GM Picape Série C (TETP-TNE)

História e Desenvolvimento. 
Fundada em 16 de setembro de 1908, em Flint, Michigan, por William C. Durant, a General Motors Corporation (GM) consolidou-se como uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, deixando um legado de inovação, diversificação e impacto global. Visionário e ex-fabricante de carruagens, Durant idealizou uma holding que unificasse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura, promovendo sinergias e fortalecendo a competitividade no mercado. Essa visão estratégica, aliada ao empenho de milhares de trabalhadores, engenheiros e líderes, transformou a GM em um símbolo de progresso industrial e resiliência, moldando a história da indústria automotiva. Desde sua fundação, a GM adotou uma estratégia ousada de aquisições para diversificar seu portfólio e consolidar sua presença no mercado. Em 1908, a Buick Motor Company, fundada por David Dunbar Buick e já reconhecida por sua qualidade, foi a primeira a integrar a GM, trazendo consigo a expertise de Durant, que havia presidido a empresa. No mesmo ano, em 12 de novembro, a Oldsmobile Motor Vehicle Company, estabelecida em 1897, tornou-se a segunda marca do grupo, reforçando a posição da GM no cenário automotivo americano. Nos anos seguintes, a Oakland Motor Car Company, que mais tarde evoluiu para a Pontiac, e a Cadillac Automobile Company, adquirida em 1909 por US$ 5,5 milhões, enriqueceram o portfólio com veículos de luxo e inovação. Essas aquisições não apenas ampliaram a oferta de produtos, mas também refletiram o compromisso da GM em atender às necessidades de diferentes públicos, desde consumidores comuns até os mais exigentes. Em 1911, após divergências com acionistas que o levaram a deixar a GM, Durant fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente conquistou o mercado com veículos acessíveis e confiáveis, e, em 1956, foi incorporada à GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. No mesmo ano, a GM criou a GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company, focada na produção de caminhonetes e caminhões leves. Esse segmento tornou-se um pilar estratégico, atendendo à crescente demanda por veículos comerciais robustos e versáteis. A visão da GM não se restringiu ao mercado automotivo. Em 1917, a empresa deu início à sua expansão global com operações comerciais no Canadá, marcando o começo de uma trajetória que alcançaria todos os continentes. Essa internacionalização foi impulsionada pela dedicação de equipes que adaptaram produtos e estratégias às realidades locais, conquistando a confiança de consumidores ao redor do mundo. Em 1919, a GM diversificou ainda mais suas atividades ao adquirir a Frigidaire Company, fabricante de refrigeradores, em uma incursão pioneira no setor não automotivo. Essa decisão, guiada por uma diretoria visionária, demonstrou a ambição de explorar novos horizontes e consolidar a GM como uma empresa de alcance multifacetado. A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. A visão estratégica da General Motors Corporation (GM), aliada ao compromisso de seus líderes e colaboradores, impulsionou uma série de iniciativas que consolidaram sua presença global e reforçaram seu papel como uma das maiores fabricantes de veículos do mundo. Essas expansões, realizadas ao longo das décadas de 1920 e 1930, refletem não apenas a ambição da empresa, mas também o esforço coletivo de milhares de pessoas que transformaram desafios em oportunidades, conectando comunidades e promovendo o progresso em diferentes continentes.

Em 1923, a GM marcou sua entrada no mercado europeu com a inauguração de sua primeira fábrica em Copenhague, Dinamarca, um passo significativo que ampliou seu alcance além da América do Norte. Em 1925, a empresa intensificou sua expansão com o início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da renomada montadora britânica Vauxhall Motors. No mesmo ano, estabeleceu operações na Austrália, Japão e África do Sul, demonstrando uma visão ousada de alcançar mercados diversos. Em 1928, a GM deu um passo pioneiro ao entrar no mercado indiano, um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. Em 1929, a aquisição da alemã Opel fortaleceu sua posição na Europa, enquanto a incorporação da Yellow Coach Company, fabricante de ônibus escolares nos Estados Unidos, diversificou seu portfólio, atendendo às necessidades de transporte coletivo. Paralelamente, a GM reconheceu o potencial do mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. Produzido pelo sistema Completely Knocked Down (CKD), o veículo era montado localmente a partir de kits importados, compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes. Esse processo apresentava características distintas: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram fabricadas no Brasil, refletindo as limitações industriais da época. Flexibilidade de entrega: Os veículos podiam ser fornecidos completos ou como chassis nus com capô, permitindo personalização por encarroçadores terceirizados. Essa abordagem permitiu à GM estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado e pavimentando o caminho para um crescimento sustentável. Desde o início, a empresa identificou oportunidades no setor militar, fornecendo caminhões leves ao Exército Brasileiro. Esses veículos, baseados em chassis de modelos comerciais, eram configurados com carrocerias padronizadas para uso militar, demonstrando a versatilidade da GM em atender às demandas das Forças Armadas. O sucesso crescente no mercado brasileiro incentivou investimentos significativos, culminando na construção de uma moderna planta fabril em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo, concluída em outubro de 1929. Projetada para ampliar a capacidade produtiva, a fábrica reforçou o compromisso da GM com o desenvolvimento industrial do país. A partir de 1933, a General Motors do Brasil iniciou um novo ciclo de crescimento, expandindo sua influência não apenas no Brasil, mas também em outros mercados sul-americanos. Novos aportes na infraestrutura produtiva elevaram o índice de nacionalização, e, em 1940, cerca de 75% dos furgões e caminhões comercializados pela empresa possuíam carrocerias fabricadas localmente, com quase 90% de componentes básicos produzidos no Brasil. No portfólio da GM Brasil, a família de caminhões médios e leves GMC Flatbed Truck ganhou destaque, atendendo às necessidades de transporte comercial e militar. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a subsidiária brasileira reorientou suas linhas de produção para apoiar o esforço bélico. A partir de 1941, a empresa fabricou reboques militares de duas rodas e componentes críticos para a matriz nos Estados Unidos. Em 1943 a GM Brasil passou a montar milhares de veículos militares fornecidos em estado semidesmontado, destinados às Forças Armadas Brasileiras. Com o término da Segunda Guerra Mundial em 1945, a General Motors do Brasil (GM Brasil) retomou suas atividades com renovado empenho, impulsionada pelo compromisso de seus colaboradores e pela crescente demanda do mercado brasileiro por veículos confiáveis.

Esse período marcou o início de uma nova era para a empresa, que buscava consolidar sua presença em um país em plena transformação. A produção foi ampliada para incluir automóveis, utilitários e caminhões, atendendo às necessidades de uma nação que almejava modernização e progresso. A década de 1950 foi particularmente significativa, impulsionada por políticas governamentais que incentivaram a nacionalização da indústria automotiva. Essas medidas, voltadas para o fortalecimento da economia e da indústria nacional, incluíram restrições às importações de componentes automotivos, permitindo apenas peças sem equivalentes produzidos localmente, e a proibição da importação de veículos finalizados. Em 1956, a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) consolidou esses esforços, oferecendo incentivos fiscais e financeiros que estimularam a GM Brasil a investir em inovação e na integração com a economia local. Essas iniciativas pavimentaram o caminho para a maturidade empresarial da companhia na década seguinte, marcada por avanços significativos na produção nacional. Nesse contexto, a General Motors  Brasil lançou, em 1957, o caminhão leve Opel Blitz II Comercial, um modelo que atendia à demanda por soluções de transporte robustas e confiáveis. Apesar do sucesso, a dependência de componentes importados ainda representava um desafio, exigindo da empresa esforços contínuos para alcançar maior autonomia produtiva. Um marco histórico ocorreu em 1964, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, com a apresentação da segunda geração de picapes e caminhões da marca Chevrolet. Essa linha renovada incluía as picapes C-14 (chassis curto, com 2,92 metros de entre-eixos), C-15 (chassis longo, com 3,23 metros) e o caminhão C-65. O grande destaque, porém, foi o modelo C-1416, que se tornaria conhecido como Chevrolet Veraneio, o primeiro utilitário esportivo (SUV) produzido pela GM Brasil. Com um design inovador e diferenciado, a Veraneio marcou uma nova fase na história da empresa, combinando funcionalidade, conforto e versatilidade. A linha de utilitários também trouxe a substituição da família Brasil 3100, considerada o primeiro veículo utilitário leve fabricado pela General Motors do Brasil, graças aos incentivos do GEIA. A picape C-14, em sua versão básica, oferecia uma capacidade de carga de 1.000 kg, atendendo às necessidades do mercado comercial. Uma inovação significativa foi a introdução da versão com cabine dupla, capaz de transportar confortavelmente até três passageiros adicionais. Contudo, essa configuração sacrificava parte da capacidade de carga, limitada a 750 kg, o que impactou sua aceitação no mercado. Apesar do caráter inovador da cabine dupla, a Chevrolet Veraneio, na sua versão utilitária, conquistou maior preferência do público. Com capacidade de carga de 500 kg e um nível superior de conforto, a Veraneio destacou-se como uma opção mais versátil e prática, resultando em maior sucesso comercial em comparação com a variante de cabine dupla. No início da década de 1980, o mercado automotivo brasileiro testemunhou o crescente sucesso das picapes de cabine dupla, que se tornaram sinônimo de luxo e versatilidade.

Desde seu lançamento em 1964, a família de picapes Chevrolet, incluindo a icônica Veraneio, destacou-se por sua robustez e inovação. Esses veículos eram equipados com o motor a gasolina General Motors Mod. 261 Pol3, de 4,3 litros e cinco mancais, que entregava uma potência de 142 HP. Esse propulsor, o primeiro fabricado pela General Motors do Brasil, marcou a história da empresa no país, tendo equipado inicialmente a Série Brasil 3100, conhecida pelas picapes “Marta Rocha” e pela perua “Amazonas”. Com seis cilindros em linha, comando de válvulas no bloco e acionamento por varetas, o motor representava a tecnologia da época, combinando confiabilidade e desempenho. A partir de 1974, a montadora brasileira iniciou a substituição em larga escala desse motor pelo General Motors Mod. 250, de 4,1 litros, disponível nas versões a gasolina e diesel. Embora mais moderno, o novo motor apresentava um torque ligeiramente inferior (27 kgfm contra 32 kgfm do antecessor), o que levou a montadora a manter o Mod. 261 em alguns modelos das picapes C-14 e C-15, atendendo a consumidores que valorizavam sua robustez. Em termos de transmissão, a GM oferecia duas opções fabricadas pela Clark Equipamentos: a caixa de três marchas CLK M1-4, amplamente produzida, e a opcional CLK M-20, de quatro marchas, que proporcionava maior versatilidade. O ano de 1974 marcou um momento de transformação para a General Motors do Brasil , impulsionado pela concorrência com a nova linha de picapes Ford F-100, que apresentava um design mais moderno e arrojado. Em resposta, a montadora lançou um ambicioso programa de renovação de sua linha de picapes, focado em três pilares: reestilização do design, adoção de novos motores (como o General Motors Mod. 302 a gasolina, de 4,3 litros, e o Perkins a diesel, de 3,9 litros) e a introdução de uma suspensão mais eficiente. Contudo, a família renovada enfrentou críticas por manter o sistema de freios a tambor nas quatro rodas, uma escolha considerada ultrapassada em comparação com os sistemas de freio a disco já adotados pela concorrência, o que comprometia a segurança, uma demanda crescente do mercado. Paralelamente, inspirada pelo sucesso da Chevrolet Veraneio C-1416 na configuração ambulância, a equipe de engenharia da GM Brasil dedicou-se ao desenvolvimento de uma nova viatura voltada para tarefas de socorro médico e UTI móvel, baseada na plataforma da picape C-10. Designada como C-1503, essa ambulância aproveitava a versatilidade da plataforma comum, que permitia uma melhor utilização do espaço interno. Esse diferencial possibilitou a incorporação de um conjunto mais amplo de equipamentos médicos, tornando a C-1503 uma opção mais avançada e eficaz em comparação com a C-1416, que, até então, liderava as vendas no segmento de ambulâncias. A linha de picapes Chevrolet, composta pelos modelos C-10, C-14 e C-15, alcançou uma posição de destaque no mercado brasileiro de veículos utilitários ao longo do século XX. Reconhecida por sua robustez, versatilidade e capacidade de atender às demandas de um país em desenvolvimento, essa família de veículos tornou-se a mais produzida no Brasil durante esse período. A liderança da linha C-10, C-14 e C-15 consolidou a Chevrolet como um ícone da indústria automotiva nacional, deixando um legado de inovação e impacto duradouro na história do transporte no Brasil. 

Na década de 1970, a General Motors do Brasil S/A enfrentou um desafio significativo com a crise do petróleo, um evento global que abalou profundamente o mercado automotivo. A escassez de combustível e o aumento dos preços impactaram especialmente a comercialização de picapes e outros veículos com alto consumo, em particular aqueles movidos a gasolina. Em um curto período, as vendas desses modelos, incluindo a renomada linha de picapes Chevrolet, registraram uma queda acentuada, ficando muito abaixo do ponto de equilíbrio almejado pela montadora.  Em uma tentativa de ser criar um movimento de retomada de vendas e  reconquistar a confiança dos consumidores e atender às expectativas de um público cada vez mais exigente, a montadora introduziu melhorias significativas em seus modelos, demonstrando seu compromisso com a inovação e a qualidade. Entre as principais inovações, destaca-se a adoção, como item de série, da nova caixa de câmbio manual de quatro marchas produzida localmente pela Clark Equipamentos. Essa transmissão, mais moderna e eficiente, proporcionava maior suavidade e versatilidade na condução, atendendo às necessidades de motoristas em diferentes cenários, das estradas rurais aos centros urbanos. Além disso, a GM Brasil passou a oferecer, como opcional, o tão aguardado sistema de freios a disco nas quatro rodas, uma evolução significativa em relação ao ultrapassado sistema de freios a tambor. Essa melhoria reforçava a segurança dos veículos, respondendo a uma demanda essencial do mercado e alinhando as picapes Chevrolet aos padrões tecnológicos de seus concorrentes.  A partir de 1981, com o fortalecimento do Pró-Álcool, a GM Brasil introduziu a Chevrolet A-10, uma variante da C-10 otimizada para rodar com etanol (álcool hidratado, ou E100). A A-10 a álcool foi projetada para atender às necessidades de um mercado que valorizava a economia de combustível em um contexto de preços elevados da gasolina. Equipada com o motor de 4,1 litros (derivado do Opala), a versão a álcool oferecia 99 cavalos e 26,5 kgfm de torque, com adaptações específicas, como um carburador recalibrado e um sistema de partida a frio com um pequeno tanque de gasolina para facilitar a ignição em temperaturas abaixo de 15°C. Apesar de seu consumo elevado — cerca de 3,5 km/l na cidade e 4,5 a 6 km/l na estrada — a A-10 conquistou agricultores, comerciantes e frotistas devido ao menor custo do etanol e à robustez do veículo, capaz de transportar até 750 kg de carga. Em climas frios, especialmente nas manhãs do interior do Brasil, o motor a álcool exigia paciência para aquecer, devido à menor volatilidade do etanol. Além disso, a partir de meados da década de 1980, a estabilização dos preços do etanol, que se aproximaram dos da gasolina, reduziu a vantagem financeira do combustível alternativo. Esses fatores, somados à concorrência de modelos mais modernos, como a Ford F-100, impactaram as vendas da A-10, que foi produzida até 1986. No entanto apesar destas mudanças, as vendas não só não reagiriam, como também continuaram a definhar, motivando assim a decisão da montadora, em se descontinuar a produção de toda esta linha de picapes no início da década de 1980, encerrando assim mais um importante capítulo da história da indústria automobilística brasileira.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras. 
Durante a década de 1950, o Exército Brasileiro empreendeu um ambicioso programa de atualização de sua frota de transporte, um marco fundamental para o fortalecimento de sua capacidade logística e operacional. Nesse contexto, a General Motors do Brasil (GM Brasil) desempenhou um papel crucial ao fornecer uma expressiva quantidade de caminhões Chevrolet Brasil 6400 e 6500. A agilidade na entrega desses veículos, viabilizada logo após a formalização do contrato, foi facilitada pela mínima necessidade de adaptações para uso militar, já que os modelos eram versões comerciais retiradas diretamente da linha de produção. A robustez, confiabilidade e excelência mecânica desses caminhões atenderam plenamente às exigências operacionais do Exército, estabelecendo uma base sólida para uma parceria duradoura com a GM Brasil e consolidando a confiança dos militares na qualidade dos produtos da montadora. O sucesso dos caminhões 6400 e 6500 abriu caminho para a incorporação do utilitário Chevrolet Amazonas, lançado em 1959. Projetada para atender às demandas tanto do campo quanto da cidade, estes  utilitário compartilhava o mesmo conjunto mecânico dos modelos anteriores, equipada com um motor de seis cilindros em linha de 4,3 litros (261 polegadas cúbicas, 142 cv) e uma transmissão manual de três marchas. Sua versatilidade permitiu seu emprego em diversas funções, como transporte de pessoal e até mesmo como ambulância, conquistando a admiração dos militares pela sua capacidade de operar em condições desafiadoras. A Amazonas tornou-se um símbolo de confiabilidade, contribuindo para o êxito das operações logísticas do Exército e reforçando o compromisso da General Motors do Brasil  com as necessidades das Forças Armadas. A partir da década de 1960, a General Motors do Brasil  intensificou sua parceria com as Forças Armadas Brasileiras, passando a fornecer veículos produzidos localmente, com foco inicial nos caminhões C-60 e D-60 e nas picapes C-10, que substituíram gradualmente os modelos derivados da Amazonas. Essa transição marcou um avanço na modernização da frota militar, alinhando-a às demandas de um país em rápido desenvolvimento. Em 1966, a introdução do Chevrolet Veraneio C-1416 representou um marco significativo. Inicialmente adquirido pelo Exército Brasileiro, esse utilitário esportivo destacou-se por sua robustez e versatilidade, sendo seguido pela versão ambulância C-1410, que se tornou essencial para operações de socorro médico. A excelente receptividade da família Veraneio incentivou o Ministério da Aeronáutica (MAer) a adquirir, em 1974, um grande lote de ambulâncias C-1410 e C-1503. Essas viaturas foram destinadas à Infraero, empresa estatal responsável pela administração de aeroportos, com o objetivo de equipar as unidades de emergência médica dos principais terminais aéreos do Brasil. Na sequência do fortalecimento de sua parceria com as Forças Armadas Brasileiras, a General Motors do Brasil S/A consolidou sua posição como uma das principais fornecedoras de veículos militares ao conquistar novos contratos para o fornecimento de picapes Chevrolet C-10. 

Esses acordos, formalizados com o Exército Brasileiro, a Força Aérea Brasileira e a Marinha do Brasil (especificamente o Corpo de Fuzileiros Navais), representaram um marco significativo na história da empresa. A escolha da C-10 refletiu sua robustez, versatilidade e capacidade de atender às exigências operacionais de diferentes cenários, desde o transporte logístico até missões de segurança e apoio. A General Motors do Brasil S/A forneceu às Forças Armadas Brasileiras picapes Chevrolet C-10 idênticas às versões comerciais disponíveis no mercado, sem adaptações específicas para uso militar. Esses veículos, valorizados por sua robustez e versatilidade, foram amplamente empregados em missões de transporte de carga e pessoal, atendendo com eficiência às demandas logísticas do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira e do Corpo de Fuzileiros Navais. A confiabilidade da C-10 em diversas condições operacionais destacou seu potencial, inspirando o Ministério do Exército a investir em uma versão customizada, projetada para enfrentar os desafios de ambientes fora de estrada. Para concretizar essa iniciativa, o Exército Brasileiro recorreu à expertise da Engesa (Engenheiros Especializados S/A), uma empresa paulista reconhecida por sua excelência em engenharia automotiva. A Engesa contava com um quadro técnico de profissionais altamente qualificados, muitos formados pelo prestigiado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e acumulava vasta experiência na customização de veículos comerciais. Desde o final da década de 1960, a empresa alcançava sucesso comercial com o desenvolvimento de um sistema de tração integral 4x4, projetado para veículos produzidos no Brasil por montadoras multinacionais. Esse sistema, patenteado tanto no Brasil quanto no exterior, conquistou a atenção das Forças Armadas Brasileiras devido à sua capacidade de conferir maior mobilidade e resistência em terrenos adversos. A pedido do Exército Brasileiro, a Engesa S/A iniciou estudos para desenvolver um sistema de suspensão específico para operações off-road, adaptado à picape C-10. Esse projeto visava aprimorar a capacidade do veículo em enfrentar condições extremas, garantindo maior segurança e eficiência em missões militares realizadas em terrenos acidentados. A colaboração entre a Engesa e o Exército Brasileiro reflete o espírito de inovação e dedicação de profissionais que, com engenhosidade e compromisso, contribuíram para fortalecer a capacidade operacional das Forças Armadas. Em 1967, a solução inovadora de Tração Total desenvolvida pela Engesa (Engenheiros Especializados S/A) foi oficialmente reconhecida pelo governo brasileiro como um projeto de "Interesse para a Segurança Nacional". Esse marco destacou a relevância estratégica do sistema de tração integral 4x4, projetado para conferir excepcional desempenho a veículos em terrenos adversos, atendendo às exigências das Forças Armadas Brasileiras. A classificação reforçou o papel da Engesa como uma protagonista no desenvolvimento de tecnologias automotivas voltadas para a defesa do país, resultado do talento e dedicação de seus engenheiros, muitos dos quais formados pelo prestigiado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Nos anos seguintes, o sistema Tração Total foi amplamente adotado por grandes montadoras no Brasil, incluindo a Ford do Brasil, a General Motors do Brasil e a Dodge Chrysler do Brasil. Essa tecnologia foi integrada a diversos modelos de caminhões militares, ampliando a capacidade operacional do Exército, da Força Aérea e da Marinha em missões que exigiam mobilidade e resistência em condições desafiadoras. Tendo por base a picape Chevrolet C-10  na versão comercial civil, a equipe de projetos da Engesa S/A,  focaria esforços inicialmente redesenho da suspensão, visando assim fortalecer este sistema a fim de evitar quebras por impacto em situações extremas ou ainda fadiga por uso repetitivo, prevendo assim situações normais de uso de veículos militares fora de estrada (off road). Superada esta etapa passou-se a adaptar o projeto da "Tração Total" versão militarizada no modelo, os resultados iniciais se mostraram extremamente promissores, levando a General Motors a homologar o kit de tração 4X4 da Engesa S/A para uso em sua linha comercial de picapes utilitárias. Após a validação interna do projeto da picape Chevrolet C-10 equipada com o sistema de tração integral 4x4 desenvolvido pela Engesa (Engenheiros Especializados S/A), a General Motors do Brasil decidiu apresentar o protótipo ao comando do Exército Brasileiro. Em março de 1975, o veículo foi entregue para testes preliminares, marcando um passo significativo na parceria entre a indústria automotiva nacional e as Forças Armadas. Inspirado em grandes jipes utilitários americanos, como o Kaiser Jeep M-715, o protótipo da C-10 foi cuidadosamente projetado para atender aos rigorosos padrões militares, combinando robustez, funcionalidade e versatilidade. Para cumprir as exigências do Exército, o veículo incorporava uma série de adaptações específicas, incluindo: Para-choques frontais e traseiros reforçados, projetados para resistir a impactos em terrenos acidentados; Grade de proteção para os faróis, garantindo durabilidade em operações de campo; Caçamba com piso reforçado, adequada ao transporte de cargas pesadas em condições adversas; Sistema elétrico de 24 volts, compatível com os padrões militares; Cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante, facilitando o transporte aéreo em aeronaves da Força Aérea Brasileira, como o Lockheed C-130 Hercules e o De Havilland C-115 Buffalo; Suporte para galão de combustível removível, posicionado na lateral da caçamba, entre os eixos, seguindo o padrão de veículos militares. Nos meses seguintes, o protótipo foi submetido a um extenso programa de testes, que avaliou seu desempenho em cenários operacionais extremos. Esse processo resultou em um conjunto significativo de correções e melhorias, aprimorando a confiabilidade e a eficiência do veículo para atender às necessidades do Exército Brasileiro.

Paralelamente, o Exército enfrentava a necessidade urgente de renovar sua frota de Viaturas de Transporte Não Especializado (VTNE), composta majoritariamente por modelos obsoletos, como os Dodge WC-51, WC-53, WC-56, WC-57 e M-37, adquiridos na segunda metade da década de 1940. Esses veículos, embora valiosos em sua época, já não atendiam às demandas modernas de mobilidade e resistência exigidas pelas operações militares. A introdução do protótipo da C-10 4x4 representou uma oportunidade de modernização, trazendo uma solução nacional que combinava tecnologia avançada com a expertise da Engesa e da General Motors do Brasil. Estes eram complementados por veículos da família Rural Willys Overland F-85. Embora os Willys possuíssem tração integral 4x4, seu projeto não era adequado para operações em terrenos adversos, apresentando limitações em cenários militares exigentes. A situação era agravada pela alta indisponibilidade dos modelos Dodge, devido à escassez de peças de reposição, e pela quantidade insuficiente de Willys para atender às necessidades operacionais da Força Terrestre. Esse cenário impactava diretamente a capacidade do Exército em realizar missões essenciais, como transporte de carga, movimentação de tropas, remoção médica e telecomunicações em campo. Diante desse contexto crítico, tornou-se imperativa a incorporação de uma nova família de veículos utilitários militarizados, capazes de oferecer robustez, confiabilidade e versatilidade. Com esse objetivo, o Ministério do Exército conduziu negociações estratégicas com a General Motors do Brasil S/A e a Engesa (Engenheiros Especializados S/A), culminando, em junho de 1974, na celebração de um contrato histórico para a aquisição de noventa e cinco viaturas Chevrolet C-14 e C-15. Essas viaturas foram projetadas para desempenhar múltiplas funções, incluindo transporte de carga e pessoal, além de servir como veículo porta-morteiro, equipado para o transporte e operação de peças de artilharia de 81 mm e 60 mm. As primeiras unidades dessa nova família de veículos começaram a ser entregues em outubro de 1975, marcando o início de uma renovação significativa da frota militar. As viaturas foram distribuídas aos Batalhões de Infantaria Blindada (BIB) e aos Batalhões de Infantaria Leve (BIL), substituindo gradualmente os últimos veículos norte-americanos ainda em serviço. A integração das C-14 e C-15, equipadas com o sistema de tração integral 4x4 desenvolvido pela Engesa, representou um avanço notável na capacidade operacional do Exército, oferecendo maior mobilidade e resistência em terrenos desafiadores. Vale salientar também que a aquisição destes novos modelos, vieram a complementar também a frota de veículos utilitários com tração 4X4 Rural Willys e Toyota Bandeirante, resultando pela primeira vez no Exército Brasileiro na predominância de modelos utilitários produzidos nacionalmente, reduzindo assim a perigosa dependência externa. Além de que este novo cenário provia uma significativa redução de custos em termos de manutenção, bem como simplificação da linha de suprimentos logística, em face da operação de outros veículos produzidos nacionalmente pela General Motors do Brasil S/A e demais montadoras aqui estabelecidas. 
Em 1976 a montadora assinaria um contrato com o Ministério da Marinha para produção de um pequeno lote de carros da versão Chevrolet C-14 Porta Morteiro para uso junto as tropas de infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Logo em seguida a Força Aérea Brasileira passaria a fazer uso do veículo nas versões ambulância C-1503 e utilitário C-14, com esta última sendo destinada aos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BINFAE). Em 1975 a Policia Militar do Estado de São Paulo procederia a aquisição de pelo menos uma dezena de picapes do  modelo C-15 Chevrolet Engesa 4X4 C1-4 para o emprego inicial junto ao 1º Batalhão de Polícia (1º B.P) – Batalhão Tobias de Aguiar. Em 1977 seria realizada a aquisição de mais dois lotes destinados a unidade especial de Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) e as Companhias de Operações Especiais (COE). Tradicional usuário do modelo de viatura policial C-1416 Veraneio, o Governo do Estado de São Paulo encomendaria  a General Motors do Brasil S/A uma variante do veículo para o transporte de tropas dos Batalhões de Choque da Policia Militar. Tratava-se de uma picape Chevrolet C-10 simplificada com cabine aberta com cobertura de lona e para-brisa basculante, estando desprovida de portas dianteiras e dotada com dois bancos traseiros na caçamba para até oito policiais completamente equipados para as missões urbanas de pronta resposta e garantia de lei e ordem (GLO). O êxito da operação dos modelos Chevrolet Engesa 4X4 C-14 e C-15 junto as Forças Armadas Brasileiras, motivaria a diretoria da Engesa S/A a estudar o desenvolvimento de um novo veículo especializado para atuação no segmento militar. Assim em 1981 nasceria como fruto de uma parceria entre Engesa S/A e a empresa paulista Envemo - Engenharia de Veículos e Motores Ltda,  o utilitário EE-34. Baseado nas plataformas dos modelos Chevrolet C-10 e C-15 este novo utilitário trazia uma série de melhorias em relação a versões militarizadas anteriores, seu conceito seria desenvolvido para aplicação militar pura. Após avaliação o Ministério do Exército, formalizou a contratação para a produção de 858 unidades que foram entregues entre os anos de 1981 e 1985, vindo a complementar as picapes  Chevrolet C-14 e C-15 em uso.  A partir do início da segunda metade da década de 1990, estes três modelos ainda uso nas Forças Armadas Brasileiras, já apresentavam  evidentes sinais de desgaste,  após quase vinte anos de operação continua, levando ao estabelecimento de um planejamento para a renovação da frota.  Um processo de concorrência seria criado com a solução sendo pautada pela aquisição de diversos modelos de utilitários com tração integral como JPX Montez, Toyota Bandeirante e Land Rover Defender, com as primeiras viaturas destas sendo incorporadas ao Exército Brasileiro a partir de 1996. O mesmo destino ocorreria junto as forças policiais miliares estaduais , com as últimas viaturas sendo retiradas do serviço ativo ao final desta mesma década. 

Em Escala.
Para recriar com precisão o Chevrolet Engesa C-15 na versão porta-morteiro “EB21-1840”, utilizada pelo Exército Brasileiro, optamos por um modelo em die-cast na escala 1/43, produzido pela Axio em parceria com a Salvat Editora. A escolha desse modelo foi motivada pela ausência de kits ou réplicas específicas dessa viatura no mercado. O processo de construção envolveu uma série de modificações artesanais realizadas com grande atenção aos detalhes. Inicialmente, removemos a cabine original em metal, substituindo-a por uma estrutura adaptada ao padrão militar. Os para-choques frontais foram redesenhados para corresponder à robustez exigida em operações de campo, enquanto luzes e faróis de comboio, típicos do padrão militar.  Para garantir autenticidade, incorporamos um para-brisa basculante com cobertura de lona e por fim confeccionamos em scratch um morteiro de 81 mm. Para finalizar, aplicamos decais personalizados do conjunto “Exército Brasileiro 1942-1982”, produzidos pela Decais Eletric Products. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até a o final do ano de 1982. As picapes da família Chevrolet Engesa 4X4, passaram a empregar no novo esquema tático de camuflagem em dois tons e novas marcações militares a partir do ano seguinte, permanecendo nesta nova sistemática até a desativação dos últimos veículos em meados da década de 1990.


Bibliografia : 
- Chevrolet Colection – C-10 Salvat Editora
- Grandes Brasileiros: Engesa EE-34 – Chevrolet C-15 Revista Quatro Rodas 201
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976


Corbitt US White Série G (VTNE - VTTNE)


História e Desenvolvimento. 
A The Corbitt Company teve sua origem no ano de 1895, fundada pelo empreendedor Richard Corbitt na cidade de Henderson, localizada no nordeste do estado da Carolina do Norte, Estados Unidos. Inicialmente, a empresa dedicava-se à comercialização de tabaco, um setor em franca expansão à época, caracterizado por uma forte tendência de consolidação por parte das grandes corporações norte-americanas. Esse cenário de crescimento econômico gerava uma onda de prosperidade, criando oportunidades significativas para empreendedores visionários que soubessem capitalizar as dinâmicas do mercado. Percebendo o potencial de diversificação, Richard Corbitt optou por investir no segmento de construção de carruagens de luxo, lançando seu primeiro modelo em 1899. O sucesso comercial dessa iniciativa proporcionou os recursos e a motivação necessários para explorar novos horizontes. Em 1907, a empresa deu um passo ousado ao desenvolver e lançar seu primeiro automóvel, apelidado de "carruagem sem cavalos". Contudo, os resultados de vendas foram modestos, refletindo os desafios de um mercado automotivo ainda incipiente. Buscando aprimorar seu produto, a The Corbitt Company passou a recrutar mão de obra qualificada oriunda de Detroit, epicentro da indústria automotiva norte-americana, onde se concentrava expertise técnica no setor. Apesar desses esforços, em 1912, a empresa conseguiu comercializar apenas doze automóveis, um desempenho insuficiente para garantir a sustentabilidade financeira do negócio. Esse resultado foi impactado pela intensa concorrência de grandes montadoras, como a Ford Motor Company e a General Motors Company, que gozavam de maior confiança e preferência dos consumidores. Diante desse cenário adverso, a The Corbitt Company enfrentou dificuldades financeiras, sendo forçada a reduzir os preços de seus automóveis, o que comprometeu ainda mais suas margens de lucro. Após uma análise estratégica das tendências do mercado automotivo, a diretoria da empresa, sob a liderança de seu presidente, decidiu reorientar suas operações. A partir de 1913, a companhia abandonou a produção de carros de passeio, que exigia competição direta com as gigantes de Detroit, e passou a focar na fabricação de caminhões comerciais, um nicho de mercado percebido como mais viável em termos de concorrência. Essa transição estratégica demandou um esforço significativo do corpo de engenharia da empresa, que se dedicou ao desenvolvimento de novos projetos. O resultado foi a criação de uma linha de propostas inovadoras de veículos comerciais, marcando uma nova fase na trajetória da The Corbitt Company e consolidando sua adaptação às exigências do mercado automotivo da época. No início de 1914, a The Corbitt Company lançou seu primeiro caminhão comercial de categoria leve, que alcançou notável êxito de vendas. Esse sucesso inicial foi um marco que impulsionou a empresa a diversificar sua linha de produtos, buscando atender às crescentes demandas do setor de transportes. 

Em 1916, a companhia expandiu suas operações ao ingressar no mercado de transporte intermunicipal com o lançamento de seu primeiro modelo de ônibus, demonstrando sua capacidade de inovação e adaptação. No ano seguinte, em 1917, a introdução de um caminhão de lixo marcou um novo avanço, possibilitando a conquista de contratos governamentais que fortaleceram significativamente as finanças da empresa. O cenário internacional, marcado pelo agravamento das tensões na Europa durante a Primeira Guerra Mundial, abriu novas oportunidades para a The Corbitt Company. Com o envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito, a empresa firmou um contrato estratégico com o governo norte-americano para a produção de mais de quatro mil caminhões, destinados à Força Expedicionária Americana (AEF) no front europeu. Esses veículos geralmente tinham capacidades de carga que variavam de 1 a 5 toneladas, com configurações de tração 4x2 ou, em alguns casos, 4x4, que começaram a ser desenvolvidas pela empresa no início da década de 1910. Os lucros obtidos nesse período de guerra proporcionaram à companhia reservas financeiras robustas, que foram cruciais para sua resiliência durante a Grande Depressão, iniciada em 1929. Em 1933, em uma decisão visionária, Richard Corbitt adquiriu as operações da Auburn Automobile Company, que se encontrava em processo de encerramento. Essa aquisição incluiu ferramental, estoques de matéria-prima e peças acabadas, permitindo à The Corbitt Company incorporar componentes como para-choques, capôs e grades em seus caminhões médios, modelos Corbitt GVW de 11.000 e 13.000 libras. Esses veículos alcançaram grande aceitação no mercado, sendo amplamente adotados pelas principais transportadoras da Carolina do Norte, o que consolidou a reputação da empresa como referência em qualidade e confiabilidade. Um dos momentos mais emblemáticos da história da The Corbitt Company ocorreu quando um de seus caminhões pesados foi utilizado para transportar o colossal hidroavião "Spruce Goose", projetado pelo lendário engenheiro Howard Hughes, até a praia de Long Beach, na Califórnia. Essa operação, considerada à época o maior transporte de carga a granel por rodovia, trouxe à marca Corbitt significativa notoriedade, destacando a robustez e a capacidade excepcional de seus veículos para o transporte de cargas pesadas. No final de 1937, o cenário geopolítico global tornava-se cada vez mais tenso devido às ambições expansionistas da Alemanha Nazista e do Império do Japão, sinalizando a possibilidade de um novo conflito mundial de grandes proporções. Diante dessa ameaça, o governo norte-americano reconheceu a urgência de modernizar suas forças armadas, promovendo estudos que culminaram na elaboração de um amplo programa de reequipamento militar em todas as áreas.
Um dos principais objetivos era aumentar a mobilidade das forças terrestres, com o Comando do Corpo de Artilharia do Exército dos Estados Unidos demandando o desenvolvimento de uma linha de caminhões táticos pesados, capazes de operar em diversos tipos de terreno e condições climáticas, especialmente para tracionar peças de artilharia de grande calibre. Entre as especificações, destacava-se a necessidade de um caminhão com tração integral 6x6 e capacidade de carga de até seis toneladas (5.400 kg), projetado não apenas para o transporte de pessoal e suprimentos, mas também para desempenhar a função prioritária de rebocar peças de artilharia antiaérea e de campanha. Para atender a essa demanda, o Exército abriu uma concorrência em setembro de 1938, recebendo diversas propostas de fabricantes. O projeto apresentado pela The Corbitt Company, sediada em Henderson, Carolina do Norte, destacou-se pela robustez e inovação, sendo selecionado como vencedor. Em dezembro de 1938, a empresa assinou um contrato inicial para a produção de cinco protótipos, destinados a avaliações e testes de campo, e de 200 caminhões pré-série, com entregas previstas para iniciar em janeiro de 1940. Os testes realizados resultaram em melhorias significativas no projeto original, culminando no modelo de produção em série, designado como Corbitt 50SD-6. Esse caminhão incorporava um novo design de cabine e um grupo propulsor mais potente, equipado com o motor Hercules HXD, um seis cilindros a gasolina que entregava 202 cv (151 kW) a 2.100 rpm e 642 lbf⋅ft (870 N⋅m) de torque a 900 rpm. O conjunto mecânico incluía uma transmissão manual de quatro velocidades não sincronizada, com primeira e quarta marchas de baixa relação, acoplada a uma caixa de transferência Timken com opções de alta, baixa e neutro para operação de tomada de força (PTO). Os eixos traseiros, do tipo Timken com redução dupla ("abóbora"), garantiam robustez, enquanto as versões cavalo mecânico utilizavam eixos traseiros ainda mais reforçados. A estrutura do chassi, em formato de escada com três eixos vivos, contava com suspensão dianteira por molas de folha e suspensão traseira em tandem com braços localizadores, proporcionando estabilidade e resistência. Uma exceção a esse padrão era a variante guindaste (wrecker truck), que utilizava uma suspensão traseira de feixe ambulante para maior estabilidade em operações específicas. O sucesso do Corbitt 50SD-6 consolidou a reputação da The Corbitt Company como uma fornecedora confiável para o Exército dos EUA, contribuindo significativamente para a preparação militar do país às vésperas da Segunda Guerra Mundial. A capacidade da empresa de responder às exigências do Exército com um veículo robusto e versátil demonstrou seu compromisso com a inovação e a excelência, reforçando sua importância no cenário industrial e militar da época. Com a escalada da Segunda Guerra Mundial e a entrada oficial dos Estados Unidos no conflito em dezembro de 1941, a demanda por veículos militares cresceu exponencialmente. 

Nesse contexto, a The Corbitt Company celebrou um novo contrato com o governo norte-americano para o fornecimento de mais de cinco mil caminhões táticos 6x6, baseados no modelo Corbitt 50SD-6, projetado para atender às necessidades logísticas e operacionais do Exército dos Estados Unidos. Contudo, a capacidade industrial limitada da empresa, sediada em Henderson, Carolina do Norte, tornou inviável atender a essa demanda em larga escala. Para superar essa restrição, a The Corbitt Company tomou a decisão estratégica de ceder os projetos e os direitos de produção à White Motor Company, que se tornaria, posteriormente, o principal fabricante dessa linha de caminhões. A partir de 1943, a Brockway Motor Company foi contratada pelo governo norte-americano para ampliar a capacidade produtiva, uma iniciativa que, no início de 1945, foi estendida à The Four Wheel Drive Auto Company (FWD). Durante o mesmo período, a Ward LaFrance Corporation assumiu a responsabilidade pela fabricação do chassi, que era então enviado às montadoras para a montagem final. Os caminhões foram produzidos em sete versões básicas, com carrocerias especializadas adaptadas a diferentes funções operacionais. Apesar de serem fabricados por diferentes empresas, os modelos apresentavam mínimas variações, mantendo um alto grau de padronização. Inicialmente, os lotes entregues ao Exército dos EUA utilizavam cabines comerciais com teto rígido. A partir de 1943, no entanto, as versões passaram a incorporar tetos de lona e meias portas, otimizando o transporte marítimo entre os Estados Unidos e a Europa.  Principais Versões do Corbitt 50SD-6 - Prime Mover: O modelo mais produzido, projetado para o transporte de cargas e pessoal, equipado com um engate traseiro capaz de rebocar cargas ou veículos de até 18.000 kg. Incluía um guincho hidráulico com capacidade de 11.000 kg, montado em um tambor no lado direito do chassi, garantindo versatilidade em operações logísticas. -  Cavalo Mecânico: Desenvolvido para tracionar peças de artilharia pesadas ou rebocar pranchas para o transporte de blindados, este modelo contava com um guincho hidráulico de 11.000 kg instalado na parte frontal do veículo, reforçando sua capacidade de lidar com cargas pesadas.- Transporte de Pontões: Uma versão especializada para batalhões de engenharia, equipada com sistemas para movimentação de peças de pontões flutuantes. Incluía um compressor de ar auxiliar e grandes tanques reservatórios para inflar boias de pontão, essenciais em operações de construção de pontes temporárias.- Guindaste (Wrecker Truck): Projetado para recuperação de veículos, este modelo era equipado com um dispositivo rotativo acionado por um motor auxiliar IHC de 334 polegadas cúbicas (5.5 L), de quatro cilindros em linha, desenvolvendo 35 hp, garantindo eficiência em operações de resgate e manutenção em campo.
Por fim produzidos em menor numero durante o conflito, se encontravam as versões de Cisterna de Agua, Tanque de Combustível, Comunicação ( usados para rebocar e alimentar o conjunto de radares antiaéreo SCR-545-A) e por fim a versão bombeiro para bases aéreas equipados com sistemas de motores auxiliares para os dispersores de espuma química. Os veículos enfrentaram desafios como poeira no Norte da África, lama na Europa Ocidental e selvas úmidas no Pacífico, seu emprego foi fundamental para o sucesso das operações aliadas Na Campanha da Normandia, os Prime Movers transportaram munições e suprimentos do litoral às linhas de frente, sustentando o avanço aliado. A variante de pontões desempenhou um papel crítico em travessias fluviais, como no Rio Reno, permitindo a rápida progressão das forças aliadas em território alemão. No Teatro do Pacífico, a versão cavalo mecânico foi usada para movimentar equipamentos pesados em ilhas com infraestrutura precária. Até julho de 1945, a produção dos caminhões Corbitt 50SD-6 alcançou a impressionante marca de mais de 200.000 unidades, um testemunho da capacidade industrial mobilizada durante a Segunda Guerra Mundial. Esses veículos robustos, projetados pela The Corbitt Company e fabricados em colaboração com empresas como a White Motor Company, Brockway Motor Company, The Four Wheel Drive Auto Company (FWD) e Ward LaFrance Corporation, estiveram presentes em todos os principais fronts de combate, do Teatro Europeu ao Pacífico. Sua versatilidade e confiabilidade foram essenciais para o suporte logístico e tático das forças armadas dos Estados Unidos, garantindo o transporte de suprimentos, tropas e equipamentos em condições adversas. Os Corbitt 50SD-6 também desempenharam um papel significativo no âmbito internacional por meio do programa Lend-Lease Act (Lei de Arrendamento e Empréstimo), que facilitou a distribuição desses caminhões a nações aliadas, como o Reino Unido, a União Soviética e outros países. Essa iniciativa fortaleceu a capacidade logística dos aliados, contribuindo para a coesão e o sucesso das operações conjuntas durante o conflito. A presença desses veículos em diversos cenários globais reforçou sua reputação como ferramentas indispensáveis para o esforço de guerra. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Corbitt 50SD-6 continuaram a demonstrar sua durabilidade e relevância. Durante a Guerra da Coreia (1950-1953), esses caminhões foram amplamente utilizados em missões de socorro, resgate de veículos avariados e tração de peças de artilharia. Operando em terrenos acidentados e sob condições climáticas severas, como os invernos rigorosos da Península Coreana, os 50SD-6 provaram sua robustez, apoiando as forças norte-americanas e aliadas em tarefas críticas que garantiram a continuidade das operações militares

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano passaria a considerar com extrema preocupação uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo (Alemanha – Itália – Japão). Esta possibilidade se clarificaria quando a França capitulou em junho de 1940, pois a partir deste momento a Alemanha Nazista poderia estabelecer bases operacionais nas ilhas Canárias, Dacar e outras colônias francesas, proporcionando um trampolim para uma provável invasão do continente. Neste contexto o Brasil seria o local mais provável para o lançamento desta campanha, principalmente devido a sua proximidade com o continente africano que neste momento também passava a figurar nos planos de expansão territorial do governo alemão.  Além disso, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul, tornariam o Brasil o principal fornecedor de látex para os aliados, matéria prima para a produção de borracha, um item de extrema importância na indústria de guerra. Além destas possíveis ameaças, geograficamente o litoral brasileiro se mostrava estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e operação de portos na região nordeste, pois mais notadamente a cidade de Recife se postava como ponto mais próximo entre os continentes americano e africano. Desta maneira poderia ser estabelecido nesta localidade uma ponte para o envio de tropas, suprimentos e aeronaves para emprego nos teatros de operações europeu e norte africano. Este cenário resultaria logo sem seguida um movimento de maior aproximação política e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, gerando uma série de investimentos e acordo de colaboração. Entre estes estava a adesão do país ao programa de ajuda militar denominado como Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), que tinha como principal objetivo promover a modernização das Forças Armadas Brasileiras. Os termos garantidos por este acordo, viriam a criar uma linha inicial de crédito ao país da ordem de US$ 100 milhões de dólares, destinados a aquisição de material bélico, proporcionando ao país acesso a modernos armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Estes recursos seriam vitais para que o país pudesse estar capacitado para fazer frente as ameaças causadas pelas ações de submarinos alemãs a navegação civil que estava sendo potencializada pelo comercio exterior com o Estados Unidos, transportando diariamente matérias primas para a indústria de guerra daquele país. A participação brasileira no esforço de guerra aliado seria ampliada em breve, pois Getúlio Vargas afirmaria que o país não se limitaria ao fornecimento de materiais estratégicos para os países aliados, e possivelmente figurava entre seus planos uma participação mais destacada junto aos aliados envolvendo o emprego de tropas em algum importante teatro de operações  do conflito.   

Na década de 1940, durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro enfrentava um cenário de significativa obsolescência em seus armamentos e equipamentos. Entre suas maiores carências estava a escassez de caminhões militares com tração integral 4x4 e 6x6, essenciais para operações em terrenos variados e para atender às demandas logísticas de um conflito moderno. Os poucos veículos disponíveis eram, em sua maioria, caminhões civis leves adaptados para uso militar, como os modelos Chevrolet Gigante (Flatbed Truck), Chevrolet Tigre, Dodge T-203 e Ford V8. Esses eram complementados por um número limitado de veículos genuinamente militares, como os alemães Henschel & Son 6x6 e os americanos Thornycroft Tartar 6x4, insuficientes para suprir as necessidades operacionais. Nesse contexto, a adesão do Brasil ao programa Lend-Lease Act (Lei de Arrendamento e Empréstimo) representou um marco transformador. O programa previa a cessão de aproximadamente 4.000 caminhões militares, dos quais a maioria possuía tração 4x4, projetados para atender às exigências de mobilidade e versatilidade. Dentre os veículos de maior porte, com tração 6x6, foram fornecidos 1.445 caminhões das famílias GMC CCKW e Studebaker G-630 US-6, produzidos por diversas montadoras norte-americanas. Essas unidades incluíam uma ampla gama de versões básicas e especializadas, como: Cisterna de Água: Para abastecimento em áreas remotas, Tanque de Combustível: Para suporte logístico de combustível;  Oficina Móvel: Para manutenção de equipamentos em campo;  Veículo de Socorro: Para recuperação de veículos avariados. Compressor de Ar, Telêmetro, Holofote, Guindaste e Cavalo Mecânico: Para funções específicas, como apoio a operações de engenharia, artilharia e transporte de cargas pesadas. Essa frota trouxe uma capacidade de mobilidade sem precedentes ao Exército Brasileiro, possibilitando a criação de novas unidades motomecanizadas voltadas para transporte, apoio logístico e engenharia. A modernização promovida pelo programa fortaleceu significativamente a estrutura operacional das forças terrestres, capacitando-as para enfrentar os desafios de um cenário de guerra global. Além dos caminhões leves e médios, que predominavam na cessão, o Brasil recebeu quase uma centena de veiculos pesados, alguns dos quais desenvolvidos  pela The Corbitt Company (tambem produzidos por outras montadoras).  Se destacando neste pacote  o Corbitt G-512 model 50SD6 Truck, 6-Ton, Prime Mover; G-514 model 666 White Motor Co; truck 6 ton,6×6 prime mover; G-532 Mack Corp Truck, 7½-Ton, 6×6, Prime Mover, G-547 Brockway Motor Co. Truck 6-Ton, 6×6, cargo e Corbitt G-556 6-Ton, 6×6. Apesar não existirem registro oficiais, fotos de época comprovam que foram cedidos caminhões das versões com com teto rígido (hard top) e teto de lona (soft top).
Estes seriam empregados no Exército Brasileiro em tarefas de transporte de tropas, transporte de cargas, socorro e tração de peças pesadas de artilharia, recebendo as designações de : VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21, VE Socorro Pesado de Rodas 6 Ton 6x6   EB-22 e VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 ton 6x4  EB-30 Truck. Entre os veículos fornecidos ao Brasil por meio do programa Lend-Lease Act durante a Segunda Guerra Mundial, destacaram-se nove caminhões da versão Cavalo Mecânico G-512 Model 50SD-6, produzidos pela The Corbitt Company e White Motor Company. Equipados com o potente motor Hercules HXD de 202 cv, esses caminhões apresentavam excepcional capacidade de tração, tornando-os ideais para missões que exigiam o transporte de cargas pesadas e equipamentos militares de grande porte. Inicialmente, esses veículos foram alocados aos Grupos Móveis de Artilharia de Costa (GMAC), com a missão estratégica de proteger os principais portos do Brasil, pontos vitais para o esforço de guerra aliado. Sua robustez permitia a movimentação de peças de artilharia de grande calibre, como os canhões britânicos Vickers-Armstrongs M-1917 de 152,4 mm, essenciais para a defesa costeira contra possíveis ameaças das forças do Eixo. A capacidade de operar em terrenos variados e a confiabilidade desses caminhões fortaleceram significativamente a defesa dos portos estratégicos brasileiros. Posteriormente, os Corbitt 50SD-6 G-512 foram substituídos nessa função pelos tratores sobre rodas Minneapolis Moline GTX 147 G-641, dos quais o Brasil recebeu 99 unidades. Esses tratores ofereciam maior mobilidade e eficiência no transporte de artilharia, permitindo uma evolução nas operações dos GMAC. Apesar dessa substituição, alguns caminhões Corbitt foram redirecionados para os Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé), onde foram utilizados para tracionar os pesados canhões antiaéreos norte-americanos M-1A3 AA de 90 mm, fundamentais para a proteção do espaço aéreo contra ataques inimigos. Curiosamente, os caminhões pesados da família Corbitt-White, como o G-512 Model 50SD-6 e a variante 50SD-6 Cargo, não foram cedidos à Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu no front italiano entre 1944 e 1945. Essa decisão contrasta com o uso extensivo desses modelos pelas forças aliadas na Europa, onde os Corbitt G-512 e 50SD-6 Cargo eram amplamente empregados em operações logísticas e de transporte, destacando-se por sua versatilidade e robustez em cenários de combate. No Exército Brasileiro ao longo de sua longa carreira, os “VTNE Carga Emprego Geral 6 Toneladas 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton seriam inicialmente destinados as unidades motomecanizadas,  posteriormente devido a sua grande capacidade para tracionar cargas seriam distribuídos aos Grupos de Artilharia de Campanha (GAC), operando em conjunto com outros modelos de origem norte-americana tracionando obuseiros M-1 de 155 mm. Já os nove veículos recebidos na configuração de cavalo mecânico, receberiam a designação de “VTTNE Trator s/ rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 toneladas 6x4 (EB-30 Truck), e seriam alocados inicialmente junto aos Batalhões Engenharia de Combate (BEC), onde em conjuntos com plataformas de transporte rodoviários seriam empregados na movimentação dos tratores de campo e moto niveladoras,  pertencentes a estes grupamentos. 
Estes  seriam reforçadas também por caminhões Corbitt – White “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6 EB-21 Truck, 6-Ton, Prime Mover” chegando a dotar também  1º  Batalhão de Engenharia de Combate – Villagran Cabrita (1º B E Cmb), o  2º  Batalhão de Engenharia de Combate – Borba Gato (2º B E Cmb), o  3º Batalhão de Engenharia de Combate - Conrado Bittencourt (3º B E Cmb), o 4º Batalhão de Engenharia de Combate - Juarez Távora (4º B E Cmb) e por fim o 7º  Batalhão de Engenharia de Combate - Visconde de Taunay (7º B E Cmb). Nestas unidades estes caminhões pesados teriam grande importância na realização das atividades a eles destinados, comprovando sua extrema robustez operacional. No início da década de 1960, os caminhões Corbitt 50SD-6, que haviam servido com distinção ao Exército Brasileiro, começaram a enfrentar desafios significativos que comprometeram sua operacionalidade. Apesar de sua robustez e contribuições durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra da Coreia, as viaturas remanescentes dessa frota reduzida passaram a apresentar altos índices de indisponibilidade, resultado da crescente dificuldade em obter peças de reposição no mercado internacional. Essa situação foi agravada pelo encerramento das atividades industriais da The Corbitt Company em meados da década de 1950, o que interrompeu a produção de componentes essenciais. Particularmente, os motores a gasolina Hercules HXD de seis cilindros, peça central do desempenho desses caminhões, tornaram-se cada vez mais raros, com a escassez de fornecedores de peças novas ou usadas nas forças militares de outros países. Diante desse cenário, o Comando de Material do Exército Brasileiro tomou a decisão, a partir de 1966, de iniciar um processo gradual de retirada de serviço dessas viaturas. O primeiro modelo a ser desativado foi o VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6, substituído pelos modernos REO M-35, que ofereciam maior disponibilidade e adequação às necessidades contemporâneas. Após a desativação, os componentes críticos desses caminhões foram cuidadosamente removidos e armazenados, enquanto chassis, cabines e carrocerias foram leiloados como sucata, encerrando um ciclo de serviço marcante. Os nove caminhões da variante VTTNE Trator s/ Rodas Cavalo Mecânico Emprego Geral 8 Ton 6x4, modelo Corbitt G-512 50SD-6, tiveram sua vida útil esticada graças à utilização de peças de reposição disponíveis, provenientes de outros veículos da mesma família. Esses cavalos mecânicos foram realocados para os Regimentos de Carro de Combate (RCC), onde assumiram a missão estratégica de transportar carros de combate leves, como os M-3 e M-3A1 Stuart, em plataformas rodoviárias. Sua robustez e capacidade de tração continuaram a ser valiosas, permitindo que permanecessem em operação até o final da década de 1970. A substituição definitiva desses caminhões ocorreu com a introdução do VTE-Cavalo Mecânico 17 Ton 6x6 Scania LT110-38S, um modelo mais avançado que atendia às exigências de modernização do Exército Brasileiro.

Em Escala.
Para representarmos o “VTNE Carga Emprego Geral 6 Ton 6x6” G-514 model 666 White Motor, foi representado pelo kit da Hobby Boss na escala 1/35, conhecido por seu elevado nível de detalhamento e pela inclusão de peças em photo-etched de alta qualidade.Incluímos em resina artefatos que simulam a carga em formato de caixas de suprimentos,  paletes de madeira e lonas de campanha. As marcações foram aplicadas com decais do conjunto “Exército Brasileiro 1942-1982” da Eletric Products, garantindo autenticidade às insígnias e detalhes históricos.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a campanha na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, esquema este com que estes caminhões foram recebidos no Brasil. Este padrão seria mantido ao longo de todo seu tempo de serviço, recebendo apenas ligeiras alterações em termos de marcações de numero de série e unidades operativas. 


Bibliografia : 

 

- White 666 Cargo - Corbitt Truck 6X6 – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/6-ton_6%C3%976_truck 

- Pesquisa Acordo Leand & Lease ActEvilésio Pedro da Costa 

- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976