A origem da Hawker remonta ao colapso financeiro da Sopwith Aviation Company após a Primeira Guerra Mundial. Em 1920, o piloto de testes Harry Hawker, juntamente com Thomas Sopwith e outros colegas, adquiriu os ativos da Sopwith, fundando a H.G. Hawker Engineering Company. Inicialmente, a empresa focou na reconstrução de aeronaves Sopwith Snipe danificadas na guerra, obtendo contratos com a Royal Air Force (RAF). A morte de Harry Hawker em um acidente aéreo em 1921 foi um revés, mas a empresa perseverou sob a liderança de Thomas Sopwith. Em 1933, a empresa foi renomeada Hawker Aircraft Limited. Aproveitando a crise econômica da Grande Depressão e sua sólida posição financeira, adquiriu a Gloster Aircraft Company em 1934. No ano seguinte, em 1935, a Hawker fundiu-se com a Armstrong Siddeley (fabricante de motores e automóveis) e sua subsidiária Armstrong Whitworth Aircraft, formando a Hawker Siddeley Aircraft. Esse grupo também incorporou a A.V. Roe and Company (Avro), consolidando uma das maiores organizações aeronáuticas do Reino Unido. As empresas do grupo continuaram a projetar e produzir aeronaves sob suas próprias marcas, mas colaboravam em manufatura e desenvolvimento. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Hawker Siddeley tornou-se uma peça central do esforço de guerra britânico, produzindo aeronaves cruciais. O destaque foi o caça Hawker Hurricane, projetado por Sydney Camm, que, ao lado do Supermarine Spitfire, foi fundamental na Batalha da Grã-Bretanha (1940). Durante o conflito, os Hurricanes superaram em número todos os outros caças britânicos combinados e foram responsáveis por abater 55% das aeronaves inimigas destruídas. Mais de 14.500 Hurricanes foram produzidos, muitos sob licença no Canadá pela Canadian Car & Foundry. Outros projetos notáveis incluíram o Hawker Hart e suas variantes (como Audax, Hind e Demon), que somaram cerca de 3.000 unidades produzidas. Após a guerra, a Hawker Siddeley expandiu suas operações. Em 1945, adquiriu a Victory Aircraft no Canadá, renomeando-a Avro Canada, que se tornou a terceira maior empresa do país e produziu aeronaves como o CF-100 Canuck e o CF-105 Arrow. Em 1948, a empresa foi reorganizada como Hawker Siddeley Group, com divisões específicas para aviação (Hawker Siddeley Aviation) e tecnologias de mísseis e espaço (Hawker Siddeley Dynamics). A empresa também se aventurou em outros setores, como energia nuclear, com o reator JASON, e produção de locomotivas, por meio da aquisição da Brush Traction. Nos anos 1950 e 1960, a Hawker Siddeley continuou a inovar. Desenvolveu o Hawker Hunter, um caça a jato de sucesso, e o Hawker Harrier, o primeiro avião de decolagem e pouso vertical (VTOL)
No início da década de 1950, o transporte executivo começou a ganhar relevância, mas enfrentava limitações significativas devido ao uso predominante de aeronaves propelidas por motores a pistão e hélices, que restringiam desempenho e alcance. O marco para uma nova era veio com o Lockheed JetStar, que realizou seu primeiro voo em 1957, introduzindo o conceito de jatos executivos. Em 1958, o Grumman G-159 Gulfstream I, uma aeronave turboélice, consolidou a expansão do segmento, oferecendo maior eficiência para o mercado executivo. A De Havilland Aircraft Company, renomada pelo sucesso do DH-104 Dove, uma aeronave de transporte executivo propelida a pistão, reconheceu o potencial do mercado de jatos executivos. Em resposta, iniciou o desenvolvimento de uma nova aeronave movida a motores a jato, destinada a suceder o Dove. O projeto, inicialmente designado De Havilland DH-125 Dragon Jet, foi concebido para atender às demandas de desempenho e conforto do segmento executivo, com foco no mercado norte-americano. O projeto do DH-125 previa um jato pressurizado de seis lugares, com características inovadoras para a época, incluindo: Asas baixas enflechadas; Estabilizadores horizontais posicionados no meio do estabilizador vertical e dois motores turbojatos montados nas laterais traseiras da fuselagem. Em abril de 1960, a De Havilland foi adquirida pela Hawker Siddeley Co., uma das maiores organizações aeronáuticas britânicas. Apesar do estágio avançado do projeto DH-125, o protótipo original não foi construído. Após uma avaliação detalhada, a Hawker Siddeley optou por continuar o programa, mas redesignou a aeronave simplesmente como "DH-125", eliminando o nome comercial "Dragon Jet". A nova direção priorizou ajustes para alinhar a aeronave às exigências do mercado norte-americano, enfatizando desempenho, conforto e competitividade frente a rivais como o Lockheed JetStar. O projeto revisado culminou na construção de dois protótipos. O primeiro realizou seu voo inaugural em 13 de agosto de 1962, marcando o início do programa de ensaios em voo. O segundo protótipo entrou em testes em dezembro do mesmo ano. Os resultados desses ensaios revelaram a necessidade de melhorias, levando ao desenvolvimento de uma versão pré-série, que voou pela primeira vez em 12 de fevereiro de 1963. A aeronave pré-série apresentou avanços significativos em relação aos protótipos iniciais, incluindo: Fuselagem alongada, proporcionando maior espaço interno; Maior envergadura, melhorando a eficiência aerodinâmica e Desempenho aprimorado, resultando em maior velocidade e conforto para os passageiros. Essas modificações consolidaram o DH-125 como uma aeronave robusta e competitiva, adequada às demandas do mercado executivo global. Estas primícias seriam fundamentais para o atendimento das demandas do exigente mercado norte-americano de aeronaves executivas, o que geraria grandes expectativas em termos de vendas futuras.

Em 1977, a Hawker Siddeley Aviation foi nacionalizada e integrada à British Aerospace Co. (BAe), resultando na redesignação da aeronave como BAe-125. Essa nomenclatura foi mantida até 1993, quando a divisão de jatos da BAe foi adquirida pela Raytheon Aviation, passando a ser conhecida como Raytheon Hawker. Em 2007, a produção foi transferida para a Hawker Beechcraft, que continuou a fabricar o modelo Beechcraft Hawker 900XP. A produção encerrou-se em 2013, quando a Hawker Beechcraft enfrentou falência. Entre 1962 e 2013, aproximadamente 1.600 aeronaves da família HS-125 foram produzidas, abrangendo diversas versões e configurações. O uso militar do HS-125 teve início em 1964, com a introdução da variante Dominie pela Força Aérea Real (RAF). As versões militarizadas incluíam: HS-125 T.1 e T.2: Configuradas para treinamento de navegadores. HS-125 CC.1, CC.2 e CC.3: Destinadas a missões de ligação e transporte de autoridades, incluindo membros da Família Real britânica. Essas aeronaves equiparam quatro esquadrões operacionais da RAF, dedicados a transporte e treinamento. Versões posteriores, como as Séries 3A e 3B, incorporaram motores mais potentes, com 29 unidades produzidas. As subvariantes Séries 3A/RA e 3B/RA, com maior capacidade de combustível e alcance estendido, totalizaram 36 unidades. O desempenho excepcional na Força Aérea Real (RAF) atraiu o interesse internacional, levando o HS-125 a equipar forças aéreas de países como Estados Unidos, Botswana, Malásia, Paquistão, Nigéria, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Turcomenistão (operado pela Turkmenistan Airlines a serviço do governo), Biafra, Gana, Nicarágua, Brasil, Irlanda, África do Sul, Malawi e Uruguai. Além do transporte executivo (VIP), a Hawker Siddeley desenvolveu versões customizadas para missões especializadas, incluindo: Inspeção em voo: Verificação de sistemas de navegação aérea. Esclarecimento marítimo: Patrulhas costeiras. Busca e salvamento: Equipadas com radar APS-134LW. Guerra eletrônica: Contramedidas e interferência eletrônica. Calibragem de sistemas de voo e pouso: Ajuste de equipamentos de navegação e controle. Essas adaptações ampliaram a versatilidade da aeronave, atendendo a uma ampla gama de requisitos operacionais. O HS-125 teve seu batismo de fogo durante a Guerra das Malvinas (1982). Uma aeronave da versão HS-125 700, operada pelo Esquadrão Fênix – Grupo 1 Aerofotográfico da Força Aérea Argentina (Fuerza Aérea Argentina), realizou diversas missões de reconhecimento fotográfico e eletrônico. Essas operações incluíram surtidas de esclarecimento sobre a Força-Tarefa da Marinha Real Britânica (Royal Navy) e as forças de desembarque, demonstrando a capacidade da aeronave em cenários de combate real.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
As missões de transporte de autoridades no Brasil tiveram início em 1937, quando a Diretoria de Material da Aviação Militar do Exército (DAvM) adquiriu quatro aeronaves Lockheed 12A UC-40 Electra Junior. Com a criação da Força Aérea Brasileira (FAB) em 1941, foi estabelecida a Seção de Aviões de Comando, sediada no Rio de Janeiro, que passou a operar aeronaves especializadas, incluindo os modelos Lockheed VC-66 e VC-60 Lodestar. Essas aeronaves estabeleceram as bases da doutrina de transporte VIP no país, priorizando: Equipamentos de navegação avançados: Garantindo segurança e precisão em voos. Conforto: Atendendo às necessidades de autoridades em viagens oficiais. Autonomia: Essencial para cobrir as dimensões continentais do Brasil e realizar voos para países latino-americanos vizinhos. Na primeira metade da década de 1960, as aeronaves Douglas VC-47 eram os principais vetores utilizados nas missões de transporte VIP. Contudo, sua obsolescência tornou-se evidente devido a fatores como: Motores radiais a pistão: Propensos a falhas mecânicas, comprometendo a segurança. Mudança da capital federal: A transferência do Rio de Janeiro para Brasília, no centro-oeste do país, exigiu aeronaves com maior autonomia para conectar a nova capital às principais cidades brasileiras. Esses desafios reforçaram a necessidade de modernizar a frota com aeronaves de nova geração, equipadas com motores a jato, que oferecessem maior confiabilidade, alcance e eficiência. No contexto da mudança da capital e da obsolescência da frota, o Ministério da Aeronáutica (MAer) identificou a necessidade de adquirir dois tipos de aeronaves para o Grupo de Transporte Especial (GTE): Aeronave de maior porte: Destinada ao transporte presidencial e um Jato executivo: Voltado para o transporte de ministros e altos funcionários do governo federal. Essa aquisição foi incorporada ao “Plano de Modernização da Força Aérea Brasileira”, que visava atualizar os equipamentos e alinhar as capacidades da Aeronáutica às demandas estratégicas do país. Em 1967, o Ministério da Aeronáutica lançou uma concorrência internacional para a aquisição de novos vetores de transporte executivo VIP. O objetivo era selecionar aeronaves a jato que atendessem aos requisitos de desempenho, autonomia, conforto e segurança, garantindo a eficiência das missões de transporte de autoridades em âmbito nacional e regional. A concorrência marcou um passo significativo na modernização da Força Aérea Brasileira (FAB), refletindo a transição para tecnologias mais avançadas e a adaptação às necessidades logísticas impostas pela nova configuração geopolítica do Brasil.
Em 1967, a "Seção de Registros e Controles de Voo", responsável pela calibragem de instrumentos e auxílio à navegação em bases aéreas e aeroportos civis, completava dez anos de operação. Sua frota, composta por três Douglas EC-47 e dois Beechcraft Queen Air EU-8, apresentava sinais de fadiga devido à idade avançada das células, comprometendo a segurança e a eficiência das operações. Paralelamente, o Grupo de Transporte Especial (GTE), encarregado das missões de transporte VIP, também demandava aeronaves modernas para substituir os obsoletos Douglas VC-47, especialmente após a mudança da capital federal para Brasília, que exigia maior autonomia para conectar a nova capital às principais cidades brasileiras. Essas necessidades foram classificadas como prioritárias no "Plano de Modernização da Força Aérea Brasileira", implementado a partir de 1967. A solução proposta foi a aquisição de uma plataforma comum que atendesse tanto às missões de transporte executivo quanto às tarefas de calibragem de equipamentos de proteção ao voo, otimizando recursos e garantindo a segurança operacional da aviação civil e militar no Brasil. No início de 1968, o Ministério da Aeronáutica (MAer) lançou uma concorrência internacional para adquirir uma plataforma a jato capaz de atender às demandas do GTE e da Seção de Registros e Controles de Voo. Diversas propostas foram submetidas por fabricantes globais e avaliadas com base em critérios técnicos e econômicos. Após análise detalhada, a escolha recaiu sobre o jato executivo Hawker Siddeley HS-125 Série IIIB/RA, oferecido pela empresa britânica Hawker Siddeley Co., devido à sua versatilidade, desempenho e adequação às necessidades brasileiras. Um contrato foi firmado para a aquisição de seis aeronaves novas de fábrica, com a seguinte distribuição: Cinco unidades: Destinadas a missões de transporte executivo (VIP). Uma unidade: Configurada para calibragem de equipamentos de proteção ao voo. Por se tratar da versão comercial básica do HS-125, o prazo de entrega foi altamente favorável. Para preparar a operação das aeronaves, uma comissão de pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) foi enviada à Inglaterra para participar de um programa de treinamento específico, garantindo a familiarização com o modelo. As duas primeiras aeronaves, designadas VC-93 com matrículas FAB 2120 e FAB 2121, iniciaram seu translado de Hatfield, Inglaterra, para Brasília, Brasil, em 19 de outubro de 1968.

Avaliação de local: Determinação do posicionamento ideal para a instalação de novos equipamentos de auxílio, em colaboração com as Divisões de Tráfego Aéreo, Cartografia e Engenharia, considerando as peculiaridades do terreno. Homologação: Verificação técnica de equipamentos recém-instalados para certificação de operação. Inspeção periódica: Avaliações regulares para monitoramento do desempenho dos equipamentos. Vigilância: Monitoramento contínuo entre as inspeções periódicas para garantir a funcionalidade. Inspeção especial: Realizada em situações de urgência, como falhas de equipamento ou retorno à operação após manutenção. Essas atividades foram essenciais para manter a segurança e a eficiência do tráfego aéreo no Brasil, contribuindo para a precisão dos sistemas de navegação utilizados por aeronaves civis e militares. As suítes eletrônicas do Hawker EC-93, destinadas à calibragem de equipamentos de proteção ao voo, representavam o estado da arte na década de 1970, oferecendo precisão e confiabilidade. As qualidades operacionais observadas nas versões VC-93 (transporte executivo) e EC-93 (calibragem) motivaram o Ministério da Aeronáutica (MAer) a ampliar a frota em 1973. O objetivo era reforçar as capacidades do Grupo de Transporte Especial (GTE) para missões VIP e substituir o último Douglas EC-47 em serviço no Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). Para atender a essa demanda, foram adquiridas cinco novas aeronaves HS-125 Série 400B, uma versão com maior potência e autonomia em comparação com as anteriores. Dessas, uma aeronave, designada EC-93 com matrícula FAB 2119, foi enviada aos Estados Unidos para conversão e instalação de equipamentos especializados para calibragem de auxílios à navegação aérea. Em 1973, as aeronaves HS-125 foram redesignadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) para refletir suas funções específicas: VC-93: Redesignada como VU-93, para transporte executivo VIP. EC-93: Redesignada como EU-93, para missões de calibragem de equipamentos de voo. Essa padronização facilitou a identificação das aeronaves conforme suas missões operacionais. A aeronave EU-93 FAB 2119, após sua conversão nos Estados Unidos, foi incorporada ao Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) em 1975. Operando ao lado dos recém-adquiridos Embraer EC-95 Bandeirante, o EU-93 ampliou as capacidades do GEIV, oferecendo maior precisão e eficiência nas tarefas de calibragem de auxílios à navegação aérea em todo o território nacional. Em 1988, como parte de um programa de remanejamento de equipamentos, a aeronave VU-93 FAB 2121 foi convertida localmente para a configuração EU-93 e transferida ao GEIV. Essa conversão reforçou a frota dedicada à calibragem, otimizando os recursos disponíveis.

Para representar o Hawker Siddeley HS-125 EU-93 FAB 2121, foi selecionado o kit da Airfix na escala 1/72, um modelo clássico que oferece uma base sólida para customizações. A configuração escolhida reflete o último padrão de pintura adotado pela aeronave durante sua operação no Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). Para adequar o kit à versão EU-93, foram realizadas modificações específicas na fuselagem, incluindo a adição de antenas externas. Essas antenas, características da configuração de inspeção em voo, foram confeccionadas manualmente utilizando técnicas de scratch building. Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais presentes no Set 72/08, utilizando como base, e procedendo customizações com o uso de decais oriundos de outros sets.
Bibliografia :
- Os Imprescindíveis - Luciano R. Melo - Revista
Forca Aérea Nº 20
- Todos Dependemos Deles - GEIV - Marcelo Mendonça
- Revista Força Aérea Nº 32
- História da Força Aérea Brasileira, Prof
Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015
Jackson Flores Jr.