REO M-35A2 e M-813 (VTNE - VTE)


História e Desenvolvimento. 
Em agosto de 1897, Ransom Eli Olds, um engenheiro e designer de automóveis movido por uma paixão incansável pela inovação, fundou a Olds Motor Vehicle Company na cidade de Lansing, Michigan. Esse marco deu origem à marca Oldsmobile, que, ao longo das décadas, se tornaria sinônimo de excelência no mercado automotivo, conquistando o imaginário global com seus icônicos carros de passeio. A Oldsmobile não foi apenas uma empresa – foi a expressão do sonho de Olds de transformar a mobilidade, conectando pessoas e comunidades por meio de veículos confiáveis e elegantes. Em 1904, com a Oldsmobile já consolidada, Ransom Eli Olds decidiu embarcar em um novo desafio empresarial. Em parceria com outros empreendedores, ele fundou a REO Motor Car Company, na qual detinha 52% do capital acionário e assumiu os papéis de presidente e gerente geral. Para focar nessa nova empreitada, Olds tomou a difícil decisão de deixar a Olds Motor Vehicle Company em 1905, confiando que sua visão continuaria a prosperar em novas mãos. A REO, batizada com as iniciais de seu fundador, tornou-se o próximo capítulo de sua jornada, marcada pela mesma determinação que o levou a revolucionar a indústria automotiva. Para garantir a eficiência e a qualidade da REO, Olds demonstrou sua visão estratégica ao estabelecer empresas subsidiárias dedicadas à produção de componentes essenciais. A National Coil Company, a Michigan Screw Company e a Atlas Drop Forge Company foram criadas para formar uma cadeia de suprimentos confiável, reduzindo a dependência de fornecedores externos e assegurando a robustez dos veículos REO. Essa abordagem refletia não apenas sua perspicácia empresarial, mas também seu compromisso com a criação de empregos e o fortalecimento da economia local em Michigan. Inicialmente, Olds planejou nomear sua nova empresa como “R.E. Olds Motor Car Company”. Contudo, uma disputa legal movida pela Olds Motor Vehicle Company, que alegava confusão potencial entre os nomes devido à semelhança fonética, levou à mudança para “REO”. A partir de então, a marca REO, escrita em letras capitais ou, em algumas ocasiões, como “Reo”, tornou-se um símbolo de inovação e qualidade, estampada em veículos e materiais promocionais que conquistariam admiradores nos Estados Unidos e além. Em 1905, a REO lançou seu primeiro modelo, o Reo Speed-Wagon, um precursor das picapes modernas que combinava funcionalidade com design prático. O sucesso inicial do Speed-Wagon trouxe resultados animadores, consolidando a REO como uma força ascendente no mercado automotivo. Em 1907, a empresa alcançou um faturamento bruto superior a 4,5 milhões de dólares, posicionando-se entre as quatro maiores montadoras dos Estados Unidos. Esse êxito foi impulsionado pela dedicação de Olds e de sua equipe, que trabalhavam incansavelmente para expandir o portfólio da empresa com modelos que atendiam às necessidades de um público diversificado. Apesar do sucesso inicial, a partir de 1908, a REO enfrentou desafios crescentes devido à concorrência de montadoras emergentes, como a Ford Motor Company e a General Motors. Mesmo com a introdução de carros mais modernos e luxuosos, a participação de mercado da REO começou a declinar, exigindo adaptação e inovação contínuas para manter sua relevância. Em 1910, a REO estabeleceu uma divisão dedicada à fabricação de caminhões, com uma planta industrial localizada em St. Catharines, Ontário, Canadá. Essa iniciativa ampliou o alcance da empresa, atendendo à crescente demanda por veículos utilitários. Um dos episódios mais memoráveis da história da REO ocorreu em 1912, com a épica viagem Trans-Canadá. Um carro de turismo especial REO de 1912 percorreu 4.176 milhas (6.720 km) de Halifax, Nova Escócia, a Vancouver, Colúmbia Britânica, demonstrando a durabilidade e a confiabilidade dos veículos da marca. 

Em 1915, Ransom Eli Olds passou o cargo de gerente geral a seu protegido, Richard H. Scott, e, em 1923, deixou a presidência, mantendo-se como presidente do conselho. Sua saída da liderança operacional marcou o fim de uma era, mas seu legado continuou a guiar a empresa. Nesse mesmo ano, a REO lançou o “Motor Pullman Car”, um veículo recreativo pioneiro, conhecido popularmente como motorhome. Esse modelo conquistou uma fatia significativa do mercado, refletindo a capacidade da REO de antecipar tendências e atender às aspirações de uma sociedade em busca de novas formas de mobilidade e lazer. Entre 1915 e 1925, sob a liderança de Richard H. Scott, a REO Motor Car Company desfrutou de um período de alta lucratividade, consolidando sua posição no competitivo mercado automotivo norte-americano. Esse sucesso inspirou a empresa a lançar um ambicioso programa de expansão, projetado para ampliar sua competitividade ao oferecer carros de passeio em diversas faixas de preço, acessíveis a diferentes classes sociais. Modelos como o Reo Flying Cloud, lançado em 1927, e o sofisticado Reo Royale 8, introduzido em 1928, alcançaram êxito comercial, conquistando admiradores pela combinação de design e desempenho. Contudo, o programa de expansão revelou-se insustentável, culminando em um retumbante fracasso agravado pela Grande Depressão de 1929, que abalou profundamente a indústria automotiva dos Estados Unidos. As consequências da Grande Depressão foram devastadoras, trazendo perdas financeiras severas para a REO e para toda a cadeia produtiva automotiva. Diante desse cenário crítico, Ransom Eli Olds, fundador da empresa, interrompeu sua aposentadoria em 1933, reassumindo o comando com a determinação de reverter os resultados negativos. Com sua visão estratégica e experiência, Olds conseguiu, em um curto espaço de tempo, estabilizar as finanças da companhia, reacendendo a esperança entre trabalhadores e investidores. Sua liderança foi um farol em tempos de incerteza, mas, fiel ao seu legado de delegar responsabilidades, ele se retirou novamente do comando no final de 1934, deixando a empresa em bases mais sólidas. Nesse período, análises mercadológicas revelaram a necessidade de uma mudança estratégica. Em 1936, a REO tomou a decisão de abandonar a produção de carros de passeio, concentrando-se exclusivamente no mercado de caminhões, onde já vinha obtendo resultados promissores desde 1934. Modelos como o REO Fire Truck, voltado para bombeiros, e, a partir de 1936, o REO Bus e o REO Speed Wagon Truck, destacaram-se pela robustez e versatilidade, conquistando a confiança de clientes comerciais. Esses veículos não eram apenas máquinas – eram ferramentas que apoiavam comunidades, desde o combate a incêndios até o transporte público, refletindo o compromisso da REO com a funcionalidade e o serviço. Apesar dos sucessos no segmento de caminhões, a REO enfrentou problemas de gestão que geraram instabilidade financeira e fiscal. No início de 1939, a empresa atingiu seu ponto mais crítico, com a interrupção da linha de produção devido à inadimplência com fornecedores, que comprometeu o fluxo de componentes. Esse momento de dificuldade testou a resiliência dos trabalhadores, que, mesmo diante da incerteza, mantiveram a esperança de um recomeço.
A virada veio em 1940, impulsionada pelo agravamento das tensões geopolíticas na Europa e no Sudeste Asiático. Antecipando a possibilidade de envolvimento na Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos implementou medidas para fortalecer sua indústria automotiva, visando preparar a cadeia produtiva para o reequipamento das forças armadas. Nesse contexto, os credores da REO receberam aportes governamentais, permitindo à empresa recuperar sua capacidade produtiva. Esse apoio foi mais do que financeiro – foi um reconhecimento do potencial da REO para contribuir com o esforço nacional, reacendendo o orgulho de seus funcionários. A partir de meados de 1941, a REO Motor Car Company integrou-se plenamente ao esforço de guerra norte-americano, redirecionando suas linhas de produção para a fabricação de componentes militares, incluindo motores e caminhões de porte médio para diversas aplicações. Um dos destaques foi a produção do Studebaker US6 2½-ton 6x6 truck, um caminhão robusto que se tornou essencial para a logística militar. A REO entregou mais de 22 mil unidades desse modelo, muitas destinadas à União Soviética sob os termos do Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). O término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, trouxe à REO Motor Car Company um momento de estabilidade financeira há muito não experimentado, resultado de sua intensa participação no esforço de guerra norte-americano. A produção de caminhões militares, como o Studebaker US6, havia fortalecido a empresa, mas, com o fim do conflito, a demanda por esses veículos diminuiu gradualmente, exigindo uma reorientação estratégica. Para os trabalhadores da REO, que haviam dedicado longas horas às linhas de produção durante a guerra, esse novo cenário representava tanto um desafio quanto uma oportunidade de redefinir o futuro da companhia, mantendo viva a chama da inovação que sempre a caracterizou. Reconhecendo a necessidade de diversificar suas operações, a REO lançou, em 1946, uma divisão industrial dedicada à produção de cortadores de grama movidos a gasolina. Essa decisão, aparentemente simples, revelou-se uma estratégia visionária. Os cortadores de grama garantiram lucros consistentes e um fluxo de caixa positivo, sustentando a empresa durante os três anos seguintes, marcados por uma significativa redução nas vendas de caminhões. Para os funcionários, essa nova linha de produção não era apenas uma fonte de renda – era um símbolo de adaptação, permitindo que a REO atravessasse um período de incerteza com resiliência e esperança. O aprendizado adquirido com a fabricação de caminhões militares sob licença durante a guerra inspirou a liderança da REO a reinvestir no segmento de veículos pesados. Antecipando a necessidade iminente de renovação da frota militar norte-americana, a empresa destinou recursos próprios ao desenvolvimento de uma nova família de caminhões de transporte pesado com tração integral. Essa aposta refletia a confiança dos engenheiros e gestores da REO em sua capacidade de inovar, bem como o compromisso de atender às demandas de um mercado em transformação. No final da década de 1940, o Exército dos Estados Unidos lançou uma concorrência para o desenvolvimento de um novo caminhão militar com tração 6x6, destinado a substituir a frota envelhecida de modelos como o GMC CCKW 353 e o Studebaker US-6G, que apresentavam sinais de desgaste e obsolescência. Esse programa representava uma oportunidade de grande relevância, com um contrato que prometia revitalizar a indústria automotiva militar. 

Diversas montadoras apresentaram propostas, mas o projeto conceitual da REO, centrado no caminhão M-34, destacou-se pela sua ousadia e inovação, capturando a atenção dos militares. Equipado com um sistema de trânsito subaquático, o M-34 podia atravessar rios e lagos por até quatro horas, utilizando um snorkel para o motor e um escapamento estendido. Essa capacidade, incomum para a época, desafiava as convenções e posicionava o M-34 como uma das maiores inovações no universo dos caminhões, um legado que permanece admirado até hoje. Alimentado por um motor a gasolina OA-331 Continental I-6, o veículo era capaz de transportar até duas toneladas e meia, destacando-se especialmente em operações fora de estrada, onde sua tração integral 6x6 garantia desempenho excepcional. Um primeiro lote de produção pré-série seria contratado, com estes caminhões sendo destinados a um extenso programa de testes de campo, com estes sendo iniciados no início do ano de 1950. O resultado deste processo, levaria o comando do Corpo Técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army) há homologar seus parâmetros operacionais.  Em seguinte seria firmado um primeiro contrato envolvendo a aquisição de cinco mil caminhões, que seriam produzidos nas linhas de montagem da montadora na cidade Lansing, no estado de Michigan. Os primeiros REO M-34 passariam a ser entregues as unidades operativas do exército já em setembro de 1950. O REO M-34 teve seu batismo de fogo durante a Guerra da Coreia (1950-1953), quando centenas de unidades foram enviadas para a linha de frente. Em terrenos acidentados e sob condições extremas, o caminhão demonstrou sua capacidade única de atravessar rios e córregos, graças ao inovador sistema de trânsito subaquático. Essa habilidade conquistou o coração das tropas, que carinhosamente o apelidaram de “Eager Beaver” – uma referência a um castor animado de desenho animado, simbolizando sua capacidade de atravessar rios e córregos em terrenos adversos. No entanto, o uso contínuo em operações reais revelou limitações no projeto original. Problemas de desempenho em terrenos desafiadores e a potência insuficiente do motor a gasolina OA-331 Continental I-6 de seis cilindros demandaram melhorias. A REO respondeu com agilidade, introduzindo alterações significativas, como a adoção de conjuntos duplos de pneus nos eixos traseiros, que aumentaram a capacidade de carga e facilitaram o deslocamento fora de estrada. O motor foi substituído por um novo conjunto multifuel, mais eficiente e adaptável, resultando na evolução do modelo para o REO M-35. Após o fim da Guerra da Coreia em 1953, a REO enfrentou um revés significativo ao perder uma concorrência para a General Motors Corporation, que conquistou novos contratos de produção com o Exército dos Estados Unidos. Esse golpe testou a resiliência da empresa, mas a REO encontrou uma nova oportunidade com o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. A crescente demanda por caminhões militares levou à assinatura de um novo contrato, permitindo que a REO retomasse a produção em larga escala do REO M-35. 
A introdução do REO M-35A2, uma evolução aprimorada do caminhão militar M-35, marcou um capítulo notável na história da REO Motor Car Company e das forças armadas norte-americanas. Equipado com o motor multicombustível LDT 465 Turbo de 478 polegadas cúbicas (7,8 L), produzido pela Continental Motors Company, Hercules ou White Motor Company, o M-35A2 desenvolvia 134 cv (100 kW) e 330 pés-lb (447 N⋅m) de torque. Esse motor, projetado para operar com uma ampla gama de combustíveis – incluindo diesel, querosene, óleo de aquecimento e gasolina –, oferecia uma flexibilidade operacional que era essencial em cenários de guerra e missões remotas. Para os soldados que dependiam do M-35A2, essa versatilidade não era apenas uma especificação técnica – era a garantia de que suprimentos e apoio chegariam, independentemente das condições. O M-35A2 contava com uma transmissão manual de cinco velocidades, acoplada a uma caixa de transferência divorciada de duas velocidades, como a Rockwell 136-21 (operada por sprag) ou a Rockwell 136-27 (selecionável e operada a ar). Essa configuração assegurava desempenho robusto em terrenos desafiadores, consolidando o caminhão como um pilar da logística militar. Embora a versão A2 fosse a mais comum, a família M-35 incluía os modelos Standard, A1, A2 e A3, com o Standard equipado com o motor a gasolina REO “Gold Comet” ou Continental OA331 de seis cilindros. As versões A1 e A3, por sua vez, frequentemente utilizavam transmissões de quatro velocidades, enquanto a maioria dos A2 contava com caixas “diretas” de cinco velocidades, otimizando a eficiência. Adotado em larga escala a partir de 1965, o REO M-35A2 tornou-se o principal caminhão de transporte das forças armadas norte-americanas, destacando-se pela sua capacidade de carga de até duas toneladas e meia e pela adaptabilidade a diversas funções. Além do modelo padrão, foram desenvolvidas versões especializadas, como tanque de combustível e cisterna de água (M-49), oficina de reparos gerais (M-109), basculante (M-47), guindaste (M-108, M-62 e M-543), bombeiro (530B) e reparo de linhas telefônicas (M-763). Uma variante de distância entre eixos extralonga, o M-36, com uma caçamba de 16 pés (4,9 metros), ampliou ainda mais sua utilidade. Para os militares que operavam essas versões, o M-35A2 era mais do que um veículo – era um parceiro indispensável, capaz de transformar desafios logísticos em soluções práticas. A versatilidade do M-35A2 transcendeu as fronteiras dos Estados Unidos, com milhares de unidades exportadas ou produzidas sob licença para as forças armadas de países como Argentina, Áustria, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Egito, Israel, Turquia, Vietnã e muitos outros. Em cada nação, o caminhão carregava a missão de conectar tropas, transportar suprimentos e apoiar comunidades, muitas vezes em condições extremas. Nos Estados Unidos, a família M-35 permaneceu em serviço até 1996, quando foi gradualmente substituída pelos veículos do programa FMTV (Family of Medium Tactical Vehicles), como o M-1078. Essa transição marcou o fim de uma era, mas não apagou o impacto do M-35A2, que continuou a ser lembrado como um dos caminhões militares mais confiáveis e inovadores de sua época. Sua capacidade de operar em terrenos adversos, atravessar corpos d’água e adaptar-se a múltiplas funções deixou uma marca indelével na história militar.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A adesão do Brasil ao esforço de guerra aliado durante a Segunda Guerra Mundial, por meio do programa Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), representou um divisor de águas para as Forças Armadas Brasileiras. Entre 1942 e 1945, o país recebeu um vasto conjunto de recursos, incluindo aeronaves, navios, armamentos, veículos e equipamentos militares, que fortaleceram significativamente sua capacidade operacional. Para o Exército Brasileiro, esse apoio traduziu-se na incorporação de mais de cinco mil caminhões militares com tração integral, pertencentes às famílias GMC CCKW, Studebaker US6G, Ward LaFrance, Corbitt e Diamond. Esses veículos, destinados a missões de transporte e aplicações especializadas – como socorro, cisterna, comando e basculante –, trouxeram uma experiência transformadora, elevando a mobilidade de tropas e cargas a patamares até então inimagináveis. Para os soldados que os operavam, esses caminhões eram mais do que máquinas – eram símbolos de prontidão, conectando a determinação militar à missão de defender a soberania nacional. No entanto, ao final da década de 1950, essa frota começou a apresentar preocupantes índices de indisponibilidade. O desgaste operacional, agravado pela dificuldade de importar peças de reposição – especialmente porque muitos desses modelos haviam sido descontinuados nos Estados Unidos há mais de uma década –, comprometeu gravemente a operacionalidade do Exército Brasileiro. Essa situação gerou profunda preocupação no comando da Força Terrestre, pois a redução da capacidade tática ameaçava a eficácia das operações militares. Para os militares responsáveis pela logística, o desafio era claro: encontrar soluções que preservassem a mobilidade essencial para missões de integração territorial e defesa, em um contexto de recursos limitados. A gravidade do cenário demandou estudos minuciosos para identificar soluções viáveis a curto e médio prazo. A opção mais imediata seria a aquisição de um número semelhante de caminhões militares modernos com tração 4x4 e 6x6, com destaque para os modelos REO M-34 e M-35, conhecidos por sua robustez e versatilidade em operações exigentes. Contudo, o investimento necessário para adquirir um lote significativo desses veículos revelou-se incompatível com as restrições orçamentárias do Exército Brasileiro na época. Essa realidade impôs a busca por alternativas mais práticas, capazes de equilibrar eficácia operacional com viabilidade financeira. Após análises detalhadas, três soluções complementares foram propostas. A primeira consistia na aquisição de um número reduzido de caminhões militares modernos, como os REO M-34 e M-35, para atender às necessidades mais críticas. A segunda envolvia a repotencialização dos caminhões GMC CCKW 352-353 e Studebaker US6G, visando prolongar sua vida útil por meio de reformas e atualizações. A terceira alternativa propunha a incorporação de caminhões comerciais militarizados, que poderiam assumir missões secundárias, aliviando a pressão sobre a frota militar. 

Juntas, essas medidas prometiam restaurar um nível mínimo de capacidade operacional, garantindo que o Exército pudesse cumprir suas responsabilidades com maior segurança. No entanto, a segunda opção – a repotencialização dos caminhões existentes – foi descartada após estudos aprofundados conduzidos pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar (PqRMM/2). A análise revelou que a falta de experiência técnica e infraestrutura para implementar um programa de tal magnitude em escala tornava a iniciativa inviável.  Com o desgaste operacional e a crescente dificuldade de obtenção de peças de reposição, a capacidade de mobilização da Força Terrestre estava comprometida. Nesse cenário, a adoção de caminhões militarizados produzidos no Brasil ganhou destaque, impulsionada pelo apoio do governo brasileiro ao fortalecimento da indústria automotiva nacional. Essa iniciativa, que atraiu montadoras internacionais ao país, representava mais do que uma solução logística – era um símbolo de progresso, conectando a visão estratégica do Exército ao desenvolvimento econômico e industrial do Brasil. A primeira medida significativa foi a formalização de um acordo com a Fábrica Nacional de Motores (FNM), uma empresa estatal de capital misto sediada no Rio de Janeiro, que mantinha uma parceria comercial com a montadora italiana Alfa Romeo para a produção de caminhões médios e pesados. Por meio desse acordo, o Exército Brasileiro passou a incorporar versões militarizadas dos modelos civis FNM D-9500 e FNM D-11000, com adoção iniciada no começo da década de 1960. Esses caminhões destacavam-se por seu baixo custo, robustez e manutenção acessível, características que atendiam às limitações orçamentárias da época. Apesar de suas qualidades, os caminhões FNM não foram projetados como veículos militares, o que restringia seu desempenho em ambientes fora de estrada. Essa limitação impediu que substituíssem integralmente os antigos caminhões americanos, que, mesmo obsoletos, ofereciam tração superior em terrenos desafiadores. Ainda assim, entre 1957 e 1960, uma quantidade significativa de FNM D-9500 e D-11000 foi adquirida, sendo classificados como Viatura de Transporte não Especializada (VTNE). A incorporação dos caminhões FNM trouxe um alívio imediato, mas não eliminou a necessidade de veículos militares com tração integral 4x4 ou 6x6, essenciais para missões táticas em terrenos adversos. Consciente dessa lacuna, o comando do Exército Brasileiro voltou-se ao mercado internacional em busca de um modelo que combinasse excelência técnica com viabilidade econômica. A meta era ambiciosa: adquirir pelo menos dois mil novos caminhões, incluindo versões especializadas para funções como cisterna, comando e basculante. Esse volume de caminhões,  seria crucial para restaurar a capacidade operacional, excedia em muito o orçamento disponível, tornando indispensável a obtenção de uma linha de crédito internacional para financiar o programa.
Em 1957, após uma análise detalhada de diversos modelos de veículos militares, o caminhão norte-americano REO M-35 6x6 destacou-se como o que melhor atendia às especificações exigidas pela Força Terrestre Brasileira. Contudo, o elevado custo unitário de cada unidade fabricada inviabilizou a aquisição de veículos novos. Diante desse cenário, o Comando do Exército Brasileiro optou por explorar a compra de caminhões usados, iniciando negociações com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD). O objetivo era adquirir entre 500 e 1.000 veículos, valendo-se dos termos do Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, firmado em 1952. Esse acordo, por meio do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), facilitava o acesso a equipamentos militares modernos, com o propósito de fortalecer a defesa regional frente à hipotética ameaça de expansão socialista. As tratativas evoluíram para um amplo pacote de assistência militar, que incluía não apenas caminhões, mas também carros de combate, blindados de transporte de tropas e veículos leves. Esse pacote visava atender à premente necessidade de renovação dos recursos materiais do Exército Brasileiro e das demais Forças Armadas. No que se refere aos caminhões militares com tração integral 6x6, o acordo previa o fornecimento de mais de dois mil veículos usados, todos em excelente estado de conservação, provenientes da reserva estratégica do Exército dos Estados Unidos (US Army). A frota era composta majoritariamente pelos modelos REO M-34 G742 (chassi M-44 motor REO OA331 6 cil 127 hp gasolina) e M-35A2 G-742, além de diversas variantes especializadas, como os REO M-34 Talha, M-109 Oficina, M-47 Transporte, M-611C Cisterna Combustível, M-41C Transporte, M-49C Cisterna Combustível, M-609 Oficina, M-613 Oficina, M-614 Basculante, M-108 Oficina, M-543 Socorro, M-602 Transporte, M-54 Transporte e M-62 Socorro. As primeiras unidades, dos modelos REO M-34 e M-34 Talha, começaram a ser entregues no início de 1958, totalizando cerca de mil caminhões. Essa aquisição representou um marco significativo, permitindo ao Exército Brasileiro recuperar grande parte de sua mobilidade operacional. Contudo, devido a atrasos nos cronogramas de entrega, os primeiros caminhões REO M-35 A2C, juntamente com suas variantes especializadas, só foram recebidos a partir do início de 1965. Em serviço no Exército Brasileiro, os REO M-34  receberiam a designação de Viatura de Transporte não Especializado Carga Emprego Geral 2½-Ton, 6×6 (VTNE), passando a serem empregados principalmente em missões de transporte de tropas, cargas, reboque de peças de artilharia e demais funções não especializadas de logística. Esse modelo ao longo do anos seguintes se tornaria essencial no Exército Brasileiro em operações de deslocamento de unidades militares, especialmente em regiões de difícil acesso.

Além do Exército, o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil também passou a utilizar os caminhões REO M-34. Em 1962, por meio do Programa de Assistência Militar Brasil-Estados Unidos (MAP), foram recebidos 40 veículos usados, que foram intensamente empregados pelo 1º Batalhão de Infantaria da Força Naval – Riachuelo. A partir de 1966 com o objetivo de se estruturar uma infantaria de pronta resposta eficiente para a Força de Fuzileiros da Esquadra (FEE), seriam iniciadas negociações com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD), que resultaram, sob os termos do Programa de Assistência Militar Brasil-Estados Unidos (MAP), na aquisição de 70 caminhões dos modelos REO M-35A2 e REO M-49 (Cisterna). Esses veículos começaram a ser recebidos em maio de 1966 e, três anos depois, em 1969, foram complementados por um novo lote do modelo REO M-813. O REO M-813 destacava-se por incorporar avanços tecnológicos significativos, como o motor Cummins 6CTAA8.3 de 250 cavalos de potência, aliado a um câmbio Spicer 6453 de cinco velocidades sincronizadas. Esse conjunto, combinado com um sistema de tração automática, reversão pneumática e pneus especiais off-road 14.00 x 20, conferia ao veículo um desempenho excepcional em terrenos fora de estrada, atendendo plenamente às demandas operacionais do CFN. Após o recebimento, os caminhões foram distribuídos a unidades estratégicas do CFN, incluindo o Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo (RJ), o Grupamento de Fuzileiros Navais de Rio Grande (RS), o Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (RJ), o Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (RJ) e a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (RJ). Muitos desses veículos permaneceram em serviço por várias décadas, sendo gradualmente substituídos ou complementados por modelos mais modernos, como os Engesa EE25, UAI M1-50 Terex e Mercedes-Benz MB LA 1418 4x4. Com a chegada de 200 viaturas não especializadas de cinco toneladas com tração integral 4x4 Mercedes Benz 1725/42, iniciou-se um processo de desativação das 40 unidades mais antigas do modelo REO M-34 G742, tendo em vista que não seria aplicado a estas viaturas o mesmo programa implementados no caminhões deste modelo em operação no Exército Brasileiro. Paralelamente, em 1994, uma parcela da frota dos caminhões REO M-813 e M-49 Cisterna foi revitalizada pela empresa norte-americana Cummins Military System. O foco principal foi a repotencialização do motor, com a instalação do Cummins 6CTAA8.3 de 250 cavalos, que já equipava os M-813. Além disso, foram realizadas melhorias no câmbio, com a adoção do Spicer 6453 de cinco velocidades sincronizadas, e no sistema de tração, que passou a contar com reversão pneumática e pneus off-road 14.00 x 20. Essas mudanças ampliaram significativamente o desempenho em terrenos fora de estrada, essenciais para operações anfíbias, permitindo ainda estender seu ciclo de vida operacional, assegurando sua relevância em missões logísticas por mais alguns anos.
Em serviço no Exército Brasileiro, seriam empregados também o REO M-41 G-744  VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ Ton 6x6;  REO M-46 G-742 VTNE Carga Emprego Geral 5 Ton 6x6, REO M-47 G-742 VE Oficina Material Engenharia 2 1/2 Ton 6x6, REO M-49C G-742 VTNE Basculante Emprego Geral 2 ½ Ton 6x6,  REO M-52 G-744 VTE Cisterna Combustível 1200 galões 2 ½ ton 6x6, REO M-54 G-742  VTNE Carga Emprego Geral 5 Ton 6x6,  REO M-185 G-742 VE Oficina de Eletricidade 2 ½ Ton 6x6 e VE Oficina de Reparos Gerais 2 ½ Ton 6x6, REO M-543/A1/A2 G-744 VE Oficina de Reparos Gerais 2 ½ Ton 6x6  e VE Gabinete Odontológico em Campanha, REO M-602 G-835 VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ ton 6x6, M-62 VE Socorro Pesado de Rodas 5 Toneladas 6x6, M-543 VE de Socorro Pesado de Rodas 5 Toneladas 6x6.REO M-611C G-835 VE Oficina de Reparos Gerais 2 ½ ton 6x6,  REO M-613 G-835 VTER Cisterna Combustível 2 ½ ton 6x6 com kit para aviação, REO M-614 G-835 VE Oficina Comunicações 2 ½ Ton 6X6, REO M-818 G-744 VTNE Basculante Emprego Geral 2 ½ Ton 6x6 com guincho, REO M-614 G-835  VE Oficina de Reparos Gerais 2 ½ ton 6x6,  M-109  G-835 VE Oficina de Reparos Gerais 2 ½ ton 6x6  e por fim o modelo REO 28XS G-648 VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 5 Ton 6x6.  A partir do final da década de 1970, os caminhões REO M-34 e M-35, amplamente utilizados pelo Exército Brasileiro, começaram a exibir sinais de desgaste devido ao uso prolongado e intensivo. Esses veículos, fundamentais para a mobilidade operacional, apresentavam índices preocupantes de disponibilidade, o que levou o Exército a considerar tanto a substituição gradual a médio e longo prazo quanto a possibilidade de repotencialização da frota existente. Os primeiros esforços concretos de modernização foram conduzidos pelo Parque Regional de Manutenção da 1ª Região Militar (Pq R Mnt/1) entre 1981 e 1983. Nesse período, um lote de caminhões REO M-34 foi revitalizado, com destaque para a substituição do motor original a gasolina REO OA331 de 6 cilindros pelo motor diesel nacional MWM 229-6, também de 6 cilindros. Esta mesma solução seria empregada nos demais modelos produzidos pela REO que ainda se encontravam em uso no Exército Brasileiro, com estes trabalhos sendo conduzidos também pelo Parque Regional de Manutenção da 7ª Região Militar (Pq R Mnt/7) e pelo Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3).  Em termos de grupo motriz a exceção se daria  20011, quando 12 caminhões do modelo REO M-602 G-835 VE Socorro Pesado 5 Ton 6X6, receberam um motor a diesel Scania DS 11 6 cilindros.  Apesar deste programas de extensão de vida útil, ao final da década de 1990 ficava evidente a necessidade em se desativar a frota remanescentes desta frota de caminhões, com este processo sendo iniciado em 2004. Atualmente ainda permanecem em serviço uma pequena parcela destes sendo representados pelos modelos REO M-543, M-109 e M-602. Já junto ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil permanecem ainda em operação poucos  REO M-813 e M-49 .

Em Escala. 
Para representar o caminhão REO M-35A2  VTNE Carga Emprego Geral 5 Ton 6x6, registrado sob a matrícula "EB21-41395" quando em uso durante a década de 1970, foi utilizado o excelente kit da marca AFV na escala 1/35, reconhecido por sua facilidade de montagem e elevado nível de detalhamento. Para a customização da versão nacional, foram empregados decais variados incluídos no conjunto "Exército Brasileiro 1942 - 1982", produzido pela Eletric Products.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. A partir de 1983 este esquema foi alterado passando a adotar uma  camuflagem em dois tons, com os REO M-35  mantendo este padrão  sua gradativa desativação a até fins da década de 1990. Já as versões desta família empregadas pelo  Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, fizeram uso de seu padrão de pintura total em verde aplicado a todos os seus veículos de transporte.

Bibliografia :

- M-35 2½ ton cargo truck - http://en.wikipedia.org/wiki/M35_2%C2%BD_ton_cargo_truck
- Caminhão Candiru I 4X4 Uma Solução Nacional – Expedito Carlos S. Bastos
- M-34 e M-35 Serie, Olive Drab -  http://olive-drab.com/od_mvg_www_deuce_m35.php


M-109 AP Howitzer no Brasil

História e Desenvolvimento. 
A segunda Guerra Mundial foi marcada pela aplicação de alta mobilidade da infantaria e artilharia no campo de batalha, levando as demais armas terrestres a se adaptarem a esta nova filosofia de combate. Este conceito seria fundamentado nos princípios da tática Blitzkrieg, empregada pelo Exército Alemão (Wematch). Para garantir mobilidade, sem perder a capacidade ofensiva, os alemães precisavam não apenas de tanques e soldados transportados por blindados, mas também de artilharia autopropulsada, levando assim ao emprego dos primeiros modelos de obuseiros autopropulsados. Se espelhando neste conceito, os exércitos aliados também buscariam soluções semelhantes, para proporcionar adequada mobilidade a sua artilharia de campanha, nascendo assim primeiramente o T-19 Howitzer armado com canhão de 105 mm. Este modelo seria sucedido em fevereiro de 1942 o M7- Priest, com seu batismo de foco ocorrendo durante a Segunda Batalha de El Alamein  (23 de outubro - 11 de novembro de 1942), e logo em seguida passando a participar das mais decisivas batalhas. O M-7 em conjunto com o M-37, retornariam à ação durante a Guerra da Coreia (1950-1953). Apesar de desempenharam com êxito na maioria das missões a que foram envolvidos, verificou-se que a limitada elevação de 35º graus do canhão dificultava a capacidade de disparar em alvos localizados sobre as altas montanhas coreanas.  Ficava nítida então, a necessidade de desenvolvimento de um novo obuseiro autopropulsionado de grande porte. A solução se materializaria em 1953 no desenvolvimento do modelo M-52, que era baseado nos chassis do carro de combate médio M-41 Walker Buldog. Apesar de permitir uma maior mobilidade na elevação do canhão de 105 mm, chegando entre 65º positivo 10º negativos, o modelo se mostrou extremamente complexo e problemático, levando ao precoce cancelamento de sua produção. Isto levaria a abertura de uma nova concorrência para o desenvolvimento de um novo obuseiro autopropulsionado, com este programa sendo vencido em setembro de 1954 pela proposta do modelo T-195/195E-1 da General Motors Co. O primeiro mock up seria apresentado no início do ano de 1955, seguido pela construção de cinco protótipos para testes e avaliações. O novo obuseiro autopropulsado agora designado como M-108, passaria a ser liberado para a produção em série no segundo semestre de 1959.

A versão de produção, estava equipada com um motor Detroit Diesel 2 tempos 8V-71T  de 8 cilindros com turbo compressor, refrigerado a líquido com 405 hp de potência, que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 56 km/h com alcance de 360 km. Este conjunto mecânico lhe concedia a mobilidade adequada para acompanhar as demais unidades blindadas no campo de batalha. A arma principal do M-108 era o obuseiro M-103 de 105 mm, com um tubo de calibre 30 de comprimento, montado em um conjunto M-139. Podia disparar um projétil de 14,9 kg a 472 m/s com alcance efetivo de 11.16 km. Podia fazer uso de munições do tipo HE, WP, fumaça, armas químicas e M-67 HEAT, podendo fazer uso da munição de OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de 105 mm, com exceção de munições assistidas por foguetes. O M-108 receberia seu batismo de fogo durante a Guerra do Vietnã (1965 - 1975), e a sua capacidade de girar o canhão em 360 º, o tornaria ideal para sustentar as posições de fogo, que podiam estar sujeitas a ataques de qualquer direção. Representando mais um fator positivo, a possibilidade de operar o canhão em elevações de + 75º e - 6º, lhes permitia poder atingir com eficiência atingir alvos em diversos níveis de terreno. Apesar destas características positivas, seria observado, no entanto, que seu canhão de 105 mm, não atendia as necessidades de cadência de fogo e eficácia na destruição de alvos objetivados. Esta constatação levaria a retirada de ambos os batalhões de artilharia de campo equipados com este modelo em meados de 1976, encerrando assim sua participação neste conflito. Visando sanar estas deficiências, seria iniciado o desenvolvimento de um veículo armado com uma arma de maior calibre, com a escolha recaindo sobre o modelo M-126 de 155 mm. A plataforma e o chassi seria o mesmo empregado no M-108, com seu design e funcionalidade atendendo a todas as necessidades. Apesar de possuírem a mesma base conceitual e compartilharem muitos itens, este novo projeto, agora designado como M-109, contemplava avanços significativos, entre eles um chassi composto de alumínio blindado oferecendo maior resistência a impactos de armas de calibre médio, novos sistemas de direção de tiro e comunicação, capacidade estendida no transporte de munição, além de contar com um canhão de maior calibre.

O M-109, podia transportar internamente até vinte e oito munições de 155 mm, seu canhão era facilmente identificado por seu cano curto e um freio de boca duplo com um grande extrator de fumaça logo atrás dele. Esta nova arma podia atingir alvos com alcance máximo de 14.600 metros, podendo disparar em elevações de + 75º e - 6º. Logo que elevados a condição operacional, estes novos obuseiros autopropulsados seriam transferidos para o Teatro de Operações no Vietnã, passando a substituir os derradeiros M-108 nos Regimentos de Artilharia de Campo (Fields Artillery Regiments), e suas positivas expectativas operacionais, seriam plenamente confirmadas. A experiencia no emprego real, trariam a luz a necessidade de melhorias, que culminaria no novo modelo M-109-A1, que passava a ser equipado com nova versão do motor Detroit Diesel Model 8V-71T acoplado a uma transmissão cross-drive Allison Transmission XTG-411-4A. A principal evolução estava baseada na introdução do novo canhão M-185 de calibre 39 mm, que apresentava um perfil mais longo. O M-109-A1 entraria em combate real pela primeira vez em 1973, quando foi empregado pelas Forças de Defesa de Israel (Tzavá Haganá le Israel), durante a guerra do Yom Kippur. A próxima evolução se daria com o M-109A2, que incorporava uma série de melhorias, entre elas a disponibilidade e manutenção (RAM) de meia-idade, proteção balística para o telescópio panorâmico, dispositivo de alinhamento de visão M-140 e sistemas de visão noturna. A capacidade de armazenamento de munição aumentaria de vinte e oito para 36 cartuchos. Neste mesmo momento, seria desenvolvida uma versão simplificada, destinada à exportação, apresentando pequenas diferenças externas e a exclusão do kit de flutuação do casco, com este modelo recebendo a designação de M-109A1B. Novas versões foram introduzidas ao longo dos anos entre elas o M109-A3 e M-109-A3B, M-109-A4 , que passaram a contar principalmente com sistemas de proteção contra guerra biológica e nuclear. Em 1985 a versão M-109-A5, passava a receber o novo canhão M-284 de calibre 39, permitindo um alcance máximo de 22.000 metros com projéteis comuns e 30.000 metros com projeteis assistidos por foguetes, representando um grande avanço operacional.

Em 1991 surgiria a versão M109-A6 Paladin, que apresentava um novo redesenho de casco, incluindo armadura adicional (com habitáculo revestido em kevlar), adoção do canhão M-284 aprimorado em conjunto com o sistema M-182A1, um novo lay out interno para armazenamento de munição e equipamentos mais seguros, possuindo ainda várias atualizações no grupo propulsor e suspensão. Pela primeira vez, um sistema de navegação inercial seria introduzido, enquanto o canhão receberia sensores para detectar o alinhamento principal. Passava ainda a contar com um moderno sistema de comunicação digital criptografado, com sistema de contador ECM (guerra eletrônica), localização de grade e dados transmitidos ao FDC da bateria.  Esta nova versão apresentaria grandes melhorias nas áreas de sobrevivência; confiabilidade, disponibilidade e manutenção (RAM); capacidade de resposta; e efeitos terminais. Este modelo foi desenvolvido para operar de forma independente, podendo receber uma missão de fogo, calcular dados de alvo, selecionar e assumir sua posição de disparo, desbloquear automaticamente e apontar seu canhão, disparar e sair, sem assistência técnica externa de terceiros. Podia-se ainda disparar a primeira salva partir do movimento em menos de sessenta segundos, sendo capaz de disparar até quatro tiros por minuto para alcances de trinta quilômetros. Os primeiros 164 carros foram entregues pela  BAE Systems, em fins de 1992, sendo declarados operacionais em abril do ano seguinte. Novos contratos de produção se seguiram, atingindo a cifra total de 950 veículos entregues, com sua produção sendo encerrada em 25 de junho de 1999. A versão mais atual em serviço é a M109-A7 (que era anteriormente conhecida como M-109A6 PIM), seu primeiro protótipo seria revelado em 2007, sendo submetido a um grande programa de testes. Em 2013 o programa foi aprovado com a empresa BAE Systems, recebendo um contrato para atualização dos primeiros carros M-109-A6 para o padrão M109-A7. Este novo modelo passou a deter maior peso de deslocamento que seu antecessor, passando proporcionará maior precisão, melhor mobilidade e velocidade de deslocamento. As entregas iniciais ao Exército Americano (US Army) tiveram início em 2015, com o programa devendo atingir 580 carros modernizados ao longo dos próximos anos.

Ao longo de mais de cinquenta anos de serviço os obuseiros autopropulsados da família M-109, se fizeram presentes em diversos conflitos ao redor do mundo, como as guerras do Vietnã, Yom Kippur, Irã X Iraque, Saara Ocidental, Golfo Pérsico, Iraque, Civil Iraniana, Civil Iemenita e Síria. Ao todo seriam produzidos mais de 7.700 carros dispostos em treze versões. Com estes modelos sendo construídos nos   Estados Unidos pela General Motors Co e BAE Systems, e sob licença pela empresa Samsung Techwin na Coréia do Sul. Além de seu país de origem, esta família de veículos seria empregada pelas forças armadas da Líbia, Djibuti, Etiópia, Grécia, Emirados Árabes, Irã, Kuwait, Marrocos, Omã, Peru, Suíça, Alemanha, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Egito, Espanha, Itália, Jordânia, Marrocos, Noruega, Holanda, Paquistão, Portugal, Tunísia, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Filipinas, Iraque, Israel, Tailândia, Inglaterra e Coreia do Sul. Paralelamente em 1982 seria desenvolvido uma versão de transporte remuniciadora montada sobre a plataforma do M-109 denominada como M-992A2 FAASV (Field Artillery Ammunition Supply Vehicle). Apesar de estarem em processo de desativação em países como Alemanha e Inglaterra (sendo substituídos pelo Panzerhaubitze 2000), tudo em indica que em seu país de origem deverá ainda ser empregado por pelo menos 20 anos, até que seja enfim substituído pelos novos M-1299. 

Emprego no Exército Brasileiro
No início da década de 1990, seria iniciado pelo Ministério do Exército, um ambicioso esforço de modernização e evolução de meios materiais, passaria a ser denominado como Programa FT-90 (Força Terrestre 1990). Este plano entre diversos aspectos operacionais, visava a necessária e emergencial modernização da sua força blindada, se dividindo em diversos tipos de veículos especializados. Estes esforços resultariam principalmente em compras de oportunidade de material usado em bom estado se destacando na aquisição de Viaturas Blindadas de Combate Carro de Combate (VBCCC) Leopard 1A1 e M-60A3 TTS.  Esta evolução ensejaria a modernização da Artilharia de Campanha, que até o presente momento estava equipada com obuseiros convencionais M-101 de 105 mm e M-102 de 155 mm, além de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108, que foram incorporados em 1972. Estes veículos estavam em serviço junto aos Grupamentos de Artilharia de Campanha Autopropulsados (GAC AP), e se fazia necessária a complementação desta dotação com um modelo mais atualizado. Com sempre as restrições orçamentárias limitariam o acesso a veículos novos de fábrica, e como neste período o M-109 se encontrava em uso mais de trinta países, uma comissão seria organizada com o objetivo de prospectar compras de oportunidade, junto a nações que demonstrassem interesse em se desfazer de parte de sua frota deste obuseiros autopropulsados. Entre as opções avaliadas, destacava-se uma representada pelo comando das Forças Armadas Belgas (La Défense), que mostrava interesse em vender até quarenta carros do modelo M-109A3, que haviam sido recentemente desativados em função de terem sido substituídos por versões mais atualizadas da mesma família. Esta proposta, incorporava ainda a implementação de um programa de revisão e modernização dos carros pela empresa Sabiex Internacional, que elevaria estes obuseiros autopropulsados para um patamar operacional e tecnológico mais adequados a realidade daquele período. 

Concluídas as negociações formais, uma comitiva formada por oficiais do Exército Brasileiro, seria enviada a Bélgica, para proceder a análise e a seleção dos trinta e sete carros em melhor estado de conservação. Estes por sua vez seriam transportados para as instalações da  Sabiex na cidade de Tournai, onde seriam submetidos a um processo de revisão e atualização. Os carros escolhidos pertenciam a versão "A3", sendo parte de um programa de modernização aplicados a versão M-109-A2 a partir do ano de 1980.  Neste programa seriam incorporadas durante o processo de reconstrução, mais de vinte e sete melhorias sobre a versão original, se destacando entre elas, a adoção do novo canhão M-185 de 155 mm de cano longo na nova armação M-178, além do aumento na capacidade de transporte de munição e proteção balística para o sistema de telescópio panorâmico. Perto do recebimento do primeiro lote, o veículo receberia a designação oficial de Viatura Blindada de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBCOAP) M109-A3. Os primeiros seis carros foram recebidos em 6 de outubro de 1999, sendo seguidos por um segundo lote de doze carros em 26 de maio de 2000, mais doze carros em 24 de outubro do mesmo ano e por fim um último lote de sete carros recebidos em 23 de abril de 2001. Os M109-A3 foram distribuídos na seguinte ordem, doze carros para 15º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAp), na cidade de Lapa - RS, doze para o 16º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAp), na cidade de Sao Leopoldo - RS , doze carros para o 29º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GACAp) na cidade de Cruz Alta -RS e um para a Escola de Material Bélico – (EsMB), baseada na cidade do Rio de Janeiro - RJ, sendo este posteriormente realocado para as instalações do Centro de Instrução de Blindados (CI Bld). A adoção deste modelo veio prover o Exército Brasileiro de uma capacidade inédita de mobilidade e alto poder de fogo na arma de artilharia, representando assim um grande avanço em desempenho quando comparado aos antigos obuseiros autopropulsado M-108.
Em fins da primeira década do século vinte e um, ficava evidente que os M-109-A3 estavam completamente desatualizados, em termos de sistema de direção de tiro, deixando assim a Artilharia de Campanha defasada, com este cenário sendo agravado pelo nível de obsolescência maior apresentado pelos antigos M-108 AP. Este panorama, geraria um programa de aquisição de novos carros M-109, com esta demanda se materializando em fins do ano de 2012, em um acordo para a aquisição de quarenta unidades da versão M109-A5, come estes sendo doados pelo governo norte-americano dentro dos termos do programa  Foreign Military Sales (FMS) – Vendas de Artigos Militares à Nações Estrangeiras, com estes ativos sendo enquadrados como Artigos de Defesa em Excesso (Excess Defence Articles - EDA).  Apesar de serem carros mais modernos, vislumbrou-se a oportunidade de modernização, elevando estes carros ao mesmo patamar dos veículos em uso no Exército Americano (US Army). Esta demanda culminaria em contrato com a empresa BAE Systems no valor de US$ 54 milhões, para a modernização de trinta e dois carros, elevando-os a versão M109-A5+ BR. Este programa envolvia o aumento da potência do conjunto de força, passando de 405 Hp (A3) para 440 Hp (A5 / motor LHR - Low Heat Rejection); aumento no alcance dos tiros com munição assistida (carga 7 – de 14.600m para 18.000m; carga 8 – de 18.000m para 22.000m; carga 8 HE M549 – de 23.500m para 30.000m); adição do sistema VFPS (Ventilated Face Piece System), que fornece à tripulação ar condicionado filtrado e aquecido, assegurando operações em ambiente QBN, sistema esse ausente no modelo A3. No tocante à parte de eletrônica embarcada, inserção de diversos componentes, muitos presentes no modelo A6, tais como: sistema de posicionamento global (GPS / AFATDS - Advanced Field Artillery Tactical Data System) e navegação inercial, unidades de exibição de comando (telas “touch screen”), sistema eletrônico de pontaria, dotado de computador balístico de tiro inserido ao sistema de controle de armas, além do incremento do rádio Harris Falcom III, da empresa norte-americana Harris.  Aumento da segurança dos integrantes da peça, com a adição de sistema de controle remoto do bloqueio de viagem (trava do tubo), possibilitando ao motorista da VB a operação de desbloqueio e bloqueio do tubo diretamente de seu compartimento, sem necessidade de saída e exposição do mesmo

A alocação destes carros, seria dividida entre o Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (3º GAC Ap) da 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld) em Santa Maria, e o 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (5º GAC Ap) da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda Cav Bld), de Curitiba-PR. Com o primeiro tiro real ocorrendo em 18 de novembro de 2019, sendo disparado por um carro pertencente ao 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, Regimento Mallet (3º GAC AP). Em 2018 fazendo uso dos termos do programa FMS (Foreign Military Sales), o Exército Brasileiro negociou a aquisição de quarenta veículos blindados de esteiras M-992A2 FAASV (Field Artillery Ammunition Supply Vehicle). Classificada no Exército Brasileiro, como Viatura Blindadas de Transporte Especial Remuniciadora (VBTE Remun), possibilitando assim o pleno emprego dos M-109-A5+ BR no campo de batalha. Neste mesmo ano se beneficiando deste programa foi acertado recebimento de mais 60 carros da versão M109-A5, com os primeiros sendo recebidos em 8 de março de 2018 no porto de Paranaguá (PR).  Essa aquisição objetivava aumentar a frota de obuseiros calibre 155 mm M-109A5, padronizando esse modelo como o material de Artilharia de Campanha Autopropulsado do Exército Brasileiro. Conforme os novos M-109A5, foram sendo recebidos, passaram a ser transportados até as instalações do Parque Regional de Manutenção da 5º Região Militar (Pq R Mnt/5) na cidade de Curitiba, a fim de serem revisados em âmbito de 3 º Escalão. Para assim serem disponibilizados aos Grupos de Artilharia de Campanha Autopropulsado, com quatro unidades sendo destinadas à Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) para a formação dos cadetes do Curso de Artilharia.
Dentre as grandes inovações da versão modernizada M109-A5+ BR, podemos destacar a a introdução do sistema AFATDS (Advanced Field Artillery Tactical Data System), sistema que automatiza as comunicações entre os subsistemas da artilharia e que no Brasil recebeu a designação de SISDAC (Sistema Digitalizado de Artilharia de Campanha). O SISDAC proporcionará maior integração entre os elementos de busca de alvos, os controladores de apoio de fogo, as centrais de tiro e as linhas de fogo, dando a possibilidade de simultaneidade de execução de missões de tiro pela mesma linha de fogo, aumentando sobremaneira as capacidades da Artilharia de Campanha do nosso Exército. Apesar dos lotes adicionais não serem modernizados a versão mais atualizada, os M-190A5 são muito superiores em termos de desempenho quando comparados aos M-109A3. Apesar de não existirem informações oficiais especula-se que os carros remanescentes do primeiro possam a ser modernizados elevando-os ao patamar da versão M-109-A5. Assim sendo o Exército Brasileiro passara a contar com uma considerável força de artilharia autopropulsada de campanha, ganhando grande mobilidade também pelo emprego em conjunto com os M-992A2 remuniciadores. 
Em Escala.
Para representarmos o obuseiro autopropulsado M-109A3 "EB-6057" empregamos o antigo kit da Italeri na escala 1/35.  Modelo este que necessita de diversas modificações para compor a versão empregada pelo Exército Brasileiro, pois o kit representa as variantes M-109A1 e M-109A2. Fizemos uso de decais produzidos pela Decal & Books, presentes no set Forças Armadas do Brasil 1983 – 2002.



O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático camuflado em dois tons, empregado em todos os blindados de combate do Exército Brasileiro a partir de 1983. As viaturas modernizadas para a versão M109-A5+ BR e os lotes subsequentes recebidos do modelo M-109-A5 receberam este mesmo esquema de pintura.


Bibliografia 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
Obuseiro Autopropulsado M109-A3 - Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/M109.pdf
- M109 A5+BR Uma nova Forma de Atuar da Artilharia do Exército Brasileiro – www.defesanet.com.br
- M109 Howtizer -  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/M109_howitze

M-108 AP Howitzer no Brasil


História e Desenvolvimento. 
A segunda Guerra Mundial, foi marcada pela aplicação de alta mobilidade da infantaria no campo de batalha, levando as demais armas terrestres a se adaptarem a esta nova filosofia de combate, o principal fomentador deste conceito foi o Exército Alemão (Wematch) fazendo uso da tática Blitzkrieg apresentaram ao mundo, uma nova maneira de enfrentamento nos campos de batalha. Para garantir mobilidade, sem perder a capacidade ofensiva, os alemães precisavam não apenas de tanques e soldados transportados por blindados, mas também de artilharia autopropulsada, levando ao emprego de canhoes autopropulsados como os Hanomag Sd.Kfz. 165 Hummel, equipados com canhão de 150 mm, Sturmtiger 606/4 com canhão de 380 mm e carros assalto como o Sturmgeschütz  Stug III. Testemunhando os acontecimentos da guerra, os observadores do Exército dos Estados Unidos (US Army) identificaram a importância de se dispor em seu arsenal de veículos de artilharia autopropulsionada, com poder de fogo suficiente para suportar operações blindada. Os primeiros ensaios de carros viáveis foram conduzidos em escala fazendo uso de plataformas adaptadas de carros blindados do tipo meia lagarta da família M-3 Half Track, originando assim o modelo T-19 Howitzer Motor Carriage, armado com canhão de 105 mm. Experiencias positivas obtidas no campo real, demonstraram a viabilidade de se construir um veículo totalmente blindado sob esteiras, para ser o novo obuseiro autopropulsionado norte-americano, surgindo assim em fevereiro de 1942 o M-7 Priest, equipado com canhão de 105 mm , montados inicialmente sobre a plataforma do carro de combate médio M-3 Lee, e posteriormente fazendo uso do chassi dos M-4 Sherman. Com seu batismo de foco ocorrendo durante a Segunda Batalha de El Alamein  (23 de outubro - 11 de novembro de 1942). Ao todo seriam produzidas 4.315 unidades até o ano de 1945, sendo empregados pelos aliados em todas as frentes de batalha da Segunda Guerra Mundial.

Os obuseiros autopropulsados do modelo M-7 Priest em conjunto com o M-37, retornariam à ação durante a Guerra da Coreia (1950-1953). E apesar de desempenharam com êxito na maioria das missões a que foram envolvidos, verificou-se que a limitada elevação de 35º graus do canhão dificultava a capacidade de disparar em alvos localizados sobre as altas montanhas coreanas reduzindo assim sua capacidade tática. Ficava nítida então, a necessidade de desenvolvimento de um novo obuseiro autopropulsionado de grande porte, que pudesse suplantar a deficiências observados no obuseiros autopropulsados em uso até aquele período. A solução se materializaria a partir de 1953 no desenvolvimento do modelo M-52, que era baseado nos chassis do carro de combate médio M-41 Walker Buldog. Apesar de permitir uma maior mobilidade na elevação do canhão de 105 mm, chegando apresentar um perfil operacional entre o intervalo de 65º positivo 10º negativos, o modelo se mostrou extremamente complexo e problemático, levando ao precoce cancelamento de sua produção. Isto levaria o comando do Exército Americano (US Army) a proceder a abertura de uma nova concorrência, visando o desenvolvimento de um novo obuseiro autopropulsionado. Diversas propostas seriam apresentadas, com o projeto T-195/195E-1 pertencente a General Motors Co. sagrando-se vencedor da concorrência governamental em setembro de 1954. O primeiro mock-up seria apresentado pela montadora no início do ano de 1955, recebendo então recursos para a produção dos primeiros cinco protótipos, que após entregues seriam submetidos a um completo programa de avaliações e testes de campo.  Este programa se estenderia por um longo período, levando a equipe da General Motors Co a implementar uma série de mudanças e melhorias no projeto original, sendo o M-108 Howitzer liberado para produção em série somente no segundo semestre de 1959. 
A versão final de produção apresentava um peso final de vinte e uma toneladas, comprimento de 6,10 metros, largura de 3,15 metros e altura de 3,27 metros, possuía estrutura blindada em alumínio, destinada a absorver pressões de impacto de projeteis de médio e pequeno calibre. Infelizmente o veículo não era equipado com um sistema de proteção química, o que podia limitar seu emprego factíveis campos de batalha na Europa, no caso de hipotéticos confrontos com o Pacto de Varsóvia. O M-108AP estava equipado com um motor Detroit Diesel 2 tempos 8V-71T  de 8 cilindros com turbo compressor, refrigerado a líquido com 405 hp de potência, que lhe proporcionava uma velocidade máxima de 56 km/h com alcance de 360 km. Este conjunto mecânico lhe concedia a mobilidade adequada para acompanhar as demais unidades blindadas no campo de batalha. A arma principal do M-108 era o obuseiro M-103 de 105 mm, com um tubo de calibre 30 de comprimento, montado em um conjunto M-139. Podia disparar um projétil de 14,9 kg a 472 m/s com alcance efetivo de 11.16 km. Podia fazer uso de munições do tipo HE, WP, fumaça, armas químicas e M-67 HEAT, podendo fazer uso da munição de OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de 105 mm, com exceção de munições assistidas por foguetes.  Para autodefesa, estava armado metralhadora pesada M2HB de 12,7 mm, geralmente instalada na torre, fornecendo ao M-108 Howitzer algum grau de proteção contra aeronaves e pessoal inimigo. O M-108 Howitzer seria destinado a ser o componente de curto alcance de uma nova geração de artilharia autopropulsionada do Exército Americano (US Army), futuramente incluiria veículos portando armas de 120 mm e 150 mm. As primeiras entregas tiveram início em abril de 1960, começando assim um gradativo processo de substituição dos modelos mais antigos em serviço.

O M-108 Howitzer, receberia seu batismo de fogo durante a Guerra do Vietnã (1965 - 1975), quando carros pertencentes ao 3º Batalhão, do 6º Regimento de Artilharia de Campo (Field Artillery Regiment), foram deslocados para a cidade Pleiku, entrando em combate real no dia 16 de junho de 1967. Logo em seguida mais M-108 Howitzer, agora pertencentes ao 40 º Regimento de Artilharia de Campo (Field Artillery Regiment), veriam combate real na região de  Dong Haem em outubro do mesmo ano. Sua possibilidade de girar o canhão em 360 graus, ao contrário da artilharia rebocada convencional, tornaria este obuseiro autopropulsado, ideal para sustentar as posições de fogo com grande eficácia, que podiam estar sujeitas a ataques de qualquer direção.  Representando mais um fator positivo, a possibilidade de operar o canhão em elevações de + 75º e - 6º, lhe permitia poder atingir com eficiência atingir alvos em diversos níveis de terreno. Apesar destas características positivas seria observado, no entanto, que seu canhão de 105 mm, não atendia as necessidades de cadência de fogo e eficácia na destruição de alvos objetivados. Esta observação levaria a retirada de ambos os batalhões de artilharia de campo em meados de 1976, encerrando assim a participação do M-108 Howitzer neste conflito. Neste contexto grande parte da frota em serviço começaria a ser transferidas para as unidades de reserva da Guarda Nacional (National Guard). Visando sanar estas deficiências, seria iniciado o desenvolvimento de um veículo armado com uma arma de maior calibre, com a escolha recaindo sobre o modelo M-126 de 155 mm. A plataforma e o chassi seria o mesmo empregado no M-108 Howitzer , com seu design e funcionalidade atendendo a todas as necessidades. 
Apesar de possuírem a mesma base conceitual e compartilharem muitos itens, este novo projeto, agora designado como M-109 Howitzer , contemplava avanços significativos, entre eles um chassi composto de alumínio blindado oferecendo maior resistência a impactos de armas de calibre médio, novos sistemas de direção de tiro e comunicação, capacidade estendida no transporte de munição, além de contar com um canhão de maior calibre. Logo que elevados a condição operacional, estes novos obuseiros autopropulsados seriam transferidos para o Teatro de Operações no Vietnã, passando a substituir os derradeiros M-108 Howitzer, com este movimento se repetindo em seu país de origem. Neste momento seria decidido que uma parte da frota destes veículos deveria ser elevada a versão M-109 Howitzer. O excedente de carros não modernizados, seriam revisados e armazenados, sendo posteriormente fornecidos a nações aliadas como parte de acordos bilaterais de defesa, entre eles Bélgica, Brasil, Espanha, China, Turquia e Tunísia. A produção do M-108 Howitzer  foi oficialmente encerrada em setembro de 1963, totalizando aproximadamente 950 veículos entregues, somando a este número mais 230 carros na versão especializada M-992, destinada a atuar como veículo de transporte de munição.

Emprego no Exército Brasileiro.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro se postava como a força terrestre mais eficaz e profissional em atividade na América do Sul, contando com uma respeitável frota de carros de combate dos modelos M-3 Stuart, M-3 Lee e M-4 Sherman, e grande quantidade obuseiros de artilharia de campanha como os modelos M-2 de 105 mm e M-1 155 mm, apresentando como grande diferencial de uma ímpar experiencia real de combate, adquirida nos campos de batalha da Itália. Curiosamente, apesar do país ter sido beneficiado pelo recebido de uma vasta gama de sistema de armas cedidas a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act (Leis de Empréstimo e Arrendamento), não seriam cedidos neste pacote, nenhum modelo de obuseiro autopropulsado, criando assim uma importante lacuna na arma de artilharia nacional. Mesmo que tardiamente, as bases que culminariam na mudança deste cenario seriam iniciadas com a celebração do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos, em 15 de março de 1952. Este acordo tinha como principal objetivo de garantir a defesa do hemisfério ocidental face as ameaças representadas pelo bloco socialista liderado pela União Soviética. Com o título oficial de Acordo de Assistência Militar entre a República dos Estados Unidos do Brasil e os Estados Unidos da América, estabeleceu basicamente o fornecimento de material norte-americano para o Exército Brasileiro em troca de minerais estratégicos.  Quase uma década depois, este acordo incluiria o Brasil nos termos do MAP - Military Assistance Program (Programa de Assistência Militar), programa este que possibilitaria uma profunda renovação das Forças Armadas Brasileiras, facilitando o acesso a modernos veículos, aeronaves e equipamentos militares, com o Exército Brasileiro, neste momento apresentando as maiores demandas relacionadas a modernização de suas forças blindadas e artilharia de campo. 

Nestes termos, coube então a Força Terrestre, a destinação de grande parcela deste acordo, passando a ser fornecidos a partir de agosto de 1960, uma grande quantidade de carros de combate, veículos blindados de transporte de tropas e caminhões de diversos modelos, com este processo se estendendo ao logo dos anos seguintes. Em 1970, seriam destinados ao Exército Brasileiro, um lote de setenta e dois obuseiros autopropulsados do modelo M-108 Howitzer , carros estes produzidos pela Cadillac Motor Car Co. (uma divisão da General Motors Corp), entre os anos de 1963 e 1964, representando a versão inicial de produção. Estes carros estavam equipados com o canhão M-103 de 105 mm, com um tubo de calibre 30 de comprimento, montado em um conjunto M-139, sendo capaz de disparar uma variada gama de munições, porém inicialmente somente as do tipo HE (High Explosive - munição explosiva detonada por espoleta após o impacto). seriam fornecidas juntamente com estes veículos. Todos os carros portavam também, um eficiente kit de flutuação, para emprego na transposição de rios e cursos d'água. Prestes a entrar em serviço no Exército Brasileiro este modelo receberia a designação de Viatura Blindada de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBCOAP) M-108, cabendo a Diretoria de Material do Exército (DMat), a elaboração e divulgação do "Manual de Campanha Artilharia - Obus 105 mm, M-108, autopropulsado". Como na Força Terrestre, este novo veículo, pertencia a uma categoria inédita, decidiu-se pela criação de quatro novas organizações militares (partindo da transformação de unidades já existentes), visando assim separar este novo equipamento da artilharia de campanha convencional.  Seriam criados então em dezembro de 1971, os Grupamentos de Artilharia de Campanha Autopropulsados (GAC Ap), com o 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, baseado em Curitiba no estado do Paraná, se tornando em 1972, a primeira unidade a receber operacionalmente o M-108 Howitzer, com a demais unidade sendo equipadas logo em seguida. Duas viaturas seriam ainda alocadas na Escola de Material Bélico (EsMB).
A adoção das Viaturas Blindadas de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBCOAP) M-108, proporcionariam uma grande evolução na doutrina operacional das unidades de artilharia de campanha, trazendo grande mobilidade e prontidão de resposta. Os carros recebidos se apresentavam em excelentes condições de conservação, tendo sido recentemente desativados dos efetivos do Exército Americano (US Army), com muito destes registrando baixa quilometragem, estando quase em estado de zero quilometro.  Porém em 1972 quando do recebimento, sua produção já havia sido descontinuada há quase dez anos, o que traria em um curto espaço de tempo, dificuldades na gestão do fluxo de peças de reposição, mais notadamente os componentes críticos do Detroit Diesel 8V71T, resultando nos primeiros problemas de disponibilidade da frota. Este cenario seria agravado a partir de março de 1977 após o rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos, com este evento determinaria a interrupção de toda financeira e linhas de abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras, com o Exército Brasileiro sendo profundamente afetado, e por consequência a frota dos obuseiros autopropulsados M-108. Buscando restaurar a capacidade operacional destes veículos, seriam desenvolvidos estudos para nacionalização do maior índice possível de componentes críticos, este processo se materializaria em um programa de modernização proposto pela empresa paulista Motopeças S/A. Neste escopo, a principal alteração consistia na remoção do motor de origem norte-americana, e sua substituição por um motor nacional fabricado pela Scania do modelo DS-14 com 385 cv.  Esta mudança implicaria em alterações, que foram aplicadas no sistema de acionamento dos ventiladores de arrefecimento, que passou a ser feito por correias, no lugar do caro e complicado sistema de transmissão angular. Outros itens críticos foram também nacionalizados neste processo. Este programa trouxe aos M-108 um conjunto motriz de robustez superior ao original, resultando em uma maior vida útil, reduzindo muito os custos de manutenção e as frequentes paradas para reparo, prolongado a vida do veículo.

Com o problema da indisponibilidade resolvido os M-108 seguiram suas atividades junto aos Grupamentos de Artilharia de Campanha Autopropulsados (GAC Ap), passando a partir de 1999 a operar com novos M-109A3, adquiridos dentro do planejamento estratégico do programa de modernização FT-90 (Força Terrestre 1990). Desta maneira, pela primeira a Artilharia de Campanha Autopropulsada, passaria a ser completa, compreendendo peças de calibre de 105 mm e 150 mm. Apesar da capacidade plena operativa, o início do novo século descortinava a realidade que sua capacidade ofensiva, já não era adequada a nova realidade. Desta maneira, seriam elucidados esforços visando a curto prazo a substituição deste sistema de armas. A solução seria encontrada em 2013 quando seria celebrado um contrato nos termos do programa de Vendas de Artigos Militares à Nações Estrangeiras (Foreign Military Sales - FMS), envolvendo a aquisição e modernização de um grande lote de veículos de M-109A5. Estas novas viaturas, passariam a ser recebido a partir de 2016, permitindo assim o início de um gradual processo de substituição dos M-108, com toda a frota sendo concentrada junto aos 22º e 3º Grupamentos de Artilharia de Campanha Autopropulsados (GAC Ap), baseados na região sul do país. Em 29 de março de 2017, o Exército Brasileiro, por meio do seu Chefe do Estado-Maior, o General de Exército Fernando Azevedo e Silva, definiu, via PORTARIA Nº 193-EME de 2017, a desativação das Viaturas Blindadas de Combate Obuseiro Autopropulsado (VBCOAP) M-108. Os últimos disparos operacionais ocorreram em 11 de setembro de 2019, com viaturas pertencentes 3º Grupamento de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC Ap), na cidade Uruguaiana-RS .
Os veículos desativados se encontravam em excelente estado de conservação, motivando assim estudos que poderiam gerar uma nova vida junto ao Exército Brasileiro, através de programa capitaneado pelo Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar (PqRMM/5), que visava transformar alguns carros em viaturas especializadas no transporte e ressuprimento de grandes quantidades de munição para os grupos ou baterias de tiro, concedendo uma nova mobilidade tática e proteção blindada para a  Força Terrestre. Um protótipo seria desenvolvido e ensaiado em testes, apresentados boas perspectivas de operação, porém este processo seria abortado em 2018, quando da aquisição de um lote de quarenta Viaturas Blindadas de Transporte Especial Remuniciadora (VBTE Remun) do modelo M-992A2 FAASV (Field Artillery Ammunition Supply Vehicle), uma vesao especializada derivada da plataforma do M-109. No ano seguinte, o Ministério da Defesa do Uruguai demonstrou interesse na aquisição dos últimos M-108 remanescentes, solicitando ao Governo Brasileiro, a cessão em regime de doação, com este processo sendo aprovado pelo congresso nacional em 04 de agosto de 2022, envolvendo dez viaturas e peças de reposição. Agora pertencentes ao Ejército Nacional de Uruguay, os veteranos M-108, devem se manter ainda em serviço por muitos anos. 

Em Escala.
Para representarmos o M-108 VBCOAP  "EB12-912" pertencente ao 3º Grupamento de Artilharia de Campanha Autopropulsado (3º GAC AP), empregamos o único modelo na escala 1/35 existente no mercado, fabricado pela Italeri. Para se compor a versão utilizada pelo Exército Brasileiro não é necessário promover nenhuma alteração, podendo o modelo ser montado diretamente da caixa. Fizemos uso decais fabricados pela Eletric Products presentes no set "Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982". 

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura, empregado em todos os M-108 VBCOAP desde o seu recebimento, até o ano de 1983 quando passaram a ostentar um novo esquema tático camuflado em dois tons aplicado a todos os veículos blindados do Exército Brasileiro, mantendo este padrão até sua desativação. 


Bibliografia 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume II , por Expedito Carlos Stephani Bastos
- M108 105 mm Self-Propelled Howitzer http://www.military-today.com/artillery/m108.htm
- M108 Howitzer – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/M108_howitzer

Beechcraft A-35 Bonanza na FAB

História e Desenvolvimento. 
O empresário Walter H. Beech se tornaria um dos mais relevantes personagens durante os primórdios da história da aviação norte-americana, sendo responsável pelo seu grande desenvolvimento. Em sua biografia destaca-se a fundação da Travel Air Manufacturing na cidade de Wichita Kansas, uma empresa de construção aeronáutica, que apresentaria entre seus quadros os promissores projetistas Lloyd Stearman e Clyde Vernon Cessna.  No início da década de 1930 após o início da Grande Depressão, Walter Beech deixaria a vice-presidência da Travel Air Manufacturing para criar sua própria empresa de construção aeronáutica. Com seu planejamento estratégico estabelecido em meados do ano 1932, seria fundada a Beech Aircraft Corporation. Apesar do cenário econômico americano nesta época se apresentar caótico em função do auge da depressão, Walter H. Beech resolveu focar seus esforços para o segmento de transporte executivo e turismo de luxo, segmentos estes que apesar de pequenos, ainda e mantinham e atividade regular apesar da crise. Esta premissa resultaria no lançamento em fins do mesmo ano, do modelo Beech Model 17, que logo conquistaria um rápido sucesso comercial. Este êxito inicial alimentado pelos lucros resultantes, levaria a empresa a investir recursos próprios para assim desenvolver uma aeronave de maior porte que resultaria no projeto do Beech Model 18. O primeiro protótipo alçou voo em 15 de janeiro de 1937, basicamente esta nova aeronave apresentava configuração bimotora monoplano de asa baixa, metálico e com trem de pouso convencional. Dispunha de uma capacidade de transporte de até seis passageiros e dois tripulantes, sua versatilidade de projeto o permitia ser equipado com uma variada gama de motores produzidos pela Curtiss - Wright, Jacobs ou Pratt & Whitney, oferecendo assim ao mercado alternativas de padronização e redução de custo de manutenção. As qualidades da nova aeronave, cujo desenvolvimento visava originalmente o mercado civil, repetiriam o sucesso em vendas do modelo anterior da empresa. Este êxito não passaria desapercebido por algumas forças militares, despertando inicialmente o interesse do governo filipino, que ser tornaria o primeiro cliente militar do modelo. 

As qualidades da nova aeronave, cujo desenvolvimento visava originalmente o mercado civil, repetiriam o sucesso em vendas do modelo anterior da empresa. Este êxito não passaria desapercebido por algumas forças militares, despertando inicialmente o interesse do governo filipino, que ser tornaria o primeiro cliente militar do modelo. Desta maneira seria celebrado com a Beech Aircraft Corporation, um contrato para o desenvolvimento e produção de uma versão destinada a realizar missões de aerofotogrametria, esta variante receberia a designação comercial de  C-18 e militar de T-7. A última versão a ser desenvolvida, o AT-7C-BH, dispunha de uma suíte avionica mais avançada e peso vazio significadamente maior do que as versões anteriores, contando ainda com o novo motor Pratt & Whitney R-985. Esta variante seria chamada de Beechcraft Navigator. Durante o conflito a empresa se destacaria na produção de aeronaves de treinamento multi motor e transporte leve, recebendo vultuosos recursos governamentais que a permitiram se consolidar como grande fabricante aeronáuticos. Logo após o final da Segunda Guerra Mundial, o mercado de aviação civil foi impulsionado pela grande oferta de aeronaves de transporte militares, que foram desmobilizados e vendidos como excedente de guerra a preços módicos possibilitando o surgimento de milhares de empresas de transporte. Neste contexto o mercado voltado para aeronaves de pequeno porte não seria atingido por este processo, possibilitando aos fabricantes desenvolver novos modelos que pudessem conquistar o mercado, principalmente o nicho de transporte executivo.  Neste cenário duas empresas se destacavam na disputa por este seguimento, figurando a Cessna Aircraft Company com seu modelo 195, e a Beechcraft com o Bonanza 35. Comparativamente o modelo de Beech Aircraft Corporation era superior ao seu concorrente que praticamente herdava a tecnologia aeronáutica do período pré-guerra. Desenvolvido pela equipe do engenheiro Ralph Harmon, o projeto do  Bechcraft Model 35 viria a causar uma revolução no segmento de aeronaves civis de pequeno porte, apresentado com principal diferencial ser todo praticamente construído em metais, quando ainda a maioria dos modelos fabricados eram compostos em metal, madeira e tela, apresentaria ainda ao mercado sua exclusivo design possuindo trem de pouso triciclo retrátil e empenagem da cauda em “V”.
O primeiro protótipo da aeronave da nova aeronave da Beech Aircraft Corporation alçaria voo em 22 de dezembro de 1945, sendo imediatamente submetido a um extensivo programa de ensaios em voo. O ousado projeto, no entanto, apresentava uma série de pontos a serem melhorados, o que culminaria em diversas alterações a aeronave, sendo o modelo somente liberado para produção em série a partir de 1947, representando assim com um atraso significativo quando comparado a outras aeronaves. Curiosamente as primeiras quarenta aeronaves de produção apresentavam pequenas extensões das superfícies moveis cobertas com tecido (fruto das alterações do modelo original), após este lote estas essas superfícies foram cobertas com folha de liga de magnésio. Uma grande campanha de marketing foi implementada pelo fabricante para o lançamento comercial da aeronave, resultando em excelentes resultados em vendas no mercado interno norte americano de aeronaves executivas. Grande parte do público comprador do Beechcraft Bonanza por ricos pilotos amadores de” final de semana” que buscavam no ato conduzir sua própria aeronave uma ostentação além dos bens materiais. Infelizmente sua configuração não usual o tornava uma aeronave de perfil de voo indócil, passando a cobrar o preço quando conduzido por pilotos menos experientes, assim desta maneira inúmeros acidentes com perdas fatais passaram a ocorrer, levando a aeronave a ganhar má reputação recebendo o pejorativo apelido de “Doutor Assassino da Cauda Bifurcada”. Apesar das causas destes acidentes serem popularmente atribuídas a aeronave, um estudo desenvolvido entre 1982 e 1989 pela Associação de Proprietários e Pilotos de Aeronaves dos Estados Unidos demonstrou que o Bonanza tinha uma taxa de acidentes ligeiramente menor do que outros tipos no estudo. O erro do piloto seria citado em 73% dos acidentes de cauda V e 83% dos acidentes de cauda convencional, com causas relacionadas à aeronave representando 15%  e 11% dos acidentes, respectivamente.

Apesar da má fama, o modelo seguiria com altas vendas no mercado norte-americano e internacional com sua participação de mercado crescente ajudando a consolidar a marca do fabricante. O Beechcraft Modelo 33 Debonair seria introduzido em 1960 como uma aeronave de menor custo de aquisição, apresentando instrumentação padrão mais austera, equipamentos externos, esquemas de pintura e tecidos interiores e acabamento inferiores aos oferecidos nas versões originais do Bonanza. Porém esta versão mais barata passaria a canibalizar as vendas da família, levando assim a empresa a descontinuar a versão Debonair, passando a concentrar esforços e recursos para o desenvolvimento e lançamento de versões melhoradas do Bonanza a partir do ano de 1968. Neste mesmo período seria concebida uma versão militar especializada, partindo da plataforma original do  Beechcraft 36/A36 Bonanza esta variante fora concebida para operar como vetor aéreo do programa "Pave Eagle" da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) durante a Guerra do Vietna. A aeronave recebeu a designação de QU-22 sendo responsável pela retransmissão de sinal de monitoramento eletrônico, para emprego de observação da  movimentação de tropas e suprimentos ao longo da trilha Ho Chi Minh no Laos sendo colocados em operação a partir de fins do ano de  1968. Seis protótipos YQU-22A (modificações do Beechcraft 33 Debonair) foram testados em combate em 1968, e dois foram perdidos durante as operações, com um piloto de teste civil morto. Apesar de ser originalmente concebido como drones não tripulados, as aeronaves acabariam sendo pilotadas por oficiais do Destacamento do Esquadrão de Reconhecimento 1º . Vinte e sete Beechcraft QU-22Bs seriam modificados, treze células em 1969 e quatorze em 1970, com seis perdidos em combate e dois pilotos mortos em ação.
A produção da família Beechcraft Bonanza, atingiria a cifra de mais de dezessete mil aeronaves completadas até o ano de 2019, sendo dispostas em três variantes matrizes básicas que seriam divididas em trinta e três subversões.   Atualmente a aeronave continua em produção seriada com a versão Beechcraft G36 que apresenta um painel totalmente no padrão glass cockpit, equipado ainda com o moderno sistema de navegação digital Garmin G1000.  Além do mercado civil, o Beechcraft Bonanza seria empregado junto a forças áreas de países como Argentina, Bolívia, Brasil, Haiti, Irã, Indonésia, Costa do Marfim, México, Países Baixos, Nicarágua, Paraguai, Arábia Saudita, Espanha e Tailândia, onde executaram primordialmente missões de transporte e ligação. Apesar de não estar em serviço atualmente em nenhuma força área militar, existem ainda milhares de células das versões mais recentes ainda em operação no mercado civil principalmente no segmento de fretamento e taxi aéreo, com uma sobrevida operacional de pelo menos mais vinte anos ainda.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a recém-criada Força Aérea Brasileira foi beneficiada nos termos do acordo Leand & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), vindo a receber centenas de aeronaves dos mais variados tipos. Logo no período pós-guerra, o Ministério da Aeronáutica (MAer) se reestruturaria, levando a uma grande expansão de sua estrutura funcional e organizacional, culminando assim na criação de diversas unidades aéreas, estabelecimentos de ensino e comandos aéreos espalhados por todo território nacional. Esta nova realidade, levaria a necessidade de se estabelecer uma frota de aeronaves utilitárias de pequeno porte a fim de cumprir missões de ligação e transporte em proveito destas organizações militares baseadas em diversas localidades de um país continental. Apesar de dispor de muitas aeronaves bimotoras de transporte de médio porte em sua frota, não seria recomendado o emprego deste tipo de avião, com esta decisão baseada em seu porte e consequentes altos custos operacionais.  Com base neste contexto o Comando da Aeronáutica (COMAER) iniciaria estudos visando a aquisição de uma aeronave monomotora para emprego em missões de ligação e transporte leve que entre vários aspectos técnicos deveria priorizar a relação de custo-benefício. Neste mesmo período a empresa paulista Companhia Carnasciali Ltda passava a representar no pais o fabricante de aeronaves norte- americano Beech Aircraft Corporation, a exemplo de seus pares no Estados Unidos, o produto mais relevante de seu portfólio de vendas era representado pelos modelos Beechcarft 35 e A-35 Bonanza, chegando a comercializar um grande número de aeronaves no pais seja para empresas de taxi aéreo ou particulares.  Em seu processo de prospecção, representantes da empresa fizeram contatos junto aos militares brasileiros a fim de apresentar seu portfólio de produtos.

Com base demanda por aeronaves de ligação, a Companhia Carnasciali Ltda apresentaria ao Ministério da Aeronáutica (MAer), uma proposta para a aquisição de um pequeno numero de aeronaves dos modelos Beechcraft35 e A-35 Bonanza, este termos previam ainda um pacote de manutenção operacional de baixo custo. O grande diferencial desta proposta era baseado no grande número de aeronaves em voo no mercado civil nacional naquela época, o que garantia a proficiência técnica e constante fluxo de peças de reposição.  Os dois modelos de aeronaves propostos seriam estudados com os parâmetros sendo baseados em avaliações de ordem técnica e de custo-benefício, com a escolha sendo definida pela aquisição da versão Beechcraft A-35 Bonanza, com o contrato para aquisição de cinco células sendo celebrado entre as partes provavelmente nos últimos meses do ano de 1949. Até hoje não está claro se as células encomendadas foram produzidas especificadamente em atenção ao contrato do Ministério da Aeronáutica (MAer) ou se já haviam sido solicitadas pela  Companhia Carnasciali Ltda para encomendas do mercado civil  e por força de oportunidade redirecionadas ao contrato com a Força Aérea Brasileira. Seja como estas aeronaves seriam transladadas ao Brasil por via marítima, com as cinco aeronaves sendo recebidas no porto do Rio de Janeiro no final do primeiro trimestre 1950.  Estas células desmontadas seriam encaminhadas por via terrestre ao Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqArAF) a fim de serem montadas por técnicos do fabricante em parceria com a equipe brasileira. Contudo sob circunstâncias até hoje desconhecidas, neste processo de movimentação,  uma das aeronaves seria seriamente danificada quando estava sendo desembalada. Após rápida análise identificou-se que a extensão dos danos era extremantes graves, não sendo assim recomendada sua recuperação por questões econômicas, desta maneira esta aeronave seria baixada do acervo da Força Aérea Brasileira em maio de 1951, com suas peças sendo armazenadas como fonte de reposição e sua estrutura preservada.
Quanto as células remanescentes do Beechcraft A-35 Bonanza, esta seriam montadas e colocadas em condições de voo em abril de 1950, sendo no mês seguintes distribuídas a então Diretoria de Aeronáutica Civil (DAC) e a Diretoria de Material Aeronáutica (DIRMA), ficando à disposição do serviço de vistoria daquele órgão. Assim com a designação oficial de UC-BB, os quatro aviões Beechcraft Bonanza passariam enfim a ser usados para as missões as quais foram adquiridos, como voos de ligação entre as bases aéreas e para fiscalização de aeroclubes espalhados pelo país. Os dois aviões entregues a Diretoria de Aeronáutica Civil (DAC) passariam a realizar o transporte do diretor geral daquele órgão ou de seus inspetores para verificação in loco dos aeroclubes, pequenas empresas de taxi e transporte aéreo e oficinas de manutenção.  Já no caso dos dois Beechcraft UC-BB distribuídos a Diretoria de Material Aeronáutica (DIRMA), não há registros oficiais sobre o detalhamento das atividades por eles realizados, tendo sido certamente empregados do transporte do pessoal desta organização para os distantes parques de aeronáutica então existentes na Força Aérea Brasileira, assim como viagens para diversas bases aéreas. Infelizmente no início do ano de 1951, um dos Beechcraft A-35 Bonanza da Diretoria de Material Aeronáutica (DIRMA) sofreria um grave acidente na região do município de Lages no interior do estado de Santa Catarina, o que determinaria sua baixa devido aos estragos de grande monta ocorridos com a célula. A segunda metade deste mesmo ano tampouco seria particularmente boa para os Beechcraft Bonanza brasileiros, pois, dos três aviões em operação, dois seriam recolhidos a Fábrica do Galeão no Rio de Janeiro, para recuperação como resultado de acidentes de pequena monta. Assim para se manter as mínimas condições operacionais uma das aeronaves em serviço junto a Diretoria de Aeronáutica Civil (DAC), seria transferido para a Seção de Aviões de Comando em 29 de abril de 1952.

Em outubro daquele ano, a Diretoria de Material Aeronáutica (DIRMA) baixaria a instrução reservada 2A4-521013, em que concedia uma nova designação aos Beechcraft Bonanza, que passaram a ser identificados como C-35. Esta medida pouco influenciou a operação do modelo na Força Aérea Brasileira, pois, naquele momento, a frota encontrava-se reduzida a somente um exemplar que voava a serviço da Diretoria de Aeronáutica Civil (DAC). Na última metade do ano de 1953 o Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqAerAF) recuperaria a célula que havia sido danificada quando do recebimento do lote original, sendo prontamente alocada a serviço da Seção de Aviões de Comando, onde passaria a ficar à disposição do adido aeronáutico da Força Aérea Brasileira na cidade de Assunção, capital do Paraguai. O Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqAerAF) repetiria o feito, vindo a recuperar totalmente a célula que fora dada como condenada como perda total no acidente em Santa Catarina em 1951. Talvez como prêmio aos seus esforços, em 1956 aquela aeronave foi distribuída para o uso desta mesma organização, passando a ser empregado como aeronave de ligação. Em 4 de junho de 1954, a Portaria Ministerial Nº 6/GM2 estabeleceria a criação do Esquadrão de Transporte Especial, unidade que veio a suceder a Seção de Aviões de Comando (organização esta que seria o berço embrionário do Grupo de Transporte Especial - GTE). Prevendo em sua estruturação que uma esquadrilha deveria ser dotada com os três remanentes Beechcraft C-35 Bonanza, atuando em complemento aos Douglas VC-45 e VC-47 e Vickers VC-90. Também serviriam diretamente ao Gabinete do Ministro da Aeronáutica, para missões de transporte e ligação. Pelo menos uma aeronave ainda seria empregada pelo 1º Esquadrão de Ligação e Observação (ELO), por um curto período. Porém esta sistemática não perdurou por muito tempo, pois em agosto de 1956 outra célula seria perdida em um acidente, e logo em seguida devido a motivos de ordem técnica a outra célula seria enfim retirada de serviço.
Assim o último Beechcraft C-35 Bonanza remanescente, portador da matrícula FAB 2861, lotado junto ao Esquadrão de Transporte Especial, seria transferido para o 2º Grupo de Transporte de Tropas (GTT) em maio de 1957, passando a ser derradeira célula de sua espécie em serviço na Força Aérea Brasileira, tendo em vista que a outra célula fora desativada em março do mesmo ano. Ao realizar missões de ligação e transporte, esta aeronave permaneceria no Campo dos Afonsos por dez meses, sendo transferida para o Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) em março e 1958. Neste momento ficava claro que era economicamente inviável (devido a cadeia logistica de peças de reposição) manter um modelo em uso do qual se possuía apenas uma célula em condições de voo. Em consequência deste cenário, em 30 de dezembro de 1959 foi assinada a Portaria Ministerial Reservada Nº78/GM4 que determinava a baixa do último Beechcraft Bonanza da Força Aérea Brasileira. Em janeiro do seguinte seria determinada a doação da aeronave para a Fundação Brasil Central, onde após receber a matrícula PP-FBL permaneceria em uso junto a aquela organização pelo menos até o início da década de 1970.

Em Escala.
Para representarmos o Beechcraft Bonanza UC-35 "FAB 2857" empregamos o kit Minicraft  na escala 1/48. Como este modelo representa a versão V-35, temos de proceder em scratch a exclusão da última janela lateral dos dois lados da aeronave, para assim podermos representar a versão operada pela Força Aérea Brasileira. O kit ainda possibilita montar a aeronave com o motor exposto, o que valoriza o resultado final. Como não existe um set de decais específico para este modelo, optamos por configurar as marcações com decais diversos oriundos de diversos sets confeccionados pela FCM Decais, tendo somente a bolacha do Gabinete do Ministro da Aeronáutica sendo impressa artesanalmente.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o ultimo padrão de pintura empregado nas aeronaves Beechcraft C-35 Bonanza, sendo este o esquema implementado nas aeronaves de transporte de passageiros e transporte VIP da Força Aérea Brasileira naquele período. Apesar de não existirem registros fotográficos claros, estas aeronaves podem ter sido recebidas no padrão da Beechcraft para operadores civis, sendo na cor de metal natural com detalhes em vermelho ou azul, recebendo somente as marcações militares e suas respectivas matriculas.


Bibliografia : 

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015  - Jackson Flores Jr
- Beechcraft Bonanza -  Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Beechcraft_Bonanza
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html