História e Desenvolvimento.
No final da década de 1920, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), passaria a dedicar cada mais esforços e recursos, com o objetivo assim acelerar o processo de transição de uma força terrestre hipomóvel para uma força mecanizada. E neste contexto cada vez mais se valia dos avanços tecnológicos implementados pela pujante indústria automotiva norte-americana. Este importante programa, além de abranger uma variada gama de veículos de carga e transporte de pessoal, priorizava o desenvolvimento de um veículo utilitário leve com tração integral 4X4, capaz de operar em ambientes fora de estrada devendo superar com facilidades obstáculos e ainda transportar até quatro soldados totalmente equipados. Diversas iniciativas seriam trabalhadas pelos militares em conjunto com a indústria automotiva para o atendimento deste objetivo, porém o conceito final deste novo utilitário só se materializaria a partir do início do ano de 1932. Seu idealizador o Coronel Robert G. Howie, um dos comandantes do 7º Companhia de Tanques, baseada no Fort Smelling Minn no estado de Minessota, e um dos principais defensores do conceito de motomecanização total da força terrestre. E assim tinha plena ciência das necessidades da força terrestre neste novo espectro operacional. Seu primeiro protótipo funcional, seria construído nas oficinas do Forte Sam Houston no estado do Texas, sendo imediatamente submetidos a testes práticos de campo. Excelentes resultados seriam apurados neste processo, levando a decisão do comando do exército em liberar recursos para a contratação da produção de um lote pré-série de setenta carros, porém esta fase seria adiada devido a restrições orçamentarias vigentes naquele período. Este programa só seria retomado em fins do ano de 1936, quando a montadora Bantan Car Company da Pensilvânia, seria escolhida em uma concorrência para esta tarefa. Estes veículos passariam se entregues a partir de meados do ano de 1938, sendo destinados ao Quartel General do Departamento Exército dos Estados Unidos no Forte de Holabird em Baltimore (Maryland). Dispondo agora de uma frota maior, os militares poderiam ampliar a abrangência de se programa de testes em campo, iniciando neste contexto também a formatação da doutrina de emprego operacional deste novo tipo de veículo utilitário.
Neste completo programa de testes de campo, verificou-se que este novo veículo utilitário com tração integral 4X4, permitiria ao Exército dos Estados Unidos (US Army) explorar um grande potencial de mobilidade para força terrestre operando com sucesso em uma variada gama de tarefas em ambientes fora de estrada (off road). Esta perspectiva levaria a decisão em se adotar em larga escala o modelo nas forças armadas norte-americanas, culminando assim na abertura de concorrência para sua produção em série. Neste processo seriam emitidos convites a mais de cem empresas dispostas a participar da concorrência, prevendo a apresentação de suas propostas técnicas e comerciais e protótipos funcionais. No entanto o aumento das tensões geopolíticas na Europa e no Pacífico Sul naquele momento, iriam afetar drasticamente este processo de concorrência, pois cada vez se tornava mais claro a emergencial necessidade em se modernizar as forças armadas norte-americanas face as novas possíveis ameaças representadas pela Alemanha Nazista e pelo Império do Japão. E devido a este importante fato, o cronograma inicial desta grande concorrência seria alterado, e passaria a contar como exigência básica, a apresentação de um protótipo funcional do veículo em apenas quarenta e nove dias. De montadoras convidadas a participar deste processo, apenas a Ford Motor Company, American Bantam Compay e Willys-Overland Company aceitariam o desafio, porém somente a segunda conseguiu entregar o protótipo funcional dentro do prazo exigido. Apesar do protótipo apresentando pela American Bantam Company lograr êxito no processo de avaliação comparativo, o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) em face a necessidade emergencial de reequipamento militar, definiria por aprovar também as propostas dos demais concorrentes. Os processos de avaliação e testes resultariam em modificações sobre o protótipo original, nascendo assim o modelo pré-série de produção designado como Bantan BRC, que apresentava em termos de desing traseiro, grande semelhança com os projetos automotivos daquela década.
Apesar da aprovação para a produção dos três modelos, ainda pairavam dúvidas sobre os projetos apresentados pela Ford Motor Company e pela Willys-Overland Company, levando a uma nova etapa de testes de campo nos campos de prova do Quartel General do Departamento Exército no Forte Holabird, que seriam realizados de 27 de setembro a 16 de outubro de 1940, com o modelo Bantan BRC, novamente se destacando aos olhos atentos dos engenheiros destes concorrentes, pela sua superioridade técnica, abandonando assim inicialmente a ideia de produzir três modelos distintos. Em seguida no dia 31 de março de 1941 seria celebrado um contrato entre o governo norte-americano e a American Bantam Company envolvendo a produção de mil e quinhentos carros. Apesar desta grande vitória, era notório que a montadora não dispunha da capacidade industrial e estabilidade financeira para o atendimento em cadência aos necessários contratos subsequentes que deveriam ser firmados, podendo assim prejudicar o cronograma emergencial de reequipamento das forças armadas. Assim no intuito de sanar esta deficiência, o Departamento de Guerra Norte Americano (The War Department), tomaria uma decisão polemica, que envolveria a cessão do projeto e as plantas originais do BRC 40 para a Ford Motor Company e da Willys-Overland Company, O próximo contrato de produção agora envolvendo dezesseis mil carros seria direcionado em agosto do mesmo ano a montadora Willys Overland Company, que designaria este veículo como "MA Quad" (posteriormente MB). Em seguida novos contratos seriam celebrados, porém agora neste contexto Ford Motors Company passaria até o final do ano de 1945 a receber as maiores encomendas de produção. Oficialmente o modelo produzido por esta montadora receberia a designação de Ford GPW (General Purpose Willys Veículo para uso geral). No Exército dos Estados Unidos (US Army), seus primeiros condutores referiam popularmente ao veículo pelo acrônimo GP", que na língua inglesa soava na pronúncia como "jeep". Curiosamente a palavra "jeep" era a única pronunciada por um personagem de quadrinhos muito famoso da década de 1930, chamado Eugene, que era o animal de estimação de Olívia Palito, namorada do marinheiro Popeye. Este simpático personagem era detentor de uma variada gama de poderes, como super força e capacidade de caminhar pelas paredes e tetos.
Assim graças a popularidade do desenho animado, os soldados passariam a chamar seus veículos de “Jeep” em alusão aos poderes deste simpático personagem. O termo "Hey, he's a real Jeep!" (Ei, ele é um verdadeiro Jeep!), era constantemente empregado para pessoas que apresentavam uma capacidade física superior. Desta maneira nascia assim um dos mais famosos nomes de veículos da história mundial de todos os tempos. Conforme as montadoras aceleravam o processo de fabricação, mais e mais unidades militares norte-americanas passavam a integrar o modelo em suas frotas. Neste mesmo período, a “Comissão de Defesa Nacional de Defesa e Pesquisa” do Exército dos Estados Unidos (US Army), começaria a analisar as possibilidades de múltiplo emprego da plataforma original que se encontrava em produção em massa. Entre várias potencialidades vislumbrou-se a viabilidade técnica para o desenvolvimento de uma versão para um veículo leve anfíbio com tração 4X4, esta demanda seria provocada pela degradação da estrutura viária daquele continente, com a destruição sistemática grande parte das pontes e viadutos. Este cenário poderia retardar o avanço das tropas aliadas motorizadas que em breve seriam empregadas naquele front de batalha, por isto se fazia necessário a criação de um carro anfíbio que pudesse transpor estes obstáculos. Um dos inspiradores deste projeto seroa o engenheiro e designer Roderick Stephens Jr., líder de projeto da Sparkman & Stephens Inc, empresa especializada no projeto construção de iates (que anteriormente havia participado do projeto com caminhão anfíbio GMC DUWK 6X6). Assim uma equipe de projetistas seria reunida para o desenvolvimento deste novo veículo, com os dois primeiros protótipos sendo completados em fins do ano de 1941. Além do modelo da Ford Motors Company, uma proposta concorrente seria apresentada pela empresa Marmon-Herrington Company, que ao ser entregue seria submetido a inúmeros testes e avaliações de campo, sendo colocado em testes de campo comparativos. Ao final desta concorrência, o desempenho superior e o fator de comunalidade de linha de produção e peças de reposição, levariam a Ford a vencer a concorrência gerando assim um contrato de produção em larga escala a partir de janeiro de 1942.
Este novo veículo viria a receber a designação de G.P.A 4X4 (G - Goverment, P - Distância entre eixos de 80 polegadas e A – Amphibian), sendo originado da plataforma estendida do Jeep Ford GPW padrão. O novo utilitário apresentava um casco naval muito semelhante aos dos caminhões GMC DUWK, sendo composto também em placas de aço soldadas. O painel de controle do Jeep Ford GPA diferia do modelo original, por contar com os comandos para as operações de tração alternada (4X2 ou 4X4), tipo de condução Oi-range - Lo-range, controle de leme e hélice de impulso. O carro ainda dispunha de um sistema de guincho elétrico para tração e ancora para operação fluvial. As primeiras unidades de série começariam a ser entregues as forças armadas norte-americanas a partir de meados de 1942. Porém ao contrário dos caminhões anfíbios, o Ford GPA não apresentaria uma boa performance quando em uso real, sendo alvo de severas críticas de seus usuários. O principal fator deste perfil operacional inadequado estava baseado em seu peso total de 1.600 kg, que havia extrapolado em 400 kg o peso do projeto original, não havendo nenhuma compensação no aumento do tamanho do carro. Como consequência sua capacidade de transporte de carga ficava muito prejudicada quando no modo de condução anfíbio, mais notadamente em águas agitadas, levando ao risco de afundamento. Estas características comprometeriam uma das suas principais missões, que era a de apoiar o desembarque anfíbio de soldados entre os navios de transporte de tropas e as praias. Estas observações seriam comprovadas durante os desembarques na Sicília em setembro de 1943, e ficaria claro também que o veículo apresentava deficiências de condução em terra, ficando frequentemente atolado devido ao seu peso de deslocamento. Estas deficiências levariam ao cancelamento da produção em série em dezembro mesmo ano, contabilizando apenas 12.778 unidades entregues. Grande parte deste total produzido seria direcionado as nações aliadas dentro dos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), com a União Soviética recebendo o maior volume destes veículos. Logo após o término do conflito, os soviéticos produziriam versão local denominada GAZ 46 MAV, que acabaria sendo exportada a vários países alinhados ao bloco socialista durante as décadas de 1940 e 1950.
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo. Quando a França capitulou em junho de 1940, o perigo nazista a América se tornaria claro se este país estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável de invasão ao continente pelas potencias do Eixo, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão. Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul tornavam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral do mais se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, isto se dava, pois, esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário levaria a uma maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras, que neste período estavam à beira da obsolescência em equipamentos, armamentos e doutrina. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, para a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil e militar que se apresentavam no vasto litoral do país.
Seria decidido também pelo presidente Getúlio Vargas, que o país enviaria um contingente expedicionário para ajudar no esforço aliado no teatro europeu de operações. Os contratos inicialmente celebrados entre os governos brasileiro e norte-americano, previam o fornecimento quase dois mil veículos utilitários leves com tração 4X4 do tipo "Jeep", com estes não atendendo a nenhum critério de padronização por fabricante ou modelo, não existindo registros oficiais por parte das forças armadas brasileiras sobre a quantidade de modelos recebidos que foram produzidos pela Ford Motors Company ou pela Willys Overland Company. Os primeiros veículos utilitários desta família começariam a ser recebidos no Brasil em lotes a partir de março 1942, e mesclavam veículos novos e usados, estes oriundos da frota pertencente ao Exército dos Estados Unidos (US Army). Existindo ainda relatos de alguns modelos raríssimos, como alguns Willys MA (sem registro) poucos "Slatt Grill" (grade de grelha), e até uma unidade do modelo primordial Bantam BRC-40. Salientamos que a partir de registros fotográficos, nos permitem atestar que grande parte destes carros foram fabricados durante o ano de 1941, representado assim modelos da fase inicial de produção. Com este processo atendendo ao procedimento formal de cessão de equipamento militar a aliados, priorizando assim a entrega de versões mais novas e aprimoradas para as forças armadas norte-americanas, com estas repassando veículos usados para exportação. Seriam ainda disponibilizados neste pacote treze utilitários anfíbios do modelo Ford GPA 4X4, representado o primeiro veiculo deste modelo a entrar em serviço no Exército Brasileiro. O advento do recebimento desta grande frota de veículos utilitários leves com tração integral 4X4, contribuiria em muito no no processo de implantação da motomecanização em larga escala no Exército Brasileiro, não só por sua versatilidade, mas também pela quantidade disponível. Pois neste momento a frota de veículos com tração integral deste porte se resumia a poucos e antigos veículos do modelo Vidal & Sohn Tempo G1200 de procedência alemã que foram recebidos em 1938, porém disponíveis em um número insuficiente para se dotar sequer uma unidade operacional completa.
Do total de veículos previstos para cessão ao Brasil contratados no programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), seria decidido que 660 deveriam ser entregues diretamente na Itália, para assim equipar as unidades operativas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), quer seriam compostas por cerca de vinte e cinco mil soldados. Neste lote se encontrariam cinco utilitários anfíbios do modelo Jeep Ford GPA. A exemplo dos demais modelos de jipes recebido na Itália, os cinco anfíbios Ford GPA seriam retirados dos estoques estratégicos de recomplemementação do 5º Exército dos Estados Unidos (5th US Army) baseado na cidade italiana de Tarquinia. Destas viaturas, muitas podiam ser consideradas como “veteranas de guerra”, devido ao seu intenso emprego anterior nas campanhas militares na Sicília e no Norte da África. O principal motivo da cessão de carros usados e muitas vezes em péssimo estado de conservação para as forças militares brasileiras, era a necessidade de alocação de recursos, veículos e equipamentos de primeira linha que deveriam ser empregados em junho do mesmo ano na invasão da França durante o "Dia D" na operação Overlord. Nesta localidade, seus respectivos motoristas e mecânicos seriam submetidos a um breve treinamento, envolvendo aos primeiros todos os macetes referentes a condução em terra e na água, e aos demais os princípios de manutenção preventiva e corretiva. Após o batismo de fogo das forças brasileiras no dia 14 de setembro de 1994, os Ford GPA se mostrariam presentes nos primeiros combates nas cercanias da cidade de Pisa. Estas viaturas seriam ainda empregadas junto as unidades de infantaria motorizada e reconhecimento, sendo assim muitas vezes empregados em patrulhas de exploração e reconhecimento. Sua capacidade anfíbia seria fundamental ao transpor rios e lagos devido a inexistência de pontes, tendo em vista que estrutura rodoviária do país fora quase dizimada anteriormente através das campanhas de bombardeio aliadas.
Após o término do conflito em maio de 1945, os jipes Ford GPAs bem como os demais veículos, armas e equipamentos cedidos pelos norte-americanos seriam entregues ao Comando de Material do Exército dos Estados Unidos (US Army) na cidade de Roma. Nesta unidade os veículos em melhor estado de conservação seriam armazenados e despachados posteriormente ao Brasil por via naval. Estes se juntariam aos demais veículos da mesma classe que já se encontravam no país em serviço desde 1942 sendo distribuídos as unidades operativas. Antes mesmo do término deste ano mais mais sessenta e oito utilitários deste modelo seriam recebidos no Rio Janeiro, ainda sendo constantes do programa Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Estes “novos” carros se juntariam ao demais em serviço, sendo distribuídos aos Regimentos de Cavalaria Mecanizados, onde seriam empregados em missões de reconhecimento e transporte ao longo dos anos seguintes. O Jeep Ford GPA seria também empregado pela Marinha do Brasil, com esta demanda sendo proporcionada pelo evoluir da doutrina operacional de guerra anfíbia junto a Força de Fuzileiros de Esquadra (FEE). A fim de se buscar a plena capacidade operativa, com base na sistemática empregada pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), seria decidido a incorporação de veículos anfíbios que ampliassem a capacidade de movimentação de cargas após os primeiros desembarques. Fazendo uso de um limitado orçamento militar seria negociado inicialmente a aquisição de um lote de caminhões anfíbios GMC Duwk, oriundos dos estoques da força de Fuzileiros Navais Franceses (Troupes de Marine), com estes sendo recebidos no início do ano de 1960. Paralelamente seriam estabelecidas conversações pelo adido naval brasileiro em Washington - DC com o Departamento de Estado Norte Americano (DoD), visando a aquisição de mais veículos e equipamentos, com este processo sendo concretizado com a cessão de dezoito jipes Ford GPA, nos termos do Programa de Assistência Militar (Military Assistence Program – MAP). Após serem recebidos e revisados, estas viaturas seriam distribuídas ao Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf), onde receberiam a designação de “Jipanf” (Jipe Anfíbio).
Nos anos que se seguiram, tanto no Exército Brasileiro quanto no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha, os jipes Ford GPA teriam destacada participação no processo de formatação e implementação das doutrinas de operações anfíbias. Este desenvolvimento seria ainda capitaneado pelo emprego real em combate da viatura quando em uso Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália durante a Segunda Guerra Mundial. A exemplo de quase a totalidade dos veículos militares recebidos entre as décadas de 1940 e 1950, o constante emprego, natural obsolescência e graves problemas na cadeia de abastecimento de peças de reposição, afetariam drasticamente a quantidade de viaturas em condições operacionais. O Exército Brasileiro determinaria a retirada em serviço deste modelo por volta de meados de 1967, com um grande número sendo cedido ao Marinha do Brasil para desmanche e aproveitamento de componentes críticos. Já o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil só desativaria o modelo no ano de 1982, preservando uma viatura que é empregada até os dias de hoje como viatura cerimonial pertencente ao Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf). Alguns carros anteriormente pertencentes ao Exército Brasileiro seriam preservados, como o modelo existente no acervo do Museu de Armas, Veículos e Máquinas Eduardo André Matarazzo na cidade Bebedouro no interior de São Paulo, outros em poder de museus militares ou colecionadores civis.
Em Escala.
Para representarmos o jipe anfíbio Ford G.P.A "EB23-164“ pertencente ao 2° Regimento de Cavalaria Mecanizado (2º RC Mec) , empregamos o excelente kit da Tamiya na escala 1/35. Modelo este de fácil montagem e excelente nível de detalhamento. Complementamos o conjunto com decais confeccionados pelo fabricante Eletric Products, presentes no Set "Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982 ".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) em todos os veículos utilizados no teatro europeu durante a Segunda Guerra Mundial, com os quais estes modelos foram recebidos a partir de 1943. Já em uso no país receberiam apenas as marcações e matrículas nacionais, mantendo este padrão até sua desativação. Os Jipes Anfíbios “Jipanf” pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil empregariam o mesmo padrão durante seu tempo de serviço, a exceção do veículo cerimonial preservado que recebeu uma pintura no padrão cinza naval.
Bibliografia:
- Jeep Willis MB - http://www.willysmb.com.br/
- FEB na Segunda Guerra Mundial - Luciano Barbosa Monteiro
- Ford GPA - Wikipedia http://en.wikipedia.org/wiki/Ford_GPA
- Exército Brasileiro - http://www.exercito.gov.br