Krupp Flak 88 mm C/56 Modelo 18

Historia e Desenvolvimento.
A maioria das armas antiaéreas empregadas na Primeira Guerra Mundial foram desenvolvidas mediantes a adaptações de armas de médio calibre, que seriam montadas da maneira que fosse possível utilizá-las com um amplo ângulo de ataque. Em açao durante o conflito, obteriam certa eficácia contra os aviões lentos e vulneráveis da época, porém o rápido desenvolvimento da tecnologia aeronáutica observada no pós-guerra, melhoraria em muito a performance das aeronaves. E neste novo cenário, e os canhões antiaéreos em operação já não possuíam a cadência de tiro rápida o suficiente e nem eram nem capazes de alcançar a altitude em que os novos aviões militares voavam. Desta maneira todas as defesas antiaéreas existentes até então, passariam a ter pouca efetividade contra-ataques aéreos em hipotéticos novos conflitos que poderiam se avizinhar no futuro. Este movimento levaria as nações vencedoras do conflito a iniciar o desenvolvimento de uma nova geração de canhões antiaéreos que pudesse novamente rivalizar com as ameaças aérea. Em fins da década de 1920 a Alemanha ainda estava impedida pelo Tratado de Versalhes, de desenvolver e fabricar armas em grandes quantidades ou de capacidade ofensiva superior, passaria secretamente a esboçar os primeiros estudos e passos para iniciar um novo processo de rearmamento, sobre a égide da República de Weimar.  Buscando contornar as limitações impostas por este tratado, o governo alemão demandaria a suas indústrias de defesa alternativas para a implementação deste programa. Atendendo a esta demanda empresa Friedrich Krupp AG, se associaria a sueca AB Bofors (que detinha participação majoritária na empresa alemã) em um acordo de cooperação, para a criação de uma nova geração de canhões antiaéreos que apresentassem com grande cadência de disparos e projéteis de alta velocidade, capazes de atingirem altas altitudes. Curiosamente este projeto deveria prever também o emprego da mesma plataforma para o emprego antitanque ou anticarro, criando assim um sistema de armas de baixo custo de produção e manutenção. Ao ser desenvolvido do “zero” a partir do ano de 1926, esta nova arma romperia com conceitos canhoes antiaéreos, criando soluções até então não exploradas, resultando em um projeto inovador e muito eficiente.     

Durante a fase de início da produção os protótipos apresentavam a configuração com calibre de 75 mm, no entanto os militares alemães almejavam uma arma com capacidade superior, levando assim ao redesenho do projeto que culminaria no emprego do calibre de 88 mm. Em abril de 1928 seria concluído o primeiro protótipo, apresentando um cano de peça única com um comprimento de 56 calibres, gerando assim a designação de modelo 18 L/56.  Em maio de 1928, os primeiros canhões Flak Modelo 18 (Flugzeugabwehrkanone canhão de defesa de aeronaves), começariam a entrar e serviço no Exército Alemão (Reichsheer). Estes novos canhões antiaéreos tinham seu canhão de 88 mm montado sob uma estrutura base tipo cruciforme fixa com ângulo de giro de 360º apresentando uma elevação de - 3º á + 85º, sendo assim capaz de atacar alvos tanto em terra quanto no ar. Em casos especiais, poderia ainda efetuar disparos sobre sua base de transporte sobre rodas, porém sem a mesma precisão. Como principal diferencial em relação a armas de perfil similar, possuía um sistema de carregamento "semiautomático", simples de operar que ejetava os cartuchos vazios disparados, permitindo que ele fosse recarregado simplesmente inserindo um novo cartucho em uma bandeja e após na câmera que engataria e reacionária a arma. Este processo resultaria em taxas de disparos da ordem de dez a vinte tiros por minuto, apresentando resultados mais eficientes do que qualquer outro canhão em uso naquele período. Podia fazer uso de uma variada gama de munições, como contra aeronaves, pessoal, carros de combate e veículos blindados em geral, empregando projeteis altamente explosivos de carga 10,4 kg, ou perfurantes de carga 9,2 kg, estas últimas atingindo uma velocidade na boca do cano a 820 metros por segundo, sendo capazes de penetrar a couraça de qualquer blindado em serviço naquela época.  Em fevereiro de 1933 o atentado a sede do governo alemão Reichstag, traria o cenário e a motivação ideal para que Chanceler Adolf Hitler, iniciasse o movimento de ascensão do partido Nazista em direção ao total controle do governo alemão, que se concretizaria após a morte do presidente Paul von Hindenburg em 1934. Iniciava-se assim um ousado processo de rearmamento das forças armadas alemães, visando garantir as condições bélicas para os planos futuro do novo governo alemão.  
Neste momento diversos programas de sistemas de armas seriam acelerados entre estes o canhão antiaéreo Flak Modelo 18, com algumas centenas de peças estando em operação quando da intervenção da Alemanha na Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939). Em combate real neste conflito contra as forças republicanas, este canhão se mostraria como a melhor arma antiaérea disponível na época, provando também ser preciso e versátil como uma excelente arma anti-veículo e anti-bunker de longo alcance. A experiencia obtida durante este conflito regional, revelaria, no entanto, a ocorrência de vários problemas técnicos de pequena ordem, porém apresentariam grandes oportunidades de potenciais de melhoria de projeto. Em 1939 surgiria a versão aprimorada denominada Flak Modelo 36, ao contrário de seu antecessor que possuía o cano do canhão em peça única, novo modelo apresentava o sistema de multi seção, com um cano de duas peças, para assim facilitar a substituição de componentes desgastados.  Também possuía uma nova estrutura base tipo cruciforme que era mais robusta e pesada e passava a ser equipada com pneus duplos na frente e atrás, possibilitando assim uma melhor precisão quando da necessidade de operação em regime de emergência sob rodas, com canhão podendo ser disparado na posição de transporte, logo após de ser separado de seus rebocadores meia lagarta SdKfz 7. A alteração do sistema de fixação permitia que a arma estive pronta para a operação em dois minutos e meio, o que favorecia o modelo em operações rápidas dentro do conceito Blitzkrieg (guerra relâmpago). Visualmente o modelo Flak 36 podia ser identificado pela adoção de um escudo blindado que proporcionava proteção limitada para os artilheiros, salientando que este acessório podia ser instalado também na versão anterior. Em seguida seria desenvolvida também a versão Flak 37, que estava equipada com novos indicadores de mira seriam acoplados ao controlador central para cada uma das quatro armas de uma bateria, permitindo o fogo coordenado. Visando manter o nível de operacionalidade no campo de batalha, diversos componentes críticos era intercambiáveis entre as versões Flak 18, Flak 36 e Flak 37. 

Já em 1939, o comando da Força Aérea Alemã (Luftwaffe) solicitaria o desenvolvimento de novas armas para a defesa antiaérea, principalmente para atuar contra bombardeiros de alta altitude. Neste momento a produção dos Flak 88 mm estava sob responsabilidade da empresa Rheinmetall AG, que rapidamente responderia a esta demanda com uma nova versão, que passava a apresentar canos e cartuchos mais longos. Seu protótipo designado como Flak 41 seria entregue para testes em março de 1941, disparando projeteis de 9,4 kg a uma velocidade de focinho de 1.000 m/s (3.280 pés/s), dando-lhe um teto efetivo de 11.300 metros (37.100 pés) e um máximo de 14.700 metros (48.200 pés). O grande êxito obtido pela Legião Condor na Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) onde sua utilidade como arma antitanque e peça de artilharia de campo excederia seu papel como arma antiaérea, seria novamente comprovado durante a batalha da França em 1940. Neste momento seu emprego seria devastador contra os carros de combate franceses Char B1 Bis e ingleses Matilda II. Neste momento seria introduzido no Exército Alemão (Wehrmacht) de canhões Flak 18 montados em veículos meia lagarta pesados Sd.Kfz. 8, recebendo nesta configuração a denominação de "Bunkerknacker". A capacidade da sua munição em penetrar mais de 84 mm de armadura a um alcance de 2 km, o tornaria uma arma antitanque incomparável durante os primeiros dias da guerra e ainda formidável contra todos, exceto os tanques mais pesados no final. Na campanha da Africa do Norte, as forças alemãs do Afrika Korps, sob o comando do general Erwin Rommel, os Flak 88 mm seriam empregados com maestria, quando Panzers em movimento de aparente retirada, atrairiam os carros de combate britânicos do Oitavo Exército Britânico para uma armadilha, sendo destruídos mais de duzentos e cinquenta tanques inimigos.  A repetida perda de tanque de canhões Flak 88 mm bem-posicionados nas batalhas do Halfaya Pass lhes renderia o apelido de "Hellfire Pass" (Passe do Fogo do Inferno), criando assim um mito, que passaria a ser muito temido por seus adversários. Já durante a operação  Barbarossa, a invasão da União Soviética, os Flak 88 seriam largamente usados na frente oriental obtendo grande êxito na primeira fase da campanha. No entanto a introdução dos novos carros de combate T-34 e KV trariam os primeiros revezes em combate contra a blindagem dos tanques soviéticos, sendo eficientes contra estes somente a uma distância de 200 metros. 
Os canhões Flak 88 teriam destacada participação no esforço de defesa antiaérea do Reich, com suas baterias estrategicamente posicionadas fazendo uso do sistema Kommandogerät, um computador de artilharia analógico.  Este permitia disparos extremamente precisos, levando em conta a distância entre as armas umas das outras e da tripulação de mira, anulando o deslocamento e apontando todas as armas no mesmo ponto. Isso permitiu que várias armas fossem apontadas precisamente para o mesmo alvo por uma única tripulação de comando de cinco homens, em vez de exigir tripulações treinadas em cada arma. Sistemas de mira por radar também foram desenvolvidos para complementar esses sistemas. A série de radares de Würzburg foi produzida aos milhares e amplamente utilizada. Ele permitia fogo de área geral sem linha de visão, mas tinha baixa precisão em comparação com os sistemas visuais. O intensificar da campanha de bombardeio estratégico aliado levaria a priorização da produção de armas antiaéreas comprometendo quase 45% do orçamento de defesa alemão. A Força Aérea Alemã (Luftwaffe) em agosto do ano de 1944, chegaria a dispor de mais de dez mil canhoes Flak 88 mm em serviço para a defesa antiaérea internamente no país. Além das forças armadas alemães os canhões Flak 88 seriam adquiridos novos de fábrica pela Itália, Espanha, Grécia, China Nacionalista, Brasil e Finlândia. Centenas de peças de artilharia desta família seria capturadas e empregadas pelas Forças Francesas Livres, Grécia, Iugoslávia e temporariamente pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) pelos 79º e 244º Batalhões de Artilharia de Campanha, durante o auge de escassez de munição. Estas armas de artilharia antiaérea, ainda veriam combate real durante a Guerra do Vietnã, quando peças fornecidas pela Uniao Soviética a partir do ano de 1954, foram empregadas contra aeronaves norte-americanas no início daquele conflito. Registra-se que as últimas unidades destas armas foram retiradas do serviço militar ativo somente no ano de 1977. Entre 1933 e 1945 seriam produzidos 26.616  canhões Flak 88 mm dispostas em sete versões. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A adoção de modernos canhões no Exército Brasileiro, teve início no ano de 1905 com a implementação da “Reforma Hermes”, um ousado programa de modernização da Força Terrestre, que compreendia além de um processo de reestruturação, a aquisição de grandes quantidades armamentos modernos.  Este movimento traria os resultados esperados, elevando o patamar operacional das forças brasileiras semelhante ao dos melhores exércitos europeus, no entanto este panorama seria mantido pôr no máximo vinte e cinco anos, principalmente face ao rápido desenvolvimento tecnológico observados após o término da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). Desta maneira, durante a segunda metade da década de 1930, o Exército Brasileiro, encontrava-se em uma situação preocupante em termos de efetividade operacional. Conflitos em vários locais mostravam claramente uma tendência de insegurança reinante no mundo e muitos países sul-americanos possuíam equipamentos bélicos superiores aos do Brasil. Relatórios confidenciais do Estado-Maior das Forças Armadas revelavam que a Argentina e o Chile contavam com armamento muito mais moderno e numeroso, tanto aéreo, como terrestre e naval, e constatavam que o Brasil estava totalmente despreparado contra ameaças externas. Em um caso hipotético de hostilidades contra seus principais vizinhos do Sul, somente haviam condições de defesa por um breve período, podendo até em menos de trinta dias perder o domínio do Estado do Rio Grande do Sul. Dentre as principais deficiências que o Exército Brasileiro tinha, era a completa obsolescência de seus equipamentos de artilharia. Para resolver esta perigosa deficiência em abril de 1936, o general Eurico Gaspar Dutra, então Ministro da Guerra, determinaria a criação de uma comissão de compras com sede na Europa, com esta equipe sendo responsável por analisar e recomendar novos equipamentos para o reaparelhamento das Forças Armadas. Após serem elencados os potenciais fornecedores, seria formulado e enviado um edital as empresas Schneider et Compagnie, Societa Giovanni Ansaldo & Compagnia, Friedrich Krupp AG e Rheinmetall AG, apresentando demandas e questionamentos sobre tomada de preços e condições de pagamento de seus produtos e principalmente opções e modalidades de financiamento. Para adquirir essas novas armas seria disponibilizada uma verba de um milhão e quinhentos mil contos de réis ao longo de dez anos, provenientes de uma reserva de recursos financeiros. As transações seriam feitas em libra esterlina, a moeda forte da época. Além disso, o Brasil assinaria um acordo comercial com a Alemanha, que na época despontava com um parque industrial de tecnologia de ponta, permitindo compras em marcos alemães de compensação, através de exportações brasileiras de produtos agrícolas.  

Dessa forma, em 19 de março de 1937, seria celebrado um contrato envolvendo a aquisição cem canhões de 75 mm C/26 e acessórios da Fried Krupp AG, para equipar as unidades de cavalaria que guarneciam as fronteiras do Sul e Oeste do Brasil. Eram peças de tração animal, pois existiam poucas estradas de rodagem, sendo o uso de veículos automotores predominante nos centros urbanos. O material militar seria recebido entre agosto de 1938 e fevereiro de 1939, com distribuição prevista para operação em vinte e cinco baterias de artilharia. Excetuando uma bateria que seria destinada à Escola Militar do Realengo na cidade do Rio de Janeiro, a fim realizar a instrução básica e elaboração de manuais de operação e manutenção. O restante seria distribuído em três divisões de cavalaria no Estado do Rio Grande do Sul e uma no Estado do Mato Grosso. Este primeiro movimento garantiria a retomada da capacidade mínima da artilharia de campanha do Exército Brasileiro, porém ainda havia necessidades a ser preenchidas principalmente no que tange a estruturação de um sistema básico de defesa antiaérea.  Em atendimento a estas demandas, em 25 de março de 1938, seriam assinados diversos contratos com a empresas alemães como a Daimler Benz, Kraus Maffei, Fried Krupp AG. AG Matra Werke, Bussing-NAG, Henschel & Sohn, Car Zeiss e Eletroacoustic GmBh, resultando na compra de uma quantidade substancial de material militar. O fornecedor principal nesta fase, novamente, seria a Fried Krupp AG, se destacando pelo volume de negócios celebrados com esta, assim por este motivo este acordo passaria a ser conhecido como “ O Grande Contrato Krupp¨. Nestes termos seriam adquiridos nada menos do que 1.180 peças, desde canhões de campanha de 75 mm, a até obuseiros de 150 mm, um substancial quantidade de munição e acessórios, incluindo 644 veículos automotores, 50 reboques-oficina, equipamentos para direção de tiro e de localização de som.  O pacote global totalizaria um investimento de  8.281.383 milhões  de libras esterlinas, com um depósito inicial de 15% nesta moeda, e o restante em até 25 parcelas, em marcos de compensação (aliás, dependendo do material, a quitação deveria ser feita entre 8  e 15 parcelas).  Assim, o “Grande Contrato Krupp” previa a aquisição de material dedicado a defesa área, como equipamentos de comando e direção de tiro (Preditores) WIKOG 9SH, fabricados pela Carl Zeiss e destinados às baterias antiaéreas de 88 mm; equipamentos de localização de som ELASCOPORTHOGNOM, fabricados pela Electroacoustic GmbH, para as baterias antiaéreas, e que era utilizado previamente à adoção de radares móveis, visando direcionar a artilharia contra aviões inimigos, orientando pelo som. 
O contrato contemplava também os desenhos, o ferramental e os direitos de produção de todos os componentes das munições empregadas pelas peças adquiridas, buscando tornar o país autossuficiente nisso, exceção feita à espoleta mecânica de duplo efeito, não cedida . Em setembro de 1939 a Alemanha invadiu a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial. Imediatamente, em apoio aos poloneses, a França e a Inglaterra declararam guerra contra a Alemanha. Embora o Brasil fosse neutro, suas encomendas foram prejudicadas pelo bloqueio naval imposto pela Royal Navy, impedindo que embarcações estrangeiras chegassem a portos alemães. A solução encontrada foi despachar o material a partir de Gênova, na Itália. A primeira remessa, composta de quatro canhões antiaéreos 88 mm junto com munição, foi embarcada num navio mercante de bandeira brasileira. Depois disso, e para evitar que o material completo fosse apreendido pelo bloqueio naval inglês, as remessas foram enviadas em partes, ou seja, os tubos dos canhões foram remetidos em um navio, e os reparos em outro, e em datas distintas. Com a ocupação alemã da França e a adesão da Itália ao Eixo, o bloqueio inglês se expandiu e alcançou o Mar Mediterrâneo. A comissão brasileira que recebia o material produzido em Essen, passou utilizar como local de embarque a cidade de Lisboa, em Portugal, país que permaneceu neutro até o final das hostilidades. m novembro de 1940, o mercante “Siqueira Campos” carregado de parte da encomenda, foi apresado por navios ingleses e escoltado até Gibraltar. O fato, conhecido como “Incidente do Siqueira Campos”, gerou forte reação antibritânica nos oficiais brasileiros, e o general Dutra e o chefe do Estado-Maior do Exército, general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, solicitaram aos Estados Unidos que intercedessem na questão. O governo de Washington estava preocupado com a defesa do continente e buscava soluções para prover os países latinos com armamento, ao mesmo tempo em que enfrentava dificuldades para atender à sua própria demanda e ajudar aos que já combatiam o Eixo. Intervir a favor do Brasil iria resolver parcialmente, inclusive, a necessidade de armamento, para a defesa da costa nordestina contra uma eventual invasão alemã.  Diante de um pedido pessoal do chefe do Estado-Maior do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, o general George Marshall, os britânicos permitiram que a carga fosse embarcada em um mercante norte-americano, levada até Nova York e transferida para um navio brasileiro. O mesmo procedimento se deu no segundo semestre de 1941, com outra carga já a bordo do navio brasileiro “Bagé”.  Essas foram as últimas remessas que chegaram ao País, referentes ao “Grande Contrato Krupp”. Parte dos materiais, já aprovada e recebida pela comissão brasileira, estocadas em depósitos da Alemanha, França e Portugal aguardando um meio diplomático para ser remetida ao Brasil, acabaria sendo requisitada pelo Exército Alemão (Wehrmacht).

Caso o Brasil tivesse recebido a totalidade da encomenda, teria se transformado, na ocasião, na nação latino-americana mais equipada em termos de artilharia. Especificamente em termos a estruturada de defesa antiaérea, seriam recebidos somente 28 peças do Flak 88 mm C/56 Modelo 18, 06 preditores Carl Zeiss WIKOG 9SH e 18 aparelhos de localização pelo som Electroacoustic GmbH ELASCOPORTHOGNOM. Embora a quantidade do material recebido fosse muito menor do que a encomendada, ainda foi possível organizar três regimentos: o 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé) no Rio de Janeiro - RJ, seria a primeira unidade a receber o material, em 04 de fevereiro de 1941, quando chegaram 12 peças para equipar três baterias, dois aparelhos de escuta ELASCOPORTHOGNOM, e uma bateria de projetor antiaéreo 60’’ SPERRY M-1939. Em outubro do mesmo ano, a unidade realizou o primeiro exercício de tiro real, utilizando alvos rebocáveis, bem como todos os equipamentos que equipavam as baterias, tais como telêmetros, preditores WIKOG 9SH, aparelhos para localização pelo som, projetores, dois tratores Sd.Kfz. 7. Durante 1943, o regimento foi reforçado por uma bateria de canhões automáticos antiaéreos de 37mm M-2A2, de origem norte-americana, 1º Grupo do 2º Regimento de Artilharia Antiaérea (I/2ºRAAAé) sediado na cidade de Osasco – SP, seria equipada com duas baterias de quatro 88 mm cada, e todos os equipamentos auxiliares, como dois tratores Sd.Kfz. 7 e por fim o 1°Grupo do 3° Regimento de Artilharia Antiaérea (I/3° RAAAé) sediando na cidade de Natal – RN, que receberia recebeu os oito 88mm restantes, perfazendo duas baterias e equipamentos acessórios e um trator meia-lagarta Sd.Kfz. 7. Sua missão era proteger a área de Natal (RN), tanto contra ataques aéreos à Base Aérea de Parnamirim, como para defesa do litoral. Assim, uma bateria seria estacionada ao largo daquela base aérea, apoiada por uma bateria de projetores SPERRY M-1939, e a outra foi para a região de Ponta de Santa Rita (Genipabu). Esta bateria seria acionada para um ataque real, no dia 18 de dezembro de 1942, as 7:00 horas da manhã, quando disparos foram efetuados contra a vela de um submarino não identificado, detectado a 2.600 metros da costa, não havendo registros oficiais sobre possíveis impactos. 
A partir do ano de 1942, seriam recebidos uma grande quantidade de material militar norte-americano, incluindo uma variada gama de sistemas de defesa antiaérea englobando centenas de  canhões M-2A2 AA de 37 mm, M-3 AA de 76 mm e por fim M-1A3 AA de 90 mm.  Apesar deste fato, os canhões alemães Krupp Flak 88 mm C-56 Modelo 18 se manteriam plenamente em atividade durante toda a Segunda Guerra Mundial. Junto ao 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé), estas armas seriam empregadas até novembro de 1954, quando foram substituídos por canhões antiaéreos de 90 mm M-1 (M-117), também norte-americanos, e sua denominação passou a ser 1º Grupo de Canhões 90 Antiaéreos (1º G Can 90 AAe). Os canhões pertencentes ao 1º Grupo do 2º Regimento de Artilharia Antiaérea (I/2ºRAAAé) que se encontravam no arquipélago de Fernando de Noronha, seriam novamente concentrados na cidade de Osasco, se mantendo em operação até o ano de  1955, quando o grupo já havia sido renomeado como 2º Grupo de Artilharia Antiaérea (2º GAAAe), Grupo José Bonifácio e Fernando de Noronha, com sede em Praia Grande (SP). Por fim os Krupp Flak 88 mm C-56 Modelo 18 pertencentes ao 1° Grupo do 3° Regimento de Artilharia Antiaérea (I/3° RAAAé), seriam as últimas peças a serem retiradas de serviço no ano de 1956. Salienta-se que este processo se daria somente pela escassez de munição, pois operacionalmente superavam em muitos aspectos os seus pares norte-americanos. Hoje, restam preservadas pelo menos seis desses canhões: na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende/RJ; na entrada do 1º Grupo de Artilharia Antiaérea (1º GAAAe), junto com um refletor SPERRY, na Vila Militar, Rio de Janeiro/RJ; duas peças no Monumento Nacional dos Mortos da Segunda Guerra Mundial (MNMSGM), no aterro do Flamengo, Rio de Janeiro/RJ; no Museu Militar Conde de Linhares (MMCL), que também possui um preditor WIKOG 9SH, no Rio de Janeiro/RJ; e no Museu de Armas, Veículos e Máquinas André Matarazzo, em Bebedouro/SP. 

Em Escala.
Para representarmos o Krupp Flak 88 mm Modelo 18 C/56", pertencente ao 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé), fizemos uso do excelente kit produzido pela  AFV Club na escala 1/35, modelo que prima pela qualidade e detalhamento, combinado peças em metal, borracha e photo etched. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, basta apenas descartar o escudo blindado de proteção dos artilheiros. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura que pode ter sido empregado nos canhões Krupp Flak 88 mm Modelo 18 C/56 e demais peças de artilharia de origem alemã recebidos pelo Brasil. Com este esquema se baseando no esquema adotado no Exército Alemão (Wehrmacht) em fins da década de 1930.  




 Bibliografia: 

- 1º Grupo de Artilharia Antiaérea  https://www.1gaaae.eb.mil.br/2016-02-10-19-06-22 

- Flak de 88 mm 18/36/37/41 Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/8.8_cm_Flak_18/36/37/41  

- Canhões antiaéreos Krupp 88 mm no EB – Helio Higuchi e Paulo R. Bastos Jr – Tecnologia & Defesa 

- O Nordeste na II Guerra Mundial - Editora Record, 1971 

- O Duplo Jogo de Vargas GAMBINI, Roberto - Editora Símbolo, 1977 

 

M-55 Machine Gun Trailer Mount

História e Desenvolvimento.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), o emprego de metralhadoras automáticas seria extremamente difundido entre as forças beligerantes, esta nova realidade levaria ao desenvolvimento de novos sistemas de blindagem para uso em veículos e aeronaves. Este movimento tonaria completamente ineficiente a maioria das armas que ainda empregavam munição de fuzil, demandando a criação de novas armas para as forças de infantaria. Neste momento o comandante da Força Expedicionária Americana, General John J. Pershing, solicitaria ao Departamento de Armamentos do Exército o desenvolvimento urgencial de metralhadoras de calibre maior. Seu pleito inicial previa uma arma com um calibre de pelo menos 0,50 polegadas (12,7 mm) com uma velocidade de boca de pelo menos 2.700 pés por segundo (820 m/s). Atendendo a esta demanda, em julho de 1917 o projetista John Moses Browning começaria a redesenhar sua metralhadora M-1917 para operar com munições de calibre maior. A Winchester Repeating Arms Company passaria a trabalhar imediatamente na nova munição, que era uma versão mais robusta de seu cartucho .30-06 empregada com munição anti-veículo, porém o General John J. Pershing resistiria a esta ideia, solicitando que o novo cartucho fosse sem aro. O primeiro protótipo passaria a ser submetido a testes a partir do dia 15 de julho de 1918, chegando, no entanto, a disparar menos de 500 tiros por minuto com uma velocidade de saída de apenas 2.300 pés/s (700 m/s). A arma era demasiadamente pesada, de difícil controle, disparando muito lentamente para o papel antipessoal, não sendo ainda poderosa o suficientemente contra blindagens leves. Enquanto se seguia o desenvolvimento desta arma, em agosto do mesmo ano, no campo de batalha na Europa, uma grande quantidade de metralhadoras alemães Mauser 1918 T-Gewehr e suas munições seriam capturadas, sendo possível realizar uma completa avaliação. As munições alemãs de 13,2 mm tinham uma velocidade de focinho de 2.700 pés/s (820 m/s), com balas de 800 gr (53 gramas), podendo penetrar armaduras de 25 mm de espessura com um alcance de 230 metros. Este desempenho levaria os projetistas norte-americanos a reavaliarem seus projetos. Como resultado prático a Winchester Repeating Arms Company melhoraria sua munição de calibre .50 (12,7 mm), alcançando uma velocidade final de saída de 2.750 pés/s (840 m/s). Apesar de todos estes esforços, a versão final desta nova metralhadora não seria concluída antes do término do conflito em 11 de novembro de 1918.   

O fim da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) levaria ao encerramento ou cancelamento de muitos projetos militares, no entanto devido a sua importância estratégica este projeto em desenvolvimento, resultando no ano de 1921 na metralhadora M-50 Browning M-1921 refrigerada a água. Esta nova arma automática seria então destinada para o emprego de infantaria e autodefesa em aeronaves, com milhares destas armas sendo empregadas experimentalmente de 1921 até 1937. Esta metralhadora apresentava cano leve, com sua munição sendo alimentada apenas pelo lado esquerdo, sendo de prático emprego e remuniciamento, uma versão mais pesada seria considerada para uso na autodefesa de veículos terrestres. O decorrer destes testes passaria a levantar sérias dúvidas sobre sua adequação para emprego por aeronaves ou para uso antiaéreo. Em novembro de 1926, John Moses Browning viria a falecer, com o desenvolvimento da arma sendo retomados no ano seguinte sobre o comando da companhia S.H. Green, que se debruçaria sobre os problemas de projeto do M-1921, visando assim atender as demandas das forças armadas norte-americanas. Esta iniciativa resultaria no modelo padrão M-2 Browning, que poderia ser configurado em até sete versões especializadas com calibre .50 , com estas armas passando a ser produzidas a partir de 1933 pelas empresas Colt's Manufacturing Company, General Dynamics, U.S. Ordnance , Ohio Ordnance Works Inc. e FN Herstal (Fabrique Nationale). Ao longo desta década o modelo passaria a ser atualizado, como principal mudança a alteração de seu sistema de refrigeração, trocando o sistema a água pelo a ar. Esta importante melhoria, tornaria a Browning M-2  a principal metralhadora pesada a ser empregada pelas forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), sendo empregada por forças de infantaria, aeronaves, carros de combate, caminhões, veículos de reconhecimento e meios navais. Esta metralhadora se destacaria no emprego antiaéreo de baixa altitude, sendo usada como arma de autodefesa em veículos blindados, seu êxito operacional suscitaria a ideia para o aumento de concentração de fogo com emprego de duas as mais armas, operando em um conjunto único. Esta iniciativa seria materializada no início do ano de 1942, em uma concorrência visando o desenvolvimento de um sistema de armas composto por das metralhadoras M-2 Browning calibre. 50 acopladas a uma torre elétrica com giro de 360º que deveria apresentar facilidade de instalação e operação em veículos automotores. Empresas como Bendix Corporação, Martin Aircraft Company e W. L. Maxson Corporation encaminhariam suas propostas ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army). 
Destas, seria escolhida a proposta apresentada pela W. L. Maxson Corporation, que resultaria no projeto do modelo M-33 que deveria montado inicialmente sobre os blindados meia lagarta White M-2, proporcionando assim as unidades de infantaria uma proteção antiaérea de baixa altitude autopropulsada. Curiosamente a empresa não receberia o contrato de produção, com estes sendo cedidos a Kimberly-Clark e a  Landers, Frary e Clark Company, caberia, no entanto, a Maxion produzir os inversores de velocidade variável para as torres. Entre os anos de 1942 e 1943 entregariam um total de 2.160 sistemas M-33 ao Exército dos Estados Unidos (US Army). O emprego operacional das torres M-33 nos veículos meia lagarta M13 Multiple Gun Motor Carriage, (designação aplicada aos White M-2 equipados com esta torre) se mostraria pouco eficiente não conseguindo proporcionar uma concentração de fogo suficiente para a saturação do espaço aéreo de baixa altitude. Isto traria a oportunidade para o aprimoramento do mercado com a equipe do engenheiro William Leslie Maxson, retornado a prancheta de projetos, da qual nasceria o modelo M-45 Quadmount que passava a ser equipado com quatro metralhadoras M-2 Browning calibre. 50 acopladas a uma torre elétrica com giro de 360º. Este sistema era operado por dois carregadores e um artilheiro, com sua torre girando em 360º, com uma elevação angular entre -10 e +90 graus, sendo acionadas eletricamente, alimentadas por duas baterias recarregáveis de 6 volts. Todas as quatro armas podiam ser disparadas de uma só vez, mas a prática padrão era alternar entre disparar o par superior e inferior de armas, permitindo que um par esfriasse enquanto o outro estava em uso. Isso permitiu períodos mais longos de ação, pois o superaquecimento dos canos das armas foi diminuído. Seus conjuntos de armazenamento continham 200 munições cada. Seus protótipos seriam testados, obtendo excelentes resultados, com as quatro armas proporcionando agora o poder de fogo almejado, gerando assim os primeiros contratos de aquisição, sendo estes novamente firmados com as mesmas empresas que produziram anteriormente o sistema M-33. Seu batismo de fogo se daria durante a Operação Husky, também conhecida como a Invasão da Sicília em julho 1943, e durante toda a campanha no teatro Europeu o M-45 Quadmount se tornaria a principal arma (juntamente com o canhão de 37 mm) dos batalhões de artilharia antiaérea altamente móveis. Esses batalhões forneceriam uma defesa aérea inestimável para unidades muito maiores, particularmente artilharia de campanha, com estes servindo como um forte dissuasor para corridas de strafing por aviões de guerra inimigos, pois, além de seu poder de fogo bruto, seu quarteto de metralhadoras Browning M2HB de calibre .50 de "cano pesado" eram capazes de ser "ajustados" para convergir para um único ponto a distâncias que poderiam ser redefinidas durante o uso. 

O M-45 Quadmount seria utilizado durante toda a guerra também uma arma terrestre, particularmente durante a Batalha do Bulge.  Embora os Aliados houvessem alcançado a supremacia aérea com a invasão da Normandia em junho de 1944, os ataques alemães em baixa altitude ainda eram uma ameaça, com os M-45 montados nos modelos M13 e M-15  Multiple Gun Motor Carriage representando uma satisfatória proteção as forças terrestres aliadas. Também este sistema seria empregado pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy) a partir de fins de 1944 durante os ataques suicidas “Kamikaze” da Marinha Imperial do Japão, com os porta aviões da classe Essex recebendo seis conjuntos destes para testes operacionais começando com o CV-16 Lexington em maio de 1945, no entanto os resultados seriam ineficazes contra as altas velocidades que as aeronaves japonesas de mergulho possuíam. Durante a Segunda Guerra Mundial, a torre seria M-45 foi montada em dois sistemas específicos; o M-16 Multiple Gun Motor Carriage, montado nos meia lagarta White M-2 e M-5 e o M-51 Multiple Machine Gun Carriage montados no trailer M-17.  Quando montado no reboque M-20, este conjunto passaria a ser denominado como M-55 Machine Gun Trailer Mount, mas este sistema não tinha terminado os testes antes do término das hostilidades na Europa em maio de 1945. Os M-51 presentes no teatro de operações do Pacífico, seriam retirados de serviço no final da Segunda Guerra Mundial em favor dos M-55. Ainda durante o conflito, experimentalmente, o M-45  Quadmount também seria testado em 1942 em um tanque leve M-3 Stuart, montado lugar da torre original do canhão de 37 mm, mas o projeto seria encerrado devido a priorização de outros projetos em andamento. Durante a Guerra da Coreia (1950 – 1953), tanto o  M-55 Machine Gun Trailer Mount quanto o M-16 Multiple Gun Motor Carriage seriam submetidos a combates intensos com emprego para fogo terrestre, e as lições aprendidas neste conflito levariam a conversão de mais de 1.200 White M-3 meia lagarta para a versão M-16A1, adicionando assim uma torre M-45. Estes podiam ser identificados pela ausência de blindagem rebatível e porta de tropa traseira no compartimento da tripulação e muitas vezes seriam equipados com o para-choque dianteiro de rolo em vez do para-choque de guincho instalado em todos os M-16. Em 1954, uma modificação adicional seria aplicada em cerca de 700 M-16A1, adicionando a porta da tropa traseira e aparafusando a armadura dobrável na posição ascendente. Esta modificação ficaria conhecida como M-16A2 Multiple Gun Motor Carriage. 
Mesmo durante o transcurso da Guerra da Coréia (1950 – 1953), já se mostrava a obviedade de que o sistema M-45 Quadmount seria ineficaz contra os novos aviões de voo rápido da “Era do Jato”, levando então seu foco para o combate terrestre, devendo operar principalmente contra alvos de infantaria no serviço pós-guerra. Neste mesmo período, pelo menos sessenta conjuntos seriam cedidos as França, para uso pelo Corpo Expedicionário do Extremo Oriente colonial da União Francesa, que seriam montados sob caminhões militares, e teriam destaca participação contra as forças revolucionárias comunistas do Viet Min, entre 13 de março e 7 de maio de 1954, durante a Batalha de Dien Bien Phu no Vietnã. A partir de meados da década de 1960, um grande número de conjuntos M-55 Machine Gun Trailer Mount seriam revisados e modernizados, recebendo um gerador elétrico mais potente, passando a ser montados sobre a traseira dos caminhões Reo M-35 e Diamond T M-54, sendo empregado em combate durante a campanha norte-americana no Vietnã. Entre os anos de 1943 e 1944 seriam produzidos um total de 13.070 conjuntos M-45 Quadmount, com uma grande parte destes sendo armazenada como reserva estratégica em meados da década de 1950. Posteriormente estes sistemas de armas seriam incluídos como itens de programas de ajuda militar, sendo cedidas a nações alinhadas aos objetivos da geopolítica norte-americana, como França, Brasil, Colômbia, Coréia do Sul, Argentina, Venezuela, Cuba, Vietnã do Su,l Holanda, Bélgica, Taiwan, Bolívia, Israel e Paquistão. Atualmente existem alguns M-45 Quadmount em operação no Exército da Colômbia, montados em veículos blindados sobre rodas Ford M-8 Greyhound repotencializados, com pelo menos seis M-55 Machine Gun Trailer Mount em serviço no Exército do Paraguai. 

Emprego no Exército Brasileiro.
A estruturação do sistema de defesa antiaéreo no Brasil tem início no dia 04 de outubro 1940 com a criação do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (I/1º RAAAé) na cidade do Rio de Janeiro, se confundindo com a evolução da defesa antiaérea no país. Esta organização militar seria estabelecida com o principal objetivo de operacionalizar o emprego dos canhões alemães Flak Krupp 88 mm C/56 Modelo 18 e seus respectivos equipamentos de comando e direção de tiro (preditores) WIKOG 9SH fabricados pela Carl Zeiss e sistemas de localização de som Elascoporthognom, pertencentes ao “Grande Contrato Krupp” firmado no ano de 1938. O 1º Grupo do 1º Regimento de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé) iniciaria sua operação de fato e direito em fevereiro de 1941, quando foram efetivamente recebidos seus primeiros equipamentos de origem alemã.  Neste momento o intensificar das operações alemães no teatro europeu e no norte da África, levariam a o governo dos Estados Unidos a passar a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, proporcionando ao pais, uma   linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados, carros de combate em material de artilharia de campo e antiaérea.  

Neste pacote de ajuda militar, em  termos de artilharia de campo, seriam recebidos  pelo Exército Brasileiro canhões anticarro e antitanque M-1 de 57 mm e M-3 de 37 mm, obuseiros de campo M-1 Pack Howitzer, de 75 mm, M-2 de 105 mm, M-1 de 155 mm. Estes seriam complementando por poucas armas antiaéreas representadas pelos modelos M-2A2 AA de 37 mm, M-3 AA de 76 mm e por fim M-1A3 AA de 90 mm. O recebimento destes canhões antiaéreos, apesar de apresentarem em números inferiores as demandas nacionais, seriam muito bem-vindos, preenchendo assim a lacuna deixada pelo recebimento de apenas vinte e oito peças da encomenda original dos  famosos canhões alemães Flak Krupp 88 mm C/56 Modelo 18. Desta maneira seriam plenamente equipados os 1º , 2 º e  3º Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé),  que seriam então alocados estrategicamente para a proteção de pontos vitais do litoral brasileiro, inclusive mantendo operacionalmente uma bateria destas na ilha de Fernando de Noronha. Neste momento a cobertura de artilharia antiaérea de média altitude estava a par do canhoes M-2A2 AA de 37 mm, com suas unidades operadoras passando a ser denominadas como Grupo de Artilharia Antiaérea 40 mm (Gcan40 AAe). Para defesa a baixa altitude no pais, se encontravam em serviço ainda, apenas algumas dezenas dos antigos canhões duplos Oerlikon de 20 mm, complementadas por  metralhadoras dinamarquesas Madsen de 30 mm e centenas metralhadoras norte-americanas M-50 Browning M-1921 e Browning M-2 calibre .50 (estas últimas montadas em veículos blindados utilizados para autodefesa.) Apesar de serem um item pertencente ao portifólio do programa como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), o sistema M-55 Machine Gun Trailer Mount não seria incluso no pacote negociado junto ao governo brasileiro, acredita-se que esta decisão seria tomada pelo mínimo risco existente naquele de ataques a baixa altitude na região continental no país. Desta mesma maneira também em 1944, estes sistemas de armas antiaéreas não seriam cedidos aos efetivos da Força Expedicionária Brasileira (FEB), pois neste momento no front de batalha italiano já não havia mais a  possível ameaça proporcionada por ataques as forças em solo, anteriormente  esta representada pela Força Aérea Alemã (Luftwaffe). 
Logo após o período pós-guerra, por volta de meados do ano de 1948, seriam recebidos no país os primeiros conjuntos de metralhadores antiaéreas M-55 Machine Gun Trailer Mount, com pelo menos vinte destas peças usadas (mas em bom estado) sendo cedidas pelo governo norte-americano. Estes passariam a dotar os Grupos de Artilharia Antiaérea 40 mm (Gcan40 AAe). Em 1952, seria assinado na capital federal no Rio de Janeiro, o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, que concederia as Forças Armadas Brasileiras acesso ao Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), facilitando e simplificando o recebimento de material militar norte-americano. A partir deste momento seriam fornecidos ao país, uma grande quantidade de veículos e armamentos, entre eles setenta conjuntos do sistema de metralhadoras antiaéreas M-55 Machine Gun Trailer Mount. Neste momento iniciara-se o emprego deste sistema de armas como defesa de ponto para as tropas de infantaria com este equipamento passando a operar embarcado na traseira de caminhões GMC CCKW 352 B2 6X6, assim pela primeira vez o Exército Brasileiro passaria a contar para suas forças de infantaria com um sistema de proteção mínimo contra a ameaças de ataque aéreo a baixa altitude. Uma nova possível aplicação para os M-55 no Exército surgiria no ano de 1969, quando uma delegação israelense esteve em visita ao 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), o objetivo desta comitiva era o de buscar no mercado internacional a aquisição de veículos blindados antigos, visando assim transformá-los em veículos especializados ou de serviço. Durante esta reunião o comandante da unidade o Coronel Oscar de Abreu Paiva demonstraria grande interesse neste processo, tendo em vista os inúmeros comentários positivos preferidos pelos militares israelenses sobre estas conversões. Com base neste conceito, seriam conduzidos estudos visando a conversão de uma parcela da frota de carros de combate leve M-3 e M-3A1 Stuart em veículos antiaéreos autopropulsados, a exemplo de estudos similares conduzidos nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, para o desenvolvimento de uma plataforma semelhante.

Após ser elaborado o projeto conceitual, seria escolhido o carro M-3 Stuart “EB11-487” como veículo protótipo, tendo este sua torre do canho de 37 mm removida, recebendo em seu lugar, um  sistema de reparo de metralhadoras antiaéreas quadruplo calibre .50 do modelo M-45 Quadmount que seria fornecida em regime de comodato pelo 5º Grupamento de Artilharia Antiaérea 90mm (Gcan90 AAe).Todo este processo de conversão seria executado nas oficinas do 1º Batalhão de Carros de Combate Leve (BCCL), contando com o apoio da equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da Terceira Região Militar de Santa Maria (PqRMM/3). Esta viatura seria submetida a testes e campo, com os seus resultados se mostrando extremamente positivos do funcionamento dos sistemas elétricos e mecânicos, validando assim seu conceito técnico operacional desta conversão, evoluindo então para os testes de tiro real. Infelizmente não se sabe por quais motivos, o comando do Exército Brasileiro, não demonstraria neste momento o devido interesse, levando assim ao cancelamento do projeto, sendo o veículo restaurado a sua condição original e seu conjunto M-45 Quadmount sendo devolvido ao seu grupamento de origem. Em fins da década de 1970, apesar da idade e relativa ineficiência contra aeronaves de alta performance, o sistema M-55 Machine Gun Trailer Mount ainda podia ser empregado com sucesso contra aeronaves de asas rotativas e alvos de infantaria, este cenário levaria o comando do Exército Brasileiro a estudar um possível processo de repotenciamento deste sistema visando assim estender a vida útil destes sistemas de armas. Uma proposta seria apresentada pela empresa carioca Lysam Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos Ltda, envolvendo além de uma completa revisão a troca de seu sistema elétrico original, adotando um modelo mais moderno carregado por um motor a gasolina Montgomery M-226 ou M-252 de 5 cv ou 6 cv (3,73 ou 4,47kW). A proposta agradaria os militares do Exército Brasileiro, sendo contratada a produção de um protótipo para fins de avaliação com este sendo concluído em meados do ano seguinte. Embora mantivesse capacidades e desempenho semelhantes por manter como seu armamento orgânico as quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50, sua velocidade de travessia seria melhorada, com sua capacidade de elevação aumentando para mais de 90° por segundo, para assim poder engajar alvos de travessia rápida. 
Neste momento, encontrava-se em pleno processo de implementação o desenvolvimento da família de blindados, com base no novo Carro de Combate Leve MB-1 (X-1A Pioneiro e X1-A2 Carcará), novamente o conceito para o desenvolvimento de uma viatura antiaérea autopropulsada orgânica para assim equipar as unidades de Artilharia Antiaérea das Brigadas Blindadas. Este projeto designado como M.01.15, seria conduzido pelo Centro de Tecnologia do Exército (CETEX) em parceria com a empresa Bernardini S/A. Como protótipo seria escolhido um carro de combate leve X-1A Pioneiro, que passaria por alterações mecânicas, possibilitando assim poder operar o conjunto quadruplo de metralhadoras M-55M. Ao ser concluído este receberia a designação de Viatura de Combate Antiaérea XM3D1 (VBC AAe), com este sendo submetido a um intenso programa de testes. Este programa previa a construção de um segundo protótipo (projeto M.01.27) que deveria ser equipado com um canhão Bofors L/60 de 40 mm, recebendo a designação de XM3E1, porém esta configuração de armamento seria cancelada e está viatura acabaria recebendo também um conjunto M-55M. Os resultados finais apurados na fase de testes não recomendavam a adoção da viatura, tendo como determinante, a baixa cadência de fogo e o alcance das metralhadoras Browning M-2 calibre .50, levando assim ao cancelamento definitivo do projeto. Durante os anos seguintes, os conjuntos de metralhadoras M-55M montados sobre caminhões Ford - Engesa F-600 seguiriam em operação junto aos Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe), se mantendo em serviço até o início da década de 1990, quando foram enfim desativados, com suas metralhadoras Browning M-2 e seus demais componentes sucateados. Atualmente se encontram preservadas algumas unidades deste sistema de armas,  como a presente no acervo do Museu do Comando Militar do Sul, localizado da cidade de Porto Alegre – RS.

Em Escala.
Para representarmos o sistema de metralhadoras antiaéreas M-55 Machine Gun Trailer Mount , fizemos uso do excelente kit na escala 1/35 produzido pela Dragon Models. Como optamos pela versão original não modernizada, não é necessário proceder nenhuma mudança, com o modelo podendo ser montado direto da caixa. Usamos decais originais fornecidos com o modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a Segunda Guerra Mundial com os quais este sistema de defesa antiaérea foram recebidos a partir de 1948. Durante toda sua carreira no Brasil os M-55 Machine Gun Trailer Mount fizeram uso desde esquema de pintura.



Bibliografia :
- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M-45 Quadmount - https://en.wikipedia.org/wiki/M45_Quadmount 
- M2- Browning - https://en.wikipedia.org/wiki/M2_Browning
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos

Willys Série CJ Militarizado

História e Desenvolvimento.
Em fins da década de 1930, seriam produzidos pela Bantan Car Company of Butler os primeiros setenta veículos utilitários leves com tração 4X4, que se tornariam a gênese da mais famosa linha de veículos militares do mundo,  a família "Jeep". Em seu emprego operacional inicial, este novo modelo permitiria as forças de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army), explorar grande potencial de mobilidade, realizando com sucesso em uma variada gama de tarefas. Esta perspectiva levaria a decisão em se adotar em larga escala o modelo nas forças armadas norte-americanas, culminando assim na abertura de concorrência para o desenvolvimento de uma versão aprimorada deste carro, para assim ser adquirido em larga escala. Em fins do ano de 1941, após um controverso processo de avaliação e contratação, sua produção teria início junto as plantas fabris da American Bantam Company,  Ford Motors Company e Willys-Overland Company. Os primeiros veículos de série de seriam entregues ao exercito a partir de março do ano seguinte. Seus usuários passaram a se referir ao veículo pelo acrônimo "GP" (General Purpose - Proposito Geral), que na língua inglesa soava na pronúncia como "jeep". Curiosamente a palavra "jeep" era a única pronunciada por um personagem de quadrinhos muito famoso da década de 1930 chamado Eugene, que era o bicho de estimação de Olívia Palito, namorada do marinheiro Popeye. Este simpático personagem era detentor de uma variada gama de poderes, como super força e capacidade de caminhar pelas paredes e tetos. Assim graças a popularidade do desenho animado, os soldados passaram a chamar seus veículos de “Jeep” em alusão aos seus poderes. O termo "Hey, he's a real Jeep!" (Ei, ele é um verdadeiro Jeep!), era constantemente empregado para pessoas que apresentavam uma capacidade física superior. Curiosamente nascia assim um dos mais famosos nomes de batismo de veículos da História mundial. Durante toda a Segunda Guerra Mundial, a produção desta versátil família de utilitários leves superaria mais de meio milhão de carros, destes 363.000 produzidas pela Willys Overland Co. e cerca de 280.000 entregues pela Ford Motors Company. O modelo seria ainda um dos principais expoentes do Programa Lend & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), com mais de 51.000 unidades fornecidas somente para a União Soviética, além de milhares mais para os países aliados.  O término da Segunda Guerra Mundial em agosto de 1945, levaria a uma desmobilização quase que imediata dos esforços de produção industrial militar dos Estados Unidos. Desta maneira, todas as indústrias de defesa norte-americanas, seriam profundamente afetadas por cancelamentos nos contratos de produção. Entre estas empresas estava a Willys Overland Company, que neste momento dedicava quase que a totalidade das linhas de produção e ferramental para a produção da família Jeep. 

Porém mesmo do término do conflito, esta montadora já elucidava esforços para buscar em curto espaço de tempo uma profunda reorientação estratégica de seu portifólio automotivo, com a solução mais promissora apontando para o mercado civil, salientando Willys Overland Company deteria uma grande vantagem de marketing, tendo em vista neste período a Ford Motors Company, seria judicialmente impedida de fazer uso da marca "Jeep".  Nascia assim em fins de 1944, a versão civil do valente veterano de guerra que passariam a receber a denominação de Willys CJ-2 (Civil Jeep), sendo completados quarenta carros pré-série. Porém sua produção só atingiria a escala industrial a partir de julho de 1945, com o modelo melhorado, o CJ-2A. Embora seu design fosse diretamente baseado no Willys MB militar, fazendo uso do mesmo motor Willys Go Devil (com carburador e sistema de ignição diferentes), eles não seriam apenas despojados de todas as características militares, apresentando também muitas diferenças significativas nas características da carroceria e construção em comparação com o jipe militar. O Willys-Overland CJ-3A seria introduzido em 1949, e esteve em produção até 1953, quando substituído pelo CJ-3B. Ele era alimentado pelo motor de quatro cilindros L-134 Go-Devil de 60 cv (45 kW; 61 cv) da Willys, com transmissão T-90 e caixa de transferência Dana 18, eixo dianteiro Dana 25 e eixo traseiro Dana 41 ou 44. Em 1950, a montadora introduziu o novo modelo M-38 (identificado como um "MC"), este era uma versão evoluída, baseada no CJ-3A e equipado com características militares específicas, incluindo um para-brisa dobrável de uma peça, montado na parte inferior, limpadores de para-brisa, gancho para reboque, manilhas de içamento e sistema de abastecimento de combustível no lado do motorista. Um conjunto de ferramentas primordiais (machado e pá) seriam instaladas no lado do passageiro, sendo empregados pneus de maiores dimensões (7:00x16) , também seria adotado um sistema elétrico à prova d'água, exigindo uma segunda bateria. A suspensão e o quadro do M-38 eram mais robustos que o presente na versão civil CJ-3A, apresentando ainda um eixo traseiro totalmente flutuante. Outras características distintivas do M-38 incluíam faróis salientes (com fios de proteção na frente), uma saída de ar na base do para-brisa, luzes blackout e entalhes para várias ferramentas. O modelo militar não dispunha  um degrau externo (incluído no CJ-3A), para melhorar a distância ao solo facilitando o embarque. Entre os acessórios previstos incluíam-se  guinchos hidráulicos Ramsey (com um peso líquido de 2.745 libras), equipamentos para vadear depressões  e sistema de respiração especial para permitir a passagem de vales em riachos. Alguns jipes M-38 foram montados para operações nivelamento leve de solo (sendo esta considerada uma versão raríssima) com lâminas controladas hidraulicamente. Os modelos destinados a operar em áreas de clima extremo de inverno incluíam um gabinete rígido (carroceria e capota), todo em metal. O painel de instrumentos do M-38 era um exercício de simplicidade, assim como seus antecessores. Os instrumentos estavam agrupados no centro com iluminação externa, com as placas de dados à direita e um porta-luvas na extrema direita.
A primeira tentativa de fabricação dos utilitários jipes no Brasil ocorreria no imediato pós-Guerra, quando a Fábrica Nacional de Motores - FNM estudou a viabilidade de montá-los, como forma de dar uso às suas amplas e naquele momento ociosas instalações industriais . Em 1947 a concessionária Gastal Veículos Ltda,  passou a importar jipes no  regime SKD (semi knocked down - parcialmente desmontado), montando-os em suas oficinas na Tijuca, Rio de Janeiro (RJ). Em 1950, com mais de duzentos veiculos montados, sua linha de montagem seria  transferida para novas instalações na cidade de Nova Iguaçu (RJ), onde operaria até 1954, quando a Willys Overland do Brasil S/A inaugurou sua primeira fábrica no pais, cidade de  São Bernardo do Campo (SP). Neste momento ela assumiria exclusivamente a montagem dos jipes, fazendo de 100% de componentes importados dos Estados Unidos. Concluída desde o segundo semestre de 1953, a nova planta da Willys Overland Brasil S/A só pode ser ativada no ano seguinte, por dificuldades burocráticas relativas a importação dos componentes em sistema CKD (complet knocked down - totalmente desmontado). Logo que iniciada, contudo, sua produção rapidamente avançaria, e  entre fevereiro e dezembro  do ano seguinte, quase seis mil veículos foram montados, já envolvendo 30% de conteúdo nacional. A implantação da fábrica paulista seria custeada com recursos internos, provenientes de um fundo amealhado por um grupo de empresários brasileiros que fundaram a empresa e por subscrição popular; com os norte-americanos participando com apenas 30% do capital, integralizado através de matrizes e máquinas usadas, trazidas dos Estados Unidos.  A Willys Overland Company,  seria  a segunda empresa estrangeira, depois da General Motors Company, a atender ao convite formulado pelo CEIMA – órgão precursor do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística) aos grandes produtores mundiais, para que fabricassem seus veículos no Brasil . Em setembro de 1955 entrava em linha no mercado brasileiro, uma versão atualizada do Jeep, baseada no modelo civil do M-38 ou CJ-5 (a partir daí nomeado Universal), com carroceria mais moderna, para-brisa maior, bancos mais confortáveis, chassi reforçado, nova suspensão e motor de quatro cilindros e 75 cv de potência. 

Acentuando seu caráter eminentemente utilitário, o Jeep vinha equipado com tomada de força, própria para acoplamento a implementos agrícolas e de construção. Boa parte do seu sucesso comercial seria demandado em virtude a sua eficiente  tração integral 4×4 temporária, acionada por uma caixa de transferência com duas velocidades. Este sistema era acionado por duas alavancas no assoalho, sendo a maior para engate da tração dianteira auxiliar e a menor para marcha reduzida. Seguindo os planos de nacionalização aprovados pelo GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), em agosto de 1956, a fábrica de São Bernardo seria ampliada, recebendo uma linha de usinagem e montagem de motores, que seria inaugurada em março de 1958.  Ainda importado, o motor Hurricane norte-americano seria substituído pelo modelo Willys BF-161 de mesma origem neste mesmo ano. O primeiro motor Willys brasileiro seria produzido no pais neste mesmo ano, com seu bloco sendo fundido na cidade de Taubaté no interior de São Paulo, em uma  planta industrial recentemente adquirida pelo grupo. Este motor a gasolina apresentava seis cilindros em V com 2,6 litros e 90 hp de potencia, e seria  o primeiro a ser produzido no país, mantendo o esquema de válvulas de admissão no cabeçote e válvulas de escapamento no bloco.  O torque máximo de 18,67 kgfm era alcançado a partir de 2.000 rpm e  garantia boa desenvoltura com consumo aceitável. Seguindo o plano de nacionalização de componentes, o parque industrial da montadora seria ampliando, incluindo uma linha de prensas e uma unidade  específica  para produção de eixos e transmissões, que viriam a assegurar, ao final da década, praticamente o conteúdo nacional  integral de componentes básicos veiculo, atingindo um índice de 40% (quase 50%, em peso bruto). Explorando um mercado virgem, em um país predominantemente rural, desprovidos de  estradas pavimentadas, as vendas do modelo se manteriam em curva ascendente , com 9.139 carros em 1957, 13.177 em 1958 e 15.721 em 1959. Neste momento este modelo de utilitário representaria  15% da produção total nacional, incluindo automóveis, caminhões e ônibus. O sucesso do Jeep e derivados como a perua Rural garantiria à Willys Overland do Brasil ,a posição de maior indústria automobilística da América Latina, com esta liderança só sendo desbancada pela Volkswagen do Brasil S/A, no ano de 1961.
Foi nesse período que a Willys Overland do Brasil, iniciou a produção do Jeep Universal 101, assim batizado devido às 101 polegadas (2,56 metros) entre os eixos, sendo muito similar ao modelo CJ-6 norte-americano, este passaria a oferecer  ao mercado a opção de carrocerias de duas ou quatro portas e ganharia o carinho apelido de  "Bernardão" . O novo jipe diferenciava-se do CJ-5 pelas  presença das rodas de 15 polegadas com calotas da perua Rural  Willys e também era oferecido com tração apenas traseira 4×2.  No ano de 1960 seriam feitas propostas as Forças Armadas Brasileiras, envolvendo as  primeiras versões militarizadas a fim de substituírem os velhos modelos Ford GPW, Willys MB e M-38A1. Em 1965, seria adotado o caixa de mudanças de  três marchas com primeira sincronizada, no ano seguinte foi a vez da roda livre automática e do sistema elétrico com alternador no lugar do dínamo. A demanda por esta família de veículos era tão grande, que levaria a montadora a inaugurar uma nova planta industrial na cidade  Jaboatão dos Guararapes, no estado de Pernambuco, visando assim prover o abastecimento de veículos e peças de reposição para as  regiões Norte e Nordeste. Seu material publicitário o definia como o “cavalo de ferro”, mais adequado a vencer as adversidades de um pais em desenvolvimento. Em outubro de 1967 foi anunciada a compra, pela Ford do Brasil , da totalidade das ações da Willys Overland do Brasil S/A, que pertenciam a uma sociedade com capital majoritário dividido  entre a montadora francesa Renault Motores e a norte-americana Kaiser Motors Company. Embora a empresa contasse com dezenas de milhares de acionistas brasileiros, estes eram minoritários ou não tinham direito a voto. Assim, a Ford do Brasil S/A assumiria o controle efetivo da Willys Overland do Brasil S/A, herdando um enorme patrimônio em unidades industriais, propriedades intelectuais  e  vasto portifólio de produtos.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O início da operação militar no Brasil de veículos utilitários leves com tração integral (4X4) do tipo jipe, tem sua origem no ano de 1942, mediante  a adesão do governo brasileiro ao programa de ajuda militar norte-americano,  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto de acordo com os termos estabelecidos ficava previsto a cessão de quase dois mil veículos utilitários leves com tração 4X4 do tipo "Jeep", com estes fornecimentos não atendendo a nenhum critério de padronização por fabricante ou modelo, não existindo registros oficiais por parte das forças armadas brasileiras sobre a quantidade de modelos recebidos que foram produzidos pela Ford Motors Company ou pela Willys Overland Company. Os primeiros veículos utilitários desta família começariam a ser recebidos no país em lotes a partir de março 1942, mesclando veículos novos e usados, oriundos da frota ou da reserva estratégica do Exército dos Estados Unidos (US Army). Destes, 655 seriam entregues diretamente na Itália para uso junto a Força Expedicionária Brasileira (FEB), trazendo uma experiencia operacional sem igual para a Força Terrestre, o que permearia ao longo dos anos vindouros a doutrina motomecanizada brasileira. O emprego deste substancial frota de utilitários leves, em conjunto com demais veículos de transporte de diversos modelos, entre meados das décadas de 1940 e 1950, proporcionaram as Forças Armadas Brasileiras e mais notadamente ao Exército Brasileiro uma capacidade de mobilidade para sua força de infantaria sem igual até aquele período. No entanto o passar dos anos, logo traria o o peso do desgaste operacional e a consequente obsolescência, resultando  em seguida em preocupantes índices de indisponibilidade. Grande parte cenário acabaria sendo provocado por falta de atendimento aos processos críticos de manutenção e deficiências na obtenção de peças de reposição. A fim de sanar esta problemática, que afligia principalmente o Exército Brasileiro, o governo federal passaria a negociar  junto ao Departamento de Estado Norte Americano (DoD) a aquisição de mais veículos usados desta categoria, presentes nos estoques estratégicos do Exército dos Estados Unidos (US Army), classificados até então como material excedente de guerra “War Surpluss". O recebimento destes novos lotes provocaria a substituição dos jipes mais antigos em uso, ajudando assim a recuperar uma certa capacidade operacional da força. Em fins da década de 1950, o Exército Brasileiro passaria a incorporar mais veículos desta família,  agora com estas aquisições contemplando agora modelos produzidos logo no período pós-guerra, como os Willys M-38A1 e M-38A1-C (este últimos equipados com canhões sem recuo M-40 de 106 mm). 

Apesar serem veículos mais atualizados, seriam recebidos em quantidades ínfimas as reais necessidades de reequipamento neste segmento de veículos utilitários, ficando assim latente a necessidade em se promover um movimento de renovação da frota jipes. Estudos preliminares apontavam de que deveriam ser adquiridos entre 300 e 600 viaturas, com escolha recaindo por modelos como as novas versões dos Willys  M-38 e Ford M-151 Mutt, no entanto o custo total para esta demanda ser mostraria inviável do  ponto de vista econômico para aquele momento. Os olhares se voltariam então em meados para 1959, para o mercado nacional, buscando uma solução mais econômica para viabilizar a aquisição de um grande lote de veículos para assim atender a contento a demanda das  Forças Armadas Brasileiras. Este movimento poderia ainda ajudar a fomentar a indústria automobilística nacional gerando reflexos de ordem econômicas para o pais. Neste cenário a montadora Willys Overland do Brasil S/A, apresentava em seu portfólio comercial modelos como os Jeeps CJ-3, CJ-4 e CJ-5. Dentre estes, o último poderia atender a contento as demandas operacionais militares, apresentando  uma equilibrada relação de custo-benefício, já que apresentava um índice de nacionalização de mais de 80%, estando ainda equipado com o confiável motor nacional a gasolina Willys BF-161 de seis cilindros. Esta versão seria escolhida como elegível para aquisição pelo Exercito Brasileiro, e apesar de não apresentar nenhum grau de militarização (incluindo a capota de lona padrão), podia atender a contento  as especificações mínimas operacionais exigidas pela força terrestre. Esta decisão seria ainda  profundamente influenciada pelos custos de compra e manutenção extremamente interessantes. Um primeiro contrato seria celebrado entre a montadora e o Ministério do Exército prevendo a compra inicial de cinquenta carros, com este movimento sendo seguida pela Marinha do Brasil e pela Força Aérea Brasileira.  Como previsto seu uso realmente atenderia as necessidades básicas administrativas e operacionais, porém ainda se fazia necessária a introdução de uma versão essencialmente militarizada mais robusta, que apresentasse um perfil operacional semelhante aos Willys M-38A1 norte-americanos.  Visando atender a esta demanda, a equipe de projetos da montadora iniciaria estudos visando com base no modelo Jeep Willys CJ-5 desenvolver uma versão militarizada, que atendesse aos anseios do Exército Brasileiro, sem no entanto impactar agressivamente no preço de aquisição, operação e manutenção. 
Deste estudo nasceria um novo modelo que passava a apresentar  uma nova carroceria especialmente concebida  para uso militar, com modificações de estampo e estruturais  na parte denominada de “caixão”. Abandonava-se então a tampa traseira removível e rebatível, sendo substituída por  chapa soldada e reforçada para abrigar o suporte de estepe, quadro de ferramentas primordiais (pá e machado) e um tanque suplementar (camburão) de três litros. Para otimização de espaço e flexibilização de emprego, o banco traseiro quando utilizado (pois era facilmente removido), podia ser dobrado e rebatido para dar acesso rapidamente às ferramentas.  Internamente, os bancos dianteiros eram individuais para motorista e passageiro, revestidos de napa verde em tom esmeralda como padrão, mas alguns poucos em lona verde oliva. O painel apresentava os mesmos instrumentos do modelo Willys CJ-5 normal, com exceção do botão de luzes nos modelos que passaram a adotar as lanternas militares na traseira e também uma pequena tecla sob o painel para acionar o farol de aproximação e mais tarde as luzes de pare civil-  militar.  Por vim o novo modelo exibia o novo design trapezoidal dos para-lamas traseiros do Willys CJ-5 brasileiro 1962. Seria desenvolvida também uma versão “canhoneiro”, ¼ tonelada , que podia ser equipada com um canhão se recuo norte-americano M-40A1 106 mm ou nacional M-18A1 de 57 mm, apresentava ainda a parte traseira  desprovida da tampa padrão, facilitando assim a operação de municiamento do poderoso canhão. Esse modelo quando adotado pelo Exército Brasileiro,  viria  para substituir os já escassos  e desgastados jipe Willys M-38A1C canhoneiros. Seu maior diferencial visual era representado pela adoção de para-brisas repartido, suportes para tanques suplementares (camburão) de três litros, pá e machado nas laterais dos para-lamas e estepe na lateral dianteira direita. No painel havia um suporte para apoiar o canhão sem recuo quando ele estava em posição de “descanso”. Havia ainda diferenças na suspensão traseira, que era reforçada com pequenas molas helicoidais, já que o maior peso proporcionado pelo armamento e munição,   e o tranco do disparo faziam com que o veículo desse um pulo. 

O modelo rapidamente seria homologado pelo Exército Brasileiro para emprego militar, com um contrato envolvendo duzentas viaturas sendo celebrado em outubro de 1961. Uma nova versao designada como Viatura de Transporte Não Especializado 4X4 (VTNE) receberia a instalação de presilhas nas laterais e traseira, e dois suportes traseiros para apoiar a estrutura superior da capota de lona. Quando a capota nao estava sendo empregada, esta estrutura em "V" era dobrada e apoiava-se em dois suportes fixados do lado de fora dos para-lamas traseiros. A  capota de lona alias, diferenciava-se substancialmente do modelo civil, pois era produzida fazendo uso de um material mais reforçado com propriedades antichamas, possuía cinco janelas, sendo as quatro laterais removíveis e enroláveis, tornando-o um veículo semi-conversível. Para fechamento das portas, seria soldado um suporte nas laterais, que também era utilizado para fixar as cintas (straps) de segurança, quando as portas da capota eram removidas. Serviam também para fixar as pontas do cajado quando ele estava recolhido. Refletores (olhos-de-gato) foram fixados nas laterais traseiras de ambos os lados e um na parte central do suporte de estepe.  E é justamente na parte posterior que era possível visualizar-se as maiores diferenças, já que os modelos militarizados possuíam estepe na traseira, com suporte para tanque suplementar de combustível (camburão), ou galão de agua potável. Outro diferencial marcante, além dos para-choques em meia-lua militares, era a presença na traseira de um gancho padrão militar "G" para engate de carreta militar ou canhão antitanque e anilhas de fixação soldadas na base, que assim como no para-choque dianteiro serviriam para reboque ou fixação em aeronaves, pontes flutuantes, embarcações e vagões ferroviários. Alguns modelos podiam ser equipados ainda com guinchos mecânicos norte-americanos Ramsey ou os nacionais Biselli, ambos com capacidade para até 3,5 toneladas.  Para autodefesa estava prevista a possibilidade de emprego de metralhadoras Browning calibre .30  ou calibre .50,  fixadas sobre suportes na parte central do assoalho traseiro. Posteriormente seria desenvolvida uma versão especializada para  radiocomunicação equipados com aparelhos de transmissão e recepção, instalados no local onde ficava originalmente o banco dos passageiros com este equipamento transpassando um pouco os limites dos para-lamas traseiros. A antena padrão era instalada em um suporte fixado na lateral traseira direita do veiculo.
Os jipes 1/4 tonelada com tração integra  4x4 nacionais militarizados,  produzidos pela Willys Overland do Brasil pertencentes aos modelos CJ-5 e CJ-6, foram operados pelos três ramos das Forças Armadas Brasileiras, atuando em um variado leque de atividades, com várias versões especializadas, incluindo bombeiro e viatura policial, com   esta última, equipada com sirenes ROTAM sobre o para-lama direito, para uso junto a Polícia do Exército (PE). O jipe  “canhoneiro”, ¼ tonelada CSR (canhão sem recuo), seria empregado também pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Diversos contratos de aquisição seriam celebrados, tornando a Willys Overland do Brasil a principal fornecedora de viaturas não blindadas para as Forças Armadas Brasileiras, principalmente o Exército Brasileiro. Estes contratos continuariam sendo firmados mesmo depois que a Ford Motors do Brasil incorporou a operação  Willys Overland do Brasil (com a designação destes veículos sendo alterada para U-50), com sua produção sendo descontinuada somente em abril de 1983. Uma grande quantidade destes utilitários seria ainda alvo de um programa de repotenciação a partir de 1986, que seria realizado empresa Bernardini S/A, envolvendo a troca do motor original pelo novo General Motors  2,5 litros de 4 cilindros 151, que desenvolvia 82 hp de potencia a 4.400 rpm e torque de 17,1 kgmf (mesmo motor empregado no Chevrolet Opala 4.1S). Outras modificações foram feitas no sistema elétrico: limpador elétrico do para-brisas, caixa de fusíveis sob o painel, nova chave de seta - luz alta - luz baixa com led indicador no painel, novo comando de afogador e adoção de pisca alerta, novo chicote elétrico, instalação de sistemas de luzes militares com chave NATO (padrão OTAN). Estes jipes ganhariam maior autonomia com novo tanque de combustível apresentando ainda menor consumo, bem como nova capacidade de carga, fazendo com que o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) e a Bernardini S.A,  dessem uma sobrevida a essas viaturas, com algumas ainda permanecendo em operação até os dias atuais.

Em Escala.
Para representarmos o Jeep Willys CJ-3 matrícula “EB 23465”, empregamos por base o modelo em die cast na escala 1/32 produzido pelo fabricante New Ray.  Como este apresenta a versão a Willys MB 1941, para se configurar o modelo pretendido é necessário realizar uma serie de modificações em scratch build, com destaque para os paralamas, grade frontal e conjunto de faróis. Outras alterações de menor expressão foram também implementadas como o armamento orgânico da viatura, com o resultado final podendo ser considerado aceitável. Outra opção para se representar este modelo pode ser obtido fazendo uso do modelo M-38A1 produzido pela AFV Club. Fizemos uso de decais produzidos pela Decal & Books , presentes no set especial “Forças Armadas do Brasil 1983 – 2002”.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático camuflado em dois tons, empregado na maioria de todos os veículos em uso no Exército Brasileiro a partir do ano de 1983. Anteriormente estes veículos ostentavam o padrão anterior, totalmente em verde oliva, a exemplo do esquema tático norte-americano utilizado durante Segunda Guerra Mundial. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.





Bibliografia :
- Willys - Lexicar - https://www.lexicarbrasil.com.br/willys
- Primeiro Jeep Nacional https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/willys-jeep-universal-ford-jeep-cj-5/
- O Jeep Militar no Brasil - http://jeepguerreiro.blogspot.com
- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes