Dassault Mirage IIIDBR - F-103D

História e Desenvolvimento.
Durante a segunda metade da década de 1950, o aumento das tensões entre os países que compunham a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e o Pacto de Varsóvia elevariam a temperatura da "Guerra Fria", levariam as forças de ambos os lados a aumentarem seus investimentos em defesa. Como prioridade estava a busca de soluções para a defesa aérea contra possíveis bombardeios convencionais ou nucleares, e neste contexto o desenvolvimento de aeronaves estratégicas inclusive supersônicas, demandaria o desenvolvimento de uma nova geração caças interceptadores de alta performance, que tinha como principal objetivo negar seus espaços aéreos nacionais a possíveis incursões de bombardeiros estratégicos de alta velocidade.  Apesar de esforços conjuntos entre os países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a política apregoada pelo governo francês neste período, se baseava-se primordialmente na busca pela independência no desenvolvimento e produção de itens de defesa estratégicos, visando assim não depender tecnologicamente ou politicamente de outras nações, mesmo que aliadas. Desde o término da Segunda Guerra Mundial a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) passaria a ser equipada somente com aeronaves produzidas nos Estados Unidos ou Grã-Bretanha, o que além da dependência operacional acarretava também um preocupante nível de defasagem tecnológica. A realidade da Guerra da Indochina (1946 - 1954) comprovaria a necessidade de se retomar o desenvolvimento e produção de aeronaves militares de todos os tipos, principalmente de combate, a fim de se dotar suas forças armadas com os meios aéreos de que tanto necessitavam e sem depender de outras nações. Como citado, neste momento uma das maiores ameaças vigentes, era representada pela existência de uma grande frota de aeronaves supersônicas de ataque soviéticas, que podiam sem aviso prévio desferir golpes mortais contra as instalações estratégicas de defesa em toda a Europa. Desta maneira em 1953 o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) decidiu encomendar um estudo para o desenvolvimento de um interceptador supersônico leve de alta performance. Esta nova aeronave, apresentava como parâmetro básico a capacidade de operação e qualquer tempo (all-weather), potencial de ascensão a 18.000 metros em seis minutos e atingir a velocidade de Mach 1.3 (1592.56 km/h) em voo horizontal. Com base nestas especificações, prontamente a empresa Marcel Dassault Aviation apresentaria ao Ministério de Defesa Francês, um projeto denominado como "MD.550 Mystère-Delta", um pequeno e ágil interceptador puro.  Esta aeronave seria impulsionada por dois motores turbojatos ingleses Armstrong Siddeley MD30R Viper, estando equipados com pós combustores, cada um com um empuxo de 9.61kN (2,160lbf) tendo como complemento um motor foguete de combustível líquido que provinha um empuxo adicional de 14.7kN. (3.300lbf), lhe permitindo um grande potencial de ascensão. 

Esta proposta agradaria o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), levando a liberação de recursos para a produção de um protótipo funcional, com este ostentando a matrícula "MD.550-01" sendo apresentado no dia 21 de junho de 1955.  Curiosamente esta aeronave não receberia seus pós combustores, realizando seu primeiro voo quatro dias depois, apresentando um perfil de voo de vinte minutos de missão, atingindo um teto de 3.000 pés com uma velocidade máxima de Mach 0.95 (1.170 km/h). No entanto este desempenho seria considerado insatisfatório pelos militares franceses, sendo influenciado negativamente pela ausência dos sistemas de de pós combustão e motor foguete suplementar SEPR . Seu projeto seria inteiramente revisado, passando a receber uma série de melhorias, que levariam a aeronave agora a velocidade máxima de Mach 1.3 (1.592,56 km/h) sem o uso do motor-foguete e Mach 1.6 (1.960 km/h) com o uso deste sistema. Apesar de alcançar os parâmetros previstos em termos de desempenho, o modelo acabaria sendo descartado pelos militares, pois suas pequenas dimensões limitavam em muito capacidade de transporte de misseis ar ar de médio e longo alcance que nesta época eram extremante pesados. Assim a fim de se manter no processo, a diretoria técnica da Marcel Dassault Aviation a repensar completamente seu projeto conceitual, e destes esforços surgiria um novo modelo de aeronave, que passaria a apresentar um peso bruto 30% superior ao seu antecessor e diversos refinamentos em termos de aerodinâmica. Esta versão seria equipada com o motor turbo jato francês Snecma Atar 101G1 dotado de pós combustor que rendia 43,2 kN (9,700 lbf) de empuxo, curiosamente este modelo representava a evolução de diversos designs de motores alemães desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial  Esta nova aeronave receberia a designação oficial de Dassault Mirage III, com seu nome de batismo sendo dado em referência a uma citação de seu projetista chefe “O avião será como uma visão no deserto: o inimigo o verá… mas jamais o tocará”. O primeiro protótipo seria apresentado no dia 15 de novembro de 1956, alçando voo dois dias depois, com esta célula sendo então submetida a um intensivo programa de ensaios em voo. Os resultados deste processo demandariam a implementação de diversas correções e melhorias, recebendo a partir daí sua homologação pré-operacional. Neste momento seria celebrado um primeiro acordo entre o governo francês e o fabricante para a produção de dez células pré-série designadas como  Mirage IIIA, que seriam destinadas para fins de avaliação final. Diferente de seu protótipo, esta aeronave apresentaria uma fuselagem mais longa e maior aérea das asas, passando a ser equipado com o novo e mais potente motor SNECMA Atar 09B com pós combustor rendendo um empuxo de 58,9 kN (13,230 lbf). 
Os dez Mirage IIIA do lote de pré-produção passariam a ser entregues a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) a partir de maio de 1957, sendo logo submetidos a um extensivo programa de ensaios em voo, que perduraria por nove meses. Os dados preliminares apurados neste processo resultariam em uma grande gama de melhorias e refinamentos no projeto, resultando na versão inicial de produção que receberia a designação de Mirage IIIC. Esta nova aeronave se apresentava visualmente similar a versão de pré-produção, se distinguindo apenas pela presença de um exaustor do motor mais longo, mantendo um padrão de pintura na cor de metal, sendo produzida uma célula convertida com base no modelo Mirage IIIA. Com o modelo de produção em série definido seria celerado no início de 1958 um primeiro contrato entre o fabricante e o governo francês, englobando noventa e cinco células, que começariam a ser entregues a partir de fevereiro de 1961. Mesmo antes disto, este modelo conquistaria diversos contratos de exportação, neste mesmo momento seria solicitado ao fabricante, o desenvolvimento de uma versão destinada a tarefas de treinamento e conversão operacional. Empregando como ponto de partida o Mirage IIIA, esta nova versão teria sua fuselagem aumentada em um metro, para poder alocar um segundo assento destinado ao instrutor. Como ponto negativo esta mudança levava a eliminação dos canhoes orgânicos de 20 mm, no entanto a aeronave ainda poderia empregar uma variada gama de armas  ar solo e misseis ar ar guiados por infravermelho, como os norte-americanos AIM-9B Sidewinder (nas versões de exportação). Seu projeto seria aprovado com o primeiro protótipo denominado como Mirage IIIB-1 alçando voo em fins do ano de 1959. A seguir seriam produzidas mais cinco células de pré-produção para fins de avaliação, com término deste processo seria contratada a para a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) quarenta e três células.  Um total de doze aeronaves seriam exportadas para Argentina, Israel e Suíça entre os anos de 1960 e 1969. Seu emprego operacional clarificaria as excelentes qualidades da aeronave, o que motivaria o comando da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) a solicitar ao fabricante o desenvolvimento de uma versão multifuncional. Desta maneira seu projeto original seria submetido a inúmeras modificações estruturais dentre as quais se destacam o alongamento de sua fuselagem e mudanças no  enflechamento das asas em delta para 56° 35′. Neste processo as entradas de ar do motor seriam realocadas, passando a ser recuadas em relação à cabina de pilotagem. Estas alterações permitiriam a instalação de quatro pontos de  de fixação sob as asas, onde poderiam ser instalados tanques adicionais de combustível ou armamentos com capacidade de até 1.360 kg de carga útil. Para atender aos parâmetros de desempenho, a aeronave passaria a ser equipada com o motor SNECMA Atar 09C que lhe conferia 13.320 libras de empuxo com pós combustor.

Em termos de suíte aviônica estaria equipado com um radar navegação Doppler Marconi, sistemas de proteção passiva RWR, e por fim um radar Thomson-CSF Cyrano II que lhe conferia a capacidade de operar nos modos de busca, seguimento, interceptação ar-ar, ar-terra e mapeamento do solo.  Quanto em termos de  configuração de armamento orgânico, seria equipada com dois canhões de cano simples DEFA 552, de 30mm, que lhe proporcionavam uma cadência de tiro de 1.200 a 1.400 projéteis por minuto. Para missões de interceptação receberia um míssil Matra R530, equipado com guiagem infravermelha, alocado na estação central da fuselagem da aeronave, ainda dispunha de sistemas passivos de defesa como lançadores de chaff e flare. Para missões de ataque a solo podiam ser equipados com uma variada gama de bombas de queda livre e lançadores de foguetes não guiados. Esta nova versão receberia a designação de Mirage IIIE, com seu primeiro protótipo realizando seu voo inaugural em 05 de abril de 1961, logo recebendo um contrato de produção para cento e oitenta células, além do perfil operacional multifuncional uma pequena parcela desta frota seria configurada para missões de ataque nuclear tático. As primeiras células francesas seriam entregues em 14 de janeiro de 1964, ao longo dos anos seguintes novos contratos seriam celebrados, totalizando quatrocentas e dez unidades, entre elas setenta aeronaves na versão reconhecimento Mirage IIIR/RD. Os contratos de exportação logo se multiplicariam, levando inclusive a celebração de acordos para produção sob licença com os governos da   África do Sul, Austrália, Israel e Suíça. A alta demanda internacional, criava o cenário propício para o desenvolvimento de uma versão específica de exportação dedicada a missões de treinamento e conversão. O sinal verde para o desenvolvimento seria dado pela diretoria da empresa em 1968, agora partindo da célula original do Dassault Mirage IIIE, novamente a ausência do radar original Thomson-CSF Cyrano II, produziria uma aeronave com um nariz afinalada. O novo modelo que receberia a designação de  Mirage IIIBE, manteria ainda uma limitada capacidade de combate ar solo da versão monoplace, curiosamente nesta variante a capacidade de armazenamento de combustível seria reduzida. Um contrato seria celebrado prevendo a produção de vinte aeronaves deste modelo e dez da versão Mirage IIIB-RV destinadas ao treinamento de reabastecimento em voo para os Mirage IV. Além das unidades entregues a Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), logo seriam conquistados novos contratos de exportação, com cinco células do modelo IIIEBJ para Israel, três IIIEL para o Líbano, quatro IIIBS para a Suíça e três IIIBZ para a África do Sul.  A partir deste momento a versão de exportação passaria a ser designada como Mirage IIID, sendo exportados cinquenta e oito aeronaves para a Argentina, Brasil. Venezuela, Austrália, Egito, Paquistão, Suíça, Venezuela e África do Sul. 
A excelente performance em combate apresentada pelos Mirage III israelenses durante a Guerra dos Seis Dias (junho 1967), levaria o comando das Forças de Defesa de Israel (IDF) a solicitar ao fabricante o desenvolvimento de uma nova aeronave, esta que deveria agora ser destinada primordialmente a missões de ataque a solo.  Como no oriente médio as condições meteorológicas são normalmente boas, esta versão como primícia básica para redução de não deveria dispor dos radares de navegação Doppler Marconi e Thomson-CSF Cyrano II e qualquer tipos de suíte aviônica avançada. Ao implementar esta diretriz seria proporcionado um aumento na ordem de 32% na capacidade de transporte de combustível, ampliando assim seu raio de ação. Seriam adicionados mais pontos duros subalares para cargas externas, possibilitando numerosas combinações quanto a configuração de cargas, ou ainda carregar até quatorze bombas de queda livre.  Em resumo seria concebido uma versão mais simples, porém mais capaz para missões de ataque a solo e interdição, apresentando um custo inferior de aquisição, se tornando a versão ideal de exportação para países em desenvolvimento. Este modelo receberia a designação de Mirage 5 e realizaria seu primeiro voo no dia 19 de maio de 1967, pilotado por Hervé Leprince-Ringuet. Apesar de Israel não adotar o modelo em função do embargo internacional de armas seria celebrados contratos de exportação com a Argentina, Emirados Árabes, Bélgica, Chile, Colômbia, Egito, França, Colômbia, Gabão, Líbia, Paquistão, Zaire, Peru e Venezuela. Esta aeronave, projetada inicialmente como um caça de ataque para "tempo bom", acabaria evoluindo para a defesa aérea e reconhecimento com o surgimento de aviônicos mais compactos que seriam customizados para emprego nesta plataforma. A exemplo da família Mirage III, este novo modelo também ganharia uma versão biplace para treinamento e conversão operacional, que receberia do fabricante a designação de Mirage 5D, com o primeiro contrato sendo celebrado para o governo Líbio. A seguir mais contratos desta versão seriam celebrados agora com a Argentina, Bélgica, Colômbia, Abu Dhabi, Gabão, Zaire, Peru, Paquistão, Chile, Egito e Venezuela. Ao longo dos anos seriam desenvolvidos e implementados muitos programas de modernização por seus operadores, com diversas células do modelo paquistanês Mirage 5 ROSE se mantendo em operação até os dias de hoje. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares de origem norte-americana, recebidas durante a década de 1940, em termos de aeronaves de intercepção dispunha-se de muitos caças-bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk. No entanto durante a década de 1950 a disseminação do emprego de motores turbo jatos, em uma nova geração de aeronaves militares, tornaria os caças e bombardeiros de ataque a pistão virtualmente obsoletos em poucos anos. Seria então iniciados estudos visando a incorporação de novos vetores, com o anseio dos militares brasileiros pendendo para modelos como os Republic F-84E Thunderjet e North-American F-86F Sabre. No entanto este desejo não se concretizaria, muito em virtude de restrições orçamentárias e de ordem geopolítica, com o governo norte-americano evitando uma corrida armamentista na América do Sul. Esta demanda seria atendida a partir de 1953 com a adoção de aeronaves menos capazes, os  Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star, com os três principais esquadrões de linha de frente da Força Aérea Brasileira passando a ser equipados com os caças ingleses, que apesar de serem defasados para o cenário, se encontravam disponíveis em números suficientes para o atendimento mínimo das demandas operacionais. No entanto anos depois esta frota seria afligida por problemas relacionados ao desgaste estrutural das células, levando a imposição de restrições ao perfil operacional destas aeronaves. Apesar de serem aplicadas soluções paliativas indicadas pelo fabricante este problema se agravaria ao longo dos meses seguintes, convertendo em pouco tempo a outrora aviação de caça brasileira em uma simples sombra do que era no começo da década, comprometendo completamente sua eficiência operacional. Assim no final do ano de 1965, em resposta a este cenário problemático, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciaria uma série de estudos para a substituição destas aeronaves. Neste contexto seria definida a aquisição de aeronaves de combate multifuncionais, com a escolha aspiracional dos oficiais recaindo sobre os potentes bimotores McDonnell Douglas F-4 Phantom II, opção está negada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), novamente sob a alegação que tal aquisição afetaria o balanço do poder aéreo na América do Sul. Assim seriam oferecidos os modelos Northrop F-5A e F-5B Freedom Fighter. Estes vetores deveriam compor o braço armado do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA) que se encontrava em processo de implementação. No entanto restrições orçamentarias e a necessidade emergencial para a modernização da aviação de transporte brasileira, levariam ao cancelamento deste programa.

Porém logo e seguida, com a proximidade da finalização do programa de implementação do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA), o tema da composição de seu braço armado voltaria a pautar a lista de prioridades do Ministério da Aeronáutica (MAer). Assim em 1969 seria criada a Comissão de Estudos do Projeto da Aeronave de Interceptação (CEPAI), que tinha por objetivo selecionar aeronaves para o emprego na defesa aérea do país.  Ciente das negativas anteriores impostas pelo governo norte-americano, envolvendo a aquisição de modernas aeronaves de combate, o comando da Força Aérea Brasileira voltaria sua atenção a vários países europeus, que naquele momento possuíam uma moderna e pujante indústria aeronáutica de defesa. Uma concorrência internacional seria então deflagrada, com os critérios de avaliação apontando para a seleção de um interceptador supersônico de alto desempenho, que deveria apresentar ainda a capacidade secundaria para emprego em missoes de ataque a solo e interdição. Diversas propostas seriam recebidas, com três modelos sendo pré-selecionados ao final do estágio inicial deste processo, o caça multifuncional sueco Saab Draken, o interceptador britânico English Electric Lightning F-6 e o também multifuncional francês Marcel Dassault Mirage IIIE. Inicialmente a decisão seria influenciada pela ótica política, pendendo para a escolha do concorrente inglês, principalmente por motivos de contrapartidas econômicas pela compensação a concessão de um grande financiamento britânico para a construção da Ponte Rio Niterói. Porém felizmente a análise técnica iria prevalecer, pois o jato britânico se apresentava como a aeronave menos indicada para a concorrência, tendo em vista sua complexidade e alto custo operacional. Esta decisão seria reforçada logo em seguida, com a celebração de um grande contrato entre a Marinha do Brasil e o estaleiro inglês Vosper para a construção das fragatas da classe Niterói. Os valores envolvidos neste processo atenderiam plenamente as contrapartidas econômicas e políticas, trazendo a luz então para que se fosse tomada uma decisão puramente técnica. Neste processo o concorrente sueco seria eliminado no processo por apresentar um custo operacional acima dos parâmetros possíveis para a Força Aérea Brasileira naquele período. Neste contexto a proposta francesa passaria a ser a mais lógica tanto em termos técnicos quanto comerciais, com as negociações entre as partes sendo intensificadas.  Assim em 1967, dois oficiais da Força Aérea Brasileira – o Tenente-Coronel Aviador Lauro Ney Menezes e o Major Aviador Ozires Silva seriam enviados pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) à França, para avaliar o Dassault Mirage III e o toda a estrutura industrial e de suporte pós-venda do fabricante. 
Durante a fase inicial deste processo, o Tenente-Coronel Aviador Lauro Ney Menezes voaria em um Mirage IIIB, a uma velocidade de Mach 2, tornando-se, assim, o primeiro piloto de caça brasileiro a romper a velocidade do som e o primeiro a voar no caça francês. Ao término deste programa suas conclusões apontavam para a aquisição da aeronave, sendo celebrado em 12 de maio de 1970 com a  Marcel Dassault Aviation um contrato englobando o fornecimento de  Mirage IIIEBR e quatro Mirage IIIDBR (bipostos).  Este acordo além do fornecimento de ferramental e peças de reposição, previa o treinamento de um grupo de pilotos e de técnicos brasileiros, que teriam a incumbência de implantar e operar as novas e sofisticadas aeronaves, assim como os seus sensores e armamentos. primeira aeronave, já ostentando as cores e as marcações da Força Aérea Brasileira, realizaria o seu primeiro voo em 06 de março de 1972, na cidade francesa de Bordeaux. Atendendo ao cronograma estabelecido em contrato, no dia 23 de maio de 1972, embarcariam para a França um grupo de oito experientes pilotos de caça brasileiros, que iniciariam a fase de treinamento na nova aeronave, na base da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air) na cidade de Dijon. Sob a chefia do Coronel-Aviador Antônio Henrique Alves dos Santos, que seria o comandante da nova Unidade, os seguintes oficiais faziam parte desse seleto grupo: Tenentes-Coronéis-Aviadores Jorge Frederico Bins, Ivan Moacir da Frota, os Majores-Aviadores Ronald Eduardo Jaeckel, Ivan Von Trompowsky Douat Taulois, Lúcio Starling de Carvalho, Thomas Anthony Blower e o Capitão-Aviador José Isaías Vilaça. Estes pilotos que já possuíam mais de 1.000 h de voo de experiência em caças a jato, teriam a responsabilidade de receber, operar e transmitir a doutrina de utilização da nova aeronave aos outros pilotos a serem designados para servir junto a recém-criada Primeira Ala de Defesa Aérea – 1ª ALADA.  Esses oficiais ficaram conhecidos carinhosamente como os “Dijon’s Boys” em reconhecimento e respeito pela abnegação e pela competência que norteariam a implantação da aeronave no Brasil. A cidade escolhida para abrigar esta nova unidade, seria Anápolis, localizada no interior do estado de Goiás, distando cerca de 150 km da capital federal Brasília, atendendo à concepção de defesa do centro geopolítico do País, estando subordinada ao recém-criado Comando de Defesa Aérea – COMDA.  A primeira aeronave Dassaunt Mirage IIIEBR, agora designada como F-103E chegaria à cidade de Anápolis em 01 de outubro de 1972, sendo transportada pelo Lockheed Hércules C-130E  - FAB 2456, do 1º Grupo de Transporte (1º GT). 

Uma segunda célula seria recebida no dia 08 deste mesmo mês, e na semana seguinte seria iniciada a montagem destas aeronaves, com estes trabalhos sendo conduzidos por militares brasileiros e técnicos franceses, no hangar do Esquadrão de Suprimento e Manutenção da 1ª Ala de Defesa Aérea – 1ª ALADA. Logo em seguida seriam recebidas as duas primeiras células do modelo de treinamento e conversão operacional o Mirage IIIDBR ou F-103D, passando a serem imediatamente montadas. A primeira aparição pública das novas aeronaves brasileiras ocorreria no dia  6 de abril do mesmo ano, quando quatro F-103E e dois F-103D Mirage surgiram nos céus de Brasília, inaugurando oficialmente a entrada do Brasil na era das aeronaves supersônicas.   Finalmente, em 20 de abril de 1972, oito F-103E e F-103D Mirages III se deslocariam para Base Aérea de Santa Cruz no Rio de Janeiro, onde participariam pela primeira vez, das solenidades do Dia da Aviação de Caça, causando excelente impressão a todos os presentes. Nos primeiros anos de seu emprego, os segredos de sua operação, assim como as peculiaridades de manutenção seriam plenamente dominados e alcançado o rendimento máximo da aeronave em suas atribuições de defender o espaço aéreo brasileiro. A aquisição deste modelo de aeronave alta performance, trariam a Força Aérea Brasileira inúmeros desafios no que tange a conversão operacional, com as quatro F-103D (FAB 4900 a 4903) sendo fundamentais neste processo.  Pois nesta fase a aviação de caça brasileira ainda era composta em sua maioria por obsoletos jatos subsônicos Lockheed AT-33A , F-80C, e a transição para uma aeronave de nova geração e alta performance, logo cobraria um alto preço das poucas células da versão de treinamento F-103D Mirage existentes na frota, gerando prematuros desgastes estruturais e pequenos acidentes de operação. Infelizmente durante os anos seguintes duas células seriam perdidas em graves acidentes, levando a necessidade de recomplementação da frota, assim em 1980 duas aeronaves Mirage IIID seriam adquiridas dos estoques da Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), com estas aeronaves recebendo as matrículas FAB “4904 e 4905" . 
Neste momento era notório que o Dassault Mirage IIIE desenvolvido durante a década de 1960 representava uma aeronave de caça de segunda geração, se encontrando plenamente desatualizado perante as potenciais ameaças regionais existentes naquele período. Apresentavam ainda sensíveis limitações em termos de manobrabilidade, pois foram originalmente concebidos como interceptadores de alta altitude, apresentando desempenho sofrível em combates do tipo “dog fight” (1X1) em baixas velocidades e altitudes. Ficava assim nítida a necessidade de se prover algum nível de modernização desta frota, sendo conduzidos visando assim avaliar programa semelhantes realizados por outros países, com este programa visando atender três diretivas básicas, como a modernização de sistemas e aviônica. Este processo ainda deveria abranger um completo processo de retrofit estrutural, aplicação de soluções aerodinâmicas para melhoria de manobrabilidade e por fim prover a extensão do alcance operacional da aeronave, mediante a instalação de um sistema de reabastecimento em voo. Em face a eminência da aplicação deste programa se fazia necessário recompor a dotação da frota das aeronaves F-103E e F-103D, com o Ministério da Aeronáutica (MAer) passando a buscar compras de oportunidade no mercado internacional, resultando na aquisição de mais duas células biplaces que receberiam as mátriculas de FAB 4906 e 4907. Apesar dos objetivos originais não serem totalmente atendidos em termos de atualização de aviônica, devido a restrições orçamentárias, este processo possibilitaria a extensão de sua vida útil.  Em 1995 face ao desgaste das células do F-103D, novamente seriam feitas buscas por compra de oportunidades e curiosamente seriam adquiridas duas células do Mirage 5DM (matrículas M201 a M203) , aeronaves produzidas em 1975 para o atendimento a um contrato com a República do Zaire. Tanto os Mirage 5M quando os 5DM teriam uma carreira efêmera neste país africano, sendo posteriormente comprados ou repassados de volta para o fabricante, onde se permaneceriam armazenados. Apesar de representar uma linha diferente da família deste caçador francês, o Mirage IIID e o Mirage 5D são em sua essência a mesma aeronave, e ao serem incorporadas na  Força Aérea Brasileira receberiam as matriculas de FAB 4908 e FAB 4909. Ao longo de trinta e três anos de operação os Dassault F-103D Mirage, tiveram a nobre missão de formar aproximadamente duzentos pilotos de diversas gerações, no ano de 2005 seriam retirados do serviço ativo, sendo então substituídos pelos "novos" Dassault Mirage 2000B ou  F-2000B. 

Em Escala.
Para representarmos o  Dassault Mirage IIIDBR  F-103D "FAB 4903" já modernizado, empregamos o kit da Heller na escala  1/48, este modelo em sua configuração original, possibilita a montagem das versões Mirage IIIC e Mirage IIIB. Para a compormos a versão empregada pela Força Aérea Brasileira, utilizamos um set de conversão em resina desenvolvido pelo amigo e modelista "Toninho Catanduva (antoniosoaresjuris@hotmail.com). Este complemento  contém entre outros detalhamentos, o nariz da aeronave , bocal de exaustão e assentos ejetores. Para se confeccionar os canards fizemos uso de plasticard, com as dimensões destas peças sendo detalhadas na folha de instrução do set de decais da FCM 48/09. Os decais com as marcações em branco, foram utilizados a partir de  itens presentes no set da FCM  48/29.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o segundo padrão de pintura tático, que passou a ser aplicado a partir de 1982 em todas as células dos F-103E e F-103D brasileiros.  As aeronaves modernizadas mantiveram o mesmo esquema, e ao longo dos anos seriam aplicadas  pequenas variações em termos de marcações, mantendo este padrão até a desativação das células em 2005.



Bibliografia :

Revista ASAS nº 03 Mirage III a Saga do Delta no Brasil , por Claudio Lucchesi
História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 / 2015  - Jackson Flores Jr
Dassault Mirage III - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Dassault_Mirage_III
 

Northrop F-5B Freedom Fighter

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1950, o avançar da tecnologia aeronáutica militar atingia uma velocidade sem precedentes na história da aviação moderna, e cada vez mais os vetores atingiam maiores velocidades, autonomia e capacidade de transporte de carga útil. Porém em contrapartida os custos de aquisição e operação, destas novas aeronaves de combate superavam em muito, os caças e bombardeiros produzidos durante a década passada. Esse cenário preocupava não só os comandantes militares norte-americanos, bem como os fabricantes de aeronaves, que temiam terem suas receitas reduzidas em face de possíveis cortes orçamentários. Atento a esta demanda a este cenário e em busca de soluções, no início do ano de 1956 a empresa Northrop Aircraft Corporation, criaria uma equipe de trabalho e desenvolvimento, chefiada pelo vice-presidente de engenharia e aeronaves, Edgar Schmued (responsável pelo desenvolvimento dos modelos P-51 Mustang e F-86 Sabre). O principal objetivo desta iniciativa, era o de criar uma aeronave de combate leve, com alto desempenho, capacidade de manobra aprimorada e alta confiabilidade, mas apresentando um custo de aquisição e operação muito inferior ao caças de combate daquela geração em uso até então.  Ademais reconhecendo que aeronaves de combate complexas e de alto custos operacionais, não poderiam ser substituídos de maneira viável em curto período (como ocorria com as aeronaves com motor a pistão), este novo projeto deveria incluir o conceito de "potencial de crescimento projetado", permitindo uma longevidade de serviço superior a vinte anos. Seguindo ainda este preceito que ficaria definido como "custo do ciclo de vida"   o engenheiro chefe do projeto Welko Gasich, definiria que os motores deveriam estar localizados dentro da fuselagem para obter o máximo desempenho e a longa vida útil. O projeto então seria denominado oficialmente como N-156, sendo customizado para o atendimento de uma concorrência recém deflagrada pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Este processo visava o desenvolvimento de um caça leve para emprego em seus porta aviões de escolta, tendo em vista as aeronaves em uso até então nos porta aviões normais excediam as capacidades lançamento e hangaragem. Aliás o projeto do N-156 deveria ser extremamente flexível podendo também atender a possíveis demandas futuras da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Infelizmente para a Northrop Aircraft Corporation, logo em seguida, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) reavaliaria sua estrutura e meios navais, resultando na desativação dos pequenos porta aviões de escolta. 

A decisão da marinha em descontinuar o emprego dos pequeno porta aviões de escolta em detrimento a construção de uma nova classe de grandes navios deste tipo impactaria decisivamente na concorrência para o desenvolvimento do novo caça leve naval, levando ao cancelamento deste programa. Apesar do grande revés, a Northrop Aircraft Corporation, se manteria resiliente, derivando seu projeto original em  duas vertentes, uma destinada ao desenvolvimento de um  caça tático leve o "N-156F" conhecido também como “Tally-Ho”, e uma aeronave de treinamento avançado o "N-156T" . O conceito desta último versão agradaria  em muito o comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), que no momento buscava um substituto para seus jatos  subsônicos Lockheed T-33A empregados nas tarefa de treinamento avançado. Negociações seriam conduzidas, com o programa do "N-156T" recebendo o financiamento para implementação.  Seu primeiro protótipo já designado YT-38 Talon alçaria voo no dia 12 de junho de 1959, sendo logo destacado para ser avaliado em um amplo programa de ensaios em voo, no qual ao final deste processo receberia sua liberação para produção em série. Neste momento seria celebrado um primeiro contrato envolvendo a aquisição de 1.150 aeronaves, com as primeiras sendo entregues a Academia da Força Aérea dos Estados Unidos  (USAFA) em maio de 1960, e as últimas até  janeiro de 1972. A excelência do projeto seria comprovada pela implementação de diversos programas de retrofit e modernização ao longo anos,  mantendo estas aeronaves em voo na missão de treinamento avançado até os dias atuais.  Apesar da negativa por parte do comando da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em adquirir a versão de caça bombardeiro monoplace, novamente a empresa se manteria resiliente, seguindo com recursos próprios o desenvolvimento do projeto "N-156F". Esta perseverança logo seria recompensada, pois alterações na diretivas geopolíticas norte-americanas, levaria a necessidade de um gradual aumento da influencia militar junto a nações consideradas como estratégicas. Desta maneira o  Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), solicitaria estudos para o desenvolvimento uma aeronave multifuncional de combate supersônico que apresentasse baixo custo de aquisição e operação. Este modelo seria destinado prioritariamente ao mercado de exportação, passando a compor o portifólio de itens militares a serem fornecidos as nações amigas nos temos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistence Program). Esta demanda se materializaria na  criação do "Programa FX", uma concorrência visando a aquisição de mais duzentas aeronaves, sendo neste contexto liberados aos participantes aprovados na fase inicial recursos para a produção de três protótipos para avaliação. Atendendo ao cronograma oficial, o primeiro protótipo do Northrop N-156F alçaria voo em 30 de julho de 1962, com a aeronave decolando da pista de testes da Base Aérea Edwards (AFB) na California, sendo logo submetido a um programa ensaios em voo de avaliação comparativa com seus concorrentes.
O modelo apresentado pela Northrop Aircraft Corporation seria declarado vencedor, recebendo em 26 de outubro de 1962 o primeiro contrato de produção, envolvendo duzentas aeronaves.  A aeronave agora designada como F-5A recebendo o nome de batismo de  “Freedon Fighter” (Combatente da Liberdade), tendo este nome em alusão ao propósito original de se prover as nações amigas, de um vetor capaz de garantir a defesa aérea de países menos desenvolvidos, principalmente contra a ameaça do expansionismo soviético no mundo. Estava equipado com dois motores turbo jatos General Electric J-85GE-13 com 3.500 libras de empuxo, que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de 1.444 km/h a 10.680 metros de altitude, ou 16.450 metros em velocidade de cruzeiro. Originalmente desenvolvido para o emprego nos bombardeiros estratégicos Boeing  B-52, estes motores apresentavam uma relação empuxo-peso de 6,25 a 7,5, dependendo da versão, dando-lhe uma vantagem notável sobre os contemporâneos, como a proporção de 4,7 do motor J-79 usados no McDonnell Douglas F-4 Phantom II. A aeronave apresentava ainda um peso máximo de decolagem de 24 toneladas em até 850 metros de pistas pavimentadas. Em termos de gama de armamentos, estava equipado com dois canhões Pontiac M-39A2 de 20 mm com 560 cartuchos cada no nariz e dois mísseis guiados por calor AIM-9B Sidewinder instalados nas pontas das asas; e bombas de queda livre, foguetes não guiados e misseis ar solo AGM-12B Bullpup,  dispostos em quatro pontos subalares e sobre o centro da fuselagem.  As primeiras aeronaves de série, entrariam em serviço em abril de 1964 junto ao esquadrão 4441st Combat Crew Training School, unidade esta que seria destinada a treinar os pilotos e equipes de solo das nações que viessem a adquirir a aeronave.  Após a conclusão desta fase seria iniciada a avaliação preliminar de combate, dando origem no verão de 1965 ao programa Sparrow Hawk, sendo este implementado junto ao Air Proving Ground Center (Centro de Campo de Provas Aéreas) na  Base Aérea de Eglin (AFB) Flórida. Em seguida vinte aeronaves seriam empregadas em combate real no Vietnã no programa Skoshi Tiger, nos seis meses seguinte,  mais doze aeronaves (seguidos de mais quatro posteriormente) seriam entregues para testes reais em campo  ao 4503º Esquadrão de Caça Tático, passando a efetivar missões de combate no Vietnã, realizando mais de 2.600 surtidas partindo das bases aéreas de Bien Hoa e Da Nang, no Vietnã do Sul. Em seguida a Força Aérea das Filipinas ser tornaria o segundo operador da aeronave ao incorporar em 1965, vinte e três células do Northrop F-5A . Aos poucos o modelo ser tornaria a principal aeronave de combate oferecida nos termos Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program), passando a equipar as forças áreas do Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha. 
Também seriam firmados contratos para produção sob licença, primeiramente com Canadair LTd para a Real Força Aérea do Canada (RCAF) e depois com empresa Construcciones Aeronáuticas S.A - CASA , para a Força Aérea Espanhola (Ejército del Aire) e por fim junto a Fokker Aviatik GmbH para a Força Aérea da Noruega e (RNoAF) para a Real Força Aérea Holandesa (RNLAF). Ainda antes da implementação do programa Sparrow Hawk junto ao esquadrão 4441 Combat Crew Training School, seria verificada a necessidade do desenvolvimento de uma versão biplace para treinamento e conversão, salientado que os pilotos norte-americanos já detinham certa familiaridade com a aeronave, pois seu processo de treinamento avançado foi realizado junto aos Northrop T-38A Talon pertencentes a Academia da Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force Academy - USAFA). Este mesmo processo não ocorreria com os clientes externos que viessem a adquirir o F-5A Freedon Fighter nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program). Assim a fim de atender a esta demanda a  Northrop Aircraft Corporation passaria a desenvolver uma versão biplace para treinamento e conversão operacional. O modelo receberia a designação de F-5B, se tratando basicamente de uma célula alongada do F-5A, apresentando uma estrutura muito semelhante ao treinador T-38 Talon (N-156T). Apesar de apresentar os mesmos parâmetros de desempenho da versão monoplace, o novo Northrop F-5B não estaria equipado com os dois canhões Pontiac M-39A2 de 20 mm, não fazendo previsão também para o emprego de bombas, foguetes e misseis, com seus pontos subalares sendo destinados apenas para o uso de tanques de combustíveis complementares, os trilhos dos misseis ar ar das pontas das asas seriam substituídos pelos mesmos tanques empregados no T-38A. O primeiro protótipo equipado com os mesmos motores turbo jatos General Electric J-85GE-13, alçaria voo a partir da  Base Aérea Edwards (AFB) na California no dia 24 de fevereiro de 1964, apresentando excelente qualidades de voo e manobrabilidade.  Após ser submetido a um programa de avaliação e ensaios em voo o modelo seria liberado para a produção, recebendo um primeiro contrato envolvendo vinte aeronaves, seis das quais seriam destinadas a atender o contrato firmado com o governo das Filipinas em 1965 e as demais a Força Aérea do Vietnã do Sul (VNAF).  Ao todo seriam fabricadas 350 células do Northrop F-5B, com 191 em seu pais de origem e as demais montadas sob licença pela  Canadair Ltd, Construcciones Aeronáuticas S.A - CASA e Fokker Aviatik GmbH. Durante sua carreira os F-5B equipariam as forças áreas das Filipinas, Irã, Etiópia, Noruega, Taiwan, Brasil. Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha. A exemplo da versão monoplace estes treinadores seriam substituídos a partir de 1977 pelos novos Northrop F-5F Tiger II. 

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir do ano de 1942, nos dentro do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de vetores de ataque ao operar em conjunto com aeronaves de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornariam a Força Aérea Brasileira a segunda maior das américas e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. No entanto durante a década de 1950 a disseminação do emprego de motores turbo jatos   em uma nova geração de aeronaves militares, tornaria os caças e bombardeiros de ataque a pistão virtualmente obsoletos em poucos anos. Uma movimentação de renovação seria então iniciada, com o desejo dos militares brasileiros pendendo para a incorporação de modernas aeronaves como os Republic F-84E Thunderjet ou North-American F-86F Sabre. No entanto este desejo não se concretizaria em virtude de restrições orçamentárias e de ordem geopolítica, com o governo norte-americano evitando uma corrida armamentista na América do Sul. Esta demanda seria atendida a partir de 1953 com a adoção de aeronaves menos capazes Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star.  Desta maneira os três principais esquadrões de linha de frente da Força Aérea Brasileira passariam a ser equipados com os caças ingleses, que apesar de serem defasados para o cenário, se encontravam disponíveis em números suficientes para o atendimento mínimo das demandas operacionais. No entanto anos depois esta frota seria afligida por problemas relacionados ao desgaste estrutural das células, levando a imposição de restrições ao perfil operacional destas aeronaves. Apesar de serem aplicadas soluções paliativas indicadas pelo fabricante este problema se agravaria ao longo dos meses seguintes, convertendo em pouco tempo a outrora aviação de caça brasileira em uma simples sombra do que era no começo da década, comprometendo completamente sua eficiência operacional. 

Assim no final do ano de 1965, em resposta a este cenário problemático, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) iniciaria uma série de estudos visando a análise e incorporação de novas aeronaves de caça para a substituição dos Gloster F-8 Meteor e Lockheed F-80C Shooting Star. Neste contexto seria definida a aquisição de aeronaves de combate multifuncionais, com a escolha aspiracional dos oficiais da Força Aérea Brasileira recaindo sobre os potentes bimotores McDonnell Douglas F-4 Phantom II. No entanto esta opção seria prontamente negada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos (DoS), sob a alegação que tal aquisição afetaria o balanço do poder aéreo na América do Sul, sendo sugeridos outros modelos menos capazes dispostos nos termos do Programa de Assistência Militar - MAP (Military Assistance Program). Assim o governo brasileiro passaria a cogitar a aquisição de pelo menos doze caças Northrop F-5A e F-5B Freedom Fighter,  destinados a substituir os jatos ingleses, passando a compor o braço armado do Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SISDACTA) que se encontrava em processo de implementação. No entanto restrições orçamentarias e a necessidade emergencial para a modernização da aviação de transporte brasileira, levariam ao cancelamento deste importante programa de aquisição. Esta importante lacuna por um interceptador de alta performance, seriam somente preenchidas em 1972, quando seriam recebidos os caças interceptadores supersônicos franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR (F-103E). Neste interim, os demais esquadrões de combate da Força Aérea Brasileira seriam precariamente reequipados com treinadores avançados Lockheed AT-33A modificados para missões de caça e ataque a solo. Em meados da década de 1970 seriam iniciados estudos visando a substituição das aeronaves de ataque ainda lotadas junto 1º Grupo de Aviação de Caça (1ºGAvC) – Esquadrão Senta a Pua e no 1º/14º Grupo de Aviação (1º/14º GAv) – Esquadrão Pampa. Neste momento dispondo de uma grande provisão orçamentaria, seria decidido lançar uma concorrência internacional, prevendo a aquisição de pelo menos trinta novas aeronaves de combate do tipo multifuncional. Em reposta a este processo seriam apresentadas propostas de diversos fabricantes, onde figuravam com destaque modelos como os ingleses Spect BAE Jaguar, BAE Jump Jet Harrier MK-50, o italiano Aermachi MB-326K, e por fim os norte-americanos McDonnell Douglas A-4F e Northrop F-5E Tiger II.

Um profundo estudo comparativo entre os concorrentes seria conduzido pelo Ministério da Aeronáutica (MAer), com a escolha recaindo sobre a aeronave da Northrop Aircraft Corporation, modelo que além de ser o único supersônico da lista, atendia a praticamente todas as características exigidas para este programa de reequipamento brasileiro. Após negociações, seria celebrado em abril de 1974 um contrato com o fabricante no valor de US$ 115 milhões de dólares, englobando a aquisição de trinta e seis células monoplaces e seis biplaces além de peças de reposição, ferramental específico, treinamento e pacote de armas. O modelo selecionado pela Força Aérea Brasileira, receberia uma série de customizações em termos de sistemas de aviônica e comunicações para adequação. Inicialmente este pacote deveria contemplar seis dos novos treinadores Northrop F-5F Tiger II, no entanto esta versão ainda se encontrava nos estágios finais de desenvolvimento, com sua entrada em serviço sendo prevista pelo fabricante somente para o final do ano e 1976. Este fato levaria a um grave atraso no cronograma de recebimento, treinamento e treinamento operacional do monoplace na Força Aérea Brasileira, fato que não poderia ser aceito por seus comandantes, visto a necessidade de substituição dos Lockheed AT-33A  e TF-33A. Mesmo a contragosto destes oficiais, optaria-se pela aquisição de seis células novas de fábrica da versão anterior da aeronave, o biplace F-5B, que receberia o mesmo pacote de customização em termos de sistemas de aviônica e comunicações aplicados nos F-5E Tiger II. Com todos os detalhes finais acertados, em maio do mesmo ano, seria criada a Comissão de Fiscalização e Recebimento (Comfirem) dos Northrop F-5E Tiger II e F-5B, sendo está estabelecida na base aérea de Palmdale na Califórnia. Neste escopo durante seis meses, pilotos e técnicos militares brasileiros participariam do programa de adaptação e treinamento em voo, com este processo sendo ministrado pelo pessoal do   425º Esquadrão de Treinamento Tático de Combate – TFTS (Tatical Fighter Training Squadron) da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), na base aérea de Willians, no Arizona (unidade esta destinada a realizar o treinamento de todos os operadores internacionais da família F-5A e F-5E). Neste momento os pilotos brasileiros fariam seus voos de treinamento e conversão junto a aeronaves Northrop F-5B e T-38A Talon. 

Próximo do encerramento deste processo de treinamento , no dia de 28 de fevereiro de 1974, seriam entregues ao representantes da Comissão de Fiscalização e Recebimento (Comfirem), nas instalações da Northrop Aircraft Corporation, os três primeiros Northrop F-5B.  Seria definido em seguida o processo de translado de todas as aeronaves ao Brasil, decolando de Palmdale na California, com escalas San Antonio no Texas e Homestad Florida, passando assim por países da américa central e do sul como Porto Rico, Trinidad & Tobago e Suriname pousando na Base Aérea de Belém, fazendo nova escala em Anápolis (GO); assim seis dias após, as aeronaves deveriam chegar ao seu destino final, a Base Aérea do Galeão (BAGL). Neste contexto, as três primeiras células, compuseram a primeira de onze esquadrilhas a serem transladadas para o Brasil, na chamada “Operação Tigre”. Este percurso transcorreria sem maiores problemas com os Northrop F-5B e F-5E Tiger II tocando a pista da Base Aérea do Galeão (BAGL) no dia dia 6 de março de 1975.  A segunda esquadrilha com os últimos três F-5B chegaria ao Brasil juntamente com os demais F-5E Tiger II no dia 13 de maio do mesmo ano. Como a pista da Base Aérea de Santa Cruz, estava passando por obras de adequação prolongamento para assim poder  receber estas novas aeronaves, inicialmente passariam a operar a partir da  Base Aérea do Galeão (BAGL). Neste momento além de operar nesta localidade seriam destacados em missões de treinamento se deslocando aos aeródromos militares de São Jose dos Campos e Guaratinguetá, ambos no interior do Estado de São Paulo. Os Northrop F-5B receberiam as receberiam as matrículas "FAB 4800 á 4805", sendo alocadas na ordem de três células junto aos  1º e 2º esquadrões (Senta a Pua e Rompe Mato), pertencentes ao 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa). Estas unidades  também seriam responsáveis pelo treinamento e conversão dos pilotos do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa. Apesar de sempre pertencerem a dotação do 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa), rotineiramente duas células seriam destacadas  para operação na Base Aérea de Canoas  (BACO) no Rio Grande do Sul, evitando assim que os pilotos que fossem destinados a esta unidade tivessem que fazer o treinamento inicial na Base Aérea de Santa Cruz (BASC) no Rio de Janeiro. Esta sistemática seria mantida até pelo menos 1989, quando a Força Aérea Brasileira passaria a operar quatro células do Northrop  F-5F Tiger, com duas destas aeronaves sendo incorporadas a dotação oficial do 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa. 

A partir deste momento os Northrop F-5B remanescentes seriam novamente concentrados na Base Aérea de Santa Cruz (BASC), com estas aeronaves passando a dividir como os novos F-5F-Tiger o  processo de  treinamento e conversão para os pilotos do 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa). Durante seu período de operação somente uma célula seria perdida em acidente, com este fato sendo registrado quando o Northrop  F-5B "FAB 4801" veio a colidir com um urubu em um voo de treinamento na cidade de Guaratinguetá no interior de São Paulo, felizmente os pilotos conseguiram ejetar se salvando. A performance dos novos treinadores se apresentava muito superior aos F-5B, levando junho de 1995 a decisão de desativação de três células, com estas sendo armazenadas no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA SP), servindo principalmente como fonte de peças de reposição.  As duas células remanescentes seriam empregados pelo 1º Grupo de Aviação de Caça (GAvCa) até o dia 22 de maio de 1996, ocasião em que foram desativados,  sendo transladados ao Campo de Marte na cidade de São Paulo, a fim de serem alienados para posterior venda em leilão. Neste momento o então que ex-coronel da Força Aérea Brasileira, Gustavo Adolfo Franco Pereira, efetivaria um lance de US$ 3,1 milhões para a compra das cinco aeronaves. Este processo seria financiado pelo empresário norte-americano Richard Boulais, sendo depositado inicialmente um valor de entrada, estas aeronaves seriam transportadas para um hangar alugado no aeroporto do Campo de Marte. No entanto posteriormente este leilão seria cancelado, com um novo processo de venda direta sendo realizado, que também seria cancelada, com estes dois processos sendo afetados pela exigência norte-americana de atendimento aos dispositivos previstos na lei de End User (Usuário Final), que demandava um grande processo burocrático para aprovação e certificação do comprador.  Seria iniciado um embate jurídico pois a defasa dos compradores alegavam que esta lei norte-americana seria aprovada aprovada em 1976, enquanto as aeronaves foram compradas pelo Brasil em  1973, ao fim desta contenda a venda nunca seria concretizada e as aeronaves jamais seriam entregues. Neste meio tempo as células seriam repintadas passando a operar um padrão semelhante ao empregado nos F-5F que operavam no 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa, recebendo a numeração visual de 01 a 05. Posteriormente a Força Aérea Brasileira, decidiria por preservar estas aeronaves, sendo dispostas no Museu Aeroespacial (MUSAL), Comando Geral de Apoio (COMGAP) , Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA SP), Base  Aérea de Santa Cruz (BASC) e na Base Aérea do Galeão (BAGL).

Em Escala. 
Para representarmos o Northrop F-5B "FAB 4803" recorremos ao kit da Fujimi na escala 1/48, sendo este kit totalmente despojado de detalhamentos e interior, sendo necessário a confecção em scratch de assentos ejetáveis e painéis de controle. Como sugestão indicamos o kit da Classic Airframes que apesar de ser extremamente raro no mercado proporcionará ao modelista um resultado melhor. Utilizamos decais confeccionados FCM Decals presentes no antigo Set 48/03 para completar o conjunto.  
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático adotado pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em suas aeronaves em operação no sudeste asiático durante a década de 1970. As células empregas Força Aérea Brasileira mantiveram este padrão até sua desativação no ano 1996. Atualmente duas das células preservadas ostentam padrões diferentes, sendo o F-5B "FAB 4803" configurado nas cores dos F-5EM modernizados, já o F-5B "FAB 4804" foi configurado nas cores dos F-5F operados pelo 1º/14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa, estando este último exposto em um pedestal na entrada principal da Base Aérea do Galeão (BAGL) no Rio de Janeiro.

Bibliografia :

- Northrop F-5  Wikipédia -http://en.wikipedia.org/wiki/Northrop_F-5
- História da Força Aérea Brasileira por :  Prof. Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- F-5B Freedom Figheter - Aparecido Camazano Alamino / Revista Asas nº 65
Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Northrop F-5B, o Freedom Fighter da FAB - https://www.cavok.com.br/f-5b-o-freedom-fighter-da-fab#google_vignette

Engesa EE-9 Cascavel "Magro" - 37 mm

História e Desenvolvimento.
O engenheiro mecânico-eletricista José Luiz Whitaker Ribeiro marcaria seu nome na História industrial brasileira ao liderar em 1958, um seleto grupo de engenheiros recém-formados durante a a fundação da ENGESA (Engenheiros Especializados S/A). Seu foco inicialmente seria norteado pela produção de componentes e ferramental destinados exploração de petróleo, apresentado como seu principal cliente a empresa estatal Petrobras. Congregando em seu quadro técnico profissionais de excelente formação, muitos deles oriundos do ITA (Instituo de Tecnologia da Aeronáutica), a empresa logo se destacaria neste segmento, ampliando se volume de negócios no segmento de petróleo e gás. Durante este processo de crescimento ao ter seus caminhões enfrentando com extrema dificuldade estradas de terra e barro para chegarem ao destino no litoral, José Luiz Whitaker Ribeiro buscaria uma solução para melhorar o desempenho de sua frota neste ambiente "fora de estrada". Estes esforços culminariam no desenvolvimento de uma uma caixa de transferência com tração total, este conjunto primava pela simplicidade e robustez, e podia ser facilmente aplicado a uma variada gama de veículos utilitários produzidos naquele período. Ao ser instalado os veiculos de sua frota, o desempenho se mostraria extremamente satisfatório, levando assim a direção da empresa passando a investir no desenvolvimento de um kit para comercialização no mercado civil, com este sendo lançado no final do ano de 1966. Assim o agora denominado sistema de “Tração Total Engesa”,  passava a dotar caminhões comerciais modificados com um comportamento fora-de-estrada, proporcionando um desempenho inédito  no país em veículos da categoria. Este kit era composto de caixa de transferência com duas tomadas de força, eixo dianteiro direcional e guincho (opcional), por exemplo uma Ford F-100 equipada com este sistema passava a apresentar capacidade de carga duplicada, podendo galgar rampas de até 85% de elevação. Este produto logo conquistaria um grande sucesso comercial, o que despertaria a atenção do comando do Exército Brasileiro, que neste momento estava empenhando em estudos visando a implementação de um programa de nacionalização de sua frota de caminhões de transporte.  Neste contexto seriam produzidos quatro protótipos a fim de serem submetidos a testes de campo, com estes mostrando extremamente eficientes, levando a sua homologação operacional. Em 1967, esta solução seria classificada pelo Ministério do Exército, como sendo considerado “ Interesse para a Segurança Nacional “. Assim para se proceder a substituição de uma significativa parcela dos caminhões militares norte-americanos com tração integral recebidos durante a década de 1940, seria deflagrada um concorrência para o fornecimento de uma grande quantidade de caminhões nacionais "militarizados" equipados com este sistema de tração total, com a decisão final pendendo para o modelo Chevrolet C-60 e D-60 com tração 4X4 e 6X6. A participação da Engesa S/A como fornecedor do Exército Brasileiro seria expandida rapidamente, envolvendo com 960 caminhões entregues em 1968 e mais 1.371 dois anos depois, gerando recursos que seriam reinvestidos no desenvolvimento de novos projetos.   

Em 1969 a empresa apresentaria um novo sistema de tração dupla traseira, ao qual chamaria de "Boomerang", com este produto sendo  fundamental no desenvolvimento de diversos veículos militares, representando o  maior trunfo na penetração internacional de seus produtos durante a década seguinte. Tratava-se de um projeto a um só tempo de construção simples, resistente e barata, e que dava ao veículo excepcional desempenho fora de estrada, mantendo as quatro rodas traseiras em contato permanente com o solo, por mais irregular que fosse o terreno. Em vez dos dois eixos traseiros suportados por feixes de molas dos sistemas tradicionais, o Boomerang exigia apenas um eixo de tração, nas pontas do qual eram montadas duas caixas de engrenagens (cujo formato lembra os bumerangues australianos), cada uma delas distribuindo o movimento para duas rodas. Eram estas mesmas caixas de engrenagens, independentes entre si e com enorme amplitude de variação do ângulo com o solo, que garantiam o contato das rodas traseiras com pisos irregulares e desagregados. Novamente este sistema seria adotado pelas Forças Armadas Brasileiras para aplicação em seus veículos utilitários. Neste mesmo momento o Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2) destinava esforços ao desenvolvimento de uma viatura blindada sobre rodas com tração 4X4, o programa VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1). Seu processo de desenvolvimento, produção da maquete em escala e construção do primeiro protótipo funcional, seriam implementados entre o segundo semestre de 1968, e o primeiro semestre de 1970. Este veículo apresentava o design semelhante ao Ford M-8 Greyhound, sendo concebido para ser operado por quatro homens, contava com uma torre giratória nova em aço SAE 5160 fundida pelas Fundições Allipert e usinada pela Avanzi. Possuía um sistema de apoio em três rolamentos, com a cremalheira independente fixada no teto do carro. O veículo estava equipado com um motor nacional a diesel Mercedes Benz com 200 hp de potência, montado na traseira, operando acoplado com transmissão, eixos e diferenciais produzidos por esta mesma montadora. A carcaça do blindado seria feita pela empresa Trielato Ltda, a caixa de transferência pela Engesa S/A, seus radiadores pela Colmeia Metalúrgica S/A, filtros Mann, direção hidráulica ZF. Seus aparelhos óticos (periscópios) eram produzidos pela DF Vasconcelos Ltda e os demais componentes seriam fornecidos por diversas indústrias automotivas nacionais. Esta simplicidade tinha por objetivo principal conceber um veículo blindado de baixo custo sem sofisticações, de forma a não onerar o combalido orçamento disponível na época.   
Este protótipo seria extremamente testado em campo, nas mais severas condições, incluindo testes de balística e blindagem realizados com uma das torres, que foi usada como alvo para avaliar a resistência face aos armamentos da época.  Apesar de resultados promissores, o interesse do comando do Exército Brasileiro repousava sobre um novo veículo com tração 6X6, não um 4X4. O "padrão" em blindados sobre rodas de reconhecimento na época era o Ford M-8 Greyhound, consagrado nas missões da Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Segunda Guerra Mundial . De início para se atender a demanda, considerou-se  estender a carroceria protótipo do VBB-1, transformando em veículo com tração 6X6, porém implicações de ordem técnica descartariam esta possibilidade, partindo então para o projeto de um novo veículo. Assim no início do ano de 1970, a Diretoria de Motomecanização (DMM) definiria as especificações para o desenvolvimento de um veículo blindado de reconhecimento de reconhecimento com tração 6X6, dando início ao programa VBB-2 (Viatura Blindada Brasileira 2), neste momento a Engesa S/A seria convidada a participar de seu desenvolvimento. Assim visando melhorar sua suspensão e desempenho em terrenos adversos, seria adotado o sistema “boomerang”, o que garantiria ao veículo a capacidade de realizar manobras rápidas em qualquer tipo de terreno, mantendo as rodas traseiras sempre em contato com o solo.  Para apresentação e estudo, seu  mock-up receberia a mesma torre empregada no VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1, sendo baseada na torre original do Ford T-17 Deerhound) equipada com um canhão de 37 mm, a partir deste momento, a designação do veículo passou a ser Carro de Reconhecimento sobre Rodas (CRR), com sua configuração básica recebendo pequenas modificações, principalmente em suas linhas básicas. O primeiro protótipo seria construído em 1970, nas instalações do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2), com este passando a ser empregado em um completo programa de testes de campo, elaborados pelo Exército Brasileiro e supervisionados pela equipe do PqRMM/2, com a finalidade de avaliação de seu desempenho operacional. Seus promissores resultados levariam a autorização para a construção de inicial de cinco veículos pré-série, sendo elevado para oito carros, quando do ato assinatura do contrato com a empresa Engesa S/A , em maio de 1971. 
Apesar dos grandes avanços de  projeto observados no VBB-2 (Viatura Blindada Brasileira 2),  seu "Calcanhar de Aquiles" ainda estava baseado na carência de torres do canhão, pois os estoques destes conjuntos oriundos dos velhos T-17 Deerhound era limitados, e não seriam capaz de atenderem a grande demanda de produção do novo modelo. Estudo seriam realizados para o desenvolvimento de uma solução nacional, partindo com base na torre original do Ford M-8 Greyhound. Após seu desenvolvimento, estas torres apresentariam um alongamento na parte traseira, permitindo assim abrigar o sistema de rádio, uma metralhadora coaxial Browning calibre .30, e suporte para uma segunda metralhadora Browning calibre .50, a ser fixada na parte superior dela, como armamento principal mantinham o canhão de 37 mm oriundos dos velhos blindados sobre rodas M-8 Greyhounds e carros de combate leve sob esteiras M-3 e M-3A1 Stuarts. Neste contexto seria autorizada a produção de oito conjuntos, que seriam fundidos pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O desenvolvimento do ferramental e desenhos dos processos de engenharia necessários para a produção em série, gerariam atrasos no cronograma orginalmente estabelecido, com o último carro sendo finalizado somente em 1975. Estes oito carros, seriam submetidos a um intensivo programa de testes e avaliação, englobando um total 32.000 km de rodagem entre as cidades de São Paulo, Uruguaiana e Alegrete. As provas consistiriam em trafegar com os veículos, 24 horas por dia, parando apenas para a troca equipe e abastecimento, avaliando neste interim os defeitos que iam surgindo ao longo deste processo. Depois de reparados e corrigidas as falhas, os blindados voltavam a operação campo até a conclusão deste programa. A partir desta etapa, inúmeras alterações seriam implementadas, incluindo a troca da torre, incorporando se novamente para avaliação,  uma peça derivada do Ford M-8 Greyhound, com alongamentos laterais e traseira. Este modelo de torre continuaria a ser modificado e aprimorado gradativamente, culminando em um desing de torre mais moderno de perfil mais baixo, passando a dispor de novos visores laterais. Ao final deste programa de testes de campo, o projeto receberia sua aprovação e homologação, com o veiculo recebendo a  designação de Carro de Reconhecimento Médio (CRM). Sua produção seria destinada a Engesa S/A com supervisão pela equipe do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo (PqRMM/2). Neste momento este novo  blindado passaria a ser designado como Engesa EE-9 Cascavel (com o  "EE"  representando a abreviatura de Engenheiros Especializados S/A , o número "9" a representação de sua tonelagem e Cascavel, por ser o nome de uma cobra venenosa brasileira). 

Emprego no Exército Brasileiro. 
As primeiras experiências da Força Terrestre na operação de veículos blindados de reconhecimento com tração integral 6X6 tiveram início no ano de 1942, quando seriam recebidos nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos) os primeiros carros T-17 Deerhound e M-8  Greyhound, cabendo a este último a experiência de operação em combate real pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial. Logo no pós-guerra o emprego deste tipo de blindado sobre rodas seria ampliado nas unidades mecanizadas brasileiras, devido ao recebimento de mais unidades dos modelos M-8 e M-20. A necessidade de manutenção da operacionalidade e extensão da vida útil desta frota resultaria durante a década de 1960, nos primeiros esforços de modernização a atualização destas viaturas que gerariam o primeiro embrião da indústria de defesa nacional.  Neste contexto o desenvolvimento dos projetos das viaturas blindadas  CRR (Carro de Reconhecimento sobre Rodas) e CTRA (Carro de Transporte sobre Rodas Anfíbio) durante a década de 1970 seriam potencializadas pelo movimento de reorganização promovido pelo Exército Brasileiro, que ensejaria na criação da "nova cavalaria mecanizada". De acordo com esta sistemática todas as brigadas deveriam ter ao menos um esquadrão de cavalaria mecanizada para emprego em tarefas reconhecimento e segurança, também seriam formados regimentos inteiros de cavalaria mecanizada formando, juntamente com a cavalaria blindada, suas próprias brigadas de cavalaria mecanizada. Por característica de missão a cavalaria mecanizada "leve" deveria operar de forma descentralizada em grandes distâncias, operando principalmente em estradas pavimentadas ou não, trafegando primordialmente em alta velocidade. Para isto seriam necessários veículos leves e ágeis que renunciariam ao grande poder de fogo e blindagem em detrimento a mobilidade. Neste contexto seriam incorporados nos novos veículos blindados Engesa EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, com estes dois modelos operando em conjunto nos pelotões de cavalaria mecanizada, complementando um ao outro. Suas semelhanças de projeto e alta compatibilidade de componentes (muitos deles oriundos da industria automotiva) facilitariam a cadeia logística e processos de manutenção.   

Desta maneira a futura introdução destes dois modelos de produção nacional trariam a Força Terrestre uma capacidade de mobilidade do campo de batalha jamais atingida, representando regionalmente no contexto da América do Sul, uma ferramenta de projeção de poder e dissuasão.  A conclusão dos testes de campo com os oito carros pré-série em 1976, levariam a formatação da configuração final, que seria destinada a produção em série, com esta designada pelo fabricante como EE-9 Cascavel M1. Em termos de grupo propulsor o modelo estaria equipado com conjuntos produzidos no país, como o motor a diesel Mercedes Benz OM-352A de seis cilindros em linha e 174 hp de potência e caixa de mudanças manual Clark Equipamentos S/A. Curiosamente ao contrário de veículos semelhantes blindados sobre rodas, o EE-9 Cascavel M1 estava equipado com um sistema de freios a tambor, deficiência essa que seria somente resolvida a partir da versão M-6 em 1983.  Seu sistema de blindagem apresentava um conjunto de chapas de aço do tipo ABNT 1045 temperado, com sua proteção frontal e torre apresentando 16 mm de espessura e lateral de 8,5 mm, proporcionando uma solução satisfatória contra armas de infantaria de baixo calibre, sendo esta blindagem aceitável para as ameaças existentes da época. Como inovação em termos de componentes nacionais, já seriam disponibilizados os pneus a prova de bala, fabricados pela empresa paulista Novatração Artefatos de Borracha Ltda. O primeiro contrato celebrado entre a Engesa S/A e o Ministério do Exército, envolvia a aquisição de cento e dez carros (incluindo neste pacote os oito veículos pré-série), com sua produção sendo destinada a nova planta industrial do fabricante, edificada especialmente para o atendimento a esta demanda. Os primeiros veículos de série passariam a  entregues ao Exército Brasileiro em meados do ano de 1974, e curiosamente estavam equipados  com diversos modelos de torres, englobando modelos experimentais projetadas pelo corpo técnico do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar (PqRMM/2) e produzidas pela Bernardini S/A, modelos semelhantes as torres do Ford M-8 Greyhound e por fim torres modificadas oriundas carros de combate leves M-3 Stuart desativados recentemente, com este modelo sendo produzido em maior número no escopo deste contrato inicial.
Já de posse dos primeiros carros operacionais, definir-se-ia como próxima fase, a implementação do novo veículo blindado sobre rodas com tração integral 6X6 no Exército Brasileiro, com o modelo recebendo a designação oficial de "Carro de Reconhecimento Médio 6X6" (CRM). Desta maneira caberia a Diretoria de Motomecanização (DMM), a criação e elaboração dos manuais de treinamento, operação e manutenção, visando planejar o cronograma de implementação do Engesa EE-9 Cascavel na Força Terrestre.  Este processo seria fundamental para o melhor aproveitando do grande potencial deste novo carro blindado. Ao término desta fase seria iniciada a primeira distribuição destes veículos para os Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RCC) e Esquadrões de Cavalaria Blindada (EsqdCMec), onde passariam a operar em conjunto com os derradeiros Ford M-8 Greyhound (repotencializados) ainda em serviço. Comparativamente o Engesa EE-9 M1 Cascavel se mostraria operacionalmente superior aos antigos carros norte-americanos, não só em termos de velocidade (máxima de 100 km/h), mas também de autonomia (aproximadamente 750 km) e mobilidade no campo de batalha. Sua introdução na força blindada brasileira representaria um grande salto quantitativo e qualitativo, pois traria uma disponibilidade operacional que não era experimentada há anos, tendo em vista os baixos índices vivenciados anteriormente, desta maneira formar-se-ia uma nova doutrina operacional na Cavalaria Blindada no Exército Brasileiro. Seu excelente desempenho operacional, motivaria a diretoria do fabricante a estudar a possibilidade de exportação do blindado, passando a prospectar potenciais clientes. Dentre estes destacar-se-ia o governo português, envolvido naquele período na Guerra do Ultramar, travada em Angola, Moçambique e Guiné Bissau, cenário adequado para o emprego de blindados sobre rodas. Apresentações e tratativas seriam realizadas, com o modelo sendo bem recebido pelo Exército Português. Porém segundo análise relatada pelos oficiais daquele país, pairava sobre o EE-9 M1 Cascavel a notória a necessidade em se contar com um maior poder de fogo, pois o canhão de 37 mm já não era mais eficaz contra as ameaças existentes naquele período.  Para o atendimento a esta demanda seria sugerido com a adoção de uma torre e um canhão francês de 90 mm, no entanto as dimensões do carro não eram compatíveis com este novo armamento, levando a necessidade de alteração da carcaça original, nascendo assim a versão de exportação denominada como Engesa EE-9 Cascavel MKII. No início de 1974, dois veículos desta nova versão foram enviados a Portugal para testes, porém neste período mudanças políticas alterariam o curso daquele conflito, levando o governo português a suspender todos os programas de aquisição de materiais militares, incluindo a negociação com a empresa brasileira.   

De volta a plano de prospecção internacional, o foco se voltaria para as nações do Oriente Médio onde se concentrava um potencial mercado comprador. Neste contexto seria apresentado a estes países uma versão melhorada que passava a ser equipada com um canhão de 90 mm baixa-pressão (o mesmo empregado no blindado francês sobre rodas Panhard AML), contando ainda com um sistema de transmissão automática que melhoria o nível de conforto do condutor. O primeiro contrato de exportação seria logo celebrado com o Catar, envolvendo a venda de vinte Engesa EE-9 Cascavel MKII, e a seguir mais vendas seriam realizadas para outras nações desta região.  Assim desta maneira as customizações aplicadas a cada cliente levariam o modelo a ser constantemente aprimorado, ganhando destaque neste pacote a adoção do eficiente canhão belga Cockerill de 90 mm, que passaria a ser inicialmente montado sob licença no Brasil com a designação local de EC-90. Posteriormente novos acordos com este fabricante levariam a um gradual processo de nacionalização de componentes do canhão, processo que era visto com bons olhos pelo comando do Exército Brasileiro que buscava reduzir a dependência externa em termos de componentes vitais importados.  Assim seus oficiais de comando acompanhavam atentamente a evolução do modelo de exportação, verificando as vantagens operacionais proporcionadas pela introdução de um canhão de maior calibre.  Esta observação motivaria o início de estudos visando a possível atualização de sua frota de cem carros Engesa EE-9 Cascavel M1 e M2, que se encontravam em serviço até então. Este programa apresentava como premissa básica a adoção de um canhão de 90 mm, em substituição a já ineficiente arma de 37 mm, que comprovadamente já não apresentava eficácia frente as possíveis ameaças regionais que o país poderia enfrentar naquele período. Uma clarificação operacional deste conceito era que estes carros blindados eram pejorativamente chamados de "Cascavel Magro", em alusão ao seu obsoleto armamento principal de 37 mm. A exemplo do versões de exportação, a adoção do novo canhão Engesa - Cockerill EC 90 mm, implicaria também na substituição da torre original, inicialmente pensou-se em empregar a mesma torre importada usada nos carros configurados para o contrato líbio, opção esta que seria rapidamente descartada em detrimento do desenvolvimento de uma torre de fabricação nacional (que passaria a ser adota depois no modelo de exportação). 
Definidos os parâmetros técnicos e comerciais deste programa, em fins do ano de 1977 seria assinado um contrato entre o Ministério do Exército e a Engesa S/A, visando a modernização de apenas cinquenta e cinco carros do total da frota existente.   Em janeiro do ano seguinte, oito destes veículos pertencentes a dois Regimentos de Cavalaria Mecanizada (RC Mec), seriam encaminhadas as instalações da empresa na cidade de São José dos Campos no interior de São Paulo, a fim de servirem de protótipos funcionais para o programa de modernização. Devido ao novo modelo de torre nacional já se encontrar em produção para o mercado de exportação, a implementação deste programa de atualização transcorreria rapidamente, com os primeiros carros agora designados como EE-9 Cascavel M2 Série 3, sendo entregues as unidades operacionais em meados do mesmo ano. Em operação este modelo apresentaria excelentes resultados com a arma principal de 90 mm se mostrando muito mais capaz que a antiga configuração. Esta experiencia positiva levaria a necessidade aumento da frota, assim entre os os anos de 1978 e 1980 seriam contratados e recebidos mais sessenta carros agora novos de fábrica. Estes carros apresentavam muitas características presentes nos modelos de exportação. O novo EE-9 Cascavel M-2 Série 5, se diferia visualmente dos carros modernizados por contar com o grupo ótico frontal embutido na carroceria, e novamente em operação renderiam excelentes resultados em campo.  A partir de meados da década de 1980, seriam incorporados mais carros blindados desta família, agora dispostos nos modelos M-6 Séries 3,4 e 5 e M-7 Séries 8 e 9. Nesta oportunidade passariam a ser desativados os EE-9 M1 Cascavel não modernizados originários do primeiro lote, com os EE-9 Cascavel M2 Série 3 sendo relegados a tarefas de treinamento, com os últimos veículos sendo retirados do serviço ativo em meados da década de 1990. 
 

Em Escala:
Para representarmos o Engesa Cascavel EE-9 M2 "EB 10-128", fizemos uso de um modelo em resina de fabricação artesanal na escala 1/35. Como este modelo originalmente representava a versão  EE-9 M3, implementamos uma conversão em scracth build, envolvendo a alteração da disposição dos faróis e luzes de sinalização dianteiras, escotilhas frontais, desenho lateral do casco e inclusão de nova torre para o canhão de 37 mm. Empregamos ainda peças oriundas do kit do carro blindado leve M-3A1 Stuart produzido pela Academy (estrutura parcial da torre) e componentes em resina e plasticard. Fizemos uso de decais confeccionados pela Decals & Books presentes no Set Exército Brasileiro - FEB 1941 - 1945.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura e marcações nacionais adotado pelo Exército Brasileiro a partir do término da Segunda Guerra Mundial. Este padrão seria mantido até o ano de 1983 quando seria implementado o novo esquema tático em dois tons nos carros da série EE-9 Cascavel M-2 Série 3 em diante. Os veículos não modernizados não receberiam este padrão de pintura.

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Bibliografia: 

- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume I , por Expedito Carlos Stephani Bastos
- Blindados no Brasil - Um Longo e Árduo Aprendizado - Volume II, por Expedito Carlos Stephani Bastos
- EE-9 Cascavel Wikipedia - https://pt.wikipedia.org/wiki/EE-9_Cascavel