Canhões Schneider - Cannet 75 mm

História e Desenvolvimento.
Em 1836, os irmãos visionários Joseph Eugene e Adolphe Schneider, assumiriam o controle da empresa Creusot na cidade de Saône-et-Loire, na França, sendo esta considerada naquele período, uma das mais importantes forjas do continente. Este movimento levaria a criação da Schneider, Fréres & Cie. uma empresa metalúrgica que alcançaria grande renome em âmbito mundial nos anos subsequentes se tornando das empresas de metal pesado mais importantes da Europa em fins do século XIX e início do século XX. O portfólio de Schneider, Fréres & Cie seria muito diversificado chegando a produzir desde itens mais simples para aplicações domésticas, até locomotivas a vapor como o modelo “Gironde” lançado em 1838 e empregado em grande escala pela empresa de transporte ferroviário nacional Paris-Versailles Railway Company.  Este mercado seria amplamente trabalhado, levando a empresa a figurar entre os três maiores fabricantes franceses de implementos ferroviários. O próximo seguimento a ser explorado seria o de barcos a vapor para emprego fluvial e marítimo, levando a necessidade de se construir uma nova planta industrial na cidade litorânea de  Châlon-sur-Saône. Curiosamente esta iniciativa levaria a necessidade maior infraestrutura de produção de grandes componentes levando a empresa a dominar a tecnologia de fabricação de armações de casco em metal, o que abriria mais um importante nicho de atuação passando a oferecer ao mercado estruturas metálicas de edifícios, guindastes, pontões de guindaste.  Isto construiria as bases para o lançamento de uma divisão de construção civil, com foco em projetos de pontes e viadutos. Ao final do século XIX a empresa lograria êxito na celebração de contratos de grande vulto, entre estas grandes obras no exterior como a construção de nove pontes em Tonkin no Vietnã, a construção e operação do porto de Rosário na Argentina, e a reconstrução do porto de Montevidéu no Uruguai. 

Nos últimos anos do século XIX , o avanço tecnológico observado na indústria de siderurgia internacional, envolvendo o emprego de materiais e ligas complexas compostas de aço, cromo e níquel, transformaria profundamente os processos de produção das grandes siderurgias deste segmento na Europa. Entre estas apresentando maior destaque os impactos junto aos processos de produção de empresas como Friedrich Krupp AG, Schneider Fréres & Cie , Armstrong AG, Bethlehem Steel, Firth, Holtzer AG Group, posicionado estas organizações entre os maiores fabricantes de armamentos na virada do século. O representativo viés de produção militar da corporação Schneider - Creusot Fréres & Cie, surgiria após o término da Guerra Franco-Alemã (1870-1871), quando o herdeiro do conglomerado Henri Schneider decidiria se estabelecer neste segmento, criando linha de produção dedicadas ao desenvolvimento e fabricação uma ampla gama de canhões e morteiros. Em 1897, a empresa procederia a aquisição das “Oficinas de Artilharia do Mediterrâneo Forges”, localizadas na cidade Le Havre no interior da França. Ao incorporar aos seus quadros toda a equipe de engenheiros e projetistas o grupo absorveria um amplo know how neste segmento de construção, se destacando principalmente a tecnologia de produção de canhões sem recuo. Neste momento o principal trunfo da corporação era proporcionado pela atuação do inovador engenheiro Gustave Canet (colaborador original da Forges Mediterrâneo), que ao longo dos anos alçaria postos de destaque na corporação, como diretor de artilharia no Creusot e diretor honorário da Artilharia de Schneider. Ele seria o principal responsável pelo desenvolvimento da emblemática família de canhões Canet Schneider, produzida em uma variada gama de calibres, para as mais diversas aplicações em âmbito terrestre e naval.   
No entanto a maior contribuição desta empresa francesa para o desenvolvimento tecnologia da artilharia moderna, se daria na passagem do século XIX para o século XX, com o desenvolvimento e produção do famoso modelo de canhão, o  Schneider-Canet de 75 mm. Esta nova peça seria totalmente construída em aço rápido, dispondo de tubo estriado com carregamento pela culatra, sistema de amortecimento de recuo composto por freio hidráulico (com efeitos amortecedor e recuperador, recolocando a peça em posição de tiro após o disparo). O conjunto destas inovações partiriam da engenhosa mente do engenheiro Gustave Canet (conceito que replicado rapidamente por outros fabricantes internacionais), que  permitiria a operação no sistema denominado como "tiro rápido" possibilitando que a peça efetuasse de dez a vinte disparos por minuto (ou até trinta tiros se o conjunto fosse equipado com uma equipe mais experiente), contrastando muito com a falta de agilidade da antiga artilharia de reparo fixo, que permitia apenas um disparo a cada dez minutos. O  canhão Schneider-Canet de 75 mm logo seria aprovado pelo comando Exército Francês (Armée de Terre), sendo celebrado um grande contrato de aquisição, visando iniciar um processo de substituição ou complementação dos antigos modelos como o Canet M-890 de calibre de 100 mm, que fora introduzido na força terreste partir do ano de 1896. As primeiras peças de artilharia  desta nova família começariam a ser entregues a partir de 1906, com sua carteira de pedidos logo passando a receber inúmeros contratos de exportação, incluindo a Espanha que viria a ser um dos maiores usuários desta peça de artilharia na primeira década do novo século, passando inclusive a realizar a produção sob licença do conjunto e  de suas munições a partir de 1909.

O modelo Schneider 75 mm 1906, representaria naquele momento o ápice da tecnologia de artilharia de campo de disparo rápido, sendo comprovadamente muito superior aos modelos similares, como seus concorrentes, como os canhões franceses Saint-Chamonds e alemães Krupp de 75 mm.  Além disso esta peça de artilharia era significativamente mais leve e de operação mais precisa graças ao emprego de variados mecanismos hidropneumáticos, que eram empregados para absorver parte da energia do recuo, suavizando a transferência do momento linear, movendo o barril e seu trenó para um berço. Desta maneira a peça poderia retornar a sua posição inicial, mantendo a direção de disparo após o primeiro tiro enterrado o arado e, assim, eliminando a necessidade de redirecionamento. Isso também permitiria que os dispositivos de mira fossem montados no berço, em vez de no tubo, garantindo assim menor perturbação após o disparo, com ambos permanecendo alinhados, facilitando o ajuste do objetivo. Sua construção incorporaria um barril de níquel aço forjado e temperado, com um tubo interno e duas mangas, bengala e suporte acompanhados por uma abraçadeira de ferro. A alma do canhão raiada seria composta por trinta listras progressivas, garantindo maior velocidade de saída. O fechamento seria composto com um sistema de parafusos envolvendo dois setores lisos e dois roscados, que poderia ser aberto ou fechado com um único movimento, expulsando a baia automaticamente no final do movimento de abertura. O barril seria acoplado a um trenó de aço no qual estavam os cinco cilindros que constituíam o freio e o recuperador. Seu freio era do tipo hidráulico e o recuperador hidropneumático. O trenó movia-se sobre um berço de aço de cromo de níquel, absorvendo um pouco da energia do recuo e comunicando ao berço o momento linear de uma forma mais gradual. A arma poderia disparar três tipos diferentes de projéteis, todos pesando 6,5 kg: uma granada comum, uma granada de estilhaços e uma granada inovadora que apresentava uma quantidade maior de explosivos, sendo usada para atacar edifícios e fortificações inimigas. 
Seu baixo peso total, acabaria o tornando ideal para o emprego como canhão de montanha, até então a movimentação e operação de peças de artilharia em regiões montanhosas representava desde sempre grandes dificuldades aos homens da arma de artilharia. As peças de grande calibre, habitualmente mais eficazes, eram pesadas demais para poderem tracionadas por animais, limitando assim o poder ofensivo neste tipo de campo de batalha. Assim os primeiros exercícios com os canhões Schneider Canner 75 mm, teriam início em regiões de relevo irregular a partir de meados do ano de 1909, e seus promissores resultados levariam a imediata aprovação e consequente celebração de grandes contratos e produção. Sua incorporação pelo Exército Frances (Armée de Terre), levaria a gradual substituição dos canhões Schneider 65 mm modelo 1906.  O modelo logo conquistaria diversos contratos de exportação, com seu batismo de fogo ocorrendo em 1909, sendo empregados pelo Exército Espanhol (Ejército de Tierra) durante a Guerra Melilla deflagrada entre os meses de julho e dezembro. Este seria o primeiro registro de uma longa carreira de empregos em conflitos militares no século XX, com destaque na Primeira Guerra Mundial, Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial e outros conflitos regionais de importância relevante. Os canhões Schneider Cannet 75 mm além da Espanha, seriam exportados para o Brasil, Polônia, Grécia, Brasil, Paraguai, Iugoslávia e Estados Unidos, com muitos destes se mantendo em emprego até meados da década de 1960. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
A adoção e incorporação de modernos canhões de artilharia de campo no Exército Brasileiro teve seu início nos primeiros anos do século XX, quando o Marechal Hermes da Fonseca, empreenderia uma série de estudos visando realizar uma ampla reforma estrutural na força militar terrestre. Esta iniciativa teria o propósito de superar as deficiências técnicas e operacionais observadas desde o fim da Guerra do Paraguai (1864-1870) e evidenciadas por ocasião da Guerra de Canudos (1896-1897). Porém os resultados concretos que levariam ao rompimento da estagnação da doutrina operacional do Exército Brasileiro, seriam obtidos com as transformações iniciadas pelos Ministros da Guerra Marechais João Nepomuceno de Medeiros Mallet, Francisco de Paula Argolo e Hermes da Fonseca, entre os anos de 1900 e 1908. Com o apoio do Barão do Rio Branco, que intercederia junto ao Presidente da República Afonso Pena, o Marechal Hermes da Fonseca conseguiria obter os recursos financeiros necessários a implementação de um ambicioso processo de modernização da Força Terrestre, envolvendo prioritariamente a aquisição de armamentos e criação de novas unidades operativas.  Este programa que seria popularmente conhecido como a “Reforma Hermes”, compreenderia a restruturação orgânica do Exército Brasileiro, a reorganização do ensino militar, a criação e regulamentação do Estado-Maior Assim a partir de 1908, seria determinada uma nova organização de comando para o Exército Brasileiro, ficando o território nacional dividido em vinte e uma regiões para alistamento militar e treze para inspeção. O Marechal Hermes da Fonseca era um grande admirador do Exército Prussiano e dizia publicamente que a força terrestre brasileira precisava atingir o nível dos germânicos, onde se destacava o Estado-Maior, criado por Helmuth von Moltke, e a tecnologia de ponta na produção de armamentos.  Assim, em agosto de 1908, motivado também pela inexistência de uma indústria bélica nacional, comporia uma missão militar que viajaria para Alemanha e França em busca de fornecedores de material bélico moderno e de parcerias para o acesso a conhecimentos técnico profissionais. 

Como resultado prático desta viagem, seriam adquiridos armamentos variados em grandes quantidades, como 400.000 fuzis alemães Mauser calibre 7 mm para a infantaria e 10.000 lanças Ehradt, 20.000 espadas e 10.000 mosquetões para a cavalaria. A artilharia de campanha do Exército Brasileiro seria servida com duas baterias de canhões Krupp 75 mm Modelo 1908, seis de canhões Krupp 75 mm de montanha e cinco de obuses Krupp 105 mm. Também seriam comprados um grande número de peças de artilharia de costa do modelo Schneider-Canet do modelo C-50 1902 de 150 mm “Tiro Rápido” destinadas Marinha do Brasil. Estes armamentos seriam destinados a equipar os pontos de artilharia fixa de concreto edificados especialmente na fortaleza de Copacabana no Rio de Janeiro (então Capital Federal). Um total de seis conjuntos destes canhões seriam ainda adquiridos a fim de compor as defesas de ponto de Santos no litoral de São Paulo, operando em conjunto com quatro obuseiros Krupp 280 mm C-16 modelo 1912. No entanto estes não seriam os primeiros canhões produzidos pela Schneider-Canet a entrarem em serviço no país, tendo em vista que desde a última década do século XIX o Exército Brasileiro já operava algumas baterias equipadas com os canhões Canet M-890  de calibre de 100 mm e M-897 de 75 mm. Durante os anos vindouros a adoção destas novas peças de artilharia de origem alemã e francesa em muito iram modificar o patamar operacional brasileiro, sendo postos a prova em uma série de eventos de revoltas ou insurreições regionais, como a “Guerra do Contestado” ocorrida nos estados do Paraná e Santa Catarina durante o ano de 1912.  Apesar destes significativos avanços, o eclodir da Primeira Guerra Mundial em 1914, traria grandes avanços não só em tecnologia de armas, mas também na doutrina militar, elevando os patamares da guerra moderna. Esta nova realidade rapidamente relegaria o Exército Brasileiro a patamar operacional inferior ao vigente a partir do ano de 1918, suscitando assim a necessidade de um novo ciclo de atualização.    
As preocupações em torno da obsolescência doutrinariam e de material das Forças Armadas Brasileiras, eram fundamentadas principalmente pelo rápido desenvolvimento econômico e militar da Argentina, que passava a representar a principal hipotética ameaça ao pais. Assim com o objetivo de reverter este cenário crítico a partir do segundo semestre de 1918, o governo brasileiro passaria a buscar alternativas para a implementação deste novo ciclo de desenvolvimento militar. Neste intuito seriam conduzidos diálogos junto ao governo francês a fim de estudar a contratação de uma assessoria militar que pudesse conduzir este processo. Estas negociações já em um estágio avançado ocorreriam em Paris, entre o adido militar brasileiro na França, coronel Malan d’Angrogne, e o ministro da Guerra francês, Georges Clemenceau. Paralelamente seria enviado ao Brasil o general Maurice Gamelin, em uma missão de levantamento de perspectivas sobre o real cenário das Forças Armadas Brasileiras, visando assim melhor embasar a proposta francesa. O contrato seria assinado poucos meses depois na capital francesa, sendo ratificado logo em seguida no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, criando assim oficialmente a “Missão Militar Francesa”. Os termos do contrato estipulavam que oficiais franceses comandariam durante quatro anos as escolas de Estado-Maior (EEM), de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), de Intendência e Veterinária. Em contrapartida o Brasil se comprometeria a privilegiar a indústria francesa em seus processos de aquisição de armas e equipamentos militares, desde que as condições comerciais e prazos de entrega fossem no mínimo equivalentes as propostas apresentadas por empresa de outros países. Para o Brasil, este contrato representaria um grande passo na direção da profissionalização e modernização de suas forças armadas, novamente equalizando a balança militar na América do Sul. Este processo começaria a ser consolidado a partir de meados de 1921, com a adoção de novos regulamentos destinados à Direção e Emprego das Grandes Unidades, ao Exercício e Emprego da Artilharia e ao Serviço de Estado-Maior em Campanha.

As primeiras percepções levantadas pelos comandantes da “Missão Militar Francesa” apontavam a necessidade modernização de uma série equipamento e armas, sendo listadas as prioridades e as quantidade mínimas que deveriam ser incorporadas. Uma concorrência internacional seria aberta e atendendo ao preceito estabelecido anteriormente, as propostas apresentadas pela indústria militar francesa seriam preferenciadas. Em termos da arma de artilharia de campanha seriam adquiridos um grande número de canhões, incluindo vários modelos fabricados pela empresa Schneider - Creusot Fréres & Cie, entre estes os modelos C-50 1902 de 150 mm (emprego terrestre e ferroviário), Schneider 75/28 modelo 1906 de 75 mm e C-18 - 6 Modelo 1919 de 75 mm (canhão de montanha), com dois estes últimos modelos, encomendados e recebidos durante o ano de 1923. Para o atendimento as necessidades do Exército Brasileiro que na época era em sua maioria hipomóvel, os canhões de campanha Schneider-Canet seriam recebidos com rodas de madeira, sendo destinados então a equipar as a equipar as unidades de cavalaria de fronteira. Seguindo os padrões franceses as unidades de cavalaria seriam compostas por baterias com quatro canhões de 75 mm, quatro carros de munição (cada arma podia carregar trinta e oito munições na carroça de tração, sendo complementadas com mais sessenta unidades no carro de munição), um carro de apoio (com ferramental) e por fim um carro forja, com a função de assegurar a manutenção das peças em campanha e os reparos nos carros de tração e de serviço. Estas baterias seriam operadas por um efetivo de três oficiais, dez sargentos e cento e vinte e um praças, demandando trinta e nove cavalos e noventa e seis muares para a tração das peças e do pessoal. Os canhões de montanha Schneider-Canet 75 mm, caracterizados por serem peças pequenas, leves e de fácil transporte, trouxeram diversos benefícios à artilharia de campanha, com o fator principal de seu rápido emprego em qualquer região brasileira. 
Os canhões Schneider-Canet 75 mm, estiveram presentes ação real, em quase todos os grandes conflitos regionais ocorridos no país no início do século XX, incluindo a Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932, nesta última sendo empregados pelos lados em conflagração. Curiosamente os canhões Schneider - Cannet de 75 mm (e também Krupp) seriam empregados como arma orgânica em seis trens blindados (TB) denominados TB-1 a TB-6, construídos na Oficinas Ferroviárias de São Paulo, sob a orientação da Escola Politécnica Paulista. Esta composição ferroviária blindada era composta locomotiva entre dois vagões, além de uma prancha à frente para verificar o estado da linha. Na frente do primeiro carro, ao centro, uma abertura maior dando saída à boca de uma peça Krupp ou Schneider de 75 mm, que se manobrava de dentro e ocupava toda a parte frontal do carro, permitindo apenas a circulação lateral. Durante a Segunda Guerra Mundial estes canhões seriam empregados em diversas manobras e exercícios de defesa equipando os regimentos de artilharia a cavalo. Com a ampliação da motorização do Exército Brasileiro, a partir de 1954 estes canhões seriam modernizados nos arsenais de guerra no Rio de Janeiro (AGRJ) e General Câmara (AGRS) recebendo novas rodas com pneus no lugar das rodas de madeira passando permanecendo em operação até a primeira metade da década de 1960. Atualmente pelo menos três destas peças de artilharia se encontram em exposição no Museu do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, e mais quatro ainda em uso pelo Exército Brasileiro como armas cerimoniais em Curitiba, Paraná. 

Em Escala.
Diversos modelos e versões dos canhões Schneider - Canet 75 mm foram empregados no Exército Brasileiro ao longo dos anos, e para podermos representar em escala, esta importante peça de artilharia fizemos uso da única opção disponível na escala 1/35 representando o modelo M-897. Este kit foi produzido pela empresa alemã Tom Modellbau, porém apesar de antigo, apresenta nível de detalhamento e acabamento aceitável para a escala. Não fizemos o emprego de decais.


O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura que pode ter sido empregado nos canhões Schneider-Canet 75 e demais peças de artilharia de origem alemã recebidos pelo Brasil, se baseando no esquema adotado no Exército Francês (Armée de Terre) em fins da década de 1920. As peças empregas pelas forças paulistas durante a Revolução Constitucionalista de 1932 receberiam um padrão de camuflagem tático aplicado a todos os  carros e trens blindados naquele conflito portando ainda algumas personalizações de marcação de unidades. Esta tonalidade de pintura representa também as peças preservadas atualmente no Museu do Forte de Copacabana. 



Bibliografia: 
- Schneider Frères et Compagnie - https://www.lesechos.fr
- Schneider-Canet - https://pt.wikipedia.org/wiki/Schneider-Canet
- Missão Militar Francesa por Rodrigo N. Araujo -  https://cpdoc.fgv.br/
- Arquivos do Museu Militar de Conde de Linhares – Rio de Janeiro
- Canhão de Montanha Schneider 75mm - http://www.cporpa.eb.mil.br/

M-26 e M-25 Dragon Wagon no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em setembro de 1939 o eclodir da Segunda Guerra Mundial iria descortinar uma realidade no campo de batalha, o da campanha mecanizada altamente móvel, empregando principalmente em larga escala o enfrentamento de carros de combate. Neste contexto, os observadores militares do Exército dos Estados Unidos (US Army) passariam a acompanhar de perto o desempenho dos blindados britânicos do Exército Real (Royal Army) na campanha do deserto na África do Norte. Uma das principais observações levantadas apontavam a falta de veículo especializado de socorro capaz de recuperar e transportar os carros de combate blindados imobilizados, seja por combate, seja por problemas mecânicos. A ausência deste tipo específico de viatura ocasionaria como consequência a perda desnecessária de numerosos carros de combate que tiveram de ser desnecessariamente deixados para trás ou destruídos por suas próprias equipagens para não caírem em mãos inimigas. Uma solução a esta demanda passaria a ser estudada pelos militares norte-americanos, envolvendo o desenvolvimento de um veículo sob rodas, que deveria ser apto a operar em qualquer terreno, capaz de transportar ou tracionar todos os blindados com peso de até quarenta toneladas em uso nas forças armadas até aquele momento, e, em particular, os carros de combate médios M-4 Sherman. Em meados de 1942, uma concorrência seria aberta, com várias empresas do segmento automotivo e de construção de máquinas pesadas para mineração sendo convidadas a participar deste processo. Diversas propostas seriam apresentadas, se destacando o projeto apresentado pela Knuckey Truck Company de San Francisco. Esta empresa detinha muita experiência no desenvolvimento e construção de caminhões pesados. Em testes comparativos seus concorrentes apresentariam diversas falhas em campo, com seu modelo se mostrando muito superior. O principal diferencial da proposta da Knuckey Truck Company  estava baseado no fato de seu modelo contar com um sistema de ransmissão por corrente dupla nos eixos traseiros. Curiosamente, pressões políticas e um forte lobby com interesses escusos, levariam esta empresa a não receber o contrato de produção, com seu projeto recebendo a chancela de “Segurança Nacional” o mesmo seria legalmente apropriado e direcionado a outro fabricante. 

Contando com grande influência junto aos congressistas, a empresa Pacific Car and Foundry Company de Seattle, Washington, acabaria por receber os contratos de produçao sobre o projeto da Knuckey Truck Company. Os primeiros veículos denominados pelo fabricante como TR-1seriam entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir de julho de 1942. O conceito de aplicação em campo consistiria no trator sob rodas com tração integral 6X6, designado oficialmente como M-26, operando em conjunto com a carreta M-15 (produzido pela empresa Fruehauf A Trailer Corporation). A conjunção destes dois equipamentos receberia no inventário do exército, a designação de M-25. Devido à sua finalidade operacional e ao seu tamanho imponente (17,48 metros de comprimento), seria popularmente conhecido pelo apelido de "Carroça do Dragão" (Dragon Wagon). O cavalo mecânico estava equipado com uma cabine levemente blindada ( 16 mm a frente e aos lados e 6,4 mm na traseira), eficiente contra o fogo de armas leves e estilhaços de artilharia, que podia transportar com segurança sua tripulação de até sete homens. Seu grupo propulsor podia ser composto pelos robustos motores a gasolina TM 9-1767A ou Hall-Scott 440, ambos com 6 cilindros em linha de 17,86 litros, que produziam cerca de 240 cv em potência máxima (motores projeto marítimos produzidos desde o início da década de 1930, sendo comprovadamente eficientes e de baixa manutenção). Estes operariam em conjunto com uma transmissão automática com quatro marchas à frente e uma ré, atingindo pouco mais de 40 km/h em estradas pavimentas e cerva de 19 km/h em ambiente fora de estrada (off-road).  Apesar de serem empregados mais habitualmente na configuração M-26 para o transporte sobre a prancha de veículos pesados, o M-25 estava equipado com três guinchos hidráulicos, um posicionado à frente, sob o para-choques e ancorado no chassi, que tinham a capacidade de tracionar veículos de até dezoito toneladas.   

Apesar de prover o transporte dos veículos pesados avariados em combate o com problemas técnicos da linha de frente para a retaguarda, o principal objetivo do conjunto M-26 Dragon Wagon  era o de tentar recuperar in loco os carros de combate, e para isso contavam com um amplo leque de ferramentas destinadas a esta missão, incluindo equipamento completo de soldagem, compressor de ar, correntes, cabos de reboque, polias hidráulicas de dez e vinte toneladas e outros acessórios adequados à tarefa de recuperar blindados em campo. Esta suíte de ferramentas podia ainda receber a opção de instalação de um pequeno guindaste na parte traseira da cabine com a finalidade de levantar cargas leves, ou para mudar uma roda. Além disso, na parte traseira, havia uma estrutura dobrável em forma de "A "que podia ser erguida e travada em diferentes posições para facilitar o arraste dos veículos a serem recuperados. Muitas vezes estas missões de socorro poderiam se dar em zonas de conflagração com alto risco, e para autodefesa o M-26 Dragon Wagon dispunha de uma escotilha no teto da cabine com anel deslizante no qual uma metralhadora Browning calibre .50 podia ser instalada. Além disso, a tripulação dispunha de um kit de armamento pessoal como metralhadoras Thompson, carabinas M-1, pistolas, granadas de mão e sinalizadores. Os primeiros M-25 e M-26 Dragon Wagons começariam a ser destacados para o teatro de operações na Europa em maio de 1943 principalmente no teatro italiano, passando a executar com maestria a missão para qual foram desenvolvidos. Curiosamente ao contrário do esperado, observou-se que estes veículos de socorro acabariam não sendo frequentemente utilizados em operações de recuperação durante o calor da batalha, o que tornava complemetamente desnecessária a ampla blindagem de cabine empregada. Assim a este sistema acabaria por ser suprimido na nova versão M-26A1, reduzindo além do peso total, o seu custo de produção final. 

Seu maior emprego no teatro de operações europeu se daria partir dos dias em que seguiram os desembarques da Operaçao Overload na invasão aliada no continente, avançando em conjunto com as divisões blindadas do Exército dos Estados Unidos (US Army) no interior da França, Holanda e Bélgica. Neste cenário teriam um extenso emprego, principalmente em face do alto número de carros de combate M-4 Sherman avariados em batalha contra os modelos superiores do Exército Alemão (Wehrmacht). Vale salientar que os índices de disponibilidade da frota de de carros de combate aliados neste cenário seriam amplamente influenciadas pela pronta resposta em missões de recuperação pelos M-25 Dragon Wagon. Curiosamente registros fotográficos apresentam diversas ocasiões em que estes veículos foram empregados para transportar para as linhas de retaguarda, inúmeros carros blindados alemães capturados a fim se serem enviados para os Estados Unidos e Grã-Bretanha para avaliação de desempenho, visando descobrir fortalezas e fraquezas de seus projetos. Algumas poucas dezenas de veículos do modelo M-25 Dragon Wagon seriam empregados no teatro de operações no pacífico, com destaque durante a Batalha de Okinawa em 1945 (abril-junho). Próximo ao término do conflito, a introdução em serviço no Exército dos Estados Unidos (US Army) de carros de combate com peso de deslocamento superior ao M-4 Sherman, levariam a necessidade de adaptação principalmente da carreta, nascendo assim a versão M-15A1 que expandia a capacidade de transporte para veículos com peso igual ao novo carro de combate M-26 Pershing. O eclodir da Guerra da Coreia (1950-1953) levaria os caminhões M-25 e M-26 Dragon Wagon, a atuar novamente em um cenário de conflagração real, quando seriam deslocados para este teatro de operações. Novamente a introdução de carros de combate mais pesados, levaria a necessidade de melhorias na motorização dos M-26, e a criação de uma nova versão da carreta (trailer) que receberia a designação de M-15A2. 

O M-26 Dragon Wagon continuaria em uso no Exército dos Estados Unidos (US Army) até meados do ano de 1955, quando passariam a ser substituídos novos caminhões semi tratores sob rodas  Mack M- 123 e  Mack M-125 com tração 6X6 de dez toneladas. Curiosamente as antigas carretas (trailer) M-15A2 passariam a operar com estes novos veículos se mantendo em uso ativo até o início da década de 1970, sendo empregado inclusive na Guerra do Vietnã. Com sua retirada do serviço ativo, muitas unidades remanescentes em bom estado de conservação, passariam a ser comercializadas no mercado civil, sendo empregados em tarefas de reboque de veículos pesados em áreas de dificil acesso e trânsito, principalmente em tarefas de reboque de vagões de trem. No entanto seu emprego comercial em rodovias era proibido devido a sua velocidade máxima ser inferior a 50 km/h.  Algumas unidades seriam empregas pela NASA (Administração Nacional do Espaço), transportando conjuntos dos foguetes Saturno durante o programa Apollo. Ao todo até o ano e 1945 seriam produzidos dois mil e cem veículos da família M-26 Dragon Wagon. Algumas dezenas seriam cedidos nos vantajosos termos de programas de ajuda militar a paises como França, Japão, Grã-Bretanha, Brasil, França e Iugoslávia, permanencendo em uso até meados da década de 1970. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. 

Entre os anos de 1942 a 1945, o Exército Brasileiro viria a receber nos termos deste acordo, mais de seiscentos modernos carros de combate divididos entre os modelos M-3 Lee, M-3/A1 Stuart e M-4 Sherman. O contínuo emprego destes meios em conjunto com veículos blindados de transporte de tropas, resultariam nos primeiros passos para o o domínio de uma operação efetiva no país de carros de combate. Ocorre, no entanto, que por fatores não divulgados o Exército Brasileiro, jamais receberia neste período, qualquer quantidade de veículos de socorro sobre rodas ou sob esteiras especializados em tarefas de recuperação e transporte de blindados de combate deste porte, como os porte como os M-32 Sherman, M-31B1 Lee ou M-25 Dragon Wagon. Dispondo e operando uma grande frota de carros de combate, a frota de carros de combate brasileira, seria ao longo dos anos acometidas de muito incidentes e falhas mecânicas, quando do emprego em exercícios operacionais em terrenos irregulares e trajetos fora de estrada. Nestas ocorrências, caso não houvesse a a viabilidade do reparo no local devido ao nível da falha mecânica, se fazia necessário remover o carro de combate e transportá-lo até os locais específicos para manutenção. É fato afirmar que sem dispor de veículos de socorro especializados, geralmente estas tarefas representavam desafios hercúleos, levando assim os mecânicos e o corpo de engenheiros a fazer uso de uso de soluções improvisadas, como emprego de carros de combate similares, ou ainda empregar os robustos tratores Minneapolis Moline GTX 147 G-641. Estas soluções paliativas, apesar de lograram relativo êxito, demandavam um tempo de execução muito alto, criando frequentes problemas de indisponibilidade continuada dos carros de combate envolvidos, principalmente se estes fossem dos modelos M-3 Lee e M-4 Sherman que apresentavam um peso de deslocamento superior aos usuais carros de combate leves M-3 Stuart (que compunham naquele período o esteio da frota de carros blindados). 
Já o transporte por via rodoviária em termos práticos, quando em operações de deslocamento da frota com maior rapidez, se mostraria algo praticamente impossível, pois não havia disponíveis caminhões ou pranchas rodoviárias adequadas, e em número suficiente para o emprego neste tipo de missão. Neste contexto na busca de atendimento destas demandas, seriam realizados alguns experimentos, fazendo uso de poucos Tratores sobre Cavalo Mecânico Emprego Geral de oito toneladas (VTTNE) dos modelos Corbitt-White G-512 Model 50SD6 e Diamond T-980 conjugados com carretas produzidas localmente para o transporte de carros de combate, se limitando, porém, a operação com os carros leves M-3 e M-3A1 Stuart.  Até o final da Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro viria a receber mais veículos militares nos termos do Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), porém curiosamente nenhum veículo especializado de grande porte, capaz de recuperar e transportar os carros de combate blindados imobilizados. Infelizmente durante os anos seguintes a Força Terrestre não teria esta deficiência atendida, gerando uma grande lacuna na doutrina operacional de recuperação e manutenção de carros de combate com eficiência. No final da década de 1940, os Batalhões de Carros de Combate (BCC), começaram a registrar vários eventos recorrentes de quebra em campo de seus carros de combate, mais notadamente relacionados a frota de carros M4 Sherman, criando como no passado, uma série de transtornos operacionais para sua remoção e transporte até os pontos de manutenção. Ao longo dos anos seguintes estas ocorrências se tornariam mais e mais frequentes devido ao fator de envelhecimento da frota de carros de combate do Exército Brasileiro.   

Com esta demanda se tornando cada mais emergencial, a direção da Escola de Motomecanização (EsMM) no Rio de Janeiro, começaria a desenvolver estudos visando solicitar ao Ministério do Exército a disponibilização de pelo menos o mínimo necessário em termos de equipamento, para assim iniciar o desenvolvimento da doutrina operacional de recuperação e transporte de carros de combate em campo. A oportunidade de ser atender a esta importante demanda começaria a se materializar no início da década de 1950, quando o governo brasileiro fazendo uso dos termos do programa de ajuda militar norte-americano MAP (Militay Assistence Program – Programa de Assistência Militar) iniciou um gradual processo de ampliação e modernização de suas forças armadas. Neste primeiro estágio, o Exército Brasileira seria beneficiado com o recebimento de trinta carros de combate M-4 Sherman, juntamente com cinquenta motores radiais de reposição. O pacote abrangeria também uma limitada quantidade de veiculos e apoio e socorro em campo de carros de combate, incluindo um M-32 Recovery Vehicle, três M7-4 Recovery Vehicle, um M-39 (para transporte da equipe de manutenção) e por fim um conjunto M-25 Dragon Wagon (composto por um cavalo mecânico sobre rodas M-26 e uma carreta M15A1).  Tanto o M-26 quanto a prancha rodoviária M-15A1 recebidos, eram oriundos dos estoques do Exército dos Estados Unidos (US Army), representando a primeira versao deste conjunto a entrar em operaçao durante a Segunda Guerra Mundial. Não existem registros oficiais quanto a operação do único M-25 Dragon Wagon no Brasil, mas acredita-se que tenha sido mantido na Escola de Motomecanização (EsMM) durante sua carreira operacional, infelizmente não existem dados sobre e quando o cavalo mecânico e a carreta foram retirados do serviço ativo. 
Apesar de sua breve carreira no Exército Brasileiro, o emprego do "conjunto" M-25 Dragon Wagon, acabaria por fornecer subsídios para o desenvolvimento de veículos de produção nacional destinados a esta tarefa, a exemplo dos modelos FNM D-11000 e Scania 110 Super 6x6 17 toneladas (militarizado pela Engesa S/A). Quanto ao destino final do M-26 Dragon Wagon brasileiro, pairam diversos mistérios, com sua última aparição registrada como parte do acervo do Museu do Forte Copacabana no Rio de Janeiro, infelizmente acabaria por ser removido juntamente com outros veículos em fins da década de 1970. Especula-se que o M-26 foi levado para as instalações da empresa Avibras S/A na cidade de Sao José dos Campos - SP, a fim de ser empregado como objeto de estudo no desenvolvimento da carroceria e cabine blindada do veículo lançador do sistema de foguetes Astros II. Porém também não podemos descartar o fato de ter sido vendido como sucata ou ainda repousar perdido em alguma unidade do Exército Brasileiro. Quanto a prancha rodoviária M-15A1 existem informações que a mesma é parte integrante do acervo do Museu Militar Brasileiro na cidade de Panambi, no interior do estado do Rio Grande do Sul. 

Em Escala.
Para representarmos o M-26 Dragon Wagon “EB30-120” pertencente a Escola de Motomecanização (EsMM), empregamos o excelente kit produzido pela Tamiya na escala 1/35.  Modelo este que apresenta um excelente nível de detalhamento e grande quantidade de acessórios. Empregamos decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set  "Exército Brasileiro - Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982 ".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército dos Estados Unidos (US Army),  aplicado durante a Segunda Guerra Mundial, recebendo como alteração somente as marcações nacionais. Durante toda sua carreira o M-26 Dragon Wagon ostentaria este padrão com suas últimas fotos coloridas realizadas no Museu do Forte Copacabana na década de 1970, atestando esta informação.

 




Bibliografia : 

- M-26 Tank Transporter – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/M25_Tank_Transporter 

- M2-6 Dragon Wagon Walk Around – David Doyle 

- Veiculos Militares  do Brasil – EB e CFN https://www.facebook.com/groups/blindadosbrasil  

Spad XIII na Aviação Militar

História e Desenvolvimento.
A empresa francesa SPAD (Société Pour L'Aviation et ses Dérivés), foi criada em 1911 como Aéroplanes Deperdussin, tornando-se a Société de Produção des Aéroplanes Deperdussin no ano seguinte. Seu fundador Armand Deperdussin iniciou sua vida profissional como vendedor ambulante e cantor de cabaré nas cidades de Liège e Bruxelas, seu viés comercial iria lhe trazer no futuro uma grande fortuna no negócio da seda.  Deperdussin tornou-se fascinado pela aviação em 1908, decidindo assim a partir do ano seguinte investir no segmento de aeronaves, contratando para isso o engenheiro Louis Béchereau para atuar como diretor técnico. Béchereau seria responsável pelos projetos de várias aeronaves, entre estas o Deperdussin TT que se mostrou como foi um considerável sucesso de exportação, com sessenta e três sendo construídos pela empresa Lebedev na Rússia e outros em Highgate, em Londres, pela British Deperdussin Company. A partir de 1911, a empresa passou a produzir aeronaves em uma nova fábrica em Grenelle, nos subúrbios de Paris. Porém em 1913 seu fundador seria preso por fraude fiscal e financeira o que levaria a paralização das atividades. Armand Deperdussin , apesar apresentar de aguerrida defesa jurídica acabou sendo condenado, isto lhe traria um grande impacto em sua saúde mental, o que o motivaria a tirar sua própria vida. Com o financiamento desonrado e seu fundador preso a empresa foi paralisada, ameaçando assim futuro desta empresa. Detentora de um grande potencial tecnológico, o espolio da empresa passou a ser disputado por várias empresas nacionais, com um consórcio liderado por Louis Blériot arrematando os ativos da empresa em 1913, passando a reorganizar a empresa como Société Pour L'Aviation et ses Dérivés, mantendo a sigla SPAD.

Os primeiros projetos Béchereau-SPAD foram representados por aviões biplanos incomuns de dois lugares com o piloto instalado logo atrás das asas, como em um projeto convencional, enquanto o observador - artilheiro estava sentado em uma nacele, ou púlpito, em frente à hélice, conjunto este afixado no trem de pouso. Este projeto conceitual foi implementado na série SPAD A, nos modelos S.A.1, S.A.2, S.A.3 e S.A4, sendo exportado em pequenos lotes para a arma aérea francesa (principalmente S.A.2) e russa (principalmente S.A.4). No entanto a disponibilidade do novo caça Nieuport 11 e o desenvolvimento subsequente de um sincronizador eficaz de metralhadoras pelos franceses tornaram esta configuração incomum rapidamente obsoleta. Nesta fase da construção aeronáutica, o desempenho nos primeiros projetos de aeronaves dependia diretamente dos motores, ciente deste cenário o designer suíço Marc Birkigt estudou o desenvolvimento de um grupo propulsor aeronáutico com base no motor automotivo Hispano-Suiza V8, resultando em conjunto de 330 libras capaz de produzir 140 cv a 1.400 rpm, no ano seguinte um refinamento trouxe a potência para 150 cv. Dado o potencial do motor, as autoridades francesas ordenaram que a produção fosse configurada o mais rápido possível e chamaram os projetistas de aeronaves para criar um novo caça de alto desempenho em torno do motor, chamado Hispano-Suiza 8A. Assim Louis Béchereau, rapidamente produziu desenhos para um protótipo de caça equipado com o novo motor, gerando assim o modelo SPAD V, que era uma versão menor do SPAD S.A de dois lugares.
Uma das muitas características de design comum entre o novo SPAD V e o S.A-2 foi o uso da configuração de asa biplano com baía única com suportes de luz adicionais montados no meio da baía no ponto de junção dos fios de sustentação e de pouso. Este projeto simplificaria o sistema de cabos, levando a redução de vibração, reduzindo o arrasto. A fuselagem apresentava a construção padrão da época, consistindo em uma estrutura de madeira coberta com tecido, enquanto a parte dianteira estava coberta com chapas metálicas. Uma metralhadora refrigerada a agua Vickers .303 calibre 7,7 mm, seria instalada acima do motor, sincronizada para disparar através do arco da hélice. O protótipo inicial foi equipado com um grande spinner na hélice que seria abandonado nos modelos de série. Outra característica de design comum dos caças da época que seria empregado tanto no SPAD VII como no seu sucessor o SPAD XIII era a conexão dos controles dos aileirons com sistema pushrod em conjunto com um par de bellcranks expostos de 90º nas saliências dos painéis da asa inferior para operar flexões verticais. O primeiro protótipo alçou voo em abril de 1916, com os testes revelando. Os testes de voo revelaram excelente velocidade máxima de 192 km/h, e taxa de subida de 4,5 min a 2.000, revelando também grande capacidade de mergulho. A combinação de alta velocidade e boa capacidade de mergulho prometeu dar aos pilotos aliados a iniciativa de se envolver ou sair do combate. Se o novo caça era uma plataforma de tiro robusta e estável, alguns pilotos lamentaram sua falta de manobrabilidade, especialmente quando comparados a tipos mais leves como o Nieuport 17, podendo assim ser facilmente sobrepujado em voo.

Diante de tal desempenho, um contrato inicial de produção foi feito em 10 de maio de 1916, exigindo que as 268 aeronaves, fossem designadas SPAD VII C.1 (C.1, de avion de chasse em francês, indicando que a aeronave era um caça, enquanto a 1 indicava que era um único assento). As aeronaves do primeiro lote de produção apresentaram uma série de defeitos, que em face do processo de correção iriam impor atrasos e limitar as taxas de entrega as unidades no front. Poucas células chegariam as unidades de linha de frente no último semestre de 1916, com esta situação sendo normalizada somente a partir dos primeiros meses de 1917. O emprego operacional evidenciaria uma série de falhas de projeto que seriam provisoriamente resolvidas em campo, porém clarificaria a necessidade de se implementar melhorias no projeto, inclusive seguindo as demandas de usuários de exportação do modelo como Inglaterra e Rússia. O primeiro resultado seria o SPAD XII armado com um canhão de 37 mm e motor HS.8B de redução de marcha, infelizmente este modelo não seria bem aceito, levando a equipe de projetos novamente a repensar o modelo. Nascia assim o novo SPAD XIII que realizaria seu primeiro voo em 4 de abril de 1917. O novo modelo era um avião biplano monomotor compartilhando com seu antecessor o processo de estrutura e materiais, apresentando como novidade o potente motor HS.8Be V8 com 200 cv de potência e armamento renovado com um par de metralhadoras Vickers. Durante maio de 1917, apenas um mês após o voo inaugural do tipo, as entregas para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) começaram. A nova aeronave rapidamente se tornou um elemento importante nos planos franceses para sua força de caça, sendo esperado para substituir o SPAD S.VII, bem como os poucos caças Nieuport restantes no serviço de linha de frente.
No entanto, esses planos sofreram atrasos, sendo que no final de março de 1918, apenas 764 caças haviam sido entregues em comparação com uma força planejada de 2.230. Mesmo assim o SPA XIII equiparia praticamente todos os esquadrões de caças franceses, compreendendo setenta e quatro Esquadrilhas durante a Primeira Guerra Mundial, permanecendo em serviço até fins de 1923. O modelo seria empregado em larga escala pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), chegando a equipar quinze dos dezesseis esquadrões operacionais no front. Também o  Corpo Voador Real (Royal Flying Corps RFC) britânico faria uso do SPAD XIII durante o conflito, e por fim o Corpo Aeronáutica Militar Italiano (Corpo Aeronautico Militare) seria o último operador do modelo durante a Primeira Guerra Mundial. A aeronave seria ainda exportada a partir de 1919 para a Argentina, Bélgica, Brasil, Grécia, Japão, Rússia, Servia, Siam, Espanha, Turquia, Uruguai e Tchecoslováquia. Um total de 8.772 aeronaves seriam produzidas até meados de 1920, com as últimas células sendo retiradas do serviço ativo no início da década de 1930.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O Brasil teve uma participação modesta na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já que não possuía neste momento grandes recursos bélicos. Assim sendo, o país limitou-se a fornecer apoio pontual, em colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha. Em 3 de abril de 1917, um navio mercante dos Estados Unidos foi torpedeado por submarinos alemães e, no mesmo dia, um navio brasileiro também o foi no Canal da Mancha na costa do Reino Unido. Isso provocou o rompimento das relações diplomáticas dos dois países com o Império Alemão. Pouco tempo depois, os Estados Unidos entraram na guerra contra a aliança entre austríacos e alemães. Depois de outros navios brasileiros serem torpedeados novamente, na costa do Mar Mediterrâneo, o então presidente Venceslau Brás assinou após aprovação no Congresso Brasileiro a declaração de guerra contra a Tríplice Aliança no dia 26 de outubro de 1917. Apesar de limitada, a participação brasileira evidenciou a total obsolescência do Exército Brasileiro perante a nova realidade militar mundial, mostrando uma necessidade fundamental de atualização, não só em termos de material, mas também de doutrina e cultura.  No intuito de reverter este cenário, o governo brasileiro no segundo semestre do ano de 1918 iniciou tratativas junto ao governo francês a fim de estudar o desenvolvimento de consultoria e assessoria militar no intuito de modernizar as forças do Exército Brasileiro. As negociações para o contrato ocorreram em Paris, entre o adido militar brasileiro na França, coronel Malan d’Angrogne, e o ministro da Guerra francês, Georges Clemenceau. Já naquele momento o chefe designado, general Maurice Gamelin, se encontrava em missão de reconhecimento no Brasil. O contrato foi assinado poucos meses depois na capital francesa e ratificado logo em seguida no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, criando assim oficialmente a “Missão Militar Francesa”. 

Os termos do contrato estipulavam que oficiais franceses comandariam durante quatro anos as escolas de Estado-Maior (EEM), de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), de Intendência e Veterinária; e que o Brasil se comprometia a privilegiar a indústria francesa em suas compras de armas e equipamentos militares com a condição de que o material oferecido, o prazo de entrega e os preços fossem no mínimo equivalentes aos de outros países fornecedores. Neste escopo havia destaque para a aérea de aviação, com a contratação de oficiais aviadores e mecânicos franceses que iriam auxiliar no estabelecimento de uma escola de aviação para o Exército Brasileiro. Além da contratação de pessoal, as negociações incluíram a aquisição de aeronaves e de material de apoio destinados a equipar a futura Escola de Aviação Militar (EAvM). Entre as muitas aeronaves encomendadas, encontrava-se um lote de aeronaves SPAD XIII, os primeiros aviões de caça da arma de aviação do Exército Brasileiro. Conquanto seja difícil por falta de registros oficiais, estabelecer com exatidão o período em que os caixotes com esses aviões chegaram ao Brasil, existem evidências de que um grupo de dez células SPAD XIII foi montado e ensaiado por pessoal francês, no Campo dos Afonsos durante o mês de agosto de 1920.  As dez células remanescentes permaneceram desmontadas e abrigadas nos caixotes nos quais chegaram até o mês de agosto de 1921, quando também foram montadas e colocadas em condições de voo.  Tendo em vista que neste período a Escola de Aviação Militar (EAvM), mal havia completado um ano de existência, com a decisão de se disponibilizar apenas parte das aeronaves possivelmente foi influenciada devido a total falta de pessoal brasileiro devidamente capacitado.
De igual forma, a falta de pessoal inibiu a imediata formação de uma unidade aérea específica para operar essas aeronaves recém incorporadas. Distribuídos a Escola de Aviação Militar (EAvM), foi somente no final de 1920 que os SPAD XIII que se encontravam montados foram reunidos numa subunidade, criando assim a Esquadrilha de Aperfeiçoamento (Esqda. Aperf.), que, ao receber os pilotos diplomados do Curso de Pilotos Aviadores da Escola de Aviação Militar (EAvM), tinha como principal tarefa a transformação daqueles pilotos em aviadores militares, por meio de um curso ministrado por um oficial francês e focalizado nas diversas formas de emprego do avião como um instrumento de guerra. O nível de desenvolvimento das aptidões dos novos aviadores militares brasileiros permitiu que dois segundos tenentes do exército, realizassem o primeiro voo militar brasileiro entre Rio de Janeiro e São Paulo. Fazendo uso de duas células do SPAD XIII, os dois oficiais decolaram do Campo dos Afonsos no dia 11 de junho de 1921 e regressaram no dia 13 do mesmo mês. Em decorrência da decisão de desdobrar elementos da Aviação Militar para o sul do Brasil, em agosto de 1921, foram montados os dez SPAD XIII que ainda se encontravam encaixotados. Paralelamente, o Ministro da Guerra determinaria naquele mesmo mês, que fossem adquiridos terrenos em distintos pontos do Rio Grande do Sul, que não somente deveriam ser preparados, como deveriam contar com hangares e oficinas para apoiar as aeronaves.

A extensão dos trabalhos a serem realizados nas cidades rio-grandenses de Alegrete, Santa Maria e Pelotas para prover o mínimo de infraestrutura demandaria um tempo superior ao estimado inicialmente, muito em função do baixo desenvolvimento destas regiões. Entre as principais alterações era o prolongamento das instalações e vias de acesso até os ramais férreos mais próximos (pois era o melhor modal a ser empregado para o translado das aeronaves e material de apoio). Foi somente em dezembro de 1921 que as composições férreas que levaram a dotação inicial de material para as unidades aéreas que iriam operar no Rio Grande do Sul partiram do Rio de Janeiro (RJ). Finalmente, com o mínimo de instalações já prontas e adequadas para a realização de missões aérea, o ministro da Guerra João Pandiá Calógeras, criou provisoriamente via decreto um novo Grupo de Esquadrilhas de Aviação, sendo estas unidades subordinadas a 3º Região Militar. Com três esquadrilhas e um parque de aviação para apoiar as atividades das unidades aéreas, essas foram repartidas entre as bases aéreas de Alegrete e Santa Maria. Nove aviões SPAD XIII foram enviados para o sul, passando a integrar a 1ª Esquadrilha de Caça, que repartiu sua sede em Santa Maria com a 3ª Companhia Provisória de Parque de Aviação. Muito pouco se sabe das atividades que a 1ª Esquadrilha de Caça realizou durante sua existência, que, juntamente com as demais unidades do Grupo de Esquadrilhas de Aviação, foi dissolvida no dia 12 de março de 1928. Conquanto algo do material aeronáutico lá tenha permanecido até janeiro de 1930, algumas informações indicam que os SPAD XIII regressaram ao Campo dos Afonsos no transcorrer de 1929.
Por sua vez, os SPAD XIII que permaneceram no Campo dos Afonsos continuaram a ser usados na formação final dos aviadores diplomados pela Escola de Aviação Militar (EAvM). Porém, a fragilidade do material, cujos motores precisavam de revisão geral a cada cinquenta horas de voo, resultou em índices de disponibilidade cada vez mais baixos. Ao chegar ao fim do ano de 1924, somente dois SPAD XIII estavam disponíveis; os demais se encontravam em péssimo estado e precisavam de extensos reparos. A chegada de material aeronáutico mais moderno em 1927 fez com que o uso dos SPAD XIII fosse gradativamente reduzido. Finalmente, em janeiro de 1930, foram excluídos da carga da Escola de Aviação Militar (EAvM). os dois últimos SPAD XIII, que aparentemente não voavam desde o ano anterior.

Em Escala.
Para representarmos o SPAD XIII da Aviação Militar do Exército, empregamos o excelente kit na 1/48 da Eduard, modelo este que apresenta um excelente nível de detalhamento, sendo muito superior aos demais kits deste modelo no mercado. Fizemos uso de decais confeccionados pela FCM Decais retirados de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado pelos SPAD XIII quando em uso pela Aviação Militar do Exército Brasileiro. Infelizmente existem poucas fotos de época com qualidade aceitável para podermos afirmar que as cores e marcações no modelo apresentado são iguais as aeronaves reais.

Bibliografia :

Brasil na Primeira Guerra Mundial - www.historiadomundo.com.br

SPAD S.XIII - https://en.wikipedia.org/wiki/SPAD_S.XIII

Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores