Douglas A-20K e A-20C Havoc

História e Desenvolvimento.
A Douglas Aircraft Company seria fundada pelo empresário Donald Wills Douglas no dia 22 de julho de 1921 na cidade de Santa Monica no estado da Califórnia nos Estados Unidos, após a dissolução da Davis-Douglas Company. Um de seus primeiros marcos de notoriedade seria conseguido a partir de 1923 com o programa "World Flight", uma demanda do Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USASS), que objetiva circum-navegar a Terra pela primeira em aeronaves. Atendendo a esta demanda, a empresa proporia o emprego de um modelo modificado do bombardeio biplano Douglas DT, esta aeronave ficaria conhecida como Douglas World Cruiser (DWC) e representaria o primeiro grande projeto de Jack Northrop. Quatro aeronaves seriam encomendadas, com a última célula sendo entregue aos militares em 11 de março de 1924, após diversas dificuldades e inerentes acidentes durante o percurso, esta importante jornada lograria êxito, levando a companhia a adotar o lema  "First Around the World" (Primeira Volta ao Mundo). Nos anos seguintes passaria a produzir uma variada gama de aeronaves militares, se especializando nesta fase em bombardeiros torpedos para a Marinha dos Estados Unidos (US Navy). A empresa manteve seu mercado militar e expandiu-se para aviões anfíbios no final da década de 1920, também mudando suas instalações para Clover Field em Santa Monica, Califórnia. Em 1934, Douglas produziu um avião comercial de transporte bimotor, o Douglas DC-2, a ampla gama de aeronaves produzidas pela empresa incluía aviões, bombardeiros leves e médios, aviões de caça, transportes, aeronaves de reconhecimento e aeronaves experimentais. Seu maior sucesso seria representado em 1936 com o lançamento do Douglas DC-3, que pode ser considerado como o avião de transporte mais significativo já feito, incluindo neste contexto sua versão militar o  C-47 Skytrain ou "Dakota" quando em serviço junto as forças armadas britânicas. Este retumbante sucesso permitiria a empresa a investir em outros nichos de aeronaves militares, assim em fins da década de 1930, seria decidido desenvolver uma aeronave média de bombardeio de alta velocidade capaz de transportar uma razoável carga de bombas e ágil o bastante para escapar da interceptação. Este programa ficaria sob a tutela dos engenheiros aeronáuticos Donald Douglas, Jack Northrop e Ed Heinemann. Os trabalhos seriam iniciados em fins de 1936, com os primeiros conceitos sendo apresentados no primeiro trimestre do ano seguinte, recebendo a designação de Model 7A. No entanto este projeto não avançaria além do estágio conceitual, com esta decisão sendo influenciada por relatórios de inteligência norte-americana sobre a campanha aérea da Guerra Civil Espanhola (1933-1936) que apresentavam a necessidade e aeronaves de melhor performance. 

No início do ano de 1938, o Model 7A deu lugar ao Model 7B, incorporando agora os requisitos estipulados pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) em uma concorrência deflagrada para o desenvolvimento de uma aeronave de porte médio de alta velocidade.  Esta nova aeronave aproveitaria as asas projetadas para o 7A, e seria uma aeronave de dimensões maiores, trem de pouso triciclo, dotada de dois motores a pistão de 1.100HP, um alcance de 2.000 milhas e capacidade para transportar até 2.000lb de bombas. O nariz da aeronave poderia ter uma área transparente, para o bombardeador, ou transportar um conjunto de oito metralhadoras fixas de calibra .50, para ser utilizada em metralhamento contra alvos. Seu primeiro protótipo alçaria voo nas instalações da Douglas Aircraft Company em 26 de outubro de 1938, infelizmente o Douglas 7B nao seria escolhido pelos militares norte-americanos neste momento. No entanto este nao seria o fim para este projeto, pois neste mesmo momento, o mundo encontrava-se então à beira da Segunda Guerra Mundial, após a Crise de Munique, e os países europeus começariam um acelerado programa de reaparelhamento de suas forças aéreas. À época do primeiro vôo do Douglas 7B, uma comissão militar francesa encontrava-se nos Estados Unidos para adquirir aeronaves de combate e outros armamentos. Apesar da posição estritamente neutra adotada pelo governo norte-americano, até então, aquela comissão seria autorizada a avaliar o  Douglas 7B; no dia 23 de janeiro de 1939, o protótipo, pilotado pelo pilotado de testes da Douglas, John C. Able, e com um oficial francês a bordo, sofreu um acidente que destruiu a aeronave.  O piloto veio a falecer, mas a presença do oficial francês causaria um grave escândalo diplomático. Apesar desse acidente, o Douglas 7B impressionou suficientemente os franceses, que fizeram uma encomenda para 100 aeronaves (posteriormente aumentada para 270), estipulando, no entanto, que fossem feitas uma série de modificações. Dentre essas, encontravam-se a necessidade de se aumentar o alcance e a carga transportável, de se adicionar blindagem, adequar a aeronave ao uso de armamento francês e de providenciar uma cabine de pilotagem com controles ao estilo francês (os manetes de potência dos motores, por exemplo, operavam na direção inversa à norte-americana) e instrumentos no sistema de unidades métrico (em oposição ao imperial, usado pelos norte-americanos e britânicos). 
Essas modificações levariam Ed Heinemann a revisar o projeto original do 7B, a fim de melhorá-lo, resultando na aeronave Douglas DB-7. A fim de aumentar o alcance, o DB-7 tinha uma fuselagem mais profunda e estreita, o que reduzia o arrasto aerodinâmico e permitia transportar mais combustível; além disso, a área frontal da aeronave diminuiu, reduzindo a chance de ser atingida pela artilharia antiaérea durante um ataque ou metralhamento. Por outro lado, isso fez com que a cabine de pilotagem fosse do tipo “caça”, com lugar apenas para o piloto – caso o mesmo fosse incapacitado de pilotar, não teria como ser substituído por um dos membros da tripulação, a qual era composta ainda por um bombardeador e um metralhador. Experimentou-se por um tempo com controles reduzidos para o metralhador operar em tal situação, mas eram de tão pouca valia que foram removidos subseqüentemente. Em termos de armamento, optou-se por se usar um nariz parcialmente coberto com transparências, para o bombardeador, e instalou-se um par de metralhadoras (Chatellerault 7,5mm, francesas) em cada lado do nariz, disparadas pelo piloto. Atrás das asas, foi instalada uma posição para o metralhador, com uma cobertura deslizante, com uma metralhadora e, no ventre, abaixo dessa posição, instalou-se outra metralhadora. No Douglas DB-7, as asas eram montadas à meia-altura na fuselagem, e as nacelas dos motores – Pratt & Whitney R-1830-SC3-G – foram instaladas abaixo das asas, permitindo com isso que as pernas do trem de pouso tivessem uma altura aceitável. Com todas essas modificações, dentre outras, o protótipo fez seu primeiro vôo em meados de agosto de 1939 e o primeiro exemplar de série foi entregue pela fábrica da Douglas em El Segundo, Califórnia, em outubro do mesmo ano. Era o início da carreira de uma aeronave que se tornaria famosa pelo seu desempenho em combate. Aos DB-7, seguiram-se os DB-7A, equipados com motores Wright R-2600-A5B de 1.600HP, cem dos quais foram encomendados pela França. Poucos DB-7 e DB-7A, no entanto, chegaram àquele país, antes da derrota frente à Alemanha durante a Primavera de 1940; o restante das aeronaves foi adquirida pela Grã-Bretanha e os DB-7 foram denominados localmente como Boston I e Boston II. A Força Aérea Real (RAF) precisava de novos bombardeiros e aeronaves de ataque, pois os seus Fairey Battle e Bristol Blenheim haviam se demonstrado pouco eficazes durante a Campanha da França.

A aquisição das aeronaves anteriormente destinadas à França traria, no entanto, vários problemas, seja pelo armamento diferente, seja pelo funcionamento diferente dos comandos e da instrumentação no sistema métrico a bordo da cabine de pilotagem, o que veio a causar acidentes. Assim os novos Douglas Boston I e II foram considerados inadequados para serem usados como bombardeiros e foram modificados para uso como aeronaves incursoras noturnas ou de caça noturna, sendo rebatizadas como Havoc I (Intruder) ou Havoc II (Nightfighter). Alguns Havoc I e Havoc II receberam a modificação “Turbinlite”, que consistia na instalação de um holofote no nariz da aeronave, com a qual ela deveria iluminar bombardeiros noturnos alemães, os quais seriam então abatidos por caças Hawker Hurricane, porém tal sistema teve pouco sucesso. Outra ideia mal-sucedida foi a instalação de minas aéreas presas a cabos, estendidos por aeronaves Havoc III ou Havoc I (Pandora); apenas um bombardeiro foi abatido dessa forma. Antes disso, o comando da Força Aérea Real (RAF) já estava impressionada com a aeronave da Douglas e havia adquirido 150 exemplares em fevereiro de 1940 e mais 150 aeronaves em abril do mesmo ano. As aeronaves adquiridas apresentavam um nariz modificado e incorporavam armamento britânico, vindo a serem denominadas DB-7B pela fábrica e Boston III localmente pelos militares britânicos. Alguns desses foram posteriormente equipados com quatro canhões de 20mm em um pacote instalado sob o ventre, e designados como Boston III Intruder. Em junho de 1939, o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) procederia a aquisição de 63 aeronaves Douglas DB-7 que receberiam a designação militar de A-20. Este modelo estava equipado com dois motores Wright R-2600-7 e eram similares aos DB-7B britânicos, destas 60 aeronaves seriam convertidas em caças noturnos, P-70, equipadas com radar AI Mk. IV britânico e com quatro canhões de 20mm sob o ventre. Seguiu-se então o A-20A, dotado de motores Wright R-2600-3, similar ao Boston III britânico; o A-20B, incorporando os motores Wright R-2600-11 e equipado com metralhadores Browning 12,7mm no nariz e para o metralhador, aproximadamente 665 dos quais foram enviados à União Soviética através do Acordo “Lend-Lease”; o A-20C utilizava motores Wright R-2600-23 e tinha tanques autoselantes e melhor blindagem – encomendado pelos britânicos, a grande maioria acabou sendo utilizado pelos soviéticos e alguns foram transferidos para o  Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) após o ataque a Pearl Harbor.
O Douglas A-20D representaria uma versão leve que, aparentemente não passaria da fase de projeto. Já o A-20E nasceriam de modificações dos A-20A utilizados em treinamento e desenvolvimento. Já o único A-20F resultou da incorporação de torretas dorsal e ventral, acionadas por controle remoto, e um canhão de 37mm no nariz. A versão seguinte foi o A-20G Havoc, que passava a incorporar uma série de modificações, principalmente no tocante ao armamento. O nariz transparente seria substituído por um nariz sólido, dotado de quatro metralhadoras fixas de 12,7mm ou quatro canhões de 20mm – esses utilizados apenas nos 250 primeiros exemplares da versão; na parte inferior do nariz, foram instaladas mais duas metralhadoras 12,7mm. Os primeiros 750 exemplares produzidos (blocos A-20G-1, A-20G-5, A-20G-10 e A-20G-15) tinham uma metralhadora móvel de 12,7mm no dorso e uma 12,7mm ou 7,7mm no ventre; a partir do A-20G-20, foi instalada na posição dorsal uma torreta Martin, de controle elétrico, equipada com duas metralhadoras 12,7mm, bem como se padronizou a instalação de uma metralhadora do mesmo calibre na posição ventral. Foram instalados, ainda, dois cabides embaixo de cada asa, permitindo carregar quatro bombas de 500lb; descobriu-se também que era possível transportar 4.000lb de bombas internamente, ao invés dos 2.000lb até então utilizados. Essa foi a versão mais produzida, totalizando 2.850 exemplares entregues. O A-20J foi uma variante do A-20G, equipada com um nariz transparente, e que era utilizada como aeronave líder de bombardeio, em conjunto com os A-20G. Aproximadamente metade dos 450 exemplares produzidos foram transferidos para a União Soviética e Grã-Bretanha. A instalação de motores Wright R-2300-29 usando as fuselagens do A-20G e A-20J levou às versões A-20H e A-20K, sendo produzidos 412 e 413 exemplares dessas variantes, respectivamente. Esses foram os últimos A-20 a saírem da linha de produção, a qual encerrou-se em 1944. Durante a Segunda Guerra Mundial, os A-20, DB-7 e Boston foram utilizados em praticamente todos os teatros de operações, incluindo Noroeste Europeu, Leste Europeu, Mediterrâneo, Norte da África e Sudoeste do Pacífico, pelas forças aéreas da França – incluindo a França Colaboracionista, de 1940 a 1942, e as unidades da França Livre – Grã-Bretanha, União Soviética, Estados Unidos e Austrália.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, com o envio de um contingente militar para atuação no front europeu. 

No que tange a arma aérea, a recém-criada Força Aérea Brasileira, era a arma que mais necessitava de modernização, pois dispunha em sua frota aeronaves já obsoletas, carecendo inclusive de aeronaves de treinamento básico e avançado, o que não lhe permitir formar quantitativamente e qualitativamente pilotos militares, necessidade fundamental para a preparação de uma arma aérea forte e eficiente. Este cenário começaria a ser revertido a partir de meados do ano de 1942, quando começariam a ser recebidas modernas aeronaves de caça, patrulha, bombardeio e transporte. Neste contexto todos os recursos e aeronaves seriam destinados a efetivação de missões de patrulha e guerra antissubmarino, fornecendo assim proteção para os comboios de navios cargueiros. Neste estágio o treinamento e a consolidação das doutrinas operacionais seriam aplicados e supervisionados por equipes militares norte-americanas dentro dos moldes do USBATU – United States Brazilian Air Training Unity. Com a maturidade sendo alcançada na arte de patrulha e guerra antissubmarino (ASW), envolvendo o emprego de aeronaves Consolidated PBY-5 Catalina, North American B-25 Mitchel, Lockheed A-28A Hudson, Lockheed-Vega PV-1 Ventura B-34 e Lockheed-Vega PV-2 Harpoon B-34A, o comando da Força Aérea Brasileira, já se considerava apta para o desenvolvimento de novas especializações em missões militares de ataque, dentro deste novo escopo estava a missão de bombardeio terrestre. Para atender a esta demanda, em agosto de 1944 seriam criados através de um decreto ministerial o 1º e 2º Grupos de Bombardeio Leve (GBL), que seriam respectivamente sediados na cidade de Gravataí  no interior do estado do Rio Grande do Sul (RS) e na cidade de Guarulhos na região metropolitana de São Paulo. Estas novas unidades operacionais seriam equipadas com 30 aeronaves do Douglas A-20K Havoc cedidas dentro dos termos do programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste momento está versão representava o ápice do desenvolvimento do modelo, incluindo melhorias observadas durante o emprego em combate real das versões anteriores em diversos fronts de batalha em uma variada gama de missões de ataque. 
Porém a primeira aeronave deste modelo a ser recebida em 30 de julho de 1994, no Campo de Marte em São Paulo – SP, pertencia a versão Douglas A-20C ou Boston MK III (DB-7B), se tratando então de uma célula usada "cansada de guerra", retirada do serviço ativo junto a Força Aérea Real (RAF) e rematriculada junto a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) com número 44-336 (c/n 23559). Devido ao seu intenso emprego anterior em combate, esta aeronave deveria ser empregada somente em tarefas de instrução em solo, sendo assim destinada a Escola Técnica de Aviação (ETAv), onde receberia a matrícula FAB 6091. Este avião se manteria em uso até o início do ano de 1947 quando foi transferido para o Parque de Aeronáutica de São Paulo (PASP) a fim de ser utilizado no treinamento das equipes de manutenção, sendo utilizado neste intuito até junho de 1955 quando foi descarregado e sucateado. Já as demais células "novas de fábrica", pertencendo as subversões A-20K-10DO e A-20K-15DO, seriam a partir de junho de 1944, transladadas em voo desde a fábrica da Douglas Aircraft Company na cidade El Segundo, Califórnia, tendo como destino final a Base Aérea de Santa Cruz na cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente seria decidido concentrar nesta localidade todas as aeronaves deste modelo com o intuito de se criar um curso intensivo para pilotos e mecânicos, ministrado por oficiais da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). Este processo demandaria sessenta dias, e posteriormente estas células seriam transladadas as unidades de destino, onde após um rápido processo de implantação deram inícios as atividades operacionais e treinamentos táticos. O arrojado perfil de operação da aeronave e a pouca experiencia de seus tripulantes, logo começariam a cobrar seu preço em termos materiais e humanos, sendo perdidos em acidentes nos primeiros dois anos, as aeronaves Douglas A-20 de matrícula FAB 6079, 6075, 6081 e 6089. Infelizmente após o término do conflito o registro de acidentes não cessaria, e em meados do ano de 1947 restavam somente dezoito células em condições de voo, representando uma perda de um terço das unidades em apenas três anos de operação no Brasil. 

Estes acontecimentos motivaram a transferência do 1º Grupos de Bombardeio Leve (GBL) de Gravataí no Rio Grande do Sul para a Base Aérea de Cumbica em Guarulhos (SP), a fim de concentrar todas as aeronaves em apenas uma base.  Com os dois grupos passando a operar lado a lado, e não havendo mais distinção de qual unidade pertencia a aeronave, criar ia-se um cenário de otimização das operações e manutenção, antecipando assim a decisão de fusão dos dois grupos em uma única unidade, o que ocorreria em 01 de abril de 1947, com a criação do 1º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação (1º/10ºGAv) Esquadrão Poker.  Por mais de cinco anos, os Douglas A-20K continuariam a cumprir as missões de ataque e bombardeio tático, sendo responsáveis pela construção de uma apurada doutrina operacional neste escopo de missão. A partir de 1952, seria iniciado um processo de modernização dos meios de ataque da Força Aérea Brasileira, neste contexto seria decidido retirar os Douglas A-20K das missões de ataque. Esta movimentação criaria uma oportunidade, abrindo assim as portas para que o Esquadrão Poker se transformasse na primeira unidade especializada em reconhecimento tático a operar no país. Para o atendimento as novo parâmetro de missão, as aeronaves deveriam ser convertidas em plataformas de reconhecimento, com este processo envolvendo a retirada de todo o armamento e blindagem, contemplando a instalação de câmeras fotográficas verticais modelos Fairchild K-17B e K-17C na área do bombay original. No posto onde estavam posicionadas as metralhadoras superiores, seria instalado o posto do operador de rádio e todo o equipamento de comunicação, finalizando todas as células receberiam um programa de atualização em todos os instrumentos de navegação. Todo este processo seria realizado nas oficinas Parque de Aeronáutica de São Paulo (PqAerSP), com as aeronaves emergindo deste programa com a designação de R-20, ostentando um novo padrão de camuflagem tática, rajada em tons de castanho e verde.  Seriam convertidas onze aeronaves que receberiam nomes de batismo de origem indígena, entre eles “Aboim Ema”, “Calango”, “Jurunas”, “Trumais”, ‘Gavião”, “Paranagua”, “Bororos”, “Xavantes”, “Rio Preto”, “Suias” e “Kalapagos”. 

A primeira missão especializada do 1º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação (1º/10ºGAv) Esquadrão Poker, seria realizada no dia 10 de novembro de 1952, tornando se um marco para a aviação de reconhecimento tático no Brasil. Desta data em diante a Força Aérea Brasileira passou a contar em seu espectro de missões as atividades táticas e estratégicas de missões de reconhecimento fotográfico prévio e crítica de fotos pós ataques. A partir do ano seguinte, os Douglas R-20K Havoc passariam   também a agregar a missão de reconhecimento meteorológico. Apesar do relativo sucesso em fins do ano de 1954, a disponibilidade operacional da frota despencaria assustadoramente, principalmente devido à falta crônica de peças de reposição e ao registro de mais dois acidentes fatais. Ficava claro ao comando da Aeronáutica que os Douglas R-20K deveriam ser substituídos em um curto espaço de tempo, evitando assim afetar a capacidade operacional da Força Aérea Brasileira. Seria decidido então incorporar ao esquadrão novas aeronaves convertidas para este espectro de missão como os North American RB-25J Mitchel e Beechcraft RT-11. Assim a partir de março de 1955, os Douglas R-20K passariam a dividir a execução das missões de reconhecimento tático com estes novos vetores, esta sistemática perduraria até a primeira quinzena de outubro, quando ocorreriam as últimas missões. As células remanescentes em condições de voo seriam estocadas na Base Aérea de São Paulo (BASP) - Cumbica, duas destas com as matrículas “FAB 6085 e 6068” seriam transferidas como aeronaves de instrução em solo, respectivamente a Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAer) e ao Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA), a fim de serem empregadas em estudos e ensaios pelos alunos daquelas organizações de ensino.  O Douglas R-20 FAB 6085 depois de permanecer muitos anos exposto ao céu aberto na cidade de Guarulhos, seria retirado e restaurado para assim compor o acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL) no Rio de Janeiro, sendo testemunho da sua brilhante carreira na Força Aérea Brasileira, e da dedicação de todos aqueles que os voaram e os fizeram voar a serviço do Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Douglas A-20K Havoc “FAB 6071“, fizemos uso do antigo kit produzido pela AMT na escala 1/48. Apesar do modelo original apresentar apenas versões A-20 G e A-20J, atualmente é o único kit que mais se aproxima do modelo empregado pela Força Aérea Brasileira, levando então a necessidade de procedermos pequenas mudanças superficiais no modelo. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decals presentes no Set 48/03 para completar o conjunto.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa padrão de pintura tático da Força Aérea do Exército do Exército dos Estados Unidos (USAAF), com o qual as aeronaves foram recebidas em 1944. A partir do ano seguinte pequenas modificações inseridas neste esquema focando aspectos de identificação das aeronaves. Este padrão mantido até 1952, quando os "novos" R-20K adotaram no novo padrão de camuflagem tática, rajada em tons de castanho e verde.


Bibliografia :
- Douglas A-20 Havoc  - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_A-20_Havoc
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr.
- A-20K o Devastador na FAB, Claudio Luchesi - Revista Asas Nº6
- Havoc – O Bombardeiro Douglas A-20 na FAB – Leandro Casella – Revista Força Aérea nº 97

Submarinos Classe Humaitá - Oberon

História e Desenvolvimento.
Durante a Segunda Guerra Mundial a Marinha Alemã (Kriegsmarine), faria uso com extremo êxito de diversas classes de submarinos, que muitas vezes superavam em desempenho e tecnologia seus similares aliados. Estes resultados influenciariam decisivamente os projetos de submarinos de todas as potências militares logo no período pós-guerra, com estes agregando muito de suas características básicas. A Marinha Real Britânica (Royal Navy) detentora de grande tradição naval logo se esforçaria no desenvolvimento de novas classes de submarinos que pudessem principalmente rivalizar com a nova geração de navios soviéticos. Entre os diversos submarinos construídos neste período, destacava-se a classe Porpoise, que teria seu projeto e principalmente  desing baseados no revolucionário Ubot Tipo XXI. Os submarinos da classe Porpoise eram maiores, mas mais curtos que seus antecessores da classe T e usavam uma liga aço muito melhorada conhecido como UXW. Seu desing aprimorado permitiria um mergulho muito mais profundo, proporcionando ainda autonomia prolongada em termos de dias de imersão, graças a sistemas de recirculação e limpeza de ar muito melhorados. Os primeiros barcos da classe Porpoise seriam lançados a partir de 1956 durante a ameaça crescente da frota de submarinos da União Soviética. Apesar de contar com apenas oito navios construídos e operacionais, seu excelente desempenho iria ajudar a equilibrar a balança do poder naval na Europa durante a primeira fase da Guerra Fria. Apesar destas características positivas, seu intensivo emprego durante missões reais de patrulha de longo curo, era notório que melhorias deveriam ser implementadas a médio prazo, com a finalidade de rivalizar as novas classes de submersíveis soviéticos. Para o atendimento desta demanda a partir de 1955, uma nova classe seria desenvolvida, sendo batizada como “Oberon”, tomando como base o projeto dos submarinos da classe Porpoise. Estes novos navios apresentavam as dimensões da classe anterior, com 89,9 metros de comprimento, 8,7 metros de boca e 5,48 metros de calado, incluindo pequenas alterações em seu desing visando favorecer a força e a furtividade do submarino. Em vez de aço UXW empregado na classe Porpoise, seu casco foi construído a partir de aço QT28, que era mais fácil de fabricar e mais forte. Em sua construção seriam empregados compostos de plástico reforçado com vidro para uso na construção do invólucro frontal, permitindo assim que o submarino mergulhasse mais fundo. 

Todo este projeto seria desenvolvido inaugurando o conceito de “one man control”, no qual apenas um homem manobrava a embarcação em rumo e profundidade, com controles semelhantes aos de um avião, sendo considerado neste contexto um dos projetos mais modernos de submarinos do tipo convencional do mundo. Esta nova classe de submarinos faria uso do sistema de propulsão diesel-elétrica, com baterias de chumbo-ácido, responsáveis por fornecer energia quando os motores não podiam ser empregados. Contava ainda com dois motores diesel V-16 Admiralty Standard Range (ASR1 16VMS), cada um operando um gerador elétrico de 1280 kW 880-V, fornecendo energia diretamente para os dois motores elétricos de 3.000 cavalos de potência de freio (2.200 kW), diretamente conectados a cada hélice, ou para carregar baterias. Os motores diesel só podiam ser operados com ventilação externa, mas isso poderia ser obtido na superfície ou quando rasamente submerso pelo uso de dois snorkels, que podiam ser levantados da barbatana, repetindo o ciclo de retirada para o ambiente externo dos gases de escape dos motores e renovação do ar fresco pela embarcação através do sistema de ventilação. Com seu principal emprego visava o combate antissubmarino, os navios desta nova classe seriam originalmente armados com oito tubos de torpedo de 533,4 mm, sendo seis tubos na proa e dois tubos curtos para defesa antissubmarino na popa. A carga padrão deveria compreender uma carga de vinte torpedos para os tubos dianteiros; uma mistura de armas do tipo Mark 24 Tigerfish e Mark 8, enquanto apenas os dois torpedos Mark 20S pré-carregados seriam transportados para os tubos de popa. Alternativamente minas poderiam ser transportadas em vez de torpedos, podendo prever até cinquenta minas dos tipos Mark 5 Stonefish ou Mark 6 Sea Urchin. Essa classe também dispunha de maior velocidade sob a água, maior autonomia e um sofisticado sistema digital com computadores Ferranti TIOS 24B para direção de tiro, além de um sonar mais avançado, num grande domo no alto da proa. Este era do modelo THORN EMI Type 197CA de média frequência, passivo/ativo para busca e ataque, e a suíte de sonar incluía o hidrofone lateral BAC Type 2007AA de baixa frequência, para busca, tornando-os especialmente adequados à luta antissubmarino. 
O projeto seria aprovado pelo almirantado inglês, levando em setembro de 1957 a celebração de um contrato para a construção de treze navios para a Marinha Real Britanica (Roya Navy), sua fabricação seria destinada aos estaleiros Chatham, Cammell Laird, Vickers-Armstrongs e Scotts Shipbuilding. O primeiro navio da classe Oberon, o HMS Orfeu seria comissionado em 1960, sendo seguido em 1961 pelo HMS Oberon. Os demais navios receberiam os nomes de HMS Ocelot, HMS Odin, HMS Olympus, HMS Onslaught, HMS Opossum, HMS Orófio, HMS Osiris, HMS Lontra, HMS Otus com o último navio, o HMS Onyx sendo comissionado em 1967. Em serviço ativo a Classe Oberon, se mostraria muito mais silenciosa que suas contrapartes norte-americanos, com esta característica levando estes navios a serem constantemente empregados em operações clandestinas, realizando vigilância e inserção de forças especiais na Europa, missões estas de ordem vital durante o auge na Guerra Fria. Mais tarde navios desta mesma classe, pertencentes as marinhas do Canadá e Australia, seriam empregados neste mesmo perfil de missão nas regiões do Oceano Pacífico Ártico, sudoeste da Asia e Mar do Japão. Em 1968, a Marinha Canadense se tornaria o primeiro cliente de exportação da Classe Oberon, com um contrato para o fornecimento de três navios, com estes diferindo do projeto original por contar com melhores sistemas de ar-condicionado, sendo customizados ao fazer o emprego no maior número possível de de componentes básicos produzidos localmente. Os submarinos Oberon canadenses seriam armados com torpedos norte-americanos, inicialmente o modelo Mark 37 e posteriormente Mark 48. Estes navios foram batizados como HMCS Ojibwa, HMCS Onondaga e HMCS Okanagan, e seriam incorporados respectivamente em 23 de setembro de 1965, 22 de junho de 1967 e 22 de junho de 1968. Em meados da década seguinte mais dois submarinos usados pertencentes a Marinha Real (Royal Navy) seriam adquiridos, mas nunca comissionados, com um destes sendo destinado a tarefas de treinamento estático na base naval de Halifax e outro sendo empregado em um processo de canibalização para obtenção de peças de reposição.  

A Marinha Real Australiana (RAN) se tornaria segundo cliente de exportação, com um contrato sendo firmado no ano 1965 envolvendo a construção de quatro submarinos. O primeiro batizado como HMSA Otway seria comissionado em 1968, e os demais como HMSA Fornos, HMSA Onslow, HMSA Orion, HMSA Otama e HMSA Oxley, que seriam incorporados até o final do ano de 1978. Estes submarinos australianos seriam equipados com sistemas e sonares de origem norte-americana (Sperry Micropuffs) e conjunto e ataque Krupp CSU3-41. Em termos de armamento faziam uso de torpedos norte-americanos Mark 48, podendo carregar até vinte e duas destas armas para os tubos da frente e seis dos quais foram pré-carregadas. Os submarinos australianos seriam posteriormente atualizados em termos de sistemas eletrônicos sendo capacitados para operar com os mísseis norte-americanos Harpoon antinavio. Assim em março de 1985, ao largo da ilha de Kauai, no Havaí, HMAS Fornos tornaria-se o segundo submarino convencional no mundo e o primeiro classe Oberon a lançar misseis subsuperfície, disparando mísseis Harpoon, com sucesso, acertando o alvo por cima do horizonte. Por conseguinte, a designação para o Oberons australianos mudariam de SS para SSG, classificando seu novo perfil operacional. Seria relatado que os submarinos australianos conduziram operações regulares com forças especiais, embora devido à sua capacidade limitada, estas fossem restritas a circunstâncias em que o barco pudesse emergir e geralmente fossem conduzidas à noite. Isso incluiu colocar mergulhadores sob o revestimento para maior movimento secreto ou desembarcar equipes de forças especiais usando caiaques ou barcos infláveis. O Chile se tornaria o terceiro operador da classe Oberon , incorporando entre os anos de 1976 e 1977, dois navios batizados como CNS Obrein e CNS Hyatt. Estes navios diferiam muito pouco dos modelos em uso pela Marinha Real (Roya Navy), e permaneceriam em serviço até 31 de dezembro de 2001 na Marinha do Chile, quando foram substituídos por submarinos franceses da classe Scòrpene (CNS O'Higgins e CNS Carrera).
No final da década de 1970, os submarinos da classe Oberon em serviço na Marinha Real Canadense seriam declarados obsoletos, e como ainda se encontravam em bom estado de conservação de cascos e grupo propulsor, seriam conduzidos estudos visando a implementação de um programa de modernização. Esta proposta seria aprovada em fevereiro de 1979, objetivando elevar estes navios a um patamar tecnológico satisfatório que os capacitasse a operar a serviço da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no monitoramento de submarinos soviéticos no Oceano Atlântico. Este processo denominado como Programa de Atualização Operacional de Submarinos (SOUP) seria desenvolvido para lidar com a capacidade operacional dos submarinos juntamente com um Acordo de Apoio Logístico (LSA) para aquisição de mais peças de reposição. Em termos de atualização seriam incorporados os sistemas de controle de fogo norte-americanos Singer Librascope Mark I digital, sonar de alcance passivo Sperry, periscópios, comunicações e sistemas de controle de incêndio, além da customização para operação com torpedos MK-48. Este seria o único programa realizado em todos os vinte e sete navios desta classe, estendendo a vida útil destes navios até o final da década de 1990, quando foram substituídos pelos submarinos britânicos da classe Upholder. Cabe o registro de que no ano de 1982 durante a Guerra das Falklands – Malvinas, o HMS Onyx operaria no arquipélago em conflagração, desembarcando membros o Special Boat Service (SBS - Serviço Especial de Barco). Todos os submarinos da classe Oberon da Marinha Real (Royak Navy), seriam retirados da ativa até o final da década de 1980, sendo substituídos pelos navios convencionais de propulsão diesel elétrico das classes  Upholder e  Collins.    

Emprego na Marinha do Brasil.
Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a Flotilha de Submersíveis se mantinha operacional a duras penas, contando apenas com quatro obsoletos submarinos italianos das classes Balila e Humaytá, que já apresentavam nenhuma efetividade operacional naquele momento. Este preocupante cenário perduraria até meados da década de 1950, quando seria decidido iniciar um processo de modernização da frota da frota da Marinha  do Brasil através da aquisição de submarinos usados oriundos da reserva da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Em fins da década de 1950, seriam recebidos dois submarinos usados da Classe Gato, o S15 Riachuelo (ex-USS Paddle - SS 263) e S14 Humaitá (ex-USS Muskallunge - SS 262). Estas incorporações trariam novo alento a Flotilha de Submersíveis, pois estes novos navios estavam equipados com o sistema eletrônico TDC - Target Data Computer (Computador de Dados do Alvo - Eletromecânico) Mk 3 Mod.5 e o relativamente moderno sonar passivo JP 1. E sua introdução representava um importante salto tecnológico, devolvendo uma mínima capacidade operacional a Esquadra.  Em 1963, a Flotilha de Submarinos passou a se chamar Força de Submarinos; sendo criada a “Escola de Submarinos” como organização militar autônoma na estrutura do Ministério da Marinha. Esforços para a ampliação da frota culminariam no ano de 1963 na transferência de duas unidades de submersíveis da classe “Balao” o Grande do Sul - S 11 e o  Bahia - S 12. A partir de 1972 a Força de Submarinos receberia um considerável reforço ao incorporar sete submarinos usados da Classe Guanabara (Guppy II/III) o  Guanabara – S10, ex-USS Dogfish – SS-350; Rio Grande do Sul – S11, ex-USS Grampus – SS-523; Bahia – S12, ex-USS Sea Leopard – SS-483; Rio de Janeiro – S13, ex-USS Odax – SS-484 e Ceará – S14, ex-USS Amberjack – SS-522. Os Guppy III recebidos foram o Goiás – S15, ex-USS Trumpetfish – SS-425 e Amazonas – S16, ex-USS Greenfish – SS-351. Os submarinos Classe Guanabara (Guppy II/III) representariam um grande avanço para a Força de Submarinos, já no campo tático e doutrinário. O Rio Grande do Sul (S11) seria o primeiro submarino a inaugurar no Brasil o emprego do esnorquel , por isso acabaria recebendo o título de “O Pioneiro”. 

Estes “novos” submarinos apesar de se mostrarem ainda relativamente eficientes no cumprimento de suas missões, eram navios construídos na década de 1940 e já presentavam claros sinais de desgaste de casco e defasagem tecnológica quando comparados aos submarinos de nova geração.  Esta demanda seria incluída no Programa de Reaparelhamento da Marinha do Brasil, que seria deflagrado e revisionado no final da década de 1960. Este ambicioso planejamento visava incorporar (e boa parte por construção local) dezenas de navios de diversos tipos, com destaque especial para os de escolta e , no caso mais específico, fragatas.  Neste escopo estava prevista também a aquisição de novos submarinos que seriam destinados, principalmente, à luta antissubmarino (ASW), um dos principais focos da Marinha Brasileira, que ambicionava se preparar minimamente para o enfretamento da hipotética ameaça representada pelos submarinos soviéticos. Diferente dos navios de superfície de construção mais simplificada que poderia ser realizada nos estaleiros brasileiros, esta opção seria descartada devido alta complexidade e falta de know how nacional neste segmento. Assim em 1968 dentro do Programa de Construção Naval, seria considerada a aquisição de submarinos novos, com estudos sendo conduzidos entre diversos construtores internacionais, com a escolha recaindo sobre uma proposta apresentada pelo estaleiro inglês Vickers Limited, que não impunha restrições para a venda de sistemas com tecnologias mais avançadas. Um acordo seria celebrado em 27 de agosto de 1969, envolvendo a aquisição submarinos da Classe Oberon, que nesta época eram considerados os mais modernos do tipo convencional do Mundo. Essa classe também dispunha de maior velocidade sob a água, maior autonomia e um sofisticado sistema digital com computadores Ferranti TIOS 24B para direção de tiro (marcando o advento da eletrônica embarcada nos nossos submarinos), além de um sonar mais avançado, num grande domo no alto da proa. Este era do modelo THORN EMI Type 197CA de média frequência, passivo/ativo para busca e ataque, e a suíte de sonar incluía o hidrofone lateral BAC Type 2007AA de baixa frequência, para busca, tornando-os especialmente adequados à luta antissubmarino. Dois navios desta classe seriam incialmente encomendados, com sua construção aprovada na revisão do Programa de Construção Naval de 1968, Aviso 1502 (confidencial) de 16/05/1968 MM. 
O primeiro deles, o S20 Humaitá, teve sua quilha batida no Vickers Limited, em Barrow-in-Furness, Lancashire em 3 de novembro de 1970 em cerimônia que contou com as presenças do Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra Adalberto de Barros Nunes, do Chefe de Gabinete do MM, Contra-Almirante Elmar de Mattos Dias, do Adido Naval do Brasil em Londres e do Presidente da Comissão de Fiscalização e Recebimento de Submarinos na Inglaterra. Seria lançado ao mar em 5 de outubro de 1971, tendo como madrinha a Sra. Scylla Nogueira Medici, esposa do Presidente da República Emílio Garrastazu Medici, representada pela Sra. Maria Carolina de Barros Nunes. Foi submetido a Mostra de Armamento e incorporado à Armada em 18 de junho de 1973, pelo Aviso 0466 de 25/05/1973 do MM/EMA e OD 0034/73 de 18/06/73 do CEMA. Em 16 de outubro do mesmo ano, suspendeu de Barrow-in-Furness, iniciando a viagem inaugural com destino ao Brasil, fazendo escala em Portsmouth (Inglaterra), Lisboa (Portugal), Las Palmas (Ilhas Canárias), Dakar (Senegal), chegando em Recife-PE em 30 de novembro. A travessia Dakar-Recife, foi a primeira realizada, em imersão, por um submarino brasileiro, com a duração de doze dias e meio. Entre as décadas de 1970 e 1980 teve intensa participação em exercícios nacionais e internacionais como UNITAS XV, UNITAS XVI, READEX-I/77, READEX 78, UNITAS XIX, ASPIRANTEX 88/TROPICALEX I/88 e TEMPEREX-I/88. Em 1987 tornou-se recordista de dias em imersão, com 23 dias imersos, feitos durante a travessia Africa-Brasil. Esta participação se repetiria na mesma intensidade na década seguinte, com o navio em 1993 completando 20 anos de serviço, navegou mais de 14.000 horas em imersão e conquistou pela primeira vez Troféu Eficiência. Em 26 de abril de 1995, realizou encontro oceânico com uma aeronave C-115 Búfalo do 1º GTT, ao sul da Ilha Grande. Nesse exercício foi lançada de paraquedas uma equipe de Mergulhadores Especiais de Combate (MEC) composta de sete homens, que embarcou no submarino e, que posteriormente, foi realizar, com sucesso, um ataque simulado ao NSS Felinto Perry - K 11, que se achava fundeado em uma enseada na parte norte da Ilha Grande. Em 8 de abril de 1996, deu baixa do serviço ativo, tendo atingido as marcas 151.258.7 milhas navegadas, 1.193.5 dias de mar e 14.000 horas de imersão e lançou 173 torpedos. 

O Submarino Tonelero S21, teve sua construção aprovada na revisão do Programa de Construção Naval de 1968, Aviso 1502 (confidencial) de 16/05/1968 MM. Contrato assinado em 27 de agosto de 1969. Foi construído pelo estaleiro Vickers Limited, em Barrow-in-Furness, Lancashire. Teve sua quilha batida em 15 de novembro de 1971, oi lançado ao mar em 22 de novembro de 1972 em cerimônia que contou com a presença de dirigentes da Marinha do Brasil. Infelizmente em 2 de outubro de 1973 um incêndio assolou a embarcação, causando graves danos o que levaria a um atraso de pelo menos 4 anos no processo de construção do navio. Em 10 de dezembro de 1977, foi submetido a Mostra de Armamento e incorporado ao serviço ativo da Armada Brasileira, de acordo com o Aviso n.º 0900 de 04/11/1977 MM/EMA e OD 0019/77 de 10/12/77 do CEMA. Em 1º de novembro, o navio foi aceito pelo Encarregado do GFRSI, CMG Geraldo Baptista de Morais, e depois de incorporado, foi submetido à inspeção de eficiência nos moldes da Royal Navy (work-up), realizou corrida em raia acústica, desmagnetização e verificação do sistema de Direção de Tiro (weapons sea trials). Em 25 de julho de 1978, suspendeu de Barrow-in-Furness, iniciando a viagem inaugural com destino ao Brasil, estabelecendo a o recorde, na Marinha do Brasil, de permanência em imersão: 20 dias e meio de mar, 481 horas e 54 minutos, em 2.675.8 milhas navegadas. Durante as próximas duas décadas e meia participou ativamente de todos os exercícios navais de relevância da Marinha do Brasil. Em 1997 completou um período de reparos, onde teve substituído o sistema de sonar THORN EMI Type 187, pelo ATLAS CSU 90-61 que também foi integrado ao Sistema de Direção de Tiro (TIOS). O sonar Type 2004 permaneceu. Em 21 de junho de 2001 deu baixa do serviço ativo, pelo Aviso de 13/06/2001. Em seus 24 anos de serviço, atingindo as marcas de 168.368 milhas navegadas, sendo 80.636 em imersão, 1.286 dias de mar e 18.468 horas de imersão e foram lançados 154 torpedos. Até sua baixa era o submarino da Marinha do Brasil com maiores números de horas de imersão e dias de mar.
Em maio de 1972, seriam iniciadas conversações segundo o memorando 0048 de 24/05/72 do MM/DGMM, para a construção de uma terceira unidade da classe, o que seria provado mediante Emenda Contratual n.º 59 de 18 de agosto de 1972. O Submarino Riachuelo - S22 teve sua quilha batida em 26 de maio de 1973. Foi lançado em foi lançado em 6 de setembro de 1975, após de ter realizado as provas de mar foi incorporado a Armada Brasileira em 12 de março de 1977.Depois de Incorporado, foi submetido à inspeção de eficiência nos moldes da Royal Navy (work-up), realizou corrida em raia acústica, desmagnetização e verificação do sistema de Direção de Tiro (weapons sea trials). Em 28 de julho do ano seguinte, suspendeu de Barrow-in-Furness em 28 de julho, iniciando a viagem inaugural com destino ao Brasil. A exemplo dos demais navios da classe Humaitá (Oberon), o Riachuelo também se fez presente ao longo dos anos nos mais importantes exercícios navais realizados pela Marinha do Brasil como UNITAS XVIII, DRAGÃO XIII, Operação Anfíbia PISCES, ATLANTIS, UNITAS XIX, ASPIRANTEX/79, UNITAS XXI, FASEX II, ARRASTÃO X, UNITAS XXII, INOPINEX 81, DRAGÃO XVII, ASPIRANTEX/82, UNITAS XXVI, COSTEIREX-SE I, UNITAS XXVII, FRATERNO IX, CARIBE/88, FRATERNO XII, INTERPORTEX e ASPIRANTEX NORTE/94. Durante seu PMG, o Riachuelo recebeu as novas baterias de grande capacidade de fabricação nacional, produzidas pela empresa Saturnia Ltda, com tecnologia da alemã Varta, sendo o segundo submarino (primeiro da classe Humaitá) a recebê-las. Em 12 de novembro de 1997, deu baixa do Serviço Ativo da Armada, submetido a Mostra de Desarmamento e reclassificado, em cerimônia realizada na Base Almirante Castro e Silva (BACS), presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Armada. Em seus 20 anos e 8 meses de serviço, atingiu as marcas de 181.924 milhas navegadas, 1.283,5 dias de mar e 17.699 horas, 41 minutos de imersão e lançou 172 torpedos. Depois de sua baixa foi entregue ao Serviço de Documentação da Marinha (SDM), e foi reclassificado como Submarino Museu. Encontra-se atracado, em exposição no caís do Espaço Cultural da Marinha, próximo à Praça XV na cidade do Rio de Janeiro – Estado do Rio de Janeiro. 

Em Escala.
Para representarmos o submarino da classe Humaitá- Oberon S22 Riachuelo pertencente a Força de Submarinos da Marinha do Brasil, fizemos uso do kit em resina na escala 1/350 produzido pela OZ Mods. Não há a necessidade de se implementar qualquer alteração no modelo para se compor a embarcação construída sobre encomenda para o Brasil.  Fizemos uso de decais constantes no próprio kit, que permitem representar os três submersíveis brasileiros desta classe.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o único padrão de pintura empregado em todos nos submarinos da classe Humaitá - Oberon. Este esquema com pequena com variações na identificação dos navios seria utilizado em todos os submarinos desta classe até sua retirada do serviço ativo, entre os anos de 1996, 1997 e 2001. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors. 




Bibliografia : 

- Submarinos Classe Oberon - https://en.wikipedia.org/wiki/Oberon-class_submarine

- Cem anos da Força de Submarinos – Marinha do Brasil

- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br

- Os submarinos brasileiros, de 1914 até hoje – Alexandre Galante   https://www.naval.com.br

Ford Engesa F-600 VTNE

História e Desenvolvimento.
Uma das maiores e mais renomadas montadoras norte-americanas da História, a Ford Motor Company, seria fundada no dia 16 de junho de 1903, em compactas instalações localizadas no subúrbio da cidade de Detroit no Estado de Michigan. Capitaneado pelo engenheiro e visionário Henry Ford, este ousado empreendimento envolveria um aporte inicial de US$ 28.000, angariados por doze investidores, dente estes curiosamente os irmãos John Dodge e Horace Dodge (que futuramente sairiam da companhia e fundariam a Dodge Motors Company). Durante os primeiros anos, a companhia produziria quase que artesanalmente apenas alguns carros por dia em sua fábrica localizada na avenida Mack. Nestas instalações, grupos de dois ou três homens trabalhavam em cada carro, fazendo a montagem em partes e componentes que em sua maioria eram produzidas por fornecedores terceirizados contratados pela montadora. Seus produtos conquistaram a confiança dos consumidores norte-americanos, e logo assim a companhia passaria a liderar as vendas no segmento de carros de passeio, criando assim os recursos para sua expansão e refinamento dos processos industriais em sua linha de montagem. Neste momento então, a empresa optaria pela internalização da produção de grande parte dos componentes críticos, em um novo conceito de integração vertical, que se mostraria uma metodologia muito funcional naquela época. Em 1908, Henry Ford introduziria o primeiro motor com cabeça de cilindro removível no Modelo Ford T. Após o primeiro carro moderno ter sido criado em 1886 pelo alemão Karl Benz (Benz Patent-Motorwagen), métodos de produção mais eficientes seriam necessários para se baratear seus custos de aquisição, torando assim o automóvel mais acessível para a classe média. Esta busca de otimização, levaria em 1914 por Henry Ford a concepção de um revolucionário sistema contínuo de produção, que receberia a denominação de “linha de montagem”, criando assim o conceito e real implementação do processo de produção em série. Todos os conceitos existentes neste processo, seriam internacionalmente conhecidos e difundidos como “Fordismo”, e rapidamente conquistaria a indústria automotiva internacional. Apoiado no permanente aperfeiçoamento de processos, na verticalização e na padronização (sob o famoso lema de Henry Ford “Você pode comprar um Ford de qualquer cor, contanto que seja preto “), a cada ano o Modelo Ford T, apresentava consequentes reduções no custo de produção. Estes ganhos eram prontamente repassados no preço de custo ao mercado, levando assim o modelo, cada vez mais a conquistar maior participação em vendas no mercado norte-americano. Desde cedo, Ford Motor Company, investiria tempo e recursos no mercado internacional, buscando parceiras que possibilitassem a montagem local dos seus carros. A primeira linha de fabricação no exterior seria instalada em 1904, ainda para o Modelo C, no Canadá.  

A expansão na América Latina teve início pela Argentina, onde em 1913 foi fundada uma filial da Ford norte-americana; a montagem de veículos, no entanto, só seria efetivada em 1921. No entanto, o Brasil seria o primeiro país latino-americano a produzir automóveis da Ford Motors Company, com este fato resultante de uma iniciativa do industrial baiano Antônio Navarro Lucas, que em 1918 obteve licença da empresa para montar, em Salvador (BA), dez unidades mensais do Modelo T. Atenta ao mercado brasileiro, no entanto, já no ano seguinte, em 24 de abril, a diretoria da montadora norte-americana decidiria criar uma filial no Brasil. Assim já no início de maio do mesmo ano, instalando, na rua Florêncio de Abreu, centro da cidade de São Paulo (SP), um escritório e uma linha de montagem para a fabricação do Modelo T. Esta seria a primeira indústria automobilística a se instalar no país. A legendária solidez e facilidade de condução e manutenção deste modelo de apenas 20 cv de potência, o converteria no automóvel mais popular do Brasil. Seu projeto era tão simples e racional que, para onde faltavam estradas, o carro era transportado desmontado, em caixotes, e simplesmente “armado” em algum galpão à beira do porto ou no armazém da estação ferroviária. A quantidade de veículos aqui montados cresceria rapidamente, obrigando à empresa, até 1921, a mudar mais duas vezes de instalações, sempre no centro de São Paulo. Em seu último endereço, na rua Sólon, no bairro do Bom Retiro, a operação já atingia a capacidade de produção de quarente unidades diárias. Neste mesmo local em 1923, seria montado o primeiro caminhão no país. Durante a Segunda Guerra Mundial seriam priorizados veículos e componentes para emprego militar, porém logo após o término do conflito a produção seria acelerada, alcançando no ano e 1948 uma cadência entre cinquenta e sessenta veículos leves. No final da década ali eram montados automóveis norte-americanos Ford, Mercury e Lincoln e ingleses Anglia e Prefect, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões médios e pesados Ford e Thames. Cerca de 1.200 componentes já tinham origem local, produzidos pela Ford e por uma centena de fornecedores instalados no país. Importadas em partes, cabines e carrocerias eram montadas no local. Ao completar 30 anos, em abril de 1949, já haviam sido montados mais de duzentos mil veículos. Em 1953 seria inaugurada uma moderna fábrica no bairro do Ipiranga, esta apresentaria uma capacidade de produção diária de cento e vinte e cinco veículos. Neste momento o governo federal já cogitava, incentivar a nacionalização de veículos, porém ainda não haviam sido traçados planos e metas – o que só viria a ocorrer com a constituição do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), em maio de 1956.
Seria somente após a criação do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), portanto, e quase no prazo limite, que a Ford do Brasil S/A, submeteria ao órgão, seu plano de fabricação de veículos completos. Eram três tipos: um caminhão médio, um leve e uma picape, prevendo capacidade máxima de trinta mil unidades, em 1960, com a produção de mails de oito mil caminhões já em 1957. Em coerência com as regras vigentes, o índice de nacionalização deveria aumentar progressivamente, saltando de cerca de 40%, em 1957, para 90% (em peso) em 1960. Quando o projeto da Ford foi aprovado, no final de 1956, a quase totalidade dos componentes das cabines já era estampada no Brasil; a produção de algumas partes era terceirizada, caso das caçambas de picapes, fornecidas pelas Máquinas Piratininga, e algumas centenas de itens diversos eram adquiridos junto a outros fabricantes nacionais. Em 26 de agosto de 1957 deixou a linha de montagem do Ipiranga o primeiro caminhão Ford nacional – o F-600, ainda apenas com cerca 40% de conteúdo nacional, em peso. Tratava-se de um modelo convencional, de porte médio (para 6,5 t, entre eixos de 4,37 m) e arquitetura tipicamente norte-americana, com motor V8 a gasolina (4,5 l e 161 cv) e cabine recuada; tinha caixa de quatro marchas e diferencial de duas velocidades, com reduzida de comando elétrico. Dois meses depois foi lançada a picape F-100, para 930 kg, dotada da mesma motorização e igual cabine, porém com três marchas (primeira não sincronizada). Ambos eram modelos descontinuados nos Estados Unidos – um mix de capô, para-lamas e cabine de 1953 com grade de 1956. Exatos 3.454 veículos foram concluídos no primeiro ano, 576 dos quais do modelo picape. Para atender às metas do plano, foram criados os Departamentos de Engenharia do Produto e de Ensaios e Pesquisa (alocados nas antigas instalações do Bom Retiro), construída uma fundição de motores em Osasco (SP), instaladas linhas de usinagem e montagem de motores e ampliada a estamparia do Ipiranga, as três últimas inauguradas em novembro de 1958. Em 1959, a cabine do caminhão e picape foi reestilizada, recebendo novo painel, volante “em cálice” e os para-brisas panorâmicos introduzidos em 1956, nos Estados Unidos. A picape, por sua vez, ganhou caçamba muito mais moderna, com para-lamas integrados, seguindo projeto apenas recentemente adotado na matriz. Para registrar o salto no índice de nacionalização, obtido após a inauguração da fábrica de motores, os emblemas de todos os modelos passaram a vir nas cores verde e amarela. 

Em junho daquele mesmo ano seria lançado o caminhão leve F-350 (para 2,7 ton entre eixos de 3,30 m), com a mesma mecânica dos demais (este seria, por muitos anos, o único modelo brasileiro na categoria). No ano seguinte o caminhão médio ganhou a versão F-600-148″, com menor entre eixos (3,77 m), próprio para receber carroceria basculante ou quinta roda, com capacidade de tração de 12 t. Em 1961 foi também o ano em que a Ford brasileira se dobrou à realidade local, que aceleradamente se afastava dos motores a gasolina no transporte de cargas, e lançou seu primeiro veículo diesel. Equipado com motor Perkins de seis cilindros e 125 cv, o F-600 Diesel recebeu poucas modificações com relação ao modelo a gasolina: apenas reforço da suspensão dianteira e substituição do logotipo “V8”, na grade, por outro, nomeando o novo combustível. Em abril de 1962 o estilo da linha Ford foi mais uma vez alterado, desta vez assumindo o desenho do modelo norte-americano de 1960. A nova série, chamada Super Ford, não mereceu alterações mecânicas significativas. A linha de comerciais foi renovada em maio de 1968: além das novas carrocerias com faróis retangulares para todos os modelos e do novo motor Perkins de 142 cv para o F-600 Diesel (seis cilindros, sete mancais, camisas removíveis e bomba injetora rotativa). Em julho de 1970 já apareciam os primeiros lançamentos para 1971 na linha de caminhões, trazendo faróis redondos para todos os modelos; na picape, freios, suspensão Twin-I-Bean e relação de transmissão foram modificados; F-350 recebeu freios assistidos e F-600, opcionalmente, tanque de combustível de maior capacidade e caixa de cinco marchas sincronizadas. Em 1976, a Ford lançou mais um caminhão diesel, o F-7000. Dispondo da mesma capacidade e iguais elementos mecânicos do F-600 Diesel, o F-7000 vinha, porém, equipado com um motor diesel diferente, o novo dois tempos Detroit (quatro cilindros em linha, injeção direta e 145 cv), cuja produção havia sido iniciada pouco antes no Brasil. Novos modelos foram lançados em 1977: em fevereiro, FT-7000, com 3º eixo de fábrica (fabricado pela Hendrickson, porém montado pela Ford); e em julho, mais dois semipesados (F-8000 e FT-8000) e o primeiro pesado da marca, o cavalo mecânico F-8500, para 30,5 t, os três últimos com motor Detroit de seis cilindros em V e 202 cv, filtro de ar montado externamente sobre o para-lama direito, freios pneumáticos, freio de estacionamento com trava de mola, embreagem dupla  e direção hidráulica opcional. Todos eles dividiam a mesma cabine, oriunda dos caminhões médios.
No início da década de 1980, a montadora alteraria a nomenclatura dos caminhões, apresentando seus substitutos, os modelos médios F-11000, F-12000 e F-13000 (com 6,5 a 9 toneladas de capacidade líquida) e os semipesados F-19000 e F-21000, com o terceiro eixo (tipos tandem ou balancim) e 13 e 15 toneladas de capacidade de carga. Equipados com o novo motor MWM de seis cilindros (com opção do modelo Perkins, para os modelos médios), traziam uma nova caixa de cinco marchas (1ª não sincronizada) com redução de acionamento elétrico ou pneumático no diferencial e freios pneumáticos (hidráulico a vácuo, no modelo F-11000). Todos tiveram a suspensão revista e ganharam sistema elétrico de doze volts e tanque de combustível cilíndrico de maior capacidade; direção hidráulica e rodas raiadas podiam ser instaladas, como opcional, em alguns modelos. Nos próximos anos o acirramento da concorrência levaria a empresa a planejar a produção da nacional da moderna linha europeia Ford Cargo, com os primeiros caminhões desta nova família chegando ao mercado em abril de 1985. Em 1992, buscando dar sobrevida à sua mais tradicional família de caminhões, a Ford do Brasil S/A procederia uma radical modernização das cabines da linha F, com estes veículos recebendo o popular apelido de "Sapão". Em 1998 a Ford do Brasil S/A procederia à última atualização da cabine da Série F, ocasião em que foi disponibilizada mais uma versão – o F-16000. Porém alguns anos mais tarde a linha F seria parcialmente abandonada, permanecendo em produção apenas os modelos leves, com as vendas da empresa em termos de caminhões médios, passando a ser sustentada somente pela linha Ford Cargo. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro vivenciaria uma experiência única em termos de capacidade de mobilização de suas tropas e cargas. Este processo foi proporcionado pela adesão do país ao esforço de guerra aliado em 1942, passando as forças armadas brasileiras a receber até fins de 1945, mais de cinco mil caminhões militares das séries GMC CCKW , Corbitt, Diamond e Studebaker US6G, fornecidos nos termos programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). No entanto em fins da década seguinte, a operacionalidade da frota estaria comprometida não só pelo desgaste natural, mas principalmente pela problemática apresentada no processo de importação e aquisição de peças de reposição fundamentais (muito em função destes modelos terem sua produção descontinuada em seu país de origem há mais de dez anos). Este cenário causava extrema preocupação ao comando do Exército Brasileiro, pois afetava perigosamente sua capacidade operacional, gerando assim a necessidade em curto prazo da elaboração de soluções que pudessem atender a esta demanda. Em termos básicos, a solução mais eficaz passava pela aquisição de um número similar de veículos de transporte com tração 4X4 e 6X6, sendo mais indicados os novos caminhões da família REO M-34 e M-35. Porém o investimento necessário para uma aquisição deste porte, se apresentava completamente fora da realidade orçamentaria do Exército Brasileiro naquele período. Estudos mais realistas apontavam então para três soluções complementares, sendo a primeira pautada na aquisição de um pequeno número de caminhões militares modernos REO M-34 e M-35, a segunda envolvia estudos referentes a possível repotencialização dos caminhões GMC Série CCKW e Studebaker US6G, e pôr fim a terceira focando a adoção de caminhões comerciais militarizados produzido no país para o cumprimento de missões secundárias. A combinação destas três alternativas poderia devolver a Força Terrestre sua operacionalidade.  Infelizmente os estudos referentes a repontencialização dos caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G não seriam recomendados, devidos não só, ao alto custo de implantação, bem como a inexistência naquele momento de um corpo técnico de nível adequado para a implementação no país de um programa desta magnitude. 

O cancelamento do processo de repotencialização dos caminhões norte-americanos GMC CCKW 353 - 353 e Studebaker USG6, levaria a necessidade de ampliação das intenções na aquisição de caminhões comerciais militarizados. Pois assim em teoria estes veículos poderiam substituir os caminhões genuinamente militares com tração integral 6X6 em missões básicas de transportes, liberando assim os veículos com tração 6X6 para o emprego em ambientes fora de estrada, concentrando assim a frota remanescente em melhor estado para as tarefas de cunho tático e estratégico. Para a materialização deste conceito, seria necessário a aquisição de um grande número de caminhões militarizados produzidos localmente, alternativa esta que sobre esta ótica era extremamente viável devido ao baixo custo de aquisição e operação destes veículos. Esta solução já era empregada desde a década de 1930, quando caminhões comerciais de pequeno porte foram operados pelo Exército Brasileiro neste perfil de trabalho. Buscando fomentar a jovem indústria automotiva nacional o Ministério do Exército optou pela adoção inicial de veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores - FNM, que mantinha em produção dois modelos de caminhões médios, o FNM D-9500 e o FNM D-11000, com este último apresentando uma robustez estrutural que poderia atender em teoria aos parâmetros exigidos para o processo de militarização. Resolvida em parte a necessidade de caminhões médios, restava, porém, uma demanda para a substituição da frota de caminhões leves, que estava baseada em um grande número de caminhões Opel Blitz II Comercial e algumas dezenas de veículos mais antigos como os Chevrolet 157 Gigante 937 e GM G7106, G7107 e G-617M que foram recebidos entre os anos de 1935 e 1942. Estes, modelos de veículos detinham grande responsabilidade na estrutura de transporte do Exército Brasileiro e um programa de renovação da frota representaria uma grande oportunidade mercadológica para as montadoras nacionais, que neste momento passavam a ser incentivadas pelo Governo Federal dentro dos termos do Grupo Executivo da Indústria Automobilística – GEIA que fora iniciado ano de 1956. 
A Ford Motors do Brasil S/A, detinha décadas de bom relacionamento com o Exército Brasileiro, tendo tido a primazia de ser o primeiro fornecedor de veículos para emprego militar no país. Com os primeiros caminhões do modelo Ford T, sendo incorporados na década de 1920, e estes se tornariam um dos principais do processo de expansão das nossas fronteiras. Assim naturalmente esta montadora teria grandes chances de amealhar uma significativa parte desta demanda, não só do Exército Brasileiro, mas também da Força Aérea Brasileira e Marinha do Brasil. Neste mesmo período a empresa lançava no mercado comercial, o primeiro caminhão Ford nacional – o F-600, que poderia ser militarizado com razoável sucesso a fim de anteder as demandas da Forças Armadas Brasileiras.  Desta maneira a empresa não tardaria a apresentar ao Exército Brasileiro os primeiros protótipos de modelo F-600 com carroceria militar nas versões 4X2 e 6X2. Estes veículos seriam avaliados, porém infelizmente a escolha acabaria recaindo sobre a versão militarizada do Chevrolet Brasil 6500. Este cenário seria revertido em outubro de 1959, mediante a aquisição pelo Exército Brasileiro de um grande número de caminhões F-600 com tração 4X2 para emprego em tarefas de transporte de tropas de choque e cargas, que seriam enquadrados na classificação de "viaturas de transporte não especializado" VTNE. Estes veículos seriam militarizados, recebendo para-choques reforçados, guincho mecânico na frente e atrás com capacidade de tracionar de pequenas cargas, grades proteção de lentes para os faróis e lanternas, gancho para reboque e carroceria de aço com sistema de coberta de lona no padrão militar com desenho similar aos GMC CCKW 352/353.  Estes caminhões começariam a ser entregues as unidades operativas no início do ano seguinte, e ao longo dos anos vindouros prestariam excelentes serviços ao Exército Brasileiro. No final do ano de 1966, a empresa paulista Engesa – Engenheiros Especializados S.A lançaria no mercado um sistema de tração 4X4, fim de dotar com capacidade off road (fora de estrada) veículos comerciais leves e médios. Esta solução seria oferecida na forma de um kit, composto de caixa de transferência com duas tomadas de força, eixo dianteiro direcional e guincho (opcional), e receberia a denominação comercial de “Tração Total”, permitindo a veículos comuns apresentar um perfil operacional do tipo "fora-de-estrada". Logo em seguida seriam lançadas a opções para os modelos de tração 6X4 e 6X6, ambas aproveitando eixos e feixes de molas traseiros originais dos veículos comerciais em linha naquele momento das marcas Chevrolet, Ford e Dodge.   

Em 1969 a empresa apresentaria novo sistema de tração dupla traseira, ao qual chamou Boomerang, que viria a ser fundamental no desenvolvimento de diversos veículos militares e maior trunfo na penetração internacional de seus produtos na década seguinte. Tratava-se de um projeto a um só tempo de construção simples, resistente e barata, e que dava ao veículo excepcional desempenho fora de estrada, mantendo as quatro rodas traseiras em contato permanente com o solo, por mais irregular que fosse o terreno. Em vez dos dois eixos traseiros suportados por feixes de molas dos sistemas tradicionais, o Boomerang exigia apenas um eixo de tração, nas pontas do qual eram montadas duas caixas de engrenagens (cujo formato lembra os bumerangues australianos), cada uma delas distribuindo o movimento para duas rodas. Eram estas mesmas caixas de engrenagens, independentes entre si e com enorme amplitude de variação do ângulo com o solo, que garantiam o contato das rodas traseiras com pisos irregulares e desagregados. O sistema não se prestava à tração de cargas elevadas (caso em que devia ser utilizado o sistema tradicional), porém era suficiente para as principais aplicações militares. Este projeto ganharia grande notoriedade comercial em âmbito internacional e despertaria interesse por parte do Exército Brasileiro, que passariam a vislumbrar neste produto a solução para a tão necessária renovação em larga escala da frota de caminhões militares com tração integral. Somente em termos de contexto histórico, este programa receberia em 1967 a classificação oficial “De Interesse para a Segurança Nacional".  No início do ano de 1971, dois protótipos do Ford F-600 equipados com o sistema de “Tração Total” e com o novo conjunto de suspensão do tipo “Boomerang” da Engesa S/A, seriam testados no campo de provas da Restinga da Marambaia em um  processo comparativo com caminhões similares  produzidos pela Chrysler do Brasil S.A e pela General Motors do Brasil. Neste processo a motorização a diesel do Ford F-600 e do  seria determinante na escolha, com a montadora passando a receber o primeiro contrato de produção, envolvendo duzentos caminhões com tração 6X6 . Paralelamente a Engesa S/A seria contratada a conversão de um grande número de veículos F-600 da primeira série com tração original 4X2 e  6X2  que se encontravam em serviço desde a década de 1960 no Exército Brasileiro. O advento do recebimento dos novos Ford - Engesa F-600 com tração 6X6 e tração 4X4 em quantidades expressivas principalmente junto as unidades de infantaria motorizada, permitiria iniciar o processo de desativação dos antigos caminhões GMC Série CCKW 352/353 6X6, Studebaker USG6 6X6 e GMC G7107 com tração 4X4 nas tarefas de de transporte de carga e pessoal. 
Na sequência dos modelos Ford Engesa F-600, seriam incorporados a frota do Exército Brasileiro ainda uma grande quantidade de caminhões com nível de militarização reduzido com tração 4X2, 4X4 e 6X2 dispostos em carrocerias nas versões de carga seca (comercial e militar), cisterna de combustível, cisterna de água, bombeiro, basculante, oficina, baú de carga, frigorifico, posto de comando e também socorro mecânico guincho, com esta última carroceria produzida pela empresa paulista Bisseli Viaturas e Equipamentos Ltda. Devido a grande quantidade incorporada ao longo das décadas de 1970 e 1980, os caminhões Ford F-600 formariam o esteio da frota de transporte militar para todo terreno do Exército Brasileiro. Neste contexto os Ford-Engesa F-600 com tração 4X4 passariam a ser empregados também para tracionar peças de artilharia de médio porte dos modelos M-101 AR 105 mm e M-102 105 mm pertencentes aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAG). Em seguida os modelos com tração 6X6 também passariam a exercer esta tarefa agora tracionando canhoes mais pesados como os M-114 155 mm. Também seriam empregados durante um curto espaço de tempo pelos Grupos de Artilharia Antiaérea (GAAAe), com o veículo servindo com transporte e plataforma móvel para defesa antiaérea de ponto, empregando os reparos quádruplos M-55M Quadmount, equipados com quatro metralhadoras Browning M-2 calibre .50. Apesar de toda sua importância no Exército Brasileiro, a frota desta família de caminhões a partir de meados da década e 1980 já mostrava sinais de desgaste operacional, o que denotava a necessidade premente de renovação da frota a curto e médio prazo. Porém neste momento a Ford do Brasil S/A não dispunha em seu portifólio comercial de uma modelo que pudesse substituir a altura a família F-600. Este cenário abriria espaço para a Mercedes Benz do Brasil S/A que habilidosamente lograria êxito em se tornar nos anos seguintes no principal fornecedor de caminhões militares para as Forças Armadas Brasileiras. Desta maneira seria dado início a um gradual processo de desativação dos caminhões Ford-Engesa F-600 , com este se estendendo até o ano de 2004, quando foram retirados de serviços as últimas viaturas desta família. 

Em Escala.
Para representarmos a viatura de transporte não especializado Ford Engesa F-600 VTNE “EB21- 4131” empregado pelo Exército Brasileiro, fizemos uso de um excelente modelo artesanal confeccionado em resina, metal e madeira, produzido pela Fusaro Trucks na escala 1/43. Complementamos o conjunto com itens de carga como paletes, confeccionados em resina. Fizemos a aplicação de decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set "Exército Brasileiro 1942 - 1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial, até o final do ano de 1982. Ao longo dos anos, seriam aplicadas pequenas alterações, sempre relacionadas apenas as marcações de identificação e números de frota. Após o ano de 1983, estes caminhões  adotariam o esquema de camuflagem tático de dois tons, mantendo este padrão até a desativação no ano de 2004.  Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.


Bibliografia :
- Ford do Brasil Lexicar - www.lexicar.com.br/ford
- História da Ford no Brasil - www.ford.com.br
Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos