Beechcraft UC-43 Traveler - GB-1


História e Desenvolvimento.
O empresário Walter H. Beech se tornaria um dos mais relevantes personagens do ramo de construçao aeronáutica durante os primórdios da história da aviação norte-americana, sendo um dos principais responsáveis pelo seu grande desenvolvimento. Em sua biografia destaca-se a fundação da Travel Air Manufacturing na cidade de Wichita Kansas, uma empresa de construção aeronáutica, que apresentaria entre seus quadros os promissores projetistas Lloyd Stearman e Clyde Vernon Cessna.  Suas aeronaves de maior destaque comercial seriam representadas pelos modelos Travel Air 2000, Travel Air 5000 e Travel Air 5000, se tornando assim naquele período uma das uma das mais proeminentes fabricantes de aeronaves. A quebra da Bolsa de Valores em 1929, afetaria pesadamente a economia norte-americana e por consequente o mercado aeronáutico, e neste contexto a  Travel Air Manufacturing passaria a enfrentar dificuldades financeiras, com este processo culminado em sua venda para a Curtiss-Wright Corporation. Neste momento seria concedido a Walter Beech a posição de presidente da divisão de aviões da companhia e vice-presidente de vendas, no entanto ficaria insatisfeito por se afastar das áreas de desenvolvimento e produção de aeronaves , levando o a decisão de deixar a Curtiss-Wright Corporation a fim de estabelecer sua própria empresa de construção aeronáutica. Após estudar o mercado e compor seu planejamento estratégico, e meados do ano de 1932, seria fundada na cidade de Wichita Kansas a   Beech Aircraft Corporation, contando com Walter Beech como presidente, sua esposa Olive Ann Beech como secretária, Ted A. Wells como vice-presidente de engenharia, KK Shaul como tesoureiro, e o investidor CG Yankey como vice-presidente. A empresa iniciou suas operações em uma fábrica ociosa da  ociosa da Travel Air Manufacturing (agora já renomeada como Cessna Aircraft Company), em Wichita no estado do Kansas. Apesar do cenário econômico norte-americano nesta época se apresentar caótico, em função de se apresentar no auge da depressão, Walter H. Beech resolveria focar seus esforços para o segmento de transporte executivo e turismo de luxo, nichos estes que mesmos pequenos, ainda  mantinham demandas regulares. 
 
A aposta da Beechcraft Aircraft Company,  em um segmento de aeronaves de alto valor agregado, se dava pelo objetivo de se tentar conquistar uma classe de consumidores potenciais que não foram  afetados diretamente pela grande crise econômica norte-americana e internacional. Potenciais clientes estes, que se disporiam a investir um valor considerável para a aquisição de  uma aeronave de transporte pessoal, desde que esta apresentasse características diferenciadas principalmente de desempenho e desing, seduzindo assim com facilidade este importante nicho de mercado. Seguindo esta linha estratégica, sua primeira aeronave de transporte executivo, deveria apresentar alta performance para viagens em velocidades de cruzeiro, para percorrer médias e curtas distancias, focando como potenciais clientes empresas de transporte regional e principalmente altos  executivos e proprietários das grandes corporações norte-americanas. Seu projeto seria completamente desenvolvido pelo brilhante engenheiro aeronáutico Ted Wells, que havia participado  anteriormente também da fundação da Travel Air Manufacturing. Nascia assim o  Beechcraft Modelo 17, uma aeronave monomotora,  que apresentava configuração do tipo biplano, com as duas superfícies de sustentação posicionadas fora do conceito tradicional, com a asa superior mais recuada em relação a inferior. Este desing inovador, conferia a aeronave uma aparência diferente, porém agradável aos olhos. A incomum configuração de asa cambaleante negativa da aeronave e sua forma única maximizaria a visibilidade do piloto,  e tinha por intenção  reduzir o arrasto de interferência entre as asas. Sua estrutura era de madeira e tubos de aço soldados, recoberta com entelagem, a exceção do bordo de ataque das asas, carenagem do motor e parte frontal do suporte do para-brisa que eram confeccionados em alumínio. Sua construção era complexa e levava muitas horas-homem para ser concluída. Seu trem de pouso convencional do Beechcraft Modelo 17, se mostraria incomum na época, porém  combinado com uma simplificação cuidadosa, de peso leve e um poderoso motor radial, ajudaria a aeronave a obter um bom desempenho. 
O primeiro protótipo desta aeronave alçaria voo nas instalações da empresa na cidade de Wichita  no estado do Kansas, no dia 4 de novembro de 1932, sendo submetido nos meses seguintes pelo fabricante a um intensivo programa de ensaios em voo. Este processo levaria a implementação de muitas melhorias no projeto original, nascendo neste momento sua primeira versão de produção em série. As primeiras aeronaves seriam ofertadas ao mercado doméstico a partir de maio e 1933,  com preços unitários na ordem de US$ 14.000,00 a US$ 17.000,00 de acordo com as configurações do modelo escolhido. No entanto esta faixa de preço se mostraria inadequada, resultando em apenas dezoito aeronaves vendidas no mercado norte-americano no ano de 1933. Em busca de aumentar sua fatia de mercado, mais melhorias seriam implementadas na aeronave, entre estas mudanças estava a implementação de trem de pouso retrátil representando uma novidade para aquele período.  Assim desta maneira gradativamente suas vendas foram melhorando, e como principal exclusividade sua configuração luxuosa do interior aparada em couro e mohair e produzida artesanalmente, despertavam a atenção dos mais exigentes clientes, levando o modelo nos anos seguintes a conquistar uma boa fatia do mercado norte-americano e canadense de aeronaves executivas. A velocidade do Beech Model 17 Staggerwing , tornaria o modelo muito popular entre os pilotos civis na década de 1930, e uma de suas versões iniciais, lograria êxito ao conquistar o primeiro lugar na cobiçada  "Corrida do Troféu Texaco" na edição de 1933. Em 1935, um diplomata britânico, o Capitão H.L. Farquhar, realizaria com sucesso um voo ao redor do mundo, fazendo uso de um Beech Model B-17R, viajando 34.331 quilômetros de Nova York a Londres, por meio da Sibéria, Sudeste Asiático, Oriente Médio, Norte da África e de volta pela Europa. Em termos de competições, Louise Thaden e Blanche Noyes conduzindo um Beech Model C-17R Staggerwing, conquistariam  o troféu Bendix de 1936.  Pilotando um modelo D-17W, Jackie Cochran estabeleceria um recorde de velocidade feminino de 328 km/h e de altitude, alcançando mais de 9.144 metros, conquistando também o terceiro lugar na Bendix Trophy Race de 1937. Curiosamente o primeiro emprego militar da aeronave ocorreria durante a Guerra Civil Espanhola, quando células da versão civil Beechcraft C-17 Staggerwing adaptadas,  seriam empregadas em missões de bombardeiro pela Força Aérea Republicana Espanhola. Algumas aeronaves também seriam usadas como ambulância pelas forças armadas da China Nacionalista no conflito contra o Japão neste mesmo período.  

 Durante os anos seguintes, o modelo ganharia grande notoriedade no mercado civil norte-americano se tornando um sucesso em vendas, despertando assim  a atenção do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), que buscava naquele momento um vetor para este tipo de emprego.  Assim no final de 1938, três células do modelo Beech D-17S seriam adquiridas a fim de serem  empregadas em um programa de avaliação,  para validar ou não o seu emprego como aeronave de ligação leve. Esta variante incorporava além do trem de pouso retrátil, uma série de melhorias no projeto,  como ailerons nas asas superiores, novo motor Pratt & Whitney Wasp Junior R-985-17 com 450 hp de potência e sistema de sincronização dos freios com os pedais do leme de direção. Estas aeronaves receberiam a designação militar provisória de YC-43 ( Y designando uma aeronave em desenvolvimento ou tipo não padrão, C significando Carga ), sendo entregues para o inicio do programa de ensaios operacional. Após a conclusão deste estágio, a aeronave seria homologada para operação militar, levando a celebração de um contrato com o Exército dos Estados Unidos (US Army) para a  aquisição de setenta e cinco células da versão Beech UC-43  Traveler, que começariam a ser entregues a partir de maio de 1939. Posteriormente as três aeronaves iniciais seriam deslocadas posteriormente para a Europa para servirem como aeronaves de ligação a serviço dos adidos aéreos militares norte-americanos em Londres, Paris e Roma. A Marinha dos Estados Unidos (US Navy) se tornaria o segundo maior cliente militar do modelo, assinando em setembro de 1939 um contrato para a produção de cento e trinta e duas aeronaves dos modelos Beech GB-1 e GB-2 para emprego em sua aviação naval atuando principalmente no continente. Mais cento e dezoito aeronaves seriam negociadas para a aquisição, com pelos menos três dezenas de células do modelo civil Beechcraft D17 Staggerwing, sendo temporariamente alugadas a fim de suprir demandas emergenciais. A Força Aérea Real (Royal Air Force) e a Marinha Real (Royal Navy) adquiririam cento e seis aeronaves da versão Beech "Traveller Mk. I",  nos termos do programa de ajuda militar Lend-Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) para suprir sua própria necessidade crítica de transportes leves de pessoal, durante a Segunda Guerra Mundial.
Ainda durante o conflito, mais aeronaves seriam exportadas a nações aliadas, sendo empregados como aeronaves de transporte e ligação junto as forças armadas do Brasil, Nova Zelândia,China Nacionalista  e Austrália. No pós-guerra aeronaves desta família seriam exportadas para  Holanda, Bolívia, Cuba,  Espanha, Honduras, Finlândia, Etiópia, Peru e Uruguai. Em emprego militar muitas destas células seriam operadas até fins da década de 1960, principalmente na América Latina.  Ao todo entre os anos de 1933 e 1948 seriam produzidas setecentos e oitenta e cinco células da família Beechcraft D-17 Staggerwing e UC-43, dispostas em vinte e uma versões civis e quinze militares. Curiosamente devido a escassez de motores durante a Segunda Guerra Mundial estas aeronaves foram produzidas visando a intercambialidade no emprego de uma variada cama de motores, como Wright R-760-E2, Jacobs L-5 (R-830-1), Jacobs L-6 (R-915A3), Wright R-760 -E1, Wright R-1820-F11, Wright SR-1820-F3 , Jacobs L-4 (R-755D), Wright R-975-E2 ou E3, P&W R-985-AN-1 ou AN-3 e P&W R-985-SC-G. Em fins de 1945, a Beechcraft Aircraft Company converteria sua capacidade de produto totalmente para o mercado civil, desenvolvendo a versão  final da aeronave o  modelo G-17S, ao preço unitário de US$ 29.000,00. Seu sucessor natural o Beechcraft Bonanza,  chegaria ao mercado no início da década de 1950, porém apesar de ser menor e menos potente, custava um terço do preço do modelo anterior, podendo ainda transportar até quatro pessoas a uma velocidade semelhante com um menor custo operacional. Novamente o legado da empresa na produção de aeronaves executiva se manteria vivo, com este novo modelo se tonando também um grande sucesso  comercial, se mantendo em produção até os dias atuais. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

A recém-criada Força Aérea Brasileira, era a força armada que mais necessitava de modernização neste momento, pois dispunha em sua frota um grande número aeronaves já classificadas como completamente obsoletas, comprometendo o desempenho de várias tarefas entre estas a de transporte, sobre as quais recorria também a incumbência de operar as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN). Este serviço era de vital importância e havia herdado aeronaves pertencentes ao Correio Aéreo Militar (CAM) e ao Correio Aéreo Naval (CAN), desta frota destacavam-se três células do modelo D-17A Beechcraft Staggerwing oriundas da Aviação Naval da Marinha do Brasil, que foram incorporadas em 1939 para o atendimento da Linha de Correio Tronco Norte. Ao longo dos anos anteriores estas modernas e ágeis aeronaves provaram seu valor no atendimento pleno de diversas linhas postais no interior do país, com estas qualidades atestando que o modelo norte-americano representava vetor ideal para esta tarefa. Assim no final do ano de 1941 seria decidido incrementar esta frota de aeronaves, podendo assim potencializar as linhas aéreas do seu serviço postal militar. Desta maneira em novembro deste mesmo ano o Comando da Aeronáutica (COMAER) oficializaria suas intenções ao governo norte-americano através da Comissão de Compras de Material Aeronáutico, sediada em Washington. Desta maneira se valendo das vantajosas condições oferecidas nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), seria negociada a cessão de cinquenta e uma aeronaves novas de fábrica da família Beechcraft D-17S Staggerwing.  Este programa receberia a classificação de prioridade, com estas aeronaves sendo então retiradas da linha de produção do fabricante envolvendo quarenta células da versão UC-43 Traveller, destinadas ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos - (USAAC) e onze células GB-2 produzidas originalmente para o atendimento de demandas da aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). 
Diferente dos três Beechcraft D-17A Staggerwing originais, estas novas aeronaves estavam equipadas o motor Pratt & Whitney Wasp Junior R-985-NA1 de 450 hp de potência que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de 341 km/h. Estes aviões seriam transladados em grupos por oficiais da Força Aérea Brasileira, desde as instalações do fabricante até o Rio de Janeiro, com as primeiras sendo recebidas no Campo dos Afonsos em dezembro de 1942. Ao serem incorporados receberiam a designação de UC-43 e as matriculas "FAB 01 a 51", e após a formação e treinamento de seus tripulantes, seriam disponibilizadas ao comando do Correio Aéreo Nacional (CAN), onde complementariam os veteranos Beechcraft D-17A (DB1e) nas mais diversas linhas áreas do serviço postal. Sua introdução nesta missão ampliaria não só alcance, mas também a efetividade, transportando malas postais ou cargas leves para várias regiões deste país de dimensões continentais. Em operação estas aeronaves passariam a ser muito apreciadas por seus tripulantes e eventuais passageiros (podendo serem transportados até quatro pessoas), principalmente por causa de sua alta velocidade e conforto interno. Paralelamente ao emprego no Correio Aéreo Nacional (CAN), estas aeronaves também seriam empregadas esporadicamente em tarefas orgânicas e administrativas, transportando pessoal e malas postais entre as principais bases aéreas existentes naquele período. Novamente seu excepcional desempenho em serviço, garantiria aos Beechcraft  D-17A, UC-43 e GB-2 o papel de representar como um dos principais vetores no Correio Aéreo Nacional (CAN), pelo menos até meados do ano de 1955. Anteriormente em 1952  estas aeronaves seriam redesignados via normativa da Diretoria de Material da Aeronáutica (DIRMA) como C-43 passando a portar as matriculas de FAB 2736 á 2786".  A partir deste ano, estes aviões passariam a ser parcialmente substituídos e ou complementados no serviço aéreo postal pelos bimotores Beechcraft AT-7, C-18 e D-18, aeronaves que apesar de ser contemporâneas aos UC-43 e GB-2,  apresentavam melhor performance, alcance e segurança no atendimento das linhas espalhadas pelo interior do Brasil. 
Inicialmente estes novos vetores, operariam em um regime compartilhado nas linhas postais, com estas aeronaves recebendo o apelido de “Beech Bi” e seus antecessores o apelido de “Beech Mono”. Ao longo dos anos por serem empregadas intensivamente nas mais diversas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN) em todo o território nacional, as células dos modelos Beechcraft D-17A Staggerwing, UC-43 Traveller e Beech GB-2, sofreriam um grande desgaste estrutural de suas células.  Com muitas destas aeronaves sendo inutilizadas em acidentes de grande e pequena monta,  reduzindo assim desta maneira drasticamente a frota da Força Aérea Brasileira. No início da década de 1950, os três Beechcraft  D-17A oriundos da Aviação Naval da Marinha do Brasil já haviam sido descarregados e sucateados há alguns anos, com a frota total atingindo apenas vinte e nove células. As aeronaves remanescentes, ainda em boas condições de voo, seriam mantidas em operação, sendo empregadas agora como aeronaves orgânicas a serviço de diversas bases aéreas e Parque de Materiais da Aeronáutica. No entanto logo seria decretada o fim de sua carreira operacional, com estes aviões sendo retirados de serviço à medida que atingiam o cronograma de revisão geral em âmbito de parque, sendo alienadas para venda como sucata.  A última célula ainda em operação seria declarada fora de serviço  somente em abril do ano 1963, com seu destino sendo definido para posterior restauração. Desta maneira esta aeronave seria armazenada, até meados da década de  1970, e após a conclusão deste processo o Beechcraft UC-43 "FAB 2778", seria incluída no acervo de exposição do Museu Aeroespacial (MUSAL), no Rio de Janeiro – RJ.    

Em Escala.
Para representarmos o Beechcraft GB-2 Traveller "FAB 2778", fizemos uso do recente kit produzido pela Roden na escala 1/48, modelo básico em nível de detalhamento, mas de fácil montagem e boa qualidade de injeção. O modelo pode ser montado diretamente da caixa para se compor a versão operada pela Força Aérea Brasileira. Empregamos o  antigo set de decais "Aviões Militares Brasileiros - Beechcraft UC-43" confeccionado pela Rafael Pinheiro Decais.
O esquema pintura representa o padrão aplicado as aeronaves da aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) durante a Segunda Guerra Mundial, salientando que as demais células foram recebidas com dois outros esquemas, um pertencente ao Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos  (USAAC) em dois tons de azul e cinza e outros dois em metal natural, com um destes apresentando faixas em amarelo, com este esquema aplicado originalmente nas linhas de montagem do fabricante. 



Bibliografia : 

- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 á 2015  -  Jackson Flores Jr 

- Aviões Militares Brasileiro - Rafael Pinheiro Decais

- Beechcraft Model 17 / D17A - Aviação Naval Brasileira - http://www.naval.com.br 

- História da Força Aérea Brasileira – Rudnei Cunha Dias da Cunha http://www.rudnei.cunha.nom.br 

- Beechcraft Model 17 Staggerwing - Wikipédia - http://en.wikipedia.org/wiki/Beechcraft_Model_17_Staggerwing 

 



L-118 Light Gun AR 105 mm

História e Desenvolvimento.
Durante as fases iniciais da Segunda Guerra Mundial, os regimentos de artilharia de campanha do Exército Real (Royal Army) faziam uso em grande parte de peças de médio calibre produzidos pelos arsenais da Fábrica de Artilharia Real (Royal Ordnance Factories – ROF), entre estes os canhões QF 6 Pounder de 57 mm, QFM4 Pounder de 84 mm, QF Pounder 25-pr de 87,6 mm. A partir de março de 1941, o estabelecimento do programa norte-americano de ajuda militar denominado como Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), permitiria aos britânicos o fornecimento de uma grande quantidade de armas e equipamentos de origem norte-americana, entre estas centenas de obuseiros M-2 AR 105 mm e M-1 Howitzer 155 mm, garantindo a sua força terrestre uma importante efetividade no campo de artilharia de campanha. Em fins da década de 1950, o Exército Real (Royal Army) em conjunto com o Corpo de Fuzileiros Reais (Royal Marines) iniciaria um programa visando a adoção de um novo obuseiro leve, a fim de substituir a curto prazo em seus regimento de artilharia os  antigos canhões nacionais de calibre 75 mm, 87,6 mm e morteiros de 110 mm. Estudos seriam conduzidos neste intuito,  analisando diversas opções de desenvolvimento de novas armas de artilharia  ou  a aquisição de sistemas já existentes em usos em outros países. O norteamento da decisão seria definido pela segunda opção, muito em função de necessidade de implementação a curto prazo. Neste contexto, após estudo e avaliações de diversas opções, a escolha recairia sobre o modelo italiano Oto Melara Mod 56, um obuseiro de campanha que fora originalmente projetado e desenvolvido para o atendimento das demandas do Exército Italiano (Esercito Italiano), visando seu emprego nas unidades de artilharia de montanha. Como este sistema de armas fora desenvolvido para o emprego neste terreno de operações, apresentava um peso final extremamente leve, o que permitiria ser aerotransportado pelos helicópteros Westland Wessex HC.2 e facilmente rebocado por viaturas leves com tração integral como os utilitários Land Rover Defender e outros, se ajustando assim as demandas britânicas. Negociações seriam conduzidas logo em seguida, resultando da celebração de um contrato envolvendo a compra de menos quinhentas peças, customizadas para o emprego de munição norte-americana M-1 (designada como "105 mm How" no Reino Unido).   

Este novo sistema de artilharia receberia a designação local britânica de  L-5 105 mm, com as primeiras peças sendo declaradas operacionais no Exército Real (Royal Army) e no Corpo de Fuzileiros Reais (Royal Marines) a partir de meados do ano de 1961, com seu cronograma final de recebimento previsto para quarenta e oito meses. No entanto nos primeiros dois anos de emprego operacional, seriam identificadas deficiências graves, entre estas seu baixo alcance, que o tornava potencialmente vulnerável ao fogo de contra-bateria e sua insuficiente taxa de disparo e tempo de resposta. A combinação destes dois fatores prejudicava a letalidade operacional deste tipo de armamento em um cenário e conflagração real, impactando na efetividade de sua arma de artilharia de campanha. A fim de se solucionar esta situação problemática, em 1965 seria emitido pelo departamento de Estado Maior do Reino Unido, um requerimento visando o desenvolvimento de um novo sistema de armas de calibre 105 mm, que receberia a designação de L-118 Light Gun. Este documento estabelecia como requisitos básicos um peso máximo de 1.600 kg, operação em 360º, capacidade de disparar imediatamente após ficar sob a água por trinta minutos, e dimensões compatíveis para serem aerotransportados pelos novos helicópteros Boeing HC Chinook e aeronaves de transporte Hawker Siddeley HS 780 Andover. Em termos de munição, este novo obuseiro deveria fazer uso de projéteis de fabricação nacional Fd Mk 1 e Fd Mk 2 de calibre  105 mm e munição norte-americana How (M-1) calibre 105 mm para treinamento.  No entanto, em 1964, esta definição seria alterada, permitindo assim que uma variante designada como  L-119 pudesse operar com a munição de 105 mm padrão norte-americana a US 1935 (M-1). Definidos os requisitos básicos, diversas propostas seriam apresentadas em 1965,  com o melhor estudo conceitual sendo deferido como plataforma de desenvolvimento, ficando seu projeto final a cargo do Centro Real de Pesquisa e Desenvolvimento de Armamentos (RARDE), baseado no centro de pesquisas militares de Fort Halstead na região de Kent no sul da Inglaterra. Seus primeiros protótipos foram completados em meados do ano de 1968, sendo logo submetidos a testes práticos de campo, com seus primeiros resultados apontando para a necessidade de reavaliação de projeto. Neste contexto, seriam revistos uma série de itens críticos, pois a concepção original na arma não apresentava o índice de robustez almejado em seus requisitos operacionais. Como solução seria necessário reforçar a sua estrutura básica o resultaria em um aumento de seu peso final. 

Este processo culminaria em um novo modelo de obuseiro leve, com seus primeiros protótipos sendo completados janeiro de 1974, com estas peças sendo submetidas a um novo programa de testes práticos de campo e disparo operacional.  Entre as características marcantes deste novo modelo estavam sua culatra de bloco deslizante vertical com mecanismo de disparo elétrico, operando em conjunto com uma trilha de caixa em vez de uma trilha dividida, fazendo uma plataforma transversal, com recuo hidropneumático. Seu peso final de 1.858 kg (4.096 lb), em função do porte da peça podia ser considerado relativamente leve, com este fator sendo atribuído ao aço usado no carro e no cano do canhão, com este fato sendo facilitado pela estreita distância entre eixos. Porém este sistema impedia a peça de girar no ângulo de 180º necessário para 'desdobrar' a arma. Devido a este fator, o L-118 Light Gun estava equipado com um cubo de desmontagem em um lado, permitindo que o material bélico seja girado removendo uma roda. Contando com uma equipe de artilharia bem treinada, este procedimento podia ser realizado em apenas trinta segundos. Em manobra de transporte com a peça desdobrada, podia-se ser tracionada nesta posição em uma velocidade máxima de até 64 km/h, já em operações de deslocamento de longa distância ou em terrenos acidentados, o barril passava a ser é invertido e preso ao final da trilha. Desta vez a arma receberia sua aprovação técnica com sua homologação para produção em série sendo emitida em maio de 1975. Sua produção junto a Fábrica de Artilharia Real (Royal Ordnance Factories – ROF), teria início em junho de 1975. As primeiras entregas aos regimentos de artilharia de campanha do Exército Real (Royal Army), tiveram início em abril de 1976, sendo seguidas em setembro de entregas para o Corpo de Fuzileiros Reais (Royal Marines). Os primeiros lotes de produção estavam equipados com visores L7 ou L-7A1, incorporando uma escala de elevação integral e iluminação interna alimentada por fontes de luz do tipo Trilux, que seriam empregados para apontar o canhão durante operações de disparo de fogo indireto. Havia também a opção de emprego de um sistema de telescópio de fogo direto com um sistema para uso noturno, fazendo uso de um conjunto de intensificação de imagem.   

Apesar do novo obuseiro L-118 Light Gun 105 mm apresentar um peso final superior as peças de artilharia antecessoras, que impossibilitam ser aerotransportado pelos Westland Wessex HC.2, já se encontrava em pleno processo de implantação nas forças armadas britânicas os novos helicópteros de grande porte, como os Westland Puma HC Mk 1 e Westland WS-61 Sea King que dispunham de capacidade carga para o transporte com facilidade destas novas peças de artilharia. Já no modal terrestre o L-118 Light Gun passaria a ser tracionado pelos novos Land Rover 101 Forward Control, um veículo desenvolvido especialmente para o emprego no transporte dos lançadores de misseis terra ar Rapier. Ao longo dos anos seguintes este obuseiro de campanha passaria a representar o esteio da da artilharia britânica da faixa de calibre 105 mm. Seu batismo de fogo ocorreria durante a Guerra das Falklands – Malvinas em 1982, quando cinco baterias, totalizando trinta obuseiros seriam intensivamente empregados durante a operação de retomada das ilhas após os desembarques das forças britânicas. Nas fases finais desta campanha durante o cerco a capital de Port Stanley, estes canhões disparariam até quatrocentos tiros por peça por dia, principalmente fazendo uso de "carga super", um sistema propulsor de projetil de artilharia mais poderoso que proporcionava mais efetividade e alcance a arma. Neste breve conflito pode-se conferir ao obuseiro leve L-118 Light Gun 105 mm uma contribuição significativa na vitória britânica durante a campanha terrestre. A partir deste momento com base nos excelentes resultados obtidos em um cenário de conflagração real, este modelo ganharia notoriedade internacional, passando a conquistar importantes clientes de exportação, chegando a equipar as forças armadas do Bahrein, Benim, Bósnia-Herzegovina, Botswana, Brasil, Irlanda, Quênia, Malawi, Marrocos, Nepal, Nova Zelândia, Omã, Portugal, Espanha, Tailândia, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Austrália, Holanda e Suíça. Uma importante conquista seria marcada pela assinatura de um contrato para sua produção em série nos Estados Unidos, com a versão M-119 passando a equipar o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A seguir um acordo semelhante seria firmado com a Austrália para a versão L-119 Light Gun.  Sua fabricação seria descontinuada somente no ano de 1987, totalizando mais de mil e quinhentos obuseiros entregues. 
Os excelentes resultados operacionais classificariam a família de obuseiros L-118 - L119 Light Gun a receber a implementação de programa de extensão de vida, passando ao longo dos anos a serem submetidos a processos de aprimoramento e modernização. Neste intuito no início da década de 1990, os L-118 Light Gun do Exército Real (Royal Army) e do Corpo de Fuzileiros Reais (Royal Marines) passariam a ser equipados com um dispositivo de medição de velocidade de focinho (MVMD), um radar e sua fonte de alimentação. Em 1999 um novo programa nestas peças seria implementado envolvendo agora substituição de suas miras ópticas pelo sistema de apontamento de artilharia LINAPS (APS) montado acima do cano. Este novo sistema fazia uso de giroscópios a laser de três anéis para determinar o azimute, o ângulo de elevação e o ângulo de inclinação do canhão, e incluía também recursos para navegação e auto levantamento usando um sistema de posicionamento global (GPS), e medição de direção inercial e medição de distância. Em 2007 um novo programa seria implementado, agora visando reduzir o peso total da peça e aprimoramento de componentes críticos, envolvendo a troca de componentes de aço por ligas de titânio. Por volta de 2010, novas miras de tiro direto (com função e visão noturna) para uso de longo alcance seriam introduzidas em obuseiros L-118 Light Gun destinados a operar no Afeganistão. Este programa envolvia também a adoção de uma nova unidade de controle (LCDU) com uma tela sensível ao toque um pouco maior, sendo integrada ao sistema de transferência de eletrônica de dados do tipo FC-BISA padrão empregado pelos países da  OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para tiro direto. Já as peças de artilharia em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army), seriam atualizadas a partir do ano de 2013, resultando na versão M-119A3, que passava a ser equipada com um sistema de controle de fogo digital e unidade de navegação inercial auxiliada por GPS usando software derivado do M-777A2. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A moderna artilharia de campanha seria estabelecida no Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, quando nosso país se alinhou ao esforço de guerra aliado. Desta maneira o Brasil passaria a  ser signatário do programa norte-americano de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que garantiria um crédito na ordem de US$ 100 milhões para a cessão as Forças Armadas Brasileiras de modernos equipamentos, veículos, embarcações, aeronaves  e sistemas de armas. Neste momento seria recebida uma variada gama de peças de artilharia com calibres oscilando entre 37 mm a 305 mm, passando assim a substituir nas unidades de primeira linha, os antigos canhões de campanha de origem francesa, alemã e inglesa. Principalmente neste contexto, a introdução dos modernos obuseiros M-1 Howitzer 105 mm e M-2 Howitzer 155 mm, representariam grande avanço tecnológico e operacional para a artilharia da força terrestre brasileira, que até então operavam com equipamento completamente defasado e de questionável efetividade operacional, se empregados no moderno cenário de enfrentamento terrestre. Em termos de formação doutrinaria, seria edificado um processo que teria início com os treinamentos ministrados pelo corpo técnico do Exército dos Estados Unidos (US Army) e sedimentado pelo calor da batalha. No front guerra italiano a Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), composta por quatro batalhões de obuseiros (Grupos de Obuses), sendo três deles com doze obuseiros M-2 105 mm cada, e um Batalhão de Artilharia (IV) com doze  M-1 155 mm participariam ativamente da campanha da Itália (1944-1945).  Este poder de dissuasão seria reforçado a partir da segunda metade da década de 1960, quando mais obuseiros dos modelos M-2 e M-2A1 AR de 105 mm, M-102 AR 105 e M-1 AR de 155 mm seriam cedidos nos termos do programa do “Acordo de Assistência Militar Brasil Estados Unidos”, não só ao Exército Brasileiro, mas também ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Em termos de renovação de peças de artilharia mais modernas, este movimento infelizmente seria mínimo, com o Exército Brasileiro recebendo apenas dezenove obuseiros atualizados do modelo M-102 AR 105 mm Howitzer entre os anos de 1967 e 1968. Devido a este fato decidiria-se por concentrar todas estas "novas" peças de artilharia no 25º Grupo de Artilharia de Campanha - Bagé (25º GAC), sediado na cidade de Bagé no interior do Rio Grande do Sul. 

No início da década de 1980, ficava clara a necessidade de aquisição de novos obuseiros de 105 mm para a Força Terrestre, tendo em vista que os M-101AR (M-2 e M-2A1) se encontravam em operação há mais de quarenta anos. Estes veteranos apesar da idade apresentavam plena disponibilidade operacional, com esta proporcionada pelo esmerado trabalho de manutenção frequente e implementação de processos de atualização técnica, envolvendo ainda com a produção local de peças de reposição, junto aos Arsenais de Guerra. Apesar desta certa independência ficava notório que o M-101AR 105 mm não atendia mais as às necessidades operacionais principalmente de alcance e amplitude de campo de tiro exigidas no combate moderno. A fim de atender esta importante demanda, o comando do Exército Brasileiro iniciou estudos visando a possível aquisição e uma novo obuseiro de campanha com calibre de 105 mm, com este processo englobando a possível de até cinquenta peças. Estas após sua incorporação deveriam substituir as peças mais desgastadas dos obuseiros M-101AR 105, e complementar o inventário dos Grupo de Artilharia de Campanha Leve, Grupos de Artilharia de Campanha Paraquedista e Brigadas de Infantaria. Diversas opções seriam analisadas envolvendo armas francesas, italianas, britânicas e norte-americanas, com a escolha recaindo sobre o obuseiro leve L-118 Light Gun de 105 mm que apresentava as melhores relações de custo-benefício atrelado a uma excelente linha de financiamento. Desta maneira seria celebrado em abril de 1982 um contrato entre o Ministério do Exército e a empresa estatal britânica Royal Ordnance Factories – ROF, visando a aquisição de quarenta destas peças de artilharia auto rebocáveis novas de fábrica, compreendendo o reparo L17 A1 e boca de fogo L-19 A1, componentes de reposição, munição específica e bocas de fogo intercambiáveis L-20 A1, permitindo converter este modelo na versão L-119 Light Gun para emprego com munição padrão de origem norte americana do tipo M-1. Estes novos obuseiros estariam equipados com Sistemas de Pontaria Direta, composto com uma Luneta para o tiro direto, graduada para o uso das granadas anticarro (HESH) e munições explosivas  HE L31A3 para emprego contra todos os tipos de alvos. Também seriam recebidos com lunetas de  pontaria noturna - usada somente com a granada anticarro, alças e massa de mira do aparelho de pontaria, para uso no caso da luneta cotovelo está inoperante e luneta panorâmica - usada para alvos estáticos. Este conjunto era indicado para uso em alvos a grande distância. 
Em termos de munições, seriam empregadas as granadas dos tipos: Explosiva (HE L31A3), Granadas 105 mm, Fumígenas de Cobertura (SMK BE L45A2), Granadas 105 mm, Fumígenas de Sinalização, (MARKER RED L37A2/MARKER ORANGE L38A2), Granadas Iluminativas, (ILUM BE L43A2), Granadas 105 mm, de Exercício (PRAC FLASH RO38-05A1) e Granadas Anticarro (HESH L42). Com todas estas sendo posteriormente produzidas no país. Apesar de fazer uso de munição de mesmo calibre dos antigos obuseiros M-2 AR 105 mm (M101), o cano do canhão desta nova arma era mais longo, refletindo assim em um melhor aproveitamento da queima do propelente da granada levando a um maior alcance balístico. Assim, o L-118, pode atingir um alvo a 17,2 km de distância, que representa um tremendo incremento em relação ao seu antecessor. Este obuseiro possuía ainda um sistema de recuo hidropneumático com a culatra deslizante vertical, facilitando seu emprego operacional. Por ser um equipamento auto rebocado, a guarnição da peça seria composta pelo Chefe de Peça (CP), Cabo Apontador e Atirador (C1), Soldado Carregador (C2), Soldado Municiador (C3), Soldado Municiador-Chefe (C4), Soldado Municiador (C5), Soldado Municiador-Chefe (C6) e Motorista (Mot). Embora esta equipe normal de operação tenha seis homens, até quatro homens bem treinados podem operar a função de tiro e conseguir uma cadência de até oito tiros por minuto. No início de 1985, seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro os primeiros obuseiros L-118 Light Gun 105 mm, sendo alocados inicialmente junto a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), a fim de se estabelecer a doutrina operacional e consequente elaboração do Manual de Campanha “Serviço da Peça do Obuseiro L118”. Após este processo estas peças seriam distribuídas ao 2º Grupo de Artilharia de Campanha Leve (2º GAC L), 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista (8º GAC Pqdt), 10º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (10º GAC Sl), 20° Grupo de Artilharia de Campanha Leve – Aeromóvel (20º GAC L – Amv), 26° Grupo de Artilharia de Campanha (26º GAC) e ao 32° Grupo de Artilharia de Campanha (32º GAC), com cada bateria sendo composta por 4 peças sendo geralmente tracionadas por caminhões Mercedes Benz LAK 1418 - VTNE (Viatura de Transporte Não Especializada). 

Ao longo dos anos seguintes estes obuseiros teriam uma operação profícua na Força Terrestre, qualidades estas que levariam o comando da Marinha do Brasil em 1995, a negociar junto ao fabricante a compra de  dezoito peças do modelo L-118 Light Gun 105 mm. Estas armas seriam destinadas ao emprego da artilharia de campanha de sua força anfíbia, sendo alocados junto Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais (BtlArtFuzNav), Unidade subordinada a Divisão Anfíbia. Neste contexto estes novos obuseiros teriam a missão de prestar apoio cerrado e contínuo aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, proporcionando a concentração de fogo em uma determinada aérea, e podendo ainda transferir seu tiro rapidamente de um alvo para outro sem necessidade de mudança de posição, neutralizando assim forças ou instalações inimigas. Poderia ainda lançar cortinas de fumaça, iluminar áreas determinadas e atingir alvos em posições desenfiadas. Tanto a serviço do Exército Brasileiro quanto no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, estas peças de artilhariam operariam sendo frequentemente helitransportados ou aerotransportados, demonstrando extrema capacidade de mobilidade em qualquer terreno e localidade do território nacional. A partir do final da década de 2010, o comando da Força Terrestre verificaria  a necessidade de se prover a recuperação destes obuseiros britânicos, visando assim manter sua plena operacionalidade. Inicialmente os estudos seriam conduzidos pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), focando a modernização do antigo conjunto de vedação do seu sistema de freio recuperador, pois este apresentava muitas falhas de estanqueidade, mistura de fluidos e desgaste acentuado, o que provocava problemas de desempenho e o comprometimento da disponibilidade da frota. Neste contexto o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), desenvolveria  uma configuração moderna e consagrada, como caso de sucesso em equipamentos de alto desempenho. Esta solução faria uso de  materiais de última geração como ligas de teflon, poliuretano e aço inox, permitindo alto desempenho ao sistema com o mínimo de desgaste a seus componentes, resultando em períodos de disponibilidade muito maiores sem a necessidade de troca dos componentes. Oportunamente foi concluída a avaliação dos discos de embreagem do mecanismo de elevação do obuseiro L-118 Light Gun nacionalizados, bem como a validação do funcionamento da primeira versão do conjunto de vedação para o sistema do freio recuperador do obuseiro, fabricado no Brasil pela Vedabrás Indústria e Comércio Ltda.
Em dezembro do ano de 2020, começariam a ser entregues as unidades operativas do Exército Brasileiro, os primeiros L-118 Light Gun 105 mm recuperados, permitindo assim estender a vida útil destas peças de artilharia até a sua provável substituição no final da década de 2020. O processo de recuperação dos obuseiros leves L-118 Light Gun 105 mm seria o primeiro passo para a atualização de sua capacidade operativa, o próximo passo seria modernizar os Sistemas de Pontaria Direta, com a solução sendo nacionalmente desenvolvida pela estatal Imbel S/A. Esta solução se basearia no uso do Modulo Genesis, um sistema computadorizado de direção e coordenação de tiro Nível Brigada, que objetivava substituir os métodos tradicionais, de forma a atender às necessidades de Apoio de Fogo das Armas de Infantaria, Cavalaria e Artilharia. Dotado de equipamentos apropriados para o emprego em campanha, o sistema possibilitaria maior precisão e um expressivo ganho de velocidade no processamento das missões de tiro, permitindo que o comandante intervenha no combate pelo fogo no momento oportuno e com munições e volumes adequados. O Sistema Gênesis torna o Apoio de Fogo contínuo e preciso, realizando a centralização de todas as unidades de tiro que estão sob seu controle operacional. Além disso, o Sistema Gênesis é flexível e modular, permitindo a redistribuição de seus módulos em função das necessidades táticas. Esta união de esforço permite recuperar a capacidade efetiva da artilharia de campanha do Exército Brasileiro, até a provável substituição destes obuseiros, planos que já estão em estudo derivando para opções como a aquisição de até oitenta e seis  peças do modelo norte americano M-119A2 de 105 mm, oriundos dos estoques do Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos (DoD), junto a materiais para a sua operação, através do “Foreign Military Sales” (FMS). Esse projeto está incluído no Subprograma Sistema de Artilharia de Campanha (SPrg SAC), integrante do Programa Estratégico do Exército Obtenção da Capacidade Operacional Plena (Prg EE OCOP), levando em conta as demandas do combate moderno e as necessidades de mobilidade tática. O principal objetivo deste programa é o de substituir os atuais M-101AR já com setenta e cinco anos de uso e, futuramente, os obuseiros L-118 Light Gun e M-56 Oto Melara.

Em Escala.
Para representarmos o obuseiro L-118 Light Gun 105 mm, fizemos uso do excelente kit impresso em 3D do fabricante nacional 3D Scale Models na escala 1/35. Modelo de fácil montagem e bom nível de detalhamento. Para se representar a versão usada pelo Exército Brasileiro, não é necessário proceder nenhuma mudança, com o modelo podendo ser montado direto da caixa. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura tático em dois tons, aplicado aos obuseiros quando de seu recebimento durante a década de 1980. Este esquema seria alterados após a implementação do programa de recuperação e atualização realizado pelo  Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP). Este sendo muito semelhante ao empregado nas peças pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.



Bibliografia: 

- L118 Light Gun 105 mm - https://www.no-regime.com/ru-pt/wiki/L118_light_gun
- 25º Grupo de Artilharia de Campanha - http://www.25gac.eb.mil.br/
- Sistema Gênesis GEN-3004 - https://www.imbel.gov.br/index.php/comunicacoes-eletronica-e-sistemas 
- Obuseiro M119A2 para o Brasil? - https://tecnodefesa.com.br/obuseiro-m119a2-para-o-brasil/
- Recuperação de obuseiros de 105mm - Paulo Roberto Bastos Jr. www.tecnodefesa.com.br 

Caça Submarinos Classe PC-461

História e Desenvolvimento.
No final da década de 1930, o intensificar das tensões na Europa motivados pelas ameaças expansionistas do governo alemão juntamente com as pretensões territoriais do Império do Japão na Ásia, já denunciavam claramente o que estava por vir, com o possivelmente o mundo se encaminhado cada vez mais para um estágio de grande conflagração. Este cenário levaria o governo norte-americano a antecipar estudos criando vários programas de modernização de suas forças armadas, visando assim poder fazer frente as hipotéticas ameaças futuras. No que tange ao poder naval, este representaria uma das maiores preocupações, com este fato sendo potencializado pelo crescimento da armada imperial japonesa e construção de uma grande força de submarinos por parte das marinhas italianas e alemães. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes, relatórios de inteligência britânicos apresentavam a cada dia ,informes mais alarmantes sobres as capacidades da força de submarinos da Marinha Alemã (Kriegsmarine). A possível atuação coordenada deste grande número submersíveis poderia estrangular as linhas de abastecimento naval da Grã-Bretanha, que neste momento tinha uma grande dependência de importações estratégicas oriundas principalmente dos Estados Unidos. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes, relatórios de inteligência britânicos apresentavam a cada dia informes mais alarmantes sobres as potencialidades da força de submarinos da Marinha Alemã (Kriegsmarine). A possível atuação deste grande número submersíveis poderia estrangular as linhas de abastecimento naval da Grã-Bretanha, que neste momento tinha uma grande dependência de importações oriundas principalmente dos Estados Unidos. A solução mais lógica apontava o desenvolvimento e construção de uma representativa frota de navios especializados em escoltas de comboio e guerra antissubmarino, como destroieres e fragatas, para assim garantir uma efetiva proteção aos comboios de navios mercantes. No entanto os investimentos para um programa desta magnitude, seria na ordem de centenas de milhões de dólares, drenando grande parte dos recursos destinados ao esforço de guerra, se fazendo assim necessário buscar soluções mais econômicas, podendo assim ampliar em larga escala a frota de embarcações destinadas a guerra antissubmarino (ASW). Uma das alternativas apontava o emprego de uma embarcação de pequeno porte e muito ágil, já utilizada com grande êxito contra os submarinos alemães na Primeira Guerra Mundial, os “Submarine Chaser” (caçador de submarino). 

Curiosamente após o término deste conflito em 1918, erroneamente considerava-se que tipo de embarcação, se tornaria ultrapassado no início da próxima década, devido ao evoluir dos submersíveis para combate em mar aberto. No entanto vislumbrava-se que poderiam ser empregados com êxito em missões junto a faixa costeira, permitindo assim que os navios de maior parte como os destroieres fossem empregados mais mar adentro, multiplicando assim o fator de dissuasão antissubmarino da frota. Durante este mesmo conflito, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), também faria uso deste tipo de embarcação especializada em guerra antissubmarino (ASW) operando com grande êxito, sendo empregados principalmente nas regiões costeiras do continente tarefas patrulha e ataque aos submarinos alemães. Neste momento estes navios contavam como principal armamento, dispensers de cargas de profundidade sendo complementados por reparos de metralhadoras antiaéreas para autodefesa. Este histórico positivo avalizaria o direcionamento de recursos, para o desenvolvimento de uma nova classe de “Submarine Chaser” (caçador de submarino) que apresentasse um baixo custo de construção e operação, podendo assim ser disponibilizado para a frota naval norte-americana em grande escala.  Seria criado assim março de 1940,  o programa "Experimental Small Craft program", que seria conduzido pela equipe técnica dos estaleiros Defoe Shipbuilding Company no estado de Michigan. Este direcionamento culminaria do desenvolvimento de  dois projetos experimentais, classificados como  PC-451 e  PC-452, com estes dois tipos de navio sendo avaliados comparativamente, resultando em uma versão final de construção que receberia a designação de classe PC-461. Estas embarcações apresentavam um deslocamento de 280 toneladas (padrão) e  450 toneladas quando plenamente carregado, com suas dimensões sendo da ordem de  52,73 metros de comprimento, 7,01 metros de boca e 3,04 metros  de calado.  Em termos de propulsão estavam equipadas com dois motores diesel de 16 cilindros General Motors Model 16-258S que geravam 2.000 bhp cada que operavam acoplados a dois eixos com hélices de três pás, que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de máxima de 20 nós, podendo ainda proporcionar um alcance máximo de 3.000 milhas náuticas quando desenvolvesse uma velocidade de 12 nós. Seu pacote de armamentos padrão seria composto por um canhão naval de 3 pol. (76.2 mm/50); um canhão Bofors L/60 de 40 mm montado em um reparo Mk 3, duas metralhadoras Oerlikon de 20 mm em reparos singelos Mk 4, dois lançadores óctuplos de bomba granada A/S (LBG) de 7.2 pol. Mousetrap Mk 20 na proa; duas calhas de cargas de profundidade Mk3 e por fim dois lançadores laterais do tipo KMk 6 para cargas de profundidade Mk 6 ou Mk 9. 
Diferente de seus antecessores “Submarine Chaser” (caçador de submarino) empregados durante a Primeira Guerra Mundial, onde a detecção de seus alvos era feita visualmente, a nova classe PC-461 passaria a ser equipada com um radar de vigilância de superfície tipo SF ou SL, operando em conjunto com um novo modelo de sonar de casco. A operação do navio de seus sistemas e armas seria facilmente efetuada por sessenta e cinco homens, sendo cinco oficiais e sessenta praças. Atendendo as especificações e parâmetros originais, estas embarcações apresentariam um baixo custo de produção, sendo na ordem de apenas US$ 1,7 milhões por unidade, o tornando ideal para atender as demandas das nações aliadas aos Estados Unidos dentro dos dermos do acordo Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Neste contexto os primeiros quarenta e seis navios construídos pelos estaleiros da Defoe Boat and Motor Works Company, receberiam a designação de exportação "PC-471" com a maioria destes navios sendo imediatamente transferidos para a Marinha Real Britânica (Royal Navy) para emprego posterior no Mar do Norte, liberando os contratorpedeiros para atuar na proteção de comboios em alto mar. A necessidade de prover a segurança contra submarinos alemães e japoneses nos portos e nas águas costeiras, transformaria o “Submarine Chaser” PC-461 em um programa estratégico de grande importância, e assim para o atendimento de todas as demandas necessárias, seriam firmados contratos de construção na ordem de quatrocentos navios. A fim de se garantir o cronograma de entrega, seu projeto seria concedido sob licença para a produção junto aos estaleiros da  Luders Marine Construction Company, em Stanford no estado de Connecticut. O primeiro navio teria seria lançado ao mar em maio de 1941, e até outubro de de 1944 seriam concluídos trezentos e quarenta e três navios, porém neste período já estava claro que a ameaça inimiga de submersíveis havia cessado, e com base neste cenário seria decido cancelar a produção dos sessenta navios restantes. 

Naturalmente seu batismo de fogo se daria com os PC-471 da Marinha Real Britânica (Royal Navy), com os primeiros embates contra submarinos alemães sendo registrados em julho de 1941, no entanto ao longo da Segunda Guerra Mundial seriam empregados em todos os fronts de batalha naval, atuando destacadamente no Pacífico, Atlântico, Caribe e Mediterrâneo. Seu escopo operacional envolvia desde missões de patrulha, guerra antissubmarino (ASW) e escoltas finais de comboio, estas, no entanto na realidade não representavam missões empolgantes ou gloriosas, objetivas e de curta duração, como aconteciam rotineiramente com os aviões aeronavais de guerra antissubmarino (ASW), os quais recebiam informes precisos para ataque aos navios inimigos que apresentavam riscos aos comboios. Assim a vida dos tripulantes de um “Submarine Chaser”, pelo contrário, era monótona e cansativa, prolongando-se por dias seguidos, patrulhando aéreas próximas as rotas de comboios, sem muitas a ocorrência de embates diretos com os submarinos alemães e italianos. A vitória da missão estava, justamente, em nada de anormal acontecer aos comboios por eles apoiados, com os navios mercantes chegando, com as suas valiosas cargas, ilesos aos seus destinos. As tripulações dos navios da classe PC-461 eram compostas geralmente por gente jovem, pois os tripulantes mais velhos não poderiam resistir à dura rotina e vida de bordo.  Podemos dizer, sem receio de errar, que os homens que tripulavam esses navios, se não eram, tornaram-se verdadeiros marinheiros, como exemplo citamos sua operação de condução, onde os seus dois eixos acoplados hidraulicamente aos motores principais davam ao navio, ao fim de 30 segundos, inicialmente a velocidade de 7 nós, indo depois até 18 nós. Assim o  fato de se levar algum tempo para o acoplamento e arrancar já nos 7 nós, quando se dava a partida no forte motor diesel, perturbava os manobristas de renome, dificultando as atracações e outras manobras. Apesar destas características era um ótimo navio no mar, apesar de baixo, e os seus dois lemes faziam o navio girar muito rapidamente, condição necessária à caça do insidioso inimigo, o submarino alemão. Os caça submarinos da classe PC-461 eram navios excelentes: dificilmente os engenheiros navais poderiam conceber um barco tão completo e, ao mesmo tempo, tão compacto. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, vinte e quatro PC-461 seriam convertidos em canhoneiras de patrulha, motor (PGM) e trinta e cinco foram convertidos em embarcações de controle anfíbio (PCC). Dezoito seriam completados como varredoras de minas da classe Adroit (AM), mas seu desempenho como tal foi considerado insatisfatório e eles foram convertidos de volta para a configuração original.  Registros oficiais creditam ao modelo o afundamento do submarino alemão U-166, o entanto, o site 'Patrol Craft Sailors Association' cita navios da classe PC-461 afundando ou ajudando a afundar até seis submarinos alemães e japoneses.  Numerosos navios da classe PC-461, seriam empregados em missões de apoio durante as operações de desembarque anfíbio na Normandia durante o dia D. Um destes navios, o USS PC-1264 curiosamente seria uma das duas únicas embarcações da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) durante a Segunda Guerra Mundial a apresentar uma tripulação majoritariamente afro-americana. Após o fim do conflito muitos navios da classe PC-461 seriam colocados em esquadrões de reserva ou retirados do serviço ativo. Muitos mais, no entanto, foram fornecidos a aliados norte-americanos em todo o mundo, nos termos do  MDAP (Programa de Defesa e Assistência Mútua).  Um dos maiores beneficiários desta transferência seria a  Marinha da República da Coreia (ROK), a qual receberia uma grande quantidade destes navios.  O primeiro destes o Ex USS PC-823 seria renomeado  como ROKS Baekdusan (PC-701). Esta embarcação desempenharia um papel importante na Batalha do Estreito da Coreia, a pequena batalha naval travada no primeiro dia da Guerra da Coreia, em junho de 1950. Seis navios seriam transferidos para a Marinha Portuguesa em 1949 no âmbito do MDAP (Programa de Defesa e Assistência Mútua) PC-812 como NRP Maio, PC-811 como NRP Madeira, PC-1257 como NRP Santiago, PC-809 como NRP Sal, PC-1256 como NRP São Tomé e PC-1259 como NRP São Vicente. Cinco seriam cedidos para a Marinha da Indonésia em 1958 e 1960 sob o Programa de Assistência Mútua. PC-1141 como KRI Tjakalang, PC-1183 como KRI Tenggiri, PC-581 como KRI Torani, PC-580 como KRI Hiu e PC-787 como KRI Alu-Alu. Diversos outros navios desta classe seriam também transferidos no pós-guerra para as marinhas da França, Camboja, Brasil, Uruguai, Noruega, Grécia, Holanda, China, Bolívia, Israel, Cuba, Camboja, Nigéria, Indonésia, Venezuela, Vietnã do Sul e  Filipinas. 

Emprego na Marinha do Brasil.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil esta potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país.   

O maior desafio neste momento era representado pela campanha de guerra antissubmarino (ASW), com as operações aeronavais sendo realizados por grupos de combate da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Posteriormente com o recebimento de aeronaves especializadas neste segmento de atuação, em fins do ano de 1942, a Força Aérea Brasileira passaria a assumir uma grande parcela destas missões, faltava, no entanto, complementar este esforço fazendo uso efetivo de seu braço naval. Nesta fase a Marinha do Brasil dispunha em termos de navios dedicados a guerra antissubmarino (ASW), somente seis navios mineiros da Classe Carioca (construídos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Ilha das Cobra), que foram reclassificados como corvetas após o envolvimento do país no conflito. Estas embarcações apesar de contarem com sensores e radares adequados a detecção de submarinos, estavam armados apenas com um canhão de 102 mm e lançadores de minas marítimas, configuração completamente inadequada para o embate junto aos submarinos italianos e alemães. A fim de sanar esta lacuna operacional, seria necessário disponibilizar a Marinha do Brasil, pelo menos um mínimo de estrutura necessária em termos de meio para a implementação destas missões. Assim dentro dos termos de cooperação, seria determinada a transferência de navios pertencentes a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), sendo inclusos neste pacote oito caça submarinos do tipo PC-461. Estes navios na Marinha do Brasil receberiam a denominação de classe Guaporé, sendo composta inicialmente pelos navios G1 Guaporé (ex-USS PC 544) e  Gurupi - G 2, (ex-USS PC 547), construídos pelo estaleiro Defoe Boat and Motor Works, em Bay City, MI, sendo lançado ao mar em 30 de abril de 1942 e foi incorporado a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 05 de junho do mesmo ano. Após o envolvimento do Brasil neste conflito, seriam transferidos e incorporados à Marinha do Brasil em 24 de setembro de 1942 em cerimônia realizada na Base Naval de Natal (RN). Já no dia 5 de outubro, passaria a subordinação da Força Naval do Nordeste (FNNE), criada pelo Aviso n.º 1661, do mesmo dia, para substituir a Divisão de Cruzadores. Iniciariam suas vidas operacionais como navios de treinamento para às futuras guarnições. O G1 Guaporé realizaria sua primeira missão real em 23 de julho de 1943, quando obteve um contato submarino positivo de sonar, lançando suas cargas de profundidade na posição Lat. 00º28' S e Long. 45º 54' W. Em 4 de janeiro de 1958, pelo Aviso Ministerial no 0025, foi determinada a sua baixa  do serviço ativo e entregue ao Exército Brasileiro, em 5 de fevereiro, para ser empregado como transporte de munições, após mais de 15 anos de serviços prestados à Marinha do  Brasil em que navegou 113.869 milhas e fez 427 dias de mar
O terceiro navio o Guaíba - G3 (ex-USS PC 604), foi construído pelo estaleiro Luders Marine Construction Company , em Stanford, Connecticut, sendo lançado em 24 de outubro de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos (US Navy)  em 9 de março de 1943. Seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 11 de junho de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida, assumindo o comando o Capitão-de-Corveta Aluisio Galvão Antunes. A exemplo dos dois primeiros navios desta classe, participaria de inúmeras missões de escolta mista (norte-americana/brasileira) a comboios nos trajetos principalmente nos de Recife / Salvador, Salvador / Recife, Recife / Trinadad, Trinadad / Recife,  sendo também regularmente empregado em outras rotas de comboio costeiro no país. No ano de 1952 seria  retirado do serviço ativo e vendido como sucata para desmanche. O quarto navio da classe PC-461 o caça submarino Gurupá - G 4 (ex-USS PC 605), seria o  primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil. Seria também construído nos estaleiros da  Luders Marine Construction Comopany , em Stanford, Connecticut, sendo lançado em  19 de novembro de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 28 de maio de 1943. Seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil em  cerimônia realizada em Miami (Florida), assumindo o comando naquele ocasião do Capitão-de-Corveta Hélio Ramos de Azevedo Leite. Seria  ostensivamente empregado na campanha do Atlântico, participando da cobertura de inúmeros comboios ao longo do litoral nordeste do Brasil. Após o término da Segunda Guerra Mundial manteve suas atividades até ser retirado do serviço ativo em 1952. O quinto navio da classe o  caça submarino Guajará - G 5 (ex-USS PC 607), seria o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a uma Baía localizada no Estado Pará, formada pelo braço Sul do Rio Amazonas e os Rios Capim e Guana. O Guajará foi construído pelo estaleiro Luders Marine Construction Company, em Stanford, Connecticut. Seria lançado em 11 de fevereiro de 1943 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 27 de agosto de 1943. Seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 19 de outubro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Corveta Dário Camillo Monteiro. Esteve em operação até meados de 1959 quando deu baixa do serviço ativo.
O sexto navio caça submarino desta classe o Goiana - G 6 (ex-USS PC 554), foi o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio e a cidade homônimas no Estado de Pernambuco. O Goiana seria construído pelo estaleiro Sullivan Dry Dock and Repair Company, em Brooklyn, New York, sendo lançado em 1º de maio de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 15 de setembro de 1942. Seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 29 de outubro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente José Geossens Marques.  Em 13 de dezembro de 1951, deu baixa do serviço ativo, sendo submetido a Mostra de Armamento em cumprimento ao Aviso n.º 2632 de 15/10/51 e vendido para desmonte. O sétimo navio da classe o caça submarino Grajaú - G 7 (ex-USS PC 1236), foi o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a um riacho homônimo do antigo Distrito Federal. O Grajaú foi construído pelo estaleiro Sullivan Dry Dock and Repair Company, em Brooklyn, New York. Seria lançado em 31 de agosto de 1943 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) 15 de novembro, e transferido a Marinha do Brasil no mesmo dia, em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Antônio Augusto Cardoso de Gastão.  Em 11 de abril de 1959 , deu baixa do serviço ativo pelo Aviso n.º 0847. Por fim o Caça Submarino Graúna - G 8  (ex-USS PC 561), seria o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a essa ave negra de nossa fauna. O Graúna foi construído pelo estaleiro Jeffersonville Boat and Machine Company, em Jeffersonville, Indiana, seria lançado em 1º de maio de 1942 e incorporado a  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) em 11 de julho do mesmo ano. Seria incorporado a Marinha do Brasil em 30 de novembro de 1943 em cerimônia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente José Leite Soares Júnior. Esta embarcação operaria na  Marinha do Brasil até 15 de outubro, deu baixa do serviço ativo pelo Aviso n.º 2632.  Em 21 de julho 1944 em serviço ativo, junto com o  Jutaí - CS 52, quando fazia parte do Grupo de Escolta do comboio JT-18, prestou socorro aos náufragos da Corveta Camaquã - C 6, que afundou em razão das péssimas condições do tempo, às 9:30 hs a cerca de 12 milhas a nordeste de Recife - PE. Em 19 de abril de 1950 , retornou a custodia do Governo dos Estados Unidos, através do Departamento de Estado e acabou sendo transferido em definitivo para o Brasil. Em 15 de outubro de 1951, deu baixa do serviço ativo pelo Aviso n.º 2632. 

Em Escala.
Para representarmos o Caça Submarinos da Classe PC-461 Gurupi G2 da Marinha do Brasil, quando a serviço da  Força Naval do Nordeste (FNNE),  fizemos uso de um kit em resina produzido pela empresa francesa L Arsenal na escala 1/350. Este modelo pode ser montado diretamente da caixa tendo em vista que este modelo é muito semelhante aos navios empregados no Brasil. Fizemos uso de decais confeccionados sob encomenda pela Decal Sings.
Apesar da maioria dos Caças Submarinos da Classe PC-461 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) fazerem uso camuflagens táticas, os registros fotográficos de época apontam que os navios destinados a Marinha do Brasil, foram recebidos no padrão básico de pintura naval. Este esquema de pintura ao longo dos anos se manteria inalterado até o ano de 1959, havendo apenas a alteração na identificação visual dos mesmos. 


Bibliografia : 
- PC-461 Class Submarine Chaser Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/PC-461-class_submarine_chaser
- A Vida nos Caça-Ferro – Poder Naval https://www.naval.com.br/ngb/G/CS-na-IIGM.htm
- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/