História e Desenvolvimento.
A Gio. Societa Giovanni Ansaldo & Compagnia, uma das mais proeminentes empresas industriais da Itália, foi fundada no século XIX por destacados empreendedores genoveses, incluindo Raffaele Rubattino, Giacomo Filippo Penco, Carlo Bombrini e Giovanni Ansaldo. Este último, uma figura histórica de grande relevância, destacou-se por sua visão estratégica e espírito inovador. Com interesses que abrangiam desde as artes até a engenharia, Ansaldo tornou-se um pioneiro na inovação de produtos e processos industriais, marcando a trajetória inicial da companhia. Até o final do século XIX, a Gio. Ansaldo & C. concentrou suas atividades na fabricação e reparo de componentes ferroviários, guindastes, locomotivas e caldeirões para fundições. Durante esse período, a empresa experimentou um crescimento significativo, alcançando uma força de trabalho de dez mil funcionários distribuídos em sete plantas industriais. Posteriormente, expandiu suas operações para novos setores, incluindo a construção naval e obras mecânicas em geral. Em 1904, a companhia foi adquirida por Ferdinando Maria Perrone, que, juntamente com seus filhos, Mário e Pio, integrou o nome da família Perrone à história da empresa. Sob a nova administração, a Gio. Ansaldo & C. buscou a autossuficiência em seus processos industriais, promovendo uma forte integração vertical que abrangia desde a ferraria até a produção de armamentos. Essa estratégia consolidou a posição da empresa como uma das principais indústrias italianas. O início da Primeira Guerra Mundial representou uma oportunidade significativa para a Gio. Ansaldo & C., embora a Itália tenha permanecido inicialmente neutra. Os dirigentes da empresa apoiaram ativamente a entrada do país no conflito, tanto por meio de lobby direto quanto pelo financiamento de grupos políticos beligerantes, incluindo o movimento protofascista liderado por Benito Mussolini. Esses esforços culminaram na participação italiana na guerra, o que impulsionou o desempenho financeiro da companhia. Em 1914, seu valor de mercado era de trinta milhões de liras, alcançando mais de quinhentos milhões de liras ao final do conflito. No auge de sua expansão, no verão de 1918, a empresa empregava oitenta mil trabalhadores em dezenas de fábricas e controlava diversas subsidiárias, como A. Cerpelli & C., Banca Industriale Italiana, Cantieri Officine Savoia, Dynamit Nobel, Gio. Fossati & C., Lloyd Italico, Nazionale di Navigazione, Pomilio, Società Idroelettrica Negri e Transatlantica Italiana. Apesar de seu crescimento exponencial, a partir de 1910, a Gio. Ansaldo & C. enfrentou dificuldades financeiras, principalmente em relação ao seu principal credor, o Banco Italiana di Sconto. Essa crise gerou riscos significativos de insolvência a médio e longo prazo, desafiando a sustentabilidade financeira da companhia.

Em 1921, a família Perrone deixou a direção da Gio. Ansaldo & Compagnia, em meio a uma grave crise financeira que ameaçava a solvência da empresa. Para evitar a falência, foi formado um consórcio liderado pelo Banco Italiana di Sconto, com o objetivo de reestruturar suas operações. Durante a década de 1920, a companhia adotou estratégias mais conservadoras, com redução significativa de suas atividades. Apesar de um leve crescimento na divisão eletromecânica, a Ansaldo enfrentou dificuldades persistentes para alcançar estabilidade financeira.  A deterioração do cenário financeiro levou a empresa a ser assumida, na década de 1930, pelo Istituto per la Ricostruzione Industriale (IRI). Sob a gestão do IRI, a Gio. Ansaldo & Compagnia experimentou um renascimento, impulsionado, em grande parte, pelas demandas do esforço de guerra promovido pelo regime fascista. Esse período marcou uma fase de expansão e consolidação, com a diversificação de suas atividades industriais. Atendendo a uma solicitação do Exército Real Italiano (Regio Esercito Italiano), a fábrica Ansaldo em Gênova iniciou, durante o período fascista, estudos para o desenvolvimento de um carro de combate leve sobre lagartas. O projeto foi inspirado no blindado britânico Carden-Loyd Mk VI, concebido pela Vickers-Armstrongs no início da década de 1920 para o Exército Real Britânico (Royal Army). Esse veículo, projetado para tracionar peças de artilharia e realizar missões de reconhecimento com mobilidade e segurança, serviu como base para o desenvolvimento do modelo italiano. O projeto conceitual foi aprimorado ao longo da década de 1920, culminando em um modelo de produção que alcançou notável sucesso no mercado internacional. Mais de 450 unidades foram exportadas para mais de vinte países, destacando a capacidade técnica da Ansaldo. Além disso, o projeto influenciou o desenvolvimento de outros carros de combate leves, como o japonês Type 92 Jyū-Sokosha, o polonês TKS e o italiano CV3-33. Em janeiro de 1929, o governo italiano celebrou um contrato com a Vickers-Armstrongs para a aquisição e produção local, sob licença, de um lote de blindados Carden-Loyd Mk VI. A fabricação foi conduzida pela Fiat Automobiles S.p.A., e os veículos foram equipados com metralhadoras aeronáuticas de calibre 8 mm ou sistemas de lança-chamas Fiat OCI. No Exército Real Italiano, esses blindados receberam a designação CV-29, onde "CV" significa Carro Veloce (tanque rápido) e "29" refere-se ao ano de introdução em serviço (1929). Nos primeiros anos de operação, o CV-29 foi amplamente elogiado por seus tripulantes, sendo reconhecido por sua agilidade e eficácia em missões de reconhecimento e apoio tático.
Com o objetivo de otimizar custos de desenvolvimento, o novo modelo de carro blindado leve foi concebido com base no projeto do Fiat CV-29, resultando em uma colaboração estratégica entre a equipe de engenharia da Fiat Automobiles S.p.A. e a Gio. Ansaldo & Compagnia. Essa parceria permitiu a integração de recursos técnicos e industriais, maximizando a eficiência no processo de projeto e produção.  Em maio de 1933, o primeiro protótipo funcional do novo blindado foi concluído e submetido a um rigoroso programa de testes e avaliações de campo. Os resultados foram considerados satisfatórios, culminando na celebração de um contrato inicial com o governo fascista italiano para a aquisição de 300 unidades. A produção foi realizada conjuntamente pela Fiat Automobiles S.p.A., em sua planta em Turim, e pela Gio. Ansaldo & Compagnia, em Gênova. O veículo foi imediatamente designado pelo Exército Real Italiano (Regio Esercito Italiano) como Fiat-Ansaldo CV-33. A pedido de oficiais do Exército Real Italiano, uma versão aprimorada do CV-33 começou a ser desenvolvida em 1934, com conclusão em 1935. Esse novo modelo, denominado Tankette CV-35, era um veículo leve de dois tripulantes (artilheiro e motorista), projetado para operar em terrenos desafiadores. Suas dimensões compactas — 3,15 metros de comprimento, 1,28 metro de altura e 1,40 metro de largura — e peso de aproximadamente 3.100 kg contribuíam para sua agilidade. O CV-35 alcançava velocidades de até 42 km/h em estradas e 12 km/h em terrenos acidentados, com autonomia média de 140 km. O veículo era equipado com um motor a gasolina Fiat-Spa CV3, refrigerado a água, com 43 hp de potência e 2.746 cilindradas. Entre suas principais inovações, destacavam-se a blindagem aparafusada, em substituição às técnicas de rebitagem ou soldagem, e a adoção de metralhadoras gêmeas Fiat Mod. 14/35 de calibre 8 mm, que substituíram as antigas Fiat-Revelli Mod. 1914 de calibre 6,5 mm. Em 1935, foi autorizada a fabricação de cinco unidades pré-série do CV-35, destinadas a um novo programa de testes e avaliações de campo com duração aproximada de quatro meses. Os resultados obtidos foram considerados altamente promissores, consolidando o potencial do veículo para aplicações militares e reforçando a posição da Fiat e da Ansaldo no setor de defesa junto ao governo fascista de Benito Mussolini.

Em 1935, o comando do Exército Real Italiano (Regio Esercito Italiano) formalizou uma encomenda de 1.300 blindados Fiat-Ansaldo CV-35, com entregas iniciadas no início de 1936. Paralelamente, a Gio. Ansaldo & Compagnia foi contratada para atualizar diversas unidades dos blindados Fiat CV-33, entregues anteriormente. Após a implementação dessas modernizações, os CV-33 foram redesignados como L3/33, onde "L" significa Leggero (ligeiro). Esses veículos foram utilizados principalmente para tração de artilharia leve e como blindados lança-chamas. Os Fiat-Ansaldo CV-35 entraram em serviço ativo em 1935 e tiveram seu batismo de fogo durante a Segunda Guerra Ítalo-Abissínia (1935–1936). Nesse conflito, cerca de 200 mil soldados italianos, sob o comando do marechal Emilio De Bono, partiram da Eritreia — então uma colônia italiana — sem declaração prévia de guerra. Os Fiat Ansaldo  CV-35 desempenharam um papel significativo no avanço das tropas italianas, demonstrando eficácia em operações ofensivas. Na década de 1930, o CV-35 alcançou destaque internacional, com dezenas de unidades exportadas. Durante a Guerra Civil Espanhola (1936–1939), os CV-35 foram amplamente utilizados pelo Corpo de Tropas Voluntárias (Corpo Truppe Volontarie, CTV). Contudo, muitos desses blindados foram destruídos em contra-ataques de infantaria, sendo superados pelos tanques leves soviéticos T-26 e BT-5, fornecidos às forças republicanas pela União Soviética. Além disso, os CV-35 participaram de outros conflitos, incluindo a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937–1945), a Guerra Eslovaco-Húngara (1939) e a Guerra Anglo-Iraquiana (1941). Em 10 de junho de 1940, quando a Itália ingressou na Segunda Guerra Mundial, o Exército Real Italiano contava com cerca de 100 blindados L3/33, organizados em dois batalhões de tanques. Já os tanquetes Fiat-Ansaldo CV-35 equipavam as três divisões blindadas italianas, operando ao lado de carros de combate médios. Esses veículos também estavam presentes nos batalhões de tanques das divisões motorizadas, nos grupos de esquadras de tanques leves das divisões "Rápidas" (Celere), e em diversos batalhões de tanques independentes. Apesar de sua ampla disponibilidade nos teatros de operações, os Fiat-Ansaldo CV-35 revelaram-se obsoletos logo no início da Segunda Guerra Mundial. Sua blindagem mostrou-se inadequada frente aos canhões antitanque de 37 mm utilizados pelas forças britânicas, evidenciando a necessidade de modernização para enfrentar as exigências dos combates modernos.
Após a Campanha dos Bálcãs (1940–1941), a maioria dos carros de combate leves Fiat-Ansaldo CV3-35 foi realocada para tarefas secundárias, com poucas unidades permanecendo em serviço na linha de frente. Durante a Guerra Greco-Italiana (1940–1941), aproximadamente 40 blindados CV3-35 foram capturados e utilizados pelo Exército Grego (Ελληνικός Στρατός) na 19ª Divisão Mecanizada, desempenhando um papel significativo nos combates. Após a invasão da Iugoslávia e da Grécia em abril de 1941, mais unidades dos modelos CV3-35 e L3/33 foram capturadas e empregadas pelas forças de resistência iugoslavas e gregas. Com a assinatura do armistício italiano com os Aliados em 1943, grande parte da frota remanescente dos blindados CV3-33 e CV3-35 foi incorporada pelas tropas de ocupação do Exército Alemão (Wehrmacht) e pelo Exército Republicano Nacional da República Social Italiana (Esercito Nazionale Repubblicano). Essas unidades permaneceram em operação até a rendição final em 8 de maio de 1945. Entre os anos de 1933 e 1943, aproximadamente 2.500 unidades dos modelos Fiat CV3-33 e Fiat-Ansaldo CV3-35 foram produzidas. Esses blindados foram fabricados em diversas variantes, incluindo:  L3 CC: Versão antitanque equipada com um canhão Solothurn de 20 mm, instalado no lugar da metralhadora. L3 LF: Versão lança-chamas, que tracionava um tanque de combustível blindado com capacidade de 500 litros. L3 Lança-Pontes: Configuração projetada para o transporte e lançamento de pontes.  L3 Radio Comando: Equipado com um rádio Marelli RF1 CA de alta potência para funções de comando e comunicação. Uma parcela significativa dos blindados CV3-33 e CV3-35 foi exportada para países como China Nacionalista, Afeganistão, Albânia, Áustria, Bolívia, Brasil, Bulgária, Croácia, Hungria, Iraque e Espanha Nacionalista. Devido às suas limitações operacionais, em muitos casos, esses veículos foram relegados a funções secundárias, como operações policiais para contenção de distúrbios, manutenção da ordem pública e patrulha de perímetros em campos de prisioneiros de guerra. Os últimos operadores dos modelos CV3-33 e CV3-35 mantiveram esses blindados em serviço até meados da década de 1950, principalmente em funções de apoio e segurança. Apesar de sua obsolescência em combates modernos, os veículos deixaram um legado significativo na história militar, refletindo a capacidade industrial da Fiat e da Gio. Ansaldo & Compagnia durante o período.

Emprego no Exército Brasileiro.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Ministério da Guerra brasileiro enviou o 1º Tenente de Cavalaria José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque à França, como parte de um programa de intercâmbio militar e educacional. Na Escola de Carros de Combate de Versalhes, o tenente dedicou-se ao estudo das especialidades de motorização e mecanização. Em abril de 1919, foi designado como observador no 503º Regimento de Artilharia de Carros-de-Assalto, onde teve contato direto com a operação dos carros de combate Renault FT-17, adquirindo valiosa experiência prática. José Pessoa destacou-se como autor do tratado Os "Tanks" na Guerra Europeia, publicado em 1921 no Rio de Janeiro. A obra analisava o desenvolvimento e o emprego de veículos blindados no teatro de operações europeu durante a Primeira Guerra Mundial, consolidando seu papel como um dos principais pensadores militares brasileiros sobre o tema. Além disso, foi um dos idealizadores da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende, Rio de Janeiro, e fundador do Centro de Instrução de Artilharia de Costa, que em 1942 foi transformado em escola. Ao retornar ao Brasil, a experiência do Tenente José Pessoa exerceu significativa influência no comando do Exército Brasileiro, incentivando a aquisição de carros de combate. A escolha recaiu sobre o Renault FT-17, impulsionada por uma aproximação político-militar entre os governos brasileiro e francês. Contudo, o próprio José Pessoa expressava ressalvas quanto à adequação do modelo para as necessidades da futura força blindada brasileira, considerando-o menos que ideal. Por meio do Decreto nº 15.235, de 31 de dezembro de 1921, foi criada a Companhia de Carros de Assalto, sediada na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Com isso, o Exército Brasileiro tornou-se pioneiro no uso de armas blindadas na América do Sul, embora a operacionalidade dessas forças já existisse antes de sua formalização. A introdução dos Renault FT-17 representou uma inovação significativa, mas enfrentou resistência entre oficiais mais antigos, devido à ausência de uma visão estratégica clara e à falta de uma cultura de inovação. A resistência à adoção dos carros de combate gerou deficiências doutrinárias no Exército Brasileiro, que comprometeram o desenvolvimento e a eficácia da Companhia de Carros de Assalto. Essas limitações persistiram, dificultando o emprego efetivo dos blindados durante as crises políticas e militares das décadas de 1920 e 1930. O uso operacional dos Renault FT-17 ocorreu durante a Revolução Constitucionalista de 1932, em que os blindados foram empregados em missões de defesa de pontes e neutralização de ninhos de metralhadoras. Apesar de seu papel limitado, essas operações marcaram a primeira utilização prática de carros de combate pelo Exército Brasileiro em um conflito interno.

Em 22 de abril de 1935, por meio do Aviso nº 248, foi criada a Seção de Carros-de-Combate no Batalhão de Guardas, utilizando os carros de combate já existentes no Batalhão Escola de Infantaria. No mesmo período, sob a influência direta do chefe da Missão Militar Francesa, General Paul Noel, foi instituída a Seção de Motomecanização no Estado-Maior do Exército. Essas iniciativas representaram um avanço significativo na modernização das forças terrestres brasileiras, sinalizando um esforço para integrar a motomecanização na doutrina militar. A criação da Companhia de Carros de Assalto em 1921, sob a liderança do Capitão José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, foi uma tentativa pioneira de introduzir a arma blindada no Exército Brasileiro. Contudo, a falta de visão estratégica por parte de setores conservadores da oficialidade resultou no abandono progressivo dessa iniciativa. A resistência à motomecanização revelou deficiências doutrinárias que comprometeram a continuidade do projeto, evidenciando a necessidade de uma mudança cultural para evitar o atraso operacional da Força Terrestre. Em 1938, o General Waldomiro Castilho de Lima, inspirado pelas operações militares italianas na Segunda Guerra Ítalo-Abissínia (1935–1936), trouxe novo ímpeto à discussão sobre a motomecanização no Ministério da Guerra. Reconhecendo a obsolescência dos carros de combate Renault FT-17, utilizados pelo Exército Brasileiro desde os anos 1920, foi decidida a substituição desses veículos por modelos modernos. A escolha recaiu sobre os carros de combate Fiat-Ansaldo CV3-35 II, que haviam demonstrado desempenho satisfatório em terrenos montanhosos durante a Guerra Civil Espanhola (1936–1939) e nas regiões áridas da Etiópia. Os Fiat-Ansaldo CV3-35 II representavam o auge do sucesso comercial da indústria bélica italiana, sendo adquiridos por diversos exércitos ao redor do mundo. Seguindo essa tendência, o governo brasileiro celebrou um contrato com o fabricante italiano para a compra de um lote desses veículos blindados. Apesar da relevância dessa decisão, a eficácia operacional dos novos carros de combate ainda enfrentava desafios devido a preconceitos persistentes entre a oficialidade mais tradicional do Exército Brasileiro em relação à adoção de armas blindadas. As ideias visionárias do Capitão José Pessoa, que defendia a importância da motomecanização desde os anos 1920, foram retomadas com entusiasmo pelo Capitão Carlos Flores de Paiva Chaves. Sua dedicação foi fundamental para a consolidação da arma blindada no Brasil, superando resistências internas e promovendo a modernização da doutrina militar. A iniciativa de Flores marcou um ponto de inflexão, pavimentando o caminho para o fortalecimento das capacidades operacionais do Exército Brasileiro no campo da motomecanização.
Em 1938, foi determinado que a Seção de Carros-de-Combate do Batalhão de Guardas, sediada no Rio de Janeiro, RJ, seria responsável por operar os novos carros de combate leves Fiat-Ansaldo CV3-35 II. Além disso, a seção deveria consolidar todo o pessoal e equipamento previamente pertencente à mesma unidade, incluindo os remanescentes carros Renault FT-17. Essa reorganização visava centralizar os recursos de motomecanização, promovendo maior eficiência operacional e administrativa. No final de abril de 1938, o Brasil recebeu um lote de 23 blindados Fiat-Ansaldo CV3-35 II. Esses veículos foram transportados por via terrestre até o Depósito de Material Bélico, localizado no bairro de Deodoro, Rio de Janeiro. Dos 23 blindados, cinco eram equipados com uma metralhadora italiana Breda de calibre 13,2 mm, enquanto os demais contavam com duas metralhadoras dinamarquesas Madsen de calibre 7 mm. Em 25 de maio de 1938, por meio do Aviso nº 400, foi criado o Esquadrão de Auto-Metralhadoras, integrado ao Centro de Instrução de Motorização e Mecanização, como parte da recém-formada Subunidade-Escola de Motomecanização. A nova subunidade foi aquartelada em Deodoro, ocupando parte de um edifício inacabado originalmente destinado à Escola de Engenharia (atual Escola de Material Bélico – EsMB). Essa iniciativa marcou um passo significativo na modernização da Cavalaria brasileira, conciliando a tradição da cavalaria hipomóvel — profundamente enraizada no Exército Brasileiro — com as inovações da motomecanização. O Capitão Carlos Flores de Paiva Chaves desempenhou um papel central na implementação do Esquadrão de Auto-Metralhadoras. Com o auxílio de um sargento mecânico da Escola de Aviação Militar, ele liderou o processo de transferência dos 23 blindados Fiat-Ansaldo CV3-35 II do Depósito de Material Bélico para as novas instalações da subunidade em Deodoro. Esse esforço demonstrou seu elevado comprometimento com a consolidação da arma blindada no Brasil. Os novos carros de combate foram oficialmente apresentados às autoridades brasileiras durante a parada militar de 7 de setembro de 1938, no Rio de Janeiro. O evento marcou a formação da primeira subunidade mecanizada da Cavalaria brasileira, o Esquadrão de Auto-Metralhadoras, que representou um marco na integração de tecnologias modernas ao Exército Brasileiro. A coexistência harmoniosa entre a cavalaria mecanizada e a tradicional cavalaria hipomóvel destacou a capacidade do Exército de equilibrar inovação e tradição.

O Esquadrão de Auto-Metralhadoras, sediado em Deodoro, Rio de Janeiro, organizou os 23 carros blindados leves Fiat-Ansaldo CV3-35 II em quatro pelotões, cada um composto por cinco veículos. Cada pelotão era identificado por emblemas representando os naipes de cartas de baralho, pintados em círculos brancos nas laterais dos blindados. Em cada pelotão, quatro veículos eram equipados com duas metralhadoras dinamarquesas Madsen de calibre 7 mm, enquanto o quinto, destinado ao comandante do esquadrão ou pelotão, possuía uma metralhadora italiana Breda de calibre 13,2 mm. A dotação do esquadrão incluía três Fiat-Ansaldo CV3-35 II de reserva e um pelotão de apoio equipado com duas viaturas de turismo, nove caminhões leves, sete motocicletas e oito conjuntos de motocicletas com sidecar. O efetivo total era de 102 homens, sendo sete oficiais e 95 praças, com dois tripulantes designados para cada Fiat-Ansaldo CV3-35 II. Além disso, foram incorporados ao esquadrão os cinco últimos carros de combate Renault FT-17, remanescentes da tentativa inicial de formar uma unidade blindada na década de 1920. A partir de 1939, o Esquadrão de Auto-Metralhadoras entrou em plena operação, desempenhando um papel crucial na evolução da doutrina militar brasileira. O uso dos Fiat-Ansaldo CV3-35 II, aliado a novas técnicas de treinamento, contribuiu para transformar a mentalidade da oficialidade do Exército Brasileiro. Essa mudança foi essencial para estabelecer bases sólidas para a força blindada nacional, promovendo a integração de veículos blindados com as forças de infantaria. Apesar desses avanços, a quantidade de blindados disponíveis — apenas 23 unidades — era insuficiente para atender às necessidades mínimas do Exército Brasileiro. Assim, os Fiat-Ansaldo CV3-35 II foram empregados exclusivamente em atividades de instrução e formação de pessoal. Sua obsolescência também limitava seu uso, uma vez que a ausência de armamentos de maior calibre os tornava inadequados para os cenários de guerra moderna que emergiam na Europa. No início de 1941, o governo brasileiro intensificou sua aproximação com os Estados Unidos, obtendo acesso a programas de cooperação e assistência militar. Em agosto do mesmo ano, foram recebidos os primeiros dez carros de combate leves M3 Stuart, equipados com canhões de 37 mm. Esse processo foi ampliado em 1942, com a chegada de quantidades significativas de material bélico norte-americano, incluindo centenas de carros de combate M-3A3 - M-3A5 Lee e M-3 - M-3A1 Stuart. Com a introdução desses novos veículos, os Fiat-Ansaldo CV3-35 II foram gradualmente retirados de suas funções de treinamento e instrução. A transição marcou o início de uma nova fase na modernização da força blindada brasileira, alinhada com tecnologias mais avançadas e adequadas às exigências dos conflitos contemporâneos.
Em meados de 1942, os carros blindados Fiat-Ansaldo CV3-35 II, embora substituídos por modelos mais modernos, não foram imediatamente retirados de serviço. Eles foram transferidos para Recife, Pernambuco, onde passaram a integrar o Esquadrão de Reconhecimento da Ala Motomecanizada do 7º Regimento de Cavalaria Divisionário. Essa unidade ficou sob o comando do 1º Tenente Plínio Pitaluga, que posteriormente lideraria o 1º Esquadrão de Reconhecimento da Força Expedicionária Brasileira (FEB), a única unidade de Cavalaria do Exército Brasileiro a atuar no teatro de operações europeu durante a Segunda Guerra Mundial. Em agosto de 1944, os Fiat-Ansaldo CV3-35 II foram transferidos de volta ao Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Até o término da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945, esses blindados foram empregados em missões de patrulha em bases militares. Após o conflito, foram formalmente desativados e armazenados no Depósito Central de Material de Motomecanização, localizado no Rio de Janeiro. Em 1948, pelo menos cinco unidades dos Fiat-Ansaldo CV3-35 II foram transferidas para a Polícia Militar do Distrito Federal, onde permaneceram em operação até meados da década de 1950. Após esse período, foram recolhidas ao depósito. No mesmo ano, parte da frota foi doada ao governo da República Dominicana. Nos anos subsequentes, alguns desses veículos foram utilizados como alvos em exercícios de artilharia e lança-chamas, refletindo sua obsolescência operacional. Em reconhecimento à importância histórica dos Fiat-Ansaldo CV3-35 II, alguns exemplares foram preservados para fins museológicos e cerimoniais. Dois veículos estão em exposição no Museu Militar Conde de Linhares e no 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada, ambos localizados no bairro de Campinho, Rio de Janeiro. Além disso, dois outros blindados, equipados com metralhadoras Madsen de calibre 7 mm e mantidos em condições operacionais, são utilizados em eventos e cerimônias na Escola de Material Bélico (EsMB), no Rio de Janeiro, e na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende, RJ. Essas iniciativas asseguram a preservação da memória militar brasileira e o legado dos primeiros esforços de motomecanização no Exército Brasileiro.

Em Escala.
Para a representação do carro blindado Fiat-Ansaldo CV3-35 Modelo II, foi selecionado o kit da Bronco Models na escala 1/35. Este modelo destaca-se pelo elevado nível de detalhamento, incluindo componentes em photo-etched, que conferem maior realismo à maquete. Não foram necessárias modificações adicionais para reproduzir fielmente a versão utilizada pelo Exército Brasileiro, dado que o kit já atende às especificações históricas do veículo. Os emblemas e marcações do Fiat-Ansaldo CV3-35 Modelo II foram representados por meio de decais personalizados, desenvolvidos com base em diversos conjuntos produzidos pela FCM Decais. Essa customização garantiu a precisão histórica das insígnias e símbolos empregados pelo Exército Brasileiro, assegurando uma reprodução autêntica do veículo em sua configuração operacional.

O esquema de cores descrito, conforme o padrão Federal Standard (FS), foi adotado pelo Exército Brasileiro para todos os seus veículos militares nas décadas de 1920 e 1930. Inicialmente, os carros blindados Fiat-Ansaldo CV3-35 foram recebidos com o padrão de camuflagem utilizado pelo Exército Real Italiano (Regio Esercito Italiano). Contudo, esse esquema foi prontamente substituído para adequar os veículos ao padrão estipulado pelo Exército Brasileiro, garantindo uniformidade e conformidade com as normas nacionais.




Bibliografia :
- Carro Veloce L3/35 (CV-35) - http://www.tanks-encyclopedia.com
- CV33 Ansaldo Wikipédia - https://it.wikipedia.org/wiki/CV33
- CV35 Ansaldo Wikipédia - https://it.wikipedia.org/wiki/CV35
- Consolidação dos Blindados no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos - www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/DC3.PDF

Fairchild M-62 PT-19A/B e PT-3FG

História e Desenvolvimento.
A Fairchild Aviation Corporation, uma das mais representativas fabricantes aeronáuticas da História, seria fundada em 1924 pelo empreendedor Sherman Fairchild, (que ao longo de sua vida seria responsável pela abertura de setenta empresas), se estabelecendo inicialmente nas cidades de Farmingdale, e East Farmingdale em Nova York. Esta organização seria designada como a empresa-mãe dos muitos interesses da companhia no segmento aeronáutico ao longo dos anos vindouros. A companhia desenvolveria e construiria a primeira aeronave norte-americana a incluir uma cabine de pilotagem (cockpit) totalmente fechada e sistema de trem de pouso hidráulico, o modelo Fairchild FC-1. Dando sequência a este processo de crescimento, outras empresas seriam adquiridas ou incorporadas a este grupo econômico, como a  Caminez Engine Company em 1925,  e em 1929 a Kreider-Reisner Aircraft Company de Hagerstown, baseada em Maryland. Atendendo a seu planejamento de expansão, em 1920 seria fundada sua primeira planta fora dos Estados Unidos, nascendo sua subsidiária canadense, a Fairchild Aircraft Ltd. instalada na  cidade de  Longueuil em Quebec, estas instalações seriam responsáveis pela produção de um grande número de aeronaves civis e militares até o início da década de 1950.  Além do modelo Fairchild FC-1 a empresa seria notabilizada após o lançamento do modelo Fairchild 71, que fora projetado especificadamente para o emprego em missões de fotografia aérea, superando assim as limitações dos modelos em uso, que eram incapazes de voar de maneira constante a uma altitude suficiente para o efetivo emprego nesta tarefa. Esta aeronave apresentava excelentes características de desempenho e capacidade de transporte, o que levaria a  se tornar um dos aviões mais populares da época, se notabilizando ainda por integrar a estrutura de aeronaves do contingente do famoso explorador Richard E. Byrd, em sua expedição  ao Polo Sul entre os anos de 1928 e 1929. Seu primeiro contrato governamental seria firmado em 1935, quando a empresa seria selecionada pelo ministério da agricultura dos Estado Unidos para o desenvolvimento de pesquisas baseadas em fotografias aéreas para rastrear e mapear a erosão do solo e seus efeitos. Neste mesmo período a empresa passaria a ser conhecida também como Fairchild Aircraft Manufacturing Company. 

Apesar de deter boa participação no mercado civil norte-americano principalmente no segmento de aeronaves de treinamento básico, sua participação no meio militar ainda era inexpressiva, se limitando apenas ao fornecimento de componentes básicos para outro fabricantes que produziam aeronaves militares para a marinha e o exército. Neste contexto a oportunidade perfeita se materializaria em fins da década de 1930,  com a efervescência do crescimento da importância arma aérea junto as forças armadas norte-americanas. Neste período o treinamento básico dos futuros pilotos do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), era praticamente realizado fazendo uso somente dos biplanos Boeing PT-17 Stearman.  Aeronave esta que apesar de apresentar uma configuração antiquada, oferecia comandos dóceis e facilidade de pilotagem, não forçando assim os cadetes a desenvolver suas melhores habilidades em voo, o que futuramente lhes seriam exigidas quando da operação de modernas aeronaves de combate de grande desempenho.  Com a finalidade de sanar esta preocupante deficiência, em 1939 o comando da aviação Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), decidiria pela substituição dos seus já obsoletos biplanos de treinamento básico. Uma concorrência seria aberta em fins deste mesmo ano, prevendo o desenvolvimento de um monomotor monoplano de asa baixa, que deveria apresentar aos futuros pilotos, diversos níveis de aprendizagem, que permitissem assim forjar suas melhores habilidades de pilotagem. Obrigatoriamente a nova aeronave deveria ainda possuir obrigatoriamente baixos custos de manutenção e operação. Oito empresas de construção aeronáuticas norte-americanas responderiam a este chamando, apresentando dezoito propostas de modelos de aeronaves de treinamento, entre estes concorrentes, estava a Fairchild Aircraft Manufacturing Company, com seu modelo M-62. Esta aeronave fora desenvolvida com recursos próprios da companhia, com seus estudos preliminares sendo iniciados no ano de 1933, capitaneados pelo engenheiro chefe Armand Thiebolt, entre uma das primícias básicas estava o emprego de componentes mecânicos intercambiáveis já existentes no mercado e materiais não estratégicos. Seu primeiro protótipo já havia alçado voo em  15 de maio de 1939, propulsado por um motor Motor Fairchild Ranger L-440 com 175 cv de potência, a partir das instalações da empresa em Hagerstown, Maryland. 
Todos estes concorrentes seriam submetidos a um extensivo programa de avaliação comparativos e ensaios em voo, com a decisão final pendendo para a escolha do modelo M-62 da Fairchild Aircraft Manufacturing Company. Esta nova aeronave de dois lugares apresentava disposição dos assentos em tandem, com cockpit aberto, apresentando a moderna configuração monoplano de asa baixa cantiléver, com trem de pouso fixo e design do volante de cauda. Seu projeto de construção simples, porém robusta, incluía uma fuselagem composta por tubos de aço soldado coberto de tecido, com as demais aéreas da aeronave fazendo uso de compensados em madeira, com uma seção central revestida de compensado, painéis de asa externos e montagem da cauda. O emprego do motor em linha invertido Ranger L-440-3 de 175 HP, permitiria uma área frontal estreita, proporcionando ao aluno e instrutor uma excelente visibilidade, enquanto seu trem de pouso fixo e amplamente separado permitia um manuseio em solo sólido e estável facilitando o processo de treinamento em solo. Em 22 de setembro de 1939, seria celebrado o primeiro contrato entre a Fairchild Aircraft Manufacturing Company e o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) prevendo a compra de duzentas e setenta aeronaves. Devido ao alto emprego de madeira na estrutura da aeronave, este acordo envolvia a subcontratação de vinte e sete empresas ligadas a este tipo de manufatura como fábricas e lojas de móveis e uma fundição para os componentes metálicos. As primeiras células começariam a ser entregues a escola de aviação militar do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir de meados de 1940, onde receberia a designação milita de PT-19. Rapidamente o modelo conquistaria a simpatia de instrutores e alunos das organizações responsáveis pela formação dos novos pilotos, levando assim a intenção pela formalização de encomendas de mais aeronaves. No entanto o intensificar do conflito na Europa, e as ameaças do expansionismo japonês no sudeste asiático, urgenciando acelerar os processos de fortalecimento das forças armadas norte-americanas. Neste cenário o poder aéreo seria fundamental, o que aumentaria a necessidade de formação de mais pilotos militares, o que levaria em janeiro de 1941, a celebração de um contrato emergencial prevendo a produção de mais de três mil aeronaves na versão PT-19A, agora equipadas com o novo motor Ranger L-440-3 de 200 hp de potência. 

A capacidade industrial instalada da Fairchild Aircraft Manufacturing Company não estava apta para o atendimento do cronograma de entregas previsto, sendo decidido então licenciar a produção da aeronave para as empresas Howard Aircraft Corporation, St. Louis Aircraft Corporation, Aeronca Aircraft e pôr fim a empresa canadense Fleet Aircraft. A necessidade de se treinar os pilotos para voo por instrumentos, levaria a conversão de seis aeronaves na linha de produção incorporando uma cobertura do tipo capota, de lona, que podia ser puxada sobre a cabine da frente permitindo que o cadete realizasse o voo completamente às cegas e somente por instrumentos. Essa nova versão passaria a ser denominada PT-19B e seu desempenho satisfatório levaria a sua produção em série, junto Fairchild Aircraft Manufacturing Company e a Aeronca Aircraft, totalizando novecentas células. Geralmente confunde-se o PT-19B para treinamento de voo por instrumentos, com o modelo PT-26, uma versão exclusiva para as Forças Armadas Canadenses, que possuía cabine de pilotagem (cockpit) totalmente fechada, que tinha por finalidade   proporcionar mais conforto para os tripulantes, muito em função das condições climáticas daquele país. Quando a curva de produção das células superou a produção dos motores, a equipe de projeto da empresa desenvolveria a versão PT-23, que passava a ser equipada com um motor radial Continental R-670 de 220 hp. Ao todo seriam produzidos oitocentos e sessenta e nove PT-23 e  duzentos e cinquenta do PT-23A (versão para treinamento por instrumentos), pelas linhas de montagem de todas as companhias originalmente envolvidas no programa de construção da família de aeronaves PT-19.Durante  o ano de 1943, o Comando de Treinamento da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) receberia uma série de reclamações sobre problemas de durabilidade com as asas de compensado do PT-19 e do PT-23 quando expostos ao alto calor ou umidade das bases de treinamento localizadas no Texas e na Flórida. Como solução paliativa seriam substituídas as seções da asa de madeira após apenas dois a três meses de serviço ativo por causa da podridão da madeira e problemas de separação de camadas.   
Comparado aos antigos treinadores biplanos anteriores, o Fairchild PT-19 pode ser considerado um divisor de águas, pois pela primeira vez no estágio de treinamento básico os cadetes tinham acesso a uma aeronave de bom desempenho em altas velocidades e o carregamento das asas aproximava-se mais do das aeronaves de combate, com as características de voo exigindo mais precisão e cuidado, resultando assim na formação das habilidades e melhor rendimento dos alunos.  Desta maneira ao longo do conflito, o PT-19 realmente faria jus ao seu apelido, o "Berço dos Heróis". Suas principais virtudes estavam baseadas em sua simplicidade, baixo custo de aquisição e operação além de confiabilidade e segurança em voo. Vale citar que os Fairchild PT-19 foram a principal aeronave de treinamento das Mulheres Pilotos de Serviço da Força Aérea - WASP (Women's Airforce Service Pilots), organizações civis destinadas especificamente a formação de aviadoras, principalmente entre os anos de 1942 a 1944, liberando assim os homens para atuar nas missões de combate. Suas características positivas como treinador básico seriam notadas por outros países, sendo inclusive produzido sob licença no Canada e Brasil, com o objetivo de se desafogar as linhas de produção norte-americanas durante o conflito. Ao todo seriam entregues 7.742 unidades dispostas em dez versões, que seriam empregadas pelas forças aéreas dos. Estados Unidos, Canada, Brasil, Chile, China, Colômbia, Equador, Haiti, Índia, México, Nicarágua, Noruega, Paraguai, Peru, Filipinas, África do Sul, Rodésia, Reino Unido, Venezuela e Uruguai. Mesmo após sua aposentadoria no final da década de 1940, um número substancial encontraria seu caminho no meio civil, atualmente existem ainda centenas de aeronaves em condições de voo sendo mantidas por museus ou colecionadores. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, com o envio de um contingente militar para atuação no front europeu. 

No que tange a arma aérea, a recém-criada Força Aérea Brasileira, era a arma que mais necessitava de modernização, pois dispunha em sua frota aeronaves já obsoletas, carecendo inclusive de aeronaves de treinamento básico e avançado, o que não lhe permitir formar quantitativamente e qualitativamente pilotos militares, necessidade fundamental para a preparação de uma arma aérea forte e eficiente. Em termos de aeronaves de treinamento, estavam disponíveis limitadas quantidade de aeronaves dos modelos Stearman Boeing A75 - A76 e B76, De Havilland DH-60T Moth Trainer, De Havilland DH-82 Tiger Moth, Focke-Wulf FW-44J Stieglitz e pouquíssimas aeronaves modernas como os North American BT-9 e NA 72.  Este cenário começaria a ser revertido a partir de meados do ano de 1942, pois o programa de apoio militar norte-americano previa a entrega de grandes quantidades de aeronaves de treinamento básico e avançado, que seriam fornecidos em lotes. Neste pacote inicial estavam dispostas cem células novas de fábrica do modelo Fairchild PT-19 Cornell, que deveriam ser empregados em tarefas de instrução básica. Já o o desafio de trazer estas aeronaves ao Brasil seria de grande complexibilidade, pois o intensificar da batalha do Atlântico com a crescente ameaça dos submarinos alemães e italianos, neste período inviabilizava o transporte das aeronaves desmontadas por via marítima. Seria então decidido que todas as aeronaves seriam trazidas em voo, dos Estados Unidos desde a sede do fabricante até o Brasil, por oficiais da Força Aérea Brasileira. Sem dúvida, isso significava que tais oficiais iriam cumprir uma missão do mais alto risco. Na década de 1940, existiam poucos campos de pouso na América Central e na região norte da América do Sul. Auxílios-rádio à navegação e infraestrutura de apoio logístico e de manutenção, então, eram praticamente inexistentes. Além disto a aeronave por ser destinada ao treinamento primário não era apropriada para uma viagem tão longa e perigosa, pois além de serem construídos em madeira, os Fairchild PT-19 Cornell apresentavam cockpits abertos e desconfortáveis, com este fato agravado por sua pequena autonomia. Estas restrições seriam agravadas ainda pequena autonomia, e como fator complicador, seu motor ranger L-440, de seis cilindros invertidos consumia grande quantidade de óleo lubrificante, e este item poderia ser realmente escasso em termos de reabastecimento durante a jornada devido à falta de infraestrutura aeroportuária citada anteriormente. 
Assim os aviões, recebidos na fábrica na cidade de em Hagerstown, Maryland, eram geralmente reunidos em grupos de cinco aeronaves, cada uma das quais pilotada por um único oficial aviador. Na nacele dianteira, seria instalado um tanque suplementar de combustível, para aumentar o alcance do pequeno avião. Para cada uma das primeiras esquadrilhas, era incorporado um avião Fairchild UC-61, monomotor de asa alta e com capacidade de quatro tripulantes. Nesse avião, viajavam o comandante da esquadrilha, o sargento mecânico e um piloto reserva. A quantidade de bagagem que cada avião trazia era mínima, devido à necessidade de se trazer várias latas de óleo lubrificante para os Ranger L-440. Entre julho e agosto de 1942, trinta Fairchild PT-19 foram trazidos em voo, desde Hagerstown até o Campo dos Afonsos, através da América Central continental e do litoral da América do Sul, pois era praticamente impossível, naquela época, sobrevoar a região Amazônica pelo interior. Essas primeiras esquadrilhas fizeram um voo realmente épico. Como o Brasil já estava praticamente às portas da guerra, não havia como esperar que a época das chuvas passasse. As condições meteorológicas, eram horríveis. Enquanto as aeronaves voavam acima do território dos Estados Unidos, o ar era quente e seco, e a névoa seca dominava amplas regiões. A partir da América Central, o ar era sempre muito úmido, com formação frequente de Cbs (cumulus nimbus) e muitas pancadas de chuva, até o Rio de Janeiro. Os pilotos voavam com capacetes de couro e óculos, nos cockpits abertos. Nos Estados Unidos, era possível obter-se previsões meteorológicas da etapa seguinte, mas do México e  da América Central em diante, os pilotos decolavam sem ter a menor ideia das condições que iriam enfrentar. Os campos de pouso eram distantes entre si, e havia poucos campos intermediários de apoio. Na maioria dos casos, depois de percorrida metade da distância em cada etapa, era impossível voltar, e o avião tinha que seguir em frente obrigatoriamente, pois não havia combustível suficiente para o regresso. Já os oficiais do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), ao tomarem conhecimento da intenção dos pilotos brasileiros de levarem os Fairchild PT-19 em voo para o Brasil, fizeram sombrias previsões de que pelo menos 40% dos aviões ficariam pelo caminho, pois as condições eram imprevisíveis e as  aeronaves não eram dimensionadas para este tipo de deslocamento de longa distância. 

Embora o risco da viagem fosse óbvio, houve problemas de diversa ordem, com várias aeronaves realizando pousos emergências em praias, à espera de condições meteorológicas mais favoráveis. Apesar de todos os prognósticos negativos, só houve uma perda de vida em todas as viagens durante esta megaoperação de translado aéreo: o Primeiro-Tenente Aviador QO Auxiliar Kenneth Lindsay Molineaux, acidentou-se com o seu Fairchild PT-19 quando sobrevoava o Território do Amapá, sob forte chuva. O seu avião chocou-se com as árvores, sendo totalmente destruído. Além dessa aeronave, houve somente mais duas perdas de aviões Fairchild PT-19, mas ambos os pilotos sobreviveram. Isso dá um índice de perda de menos de 3 % do total de cento e seis aeronaves, que foram transladadas em voo dos Estados Unidos ao Brasil, durante toda a Segunda Guerra Mundial. Os motores Ranger L-440 por sua vez, revelaram-se extremamente confiáveis, ocorrendo relativamente, pouca incidência de panes de motor. As perdas de outros tipos de aeronaves em outros traslados seriam ainda menores, furando as terríveis previsões iniciais dos oficiais norte-americanos. Esses primeiros voos eram feitos em 46 etapas, da fábrica até os Afonsos: Hagerstown, Washington, Greensboro, Atlanta, Mobile, New Orleans, Beaumont, San Antonio, Brownsville, Tampico (México), Vera Cruz, Minatitlan, Tapacula, El Salvador, Manágua (Nicarágua), San Jose da Costa Rica, Golfito, David, Rio Hato, Turbo (Colômbia), Barranquilha, Maracaibo (Venezuela), Coro, La Guaíra, Barcelona, Ciudad Bolivar, Tumereno, Georgetown (Guiana Inglesa), Panamaribo (Guiana Holandesa), Caiena (Guiana Francesa), Oiapoque (Brasil), Amapá, Macapá, Belém, Bragança, São Luiz, Parnaíba, Fortaleza, Mossoró, Natal, Recife, Maceió, Salvador, Ilhéus, Caravelas, Vitória, e, finalmente, Rio de Janeiro (Campo dos Afonsos). Essas etapas eram cumpridas, normalmente, com 110 horas de voo, quinze mil quilometros, percorridos e em 25 dias de missão. A partir de 1943, a viagem ficou mais curta, pois todos os aviões destinados ao Brasil passaram a ser entregues em Kelly Field, em San Antonio, Texas. Logo da chegada das primeiras esquadrilhas, os Fairchild PT-19 Cornell foram direcionados a Escola de Aeronáutica (EAer) baseada no Campo dos Afonsos na cidade do Rio de Janeiro, onde passariam a ser empregados no estágio básico de treinamento dos futuros pilotos da Força Aérea Brasileira, substituindo de imediato as antigas aeronaves herdadas a Aviação Militar e da Aviação Naval. 
A exemplo do ocorrido junto as instituições de ensino do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), os treinadores Fairchild PT-19 longo conquistou a confiança de alunos e instrutores brasileiros, despertando assim o interesse do Ministério da Aeronáutica (MAer) na aquisição de mais células da aeronave. Negociações sobre este tema junto ao governo norte-americano, resultariam na obtenção de uma licença para a produção desta aeronave no país, com este programa sendo direcionado as instalações da Fábrica do Galeão no Rio de Janeiro. Este programa incluía vinte aeronaves pré-série a serem montadas no país com componentes totalmente importados, já os lotes subsequentes passariam a adotar gradativamente um maior conteúdo nacional, objetivando a exceção do motor Ranger L-440, perfazer o maior percentual de itens produzidos no país. Após ajustes de ferramental e processos, sua produção teria início em 1944, com este programa se estendendo até meados do ano de 1947 sendo entregues duzentas e trinta e quatro aeronaves que foram designadas localmente como 3-FG (modelo 3 Fábrica do Galeão). Uma solução local seria implementada nos anos seguintes, com a adoção de uma cabine fechada, com estas células sendo designadas como T-19. Ao longo de toda sua carreira, os Fairchild PT-19 e PT-3FG seriam responsáveis pela formação de mais de dois mil e quinhentos pilotos brasileiros, mas em meados da década de 1950 ficava clara a necessidade de substituição da aeronave por modelos mais modernos. Esta demanda levaria a criação de um programa de produção sob licença de um novo treinador primário,  que resultaria no contrato para a produção do modelos holandeses  Fokker S.11 e S.12. O avançar deste projeto determinaria  a partir de 1956, o início de um processo de retirada gradual dos Fairchild PT-19, que seria encerrado em 1963, neste momento as células me melhor estado de conservação seriam transferidas para o Departamento de Aviação Civil (DAC) a fim de serem doadas a aeroclubes espalhados pelo país. Cabe ao Fairchild PT-19 e PT-3FG  a marca de ser a aeronave militar empregada em maior número na Força Aérea Brasileira, atingindo a cifra de quatrocentas e quatro células incorporadas. 

Em Escala.
Para representarmos o Fairchild PT-19B "FAB 0310" pertencente a Escola de Aeronáutica (EAer), fizemos uso do kit em resina na escala 1/48 do fabricante GIIC Models. Modelo este que apresenta facilidade de montagem e opções de detalhamentos interessantes, procedemos como alteração apenas a inclusão dos tripulantes. Empregamos decais confeccionados pela GIIC Models, com numerais que permitem montar três aeronaves. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o  segundo padrão de aeronaves de instrução empregadas pela Escola de Aeronáutica (EAer), salientando que as primeiras células recebidas ostentavam  um padrão de pintura em metal natural. Ja todas as aeronaves produzidas no Brasil receberam este esquema de pintura. Registros fotográficos apresentam pequenas alterações neste padrão, como a inclusão de identificação numérica de esquadrilhas de adestramento e  marcações tipo "Shark Mouth" (bocas de tubarão).




Bibliografia :

- Fairchild PT-19 - Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Fairchild_PT-19
- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha- http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras  1916 – 2015 Jackson Flores Jr
- Fairchild  M-62 Cornell | Fábrica do Galeão – Brasil - https://www2.fab.mil.br/musal/
- A grande epopéia dos PT-19 - https://culturaaeronautica.blogspot.com/2010/12/grande-epopeia-dos-pt-19-da-fab-25-dias.html


Unimog 4X4 Série U no Brasil

História e Desenvolvimento.
Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz construiriam ao mesmo tempo e período, os primeiros automóveis motorizados funcionais do mundo. O pioneirismo desses homens faria com que colecionassem outras conquistas, como a construção do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão a diesel do mundo. Em abril de 1900 nasceria um novo motor, que seria denominado como "Daimler-Mercedes", grupo propulsor este que impulsionaria a produção em série dos primeiros carros comerciais por ser simples, eficaz e de baixo custo. Durante a Primeira Guerra Mundial, a empresa teria grande participação no esforço de guerra alemão, produzindo desde veículos componentes diversos e motores de aviação. Após o término do conflito, a economia alemã seria imersa em uma profunda crise econômica, que impactaria diretamente nas vendas de veículos novos. Neste momento apenas marcas fortes produzidas por empresas com solidez financeira seriam capazes de sobreviver a este cenário caótico, e muitas delas viram-se forçadas a participar de cooperativas ou processos de fusão. Assim neste movimento, as montadoras Daimler-Motoren-Gesellschaft DMG e a Benz & Cie, decidiriam se unir em um esforço conjunto de administração e cooperação tecnológica, padronizando assim seus projetos, processos de produção, gestões comerciais e administrativas. Apesar de comercializar seus modelos de automóveis em conjunto, ainda mantinham suas respectivas marcas originais, porém em seguida assumiriam uma identidade industrial e comercial única, nascendo assim a Daimler-Benz AG. Seu logotipo a icônica estrela de três pontas, seria desenhada por Gottlieb Daimler, em que cada ponta representava o ar, a terra e o mar mostrando que os motores desenvolvidos e produzidos por esta empresa se adaptavam a estes três modais de transporte. Em meados da década de 1930, as vendas da empresa seriam fortemente impulsionadas pela recuperação econômica do país, bem como pelo grande número de demandas governamentais, destinadas ao ambicioso programa de rearmamento alemão. Seu portfólio original de automóveis e caminhões seria ampliado passando a empresa a produzir motores aeronáuticos, barcos, aeronaves e diversos componentes mecânicos, se tornado um assim dos mais importantes fornecedores estratégicos da máquina de guerra da Alemanha Nazista.  Após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, suas plantas industriais seriam reconstruídas (pois foram alvo de incessantes bombardeios nas últimas fases da guerra) em cooperação com ingleses e norte-americanos, em um esforço para a recuperação econômica do país. O processo de reconstrução estrutural do país que fora maciçamente destruído, demandaria um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes, e neste contexto a empresa vislumbraria uma oportunidade única de mercado.   

Desta maneira, a Daimler-Benz AG passaria a concentrar seus recursos e esforços no segmento caminhões de pequeno e médio porte, fazendo uso de projeto desenvolvidos originalmente durante a década de 1930, que logo iriam obter grande sucesso comercial não só na Alemanha, mas também em toda a Europa, resultando em uma grande econômico para a montadora. Em termos de novos projetos, logo em 1945 a equipe de engenharia da montadora se concentraria em desenvolver um caminhão leve com atendendo ao conceito de um “Veículo de Aplicação Universal”, com esta busca resultando em uma sinergia com a empresa Erhard & Söhne GmbH que neste momento estava empenhado em criar um caminhão desta mesma categoria. Neste momento o renomado engenheiro Hans Zabel da montado passaria a capitanear estes trabalhos. Este conceito resultaria em uma versátil família de veículos para operação fora de estrada principalmente para aplicação agrícola, em um papel mais polivalente que o tratores tradicionais. Seu projeto teria início no outono de 1945, e envolveria o desenvolvimento de um veículo com tração traseira e tração dianteira comutação, com rodas de tamanho igual, a fim de ser conduzido em estradas em velocidades mais altas do que tratores agrícolas padrão. Seu elemento de design característico estava baseado em chassi, uma estrutura de escada flexível com saliências curtas, e eixos de portal de feixe surgidos com um tubo de torque central e links transversais. Devido a esta configuração, seus pneus ficariam posicionados abaixo do centro do eixo, concedendo ao veículo uma alta distância do solo sem a necessidade do emprego de pneus grandes, porém como ponto negativo este sistema limitaria, no entanto, sua capacidade de carga. Este processo concederia ao caminhão, um nível de torque que permitiria um deslocamento de ângulo de eixo de até 30°, dando aos pneus uma ampla gama de movimento vertical para permitir que o caminhão dirija confortavelmente sobre terrenos extremamente irregulares, mesmo pedregulhos de um metro de altura. Os primeiros resultados práticos deste projeto começariam a se materializar a partir de agosto de 1946, com a apresentação de um primeiro protótipo funcional (que seria muito semelhante em termos de design ao modelo de produção em série) que, no entanto, ainda seria equipado com um motor a gasolina, pois o desenvolvimento do motor diesel não estava ainda totalmente concluído.   
Em 20 de novembro do mesmo ano, seu nome comercial ‘Unimog” seria oficialmente revelado ao mercado, representando o acrônimo em alemão para "Universal-Motor-Gerät" que poderia ser interpretado em um contexto geral como dispositivo, máquina, instrumento, engrenagem e aparelho. Sua fabricação em série estava prevista para ser iniciada a partir de abril de 1947, e curiosamente este processo seria destinado a planta industrial da Boehringer Ingelheim, uma vez que por um lado a Erhard & Söhne GmbH não dispunha naquele momento de uma adequada capacidade de produção, e por outro pela interdição imposta pelos Aliados no pós-guerra, que impedia a Daimler-Benz AG de produzir veículos fora de estrada. Atendendo ao cronograma previsto, em maio de 1947, os primeiros caminhões de série, já equipados com o confiável motor a diesel Daimler Benz OM636 de 25 hp, começariam a ser disponibilizados no mercado doméstico alemão. Rapidamente o ‘Unimog” conquistaria um grande número de clientes, passando largamente a ser empregado em fazendas agrícolas, onde suas qualidades de utilização em ambiente seriam confirmadas com mérito, contribuindo inclusive para o aumento da produção agrícola do país naquele momento. No início do ano de 1951, seriam levantadas as restrições de produção de veículos fora de estrada, levando assim a Mercedes-Benz AG a assumir a produção integral da família Unimog em sua planta industrial de Gaggenau. Neste momento o modelo passaria a usufruir de uma importante rede de distribuidores fora da Alemanha, incrementando sensivelmente seus volumes de vendas. O modelo passaria por diversas melhorias e aperfeiçoamentos durante sua primeira década, evoluindo de um pequeno caminhão agrícola com teto lona (Boehringer Unimog 70200) para veículo mais complexo. Esta linha evolutiva pode ser exemplificada pela versão S-404 Series, lançada em 1955 que apresentava como principais características uma maior distância entre eixos e grupo propulsor mais potente. Esta nova plataforma também seria empregada para o desenvolvimento da primeira variante moderna produzida para fins militares, com o objetivo de potencializar sua vocação original para operação em quaisquer tipos de terreno, características muito necessárias no ambiente militar. Oficialmente, o Unimog nunca foi originalmente destinado a ser um veículo militar, na verdade, a permissão concedida para sua produção pelo comando Aliado das Forças de Ocupação da Alemanha, somente foi dada com o compromisso de seus fabricantes, que este caminhão jamais teria qualquer proposito de emprego desta natureza.    

No entanto este cenário começaria a mudar a partir de 1956, quando quarenta e quatro Unimog 70200 foram adquiridos pelos Exército Suíço (Schweizer Armee) para serem empregados como tratores de engenharia de combate. Seu desempenho em campo se mostraria tão positivo, que levaria o governo daquele país a encomendar mais de quinhentos caminhões, agora do modelo  Unimog 2010, permanecendo em uso até o ano de 1989. Estes relatos positivos. No início da década de 1950, oficiais do Exército Frances (Armée de Terre) pertencentes as Forças Aliadas de Ocupação da Alemanha, presenciariam a operação em capo dos primeiros modelos deste veículo, demonstrando grande interesse em seu potencial operacional. Estudos seriam realizados levando em 1957 a aquisição de mais de uma centena de caminhões Unimogs dispostos nas versões U-2010 e U-401. Estes contratos de exportação despertaria o interesse do Exército Alemão (Deutsches Heer), levando o comando das Forças Armadas (Bundeswehr), a solicitar a montadora o desenvolvimento de uma versão totalmente militarizada. Seus parâmetros de projeto definiam um caminhão de pequeno de porte de 1,5 toneladas, capaz de transportar de dez a doze soldados totalmente equipados, a uma velocidade de até 90 km/h em terrenos regulares. Assim no início do ano de 1958, a Mercedes Benz AG, apresentaria logo em seguida uma proposta que se materializaria no modelo Unimog 404 ou Unimog S, com vários protótipos sendo produzidos para testes de campo. O modelo seria aceito para uso imediato, e durante os anos seguintes se tornaria um veículo padrão desta categoria para o emprego junto aos países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sendo entregues mais de sessenta mil caminhões entre os anos de 1955 e 1980. Com a introdução do modelo Unimog 406 em 1962, a montadora lançaria as bases para uma família completamente nova deste caminhão, sendo compostas pelas versões 403, 406, 413, 416, 419 421, 426 e 431, sendo produzidos com três diferentes distâncias entre eixos (2.380 mm, 2.900 mm, 3.400 mm). Em termos de motorização eram oferecidos os modelos a diesel reto OM 314 e OM 352 com injeção direta, variando de variando de 54 DIN-PS a 110 DIN-PS (40 kW – 81 kW). As séries Unimog light 421 e 431 compartilhariam sua motorização e design de quadro com a série 411 e de cabine com a série 406. Em 1975 seria lançado o Unimog Série 425, primeiro modelo pesado da família, apresentando pela primeira vez a cabine avançada, que ainda é uma característica de design até a atualidade.  
Apesar de todo este êxito, na primeira metade da década de 1980, suas vendas entrariam em declínio, levando a montadora a buscar uma estratégia que revertesse este quadro tornando o modelo mais rentável, culminando no programa "Unimog-Program 1988".  Neste contexto seriam lançadas as novas séries 407 Leve e 417 Média, que se destinavam a substituir as variantes mais antigas derivadas do modelo Unimog 406. Apesar deste revés o modelo segue em uso em muitas forças armadas ao redor do mundo, sendo empregados como veículos de transporte de tropas, tração de artilharia, ambulâncias, cisternas, bombeiros, tanque de combustível, socorro e centros de comando móveis equipados com equipamentos de comunicações militares ou guerra eletrônica, com esta última aplicação com base no modelo 419, sendo largamente empregada pelo Exército dos Estados Unidos(US Army) e pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). Seus maiores usuários militares podem ser representados pelas forças militares da Argentina, África do Sul Bélgica, Brasil, Dinamarca, Hungria, Irlanda Indonésia, Portugal, Finlândia, Lituânia, Letônia, Nova Zelândia Grécia, Chile, Bolívia, México, Mongólia, Paquistão, Turquia, Rodésia, Cingapura, Alemanha, França, Suíça, Suécia, Luxemburgo e China. Novas versões seriam desenvolvidas nas décadas de 1990 e 2000, com sua produção atingindo até o ano de 2022 a casa de mais de trezentos mil caminhões. A Argentina seria o primeiro país a fabricar o modelo fora da Alemanha, com os caminhões sendo montados na planta da da Mercedes-Benz Argentina SA do distrito de Gonzalez Catán, nos arredores da cidade de Buenos Aires até fins do ano de 1968. Novas versões seriam desenvolvidas nas décadas de 1980, 1990 e 2000, com sua produção atingindo a casa de 300.000 unidades.  Em fins do ano de 2003, a linha de montagem seria transferida para a planta de Wörth am Rhein da Mercedes-Benz-LKW-Montagewerk, passando a disponibilizar versões mais atualizadas com cabines redesenhadas e novos motores, para atender aos padrões de emissão de poluentes nas normas previstas pelo programa Euro VI, permitindo assim que estes novos veículos possam se manter em operação pelas próximas décadas em todo o mundo. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante as décadas de 1940 e 1950 prevaleceria nas Forças Armadas Brasileiras a hegemonia norte-americana em termos de caminhões militares, trazendo grade capacidade operacional. Durante a década seguinte o alto grau de desgaste e indisponibilidade desta frota, levaria a medidas paliativas como a aquisição de caminhões militarizados de produção nacional como os Ford F-600, Chevrolet Brasil, FNM D-11000 e Mercedes Benz LP 321. Apesar de atender a contendo as demandas básicas de transporte de carga e pessoal, faltavam ainda veículos com carrocerias customizadas para o emprego em tarefas especializadas, modelos estes neste momento não oferecidos pelas montadoras nacionais. Assim no início da década de 1960, este contexto abriria caminho para aquisição de veículos especializados e equipamentos militares disponibilizados no mercado internacional de defesa. Neste esforço em 1959, o comando de material do Ministério da Aeronáutica (MAer), iniciava estudos visando a aquisição de um pequeno lote de caminhões na configuração de veículo bombeiro, para o emprego em suas bases aéreas, buscando substituir modelos similares e já obsoletos incorporados durante a Segunda Guerra Mundial. Os estudos iniciais analisariam as possíveis opções quanto a customização de modelos produzidos nacionalmente, porém seus parâmetros operacionais não atenderiam as especificações exigidas, neste momento os olhares se debruçariam entre fabricantes europeus. Entre as propostas analisadas destacava-se a apresentada pela montadora alemã Mercedes Benz AG, envolvendo o modelo  Unimog Série S-404 Bombeiro. Tratativas seriam realizadas, resultando na celebração de um contrato para o fornecimento de trinta caminhões, que passariam a ser entregues em meados do ano de 1962. Seu emprego operacional logo renderia grandes elogios por seus usuários, levando nos anos seguintes a aquisição de mais lotes destes caminhões, agora dispostos nas versões de Posto de Controle de Rádio, Posto de Radar e transporte de pessoal, com este último modelo sendo destinado a dotar os Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BInfA). Durante a década de 1980, novos lotes de caminhões Unimog na versão bombeiro e de transporte geral, seriam adquiridos pela Força Aérea Brasileira, com estes se mantendo em uso até o ano de 2008. 

O excelente desempenho do Unimog S-400 e S-404 principalmente em ambientes fora de estrada quando em serviço junto aos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BInfA), levaria o comando da Diretoria de Material do Exército Brasileiro a analisar a possível aquisição de caminhões desta família. Após breves negociações seria celebrado um contrato envolvendo vinte caminhões configurados na versão básica de transporte de carga e pessoal, com estes passando a ser recebidos no início do ano de 1967. Em operação seriam destinados inicialmente ao 22º Batalhão Logístico Leve (2ª Cia L Mnt) – Batalhão Coronel Amadeu de Paula Castro baseado na cidade de Barueri - SP. No ano seguinte mais quarenta caminhões seriam incorporados para emprego junto a demais batalhões de logistica e infantaria do Exército Brasileiro. Novamente os excelentes resultados recebidos em serviço culminariam na encomenda de mais lotes destes modelo, para operação junto aos  Grupos de Artilharia de Campanha de Selva (GAC Sl), passando a ser responsáveis por  tracionar e transportar morteiros pesados de 120 mm. No início da década de 1980, seriam incorporados mais oitenta caminhões Unimog para serem empregados  junto aos Grupamentos de Artilharia Leve de Campanha (GAC L), onde passariam a ser responsáveis por tracionar os novos obuseiros leves italianos Oto Melara M-56 105 mm. Em 1992 seria iniciada a implementação do Sistema Tático de Comunicações (SISTAC), que compreendia o  conjunto de pessoal e meios de comunicações orgânicos de determinado escalão, desdobrados para apoiar em comando e controle as tropas em operações. Este sistema móvel deveria contemplar caminhões configurados para o transporte de “shelters destinados a operar uma rede integrada de comunicação digital multisserviços, capaz de fornecer serviços de voz e dados, em claro e criptografados, e também a interface com redes externas e com sistemas de rádio convencionais. Para esta tarefa seria selecionado o caminhão Unimog 100L/38, que a partir de 1998 passariam a equipar inicialmente o 1º Batalhão de Comunicações de Santo Ângelo, no estado do Rio Grande do Sul. A partir desta década o modelo Unimog 1300L/38 passaria a ser o mais comum da família em serviço no Exército Brasileiro. O último lote incorporado em 2010 compreenderia seis unidades destinadas ao 1° Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (GAC Sl) baseado na cidade de Marabá - PA. 
Logo em seguida, a Marinha do Brasil se tornaria o terceiro usuário da família Unimog, com este processo sendo deflagrado em fins da década de 1980, mediante ao lançamento de uma concorrência, visando a aquisição de mais de uma centena de caminhões leves com tração 4X4 para o emprego junto ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Dentre as diversas propostas apresentadas se destacaria a da montadora alemã Mercedes Benz AG, detentora implacável liderança mundial neste segmento de veículo, resultando no ano de 1989 na celebração de um contrato envolvendo a aquisição de cento e quarenta oito caminhões dispostos nas versões de Transporte não Especializado (TNE), TNE c/guincho, Transporte Especializado (TE) Frigorífica, Munk (guincho hidráulico), Cisterna Água, Cisterna Combustível e Especial Socorro. Em comum estes modelos compartilhariam a plataforma do Unimog U2150, equipada com o confiável motor MB OM 366 LA Diesel com seis cilindros em linha direta de injeção, turbo compressor e refrigeração a ar. Em dezembro de 1999 seria recebido o primeiro lote de viaturas num total de trinta e nove unidades, as unidades restantes, seriam entregues pela montadora em lotes até o ano de 2003. As Viaturas Operativas 5 Toneladas 4x4 Unimog ao serem utilizadas como meios de apoio ao combate e de apoio de serviços ao combate, se tornariam imprescindíveis às missões desenvolvidas pelos Fuzileiros Navais, conferindo mobilidade aos efetivos dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais constituídos. Destacamos ainda o importante uso desta família de caminhões em apoio ao contingente brasileiro durante sua participação na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), capitaneada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Após receberem no Brasil o esquema de pintura com marcações das forças de paz da ONU, Unimogs dos modelos Transporte não Especializado (TNE), Cisterna Água e Cisterna Combustível seriam deslocados para aquele país no ano de 2004. Em operação estes caminhões receberiam muitos elogios, principalmente ao seu pequeno porte facilitando seu deslocamento nas estreitas ruas da periferia da cidade de Porto Príncipe. Cerca de quarenta caminhões destes três modelos, seriam alocados nesta missão atendendo a um sistema calendário de rodízio para substituição e envio ao Brasil para a realização das manutenções de grande monta.   

Satisfeita com o desempenho do operacional do Unimog 2150 e U1300L, em 2010 a Marinha do Brasil efetivaria a aquisição de cento e cinquenta caminhões divididos entre os modelos  Unimog 4000 e o Unimog 2450L com tração 6X6 na configuração de Veículo de Socorro sob Rodas.  Estes últimos totalizavam quatro viaturas e estavam equipados como o novo motor MB OM 336 LA Turbo com 240hp, trabalhando em conjunto com uma transmissão UG 3/65 completamente sincronizada com oito marchas à frente e oito à ré. Suspensão independente nas seis rodas, eixos rígidos em versão pórtico (contramarcha de roda), bloqueadores diferenciais em todos os eixos, com molas helicoidais e amortecedores. Acionamento dos eixos traseiros com diferencial longitudinal e acionamento do eixo dianteiro e bloqueio longitudinal e transversal conectável com o veículo em movimento. Estava equipado com um sistema hidráulico de guincho e guindaste com carroceria em metal produzida na Áustria pela Fahrzeugwerk Bernard Krone GmbH & Co., empresa especializada na conversão de versões militares da família Unimog. Em operação estes veículos têm como foco o socorro a diversos tipos de viaturas que integram as forças de deslocamento rápido.  A aquisição destes veículos de socorro e de toda a família UNIMOG trouxe importantes vantagens para o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), tornando uma força altamente operativa come levado índice de viaturas disponíveis para atender a qualquer eventualidade que seja necessário seu pronto emprego e veio também facilitar a logística. No Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) este veículo tem como foco o socorro a diversos tipos de viaturas que integram as forças de deslocamento rápido. Infelizmente por se tratar de um modelo importado, atrasos rotineiros nos processos de importação de peças de reposição de uso frequente, geravam preocupantes problemas nos índices de disponibilidade da frota das três forças armadas brasileiras. Visando amenizar este problema, em 2016 o Centro de Coordenação da Marinha (CCEMSP), desenvolveu em parceira com indústrias automotivas brasileiras, um programa de nacionalização de componentes. Entre diversos objetivos atendidos por esta demanda estava um dos mais críticos, o sistema de freios (discos e pastilhas), que passaram a ser fabricados nacionalmente em substituição ao exclusivo sistema original militar padrão OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A conclusão deste programa traria inúmeros benefícios não só em termos de ganho de rapidez e flexibilidade logístico no processo de aquisição das peças, mas também em termos de custo.
O envelhecimento natural iria diminuir consideravelmente a frota de caminhões Unimog em serviço nas forças armadas brasileiras prejudicando gravemente sua capacidade operativa neste segmento de veículos especializados. Assim no início da década de 2010 seriam estudadas opções para o atendimento a esta demanda levando ao desenvolvimento de soluções paliativas envolvendo a aquisição de caminhões semelhantes militarizados produzidos nacionalmente pela Mercedes Benz e pela Volkswagen. No Exército Brasileiro está movimentação levaria a desativação de um grande número de caminhões da família Unimog, com muitos sendo vendidos em leiloes e arrematados por colecionadores e entusiastas.  Em 24 de novembro de 2002 a Marinha do Brasil (MB) formalizaria, a compra de noventa caminhões UNIMOG 5000, junto à empresa alemã Daimler Truck AG, devendo ser recebidos em sete lotes, com o cronograma de entrega se estendendo até o ano de 2027. Cada um destes passou a ser acompanhado pela remessa de lotes de peças sobressalentes literatura técnica e treinamento para os militares do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Estes caminhões considerados como no “no estado da arte” militar são apropriados para qualquer terreno e indicados, especialmente, para as operações anfíbias, estavam dispostos nas versões de transporte de tropas e material, cisternas de água e combustível, munk frigoríficas e basculantes.  Em janeiro de 2022 seriam recebidas as doze primeiras viaturas, com cinco destes destinados ao emprego no Sistema Integrado de Comando e Controle da Marinha do Brasil (SIC2MB), fazendo parte das plataformas para o funcionamento das atividades de Guerra Eletrônica (GE) e de Comando e Controle (C2). Este sistema compõe o programa estratégico ProAdsumuS da Marinha do Brasil, que tem por finalidade garantir a capacidade expedicionária de sua força, restabelecendo e ampliando as capacidades da Brigada Anfíbia, nucleada na Força de Fuzileiros da Esquadra, bem como dos Batalhões de Operações Ribeirinhas, dos Grupamentos de Fuzileiros Navais e dos Batalhões de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica da Marinha. Atualmente no Exército Brasileiro ainda se encontram em operação.

Em Escala.
Para representarmos o Unimog U-1300L "CFN 34324886” fizemos uso do kit Revell na escala 1/35, modelo este de boa qualidade, onde somente apresentamos ressalva aos pneus que são em borracha e devem ser substituídos por similares em resina. Empregamos decais presentes no set " Forças Armadas Brasileiras" impressos pela Decals e Books em conjunto com decais produzidos pela Eletric Products, para assim compor este padrão de identificação representado no modelo.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura dos veículos empregados nas missões das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), como este padrão sendo removido após o retorno dos veículos ao Brasil. Cada uma das três forças armadas brasileiras aplicou em sua frota de caminhões Unimogs, esquemas de pintura táticos idênticos aos utilizados em seus veículos de transporte.


Bibliografia : 

 

- Unimog  - Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Unimog 

- Unimog - Alle Modelle Seit 1948 - Peter Schneider - Ed Motor Buch Verlag 

- Unimog no Corpo de Fuzileiros Navais - Expedito Carlos S. Bastos - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/U2450L.pdf 

- PROADSUMUS - Marinha do Brasil adquire novas viaturas para o CFN - https://www.defesanet.com.br/ 

- Marinha recebe novos Unimog – Tecnologia & Defesa https://tecnodefesa.com.br/