células apresentando alto consumo de óleo e grande número de acidentes e falhas técnicas. Como tal, eles foram restritos a operações de treinamento, sendo finalmente retirados do serviço em setembro de 1944.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo. Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário levaria a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência em equipamentos, armamentos e doutrina. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. Seria decidido também pelo presidente Getúlio Vargas, que o país enviaria a Europa, um contingente expedicionário para colaborar no esforço aliado no teatro europeu de operações. Este vasto programa de reequipamento visava proporcionar ao país, as condições básicas para o estabelecimento de um plano defesa territorial continental e ultramar eficiente. 

Nesta primeira fase do envolvimento do país no conflito, cabia as aeronaves militares brasileiras apenas a realização de voo de presença ao longo do litoral, muitas em vezes em monomotores North American AT-6B e Vought V-65B Corsair. No que tange a aviação de caça,  a recém-criada Força Aérea Brasileira, era a arma que mais necessitava de modernização, pois seus caças de combate mais modernos, estavam representados pelos Boeings F-4B e P-12, que além estarem disponíveis em baixas quantidades, eram completamente obsoletos para aquele momento. Devido as demandas emergênciais na Europa e no Pacífico, este programa previa a implementação em fases, iniciando prioritariamente pelo fornecimento de aeronave de treinamento e conversão, visando assim formar um quadro de pilotos para o atendimento as demandas operacionais. Em seguida a aviação de patrulha seria priorizada com o intuito de fornecer a necessária cobertura aérea para o deslocamento dos comboios militares e civis em deslocamento pelas costas do país. Atendendo a esta prioridade inicial, a efetivação de missões de patrulha e guerra antissubmarino, fornecendo assim proteção para os comboios de navios cargueiros em deslocamento pelo mar territorial brasileiro. Neste estágio o treinamento e edificação das doutrinas operacionais foram aplicadas e supervisionadas por equipes militares norte-americanas. Além das doutrinas de patrulha e guerra antissubmarino seriam transmitidas aos pilotos brasileiros técnicas de bombardeio de queda livre de média altitude e bombardeio de mergulho. Em termos de aeronaves para esta missão seriam recebidas uma quantidade considerável de aeronaves Douglas A-20C Havoc e North American B-25 e B-55J Mitchel destinados a missões de bombardeio de saturação, já para o emprego em missões de bombardeio picado ou mergulho, os acordos previam o recebimento de aeronaves especializadas para este tipo de missão. Os contratos previam o recebimento emergencial de lote de vinte e oito células da versão Vultee A-31 Vengeance, que já estavam em fase final de produção e originalmente se destinavam a Força Aérea Real (Royal Air Force) e foram desviadas para ao atendimento das demandas brasileiras. Este processo possibilitaria que as células pudessem ser recebidas entre agosto e dezembro de 1942. 
Um segundo contrato previa ainda a cessão de mais cinquenta aeronaves, agora na versão mais recente denominada como Vultee A-35 Vengeance, com sua entrega sendo prevista no transcurso do ano de 1943. Porém este prazo não seria cumprido, principalmente devidos a atrasos de padronização de projeto e dos processos nas linhas de montagem do fabricante em sua planta fabril na cidade de Nashville no Tennesse.. Estabelecendo o cronograma americano as aeronaves seriam transladas por pilotos do 4º Ferry Group  (Grupo de Translado) ao Brasil, neste processo uma células seria perdida em uma operação de pouso forçado na cidade de San José na Guatemala. As vinte e sete células remanescentes após o recebimento, foram enviadas para a Base Aérea de Santa Cruz, a fim de serem incorporadas ao 2º Grupo do 1º Regimento de Aviação (RAV). A implementação do modelo foi facilitada neste esquadrão, pois a aeronave apresentava dóceis comandos e excelentes qualidades de voo, com a equipagens se qualificando rapidamente para a operação, podendo em um curto espaço de tempo estarem prontas a realizar missões de patrulha e acompanhamento de comboios ao largo dos litorais fluminense e paulista. Para o comprimento destas missões, além do armamento orgânico de autodefesa, os Vultee A-31 Vengeance eram configurados com uma carga de profundidade Mod. 1 de 325 libras, acomodada no compartimento de bombas, e duas bombas de emprego geral dos modelos AN-M43 de 500 libras ou AN-M30 de 100 libras em cabides subalares. Apesar de atenderem a contento as missões de patrulha, as aeronaves também sofreram as mesmas dificuldades com problemas do grupo motopropulsor, tanto em vista de falhas ou consumo excessivo de alto óleo, com estas deficiências sendo originadas no  ajuste dos anéis dos pistões dos motores. Como consequência, em voos mais longos existia o risco de o motor engripar por falta de óleo, outro problema se referia as bombas elétricas de combustível que periodicamente, apresentavam pane. Este cenário era agravado por dificuldade na obtenção de peças de reposiçao. A somatória destes fatores implicaria na disponibilidade da frota, e logo somente onze aeronaves se encontravam em condições de voo na Força Aérea Brasileira.

Em 17 de agosto de 1944 foi criado o 1º Grupo de Bombardeio (1ºGBP), com sede na Base Aérea de Santa Cruz, como consequência, os Vultee A-31 Vengeance do 2º Grupo (2ºGP),  bem como os  Vultee V-11-GB2 do 1º Grupo (1ºGP),   foram absorvidos por aquela unidade.  O mesmo decreto criaria também o 2º Grupo de Bombardeio (2ºGBP), com sede na Base Aérea de São Paulo. O planejamento original previa que o segundo grupo recebesse os novos Vultee A-35, os contratos do programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos) previam a entrega de quarenta aeronaves durante o transcorrer do ano de 1943, porem estes planos foram frustrados por dificuldades técnicas  diversas, que afligiriam ao modelo, incluindo um novo problema de contaminação por ferrugem que atingiriam lotes inteiros de produção. Soluções seriam aplicadas, com o modelo sendo liberado para entrega, assim em meados do ano de 1944 o 4º Ferry Group (Grupo de Transporte) da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) seria convocado para iniciar o translado dos Vultee A-35B-VN destinados a Força Aérea Brasileira. Porém durante esta operação sete aeronaves foram vítimas de acidentes motivados por problemas técnicos, em 01 de dezembro de 1944 uma outra aeronave seria perdida em um acidente durante uma operação de pouso na Base Aérea de Santa Cruz no Rio de Janeiro. Consta que uma notificação técnica emitida pela fabricante em conjunto com o comando militar norte-americano, determinaria que todos os Vultee A-35B Vengeance em translado para o Brasil simplesmente parassem de voar, permanecendo onde quer que se encontrassem, e muitas células chegaram a apodrecer no Campo de Caravelas no estado da Bahia.
Quanto aos Vultee A-31 e A-35 remanescentes em operação na Força Aérea Brasileira, ficava claro que localmente seria impossível sanar as dificuldades técnicas apresentadas pelo fabricante face as restrições impostas pela Força Aérea do Exército Americano (USAAF), sendo praticamente impossível manter aberta uma linha de suprimentos entre aquele pais e o Brasil, garantindo assim a efetiva disponibilidade destas aeronaves. Assim o 2º Grupo de Bombardeio (2º GBP) jamais seria ativado, decidindo-se concentrar todos os Vultee A-31 e A-35 junto ao  1º Grupo de Bombardeio (1º GBP), porém este processo não seria concretizado, e no transcorrer de 1947, todas as células destas aeronaves  da versão A-31 seriam recolhidas ao Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PqAerSP), onde seriam desmontados e alienados para venda como sucata. Por sua vez os últimos  Vultee  A-35B seriam reclassificados como avião de instrução no solo e destinados ao acervo da Escola Técnica de Aviação (ETAv). Estes seriam complementados com um solitário Vultee RA-35B-VN, que fora recebido no terceiro trimestre de 1944, sendo então entregue a esta instituição para fins de instrução.

Em Escala.
Para representarmos o  Vultee A-31 Vengeance "FAB 6002" empregamos o novo kit da AZ Model na escala 1/48 do A-31, modelo este que apesar de raro, que peca em níveis de qualidade de acabamento e injeção, sendo necessário muito esmero na preparação e montagem. Para compormos o padrão de pintura empregado em 1944 recorremos decais pertencentes a diversos sets do fabricante FCM Decais.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pela Força Aérea Real (Royal Air Force), pois se tratavam de células destinadas a esta arma aérea,  que foram desviadas ainda na linha de produção para a Força Aérea Brasileira. Relatos  e fotos de época apontam que este esquema foi mantido até sua desativação.



Bibliografia :
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015 – Jackson Flores Jr.
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Vultee Vegenence - Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Vultee_A-31_Vengeance