Fundada em 16 de setembro de 1908, em Flint, Michigan, por William C. Durant, a General Motors Corporation (GM) consolidou-se como uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, deixando um legado de inovação, diversificação e impacto global. Visionário e ex-fabricante de carruagens, Durant idealizou uma holding que unificasse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura, promovendo sinergias e fortalecendo a competitividade no mercado. Essa visão estratégica, aliada ao empenho de milhares de trabalhadores, engenheiros e líderes, transformou a GM em um símbolo de progresso industrial e resiliência, moldando a história da indústria automotiva. Desde sua fundação, a GM adotou uma estratégia ousada de aquisições para diversificar seu portfólio e consolidar sua presença no mercado. Em 1908, a Buick Motor Company, fundada por David Dunbar Buick e já reconhecida por sua qualidade, foi a primeira a integrar a GM, trazendo consigo a expertise de Durant, que havia presidido a empresa. No mesmo ano, em 12 de novembro, a Oldsmobile Motor Vehicle Company, estabelecida em 1897, tornou-se a segunda marca do grupo, reforçando a posição da GM no cenário automotivo americano. Nos anos seguintes, a Oakland Motor Car Company, que mais tarde evoluiu para a Pontiac, e a Cadillac Automobile Company, adquirida em 1909 por US$ 5,5 milhões, enriqueceram o portfólio com veículos de luxo e inovação. Essas aquisições não apenas ampliaram a oferta de produtos, mas também refletiram o compromisso da GM em atender às necessidades de diferentes públicos, desde consumidores comuns até os mais exigentes. Em 1911, após divergências com acionistas que o levaram a deixar a GM, Durant fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente conquistou o mercado com veículos acessíveis e confiáveis, e, em 1956, foi incorporada à GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. No mesmo ano, a GM criou a GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company, focada na produção de caminhonetes e caminhões leves. Esse segmento tornou-se um pilar estratégico, atendendo à crescente demanda por veículos comerciais robustos e versáteis. A visão da GM não se restringiu ao mercado automotivo. Em 1917, a empresa deu início à sua expansão global com operações comerciais no Canadá, marcando o começo de uma trajetória que alcançaria todos os continentes. Essa internacionalização foi impulsionada pela dedicação de equipes que adaptaram produtos e estratégias às realidades locais, conquistando a confiança de consumidores ao redor do mundo. Em 1919, a GM diversificou ainda mais suas atividades ao adquirir a Frigidaire Company, fabricante de refrigeradores, em uma incursão pioneira no setor não automotivo. Essa decisão, guiada por uma diretoria visionária, demonstrou a ambição de explorar novos horizontes e consolidar a GM como uma empresa de alcance multifacetado. A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. A visão estratégica da General Motors Corporation (GM), aliada ao compromisso de seus líderes e colaboradores, impulsionou uma série de iniciativas que consolidaram sua presença global e reforçaram seu papel como uma das maiores fabricantes de veículos do mundo. Essas expansões, realizadas ao longo das décadas de 1920 e 1930, refletem não apenas a ambição da empresa, mas também o esforço coletivo de milhares de pessoas que transformaram desafios em oportunidades, conectando comunidades e promovendo o progresso em diferentes continentes.
Em 1923, a GM marcou sua entrada no mercado europeu com a inauguração de sua primeira fábrica em Copenhague, Dinamarca, um passo significativo que ampliou seu alcance além da América do Norte. Em 1925, a empresa intensificou sua expansão com o início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da renomada montadora britânica Vauxhall Motors. No mesmo ano, estabeleceu operações na Austrália, Japão e África do Sul, demonstrando uma visão ousada de alcançar mercados diversos. Em 1928, a GM deu um passo pioneiro ao entrar no mercado indiano, um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. Em 1929, a aquisição da alemã Opel fortaleceu sua posição na Europa, enquanto a incorporação da Yellow Coach Company, fabricante de ônibus escolares nos Estados Unidos, diversificou seu portfólio, atendendo às necessidades de transporte coletivo. Paralelamente, a GM reconheceu o potencial do mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. Produzido pelo sistema Completely Knocked Down (CKD), o veículo era montado localmente a partir de kits importados, compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes. Esse processo apresentava características distintas: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram fabricadas no Brasil, refletindo as limitações industriais da época. Flexibilidade de entrega: Os veículos podiam ser fornecidos completos ou como chassis nus com capô, permitindo personalização por encarroçadores terceirizados. Essa abordagem permitiu à GM estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado e pavimentando o caminho para um crescimento sustentável. Desde o início, a empresa identificou oportunidades no setor militar, fornecendo caminhões leves ao Exército Brasileiro. Esses veículos, baseados em chassis de modelos comerciais, eram configurados com carrocerias padronizadas para uso militar, demonstrando a versatilidade da GM em atender às demandas das Forças Armadas. O sucesso crescente no mercado brasileiro incentivou investimentos significativos, culminando na construção de uma moderna planta fabril em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo, concluída em outubro de 1929. Projetada para ampliar a capacidade produtiva, a fábrica reforçou o compromisso da GM com o desenvolvimento industrial do país. A partir de 1933, a General Motors do Brasil iniciou um novo ciclo de crescimento, expandindo sua influência não apenas no Brasil, mas também em outros mercados sul-americanos. Novos aportes na infraestrutura produtiva elevaram o índice de nacionalização, e, em 1940, cerca de 75% dos furgões e caminhões comercializados pela empresa possuíam carrocerias fabricadas localmente, com quase 90% de componentes básicos produzidos no Brasil. No portfólio da GM Brasil, a família de caminhões médios e leves GMC Flatbed Truck ganhou destaque, atendendo às necessidades de transporte comercial e militar. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a subsidiária brasileira reorientou suas linhas de produção para apoiar o esforço bélico. A partir de 1941, a empresa fabricou reboques militares de duas rodas e componentes críticos para a matriz nos Estados Unidos. Em 1943 a GM Brasil passou a montar milhares de veículos militares fornecidos em estado semidesmontado, destinados às Forças Armadas Brasileiras.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a General Motors do Brasil (GM Brasil) retomou com vigor a produção de seu portfólio completo, abrangendo automóveis, utilitários e caminhões. Esse período marcou o início de uma nova fase para a empresa, impulsionada pela determinação de seus colaboradores e pela crescente demanda do mercado brasileiro. A década de 1950 foi especialmente transformadora, com políticas governamentais que incentivaram a nacionalização da indústria automotiva, promovendo o desenvolvimento econômico e industrial do país. Nesse contexto, a GM Brasil expandiu sua oferta com modelos como o caminhão leve Opel Blitz II Comercial, que atendia à necessidade de soluções de transporte confiáveis. Contudo, a dependência de componentes importados ainda limitava a integração com a economia local, desafiando a empresa a buscar maior autonomia produtiva. Em 1953, o governo federal implementou medidas decisivas para fortalecer a indústria automotiva nacional, incluindo: Restrição às importações: Limitação percentual na aquisição de componentes automotivos, permitindo apenas peças sem equivalentes nacionais Proibição de veículos montados: Veto à importação de veículos finalizados, incentivando a produção doméstica. Em 1956, a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) consolidou esses esforços, oferecendo incentivos fiscais e financeiros para a consolidação de uma indústria automotiva brasileira. Essas políticas estimularam a GM Brasil a investir em inovação e nacionalização, pavimentando o caminho para sua maturidade empresarial na década de 1960. Um marco significativo ocorreu em 1964, com o lançamento da segunda geração de picapes e caminhões da marca Chevrolet, apresentada no Salão do Automóvel de São Paulo. Essa linha renovada incluía as picapes C-14 (chassis curto, 2,92 metros de entre-eixos), C-15 (chassis longo, 3,23 metros) e o caminhão C-65. O destaque, porém, foi o C-1416, conhecido como Veraneio, que representou o primeiro utilitário esportivo (SUV) produzido pela Chevrolet do Brasil. Derivado da linha de picapes C-14, o Veraneio substituiu a série Brasil 3100, considerada o primeiro utilitário leve fabricado pela GM no país, beneficiado pelos incentivos do GEIA. Desenvolvido pelo projetista Luther Stier e inspirado na Chevrolet Suburban americana, o Veraneio introduziu um design inovador, com linhas retas, vincos marcantes no capô, laterais e traseira inclinada, e quinas arredondadas apenas no para-brisa e nas duas primeiras janelas laterais. Com um teto mais baixo, o veículo transmitia uma estética compacta, apesar de suas dimensões imponentes: 5,16 metros de comprimento, 1,97 metros de largura e 1,73 metros de altura. Suas quatro portas, uma novidade em relação aos concorrentes de duas portas, facilitavam o acesso, tornando-o prático e funcional. O Veraneio alcançou rápido sucesso comercial, sendo o único veículo de seu porte produzido no Brasil na época. Sua popularidade foi amplificada pelo uso como viatura policial, especialmente pelas Polícias Militares estaduais, o que lhe conferiu grande visibilidade. Essa associação, embora marcada por momentos históricos complexos, rendeu ao modelo os apelidos carinhosos de “Camburão” e “Veraneio Vascaína”, refletindo sua presença marcante nas ruas e na cultura brasileira.
Lançado em 1964, o Chevrolet C-1416, conhecido como Veraneio, representou um marco na indústria automotiva brasileira, combinando robustez, inovação e versatilidade. Equipado com o confiável motor General Motors de seis cilindros em linha, com 4,3 litros (4.278 cm³) e 142 cavalos de potência bruta, o mesmo utilizado nas picapes, caminhões leves e no utilitário Chevrolet Amazonas, o C-1416 oferecia desempenho sólido para suas diversas aplicações. Este motor, símbolo de durabilidade, era acoplado a uma caixa de câmbio manual de três marchas à frente e uma ré, com a alavanca posicionada na coluna de direção, uma característica típica da época que facilitava a operação. O projeto do C-1416 incorporava inovações notáveis para seu segmento. A suspensão dianteira independente e as molas helicoidais nos dois eixos proporcionavam uma dirigibilidade suave, semelhante à de um carro de passeio, apesar de suas dimensões imponentes. A sincronização da primeira marcha (relações: 2,667:1 / 1,602:1 / 1:1 / ré 3,437:1) melhorava a precisão nas trocas, enquanto a estabilidade era significativamente aprimorada, um diferencial em relação aos concorrentes. Embora não dispusesse de tração integral, como o Toyota Bandeirante e o Rural Willys F-85, o C-1416 oferecia como opcional o sistema de “tração positiva”, um bloqueio de diferencial que ampliava sua capacidade em terrenos irregulares, garantindo maior mobilidade em condições adversas. Em 1966, o C-1416 consolidou sua relevância no mercado público, com expressivas vendas destinadas ao uso como viatura policial, especialmente pelas Polícias Militares estaduais. Esse sucesso comercial, impulsionado pela confiança depositada no veículo por instituições governamentais, inspirou a diretoria da General Motors do Brasil a explorar novas oportunidades no segmento público. Além de fornecer veículos para empresas estatais, a empresa vislumbrou o potencial de desenvolver uma versão ambulância, aproveitando a versatilidade da plataforma C-1416. A versão ambulância, designada C-1410, preservava o conjunto mecânico do C-1416, mas adotava um acabamento externo mais funcional, priorizando a praticidade. Internamente, o veículo passou por extensas modificações para atender às exigências hospitalares: uma maca padrão de 1,98 m x 0,58 m, suporte para cilindro de oxigênio, divisória integral, armário para medicamentos e um banco para assistente foram cuidadosamente integrados. O modelo incluía ainda uma sirene com luz intermitente no teto e vidros traseiros translúcidos, garantindo privacidade e funcionalidade. Essas adaptações transformaram o C-1410 em uma solução ideal para serviços de emergência, atendendo às necessidades de espaço e eficiência demandadas por governos estaduais e municipais. Nos primeiros meses de sua introdução, o modelo conquistou significativos contratos em licitações públicas, refletindo sua capacidade de responder às expectativas de gestores e profissionais da saúde. Em 1969, a linha C-1416, incluindo o C-1410, recebeu seu primeiro facelift, trazendo refinamentos estéticos e funcionais. A grade frontal foi redesenhada, mantendo os dois pares de faróis originais, mas com novos frisos cromados que eliminavam a tradicional assinatura Chevrolet, conferindo um visual mais moderno. No interior, pequenas melhorias no acabamento incluíram um novo quadro de instrumentos, aprimorando a experiência do motorista. Essas mudanças, embora sutis, reforçaram o apelo do Veraneio, consolidando sua posição como um veículo icônico no Brasil.

A partir de 1969, os modelos C-1416 e C-1410 receberam oficialmente o nome comercial Chevrolet Veraneio, um batismo que marcou sua entrada definitiva no imaginário brasileiro. Com a capacidade de acomodar até nove passageiros, o Veraneio destacou-se não apenas como um utilitário robusto, mas também como um veículo de luxo no segmento de carros de passeio. Sua versatilidade e imponência conquistaram famílias, empresas e instituições, refletindo o talento dos engenheiros e trabalhadores da General Motors do Brasil que transformaram um projeto inovador em um ícone nacional. Em 1970, a GM lançou a versão “De Luxo”, elevando o Veraneio a um novo patamar de sofisticação. Essa edição trouxe acabamentos refinados, como apliques no painel imitando madeira de jacarandá, painéis de portas redesenhados, rádio AM/FM, porta-malas acarpetado, faixas laterais pintadas, garras nos para-choques e calotas integrais. A lista de opcionais incluía bancos dianteiros reclináveis, pintura metálica e revestimento de teto em vinil, oferecendo um nível de personalização que atendia aos consumidores mais exigentes. Esses detalhes, cuidadosamente planejados, transformaram o Veraneio em um símbolo de status, unindo conforto e funcionalidade em um único veículo. Em 1979, a linha Veraneio passou por uma significativa atualização mecânica. O modelo a gasolina foi equipado com o motor General Motors 4,1 litros, de seis cilindros e 171 cv, o mesmo utilizado no Chevrolet Opala, garantindo maior potência e confiabilidade. A versão a diesel adotou o motor Perkins 4.236, de quatro cilindros, já presente na picape D-10, valorizado por sua economia e durabilidade. Em 1980, uma versão a álcool foi introduzida, mas enfrentou desafios comerciais devido ao alto consumo de combustível, não alcançando o mesmo sucesso das demais motorizações. Após duas décadas de sucesso, a plataforma da família Veraneio, que incluía as picapes C-10, C-14 e C-15, tornou-se uma das mais longevas do portfólio da GM Brasil. Contudo, em 1985, sua concepção, embora robusta, já mostrava sinais de envelhecimento, demandando uma renovação. Respondendo a essa necessidade, a General Motors do Brasil lançou as novas picapes da Série 10 e 20, baseadas nas plataformas norte-americanas C/K (modelo 1983), adaptadas para o mercado brasileiro. Uma nova versão do Veraneio foi introduzida, preservando apenas o nome da geração anterior, mas trazendo design e tecnologias atualizados que reafirmaram sua relevância. A produção dessa nova linha continuou até meados da década de 1990, quando uma crise econômica impactou severamente o mercado brasileiro, reduzindo a demanda por grandes utilitários. Ao longo de sua história, foram produzidas cerca de 70.000 unidades da família Veraneio, das quais 12.054 eram da versão ambulância, um testemunho de sua importância em serviços essenciais. Para os motoristas, policiais, paramédicos e famílias que utilizaram o Veraneio, ele foi mais do que um veículo: foi um companheiro confiável em viagens, emergências e momentos de transformação do Brasil.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a década de 1950, o Exército Brasileiro empreendeu um significativo esforço de modernização de sua frota de transporte, marcando um capítulo importante na evolução de sua capacidade logística. Esse processo culminou na aquisição de uma expressiva quantidade de caminhões Chevrolet Brasil 6400 e 6500, produzidos pela General Motors do Brasil (GM Brasil). A rápida entrega desses veículos, realizada logo após a assinatura do contrato, foi viabilizada pela mínima necessidade de adaptações para militarização, uma vez que os modelos eram, em essência, versões comerciais retiradas diretamente da linha de produção. As excelentes características mecânicas desses caminhões, incluindo robustez e confiabilidade, não apenas atenderam às demandas operacionais do Exército, mas também estabeleceram uma base sólida para futuras parcerias com a GM Brasil. O sucesso desses caminhões abriu caminho para a incorporação do utilitário Chevrolet Amazonas, lançado em 1959. Projetada para atender às exigências do campo e da cidade, a Amazonas compartilhava o mesmo conjunto mecânico dos modelos 6400 e 6500: um motor seis cilindros em linha de 4,3 litros (261 polegadas cúbicas, 142 cv) e câmbio manual de três marchas. Sua versatilidade permitiu seu uso em diversas funções, como transporte de pessoal e até como ambulância, conquistando uma reputação de excelência entre os militares. Para os soldados e oficiais que operavam esses veículos, a Amazonas representava mais do que um meio de transporte; era um símbolo de confiabilidade em missões que conectavam comunidades e fortaleciam a presença do Exército em regiões remotas. Em 1964, durante o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, a GM Brasil apresentou o Chevrolet C-1416, conhecido como Veraneio, um utilitário de grande porte que rapidamente conquistou o mercado comercial por sua imponência e funcionalidade. Suas características, como amplo espaço interno, capacidade de transportar até nove pessoas e motorização robusta, chamaram a atenção de órgãos governamentais de segurança. Reconhecendo o potencial do C-1416 como viatura policial, esses órgãos vislumbraram seu uso em operações urbanas e rurais, onde a combinação de potência e versatilidade seria um diferencial. Atenta a essa demanda, a equipe de projetos da General Motors do Brasil dedicou-se ao desenvolvimento de uma versão especializada para forças policiais. Em 1965, foi apresentado o primeiro protótipo customizado, que preservava a essência do C-1416, mas introduzia modificações significativas no interior. O porta-malas foi eliminado para dar lugar a um habitáculo reforçado destinado ao transporte de presos, e as duas últimas janelas de vidro foram substituídas por placas de ferro com orifícios de ventilação, garantindo segurança e funcionalidade. Nascia, assim, o icônico “Camburão”, um veículo que se tornaria parte indelével da memória coletiva brasileira, eternizado por sua presença nas ruas e na cultura popular. Com o protótipo finalizado, a diretoria comercial da GM Brasil lançou uma campanha estratégica para promover o C-1416 “Viatura Policial” junto às secretarias de segurança estaduais. O Governo do Estado de São Paulo foi o pioneiro em adotar o modelo, assinando, em julho de 1965, um contrato para a aquisição de mais de cem unidades. A parceria estabelecida em 1965 entre a General Motors do Brasil (GM Brasil) e o Governo do Estado de São Paulo marcou o início de uma relação duradoura com as forças de segurança, consolidando o compromisso da empresa em oferecer soluções inovadoras para o setor público.
A entrega das primeiras unidades do Chevrolet Veraneio C-1416, configuradas como viaturas policiais, ocorreu ainda naquele ano, equipando as unidades da Polícia Civil e da Polícia Militar. O desempenho excepcional do veículo em operações reais conquistou elogios das corporações, refletindo a dedicação dos engenheiros e trabalhadores da GM Brasil, que transformaram um projeto visionário em uma ferramenta essencial para a segurança pública. O Veraneio destacou-se nas operações policiais por suas características únicas: Capacidade de transporte: Com espaço para até nove ocupantes, permitia o transporte de equipes completas ou a combinação de policiais e detidos, sendo ideal para patrulhamento e intervenções em áreas de alta criminalidade. Robustez: Equipado com um motor seis cilindros em linha de 4,3 litros (142 cv) e uma estrutura reforçada, o veículo operava com confiabilidade em terrenos variados, desde ruas urbanas até estradas rurais, enfrentando os desafios do cotidiano policial. Visibilidade: Seu porte imponente e a pintura característica, geralmente em tons de cinza ou azul com emblemas institucionais, reforçavam a presença policial, atuando como um elemento de dissuasão e proteção. O sucesso operacional do Veraneio despertou o interesse de outros governos estaduais, ansiosos por modernizar suas frotas policiais. Nos anos seguintes, a montadora celebrou novos contratos com secretarias de segurança de diversos estados, ampliando a presença do veículo em todo o território nacional. Em apenas cinco anos, o Chevrolet Veraneio consolidou-se como o principal carro policial do Brasil, tornando-se um símbolo de combate à criminalidade e de serviço público dedicado. Sua associação com a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo, elevou o Veraneio a um status quase lendário. Conhecido popularmente como “Camburão”, o veículo tornou-se sinônimo de autoridade e coragem, presente em operações de alto risco e nas memórias de gerações de brasileiros. Para os policiais que o conduziam, o Veraneio era mais do que uma viatura: era um companheiro confiável, enfrentando longas jornadas e situações adversas com resiliência. Para as comunidades, representava segurança e esperança, um farol de ordem em meio aos desafios urbanos. O sucesso do Veraneio no setor público, especialmente nas Polícias Militares, motivou a General Motors do Brasil a explorar novas oportunidades, levando ao desenvolvimento da versão ambulância, designada C-1410, em 1966. A escolha do Veraneio como base para a ambulância foi natural, dado seu espaço interno generoso (5,16 m de comprimento, 1,97 m de largura e 1,73 m de altura) e a confiabilidade mecânica. A GM Brasil adaptou o modelo para atender às exigências hospitalares, mantendo o mesmo conjunto mecânico do C-1416, mas introduzindo modificações específicas para o transporte de pacientes e equipamentos médicos. O êxito extraordinário do Chevrolet C-1410 Veraneio nas frotas das Polícias Militares e Civis em todo o Brasil, onde sua robustez e versatilidade se tornaram referência, captou a atenção do Ministério do Exército em meados da década de 1960. Naquele período, o Exército Brasileiro estava empenhado em um programa abrangente de modernização de sua frota de veículos utilitários médio e grande porte, com ênfase em operações urbanas.
Naquele período, o Exército Brasileiro estava empenhado em um programa abrangente de modernização de sua frota de veículos utilitários médio e grande porte, com ênfase em operações urbanas. A capacidade do Chevrolet Veraneio de acomodar até nove ocupantes, aliada à sua confiabilidade mecânica e design funcional, posicionou-o como uma escolha ideal para atender às demandas logísticas e administrativas das Forças Armadas. Na época, o Exército Brasileiro utilizava veículos de produção nacional, como o Chevrolet Amazonas e a Rural Willys, esta última mais adequada para operações fora de estrada devido à sua tração 4x4. Esses modelos eram complementados por utilitários americanos remanescentes da Segunda Guerra Mundial, como o Dodge WC-53 Carryall, que, embora históricos, apresentavam desafios de manutenção. Nesse contexto, o Chevrolet Veraneio surgiu como uma alternativa moderna, especialmente na versão básica para transporte orgânico e na configuração policial, que se mostrava promissora para os Batalhões de Polícia do Exército (BPE). A General Motors do Brasil realizou uma apresentação oficial das versões em análise, que foram prontamente validadas para uso operacional. Em 1966, um contrato foi firmado entre o Ministério do Exército e a General Motors do Brasil para a aquisição inicial de oitenta viaturas. Por serem modelos já em produção, não foi necessária customização significativa, apenas a aplicação da pintura padrão militar na cor verde-oliva. As entregas começaram em abril de 1966, e os veículos, classificados como “Viaturas Operacionais Leves Vtr Op até 1 1/2 Ton (posteriormente designados como Transporte de Pessoal 4X2 oito passageiros), foram distribuídos às unidades operativas para o atendimento de tarefas administrativas. Essa incorporação preencheu uma lacuna crucial no segmento de utilitários urbanos, permitindo a substituição de modelos obsoletos como os Chevrolet Amazonas. Ainda nesta escopo seria possível realocar a frota dos Rural Willys F-75 TNE 3/4 ton 4X4 e F-85 TP 4x2 8 passageiros em locais com menor infraestrutura viária, como no caso de rincões no interior do pais, onde sua robustez poderia ser melhor explorada. A partir da década de 1960, o Exército Brasileiro identificou na Chevrolet Veraneio C-1416 uma solução robusta e versátil para atender às suas necessidades de transporte médico em operações militares. Com o objetivo de fortalecer a capacidade de atendimento pré-hospitalar, foi adquirida uma quantidade significativa dessas viaturas, configuradas no padrão de ambulância. Essas unidades foram equipadas com um pacote de equipamentos médicos já consolidado no mercado comercial, projetado para garantir o suporte básico de vida em situações de emergência. Entre os itens incluídos, destacavam-se: Duas macas, fixadas ao assoalho ou às laterais do veículo, assegurando estabilidade e segurança durante o transporte de pacientes; Cilindros portáteis de oxigênio, acompanhados de máscaras faciais ou cânulas nasais, essenciais para oferecer suporte respiratório básico; Ressuscitador manual (tipo AMBU), utilizado em casos de parada respiratória para ventilação de emergência; Bolsas e caixas organizadoras, devidamente fixadas no interior do veículo, destinadas ao armazenamento seguro de suprimentos médicos.


A partir da década de 1960, o Exército Brasileiro identificou na Chevrolet Veraneio C-1416 uma solução robusta e versátil para atender às suas necessidades de transporte médico em operações militares. Com o objetivo de fortalecer a capacidade de atendimento pré-hospitalar, foi adquirida uma quantidade significativa dessas viaturas, configuradas no padrão de ambulância. Essas unidades foram equipadas com um pacote de equipamentos médicos já consolidado no mercado comercial, projetado para garantir o suporte básico de vida em emergências. Entre os itens incluídos, destacavam-se: Duas macas, fixadas ao assoalho ou às laterais do veículo, assegurando estabilidade e segurança durante o transporte de pacientes; Cilindros portáteis de oxigênio, acompanhados de máscaras faciais ou cânulas nasais, essenciais para oferecer suporte respiratório básico; Ressuscitador manual (tipo AMBU), utilizado em casos de parada respiratória para ventilação de emergência; Bolsas e caixas organizadoras, devidamente fixadas no interior do veículo, destinadas ao armazenamento seguro de suprimentos médicos. Essas viaturas receberam a designação oficial de "Transporte Especializado TE Ambulância 1/2 ton 4x2" e foram distribuídas às unidades operativas do Exército Brasileiro. As ambulâncias destinadas às operações de campo adotavam a pintura militar verde-oliva, com as tradicionais marcações de cruz vermelha, símbolo universal de assistência médica. Já as unidades alocadas aos hospitais militares do Exército receberam a pintura branca padrão, reforçando sua identificação em ambientes hospitalares. Sua adoção pela Aeronáutica ocorreu em paralelo à sua utilização pelo Exército e pela Marinha, especialmente a partir da década de 1970, com a aquisição de pelo menos trinta unidades da Veraneio na versão básica, destinadas a servir como viaturas orgânicas em bases aéreas e parques de aeronáutica. Essas viaturas eram utilizadas para transporte de pessoal, equipamentos e suprimentos, aproveitando o amplo espaço interno e a capacidade de carga do veículo (1.240 litros no porta-malas). A pintura padrão para essas viaturas era geralmente o azul característico da Força Aérea Brasileira. Além das viaturas orgânicas, a FAB incorporou vinte unidades da Veraneio na versão policial, destinadas aos batalhões da Polícia da Aeronáutica (PA). Essas viaturas, conhecidas como “camburões”, eram empregadas em missões de segurança e patrulhamento nas instalações da Aeronáutica, como bases aéreas e unidades administrativas. Equipadas com sirenes, luzes de emergência e, em alguns casos, reforços estruturais, essas Veraneios eram pintadas em cores como cinza ou branco, com identificação clara da Polícia da Aeronáutica. Por fim um pequeno lote na versão ambulância também seria incorporada aos Hospitais da Aeronáutica. A partir de 1970, a Marinha do Brasil também reconheceu o valor da Veraneio para suas operações. Foram adquiridas noventa viaturas, nas versões C-1410 e C-1416, configuradas como ambulâncias, para atender às bases navais, hospitais da Marinha e unidades do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Em 1971, a Marinha ampliou sua frota com a compra de vinte viaturas na versão policial, destinadas às Capitanias dos Portos, onde foram empregadas em missões de combate ao contrabando e à repressão de infrações legais. Ao longo dos anos, as viaturas Veraneio desempenharam suas funções com eficiência e confiabilidade nas três Forças Armadas Brasileiras, contribuindo para a segurança e o bem-estar de militares e civis atendidos em operações e emergências. A robustez do veículo, aliada à sua capacidade de adaptação a diferentes cenários, consolidou sua relevância no contexto militar brasileiro. A partir de 1986, o Exército Brasileiro iniciou um programa de modernização de sua frota de veículos utilitários, marcando o começo da substituição gradual das Veraneio. Nesse processo, foram firmados contratos com a Chevrolet para o fornecimento de grandes lotes das novas séries C-10 e D-20 Veraneio, que trouxeram avanços tecnológicos e maior versatilidade. A substituição priorizou as viaturas com mais de vinte anos de serviço, mantendo um cronograma organizado e eficiente. Esse processo de renovação perdurou até o final da década de 1980, quando as últimas unidades da primeira geração da Veraneio, na configuração de ambulância, foram desativadas.
Em escala.
Para recriar com fidelidade a Chevrolet Veraneio C-1416 Ambulância, designada como “EB22-3516” e utilizada pelo Exército Brasileiro, optamos por um modelo em die-cast na escala 1/43, produzido pela Axio em parceria com a editora Altaya. Essa escolha foi motivada pela ausência de kits específicos deste veículo disponíveis no mercado. Inicialmente, desmontamos o modelo die-cast, preparando sua superfície para receber a pintura na tonalidade padrão “verde-oliva”, característica das viaturas operacionais do Exército Brasileiro. Para finalizar, aplicamos decais personalizados, confeccionados pela Decais Eletric Products, pertencentes ao conjunto “Exército Brasileiro 1942/1982”. Esses decais incluíram as marcações específicas, como a cruz vermelha e outras insígnias militares, que conferem autenticidade à representação da Veraneio Ambulância.

O padrão de pintura adotado pelo Exército Brasileiro, conforme especificado no sistema de cores Federal Standard (FS), reflete a identidade visual e funcional de suas viaturas, incluindo ambulâncias, modelos utilitários e viaturas policiais. No caso das ambulâncias, o padrão de pintura foi cuidadosamente adaptado para atender às normas internacionais de identificação médica. A principal distinção residia nas dimensões da cruz vermelha, aplicada nas laterais, no teto e, quando necessário, na dianteira e traseira das viaturas. Já as viaturas utilitárias mantiveram, ao longo de todo o período de uso, a tonalidade característica “verde-oliva. A partir de 1983, essas viaturas receberam uma atualização significativa com a inclusão do novo brasão do Exército Brasileiro, um marco que refletiu a modernização da instituição e sua identidade visual
Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Chevrolet Veraneio 50 anos - www.novoguscar.blogspot.com.br/2014/11/historia-chevrolet-veraneio-50-anos.html
- Chevrolet Transporte e Comércio – Editora Salvat 2019
- General Motors do Brasil – www.generalmotors.com.br
- Manual Técnico - Exército Brasileiro 1976