CCL X-1 Pioneiro e X-1A1/A2 Carcará

História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento do governo nacional socialista que se encontrava em plena implementação passava a focar também o desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares, que seriam no campo de batalha combinados com novas tecnologias em equipamentos e armas destinadas ao combate terrestre com apoio aéreo. Esta iniciativa culminaria na criação do conceito da "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg, esta tática tinha, como um dos principais pilares, o desenvolvimento de carros de combate blindados, que se caracterizavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Neste contexto os novos carros de combate alemães seriam desenvolvidos para serem superiores em todos os aspectos aos seus pares disponíveis na época. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes a Alemanha (assinado após o término da Primeira Guerra Mundial) este e demais programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançava a passos largos.  Do outro lado do oceano atlântico, o serviço de inteligência norte-americano transmitia ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) todos os informes relativos a estes avanços e suas eminentes ameaças futuras. Análise preliminares destes relatórios apontavam que estes novos carros blindados alemães facilmente superariam os modelos em uso até então.  A fim de se solucionar esta problemática, em abril do ano de 1939 seria iniciado um abrangente programa de estudos, que visava o desenvolvimento novos carros de combate que teriam por objetivo principal substituir os já obsoletos modelos M-1 e M-2 que representavam o esteio da força de blindada daquela nação.   O principal objetivo deste plano era conceber carros de combate que em hipotéticos cenários de conflagração, poder rivalizar com os novos carros de combate alemães e japoneses que se encontravam em fase inicial de operação. Assim em julho de 1940 seria deflagrado o programa do carro de combate leve "M-3 Light Tank", com este projeto sendo capitaneado inicialmente pelas equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department) com sede em Fort Lee, Virgínia. De imediato os trabalhos conceituais seriam iniciados, sendo estabelecidos diversos parâmetros iniciais de projeto, se destacando entre eles a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e de um sistema de blindagem dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre de sua arma principal. 

O peso adicional resultante da blindagem parametrizada em projeto, levaria ao emprego de um novo sistema de suspensão muito diferente do utilizado no M-2 Light Tank, para melhoria da equalização do peso total do veículo, seria adicionado nas lagartas uma polia extensora traseira de maior diâmetro, aumentando assim a superfície de contato com o solo. A fim de se abrigar a nova peça de artilharia, uma nova torre com potencial de giro de 360º seria desenvolvida, sendo inicialmente soldada e rebitada em formato oitavado, sendo posteriormente substituída por uma composta uma única chapa laminada moldada de espessura. O veículo seria projetado para operar com uma tripulação reduzida de quatro homens, composta por motorista, comandante, municiador e auxiliar. Nos primeiros modelos produzidos, o comandante do carro, desempenharia também a tarefa de artilheiro do canhão, já nas versões mais recentes a adoção do conjunto de periscópicos levaria a alteração da posição do comando do carro seria posicionada ao lado direito, passando o comandante a atuar também na função de municiador. O carro seria testado em campo, e apesar de um certo ceticismo por parte de um grupo de analistas mais críticos que avaliavam que quando comparado a seus adversários, o modelo apresentava uma duvidosa capacidade de proteção, devido sua fina blindagem, e questionava-se também a real eficácia da arma de 37 mm frente a couraça dos carros de combate alemães de nova geração. Apesar destas importantes ressalvas, a necessidade de se atender rapidamente as demandas norte-americanas de seus possíveis aliados levaria a decisão de se iniciar imediatamente a produção em larga escala. Neste contexto seria priorizado o fornecimento ao Exército Real (Royal Army) para o emprego no teatro de operações da África Norte, onde receberia seu batismo de fogo, onde apesar de suas limitações apresentaria um destacado papel nesta fase inicial do conflito, vindo a reforçar provisoriamente as debilitadas forças blindadas aliadas, ganhando tempo para a aceleração da capacidade industrial norte-americana. Já os seus primeiros combates pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) se dariam a partir de 8 de dezembro de 1941, quando dos enfrentamentos decorrentes da invasão japonesa as Filipinas.  Em fins de 1943 as limitações originais do projeto em termos de blindagem e armamento levariam a sua necessidade de substituição na linha de frente o que ocorreria com a introdução a partir de 1944  dos novos carros de combate leve M-24 Chaffe.
Apesar disto o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, não assistiria o fim da carreira dos M-3 e M-5 Stuart, que após retirados do serviço junto ao Exército dos Estados Unidos (US Army), seriam classificados como "excedente militar" passariam a compor os programas de ajuda militar, com milhares destes carros de combate passando a ser cedidos mais de trinta países com os quais os Estados Unidos buscavam fortalecer suas relações. Nesta nova fase seriam empregados novamente em situações de conflito real, participando ativamente da Guerra Civil Chinesa (1946 - 1949), Guerra da Indochina (1946 - 1954), nas primeiras fases das Guerras Indo-Paquistanesas e por fim durante a Guerra de Independência de Angola (Guerra de Ultramar). Apesar de ultrapassado deste o final da década de 1950, a simplicidade, robustez, baixo custo de manutenção e operação de seu projeto original, levariam ao desenvolvimento de inúmeros programas de revitalização e modernização ao redor do mundo, com destaque principalmente para os projetos implementados junto as Forças de Defesa de Israel (IDF). Com estes programas servindo no futuro de influência, para estudos que seriam realizados no Brasil. Em fins da década de 1960, a frota brasileira de carros de combate leve M-3 e M-3A1 Stuart era composta por mais de quatrocentos veículos, com a grande maioria destes se encontrando fora de serviço. Este cenário era causado principalmente por problemas na obtenção de peças de reposição, mais notadamente componentes dos dispendiosos motores a gasolina Continental AOS-895A3 ou Guiberson T-1020A. Desta maneira, apesar de estarem armazenados como reserva estratégica, seriam logo disponibilizados para a venda como sucata. Neste contexto em 1969, o 1º BCCL (Batalhão de Carros de Combate) baseado na cidade do Rio de Janeiro - RJ, receberia a visita de uma delegação israelense, que tinha como objetivo a aquisição de plataformas militares antigas para a conversão em veículos de serviço blindados sob esteiras.  Esta intenção viria a despertar a atenção do Coronel Oscar de Abreu Paiva, comandante da unidade, sob as possibilidades e potencialidades para o emprego dos M-3 e M3-A1 brasileiros como veículos especializados, com esta motivação sendo reforçada pelos militares israelenses, que teceram grandes elogios, quanto aos programas desta natureza implementados anteriormente em sua força terrestre.

Neste momento o Exército Brasileiro apontava a necessidade de uma renovação de sua frota de carros de combate e veículos em geral, com o atendimento desta demanda ser cerceada principalmente falta de recursos. Desta maneira neste momento surgiriam as primeiras iniciativas visando estudos para a implementação de programas de modernização da frota de M-3 e M-3A1 Stuart. Os primeiros resultados práticos seriam obtidos pelo Parque Regional de Motomecanizacão de Santa Maria (PqRMnt/3) no Rio Grande do Sul. Esta organização estava profundamente comprometida nos esforços do “Plano Impere” , programa este que visava recuperar diversos veículos de combate e transporte pertencentes ao III Exército. Os primeiros exemplos do emprego da plataforma destes carros de combate leves resultariam na criação de um trator de artilharia ou rebocador e no primeiro protótipo da Viatura de Combate Antiaérea. Apesar desta tímida iniciativa, um grande impulso neste sentido seria motivado pelos resultados positivos obtidos pelo Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2) no processo de remotorização de carros blindados como os Ford M-8 Greyhound e meia lagarta White M-2/M-3/M-5. Desta maneira logo em seguida o Ministério do Exército criaria o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB). O principal objetivo desta organização era o de desenvolver uma nova família de blindados leves tendo por base a plataforma e componentes vitais dos antigos M-3 e M-3A1 Stuart.  Um dos pontos de partida deste processo se baseava na substituição do motor original a gasolina por um novo conjunto de produção nacional a diesel, elencando como opção de análises modelos de motores produzidos nacionalmente pela MWM Motores S/A , Deutz do Brasil S/A e Scania Vabis do Brasil S/A. A instalação destes novos motores demandaria alterações na estrutura do veículo, que tiveram de ser alongados com chapas de aço  SAE 5150 fornecido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Com esta mudança seria necessário efetuar a troca da suspensão original do M-3 Stuart em virtude da diferença de altura do solo proporcionada. Como soluçao seria empregado o sistema utilizado originalmente no  trator de artilharia M-4 de 18 toneladas, que era maior e mais larga. Seriam então completados três protótipos, que seriam exaustivamente testados em ensaios comparativos, com o modelo com o motor Deutz apresentando a melhor performance, no entanto logo esta empresa encerraria suas operações no Brasil, com a escolha recaindo sobre o motor produzido pela Scania Vabis do Brasil S/A que apresentava uma potência nominal de 250 cv. 
Ao ser definido seu grupo propulsor a diesel, as atenções se voltariam ao desing do modelo, neste quesito suas principais deficiências estavam baseadas em suas linhas retas e planos verticais da carcaça que impunham fragilidade a sua blindagem original. Também pesavam negativamente sua elevada pressão sobre o solo em função de suas lagartas estreitas e principalmente seu baixo poder de fogo da munição do canhão de 37mm. Assim realizaram-se estudos envolvendo uma total reformulação da carcaça do veículo, abrangendo muito além da simples substituição do motor, como previsto inicialmente. Os resultados destes trabalhos indicavam a necessidade de uma reformulação total, com um novo desenho da carcaça com aproveitamento das partes traseira e frontal, suportando principalmente a instalação do novo motor a diesel, com modificações especiais de cárter e turbina. Como dito, incluindo a adaptação de um novo sistema de suspensão que permitisse o uso de lagartas mais largas adequadas a equalizar sobre o terreno o peso superior do veículo. Como maior destaque se encontrava o desenvolvimento de uma nova torre que pudesse abrigar um canhão de calibre 90 mm.  Estes trabalhos tiveram início em 28 de junho de 1973, com autorização do DPET (Diretoria Pesquisa de Ensino Técnico) e apoio da Diretoria de Motomecanização, que positivamente estava comprometida com o novo projeto. O primeiro protótipo funcional seria completado em dois meses nas instalações da Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda, com este processo sendo diretamente supervisionado pela equipe técnica do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo.  Este veículo seria submetido a um intenso programa de testes de campo na cidade de Peruíbe no litoral de São Paulo, operando em percursos em estradas de terra e asfalto, continuamente dia e noite, parando apenas para substituição de motorista e abastecimento.  Inicialmente este protótipo estaria equipado com uma torre produzida pela Engesa S/A, com está sendo substituída posteriormente por uma nova projetada pela Bernardini S/A, que receberia a designação inicial de B-90, em seguida, B-90 A1 (nos de série). Neste conjunto seria adaptado o canhão francês DEFA D-921A 90 F1 90 mm (3,54 pol), que poderia ainda fazer uso de munição  HEAT, HESH e APFSDS. Esta torre era construída totalmente em aço especial com uma polegada de espessura, resistente a tiros de metralhadoras calibre .50 a pelo menos 200 metros de distância.  

Emprego no Exército Brasileiro.
Os trabalhos de testes e aperfeiçoamentos do projeto seguiram atendendo ao cronograma original, com o primeiro protótipo participando da parada de 7 de Setembro de 1973 em Brasília no Distrito Federal, liderando início do desfile das forças motorizadas em Brasília, com este carro sendo comandado pelo diretor de Motomecanização do Exército Brasileiro. Logo após a versão final seria aprovada, resultando na celebração dos contratos de produção, com a Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda e Bernardini S/A,  envolvendo a aquisição inicial de cinquenta e três carros de combate, podendo chegar até cento e treze unidades em um aditivo complementar) do modelo agora designado como Viatura Blindada de Combate ou Carro de Combate MB-1.  Seu processo de produção seria dividido fases, com a primeira envolvendo o recebimento dos M-3 e M-3A1 Stuart pelo Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo, que seria responsável pode proceder a desmontagem do veículo. A seguir as carcaças seriam entregues a Biselli Viaturas e Equipamentos Ltda, nesta etapa seriam recuperadas a caixa de mudança e o sistema de transmissão original. Paralelamente seriam iniciados os trabalhos de transformação da carcaça, envolvendo principalmente o aumento no comprimento para a instalação do motor Scania DS-11 e caixa de transmissão. Nesta fase seria feito também o processo de rebaixamento da silhueta, e por fim seriam instalados acessórios, toda a parte elétrica e as lagartas produzidas pela Novatração. O veículo saia rodando e seguiria para as instalações da Bernardini S/A, onde seria realizada instalação da a torre e o canhão. Em um espaço reservado os técnicos do Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) procediam a instalação do armamento secundário e do equipamento de comunicações. Por fim seriam conduzidos testes em estrada na ordem de 200 a 300 km e testes de armas secundárias e principal, devendo ser disparados seis tiros com o canhão de baixa pressão de 90 mm.. No entanto o cronograma original enfrentaria uma série de atrasos, entre a assinatura do contrato em dezembro de 1973 e a entrega dos primeiros veículos pré-série seriam transcorridos mais de vinte e sete meses, com estes sendo disponibilizados entre os meses de março e abril de 1976.

Este atraso seria gerado por diversos fatores, destacando-se a proibição inicial de importação de componentes críticos, deficiências na formulação dos processos de engenharia de projeto, problemas de gestão de crédito com a Bernardini S/A que geravam interrupções no fluxo de peças e desvios de recursos e de atenção para os novos projetos como as versões posteriores X-1A1 e X-1A2. No citado período seriam completados dezessete carros de classificação como pré-séries, os quais foram incorporados ao 4º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB). Em operação estes carros uma variada gama de problemas técnicos e operacionais de pequena monta, obrigando o retorno destes ao fabricante, onde posteriormente seriam sanados convenientemente. O segundo de produção compreendia dezesseis carros, com quatorze sendo entregues em abril de 1979 ao 6º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB), os dois restantes seriam disponibilizados a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e Escola de Material Bélico. Apesar não haver uma documentação especifica dos fabricantes, registros oficiais do Exército Brasileiro apontam que estes seriam os últimos carros entregues desta versão, neste período sua designação oficial seria alterada para  CCL-MB-1 Pioneiro X1. Este seria a primeira experiencia da indústria brasileira no segmento de blindados sobre lagartas, porém não lograria o mesmo êxito obtido com os modelos sobre rodas. O programa seria alvo de crítica, muitas delas duras, mas serviria de grande aprendizado para o Exército Brasileiro e para a indústria nacional. Junto aos Regimentos de Cavalaria Blindada, os CCL-MB-1 Pioneiro X1 seriam intensamente empregados, mantendo inicialmente índices aceitáveis de disponibilidade, principalmente devido a sua robustez e facilidade de manutenção. Seu maior número de ocorrências estava relacionado a problemas técnicos de fácil solução, com os processos corretivos sendo rapidamente executados. No entanto seu ciclo operacional seria reduzido principalmente devido à falta de manutenção preventiva, resultando no desgaste prematuro de componentes críticos, com este fato se dando pela ausência manuais técnicos que deveriam ser elaborados pelo fabricante e entregues juntamente com os veículos.
Nos anos seguintes começariam a ser registradas falhas mais graves, que seriam posteriormente classificados como problemas crônicos, com destaque para quebra da embreagem deficiente (por conter apenas um disco), constante quebra de molas volutas (originarias dos tratores M-4 e semelhantes nacionais) e por trincamento do garfo da polia tensora, com este fato ocorrendo em  função do peso elevado da roda tensora que solicitava exageradamente este componente durante o deslocamento do veículo em alta velocidade sobre um terreno difícil. Apesar destes fatores, paralelamente seriam conduzidos estudos visando desenvolvimento de uma família inteira de blindados dedicados a tarefas especializada que seriam construídos sobre a mesma plataforma do CCL-MB-1 Pioneiro X1.  Elencando inicialmente neste contexto o XLP-10 - carro lançador de pontes (04 protótipos), XLF-40 - carro lançador de foguetes (01 protótipo), XCS - carro porta-morteiro (01 protótipo). Na sequência seria planejado o desenvolvimento de um carro de engenharia do tipo buldozer e um carro destruidor de minas, porém estes dois não evoluiriam além da análise conceitual. Em julho de 1978, um relatório da 4º Subchefia do Estado-Maior do Exército Brasileiro sugeriria a interrupção da produção do X-1 Pioneiro, direcionando a transformação dos remanescentes carros de combate leves M-3 e M-3A1 Stuart para o novo modelo X-1A que se encontrava em fase de testes de protótipo e suas subsequentes subversões especiais como porta-morteiro, antiaéreo, lança-ponte e lança foguete. Em fevereiro de 1983, oito destes se encontravam fora de operação, com este cenário se agravando, e ao final do mesmo apenas dois dos trinta e quatro CCL-MB-1 Pioneiro X-1 pertencentes a dotação original do  4º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB) estariam operacionais.  Em junho de 1984, essa questão seria resolvida com o retorno à lubrificação a óleo, com vinte e três destes carros sendo recolados em serviços após a realização de reparos. Inicialmente, estava previsto que a Bernardini S/A produzisse cinquenta e oito novos conjuntos de  marchas que solucionariam estas falhas, mas os custos envolvidos se mostrariam tão altos que esta alternativa acabaria abandonada. Além dos braços oscilantes racharem, o casco também começou a rachar no ponto de montagem dos bogies. Isso foi causado devido ao suporte inadequado das suspensões com o aumento do peso dos veículos. Os CCL-MB-1 Pioneiro X-1 passariam em 1988 a serem gradualmente substituídos pelos Bernardini M-41C  Caxias, com o último sendo desativado em  julho de 1994.

Fruto da experiência passada, o novo X-1A1 apresentava mudanças importantes, como a adoção de um novo sistema de suspensão com três boogies, em vez de dois como no X-1 e uma polia tensora independente. Esta solução permitiria uma pressão sobre o solo de 0,53kg/cm2, melhorando acomodação ao terreno com aumento da capacidade de transposição de fosso e com componentes de durabilidade e resistência superiores a seus similares no exterior. Sua carcaça seria ainda alongada em 20 centímetros permitindo, com a mudança da posição da saída de emergência, aumento do comprimento do teto e do espaço necessário para ampliação do diâmetro da torre. Isto permitiria a adoção de uma nova torre com rolamento maior de 1,60 m com acionamento de giro hidráulico, ao apresentar maiores dimensões esta torre permitiria maior conforto da tripulação, aumentando ainda capacidade de armazenamento de munição do canhão, possibilitando também a instalação de um segundo rádio e antena, escotilha giratória do chefe do carro com base para uma metralhadora antiaérea. O novo modelo também adotava o sistema de acionamento hidráulico das alavancas de comando das lagartas, permitindo mais conforto e menor desgaste físico do motorista. Dentro deste conceito seria completado um protótipo, que ao ser entregue ao Exército Brasileiro passaria a ser empregado em um extenso programa de testes e avaliação de campo realizado entre os anos de 1977 e 1978. Este novo projeto levaria a outro norteamento para o desenvolvimento de um carro de maior porte o projeto X-15, no entanto restrições orçamentárias levariam ao cancelamento desta iniciativa com o foco retornando a plataforma deste protótipo.  Neste contexto a ideia era desenvolver um modelo intermediário de baixo custo para o emprego em tarefas de adestramento podendo assim poupar custos e desgastes na frota de carros de combates médios M-41 Walker Buldog. De volta a fase de projeto nasceria o modelo X-1A2 que receberia o nome de batismo de "Carcará", que é considerado por muitos o primeiro carro-de-combate sobre lagartas concebido no Brasil.  Sua carcaça seria totalmente reformulada, inclusive retirando-se o espaço destinado ao auxiliar do motorista, permitindo assim a adoção de um conjunto de blindagem frontal com características balísticas muito superior às do X-1 e do X1-A1, concedendo-lhe também um desing mais moderno. Como novidade seria efetuada também a troca da caixa de transmissão mecânica, que passaria a ser uma Allison modelo CD-500 Cross-Drive, com três marchas alta e baixa a frente e uma a ré. Seria movido por um motor diesel Saab-Scania de 300 cv, a fim de compensar com seu peso aumentado de 19 toneladas, e apresentaria uma autonomia de 580 km.  Além disso, um novo sistema de controle de incêndio projetado pelo D.F. Vasconcelos S/A seria instalado, para melhorar as chances de sobrevivência em combate.   
O Bernardini X-1A2 manteria a torre de seu antecessor, porém seu sistema de giro passaria a ser hidráulico, sendo equipada com o mesmo canhão EC-90 mm (versão nacional do belga Cockerill) que equipava os carros de reconhecimento sob rodas Engesa EE-9 Cascavel. Neste contexto o X-1A2 Carcará passaria a apresentar um maior índice de nacionalização de componentes, o que neste momento muito interessava ao comando do Exército Brasileiro, que buscava atingir um percentual mínimo de independência industrial na obtenção de componentes críticos em relação a fornecedores internacionais. Testes de campo seriam implementados com o modelo recebendo homologação para emprego operacional pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), sendo neste momento contratada junto a Bernardini S/A a produção inicial de vinte e quatro carros divididos em dois lotes. O primeiro contemplando dez carros seriam entregues ao 6º Regimento de Cavalaria Blindada (RCB) em meados do ano de 1981, sendo alocados no segundo batalhão em substituição aos últimos M-4 Sherman em uso no Exército Brasileiro. Em operação real, verificou-se nos carros X1A2 Carcará um vazamento crônico do selo mecânico do conversor de torque, com esta ocorrência aliada também a alto índice de falhas e quebras no sistema de manches de direção.  Apesar de serem anomalias passiveis de correção, neste período todos os recursos disponíveis passariam a ser canalizados para o ambicioso projeto de modernização dos carros de combate médios M-41 Walker Buldog. O segundo lote seria disponibilizado em 1984, e curiosamente estes carros não foram colocados em serviço sendo apenas armazenados nesta unidade. O modelo seria retirado no serviço ativo no ano de 1994, sendo também substituído pelos Bernardini M-41C  Caxias. O eventual desenvolvimento do X-1 e X-1A2 pode ser um pouco questionável, considerando que o Engesa  EE-9 Cascavel representava todos os efeitos, um veículo igual, se não melhor. Mas isso não tira o objetivo real da indústria de defesa brasileira na época, que não era criar um veículo de combate excepcional, e sim ganhar experiência na fabricação e conversão de veículos blindados, que mais tarde seriam realizados em veículos mais complexos. Seu objetivo operacional era o de estender a vida útil e melhorar a eficácia de combate do M-3 Stuart até que o projeto M-41C pudesse ser iniciado. 

Em Escala.
Para representarmos o Bernardini CCL X-1 Pioneiro “EB11-232” utilizamos como ponto de partida kit da Academy na escala 1/35, desenvolvendo em scracth todo o chassi, canhão e torre. Fizemos uso de fotos de referência e desenhos, buscando a maior proximidade possível com o veículo real. Empregamos decais confeccionados Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro  1942 - 1982".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregados em todos os carros de combate leve (CCL) X-1 , X-1A1 e X-1A2 operados pelo Exército Brasileiro até 1983, sendo que após este ano alguns carros de combate receberam o padrão de camuflagem tático em dois tons adotado pelos Engesa EE-9 Cascavel e Bernardini M-41C Caxias, mantendo este esquema até a sua desativação em julho do ano de 1994.


Bibliografia :
- O Stuart no Brasil – Helio Higuchi, Reginaldo Bachi e Paulo R. Bastos Jr.
- M3 Stuart Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/M3_Stuart
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos

EE-T1 e EE-T2 Engesa Osório


História e Desenvolvimento.
A Engesa – Engenheiros Especializados S.A., fundada em 1958 na cidade de São Paulo, SP, por um grupo de engenheiros recém-formados liderado por José Luiz Whitaker Ribeiro, consolidou-se como o principal fabricante de equipamentos militares terrestres do Brasil. Nos anos iniciais, a empresa concentrou suas atividades na produção de equipamentos para prospecção, produção e refino de petróleo. Composta por profissionais altamente qualificados, muitos deles formados pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Engesa destacou-se pela excelência técnica e inovação. Em 1966, a Engesa iniciou um marco em sua trajetória com o projeto e a fabricação do sistema de tração 4×4, conhecido comercialmente como Tração Total. Esse sistema, composto por uma caixa de transferência com duas tomadas de força, eixo dianteiro direcional e guincho opcional, foi projetado para equipar veículos nacionais de série, como picapes e caminhões das marcas Chevrolet, Ford e, posteriormente, Dodge. O sucesso do sistema levou ao desenvolvimento das versões 6×4 e 6×6, que aproveitavam eixos e feixes de molas traseiros originais dos veículos. O sistema Tração Total conferiu excepcional desempenho fora de estrada, até então inédito no Brasil para veículos dessa categoria. Um exemplo notável foi a picape F-100 6×6, cuja capacidade de carga foi duplicada, permitindo a transposição de rampas com inclinação de até 85%. Devido à sua eficiência, o sistema foi patenteado no Brasil e em diversos países, consolidando a reputação da Engesa no mercado. O crescimento da Engesa esteve intrinsecamente ligado ao período da ditadura militar (1964–1985). Em 1967, o sistema Tração Total foi declarado “de interesse para a Segurança Nacional”, resultando em contratos com o Exército Brasileiro para o fornecimento de centenas de caminhões novos (modelos Chevrolet 4×4 e 6×6) e a modernização de parte da frota herdada da Segunda Guerra Mundial. Esses contratos incluíam a reforma de chassis e carrocerias, repotencialização de motores e substituição de suspensões e sistemas de tração pelos fabricados pela Engesa. Paralelamente, a empresa continuou atendendo o mercado civil, adaptando veículos para empresas como Petrobras, empreiteiras, concessionárias de energia e madeireiras. A partir de 1968, a Engesa passou a exibir seus produtos em diversas edições do Salão do Automóvel, ampliando sua visibilidade no setor. Os laços da Engesa com as Forças Armadas foram fortalecidos pelo Decreto-Lei nº 200/67, que promovia a descentralização de atividades da administração federal e incentivava a execução indireta de tarefas por meio da iniciativa privada. O decreto estipulava que a administração deveria transferir atividades executivas para empresas privadas capacitadas, o que resultou na redução de verbas e de quadros de servidores dedicados à pesquisa e desenvolvimento no setor público, incluindo o Exército. Essa política beneficiou diretamente a Engesa, que assumiu parte das responsabilidades de pesquisa e desenvolvimento militar. O crescimento da empresa foi expressivo, com a adaptação de 960 veículos em 1968, número que alcançou 1.371 dois anos depois. Esse avanço foi acompanhado pela criação de novos produtos voltados às Forças Armadas, consolidando a Engesa como um dos principais fornecedores militares do Brasil. 

Em abril de 1971, a Engesa – Engenheiros Especializados S.A. demonstrou sua capacidade como fabricante de armamentos modernos ao apresentar à imprensa brasileira dois blindados sobre rodas, desenvolvidos conforme especificações do Exército Brasileiro. O primeiro, um Carro de Reconhecimento (CRR), e o segundo, um Carro de Transporte de Tropas Anfíbio (CTR-A), foram os protótipos dos modelos EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, respectivamente. Esses lançamentos marcaram o início de uma linha de equipamentos militares identificada por nomes de cobras venenosas, que se tornaria característica da Engesa nas décadas seguintes. As primeiras unidades do EE-9 Cascavel foram equipadas com canhões de 37 mm reutilizados, provenientes de blindados M3 Stuart recebidos pelo Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. A segunda série do veículo incorporou uma configuração modernizada, com uma torreta francesa armada com um canhão de 90 mm. Contudo, esse sistema apresentava custos elevados e dependia de autorizações prévias do governo francês para exportações, o que levou a Engesa a desenvolver um canhão de 90 mm próprio, fabricado sob licença com base em um projeto belga. O EE-9 Cascavel, equipado com esse canhão “nacionalizado”, foi posteriormente reconhecido por analistas internacionais como um dos melhores blindados leves de reconhecimento do mundo. Estimulada pelos planos de investimento das Forças Armadas Brasileiras e pelo potencial de mercado no Oriente Médio, a Engesa transferiu, em 1974, suas principais instalações para São José dos Campos, SP. No mesmo ano, a empresa criou a Engex S.A., uma unidade fabril em Salvador, BA, dedicada à produção de engrenagens, caixas de transmissão e canhões. Ainda em 1974, a Engesa lançou os caminhões EE-15 e EE-25, com capacidades de carga de 1,5 e 2,5 toneladas, respectivamente, projetados para operações fora de estrada, com o dobro da capacidade em superfícies regulares. No início de 1982, o comando do Exército Brasileiro solicitou à Engesa estudos para o desenvolvimento de um carro de combate médio sobre lagartas, com peso de aproximadamente 35 toneladas. Este seria o veículo mais pesado a entrar em serviço no Brasil e o primeiro projeto desse porte conduzido pela empresa. Considerando a limitada demanda interna, a Engesa optou por adaptar o projeto às necessidades do mercado internacional de defesa, aumentando o peso do veículo para 41 toneladas. Com isso, o projeto foi elevado à categoria de Main Battle Tank (MBT – Carro Principal de Combate), ampliando seu potencial competitivo no cenário global.

Na década de 1980, o Exército da Arábia Saudita lançou uma concorrência internacional para o desenvolvimento e aquisição de um novo Carro de Combate Principal (Main Battle Tank – MBT), destinado a substituir os obsoletos AMX-30B de fabricação francesa. O programa previa a compra de aproximadamente mil unidades, em um contrato estimado em US$ 3 bilhões. A Engesa – Engenheiros Especializados S.A., reconhecendo o potencial de exportação, identificou nessa oportunidade a possibilidade de alcançar a escala industrial necessária para viabilizar o atendimento às demandas do Exército Brasileiro, além de fortalecer sua posição no mercado global. A Engesa  S/A  já detinha significativa notoriedade como fornecedora de veículos militares e equipamentos para nações do Oriente Médio, o que a posicionava como uma concorrente relevante na concorrência saudita. Sua experiência prévia na exportação de blindados, como o EE-9 Cascavel e o EE-11 Urutu, reforçava sua credibilidade no setor de defesa. O projeto do novo carro de combate, inicialmente denominado T-1 e posteriormente batizado EE-T1, foi concebido para atender aos padrões modernos de MBTs, com ênfase em poder de fogo, proteção e mobilidade. O veículo deveria incorporar tecnologias avançadas, incluindo: Pontaria a laser e controles para tiro em movimento; Sistemas de visão noturna; Proteção contra ameaças químicas, radioativas e biológicas (QRB); Sensores térmicos infravermelhos. A blindagem do EE-T1 foi projetada para ser leve e resistente, utilizando chapas compostas de materiais metálicos e compostos, desenvolvidas pela Eletrometal S.A., empresa responsável também pela produção de aços especiais para os canhões da Engesa. Para acelerar o desenvolvimento e reduzir custos, a Engesa buscou parcerias com fabricantes internacionais renomados, como a Dr. Ing. hc F. Porsche AG e a Thyssen-Henschel, ambas alemãs. O objetivo era adquirir tecnologia por meio de transferência, mas divergências comerciais e diferenças nos parâmetros de projeto inviabilizaram essas colaborações. Diante do fracasso nas negociações, a Engesa optou por desenvolver o EE-T1 de forma autônoma, incorporando as tecnologias mais avançadas disponíveis no mercado. O projeto foi estruturado em duas vertentes: Versão para Exportação: Customizada para atender às especificações exigidas pelo mercado internacional, incluindo a concorrência saudita. Versão para o Exército Brasileiro: Configuração simplificada, adaptada às necessidades operacionais nacionais. Para equipar o EE-T1, a Engesa encomendou à britânica Vickers Defence Systems duas torres intercambiáveis com comando elétrico, compatíveis com canhões de 105 mm e 120 mm, este último de origem francesa. Essa abordagem permitiu flexibilidade no armamento, atendendo a diferentes requisitos operacionais

O Engesa EE-T1, projetado para uma tripulação de quatro membros, foi concebido com uma estrutura monobloco composta por chapas blindadas soldadas, utilizando materiais monometálicos, bimetálicos e compostos. A blindagem composta, aplicada no arco frontal com pequenos ângulos de incidência, assegurava baixa silhueta e maximizava a proteção balística. Em 1986, essa configuração permitia resistência razoável contra munições antitanque disponíveis à época. O veículo incluía saias laterais em aço blindado para proteger as lagartas e os sistemas de suspensão, enquanto o motor e a transmissão automática com conversor de torque eram posicionados na traseira. O monobloco foi dividido em dois compartimentos principais — tripulação e power pack — separados por uma parede estrutural “corta-fogo” com isolamento térmico-acústico. O compartimento do power pack contava com três tampas em aço blindado bimetálico, projetadas para facilitar o acesso, complementadas por grades balísticas nas entradas e saídas de ar. A suspensão hidropneumática, fabricada pela Dunlop, atuava sobre as doze rodas de apoio (seis por lado), utilizando lagartas Dhil. O sistema de frenagem, hidráulico a disco com retarder, era assistido por computador, garantindo maior controle e segurança. Para propulsão, foi selecionado o motor MWM TBD 234 V12 a diesel, refrigerado a ar, com 1.020 cv, importado da Alemanha, acoplado à transmissão ZF Friedrichshafen AG LSG 3000, de seis velocidades (quatro à frente e duas à ré). O EE-T1 estava equipado com o sistema de controle de fogo britânico Marconi Centaur, integrado a dois periscópios franceses SFIM VS580 VICAS, um para o atirador (com telêmetro a laser) e outro para o comandante (com visão panorâmica). Adicionalmente, o sistema de visão noturna Philips UA9090, de fabricação holandesa, proporcionava visores para ambos os tripulantes, ampliando a capacidade operacional em condições de baixa luminosidade. Em julho de 1985, um protótipo do EE-T1 (P.1) foi enviado à Arábia Saudita para participar do processo de pré-seleção da concorrência internacional promovida pelo Exército Saudita. O veículo demonstrou plena adaptação ao terreno desértico, obtendo excelentes resultados e sendo classificado para a fase seguinte, onde competiu diretamente com modelos de fabricantes da França, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Conforme o cronograma, em julho de 1987, o protótipo definitivo, equipado com um canhão de 120 mm e sistemas eletrônicos de ponta, foi despachado para o Oriente Médio para a seleção final. Durante os testes, o EE-T1 apresentou os seguintes dados de desempenho: Rampa máxima: 65%; Obstáculo vertical máximo: 1,15 m; Capacidade de vau: 1,20 m (sem preparação) a 2,00 m (com preparação); Velocidade máxima: 70 km/h;Autonomia: 550 km.

O Engesa EE-T1 Al Fahd (P.2) destacou-se como um dos carros de combate principais (Main Battle Tank – MBT) mais avançados de sua categoria, rivalizando com os melhores projetos globais, exceto o alemão Leopard, que não participou da concorrência saudita. Sua combinação de qualidade mecânica e sistemas de controle sofisticados conferiu ao veículo um desempenho excepcional, particularmente nos testes de autonomia e precisão de tiro. O sistema de controle de fogo do EE-T1 Al Fahd era notavelmente avançado, incorporando uma "janela de coincidência" que analisava a posição do canhão e a mira do atirador. Esse recurso permitia disparos apenas quando o alinhamento entre o canhão e os periscópios era coincidente, mesmo durante oscilações do veículo, resultando em alta precisão. Nos testes, o EE-T1 foi o único a acertar um alvo a 4 km de distância. Em disparos contra alvos móveis a distâncias entre 1,5 e 2,5 km, o veículo brasileiro obteve oito acertos em doze tentativas, superando o M1A1 Abrams norte-americano (cinco acertos) e os demais concorrentes (um acerto cada). Na fase inicial da concorrência, os carros de combate franceses AMX-40 e britânicos Challenger foram desclassificados, deixando o EE-T1 Al Fahd e o M1A1 Abrams como finalistas. Na etapa final de testes de campo, iniciada em 1987, o EE-T1 Al Fahd (P.2) novamente demonstrou superioridade técnica em relação ao modelo norte-americano, consolidando a confiança da Engesa na vitória do certame. Como resultado de seu desempenho, a Engesa S.A. assinou um pré-contrato com o governo saudita para o fornecimento inicial de 316 carros de combate, em um acordo avaliado em US$ 15 bilhões (valores ajustados para 2020). Esse contrato representava não apenas uma conquista comercial, mas também a validação do projeto brasileiro no cenário internacional de defesa. Apesar da superioridade técnica do EE-T1 Al Fahd, em 1989, o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos apresentaram ao Congresso norte-americano um relatório detalhado defendendo a importância estratégica do contrato para os interesses geopolíticos e a indústria de defesa dos EUA. O M1A1 Abrams, já em serviço nas unidades de cavalaria do Exército dos Estados Unidos desde o início da década de 1980, havia sido amplamente testado em operações reais, conferindo-lhe uma vantagem operacional comprovada. Além disso, a versão do M1A1 Abrams ofertada, equipada com o canhão alemão Rheinmetall L/44 de 120 mm, estava em produção seriada desde 1986, permitindo entregas imediatas ao Exército da Arábia Saudita. Esses fatores, aliados à significativa influência política dos Estados Unidos, favoreceram a escolha do modelo norte-americano, impactando diretamente o desfecho da concorrência. Embora o EE-T1 Al Fahd tenha demonstrado excelência técnica e competitividade, a decisão final da Arábia Saudita refletiu a complexidade de fatores políticos e logísticos em concorrências internacionais de defesa. O episódio destacou os desafios enfrentados pela Engesa em competir com potências estabelecidas no mercado global, apesar de sua capacidade de desenvolver um MBT de classe mundial.

Emprego no Exército Brasileiro.
Na década de 1970, a força de carros de combate do Exército Brasileiro era composta principalmente pelos modelos M-41, M-41A1 e M-41A3, complementados por um número reduzido de Bernardini X1 e X1A2, versões modernizadas dos M-3A1 Stuart. Essa composição apresentava limitações significativas em termos de efetividade operacional, especialmente frente às potenciais ameaças na região sul do país. Embora programas paliativos, como a modernização dos M-41 Walker Bulldog e o desenvolvimento do carro de combate médio Bernardini MB-3 Tamoyo, estivessem em andamento, tornou-se evidente a necessidade urgente de um blindado moderno para substituir todos os modelos em serviço na Força Terrestre a curto e médio prazo. Nesse contexto, a Engesa – Engenheiros Especializados S.A. foi consultada em 1982 para desenvolver um novo carro de combate sobre lagartas, com peso aproximado de 35 toneladas. Contudo, a demanda limitada do Exército Brasileiro não era suficiente para justificar os investimentos necessários ao projeto, levando a Engesa a propor o desenvolvimento de um Main Battle Tank (MBT – Carro Principal de Combate) com peso superior a 40 toneladas. Essa decisão gerou divergências com o Exército, que considerava veículos acima de 40 toneladas e com largura superior a 3,5 metros inadequados devido ao maior custo de aquisição e às limitações impostas pela precária infraestrutura rodoviária e ferroviária do Brasil. Apesar das diferenças conceituais, foi estabelecida uma parceria técnica entre a Engesa e o governo federal, com o acompanhamento de engenheiros militares do Centro Tecnológico do Exército (CTEx). O projeto, iniciado em 1982, utilizou o avançado sistema de desenho CAD/CAM. Em 1983, foi concluído um mock-up em escala real, seguido pela construção do primeiro chassi, que realizou seu teste inicial em setembro de 1984. Batizado com o nome “Cachaça”, em referência à bebida tradicional brasileira, o protótipo, designado P.0, foi submetido a rigorosos testes em um campo de provas da Engesa. Para simular sua configuração final, o protótipo recebeu uma torre e um canhão falsos, além de pintura camuflada e marcações do Exército Brasileiro, proporcionando uma representação realista do veículo. De acordo com o planejamento estratégico da Engesa, o projeto do EE-T1 foi estruturado em duas versões distintas: Versão para Exportação: Mais sofisticada, equipada com tecnologias avançadas para atender às exigências do mercado internacional, particularmente na concorrência saudita e a Versão para o Exército Brasileiro: Configuração simplificada, adaptada às necessidades operacionais e logísticas da Força Terrestre, com foco em custo e adequação ao cenário nacional.

O Carro Principal de Combate (Main Battle Tank – MBT) desenvolvido pela Engesa S.A. recebeu a designação EE-T1 P1 e foi batizado como “Osório”, em homenagem ao patrono da arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, General Manuel Luís Osório, Marquês do Herval. O veículo foi equipado com o canhão britânico de alma raiada Royal Ordnance L7 de 105 mm, operado pelo sistema de controle de fogo Marconi Centaur. Para observação e pontaria, foram instalados periscópios OiP LRS-5DN (para o comandante) e LRS-5DNLC (para o atirador), ambos dotados de visão noturna. A torre do EE-T1 Osório contava com sensores integrados ao sistema de controle de fogo, garantindo precisão nos disparos. Para autodefesa, o veículo suportava a instalação de uma metralhadora Hughes EX-34 de 7,62 x 51 mm (padrão OTAN) acionada por corrente, além de uma arma coaxial, que poderia ser uma metralhadora Browning M2HB de 12,7 x 99 mm ou uma FN MAG de 7,62 x 51 mm. O grupo motriz do Engesa EE-T1 P1 Osório era idêntico ao da versão de exportação, com potencial para nacionalização futura, considerando que os fabricantes do motor e da transmissão possuíam instalações no Brasil. Entre 16 de dezembro de 1986 e 14 de abril de 1987, o EE-T1 Osório foi submetido a um rigoroso programa de testes de campo, coordenado pelo Exército Brasileiro. Durante esse período, o veículo percorreu 3.296 km, incluindo 750 km em condições adversas no campo de provas de Marambaia, Rio de Janeiro, para avaliar sua mobilidade em terrenos desafiadores. Foram realizados 50 disparos com o canhão de 105 mm, que demonstraram elevado índice de acerto e confiabilidade. Ao final do programa, foram emitidos dois relatórios pelo Exército Brasileiro: o RETEx (Relatório Técnico do Exército) e o RETOp (Relatório Técnico Operacional). Ambos apresentaram avaliações altamente positivas, destacando o desempenho excepcional do EE-T1 Osório em termos de mobilidade, precisão e robustez. O desempenho do EE-T1 Osório superou as expectativas dos militares brasileiros, gerando entusiasmo e otimismo quanto à possibilidade de equipar as unidades blindadas da Força Terrestre com um MBT de fabricação nacional. O projeto foi visto como um marco tecnológico, reforçando a capacidade da indústria de defesa brasileira em desenvolver equipamentos de ponta. Apesar do sucesso técnico, o projeto enfrentou obstáculos internos relacionados à doutrina militar do Exército Brasileiro. A Força Terrestre, cuja missão era essencialmente defensiva e voltada para a proteção do território nacional, não priorizava a adoção de um Carro Principal de Combate. A política externa brasileira, baseada na não intervenção e na neutralidade, também limitava a necessidade de uma arma de caráter predominantemente ofensivo. Essas divergências conceituais representaram barreiras significativas para a incorporação do EE-T1 Osório às forças blindadas nacionais.
A decisão de não adotar o Carro Principal de Combate (Main Battle Tank – MBT) EE-T1 Osório pelo Exército Brasileiro foi influenciada pelo elevado custo de aquisição do veículo. Inicialmente estimado em US$ 1,5 milhão por unidade, o valor projetado em 1987 alcançou US$ 4 milhões, excluindo os custos de manutenção e operação. Esses montantes eram incompatíveis com as restrições orçamentárias do Exército Brasileiro, especialmente em meio à grave crise econômica que afetava o Brasil na década de 1980. A ausência de recursos financeiros suficientes para aquisição contribuiu para a estagnação do projeto. O cancelamento da encomenda da Arábia Saudita, que previa a aquisição de 316 unidades do EE-T1 por US$ 15 bilhões (valores ajustados para 2020), representou um revés significativo para o programa. As estimativas dos custos de desenvolvimento do EE-T1 Osório variam entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões, impactando severamente o fluxo de caixa da Engesa S.A. A falta de apoio político e financeiro do governo brasileiro, combinada com a percepção do mercado de que o Exército Brasileiro não tinha interesse no veículo, afastou potenciais compradores internacionais. A situação financeira da Engesa foi agravada por uma inadimplência de US$ 200 milhões junto ao governo iraquiano, um de seus principais clientes.  A empresa depositava esperanças em uma possível assistência financeira do Governo Federal. No entanto, em um contexto de busca por equilíbrio fiscal, esse apoio não se materializou. Esse cenário de dificuldades financeiras culminou em um pedido de concordata preventiva em março de 1990, marcando o início de uma fase de deterioração contínua. Em 1992, a imprensa já reportava o estado pré-falimentar da empresa, caracterizado por endividamento crescente, incapacidade de cumprir encomendas e demissões em massa. Em 1993, foi decretada a falência da Engesa S.A., resultando na dissolução de seu legado técnico e industrial. O vasto conhecimento acumulado pela empresa foi perdido, com grande parte de seus ativos vendida como sucata. A biblioteca técnica foi destruída, reduzida a papel picado e comercializada por peso. Quatro leilões liquidaram os principais prédios da empresa, localizados em São José dos Campos e Barueri, São Paulo. Os funcionários da Engesa enfrentaram destinos variados: muitos abandonaram o setor de defesa, outros migraram para o exterior, e o conhecimento técnico desenvolvido até então foi interrompido. A falência da Engesa não foi apenas resultado da perda da concorrência saudita, mas o estopim de uma crise financeira latente, agravada pela dependência de um mercado global de armamentos altamente competitivo e pela falta de suporte estatal.
Durante o processo de concordata da Engesa S.A., diversos protótipos de veículos militares foram desmantelados, com seus componentes importados — como canhões, sistemas optrônicos, motores e transmissões — devolvidos aos fabricantes estrangeiros como forma de pagamento de dívidas. As carcaças remanescentes foram sucateadas, restando apenas alguns exemplares incompletos em posse de colecionadores, incluindo o EE-18 Sucuri II, o EE-T4 Ogum e outros caminhões e blindados. O protótipo de pré-série EE-T1 Osório P.0 foi vendido como sucata, com seus componentes importados também devolvidos para aliviar os débitos da empresa. Como o governo brasileiro era um dos principais credores da massa falida da Engesa, uma decisão judicial determinou que grande parte dos ativos, peças de reposição e veículos fosse incorporada ao Exército Brasileiro. Entre os equipamentos transferidos estavam dois EE-3 Jararaca, um EE-T4 Ogum (P.1), um EE-11 Urutu e os dois protótipos do EE-T1 Osório: o P.1 (equipado com canhão de 105 mm) e o P.2, também conhecido como EE-T2 Al Fahd (equipado com canhão de 120 mm). Esses dois carros de combate foram colocados sob a custódia do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado (RCMec), em Pirassununga, SP, onde permaneceram armazenados, sem integração às operações da unidade. Em atendimento a exigências judiciais, os protótipos EE-T1 Osório P.1 e P.2 estavam programados para serem leiloados em 20 de novembro de 2002, como parte do processo de pagamento aos credores privados da massa falida. Contudo, a pedido do Exército Brasileiro, o Ministério Público de São Paulo interpôs uma ação cautelar que impediu com sucesso a venda dos veículos a terceiros. Em 2003, os dois protótipos foram oficialmente entregues ao 2º Regimento de Carros de Combate, em Pirassununga, onde foram entronizados, garantindo sua preservação em estado operacional. Essa medida assegurou que os veículos permanecessem como um tributo à capacidade tecnológica brasileira e como referência para o desenvolvimento futuro da arma blindada no Brasil. Em 2013, um dos protótipos do EE-T1 Osório foi transferido para o acervo do Museu Militar Conde de Linhares, no Rio de Janeiro, onde passou a integrar a coleção de itens históricos. O outro foi enviado ao Centro de Instrução de Blindados (CIBld), em Santa Maria, RS, para fins educacionais e de preservação. No início de 2024, foi iniciada uma operação de restauração dos dois protótipos, conduzida pelo Parque Regional de Manutenção/5 (Pq R Mnt/5), em Curitiba, PR. Em abril de 2024, o EE-T1 Osório P.1 recuperou seu status operacional, marcando um esforço significativo para manter o legado do projeto. Embora o EE-T1 Osório não tenha alcançado sucesso comercial, ele permanece um marco na história da indústria de defesa brasileira. O veículo demonstrou a capacidade do Brasil de desenvolver tecnologia militar avançada, posicionando o país como um ator relevante no cenário global de produção de carros de combate. Apesar de sua breve trajetória, o Osório deixou um legado de orgulho e conhecimento técnico, servindo como testemunho do talento e da competência dos engenheiros brasileiros no setor de defesa. A preservação dos protótipos assegura que futuras gerações possam reconhecer e se inspirar nesse feito, enquanto o veículo continua a contribuir para a evolução doutrinária e tecnológica da arma blindada no Brasil.

Em Escala:
Para representar o protótipo Engesa EE-T2 Osório (P.2), registrado como "EB 346606180", foi utilizado o kit da Trumpeter na escala 1/35. Este modelo, embora detalhado, exigiu uma série de modificações para retratar com precisão as características específicas do protótipo. As alterações foram implementadas para garantir a fidelidade histórica e estética em relação ao veículo original. Os emblemas e marcações do EE-T2 Osório foram reproduzidos utilizando uma combinação de decais originais fornecidos com o kit da Trumpeter e complementos do conjunto "Exército Brasileiro 1983-2002", produzido pela Eletric Products. 
O esquema de cores descrito, conforme o padrão Federal Standard (FS), corresponde ao segundo padrão de pintura aplicado ao protótipo Engesa EE-T2 Osório (P.2) após seu retorno dos testes realizados na Arábia Saudita em 1987. Este padrão foi adotado para adequar o veículo às especificações visuais do Exército Brasileiro, refletindo as diretrizes de camuflagem utilizadas na época.  O primeiro protótipo, EE-T2 Osório (P.1), foi submetido a dois padrões distintos de camuflagem tática em dois tons ao longo de sua trajetória. O último desses padrões foi alinhado ao esquema de camuflagem predominante nos veículos do Exército Brasileiro, garantindo uniformidade visual com a frota militar nacional.

Bibliografia: 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume II, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Engesa – Lexicar - http://www.lexicarbrasil.com.br/engesa/

 

Caça Submarinos Classe SC-497/J

História e Desenvolvimento.
No final da década de 1930, o intensificar das tensões na Europa representadas pelas ameaças expansionistas do governo alemão, juntamente com as pretensões do Império do Japão na Ásia, já denunciavam claramente o que estava por vir, com o mundo se encaminhado cada vez mais para um estágio de grande conflagração. Este cenário levaria o governo norte americano a antecipar estudos visando programas de modernização de suas forças armadas, para assim possivelmente fazer frente as hipotéticas ameaças futuras. No que tange ao poder naval, este representaria uma das maiores preocupações, com este fato sendo potencializado pelo crescimento da armada imperial japonesa e construção de uma grande força de submarinos por parte das marinhas italianas e alemães. Apesar das limitações impostas pelo Tratado de Versalhes, relatórios de inteligência britânicos apresentavam a cada dia informes mais alarmantes sobres as potencialidades da força de submarinos da Marinha Alemã (Kriegsmarine). A possível atuação deste grande número submersíveis poderia estrangular as linhas de abastecimento naval da Grã-Bretanha, que neste momento tinha uma grande dependência de importações oriundas principalmente dos Estados Unidos. A solução mais lógica apontava o desenvolvimento e construção de uma representativa frota de navios especializados em escoltas de comboio e guerra antissubmarino, como destroieres e fragatas, para assim garantir uma efetiva proteção aos comboios de navios mercantes. No entanto os investimentos para um programa desta magnitude, seria na ordem de centenas de milhões de dólares, drenando grande parte dos recursos destinados ao esforço de guerra, se fazendo assim necessário buscar soluções mais econômicas, podendo assim ampliar em larga escala a frota de embarcações destinadas a guerra antissubmarino (ASW). Uma das alternativas apontava o emprego de uma embarcação de pequeno porte e muito ágil, já utilizada com grande êxito contra os submarinos alemães na Primeira Guerra Mundial, os “Submarine Chaser” (caçador de submarino). Curiosamente após o término deste conflito em 1918, erroneamente considerava-se que tipo de embarcação, se tornaria ultrapassado no início da próxima década, devido ao evoluir dos submersíveis para combate em mar aberto. 

No entanto vislumbrava-se que estes navios poderiam ser empregados com êxito em missões junto a faixa costeira, permitindo assim que os navios de maior parte como os destroieres, fossem empregados mais mar adentro, multiplicando assim o fator de dissuasão antissubmarino da frota. Durante este mesmo conflito, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), também faria uso deste tipo de embarcação especializada em guerra antissubmarino (ASW) operando com grande êxito, sendo empregados principalmente nas regiões costeiras do continente tarefas patrulha e ataque aos submarinos alemães. Neste momento estes navios contavam como principal armamento, dispensers de cargas de profundidade sendo complementados por reparos de metralhadoras antiaéreas para autodefesa. Este histórico positivo avalizaria o direcionamento de recursos, para o desenvolvimento de duas novas classes de “Submarine Chasers” (caçador de submarino) que apresentasse um baixo custo de construção e operação, podendo assim ser disponibilizado para a frota  naval norte-americana em grande escala. Seria criado assim março de 1938,  o programa "Experimental Small Craft program", que seria conduzido pela equipe técnica dos estaleiros Defoe Shipbuilding Company no estado de Michigan. Este direcionamento culminaria do desenvolvimento de três projetos experimentais, classificados como  PC-451,  PC-452 que apresentavam um deslocamento na ordem 280 toneladas (padrão) e  450 toneladas (totalmente carregado) e o último o PC-453 de menor porte na ordem de 98 toneladas (padrão) e 108 toneladas (totalmente carregado). Os dois primeiros projetos culminariam no desenvolvimento da exitosa classe PC-461 da qual seriam construídos mais de trezentos navios entre os anos de 1941 e 1944. Já a terceira proposta representava uma embarcação de menor porte sendo totalmente construída em madeira, com este conceito baseado na necessidade de se poupar materiais estratégicos para o uso em vasos de guerra de maior porte. Estas embarcações devido a seu processo e baixo custo produção, poderia ser rapidamente disponibilizado para o atendimento a tarefas de  patrulha em áreas costeiras e à ancoragem da frota. 
Este projeto seguiria seu desenvolvimento sobre a égide de "Programa FY1938", levaria a construção de três protótipos designados como SC-449, SC-450 e SC-453, dos quais somente o último seria conduzido a produção em série, resultando em vinte e sete embarcações completadas.  Porém logo no início de sua operação verificaram-se várias limitações operacionais, tento em vista que esta nova classe pouco diferia dos “Submarine Chasers” (caçador de submarino) da Primeira Guerra Mundial, apresentado como inovação apenas a adoção de motores a diesel e sonares simplificados. Desta maneira com base no projeto original da classe SC-453 seriam aplicadas uma variada gama de melhorias, resultando em uma embarcação com deslocamento  de 98 toneladas (padrão) e 130 toneladas (totalmente carregado). A embarcação seria toda construída em madeira ‒ pinho americano ‒ com 100 cavernas, dividido em três compartimentos estanques, separados por anteparas transversais de aço. Seu casco possuía um reforço de tábuas de madeira denominado “ice shelting”, para permitir a navegação em águas parcialmente congeladas. Apresentaria as dimensões de 33.52 metros de comprimento, 32,0 metros de comprimento entre perpendiculares 5.18 metros de boca máximo e 1.52 metros de calado, sendo ligeiramente maior que os navios da classe SC-453. Sua propulsão seria feita por dois motores diesel de dois tempos, oito cilindros em linha, fabricados pela General Motors, modelo 8-268A "Pancake", cada um com potência de 500 HP a 1.270rpm, que movimentavam, por meio de engrenagens redutoras, dois eixos e dois hélices, o que permitia desenvolver a velocidade máxima de 21 nós. A energia elétrica, em corrente contínua, era fornecida por dois grupos motores diesel geradores, com 30 KVA e 20 KVA de potência, respectivamente. Sua tripulação seria composta por três oficiais, dois suboficiais, sete sargentos, quatro cabos, e onze marinheiros. Seu armamento principal seria constituído por um canhão de 3” (76 mm) e 23 calibres, MK XIV de 1918, duas metralhadoras antiaéreas Oerlikon de 20 mm em reparos singelos MK II; duas calhas para lançamento de bombas de profundidade pela popa, cada uma com capacidade para quatro bombas, quatro calhas singelas para lançamento de bombas de profundidade pela borda, à ré, e dois morteiros singelos. As bombas de profundidade eram de 135 kg e o navio transportava cerca de vinte bombas de profundidade.  

Para o serviço de escuta submarina, o navio seria dotado de um aparelho de escuta WEA-1, fabricado pela RCA Electric Company e um registrador químico para distância. Quanto às comunicações rádio telegráficas, o navio dispunha de um transmissor TCE-2 da Westinghouse Electric Company, com 125 W de potência em fonia e CW, três receptores para ondas curtas, médias e longas. Para as comunicações visuais, o navio seria dotado de bandeiras, escote na verga do mastro principal, e um holofote de 12”. Para a navegação, estava o navio dotado de duas agulhas magnéticas, sendo um padrão no tijupá e uma de governo no passadiço, um radiogoniômetro tipo CRM. O navio estaria equipado com um bote com capacidade para oito homens, duas balsas de cortiça para também para oito homens cada uma e vinte e cinco coletes salva vidas. Como proteção contra minas o navio possuía uma cinta magnética, conhecida como Degaussing e consistia de uma bobina colocada ao redor do navio na parte interna, próximo ao casco, na altura do convés. Esta bobina era circulada por uma corrente elétrica comandada por um quadro especial, situado na praça de máquinas a boreste e determinada por cartas especiais, conforme a zona marítima em que se encontrava o navio. Esta bobina quando circulada pela corrente conveniente, anulava o campo magnético do navio o protegendo contra minas magnéticas, ela devia ser ligada antes do navio sair do porto e calibrada periodicamente. Atendendo as especificações iniciais, além de possuir um baixo custo de produção, cada embarcação poderia ser construída em um curto espaço de tempo, algo entre noventa e cento vinte dias. Por se tratar de um navio construído totalmente em madeira, seria aberta uma concorrência para a construção dos caça submarinos, agora oficialmente designado como Classe SC-497, sendo firmados acordos com alguns estaleiros civis, entre estes o W.A. Robinson Inc., de Ipswich, no estado de Massachusetts, uma empresa especializada na construção de veleiros. Com estas empresas seriam firmados contratos para a aquisição de quatrocentos e setenta e cinco navios a um custo unitário de US$ 500.000, com as primeiras entregas a Marinha dos Estados Unidos (US Navy), ocorrendo a partir de agosto do ano de 1941. Em operação estes caçadores submarinos seriam carinhosamente apelidados de "a frota estilhaçada" (Splinter fleet) devido aos seus "frágeis" cascos de madeira. 
A classe SC-497 seria inclusa com item de portifólio do programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), com setenta navios sendo cedidos a União Soviética (empregados inclusive para o transporte de tropas), cinquenta para as Forças Francesas Livres, oito para o Brasil, três para a Noruega e três para o México. Durante o conflito setenta destes seriam convertidos em embarcações de controle de patrulha (SCC) e oito convertidos e em canhoneiras de patrulha, a motor (Classe PGM-1). Numerosos navios desta classe, seriam empregados em missões de apoio durante as operações de desembarque anfíbio na Normandia durante o dia D.  Como citado anteriormente, primeiro navio seria lançado ao mar em maio de 1941, e até outubro de de 1944 seriam concluídos trezentos e trinta e oito navios, porém neste período já estava claro que a ameaça inimiga de submersíveis havia cessado, e com base neste cenário seria decido cancelar a produção dos trinta e sete navios restantes.  Apesar do grande número de caças submarinos SC-497 ter estado em serviço durante a Segunda Guerra Mundial, não há registro oficial de destruição de qualquer embarcação inimiga, as vezes o USS SC-669 às vezes é creditado incorretamente com o naufrágio do submarino japonês RO-107 em 29 de maio de 1943, porém este mesmo ainda seria avistado operando em 6 de julho do mesmo ano no pacífico sul. Até agosto de 1945 dezesseis caça submarinos SC-497 e uma canhoneira PGM-1 seriam perdidos em açao.  Após o fim do conflito muitos navios desta classe seriam colocados em esquadrões de reserva ou retirados do serviço ativo. Doze destes navios seriam cedidos nos termos do MDAP (Programa de Defesa e Assistência Mútua) a Marinha da Filipinas (Hukbong Dagat ng Pilipinas) e vinte a Marinha Francesa (Marine Mationale), onde operariam até meados da década de 1950. De todos os navios desta classe construído, somente um seria preservado o HNoMS Hitra (ex-USS SC-718) que se encontra em exposição junto ao acervo do Museu Real da Marinha da Noruega. 

Emprego na Marinha do Brasil.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário demandaria logo sem seguida a um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência tanto em termos de equipamentos, armamentos e principalmente doutrina operacional militar. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil que estava sendo potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país.   

O maior desafio neste momento era representado pela campanha de guerra antissubmarino (ASW), com as operações aeronavais sendo realizados pelos norte-americanos no litoral do pais. Nesta fase a Marinha do Brasil dispunha em termos de meios dedicados de  apenas seis navios mineiros da Classe Carioca, que foram reclassificados como corvetas. Estas embarcações apesar de contarem com sensores e radares adequados a detecção de submarinos, estavam armados apenas com um canhão de 102 mm e lançadores de minas marítimas, configuração completamente inadequada para o embate contra submersíveis. A fim de sanar esta lacuna operacional, seria necessário disponibilizar pelo menos um mínimo de estrutura necessária em termos de meio para a implementação destas missões. Assim dentro dos termos de cooperação seria determinada a transferência de navios pertencentes a Marinha dos Estados Unidos, sendo inclusos neste pacote oito caça submarinos PC-461 que receberiam a designação de classe Gurupi ou G e oito navios SC-497/J que receberiam a designação de classe Javari ou J. O primeiro desta classe o Javarí - CS 51 (J 1), ex-USS SC 763,  seria o quinto navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo. Seria lançado em 25 de setembro de 1942 e foi incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 20 de outubro. Foi transferido e incorporado em 7 de dezembro de 1942. Naquela ocasião, assumiria o comando, o Capitão-Tenente Aristides Pereira Campos Filho. Neste contexto seria incluso na sistemática de escolta e acompanhamentos de navios mercantes ao logo das costas dos litorais sul e sudeste do país. Em 19 de julho de 1944 , quando do torpedeamento do NAux Vital de Oliveira, pelo Submarino alemão U-861, o Javarí J 1 era a sua escolta na travessia que realizada de Vitória ao Rio de Janeiro. Em 29 de dezembro de 1945, passaria a subordinação da Diretoria de Hidrografia e Navegação onde atuaria até dezembro de 1949, e receberia sua baixa definitiva no ano de 1951. O segundo navio desta classe o  Jutaí CS 52 (J 2), ex-USS SC 762, seria a terceira embarcação a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo que é afluente do Solimões. O Jutaí seria lançado no dia 14 de setembro de 1942 e foi incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 7 de outubro do mesmo ano. seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 31 de dezembro de 1942, em cerimônia realizada em Miami no estado da Florida. Naquela ocasião, assumiria o comando, o Capitão-Tenente Roberto Nunes. 
Desta maneira passaria a realizar escolta e acompanhamentos de navios mercantes ao logo das costas dos litorais sul e sudeste do pais. Seria incorporado a Força Naval do Nordeste por meio do Aviso nº 346 de 16 de fevereiro de 1943.  Em 21 de julho de 1944 , junto com o Caça Submarino Graúna - G 8, quanto fazia parte do Grupo de Escolta do comboio JT-18, prestou socorro aos náufragos da Corveta Camaquã - C 6, que afundou a cerca de 12 milhas a nordeste de Recife (PE). O navio durante a Segunda Guerra Mundial navegou 61.660 milhas, escoltando 61comboios em 267 dias de mar. Teve baixa do serviço Aviso Ministerial nº 2129 de 23 de setembro de 1948. Já o terceiro navio desta classe, o  Juruá CS 53 (J 3), ex-USS SC 764, seria lançado em 12 de outubro de 1942 e foi incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 31 de outubro. Após seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil no dia 30 de dezembro de 1942, com seu comando sendo assumido pelo Capitão-Tenente Luiz Penido Burnier, neste momento receberia o  indicativo CS-53,  posteriormente alterado para J-3. Durante o conflito, o caça-submarino Juruá navegou 64.514 milhas, em 247 dias do mar e escoltou 36 comboios. Teve baixa do Serviço Ativo da Marinha por meio do Aviso Ministerial no 2.130, de 23 de setembro de 1948. O quarto navio desta classe o  Juruena CS 54 (J 4), ex-USS SC 766, foi o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao rio homônimo no Mato Grosso . O Juruena foi lançado em 27 de outubro de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 11 de dezembro de 1942. Foi transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 30 de dezembro de 1942 em cerimonia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Manoel João de Araújo Neto. O navio ficou algum tempo em Miami, para servir como navio de treinamento para as guarnições brasileiras, antes do recebimento das novas unidades, sendo também, eventualmente utilizado, por ordem do Chefe da Comissão Brasileira, Capitão-de-Fragata Harold Reuben Cox, em missões de vigilância e caça a submarinos. Em 29 de março, deixou Miami (Florida), rumo a Key West (Florida), como o capitânea de um Grupo-Tarefa comandado pelo Capitão-Tenente Arthur Oscar Saldanha da Gama, composto também pelos Jacuí - CS 57 e Jundiaí - CS 58, em operação de escolta de comboio. Ao final do conflito seria reclassificado J 4, em dezembro de 1945, passaria a subordinação da Diretoria de Hidrografia e Navegação. Em fins de 1951 seria determinada a baixa do serviço ativo da Marinha do Brasil. 

O quinto navio o Jaguarão - CS 55, ex-USS SC 765, seria lançado em 12 de novembro de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 3 de dezembro. O navio, antes de ser entregue à Marinha do Brasil, navegou, sob bandeira americana cerca de 1.800 milhas náuticas. Foi entregue ao Governo Brasileiro, no Chaser Training Center  de Miami, Flórida, no dia 16 de fevereiro de 1943.  E durante sua permanência no serviço ativo  navegou um total de 68.986,6 milhas náuticas, sendo que 57.187 milhas náuticas e 256 dias de mar em operações de guerra, no período de março de 1943 a novembro de 1945. A partir de maio de 1946 foi classificado como Navio-Faroleiro e realizou comissões de auxílio à sinalização náutica, para a Diretoria de Hidrografia e Navegação. Pelo Aviso Ministerial nº 1.142 de 25 de junho de 1950 seria determinada a baixa do serviço ativo da Marinha do Brasil. O  Jaguaribe ex-USS SC 767, foi lançado em 7 de dezembro de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 2 de janeiro de 1943. Foi transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 16 de fevereiro de 1943. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Valim Cruz de Vasconcellos, neste momento receberia o indicativo CS-56, sendo alterado posteriormente para J-6. Em 29 de dezembro de 1945, passaria a subordinação da Diretoria de Hidrografia e Navegação onde atuaria até dezembro de 1949, e receberia sua baixa definitiva no ano de 1951. O Caça Submarino Jacuí - CS 57, ex-USS SC 1288, foi o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a vários rios homônimo. Foi lançado em 24 de dezembro de 1942 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 12 de fevereiro de 1943. Seria transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 19 de maio de 1943 em cerimonia realizada em Miami, Florida. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Carlos Roberto Perez Paquet. Após a 2ª Guerra Mundial seria reclassificado como J 7 através do Aviso Ministerial em maio de 1951 seria determinada a baixa do serviço ativo. O Caça Submarino Jundiaí - CS 58, ex-USS SC 1289, seria o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem a cidade homônima de São Paulo. Foi lançado em 8 de fevereiro de 1943 e incorporado a Marinha dos Estados Unidos em 12 de março. Foi transferido e incorporado a Marinha do Brasil em 26 de abril de 1943. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-Tenente Pedro Borges Lynch. Em 29 de março, deixou Miami (Florida), rumo a Key West (Florida), em operação de escolta de comboio, integrando um Grupo-Tarefa sob o comando do Capitão-Tenente Arthur Oscar Saldanha da Gama, do qual também faziam parte os CS Juruena - CS 54 (capitânia) e CS Jacuí - CS 57. Em fins de 1951 seria determinada a baixa do serviço ativo da Marinha do Brasil. 
Os caça submarinos da classe SC 497 - Javarí foram muito utilizados pelas suas guarnições, que lhes impuseram trabalhos além de sua capacidade prevista, e em condições de completo desconforto pessoal. A falta de comodidade era realmente incrível, nesses pequenos navios, de boa estabilidade, mas que jogavam muito e eram cobertos pelas vagas, a ponto do pessoal dormir amarrado ao beliche. O problema principal estava na alimentação, feita geralmente de comidas enlatadas, pois a cozinha era pequena e quente, situada na popa, cobertas abaixo. A água era, limitada, na quantidade de menos de cinco litros para cada homem, por dia, isto é, só para cozinha e lavagem de roupas, nada restando para o banho. Nos cruzeiros maiores, Trinidad - Belém ou Recife - Belém, as condições de vida eram realmente péssimas. O pessoal geralmente usava calções e camisetas, com sapatos grosseiros e um cinto aonde havia uma faca (para emergências) e pertences pessoais. Os oficiais tinha um pequeno camarote com quatro beliches, uma privada e comiam em um pequeno alojamento do pessoal, ou de volante no passadiço, ficando todos com um aspecto físico irreconhecível. Os navios estavam equipados com radar (ao contrario da maioria dos navios desta classe operados pela Marinha dos Estados Unidos US Navy), somente existindo o sonar, vulgarmente chamado de "araponga", devido ao ruído desagradável que fazia, dia e noite, chegando a entrar no subconsciente do pessoal. Seu armamento era razoável para o ataque ao submarino imerso, mas totalmente insuficiente para um combate na superfície. Estava disponível um velho canhão de 3 polegadas, 23 calibres na proa, usados para ataques inopinados e duas metralhadoras Oerlikon de 20 mm, realmente boas. Na proa o lança - bomba - foguete (Mousetrap) em duas ou quatro tentativas, nas bordas morteiros tipo K e na popa, as calhas de bombas de profundidade. Os motores lançavam os gases da descarga nos bordos, os quais envenenavam, dia e noite, as guarnições. Enfim foi um serviço efetuado por bravos heróis que tripulavam estes corajosos navios no difícil serviço de escolta através do Atlântico, sem contar o risco que devido à sua baixa silhueta serem confundidos com submarinos inimigos.

Em Escala.
Para representarmos o Caça Submarinos da Classe SC-497  Jundiaí J 8 da Marinha do Brasil, quando a serviço da  Força Naval do Nordeste (FNNE),  fizemos uso de um kit em resina produzido pela Argus Models na escala 1/350. Este modelo pode ser montado diretamente da caixa tendo em vista que este  foi concebido para representar as embarcações empregadas no Brasil. Fizemos uso de decais  oriundos de um set da Tamiya.
Apesar da maioria dos Caças Submarinos da Classe SC-497/J da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), fazerem uso camuflagens táticas, os registros fotográficos de época apontam que os navios destinados a Marinha do Brasil, foram recebidos no padrão básico de pintura naval daquele país. Este esquema de pintura ao longo dos anos se manteria inalterado, havendo apenas a alteração na identificação visual dos mesmos.