M-113AO FMC VBTP

História e Desenvolvimento.
A origem e o emprego dos carros blindados de transporte de tropas em larga escala ocorreram durante o transcurso da Segunda Guerra Mundial, fazendo uso de veículos com tração do tipo meia lagarta, com destaque para o modelo  Hanomag  Sd.Kfz. 251 no Exército Alemão (Wehrmacht). Já junto aos exércitos norte-americanos e britânicos, a predominância deste tipo de veículo no campo de batalha seria representada pela família de meias lagartas dos modelos M-2, M-3 e M-5 Half Track Car, sendo empregados em grandes quantidades em todos os fronts do conflito. Apesar de seu importante papel no esforço de guerra na execução das tarefas de transporte de tropas e carga, repousava sobre o modelo norte-americano uma grave deficiência, que era representada pela ausência de uma estrutura de cobertura blindada. Esta falha de projeto tornava os infantes desprotegidos quando expostos de armas leves e estilhaços de projéteis, a fim de se sanar este problema ainda durante as últimas fases do conflito, seria desenvolvido o projeto M-44 (T16), um veículo blindado de transporte de tropas originalmente derivado do carro de combate M-18 Hellcat. Seu conceito inicial estava focado principalmente em prover proteção total a seus ocupantes, resultando em um veículo de dimensões muito superiores aos carros meia lagarta em uso naquele momento, apresentando uma capacidade de transporte de até 24 soldados totalmente equipados, com um peso total de combate de 23 toneladas. Três protótipos seriam construídos, passando a ser submetidos a ensaios e teste em campo, e neste processo de verificaria que seu peso total limitava em muita sua velocidade na capacidade de transpor terrenos irregulares, levando a decisão de cancelamento. Apesar disto a ideia não seria abandonada sendo reformulados os parâmetros de projeto para este tipo de blindado, e em setembro do mesmo seria deflagrada uma concorrência, que visava o desenvolvimento de um novo veículo blindado dedicado a tarefa de transporte de tropas com capacidade para até 10 soldados. Dentre suas especificações destacava-se a necessidade deste novo modelo ser baseado na plataforma e chassi do veículo de transporte de carga T-43 Cargo Carrier. Diversas montadoras apresentariam suas propostas em meados do ano de 1946, com estes sendo avaliados pelo comando de material do Exército dos Estados Unidos (US Army). Os resultados apontavam para o modelo conceitual T-18EI apresentado pela empresa  International Harvester Companu (IHC), levando a celebração de um contrato para a produção de quatro protótipos iniciais. Estes seriam completados e disponibilizados para testes a partir do início do ano de 1947, com este programa se estendendo por mais de oito meses, resultando em uma série de demandas de melhorias ao fabricante. Após a implementação destas alterações, os quatro protótipos seriam novamente ensaiados, recebendo na sequência sua homologação para a produção em série. Um primeiro contrato para aquisição de mil unidades seria celebrado em maio de 1950, com o modelo recebendo a designação oficial de M-75 Veículo de Infantaria Blindado (Personnel Carrier - APC).   

Os primeiros blindados deste modelo começariam a ser disponibilizados as unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) a partir de 1952, passando de imediato a substituir os blindados meia lagarta White M-3 e M-5 Half ainda em operação. Apesar de serem mais leves que os protótipos do modelo M-44, este veículo de infantaria blindado, apresentava um peso total de combate de dezoito toneladas, e durante seu emprego em exercícios operacionais, verificou-se que estes não conseguiam acompanhar no campo de batalha a os demais carros de combate. Este cenário infringia uma importante regra básica da mobilidade, a qual rezava a sincronia na movimentação das unidades motorizadas de uma força terrestre. Esta realidade causaria extrema preocupação, levando assim a decisão de ser cancelar o contrato de produção ainda em vigência. Emergencialmente esta medida demandaria a reativação de algumas centenas de veículos meia lagarta que anteriormente haviam sido transferidos para a reserva.  A fim de se resolver este problema em dezembro de 1953, uma nova concorrência seria lançada, objetivando o desenvolvimento de um novo veículo desta categoria, prevendo a aquisição de pelo menos cinco mil unidades. Este novo veículo blindado manteria a premissa básica de prover adequada proteção a seus ocupantes, porém deveria apresentar menor peso total de deslocamento, relativa capacidade anfíbia para transposição de rios e pequenos cursos de água, podendo ainda ser aerotransportado nos aviões de transporte de grande porte que se encontravam em desenvolvimento. Neste programa o modelo T-59 apresentado pela Food Machinery and Chemical Corporation (FMC) se destacaria sobre seus rivais, com sua escolha sendo assim definida pelos militares norte-americanos. Neste momento seria celebrado um contrato prevendo a produção de oito carros pré-série, para serem submetidos a um segundo programa de ensaios operacional, com este planejado para ocorrer entre os meses de setembro e outubro de 1953. Os primeiros carros de série, passariam a ser incorporados as unidades de infantaria do Exército dos Estados Unidos (US Army) em agosto de 1954, sendo recebidos com muito entusiasmo devido ao seu porte imponente e modernas linhas. No entanto em uso, o modelo apresentaria graves deficiências relacionada a potência do M-59, velocidade, autonomia e mobilidade com estes fatores sendo causados principalmente devido ao seu alto peso de deslocamento. Está problemática despertaria grande preocupação por parte do comando do Exército dos Estados Unidos (US Army), evidenciando a real eficiência e capacidade de sobrevivência do FMC M-59 em um cenário de conflagração real moderno que hipoteticamente poderia ocorrer na Europa. 
Neste mesmo momento, o comando militar norte-americano passava a elaborar planos para a futura substituição dos M-75 APC, que apesar de sua robustez e confiabilidade se mostrava inadequado a missão, com no novo M-59 reprisando esta mesma problemática operacional. Criava-se então no ano de 1958,  a demanda para o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas, com este novo modelo devendo unir as melhores características operacionais do M-75 e M-59. Este novo blindando deveria apresentar velocidade compatível aos carros de combate no campo de batalha, relativa capacidade anfíbia e possibilidade se ser aerotransportado. Estes parâmetros resultariam no desenvolvimento do conceito AAM-PVF - Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (Veículo Multiuso Blindado Aerotransportado).  Uma concorrência seria deflagrada no final deste mesmo ano, e em meados de 1959 a FMC Food Machinery Corp seria declarada vencedora. Grande parte desta decisão recaira sobre o inovador sistema de blindagem proposto, sendo composta por uma liga de duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminium and Chemical Co. Esta solução proporcionaria ao veículo uma suficiente proteção blindada e uma grande mobilidade e velocidade no campo de batalha devido ao seu baixo peso final. Este projeto receberia a designação militar de T-113, sendo celebrado um primeiro contrato para a produção de três carros pré-série quer seriam destinados a avaliação. Este seriam veiculos equipados com um motor a gasolina Chrysler 75M com 8 cilindros em V com potência de 215 hp, seriam entregues em maio de março de 1950, sendo imediatamente submetidos a um intensivo programa de ensaios em campo, com este processo se estendendo até o mês de setembro. Os resultados validaram sua produção em série, com um primeiro contrato sendo celebrado logo em seguida, envolvendo inicialmente novecentas unidades como modelo recebendo a designação de M-113AO APC, com os primeiros sendo entregues as unidades operativas do Exército dos Estados Unidos (US Army) entre os meses de maio e junho de 1960. Em campo o M-113 podia transportar até a linha de frente onze soldados totalmente equipados, servindo de proteção até o desembarque da tropa, devendo então recuar para a retaguarda. Como armamento de autodefesa contava com uma metralhadora M-2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada manualmente pelo comandante. Passariam também logo a ser desdobrados em operações aerotransportadas nos novos aviões Lockheeds C-130 Hercules e C-141 Starlifter da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). 

Após sua completa introdução operacional, seria decidido implantar o M-113 em um cenário de conflagração real, para fins avaliação real no campo de batalha, com esta demanda sendo atendida em 1962, pela cessão de trinta e dois blindados para o Exército da República do Vietnã (ARVN). Em operação, os M-113AO dotariam duas companhias mecanizadas, com seu batismo de fogo sendo realizados em janeiro de 1963 durante os eventos da Batalha de Ap Bac na província de Dinh Tuong (agora Tien Giang). Apesar de seu relativo sucesso, diversos ensinamentos seriam tirados desta experiencia, levando a adoção de significativas melhorias na blindagem e sistemas críticos ao projeto original. Estas mudanças levariam ao desenvolvimento em 1964, de uma nova versão designada como M-113A1, que apresentava como maior destaque a adoção do motor a diesel Detroit 6V53T de 265 hp de potência que praticamente dobrava a autonomia do veículo. Durante os anos seguintes os M-113 seriam deslocados em larga escala para o Vietnã para o emprego do Exército dos Estados Unidos (US Army) naquele conflito, onde receberia o apelido de  "Táxi de Combate".  Seria usado para romper matagais pesados no meio da selva para atacar e invadir posições inimigas. Era amplamente conhecido como "APC" ou "ACAV" (veículo blindado de assalto de cavalaria). No entanto neste cenário seriam também conhecidos por suas fragilidades na blindagem inferior, caso atingisse uma mina terrestre, por essa razão, muitos soldados preferiam viajar sobre a cobertura do blindado ao invés de ocupar o seu compartimento interior. Em 1978 o modelo já representava um sucesso estrondoso, registrando exportações para mais de vinte países, com sua produção já atingindo a cifra de mais 25.000 unidades, levando a Food Machinery and Chemical Corporation (FMC), a desenvolver uma nova versão designada como M-113A2. Este novo modelo apresentaria melhorias significativas na suspensão e sistema de refrigeração, tornando assim o blindado como uma plataforma viável para emprego em cenários de combate de alto atrito. Seu projeto se mostraria ainda extremamente customizável para o emprego em versões especializadas, como carro comando, antiaéreo, porta morteiro, lança chamas, socorro, oficina e antitanque (com misseis Tow). Estas versões seriam produzidas aos milhares, elevando os níveis de padronização das frotas blindadas de diversas nações. As Forças de Defesa de Israel se tornariam o segundo maior operador do M-113, com mais de seis mil veículos em serviço, com os primeiros a serem incorporados sendo representados por veículos jordanianos foram capturados na Cisjordânia durante a Guerra dos Seis Dias e integrados as forças israelenses.  Em 1970, Israel começou a receber M113-A1 para substituir as antiquadas meias lagarta, e em mais de cinquenta anos de atividade teriam destacada participação nos conflitos regionais.   
Em 1987 seria apresentado o M-113A3, versão que em que seriam introduzidas novas melhorias para "sobrevivência aprimorada (no campo de batalha)". Isso incluía um garfo para direção em vez de laterais, um pedal de freio, um motor mais potente (o turbo 6V-53T Detroit Diesel) e revestimentos internos para melhor proteção. Tanques de combustível blindados seriam adicionados externamente em ambos os lados da rampa traseira, liberando 0,45 metros cúbicos (16 pés cúbicos) de espaço interno. Este modelo obteria grande destaque durante a primeira Guerra do Golfo Persico contra o Iraque, quando passariam a desempenhar papéis importantes, tanto no combate urbano quanto nas diversas funções de manutenção de paz, provando assim sua versatilidade e a combinação precisa de volume interior, perfil exterior, construção simples e fácil manutenção. Sua comprovada e versátil plataforma levaria ao desenvolvimento de versões especializadas como o M-58 Gerador de Fumaça, M-106 Porta Morteiro, M-132 Lança Chamas, M-125 Porta Morteiro, M-150 Antitanque, M-163 VADS antiaérea, M-577 Comando, M-579 Socorro, M-48 Chaparral antiaéreo, M-1064 Porta Morteiro, M-113 Ambulância, M-806 Socorro e Recuperação, M-113 "C & R" (Comando e Reconhecimento) e M-901 ITV Antitanque. Seu sucesso comercial internacional seria catapultado por programas de apoio na aquisição de material militar norte-americano, como o programa Military Assistance Program – MAP (Programa de Assistência Militar) e posteriormente o programa Foreign Military Sales – FMS (Vendas Militares a Estrangeiros), facilitando o acesso a sessenta países. Estes veículos estiveram presentes nos principais conflitos regionais ocorridos durante os séculos XX e XXI, como as guerras do Vietnã, Camboja-Vietnamita, Sino-Vietnamita, Seis Dias, Indo-Paquistanesa de 1965 e 1971, Yom Kippur, Invasão Turca de Chipre, Civil Libanesa, Líbano de 1982, Irã-Iraque, Golfo Pérsico, Kosovo, Afeganistão, Iraque, Noroeste do Paquistão, Segunda Intifada, Líbano de 2006, Gaza, Civil Líbia, Insurgência iraquiana, Civil da República Centro-Africana (2012-2014), Civil iraquiana, Civil do Iêmen, Houthi-Arábia Saudita e Invasão Russa da Ucrânia em 2022. Ao longo de trinta anos seriam produzidas cerca de 80.000 unidades, com 4.500 montados sob licença em empresas na Bélgica, Itália e Coreia do Sul. Atualmente estima-se que grande parte da frota mundial ainda esteja em operação, e constantes programas de modernização em curso mundo afora, permitirão seu emprego ainda por décadas no século XXI. 

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da década de 1940, os militares brasileiros iniciariam um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veiculos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito, iria impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada junto ao Exército Brasileiro.  Neste momento começaria a ser formada no país a doutrina de operação dos futuros Batalhões de Infantaria Blindada (BiB). Apesar de representar um grande avanço em termos operacionais, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, era notória a obsolescência desta família de blindados, muito em função de não proporcionar aos infantes uma proteção contra ameaças áreas e estilhaços diversos, por originalmente não possuir um teto rígido e não apresentar capacidade anfíbia. Este cenário começaria a mudar a partir de 1960, com recebimento de vinte carros blindados de transporte de tropas do modelo FMC M-59, podendo este ser considerado o primeiro Veículo Blindado de Transporte de Pessoal – VBTP em serviço no Exército Brasileiro. Após a implementação de um grande programa de revisão, estes carros passariam a equipar o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RC Mec) no Rio de Janeiro. Apesar de estar disponível em pouca quantidade na frota, a incorporação dos FMC M-59, seria de grande importância no processo de modernização da Força Terrestre, pois viriam a descortinar uma série de oportunidades de emprego operacional da infantaria blindada. Neste momento, porém, a outrora representativa frota de veículos blindados de transporte de tropas meia lagarta norte-americanos, enfrentava grandes problemas de disponibilidade, muito em virtude de graves problemas de falta de componentes de reposição dos motores originais a gasolina, se fazendo assim buscar uma solução a curto prazo para sua substituição.

Devido as limitações operacionais do VBTP M-59, o comando da Força Terrestre declinaria de mais ofertas para cessão de mais veiculos blindados deste modelo, optando como solução paliativa pelo repotenciamento dos antigos carros meia lagarta White M-2 , M-3 e M-5, visando assim estender sua vida útil, até a incorporação de um possível substituto. Neste contexto, em 1963, o governo brasileiro fazendo uso dos termos previstos no Programa de Assistência Militar MAP (Military Assistance Program), passaria a negociar a aquisição de uma variedade de veiculos e equipamentos militares em condições muito favoráveis. Este processo culminaria na cessão de uma grande quantidade de veiculos que permitiria ao Exército Brasileiro iniciar um importante ciclo de renovação de seus meios. Neste pacote estava prevista a cessão total de oitenta e quatro blindados de transporte de tropa usados FMC M-113A0 (versão inicial de produção equipados com o motor a gasolina Chrysler 75M-V8 de 215 hp) oriundos das unidades operativas do Exército dos Estados Unidos, tendo em vista que este modelo estava em processo de substituição pela versão M-113A1 equipada com motor a diesel. Atendendo ao cronograma, em maio de 1965 seriam recebidos quatro blindados, que apesar de usados se encontravam em excelente estado de conservação registrando baixa quilometragem de uso, pois se encontravam armazenados desde 1964, junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio. Três destes blindados seriam inicialmente destinados a treinar e a formar as equipes que iriam operá-los e manuteni-los, já o quarto M-113AO seria entregue em julho do mesmo ano à Escola de Material Bélico (ESMB) no Rio de Janeiro, a fim de ser empregado na elaboração dos manuais de apresentação, operação e manutenção em português. No ano seguinte este material com a denominação de manual "VBTP M-113 (Veículo Blindado de Transporte de Pessoal)" seria publicado em março de 1969, passando a ser adotado na Seção de Motomecanização, organização esta que seria responsável por ministrar o curso aos multiplicadores das unidades operativas que estavam designadas a receber o modelo em breve.  Em 1966 seria recebidos mais quarenta blindados, com um lote igual chegando no ano seguinte, sendo fornecidos juntamente um grande lote de peças e de reposição. Inicialmente passariam a dotar principalmente os Batalhões de Infantaria Blindada (BIB), baseados nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. 
Em 1971, o comando do Exército Brasileiro, em virtude da obsolescência de seus equipamentos e veículos, em sua maioria oriundos da Segunda Guerra Mundial, elaboraria um plano de reequipamento, dando ênfase na retomada e ampliação de sua capacidade de transporte de tropas. Este estudo previa a incorporação de mais um milhar de veículos, como jipes Ford M-38, caminhões de transporte REO M-34 e M-35 e blindados de transporte de tropas FMC M-113.  Neste contexto seriam conduzidos estudos visando inclusive a produção sob licença deste último veículo no país, já no modelo com o motor a diesel, a exemplo do estava sendo feita em outros países. Esta opção seria descartada face a oferta de cessão pronta entrega de quinhentos M-113A0 em vantajosas condições comerciais, modelos oriundos dos estoques de reserva norte-americanos que haviam sido recentemente substituídos por versões atualizadas. Estes "novos" M-113 passariam a ser entregues em lotes até o início do ano de 1974, com a frota total atingindo quinhentas e oitenta e quatro viaturas. O aumento de disponibilidade permitiria uma maior distribuição dos VBTP M-113, principalmente junto aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Regimentos de Carros de Combate (RCC), muito embora outras viaturas seriam destinadas a e equipar unidades de Artilharia, Regimentos de Infantaria (RI), Comunicações e a Escola de Material Bélico (EsMB), que passaria a ministrar cursos sobre a parte técnica destes veículos, participando na elaboração e tradução dos manuais norte-americanos.  A introdução do FMC M-113A0, ajudara a promover a modernização operacional da infantaria brasileira, concedendo a força terrestre maior mobilidade e proteção blindada, sem perder suas características próprias, permitindo realizar, sob quaisquer condições, o combate em campo e a ocupação definitiva do território conquistado. O novo sistema de blindagem em alumínio, resultava em menor peso de deslocamento, possibilitando que os VBTP M-113 acompanhassem os carros combate GMC M-41 Walker Buldog nas missões de treinamento, opção esta que era impossível de se realizar com os M-59 ou M-2, M-2A1, M-3, M-3A1 e M-5 Half Track. Outra considerável evolução operacional era baseada na capacidade anfíbia a viatura, permitindo assim transpor rios ou pequenos cursos de água, algo que não era possível também com os outros blindados de transporte de tropa em uso anteriormente. Estas características operacionais proporcionariam a transformação dos Regimentos de Infantaria (RI) em Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). 

Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciou uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTT M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades de linha de frente entre Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). A grande disponibilidade da frota e a consequente operação conjunta com os carros de combate M-41 Walker Buldog, traria a Exército Brasileiro um grande fator de dissuasão, reequilibrando a   balança de poder terrestre na América do Sul, então neste momento fortemente inclinada para a Argentina, nosso principal hipotético rival, sendo ainda sendo responsáveis pela consolidação da doutrina motomecanizada no país.  Altamente robusto e de fácil manutenção, a frota destas viaturas sempre apresentava excelentes índices de disponibilidade operacional, sendo desdobrada por via terrestre ou rodoviária para vários estados da federação para emprego em exercícios operacionais de grande monta.  Este positivo cenário, no entanto, iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando os Estados Unidos passaram a ser conduzidos pela administração do presidente Jimmy Carter, dentre as novas diretivas deste governo, a continuidade dos programas de ajuda militar seria condicionada ao atendimento das políticas de direitos humanos dos países parceiros.  Esta decisão provocaria o desagravo do governo brasileiro que publicamente se expressaria com seguinte comunicado "O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” Nos meses seguintes o aumento das pressões políticas decorridas desta iniciativa levaria o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção das linhas financiamento e abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Este movimento afetaria diretamente a frota de VBTT M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina, com este fator impactando negativamente o orçamento para compra de combustível. O fator de consumo de combustível e autonomia dos M-113 sempre foi um fator de observação por parte do comando da Força Terrestre, buscando a exemplo de iniciativas norte-americanas realizadas entreo 1963 e 1964, efetivar a troca dos motores a gasolina por modernos modelos a diesel.
Assim os primeiros estudos visando a implementação de programa de repotenciamento e remotorização datam do ano de 1968, sendo autorizados pela Diretoria de Motomecanização (DMM), elaborados pelo  Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) de São Paulo. A primeira tentativa visava a adaptação de um motor refrigerado a ar Deutz V-8 Diesel, o qual envolveria a participação do próprio fabricante, mas que acabaria por não vingar em virtude desta empresa deixar o país, com o encerramento de suas atividades. Curiosamente apesar da grande urgência pela recuperação da capacidade operacional da frota de VBTP M-113, este programa somente seria recuperado em 1981, com uma proposta apresentada pela empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda. Esta solução envolvia a adaptação de um motor de caminhão do modelo Fiat diesel, 8210.22 Iveco 150, o qual não produziria os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. Em 1982, seria estabelecido o Plano Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (PGPDEx) para a área de material, surgindo assim o projeto M.01.11 Viatura Blindada de Transporte Pessoal VBTP, XM113-B, Lagarta, que visava dotar as unidades operativas com os M-113 modernizados.  Sua conclusão estaria prevista para o ano de 1984, o objetivo principal era a adaptação de um motor a diesel de fabricação nacional, capaz de utilizar óleos vegetais ou álcool aditivado, em substituição ao motor original a gasolina. Estava ainda previsto adaptar uma torreta para a metralhadora, possibilitando ao atirador combater sem se expor. O orçamento preliminar do projeto, era da ordem de Cr$ 415 milhões de cruzeiros, com o projeto sendo coordenado pelo recém-criado Centro Tecnológico do Exército (CTEx), ficando a execução a cargo da empresa Lacombe Indústria e Comércio de Tubos S/A em parceria com o Parque Regional de Motomecanização da 5º Região Militar (PqRMM/5). Porém logo verificou-se, que o pequeno porte desta empresa não era compatível com a dimensão gigantesca deste projeto, levando a decisão de se transferir este processo para a empresa Moto Peças Transmissões S/A.  Os primeiros testes de campo coordenados pelo Centro de Avaliações do Exército (CAEx), ocorreriam em julho de 1983, fazendo uso do primeiro protótipo equipado com o motor Mercedes-Benz OM-352A, com este veículo recebendo a designação de  M-113B. Os resultados aferidos neste processo culminariam na assinatura envolvendo a remotorização da totalidade da frota brasileira, com seu cronograma sendo estabelecido entre os anos de 1985 a 1988. Desta maneira seria iniciado o fim do primeiro ciclo de operação dos M-113 no Exército Brasileiro.   

Em Escala. 
Para representarmos o Veículo Blindado de Transporte de Pessoal  VBTP M-113A0  com matrícula "EB10-395", fizemos uso do kit produzido pela Tamiya na escala 1/35. Este modelo possui facilidade de montagem e excelente nível de detalhamento interior, onde optamos por deixar o grupo motriz a vista, empregando peças oriundas de um kit da Academy na mesma escala. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products presentes no Set  " Veículos Militares Brasileiros 1944 - 1982 ". 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático norte-americano empregado pelo Exército Brasileiro desde a Segunda Guerra Mundial. sendo mantido nos VBTP M-113A0 até a implementação do processo de modernização a a partir de 1983. Os blindados repontenciados emergiriam deste programa  ostentando o novo esquema de camuflagem tático de dois tons adotados pelo Exército Brasileiro.



Bibliografia : 
- Military Analisys Network http://www.fas.org/man/dod-101/sys/land/m113.htm
- M-113 APC - http://en.wikipedia.org/wiki/M113_armored_personnel_carrier
- Blindados no Brasil - Um Longo e Arduo Aprendizado, Volume II - Expedito Carlos Stephani Bastos
- M-113 no Brasil - Expedito Carlos Stephani Bastos