Consolidated CA-10 Catalina Cargo

História e Desenvolvimento. 
​A Consolidated Aircraft Corporation foi fundada em 1923 por Reuben H. Fleet na cidade de Buffalo, no estado de Nova Iorque. Esta empresa aeronáutica teve origem na aquisição dos ativos da Gallaudet Aircraft Company, bem como na incorporação de projetos da Dayton-Wright Company, uma subsidiária da General Motors Corporation, cuja divisão aeronáutica fora descontinuada em decorrência de um processo de reorganização empresarial. O primeiro projeto militar de sucesso da Consolidated foi o treinador primário biplano PT-1 Trusty, que se tornou a primeira aeronave de instrução adquirida em quantidade expressiva pelo Serviço Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAS), logo após o término da Primeira Guerra Mundial. Este modelo também foi utilizado pela Aviação Naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), reforçando sua relevância na formação de pilotos militares. Os recursos provenientes dessas primeiras vendas possibilitaram à empresa ampliar significativamente seus investimentos em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento. Como reflexo desse crescimento, em setembro de 1935, foi inaugurada uma moderna e ampla unidade fabril na cidade de San Diego, no estado da Califórnia. No início da década de 1940, o acirramento das hostilidades na Europa e o agravamento das tensões diplomáticas com o Império do Japão no Leste Asiático levaram o governo norte-americano a priorizar um ambicioso processo de modernização e rearmamento de suas forças armadas. Nesse cenário, com a crescente probabilidade de um conflito no teatro de operações do Pacífico, tornou-se imperativo o desenvolvimento de uma nova geração de hidroaviões de patrulha e bombardeio, dotados de grande autonomia operacional. Tal necessidade era motivada pela limitada infraestrutura  de aeródromos existente nas ilhas sob controle norte-americano naquela região estratégica. As especificações técnicas estipuladas para essa nova aeronave previam um modelo de porte médio, bimotor, com alcance operacional desejável de 4.800 km, velocidade de cruzeiro em torno de 260 km/h e peso máximo de decolagem na ordem de 11.340 kg. Além das missões de patrulhamento e reconhecimento marítimo, a nova plataforma deveria ser capaz de desempenhar funções de guerra antissubmarino (ASW), bombardeio contra alvos navais de superfície e, por fim, operações de busca e salvamento (SAR). 

O objetivo primordial do desenvolvimento e da integração desse novo vetor foi a substituição, em curto prazo, do binômio operacional então composto pelos hidroaviões biplanos Consolidated P-2Y e Martin P-3M, considerados obsoletos diante dos desafios estratégicos iminentes. Nesse contexto, no início de 1935, o comando da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) lançou uma concorrência nacional destinada ao desenvolvimento de uma aeronave dessa categoria. Diversas empresas responderam a essa solicitação, apresentando suas respectivas propostas técnicas e comerciais. Após uma análise meticulosa, dois projetos foram selecionados como finalistas: o modelo Douglas XP3D, da Douglas Aircraft Company, e o XP3Y-1, da Consolidated Aircraft Company, ambos recebendo recursos para a construção de protótipos. Embora as avaliações técnicas tenham sido conduzidas com rigor, o critério de custo-benefício emergiu como fator determinante na escolha da nova aeronave, sobretudo devido à necessidade premente de aquisição de um número elevado de aeronaves. Assim, a proposta da Consolidated Aircraft Company foi declarada como vencedora, principalmente por oferecer a melhor relação entre custo de aquisição, operação e manutenção. Designada pelo fabricante como Modelo 28, essa aeronave teve origem em um projeto concebido originalmente em 1933 pela equipe liderada pelo engenheiro Isaac M. Laddon. Sua configuração incluía dois motores radiais Pratt & Whitney R-1830 – R-1854 Wasp, cada um desenvolvendo 825 hp de potência, dispostos em uma estrutura bimotora. As asas, de posicionamento alto, apresentavam formato parasol e eram equipadas com quatro montantes que sustentavam flutuadores retráteis nas extremidades, otimizando tanto a manobrabilidade na água quanto a redução do arrasto aerodinâmico em voo. O protótipo inicial, designado XBP-3Y1 (onde "X" indica experimental, "BP" refere-se a bombardeio de patrulha e "Y" corresponde ao código do fabricante), realizou seu primeiro voo em 28 de março de 1935. Essa unidade foi submetida a um extenso programa de ensaios em voo, que resultou em diversas melhorias aerodinâmicas destinadas a facilitar a decolagem. Entre as modificações implementadas, destacou-se a adoção de motores mais potentes, com 900 hp cada. Concluído o programa de testes, a aeronave foi homologada para uso operacional pelo comando da aviação naval da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), validando sua futura integração às forças armadas.
Um primeiro contrato, envolvendo a produção de dez aeronaves de pré-produção, foi assinado outubro de 1935, resultando no voo da primeira célula do agora designado Consolidated PBY-1 (Modelo 28-1) em 19 de maio de 1936. Durante esse voo, foi alcançado um recorde de distância sem escalas, totalizando 3.443 milhas (5.541 km). No decorrer desse período, foram encomendadas mais aeronaves, com as primeiras aeronaves operacionais sendo entregues em outubro de 1936 ao esquadrão de patrulha VP-11F "Patrol Squadron 11, Fleet" da Marinha dos Estados Unidos (US Navy). No ano seguinte, o esquadrão VP-12, conhecido como os "Black Cats," também foi equipado com aeronaves deste modelo, com suas aeronaves fazendo parte de um terceiro contrato que previa a aquisição de sessenta unidades. Em maio de 1937, iniciou-se o desenvolvimento de uma nova versão, que apresentava um conjunto de pequenas melhorias, recebendo a designação de PBY-2 (Modelo 28-2). Essa versão subsequentemente recebeu um contrato para a produção de cinquenta aeronaves. Apesar dos progressos alcançados, tornou-se evidente a necessidade de maior potência nas aeronaves, resultando na criação da versão PBY-3 (Modelo 28-3), a qual passou a ser equipada com dois motores radiais Pratt & Whitney R-1830-66, com potência de 1.000 hp. Este modelo foi imediatamente aceito, recebendo uma encomenda de sessenta e seis aeronaves. A versão seguinte, o PBY-4 (Modelo 28-4), também foi desenvolvida, com um total de trinta e três células produzidas, e dotada de motores Pratt & Whitney R-1830-72 de 1.050 hp. O conhecimento adquirido no desenvolvimento e operação dessas versões levou a Consolidated Aircraft Company, no final de 1939, a propor a construção de uma variante aprimorada. Esta nova versão, designada como PBY-5 (Modelo 28-5), além de contar com os novos motores Pratt & Whitney R-1830-82 ou R-1830-92, com 1.200 hp, passou a ser equipada com armamento defensivo melhorado, hélices hidráulicas, bolhas de observação lateral e maior capacidade de combustível em tanques parcialmente protegidos pelo tipo auto vedante. O PBY-5 recebeu seu primeiro contrato de produção para 167 aeronaves no final de 1939, e as primeiras unidades foram declaradas operacionais em vários esquadrões de patrulha da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) no início do ano seguinte. Próximo a entrada dos Estados Unidos no conflito, estas aeronaves já haviam substituído uma grande parte das antigas aeronaves anfíbias como os  Consolidated P-2Y e Martin P-3M.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as aeronaves PBY-5 e PBY-5A desempenharam um papel proeminente no esforço de guerra dos Estados Unidos e seus aliados, sendo amplamente utilizadas em missões estratégicas de natureza diversa. Esses hidroaviões foram empregados em operações de guerra antissubmarino (ASW – Anti-Submarine Warfare), bombardeios de patrulha, escolta de trens, busca e resgate (notadamente em ambiente aéreo-marítimo) e transporte de cargas. Um marco histórico foi registrado em 27 de dezembro de 1941, quando seis unidades PBY-5 e um PBY-5A do Esquadrão de Patrulha VP-101 ("Esquadrão de Patrulha 101") realizaram o primeiro ataque contra forças japonesas, bombardeando um transporte na Ilha Jolo sob forte oposição de caças inimigas. Apesar de sua relativa lentidão e manobrabilidade considerada limitada, os PBY-5s  se destacaram por sua robustez e especificidade, operando com distinção em todos os teatros do conflito. O seu desempenho foi especialmente notável na campanha contra o Império do Japão, onde se estabeleceu como um recurso essencial. Além disso, essas aeronaves deixaram uma marca indelével na história da aviação militar por meio de suas operações de busca e salvamento (SAR – Busca e Salvamento), resgatando milhares de pilotos e tripulantes abatidos nas águas do Oceano Pacífico. De forma peculiar, os aviadores adotaram códigos de chamada diferentes conforme a missão: "Gato" para operações de combate e "Dumbo" para ações de resgate aéreo. O Comando Costeiro da Real Força Aérea (Royal Air Force – RAF) foi o primeiro grande cliente de exportação, batizando a aeronave como "Catalina" em homenagem à Ilha de Santa Catalina, na Califórnia. Na Batalha do Atlântico, os PBY-5 e PBY-5A, comandados pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e pela  Real Força Aérea (RAF), foram fundamentais na proteção aérea dos comboios marítimos entre os dois países, garantindo o transporte de suprimentos obrigatórios para o esforço de guerra aliada. Essas aeronaves foram significativamente desenvolvidas para o afundamento de numerosos submarinos alemães e italianos, embora seu impacto tenha sido limitado pela autonomia operacional restrita. Ao longo do conflito, o Catalina foi utilizado no combate pelas forças armadas de países como Austrália, Brasil, Canadá e União Soviética, sendo incluído no portfólio do programa de assistência militar Lei de Empréstimo e Arrendamento (Lend-Lease Act). Sua ampla presença em diversos cenários de guerra sublinha sua importância estratégica e operacional para o sucesso das forças aliadas.
Ao longo de sua produção, a Consolidated Aircraft Company fabricou um total de 684 unidades da versão PBY-5 Catalina em suas instalações. A necessidade de operar a partir de pistas terrestres, além de superfícies aquáticas, levou ao desenvolvimento do PBY-5A (Modelo 28-5A), uma variante anfíbia equipada com um trem de pouso triciclo retrátil, acionado hidraulicamente. Nesse modelo, as rodas principais eram recolocadas nas laterais da fuselagem por meio de um sistema de engrenagens. O PBY-5A foi a primeira versão para possibilitar a instalação de um radar de busca marítima, alojado em um radome posicionado acima da cabine. Foram produzidas 803 unidades dessa variante. Posteriormente, foi introduzido a última variante, o PBY-6A Catalina, que apresentou uma cauda redesenhada, melhorando sua aerodinâmica. Um contrato foi assinado para a produção de 900 unidades dessa versão; no entanto, o término da Segunda Guerra Mundial alterou as prioridades de investimento militar, resultando no cancelamento de diversos programas, incluindo o do PBY-6A. Assim, apenas 175 aeronaves dessa variante foram concluídas. Além das linhas de montagem da Consolidated Aircraft Company, localizadas em San Diego (Califórnia), New Orleans (Louisiana) e Buffalo (Nova York), a família PBY também foi fabricada sob licença no Canadá pelas empresas Boeing Aircraft of Canada e Canadian Vickers. Na União Soviética, algumas peças de unidades foram produzidas, sendo os hidroaviões denominados localmente GST - MP-7 e os anfíbios classificados como KM-1 e KM-2. Até meados de 1945, foram entregues 4.051 unidades do PBY Catalina, consolidando-o como o hidroavião mais produzido na história mundial da aviação. Esse número reflete a relevância da comunicação tanto em termos operacionais quanto industriais durante e após o conflito.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passou a considerar com extrema preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa ameaça tornou-se ainda mais evidente após a capitulação da França, em junho de 1940, pois, a partir desse momento, a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas Ilhas Canárias, em Dacar e em outras colônias francesas, criando um ponto estratégico para uma eventual incursão militar no continente. Nesse contexto, o Brasil foi identificado como o local mais provável para o lançamento de uma ofensiva, devido à sua proximidade com o continente africano, que à época também figurava nos planos de expansão territorial alemã. Além disso, as conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico Sul transformaram o Brasil no principal fornecedor de látex para os Aliados, matéria-prima essencial para a produção de borracha, um insumo de extrema importância para a indústria bélica. Além dessas possíveis ameaças, a posição geográfica do litoral brasileiro mostrava-se estrategicamente vantajosa para o estabelecimento de bases aéreas e portos militares na região Nordeste, sobretudo na cidade de Recife, que se destacava como o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Dessa forma, essa localidade poderia ser utilizada como uma ponte logística para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves destinadas aos teatros de operações europeu e norte-africano. Diante desse cenário, observou-se, em um curto espaço de tempo, um movimento de aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, resultando em investimentos estratégicos e acordos de cooperação militar. Entre essas iniciativas, destacou-se a adesão do Brasil ao programa de ajuda militar denominado Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), cujo principal objetivo era promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos desse acordo garantiram ao Brasil uma linha inicial de crédito de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico, possibilitando ao país o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Esses recursos revelaram-se essenciais para que o país pudesse enfrentar as ameaças impostas pelos ataques de submarinos alemães, que intensificavam os riscos à navegação civil, impactando o comércio exterior brasileiro com os Estados Unidos, responsável pelo transporte diário de matérias-primas destinadas à indústria de guerra norte-americana. Esta ameaça começaria a ser combatida pela Marinha dos Estados Unidos (US Navy) com o estabelecimento de bases de operação no litoral brasileiro, de onde seus esquadrões de patrulha começariam a operar

Neste momento seriam realizados os primeiros embates contra os submarinos alemães e italiano, não só pelos norte-americanos, mas também pelos efetivos da Força Aérea Brasileira que começavam a realizar as primeiras missões desta natureza, com seu batismo de fogo ocorrendo em  22 de maio de 1942, quando um North-American B-25B Mitchell atacou o submarino italiano Barbarigo (classe Marcelo) nas imediações do arquipélago de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas. No final deste mesmo ano seria determinado que a Força Aérea Brasileira deveria começar a assumir uma significativa parcela das atividades de patrulhamento e guerra antissubmarino em seu mar territorial. Como reforço seriam recebidos dez Lockheed A-28A-LO Hudson, o primeiro modelo especializado em missões deste tipo, passando a serem operados pelo Grupo de Aviões Bimotores (GAB), sediado em Natal, Rio Grande do Norte. Logo em seguida seriam transferidas sete aeronaves PBY-5 Catalina que estavam em operação junto ao Esquadrão VP-94 da Marinha dos Estados Unidos  (US Navy), que neste momento operava junto a Base Aérea do Galeão no Rio de Janeiro. Ao longo do conflito mais aeronaves agora da versão anfíbia PBY-5A seriam incorporadas, passando a dotar outros grupos de patrulha. O final da Segunda Guerra Mundial levaria o Ministério da Aeronáutica (MAer) a promover uma grande reorganização de suas unidades aéreas, evolvendo mudanças na disposição de material e aeronaves em todo o território nacional. No que tange a aviação de patrulha e guerra antissubmarino (ASW), suas operações e atividades seriam drasticamente reduzidas, concentrando neste escopo de missão apenas a operação dos modelos A-28A Hudson, PV-1 Ventura e PV-2 Harpoon. Este cenário permitiria a transferência das aeronaves dos modelos PBY-5 e PBY-5A Catalina para as tarefas de treinamento, transporte e busca e salvamento mais exigidas naquele momento. Neste mesmo período com a finalidade de atender aos compromissos firmados com Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), o país deveria se estruturar para atender entre diversas demandas dispostas no estatuto deste órgão, entre estas encontrava se a responsabilidade de realização de missões de buscas e salvamento, nas áreas e águas territoriais brasileiras. Desta maneira caberia ao PBY-5A Catalina  "FAB 6156", receberia as marcações internacionais padrão e passaria a ser primeira aeronave especializada a ser empregada em missões de SAR (Search and Rescue – Busca e Salvamento) no país.   
No final de 1948, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu, no Canadá, seis unidades usadas do modelo PBV-1A Canso, uma variante local do PBY-5A, com o objetivo de substituir aeronaves acidentadas e iniciar a desativação dos modelos PBY-5 (hidroaviões), cuja operação era mais complexa em comparação com a versão anfíbia. Essas aeronaves receberam as matrículas FAB 6522 a FAB 6527, sendo cinco delas produzidas pela Canadian Vickers e uma sexta pela Boeing Aircraft of Canada. Com a ativação do Destacamento de Base Aérea de Manaus, em 20 de janeiro de 1954, cinco dessas unidades (FAB 6522, 6523, 6525, 6526 e 6527) foram especificadas para essa nova unidade, mudanças no tempo e nos custos operacionais para evitar deslocamentos ocasionais até a região amazônica. Nesse novo arranjo operacional, a Base Aérea de Manaus passou a se concentrar nas missões de transporte e ligação na Amazônia, bem como o suporte às linhas do Correio Aéreo da Fronteira, especialmente em áreas inacessíveis às aeronaves Douglas C-47. Dado que o PBY-5A era o único modelo capaz de alcançar os pontos mais remotos das extensas fronteiras amazônicas, a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou estudos para aprimorar sua capacidade de transporte de cargas e passageiros. Esse processo foi realizado na contratação de um retrofit e conversão das células para uma configuração de transporte, a ser realizado pelo fabricante norte-americano. Em 1958, seis aeronaves, registradas como FAB 6508, 6509, 6513, 6514, 6515 e 6521, foram traduzidas para as instalações da Consolidated Aircraft Company em New Orleans, nos Estados Unidos. Durante a conversão, foram removidos todos os sistemas de armamento, as bolhas laterais de observação e a torre de captação no nariz. Internamente, a mesa do navegador e as macas foram substituídas por assentos para passageiros, e uma porta de carga foi instalada no local da antiga bolha esquerda. As superfícies transparentes na parte superior da cabine foram eliminadas, e um novo padrão de pintura de alta visibilidade foi adotado. O modelo passou a ser designado CA-10 Catalina. Os resultados positivos obtidos no desempenho operacional das aeronaves convertidas promoveram a continuidade do processo nos anos seguintes. A partir de então, as complicações passaram a ser realizadas nas instalações da Base Aérea de Belém (BABE), sob responsabilidade da FAB. Com isso, o 1º/2º Grupo de Aviação foi redesignado para se dedicar exclusivamente às missões de transporte em apoio às operações do Correio Aéreo Nacional (CAN), consolidando o papel do CA-10 Catalina nesse contexto.

A partir de 1959, o 1º/2º Grupo de Aviação intensificou as operações do Correio Aéreo do Alto Amazonas, abrangendo um total de quatorze linhas que cobriam toda a extensão territorial da então 1ª Zona Aérea. Em 12 de maio de 1969, como resultado de um novo processo de reorganização, o 1º/2º Grupo de Aviação foi oficialmente desativado. Todo o seu contingente, incluindo equipamentos, ferramentas e aeronaves, foi transferido para o recém-criado 1º Esquadrão de Transporte Aéreo (1º ETA). No mesmo ano de 1969, foi rompida uma série de modificações nas células remanescentes dos modelos PBY-5 e PBY-6 Catalina. As aeronaves foram transportadas para as instalações do fabricante nos Estados Unidos, onde passaram por adaptações significativas. Dentre as alterações, destacou-se a transferência de todas as funções anteriormente desempenhadas pelo mecânico, em sua posição frontal junto ao nariz da aeronave, para a nacele dos pilotos. Esse processo envolve a supervisão e a participação de militares especializados, bem como de técnicos do Núcleo do Parque de Aeronáutica de Belém (NuPqAerBE). Paralelamente, nesse período, a aviação civil brasileira iniciou a desativação das aeronaves da família Catalina. Tal conjuntura proporcionou à Força Aérea Brasileira a oportunidade de renovar sua frota e garantir o fornecimento de peças de reposição. Um marco nesse processo ocorreu em 5 de fevereiro de 1968, quando a empresa estatal Petrobras doou duas aeronaves, registradas como PT-AXL e PT-AXM, que receberam as matrículas FAB 6550 e FAB 6551, respectivamente. Em março de 1970, uma célula do modelo PBY-6 Catalina, originalmente pertencente à Empresa Aérea Cruzeiro do Sul e registrada como PP-PEB, foi incorporada à Força Aérea Brasileira (FAB) sob a matrícula FAB 6552. Essa aeronave tornou-se a única de sua variante operada pela instituição, distinguindo-se das demais pelo design característico de deriva alta e nariz mais bojudo. Esta aeronave permaneceu em operação até 1982, quando o modelo foi desativado. Ainda em 1982, duas células  do modelo PBY-5A, na versão cargueiro, provenientes da empresa de transporte aéreo regional Cruzeiro do Sul (ex-PP-PCX e ex-PP-PDR), foram recebidas pela Força Aérea Brasileira (FAB) com as matrículas FAB 6553 e FAB 6554. Contudo, essas aeronaves não chegaram a ser utilizadas em voo, sendo desmontadas para aproveitamento de peças de substituição. Um fato curioso é que as três células adquiridas da empresa de transporte aéreo Cruzeiro do Sul tiveram origem na frota da Panair do Brasil, evidenciando a circulação dessas aeronaves entre operadoras brasileiras ao longo de sua história.
As aeronaves Consolidadas PBY-5A e PBY-6 Catalina estão envolvidas na operação, continuaram sendo submetidas a atualizações contínuas pelo Parque de Aeronáutica de Belém (PqAerBE), sempre que as condições permitirem, com o objetivo de garantir sua operação segura. Além das revisões técnicas periódicas, essas aeronaves passaram a incorporar um moderno conjunto de aviônicos, incluindo sistemas atualizados de navegação e comunicação. A partir de 22 de outubro de 1973, as modificações resultaram na alteração da designação militar das aeronaves, passando de CA-10 para simplesmente C-10 Catalina. Ao longo de sua trajetória no Brasil, esses hidroaviões desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento e na integração da região amazônica, sendo muitas vezes o único meio aéreo capaz de alcançar povoados remotos. Nessas missões, transportávamos medicamentos, correspondências e cargas, além de realizar serviços essenciais de remoção médica. Os modelos PBY-5A e PBY-6 receberam apelidos carinhosos: “Pata Choca”, entre os militares brasileiros, e “Anjo do Espaço”, pelas populações ribeirinhas da Amazônia, refletindo sua importância e proximidade com as comunidades locais. As operações regulares dessas aeronaves eram obrigatórias até 1982, quando foram desativadas pela Força Aérea Brasileira devido a fatores como obsolescência tecnológica e escassez de suprimentos. A sua oficial despedida do serviço ativo ocorreu por meio de cerimônias realizadas em diversas bases aéreas, incluindo Florianópolis, Salvador, Natal e Manaus. O último voo de um C-10 Catalina, especificamente o PBY-5A de matrícula FAB 6525, foi realizado na Base Aérea dos Afonsos, no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 1982, data comemorativa do Correio Aéreo Nacional (CAN). Após sua desativação, essa aeronave foi preservada e incorporada ao acervo do Museu Aeroespacial (Musal), onde permanece como testemunho de sua contribuição histórica.

Em Escala.
Para a representação do Consolidado PBY-5A CA-10 Catalina, registrado sob a matrícula FAB 6509, foi utilizado o kit da Airfix na escala 1/72, modelo PBY-5A, caracterizado por sua simplicidade e facilidade de montagem. Esse kit foi complementado com o conjunto de conversão em resina produzido pelo fabricante artesanal GIIC Models, o qual se destaca pela elevada qualidade das peças em resina. Na finalização do modelo, foram empregados decais fornecidos pelo fabricante do conjunto de conversão, combinados com decais produzidos pela FCM Decais, provenientes de diferentes conjuntos, garantindo assim a fidelidade e o detalhamento da representação.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura adotado ao término da década de 1950, quando estas aeronaves foram retiradas das missões de patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW). Este esquema receberia pequenas alterações quando da aplicação do processo de conversão das células para a versão de transporte, com este se mantendo até a desativação da aeronave em 1982.




Bibliografia : 

- Aeronaves Militares Brasileiras 1915 – 2016 Jackson Flores Jr
- Associação Brasileira de Catalineiros - http://www.catalineiros.com.br
- História da Força Aérea Brasileia, Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- O Catalina no Brasil – Incaer por Aparecido Camazano Alamino

Savoia Marchetti SM-79T no Brasil

História e Desenvolvimento.
Fundada em 1915 como SIAI (Società Idrovolanti Alta Italia - Companhia de Hidroavião do Norte da Itália), esta empresa inicialmente se especializaria na fabricação de hidroaviões, a grande maioria dos quais destinados às forças armadas italianas. Talvez sua aeronave mais proeminente nesta fase inicial seja o modelo SIAI S.16, um hidroavião desenvolvido para desempenhar missões de reconhecimento aéreo e bombardeio, provando quando em operação ser capaz de realizar voos de longa distância. Logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, a empresa seria renomeada como Savoia após a aquisição da Società Anonima Costruzioni Aeronautiche Savoia, uma empresa italiana de aeronaves fundada por Umberto Savoia em 1915. O nome Marchetti seria adicionado a marca da empresa logo após o recrutamento de seu designer-chefe de longa data, Alessandro Marchetti, durante o ano 1922. A empresa ganharia notoriedade internacional com sua aeronave modelo Savoua S.55, quando em 1926 o protótipo S.55P estabeleceu com sucesso quatorzer recordes mundiais separados em categorias, incluindo velocidade, altitude e distância com uma carga útil. Centenas de aeronaves desta família seriam produzidas ao longo dos anos seguintes, sendo largamente empregadas em tarefas militares e civis. No início da década seguinte, a empresa buscava renovar sua linha de produtos, com o modelo Savoia Marchetti SM.79,  sendo escolhido para capitanear este processo. O projeto seria originalmente desenvolvido pela equipe do engenheiro aeronáutico Alessandro Marchetti durante o início da década de 1930, com o objetivo de ser uma aeronave rápida de transporte comercial com capacidade para até oito passageiros. Apresentava configuração monoplano de asa baixa cantilever, com estrutura combinada em madeira e metal sendo propulsionado por três motores radiais. O voo do primeiro protótipo, inicialmente designado como SM.79P (Passageiro) ocorreria em 28 de setembro de 1934, infelizmente não estaria pronto a tempo de poder participar da corrida aérea Londres-Melbourne (para o qual fora concebido conceitualmente), mas provou sua velocidade realizando um vôo de Milão para Roma em apenas uma hora e dez minutos, voando a uma velocidade média de 410 km / h. Este seria um dos muitos recordes comerciais de velocidade e autonomia que seriam conquistados pelo modelo entre os anos de 1934 e 1935. Porém seria determinado desde cedo que eram os motores, e não a própria estrutura, que provariam ser seu fator limitante em termos de desempenho operacional.

Assim em 1936 os motores radiais originais Piaggio P.IX, seriam substituídos pelos novos e mais potentes Alfa Romeo 126 RC.34s. O alto desempenho demonstrado pelo protótipo atrairia a atenção do comando das Forças Armadas Italianas, que solicitaram a empresa a elaboração de estudos visando investigar as perspectivas de produção de uma variante destinada a realizar missões de bombardeio de média e longa distância. Avaliações com este objetivo seriam conduzidas com expectativas de desempenho positivas obtidas, neste processo o corpo técnico da Força Aérea Italiana (Regia Aeronautica) recomendaria a instalação de três metralhadoras para autodefesa para assim rivalizar com os caças contemporâneos. Em resposta ao interesse dos militares italiano, a empresa decidiu construir um segundo protótipo já militarizado dentro das especificações exigidas (não diferindo muito estruturalmente da versão civil. Esta aeronave já apresentava a instalação ventral para o lançamento de bombas, sistema de autodefesa com uma metralhadora de tiro frontal acima da cabine do piloto, e outra arma localizada na parte de baixo da cauda, com possibilidade de instalação de uma terceira metralhadora em uma posição aberta a ré da carenagem dorsal. Este protótipo alçou voo em 20 de maio de 1936, passando a ser submetido a detalhado processo de avaliação, neste meio tempo a equipe de projetos do fabricante voltaria a focar seus esforços na versão com a versão comercial, com a produção em série sendo iniciada em outubro do mesmo ano. Rapidamente o Savoia Marcheti SM-79 passaria a ser considerado um item de prestígio nacional na Itália fascista, atraindo apoio significativo do governo e, muitas vezes, sendo empregado como elemento da propaganda estatal. Logo no início, a aeronave era rotineiramente inserida em fly-offs e corridas aéreas competitivas, logrando sair vitoriosa em muitas destas contendas.
A versão militar começou a ser entregue a Força Aérea Italiana (Regia Aeronautica) em maio de 1936, com o 12° Grupo Stormo, sendo imbuído para avaliação operacional inicial do bombardeiro e consequente desenvolvimento da doutrina de emprego. Em agosto do mesmo o SM-79 "Sparviero” completaria com sucesso o lançamento de torpedos a partir de uma distância alvo de 5 km, a operação desta variante demandava muita perícia dos pilotos em função da instabilidade aerodinâmica da aeronave quando armada com dois torpedos de grande porte. As capacidades da aeronave ainda estavam sendo exploradas quando da eclosão da Guerra Civil Espanhola, alinhado a linha ideológica da ditadura de Francisco Franco, o governo fascista italiano iria prover apoio ao esforço de guerra nacionalista espanhol. No início das hostilidades em 4 de novembro de 1936, estavam disponíveis apenas seis células do SM-79 Sparviero, que passariam a operar imediatamente com suas tripulações formando a “Aviazione Legionaria” com base nas Ilhas espanholas Baleares. No início de 1937 já estavam disponíveis quinze células, que assim possibilitaram aumentar a amplitude das missões de combate, sob o comando do Tenente Coronel Riccardo Seidl, os SM-79 Sparviero passariam a operar sobre a Catalunha e as principais cidades do leste da Espanha. Missões de bombardeiro foram realizadas atacando as forças da “Segunda República Espanhola", resultando infelizmente em baixas de 2.700 civis, ferindo mais de 7.000 nesta campanha. Durante os três anos do conflito civil, mais de cem aeronaves do modelo SM.79s serviriam como bombardeiros na “Aviazione Legionaira", destes, apenas quatro foram registrados como sendo perdidos em combate. Devido à experiência adquirida na Espanha, o SM.79-II melhorado seria introduzido em outubro de 1939, passando assim a formar a espinha dorsal do corpo de bombardeiros italianos durante a Segunda Guerra Mundial.

Após o término da Guerra Civil Espanhola, o SM-79 "Sparviero"  passou a equipar também os grupos de bombardeiro  8º Stormo e 111º Stormo, porém já em fins de 1939,  quase quatrocentas células estavam em serviço,  equipando total ou parcialmente onze alas da Força Aérea Italiana (Regia Aeronautica), participando inclusive da campanha de ocupação italiana na  Albânia durante o outono de 1939. Até o início da Segunda Guerra Mundial, um total de seiscentas e doze  aeronaves haviam sido entregues, tornando o Savoia Marcheti SM-79 Sparviero o mais numeroso dos bombardeiros em operação na arma aérea italiana, equipando a um total de quatorze grupos (8º, 9º, 10º, 11º, 12º , 14º, 15º, 30º, 32º, 33º, 34º, 36º, 41º e 46º). Cada esquadrão empregava cerca de nove a dez aeronaves, mas isso incluía aeronaves de segunda linha, de modo que a força de cada esquadrão consistia, em média, de sete a oito bombardeiros, e cada ala tinha cerca de trinta bombardeiros. Entre essas unidades os  8º, 9º, 11º, 12º, 30º, 32º, 36º, 41º e 46º Stormi seriam baseados na Itália e participaram  ativamente da Batalha da França. Coube ainda aos SM-79 Sparviero serem responsáveis pelo afundamento de um grande número de navios aliados, entre eles os destroiers HMS Fearless, HMS Bedouin, HMAS Nestor, HMS Foresight, as corvetas HMS Marigold, HMS Ibis, outros foram torpedeados e sofreram sérios danos como os cruzadores HMS Liverpool, HMS Glasgow, HMS Manchester, HMS Phoebe, HMS Arethusa e por fim o porta-aviões HMS Indomitable em 16 de julho de 1943. Por estes feitos o SM-79 Sparviero seria apelidado pelos aliados como o “Flagelo do Mediterrâneo”.
Após o armistício com os aliados, as forças remanescentes leais a Benito Mussolini integrantes da nova Repubblica Sociale Italiana (RSI) decidiriam continuar operando o SM-79 "Sparviero" em tarefas de bombardeio e torpedo. As primeiras missões tentaram se opor aos desembarques em Anzio, onde as forças britânicas e norte-americanas haviam pousado em 22 de janeiro de 1944. A estas seguiram outras missões, mas neste momento a superioridade área aliada representada pelos modernos caças Republic P-47D Thunderbolt começaram a cobrar um alto custo em aeronaves abatidas. Durante julho de 1944, várias células seriam transferidas para a base Eleusis - Atenas para realizar surtidas no Mediterrâneo Oriental, sofrendo novamente pesadas baixas sem resultar em muito estrago, asisim os SM-79 "Sparviero” se mantiveram em operação até maio de 1945. Durante o conflito o modelo ainda seria usado pela Croácia, Alemanha Nazista, Iraque, Iugoslávia, Romênia Espanha e Reino Unido (aeronaves capturadas). Ao todo até o início de 1945 seriam produzidas 1.240 aeronaves, com muitas destas células se mantendo em operação no pós-guerra, principalmente na Itália e Líbano, sendo retiradas de serviço somente entre os anos de 1952 e 1959.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
Em meados década de 1930 a Aviação Naval da Marinha do Brasil e a Aviação Militar do Exército Brasileiro focavam esforços na modernização de seus meios aéreos e doutrinas de operação, pois ambas contavam com poucas e já obsoletas aeronaves em seu acervo. Esta demanda geraria oportunidades comerciais de grande monta para fornecedores de aeronaves e equipamentos militares,  neste mesmo período, o  governo fascista do ditador italiano de Benito Mussolini, estava profundamente estava empenhado em uma campanha de propaganda de sua máquina estatal, principalmente para divulgar a superioridade tecnológica de sua indústria, com o objetivo assim aumentar sua esfera de influência internacional e consequentemente conquistar novos mercados para seus produtos industriais. Nesta fase um dos expoentes do orgulho tecnológico italiano era representando pela aeronave SM-79 "Sparviero", aeronave esta que era frequentemente era empregada em corridas áreas e reides e longa distância visando assim demonstrar a superioridade daquele país no meio aeronáutico. Uma destas iniciativas contemplava uma travessia do Atlântico Sul, percorrendo a mesma rota que futuramente seria operada comercialmente por aviões de transporte da empresa LATI (Linee Aeree Transcontinentali Italiane). Desta maneira três aeronaves da versão S-79CS Corsa (Corrida), que foram customizadas para esta tarefa, recebendo neste processo importantes alterações e melhorias, como fuselagem modificada para reduzir o arrasto aerodinâmico, remoção de armamento-blindagem e inclusão de maiores tanques de combustível para incremento de autonomia (com esta última alteração em específico gerando a versão denominada SM-79T -Transatlântico). Além destas as células receberiam ainda uma vistosa pintura em vermelho, ganhando as matrículas "I-BISE", "I-MONI", e "I-BRUN", tendo este último como piloto Bruno Mussolini, filho do ditador italiano.

A esquadrilha batizada "Sorci Verdi" (Ratos Verdes), decolou da cidade Guidonia em 24 de janeiro de 1938, para assim iniciar o voo no percurso Roma-Dakar-Rio, os aviões percorreriam a primeira perna da viagem de 4.500 km pousando em Dakar após um voo com duração de 10:47 horas. No dia seguinte decolariam com destino a cidade de Natal, no entanto o SM-79T "I-MONI" apresentaria problemas em uma das hélices no que resultou em perda de velocidade, levando a aeronave a permanecer nesta cidade, já as duas outras seguiram em viagem para a cidade do Rio de Janeiro, aonde chegaram as 22:45 horas (horário da capital federal), completando um percurso e 9.850 km, a uma velocidade média de 404 km/h. Concluídos os reparos no SM-79T "I-MONI", seguiria viagem, chegando na cidade do Rio de Janeiro no dia seguinte. Este ousado reide possibilitaria provar que o estabelecimento de uma rota comercial de transporte de cargas e possivelmente passageiros entre a Itália e Brasil era tecnicamente viável e plenamente segura, abrindo as portas para a empresa estatal LATI (Linee Aeree Transcontinentali Italiane) operar a versão civil desta aeronave regularmente. Este evento teve seu ápice, no dia 22 de fevereiro de 1938 , quando o Tenente Bruno Mussolini oficialmente doou em um gesto de propaganda a Aviação Militar do Exército, a aeronave SM-79T "I-BRUN", gerando o interesse por parte do Governo Federal Brasileiro em um gesto de reciprocidade negociar a aquisição das  outras duas células,  com este processo sendo concretizado em 27 de abril de 1938, quando as três aeronaves foram oficialmente incorporadas a Aviação Militar do Exército Brasileiro.
As três células do modelo italiano, Savoia Marchetti SM-79T seriamdistribuídos a Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM) em maio do mesmo ano, com o oficial italiano Capitão Nino Moscatelli permanecendo no Brasil como parte do acordo de compra, onde durante dois meses seguintes, ele ministraria um curso para os aviadores da Aviação Militar do Exército.  Paralelamente presume-se que os seis mecânicos e técnicos integrantes originais da esquadrilha "Sorci Verdi” também permaneceram no país, sendo responsáveis pelo treinamento básico da equipe de manutenção das aeronaves italianas agora em serviço na Aviação Militar. Após a conclusão destes processos, seriam iniciados os voos de adaptação com as aeronaves. Nominalmente adquiridos para desempenhar tarefas de reconhecimento aéreo de longa distância, especula-se ainda que a incorporação destas primeiras aeronaves, visava preparar o caminho para a encomenda de mais células na versão militar, tendo em vista que nesta época o modelo da Savoia Marchetti representava o estado da arte em termos de tecnologia e desempenho, o que poderia ter gerado um importante efeito de modernização na aviação militar brasileira. Infelizmente o início das hostilidades na Europa em setembro de 1939 e o alinhamento incondicional do governo de Benito Mussolini aos objetivos expansionistas alemães, determinaria que a Savoia Marchetti e as demais indústrias de defesa daquele pais, focassem primordialmente seus esforços no fornecimento de aeronaves para as forças armadas italianas, o que abortaria qualquer possível futura negociação de exportação.

Apesar deste cenário que restringiria a frota do modelo a somente três aeronaves (que receberam as matriculas militares de K-420, K-421 e K-422), os Savoia Marchetti SM-79T brasileiros se mantiveram muito ativos  na Aviação Militar do Exército, entre os anos de 1939 a 1941. Registrando ainda o recorde de velocidade entre as cidades do Rio de Janeiro e Porto Alegre, com a marca de duas horas e cinquenta minutos, em uma velocidade média de 423km/h. Esse evento, registrado no dia 9 e julho de 1939, representaria o ponto alto da carreira desses aviões no Brasil.  Já nas tarefas do dia a dia pertinentes a rotina da Escola de Aviação Militar do Exército (EAvM), os SM-79T passaram a ser empregados em missões de treinamento multi motor, com este na época sendo considerado o modelo mais avançado da frota brasileira. Vale salientar que os registros de época apontam a inclusão em carga no contrato de compra das aeronaves de um lote de metralhadoras Breda de calibre 12,7 mm, porém não há comprovação documental ou fotográfica de que este armamento foi realmente instalado nos Savoia Marchetti  SM-79T brasileiros. Em janeiro de 1941 o movimento de criação do Ministério da Aeronáutica (MAer) determinaria a transferência de todas as aeronaves da Aviação Naval e Aviação Militar para a recém-criada Força Aérea Brasileira, com estas aeronaves trimotoras italianas sendo alocadas junto a Escola de Aeronáutica (EAer) para emprego em missões de treinamento multi motor e navegação. 
Em meados do mesmo ano seriam conduzidos estudos visando a possível conversão das aeronaves para o emprego em tarefas de transporte, com estes trabalhos sendo originalmente previstos para serem realizados nas oficinas do Parque de Aeronáutica dos Afonsos (PqAerAF) no Rio de Janeiro. Porém o intensificar das hostilidades na Europa levaria a um total bloqueio naval da Itália, exaurindo assim qualquer possível fonte de peças de reposição prejudicando assim a disponibilidade operacional destas aeronaves. O recebimento de novas aeronaves de treinamento e transporte de origem norte-americana, a partir do final do ano de 1942, acelerariam o processo de desativação dos Savoia Marchetti SM-79T. Em 12 de fevereiro de 1943 uma célula seria descarregada, as duas restantes se manteriam timidamente operacionais, com seu último voo sendo registrado em 29 de junho do mesmo ano. As duas aeronaves restantes seriam desativadas e alienadas para venda como sucata em outubro de 1944, encerrando assim  a carreira dos trimotores italianos no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o Savoia Marchetti SM-79T “K-421” empregamos o antigo kit da Airfix na escala 1/72.  Para se compor a versão operada no Brasil temos de converter o modelo, retirando em scratch a corcova e o armamento defensivo. Como não existe um set de decais específico para a versão brasileira, optamos por usar decais diversos oriundos de sets da FCM Decais.

O esquema de cores (FS) é baseado em uma única foto de época, inicialmente as aeronaves empregaram o padrão da esquadrilha "Sorci Verdi", este registro fotográfico aponta para um padrão em verde, presumimos se tratar do "Vert Foncé" que era a cor empregada nas aeronaves militares de origem francesa que equiparam a Aviação Militar do Exército Brasileiro a partir do inicio da década de 1930.


Bibliografia :

- Arquivo José de Alvarenga
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 – Jackson Flores
- Savoia-Marchetti SM.79 Wikipedia , https://en.wikipedia.org/wiki/Savoia-Marchetti_SM.79

Mercedes-Benz Série L (VTNE - VTE)

História e Desenvolvimento. 
Há mais de um século, os engenheiros alemães Gottlieb Daimler e Carl Benz desenvolveram, de forma concomitante, os primeiros automóveis motorizados funcionais do mundo. O pioneirismo desses inventores resultou em outras conquistas notáveis, como a criação do primeiro ônibus, do primeiro caminhão com motor a gasolina e do primeiro caminhão movido a diesel. Em abril de 1900, foi introduzido o motor "Daimler-Mercedes", um grupo propulsor que revolucionou a produção em série de automóveis comerciais devido à sua simplicidade, eficácia e baixo custo de produção e aquisição. Durante a Primeira Guerra Mundial, a empresa desempenhou um papel significativo no esforço de guerra alemão, fabricando uma ampla gama de produtos, incluindo veículos, componentes diversos e motores de aviação. Após o término do conflito, a economia alemã enfrentou severas dificuldades, marcadas por altas taxas de inflação e desemprego, que comprometeram a renda da população. Esse cenário impactou diretamente as vendas, especialmente de bens de luxo como automóveis de passageiros, exercendo forte pressão sobre a indústria automotiva alemã. Apenas marcas consolidadas, respaldadas por empresas financeiramente robustas, conseguiram sobreviver a esse período de instabilidade, enquanto muitas outras foram compelidas a formar cooperativas ou a se submeter a processos de fusão. Nos anos subsequentes, a produção automotiva recuperou-se de forma gradual. Buscando superar os desafios econômicos, as empresas Daimler-Motoren-Gesellschaft (DMG) e Benz & Cie decidiram unir forças em um acordo de administração conjunta e cooperação tecnológica. Esse compromisso, firmado entre seus acionistas e estipulado para vigorar até o ano 2000, previa a padronização de design, produção, compras, vendas e publicidade, com os modelos de automóveis sendo comercializados em conjunto, embora preservando as respectivas marcas originais. Pouco tempo depois, essa integração culminou na formação de uma identidade industrial e comercial única, dando origem à Daimler-Benz AG. O logotipo da empresa, a icônica estrela de três pontas, foi concebido por Gottlieb Daimler. Cada ponta simbolizava um elemento — ar, terra e mar —, representando a versatilidade dos motores desenvolvidos pela companhia, que se adaptavam aos três modais de transporte. Em meados da década de 1930, as vendas da Daimler-Benz AG foram significativamente impulsionadas por encomendas governamentais vinculadas ao ambicioso programa de rearmamento da Alemanha Nazista.  O portfólio original da empresa, até então centrado em automóveis e caminhões, foi ampliado para incluir a produção de motores aeronáuticos - navais, embarcações de pequeno porte, aeronaves e diversos componentes mecânicos, consolidando a montadora alemã como um fornecedor estratégico da máquina de guerra nazista.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, suas plantas industriais se encontravam inoperantes devido os incessantes bombardeios aliados, e logo seriam reconstruídas em cooperação com ingleses e norte-americanos, em um esforço para a recuperação econômica do país. Este movimento seria replicado em toda a infraestrutura alemã através do Plano Marshal a partir 1947, demandando neste contexto um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes a serem empregados neste programa. Neste cenário a Daimler-Benz vislumbraria uma oportunidade única de mercado, e passaria a concentrar grande parte de seus recursos e esforços no segmento de caminhões de pequeno e médio porte. A empresa optaria por fazer uso de projeto desenvolvidos originalmente durante a década de 1930, que iriam obter grande sucesso comercial não só na Alemanha, mas também em toda a Europa, resultando em uma grande econômico para a montadora. Contudo, foi somente em meados da década de 1950 que a Daimler-Benz lançou um produto especificamente projetado para atender às demandas daquele mercado no momento de reconstrução da Alemanha: o Mercedes-Benz MB L-319. O MB L-319 foi projetado com uma cabine avançada (cab-over-engine, ou COE), um conceito que maximizava o espaço para carga útil sem aumentar o comprimento total do chassi ou a distância entre eixos. Essa configuração permitia maior manobrabilidade em áreas urbanas e eficiência no transporte de mercadorias. O MB L-319 era oferecido em diversas configurações, incluindo caminhões de carga, furgões, chassis para ônibus e veículos especializados, o que o tornava extremamente versátil. O sucesso do MB L-319 no mercado Europeu deu origem à família de caminhões LP (Lastkraftwagen-Pulmann), que incluía modelos derivados com capacidades e configurações variadas, como: LP-315,  LP-321,  LP-326. LP-329 e  LP-331 Esses modelos mantinham o conceito de cabine avançada e foram amplamente utilizados na Europa, especialmente na Alemanha, para transporte de mercadorias, serviços municipais e até como base para veículos de bombeiros e ambulâncias. A família Lastkraftwagen-Pulmann consolidou a reputação da Mercedes-Benz por produzir veículos duráveis e eficientes. Nesse período, a diretoria da Daimler-Benz AG começou a delinear os primeiros planos para um programa de expansão internacional, identificando novos mercados potenciais. Entre esses, o mercado sul-americano foi considerado estratégico, com o Brasil sendo selecionado como o ponto de partida para essa iniciativa. O objetivo era estabelecer uma linha de produção de caminhões e, futuramente, chassis para ônibus, aproveitando o crescimento econômico do país. As vendas no Brasil eram lideradas por Alfred Jurzykowski, um empresário polonês e distribuidor da marca, que alcançava expressivo sucesso na comercialização de veículos importados no formato CKD (Completely Knock-Down).
Em 1951, Jurzykowski desempenhou um papel crucial ao intermediar contatos entre a Daimler-Benz e o governo do presidente Getúlio Vargas, culminando na celebração de um acordo para a fabricação local de caminhões e ônibus com motorização diesel. Dois anos depois, em outubro de 1953, foi fundada a Mercedes-Benz do Brasil S.A., seguida pelo início da construção de uma planta industrial em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. Enquanto a fábrica era erguida, a montadora dedicou-se ao desenvolvimento de um projeto de nacionalização de seus motores diesel. Em dezembro de 1955, na presença de Juscelino Kubitschek, então presidente eleito, foi realizada, nas instalações da Sofunge - Sociedade Técnica de Fundições Gerais S/A, a fundição dos primeiros blocos de motor diesel da América Latina. Em janeiro de 1956, deu-se início à usinagem desses blocos, um marco que influenciou a adoção do motor diesel como padrão no Brasil, em um contexto até então dominado pelo modelo norte-americano de uso predominante da gasolina como combustível automotivo. A planta de São Bernardo do Campo foi inaugurada em 28 de setembro de 1956, sob a direção técnica de Ludwig Winkler, que anteriormente gerenciava a linha de montagem no Rio de Janeiro e, anos depois, supervisionaria a produção de chassis da concorrente Magirus. A cerimônia de inauguração, com a presença do Presidente da República, refletiu o momento de otimismo econômico do país. Juscelino Kubitschek, em seu discurso, declarou: “O Brasil acordou!”. Durante o evento, ele percorreu a fábrica a bordo do primeiro caminhão diesel de médio porte fabricado no Brasil: o Mercedes-Benz L-312, com capacidade para 6 toneladas de carga útil. Equipado com um motor nacional MB de seis cilindros, 4.580 cm³ e 110 cv, caixa de cinco marchas e freios hidráulicos com assistência pneumática, o L-312  vulgo “Torpedo”,possuía uma cabine metálica recuada, sendo o único modelo desse tipo produzido pela empresa no Brasil até os dias atuais. Este novo modelo de porte médio, logo conquistaria no mercado europeu grande preferência por parte de seus consumidores, ajudando assim a consolidar a imagem da Mercedes Benz AG no segmento de caminhões. Esta importante posição de mercado, tornaria marca,  o sinônimo de confiança, estabilidade robustez e baixo custo de manutenção. A produção do modelo Mercedes-Benz L-1111 teria início no Brasil em meados do ano de1964, e como ocorrido em seu país de origem, logo se tornaria um grande sucesso comercial, atingindo vendas superiores a trinta e nove mil caminhões em seis anos de produção, o que para o mercado nacional representava uma exponencial participação no mercado. 

O novo Mercedes Benz L-1111 ou “Onze Onze” como era popularmente chamado, seria no Brasil o grande precursor do modelo na configuração de cabine semiavançada. Sendo que futuramente seria representada na  “ MB - AGL”, que anos mais tarde faria muito sucesso no mercado brasileiro com a linha L-1113 “Onze Treze”.  Em suma, tratava-se do modelo antigo com teto baixo, que evoluiria entre os anos de 1970 e 1971, para a versão de teto alto, passando a equipar também as versões posteriores como os modelos Mercedes Benz MB L-1313, MB L-1513, MB 2013 (6X2), MB 2213 (6X4) e outros modelos específicos produzidos até o final da década de 1980.  Os dois modelos iniciais desta linha se tornariam os veículos mais representativos na trajetória da montadora alemã no Brasil, introduzindo entre outras inovações, o sistema de suspensão por feixe semielíptico transversal secundado por amortecedores telescópicos. Já em termos do trem de força, o Mercedes Benz MB L-1111, vinha equipado com o novo motor Mercedes-Benz OM-321 de seis cilindros com 110 cv de potência, o mesmo que equipara anteriormente os caminhões "Cara-Chata" MB LP-321, bem como, os ônibus de motor dianteiro do modelo MB LPO-321, e os modelos monoblocos MB O-321 H e MB HL. Esse novo motor a diesel, trabalhava ainda com o sistema de injeção  do tipo indireta produzida nacionalmente pela Bosch Roberts do Brasil S/A, com aspiração natural, sendo conhecido o popularmente como “maçarico”, dispondo de seis cilindros em linha esse propulsor Mercedes-Benz gerava seus 110 cv de potência (DIN). No início o Mercedes-Benz MB L-1111 seria oferecido no mercado nacional nas versões MB L, MB LK e MB LS, sendo que a versão MB L era a única disponibilizada em três opções de distância entre eixos (3.600 mm / 4.200 mm / 4.823 mm).  Seria ainda disponibilizada no mercado brasileiro neste mesmo período, a  versão Mercedes-Benz MB L-1111 Modelo 48, que representava aos operadores de transporte rodoviário, o modelo ideal para a implementação do terceiro eixo. Este sistema opcional se encontrava disponível para a venda nas concessionárias, e podia ser instalado em um grande gama de oficinas credenciadas pela montadora. Com a exceção dos modelos Mercedes-Benz MB L-1111/48 e MB LS-1111/36 com semirreboque e MB CMT, que apresentavam um preso bruto total (PBT) de 18.300 kg, algumas outras versões do MB L-1111 garantiam um PBT de 10.500 kg. Um ano mais tarde, no final do ano de 1965, a Mercedes Benz do Brasil S/A lançaria no mercado nacional sua nova versão com tração total do Mercedes-Benz MB L-1111, passando a ser denominada comercialmente como modelo MB LA-1111(4X4). Este novo caminhão seria o sucessor da versão "Cara-Chata" e passaria a fazer uso do sistema de tração total Mercedes-Benz, recebendo a designação comercial de MB LAP-321(4X4), e seria oferecido nas concessionárias nas versões LA, LAK e LAS.  Já a versão MB LA-1111 era a única que apresentava ao mercado duas opções de distância entre eixos, constituída pelos modelos  MB LA-1111/42 (4X4) com 4200 mm de distância entre eixos e a MB LA-1111/48 (4X4) com distância entre eixos de 4830 mm.  
Todos os modelos MB L-1111 com tração integral nas quatro rodas, vinham equipados com o motor Mercedes Benz OM-321 com 110 cv de potência, caixa de mudanças tipo DB modelo G-32 de cinco velocidades à frente e um à ré; embreagem do tipo monodisco a seco; eixo dianteiro e traseiro tipo DB – 322 com engrenagens hipóides; e como item opcional de fábrica a direção do tipo hidráulica.  No interior da cabine esta família de caminhões contava com banco do motorista com acabamento em tecido ou corvin, ajustável em três posições diferentes; banco para dois ou mais acompanhantes; para-brisa de uma só peça; amplas janelas laterais e visores traseiros que proporcionavam excelente visibilidade. Um eficiente sistema de isolamento, estava instalado entre o habitáculo e o compartimento do motor, fazendo uso de revestimentos à prova de calor e som. Exteriormente dois grandes espelhos retrovisores externos asseguravam manobras fáceis e seguras e amplos estribos laterais permitiam entradas e saídas rápidas.  No ano de 1970 a montadora lançaria no mercado brasileiro, uma nova versão, o Mercedes Benz MB L-1113, que vinha equipado com o novo motor diesel MB OM-352LA com injeção direta de 5,6 litros de cubagem, 6 cilindros em linha com potência de 130 cv.  Seu motor apresentava um novo sistema no qual o combustível era injetado diretamente na câmara de combustível, proporcionando um consumo bastante moderado, que neste momento em função da crise do petróleo, resultaria em um grande diferencial competitivo no mercado comercial.  Além de apresentar uma excelente relação de custo-benefício operacional, o novo caminhão apresentava mais vantagens perante os concorrentes, como boa acessibilidade aos componentes mecânicos sob o capo, facilitando os processos de manutenção corretiva e preventiva. Além disso seu peso máximo de transporte bruto (PBT) de onze toneladas, apresentando em um caminhão de porte médios, representava ao mercado uma adequada resposta as necessidades de transporte em curtas distancias e usos leves. Neste contexto a versão MB L-1113/48, resultante da instalação do terceiro eixo, garantiria ao veículo o peso bruto total (PBT) de 18,5 toneladas, proporcionando disputar com facilidade um novo nicho de mercado, garantindo a Mercedes-Benz S/A no Brasil mais conquistas em termos de participação no mercado nacional. Neste momento a subsidiária brasileira começaria a aumentar seu volume de exportações para mercados emergentes. Nos anos seguintes o lançamento de novos modelos básico ou com tração integral (4X4 ou 6X6) ampliariam o leque de versões a serem disponibilizadas no mercado, levando a montadora a conquistar a liderança absoluta no Brasil no mercado de caminhões.   Apesar de grande sucesso dos novos modelos nos anos seguintes, cabe ao emblemático Mercedes-Benz MB L-1113 o título de caminhão mais vendido no Brasil, com este patamar se mantendo até os dias atuais. Entre seus anos de produção, seriam comercializados e emplacados mais de duzentos mil caminhões desta família. 

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro experimentou um avanço significativo em sua capacidade de mobilização, impulsionado pelo recebimento de caminhões militares fornecidos pelos Estados Unidos sob a Lei de Empréstimos e Arrendamentos (Lend-Lease Act). No entanto, na década de 1950, a frota enfrentou desafios operacionais devido ao desgaste e à dificuldade de obtenção de peças de reposição. Este relatório analisa o impacto dessas questões, as soluções propostas pelo comando do Exército Brasileiro e os desafios associados à sua implementação. Com a adesão do Brasil ao esforço de guerra aliado em 1942, as Forças Armadas Brasileiras receberam, até o final de 1945, mais de 5.000 caminhões militares das séries GMC CCKW, Corbitt, Diamond e Studebaker US6G, fornecidos por meio do programa Lend-Lease Act. Esses veículos foram fundamentais para a mobilização de tropas e cargas durante o conflito. Contudo, no final da década de 1950, a operacionalidade da frota foi gravemente comprometida por dois fatores principais: Desgaste Natural: Resultante do uso intensivo durante e após a guerra; Dificuldade na Obtenção de Peças: A descontinuação da produção desses modelos nos Estados Unidos, há mais de uma década, dificultava a importação de componentes essenciais. Esse cenário gerou preocupação no comando do Exército Brasileiro, pois comprometia a capacidade operacional da Força Terrestre, exigindo soluções urgentes para restaurar sua prontidão logística. A solução ideal para manter a capacidade operacional envolvia a substituição da frota por um número equivalente de caminhões modernos com tração 4x4 e 6x6, sendo os modelos REO M-34 e M-35 os mais indicados devido à sua robustez e tecnologia avançada. No entanto, o elevado custo de aquisição de uma frota desse porte excedia as limitações orçamentárias do Exército Brasileiro na época, tornando essa opção inviável. Diante das restrições financeiras, o comando do Exército elaborou três soluções complementares para enfrentar o problema: Aquisição Limitada de Caminhões Modernos: Compra de um pequeno número de caminhões REO M-34 e M-35 para atender às necessidades mais críticas, priorizando missões estratégicas. Repotencialização da Frota Existente: Estudos para a modernização dos caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G, visando prolongar sua vida útil por meio de atualizações técnicas. Adoção de Caminhões Comerciais Militarizados: Incorporação de caminhões produzidos nacionalmente, adaptados para missões secundárias, como transporte de cargas leves e outras funções de apoio. A combinação dessas estratégias tinha o potencial de restaurar a operacionalidade da Força Terrestre de maneira sustentável e economicamente viável. Os estudos para a repotencialização dos caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G foram minuciosamente analisados, mas não receberam recomendação para implementação. As principais razões incluíam: Alto Custo: O investimento necessário para modernizar a frota era elevado, especialmente considerando a necessidade de importar componentes ou desenvolver substitutos localmente. Falta de Capacidade Técnica: Naquela época, o Brasil carecia de um corpo técnico com a expertise necessária para executar um programa de repotencialização em escala, envolvendo reengenharia e adaptação de sistemas complexos. Esses fatores inviabilizaram a modernização da frota existente, direcionando o foco para as demais soluções propostas.   

O cancelamento da repotencialização dos caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G evidenciou a necessidade de soluções alternativas para restaurar a operacionalidade da frota do Exército Brasileiro. A adoção de caminhões comerciais militarizados foi identificada como uma abordagem viável, permitindo: Substituição em Missões Básicas: Utilização de veículos comerciais em tarefas de transporte básico, liberando os caminhões militares com tração 6x6 para operações táticas e estratégicas em ambientes fora de estrada. Otimização da Frota Existente: Concentração dos veículos militares remanescentes em melhor estado para missões críticas. Essa estratégia, já implementada desde a década de 1930 com caminhões comerciais de pequeno porte, beneficiava-se do baixo custo de aquisição e operação dos veículos produzidos localmente, alinhando-se às prioridades orçamentárias da Força Terrestre. Para atender à demanda por caminhões médios, o Ministério do Exército optou por veículos fabricados pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), uma empresa estratégica no fortalecimento da indústria automotiva brasileira. Dois modelos foram selecionados: FNM D-9500: Caminhão médio com características adequadas para adaptação militar. FNM D-11000: Modelo destacado por sua robustez estrutural, capaz de atender, em teoria, aos parâmetros exigidos para o processo de militarização. Apesar do avanço na substituição dos caminhões médios, a frota de caminhões leves permanecia obsoleta, com estes desempenhando um papel central na estrutura de transporte do Exército Brasileiro, mas seu desgaste e a dificuldade de manutenção exigiam um programa urgente de renovação. A substituição dessa frota representava uma oportunidade significativa para as montadoras nacionais, incentivadas pelo Governo Federal por meio do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), instituído em 1956. O GEIA foi criado para promover o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira, oferecendo incentivos fiscais e financeiros às montadoras que investissem na produção local. Esse programa alinhava-se aos objetivos do Exército Brasileiro, pois: Estimulava a fabricação de veículos robustos e acessíveis, adequados à militarização; Reduzia a dependência de importações e Fortalecia a economia nacional, gerando empregos e capacidade industrial. Consciente da oportunidade apresentada pelo mercado militar brasileiro, a diretoria da montadora brasileira intensificou as negociações para a comercialização de seus caminhões, destacando como principal diferencial a excelência tecnológica de seus motores diesel. Essa tecnologia proporcionava significativa economia no consumo de combustível e nos custos de manutenção, posicionando os caminhões Mercedes-Benz como superiores em relação aos concorrentes da época (Ford F-600 e Chevrolet C-60) que estavam operando principalmente no Exército Brasileiro.
Os esforços de negociação, fundamentados nas qualidades técnicas dos produtos, culminaram em êxito com a assinatura, em maio de 1959, do primeiro contrato de aquisição com o Ministério do Exército. Esse acordo consagrou a Mercedes-Benz do Brasil S.A. como fornecedora oficial de caminhões para a Força Terrestre. O contrato inicial estipulava a aquisição de centenas de viaturas dos modelos MB LP-321 e MB LP-331, ambos com tração 4x2. Logo seria incorporado também  o LAPK-321, a primeira viatura de grande porte no Exército Brasileiro a possuir tração 4X4. O objetivo era otimizar a logística militar, reduzindo a dependência de caminhões puramente militares com tração 6x6, como os REO M-34 recebidos em 1958, liberando estes para se focarem no transporte fora de estrada. Por se tratarem de caminhões comerciais adaptados, o cronograma de entrega foi extremamente célere, com as primeiras unidades sendo entregues às unidades operativas do Exército Brasileiro a partir de maio de 1960. Inicialmente esses caminhões atenderam satisfatoriamente às necessidades logísticas do EB, sendo utilizados em diversas unidades operativas. Contudo, sua concepção, baseada em projetos da década de 1950, apresentava limitações operacionais para o uso militar, incluindo restrições de robustez e desempenho em terrenos adversos. Essas deficiências, inerentes a um projeto já considerado obsoleto, motivaram o comando do Exército Brasileiro a buscar alternativas mais modernas e adequadas às exigências do ambiente militar. Em 1964, a Mercedes-Benz do Brasil lançou no mercado nacional a linha de caminhões MB L-1111 e L-1112, que rapidamente conquistou reconhecimento por sua robustez, confiabilidade e facilidade de manutenção. Esses atributos atraíram a atenção do comando do Exército Brasileiro, que identificou nesses modelos o potencial para atender às demandas de transporte militar. O interesse foi intensificado em 1965, com o lançamento da versão com tração integral, o MB LA-1111 (4x4). Esse modelo, projetado para oferecer maior mobilidade em terrenos variados, representava uma solução promissora para suprir a necessidade de caminhões de médio porte com tração total, essenciais para operações em ambientes desafiadores. No final de 1964, o Ministério do Exército formalizou um contrato com a Mercedes-Benz do Brasil para o desenvolvimento de um protótipo militar baseado no MB LA-1111 (4x4). O projeto foi concluído com celeridade, e, antes do término do mesmo ano, o protótipo foi apresentado. O veículo incorporava melhorias significativas, incluindo: Motorização Avançada: Equipado com o motor a diesel Mercedes-Benz OM-352, de 6 cilindros e 147 cavalos de potência, oferecendo maior desempenho em comparação aos modelos anteriores. Transmissão Reprojetada: A caixa de transmissão MG-G-3-36 foi otimizada para operações em condições adversas. O protótipo incluiu reforços estruturais no chassi e na cabine, carroceria militar, para-choques reforçados, faróis especiais protegidos por grades, faróis de comboio e um gancho hidráulico traseiro para reboque, com capacidade de carga de até 21.650 kg na carroceria.

O protótipo do MB LA-1111 (4x4) foi submetido a um rigoroso programa de testes de campo, conduzido em parceria com a equipe técnica da Mercedes-Benz do Brasil. As avaliações abrangeram diversos cenários operacionais, testando a resistência, a mobilidade e a confiabilidade do veículo em condições típicas do emprego militar. Os resultados foram altamente promissores, demonstrando que o caminhão atendia às exigências do Exército Brasileiro e superava as limitações dos modelos LP-321 e LP-331. Essa performance abriu caminho para a celebração de contratos de fornecimento em larga escala. Em fevereiro de 1966, as primeiras unidades do MB LA-1111 (4x4) foram entregues às unidades operativas do Exército Brasileiro, marcando um avanço significativo na modernização do transporte militar. O desempenho operacional do veículo foi amplamente positivo, com destaque para sua robustez, facilidade de manutenção e capacidade de operar em terrenos variados. A confiabilidade do MB LA-1111 consolidou a confiança do Exército Brasileiro na Mercedes-Benz do Brasil, reforçando a parceria estratégica entre a instituição militar e a indústria nacional. O sucesso do MB LA-1111 (4x4) no Exército Brasileiro reverberou além das fronteiras nacionais. A qualidade do projeto e sua adaptação às necessidades militares resultaram no primeiro contrato de exportação de um veículo militar produzido pela Mercedes-Benz do Brasil. Mais de cem caminhões dos modelos MB-1112 e MB-1114, similares aos utilizados pelo EB, foram fornecidos ao Exército Argentino, evidenciando a competitividade da indústria brasileira de defesa no mercado internacional. Além deste modelo MB LA-1111, o Ministério do Exército viria a adquirir a partir 1967 uma grande variedade de versões como: VTE Cisterna Combustível 7000 L 4x2, VTE Cisterna de Agua, VTNE Carga Emprego Geral 7 Ton 4x2, VTNE Carga Emprego Geral c/ Munck 2 ½ Ton, VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ Ton 4x4, VTNE Carga Emprego Geral 7 Ton 4x2, VTP Choque 39 Psg 4x2, VE Oficina de Reparos Gerais Shelter Matra, VTNE Carga Emprego Geral 2 ½ Ton 4x4, VTE Basculante 3.5 m³ 4x2, VE Lubrificação de Comboio, VTNE Carga Emprego Geral 19 ton 6X2, , VTE Frigorífico 13 Ton, VTE Furgão Transporte de Animais 7 ton 4X2, VTE Carga Emprego Geral Braço Mecânico 2½ ton 4X4 1973 CC Bat. de Eng. e Construção, VTE Engenharia Cavalete 2 ½ Ton 4x4, VTE Engenharia Corpo Pontão 2 ½ Ton 4x4, VTE Engenharia Embarcação Manobra Ponte M4T6 2 ½ Ton 4x4, VTE Distribuidor de Asfalto Pneumático HE-C cap 5.000 L , VTNE Carga Emprego Geral Comercial 13-ton 6x2, VTNE Carga Emprego Geral Carroceria 8 ton 4x2 CC Bat. de Eng. e Construção e VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 40 Ton 4x2 . Em poucos anos a Série  L de caminhões da Mercedes Benz se tornaria o esteio da frota de veículos médios e pesados do Exército Brasileiro.  
A evolução da linha de caminhões civis da Mercedes-Benz do Brasil foi acompanhada por uma parceria estratégica com as Forças Armadas Brasileiras, consolidando a empresa como um pilar fundamental na logística militar do país. Este texto apresenta, de forma formal e humanizada, a trajetória de fornecimento, desenvolvimento e modernização desses veículos, destacando seu impacto duradouro no Exército Brasileiro, na Força Aérea Brasileira (FAB) e no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha do Brasil. Com o avanço tecnológico dos caminhões Mercedes-Benz, novos contratos foram firmados para atender às necessidades das Forças Armadas Brasileiras. O Exército Brasileiro adquiriu, em grande escala, os modelos MB L-1514, MB L-1614 e MB L-1620, configurados para diversas funções operacionais, incluindo: Transporte de tropas; Transporte de cargas; Veículo de socorro e guincho; Transporte de tropa de choque; Cisterna de água, Veículo oficina, Engenharia Corpo Pontão, Trator s/ rodas Cavalo Mecânico, Lubrificação de Comboio entre outros. Paralelamente, a Força Aérea Brasileira e o CFN incorporaram novos lotes dos modelos MB L-1111, MB L-1113 e MB L-1114, adaptados para missões específicas, como: Transporte de carga, Frigorifico, Cisterna de água, Veículo oficina e por Transporte de tropa de choque, equipado com a característica carroceria tipo “espinha de peixe”. Esses veículos destacaram-se pela robustez, versatilidade e capacidade de atender às demandas logísticas em diferentes cenários operacionais, consolidando a confiança das Forças Armadas na Mercedes-Benz do Brasil. Em 1971, a pedido do Exército Brasileiro, a Mercedes-Benz do Brasil desenvolveu o MB LG-1213, um caminhão militar com tração 6x6 projetado para combinar mobilidade avançada com alta capacidade de carga. Inspirado nas versões 4x4, o LG-1213 integrava elementos dos modelos LA-1113 (trem dianteiro motriz) e L-2213 (bogies traseiros), com inovações técnicas, incluindo:  Motor diesel Mercedes-Benz OM-352 aspirado, com 130 cavalos de potência, garantindo desempenho confiável. Caixa MB G-32 (posteriormente G-36) com cinco velocidades sincronizadas, otimizada para operações em terrenos variados. Sistema com saídas para três cardans, combinando características dos modelos “doadores” para maior eficiência. O LG-1213 foi configurado para múltiplas aplicações, como transporte, oficina, cisterna e abastecimento de combustível. Sua robustez e versatilidade resultaram em encomendas significativas, com destaque para a longevidade do modelo: em 1988, oitenta unidades foram recondicionadas e permanecem em serviço, evidenciando a durabilidade do projeto. A partir da década de 1990, os caminhões fabricados entre as décadas de 1970 e 1980 começaram a ser complementados e, gradualmente, substituídos por modelos mais modernos das linhas MB L-1418 e MB L-1618. Esses veículos incorporaram avanços tecnológicos, como maior eficiência energética e capacidade de carga, mantendo a tradição de robustez da Mercedes-Benz. Apesar da introdução de novos modelos, centenas de caminhões das gerações anteriores, como o LG-1213, continuam em operação, testemunhando a qualidade de sua construção e a dedicação das equipes de manutenção das Forças Armadas.

Em Escala.
Para dar vida à réplica do MB LA/LAK 1111 VTNE 4x4, foi selecionado um modelo em die-cast na escala 1/43, produzido pela Axio para a coleção “Caminhões de Outros Tempos” da Editora Altaya. Originalmente, o modelo representava o MB L-1213 em sua configuração civil, o que demandou uma série de modificações para refletir as características específicas da versão militar utilizada pelo Exército Brasileiro. A transformação do modelo civil em uma réplica militar envolveu um trabalho artesanal detalhado, utilizando técnicas de scratch-building e materiais especializados. Foram adicionados para-choques reforçados, característicos da versão militar, projetados para suportar as condições exigentes do uso em operações militares. O estepe foi realocado para a posição correta, conforme o padrão do veículo militar, garantindo fidelidade aos detalhes. Grades de proteção para os faróis foram incorporadas, Inclusão do Gancho de Reboque e por fim a composição da carga, onde foram usados itens em resina. A etapa final envolveu a aplicação de decalques personalizados, produzidos pela Decais Eletric Products, pertencentes ao conjunto “Exército Brasileiro 1942/1982”.



O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial, até o final do ano de 1982. Ao longo dos anos, seriam aplicadas pequenas alterações, sempre relacionadas apenas as marcações de identificação e números de frota. Após o ano de 1983, estes caminhões  adotariam o esquema de camuflagem tático de dois tons, mantendo este padrão até a desativação no ano de 2004.  Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.


Bibliografia : 
- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos  – MB LP-321/331 , editora Altaya
- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes
- Mercedes Benz L-1111 http://merce-denco.blogspot.com.br
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976