Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX)

História e Desenvolvimento
A empresa Naylor Vickers & Company, seria fundada em 1828 por  Edward Vickers e  seu sogro George Naylor, na pequena cidade de inglesa de Sheffield, dispondo inicialmente de um pequeno parque industrial destinado a fundição de aço. Posteriormente logo se tornaria conhecida por seus famosos e gigantescos sinos da igreja, passando em seguida a desenvolver e produzir a componentes pesados para a industria de manufatura. Em 1867 a empresa abriria seu capital, sendo renomeada como Vickers, Sons & Company, e gradualmente adquiriria mais negócios, ramificando-se em vários setores. No ano seguinte passaria a fabricar eixos marítimos, em 1872 começou a fundir hélices marítimas e em 1882 montaria sua primeira prensa de forjamento. Neste momento se aproximaria do mercado militar, passando a produzir a partir de 1888 placas de blindagem para emprego naval, e dois anos depois desenvolveria sua primeira peça de artilharia. No ano de 1897 a empresa procederia a compra do construtor naval  Barrow-in-Furness The Barrow Shipbuilding Company, adquirindo ao mesmo tempo sua subsidiária Maxim Nordenfelt Guns And Ammunitions Company, com a empresa passando a ser denominada como Vickers, Sons & Maxim. A partir dessas aquisições, a corporação inglesa passaria agora produzir uma seleção completa de produtos, envolvendo desde navios e acessórios marítimos até placas de blindagem e um conjunto de material bélico. Em termos de peças de artilharia os primeiros produtos com calibre superior a 100 mm seriam desenvolvidos pela companhia a partir de 1890. Sua atuação junto ao meio de construção naval, levariam ao desenvolvimento de peças de artilharia do tipo convencional, para emprego naval, fazendo uso cargas propulsoras em sacos de seda. Neste mesmo período, o alto almirantado britânico, depois de um breve período de implementação e avaliação de canhões de tiro rápido para emprego em seus cruzadores e encouraçados, decidiria por voltar a operar sistemas de armas de artilharia convencional. Entre os motivos que levariam a este posicionamento decisório, fundamentava-se principalmente a necessidade de redução de custos da frota britânica, tendo em vista que o emprego deste sistema eliminava a necessidade dos dispendiosos invólucros metálicos de latão que também era de difícil manejo devido a seu peso total com o projetil.  

Esta decisão seria motivada principalmente pela apresentação de uma proposta da Vickers, Sons & Maxim, para o projeto de um novo canhão, que estaria equipado com o inovador mecanismo de culatra de ação simples. Esta nova arma também de calibre 152,4 mm podia ser facilmente carregada, inserido o tubo de ventilação de selagem e disparada, sendo esta operação mais ágil que um canhão de tiro rápido normal. Além deste benefício operacional, a armazenagem das cargas propulsoras de cordite em sacos de Seda poupavam imenso peso e espaço quando comparadas com os pesados invólucros de latão das granadas de tiro rápido. Este novo modelo receberia do fabricante a nomenclatura de Modelo VII, sendo seguido posteriormente de uma versão melhorada denominada como Vickers VIII, que possuía a culatra com abertura para o lado esquerdo, podendo o equipamento ser usado em torres duplas. Este modelo de canhão seria introduzido na classe de couraçados Formidable, lançados a partir de 1898 e comissionados no ano de 1901. Mais tarde esta família de canhões viria a equipar algumas classes de navios da Marinha Real Britânica mais antigos, desde cruzadores até canhoneiras fluviais, servindo até o término da Segunda Guerra Mundial. No final da primeira metade da década de 1910, aventar-se-ia a possibilidade de emprego do Vickers Armstrong Modelo VII como canhão de campanha, porém ficando este conceito apenas na fase de estudos. Neste mesmo período sua divisao de armamentos desenvolveria peças de artilharia de variados calibres, incluindo até armas de infantaria, como a notável metralhadora Vickers de 1912. O eclodir da Primeira Guerra Mundial em 1914 ressuscitaria o projeto do canhao de campanha de calibre 155 mm , com as primeiras peças enviadas pelo Exército Britânico a França no início de 1916, sendo montados em transportadores com estrutura retangular, desenvolvidos anteriormente para o emprego com canhões do mesmo fabricante dos Modelos I e IV . No entanto o grau de elevação e por isso o alcance era bastante limitado por esta plataforma, levando ao desenvolvimento no mesmo ano, de um novo transportador que permitia um ângulo máximo de elevação de 22°. Empregado com sucesso na Batalha do Somme, o seu papel seria definido como "fogo anti-bateria" sendo bem-sucedido também na operação de destruição das vedações de arame farpado, e em disparos de longo alcance contra alvos em profundidade. O canhão de Vickers 155 mm modelo VII manteve-se em plena utilização até ao fim da Primeira Guerra Mundial, apesar de ter sido suplantado no campo de batalha pelo novo modelo Vickers MK XIX de mesmo calibre.   
Logo após o término deste conflito, grande parte da frota naval na Marinha Real Inglesa (Royal Navy) composta por navios mais antigos e considerados como obsoletos seria desmobilizada, para serem retirados do serviço ativo. Antes de serem encaminhados para o sucateamento, estes grandes vasos de guerras tiveram todos seu armamento retirado, com os equipamentos mais importantes sendo armazenados para possível uso posterior, entre estes um grande número de canhões  Vickers Armstrong 152,4 mm dos modelos MK VII e MK VIII. Estas peças teriam uma nova vida agora sendo empregadas como canhões de artilharia de costa, sendo direcionadas a guarnecer diversos pontos estratégicos do litoral do vasto império colonial britânico. Um considerável número destes grandes canhões seria ainda fornecido aos governos de Portugal e Espanha, a fim serem empregados nesta mesma finalidade. Salientando que os canhoes Vickers MK VII portugueses, só seriam desativados no ano de 1998, quando foi encerrada a divisão de artilhara de costa.  O último modelo desta família a ser produzido em larga escala seria o Vickers-Armstrong Modelo XIX – BL 6”, modelo que teve seu desenvolvimento iniciado no ano de 2015, e objetivava criar uma peça de artilharia mais leve e de maior alcance que seus antecessores ainda em serviço com os Modelos MK VII e MK VIII. Diferente dos modelos anteriores, esta evolução seria concebida desde o início, visando seu emprego como arma de artilharia de campo, sendo montado em um transportador mais moderno dotado com o sistema de recuo hidro-pneumático. Este conjunto inicialmente apresentava rodas raiadas em metal, sendo posteriormente equipado com sistema de pneus (do mesmo tipo utilizado pelo obuseiro MK VI de calibre de 203 mm), proporcionando grande mobilidade a arma. As plataformas de transporte apresentavam uma abertura atrás da culatra para permitir atingir altos ângulos de elevação. Devido ao peso bruto total deste conjunto, o canhão Vickers-Armstrong Modelo XIX, não podia ser tracionado por animais, sendo necessário o emprego de grandes tratores de artilharia. Este modelo mantinha ainda o sistema de carga pela culatra interrompida com projetis de diversos emprego em conjunto cargas ensacadas de cordite. Seu mecanismo de culatra era operado por meio de uma alavanca no lado direito da culatra. Ao puxar a alavanca para a parte traseira, o parafuso da culatra é automaticamente desbloqueado e balançado na posição de carregamento. Após o carregamento, um impulso da alavanca insere o parafuso da culatra e o transforma na posição bloqueada, permitindo assim o início da sequência de disparo. Sua produção teria início no ano de 2016, passando a atender as demandas do Exército Real (Royal Army).

Durante a Primeira Guerra Mundial seriam produzidos trezentos e dez canhões Vickers-Armstrong Modelo XIX, que teriam emprego em todos os fronts deste conflito, substituindo gradativamente nesta função até o final da guerra o Modelo VII. Neste mesmo período estes canhoes seriam empregados pelo Exército dos Estados Unidos (US Army), pois quando do envolvimento deste país no conflito, sua arma de artilharia carecia armas pesadas de longo alcance. Visando suprir esta demanda emergencial seria celebrado um acordo para a produção de cem peça customizadas as necessidades norte-americanas, recebendo a designação de Vickers M-1917 de calibre 152,4 mm. Infelizmente a alta demanda do fabricante inglês no atendimento as necessidades do Exército Real (Royal Army) atrasariam consideravelmente o cronograma original de produção, com estes canhões sendo entregues somente no início do mês de março de 1920, bem após o término do conflito.  Desta maneira os cem Vickers M-1917 após serem entregues seriam destinados a duas companhias de artilharia baseadas na costa oeste dos Estados Unidos. A partir do ano de 1933, a escassez de munição britânica de 152,4 mm nos paióis do Exército dos Estados Unidos (US Army), levaria a decisão de ser armazenar como reserva estratégica noventa e nove canhoes remanescentes, juntamente com cinquenta e um tubos. Anteriormente, porém, em 1927 após sofrer impactos financeiros de grande monta devido a problemas de gestão, a companhia para sobreviver seria forçada a se fundir com a empresa de engenharia Sir W G Armstrong Whitworth & Company , um de seus principais concorrentes neste segmento. Nasceria assim a Vickers Armstrongs Ltd.  A sinergia entre os departamentos de engenharia causada por esta união, resultaria em um excelente portfólio, levando esta nova companhia a conquistar entre as décadas de 1930 e 1940, a posição de terceiro maior empregador do segmento industrial na Grã -Bretanha. Neste contexto passaria a ser considerado também um dos maiores fornecedores de equipamentos militares no continente europeu, atuando deste a produção de armas leves, peças de artilharia de campanha, navios, submarinos, carros de combate e aeronaves.  O eclodir da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939 com a invasão alemã a Polônia levaria os canhoes Vickers-Armstrong Modelo XIX a retornar ao serviço ativo em um cenário de conflagração real.  Três baterias de artilharia de campanha do Exército Real (Royal Army) ainda estavam equipadas com este modelo de canhão, e seriam destacadas compor a arma de artilharia da Força Expedicionária Britânica (BEF) que seria enviada para a campanha da França em 1940. 
Pelo menos mais cento e dez canhões deste modelo seriam operados pelo Exército Real (Royal Army), compondo o sistema de defesa de costa britânica, se mantendo em alerta frente a possível ameaça de invasão alemã. Estes seriam substituídos em fins do ano de 1941 pelos canhões norte-americanos M-1 de 155 mm. Já nos Estados Unidos os canhões Vickers M-1917 de calibre 152,4 mm, que se encontravam armazenados, seriam descarregados, sendo substituídos pelos novos obuseiros M-1 de 155 mm. Durante a Segunda Guerra Mundial um pequeno número destes canhões seria cedido a Marinha Real (Royal Navy), a fim de serem instalados em navios mercantes e militares de transporte de tropas, para fazer frente a ameaça aos navios "corsários" da Marinha Alemã (Kriegsmarine). Estes canhoes seriam utilizados em diversas ocasiões de enfrentamento real, com destaque para o HMS Rawalpindi que entrou em combate contra os cruzadores alemães Scharnhorst e Gneisenau no dia 03 de novembro de 1939. Já o HMS Jervis Bay se sacrificaria em novembro de 1940, durante um combate contra o cruzador pesado Admiral Scheer armado com imponentes canhões de 280 mm, salvando o comboio que este escoltava. O término da Segunda Guerra Mundial levaria a desativação de todos os canhões de campanha e navais desta família, se mantendo em serviço apenas os canhões de artilharia de costa, que seguiriam em operação até o final da década de 1950, quando o processo de desmantelamento do Império Colonial britânico foi concluído.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Os canhões produzidos pela empresa inglesa Armstrong Whitworth Ltd passariam a servir as Forças Armadas Brasileiras a partir do ano de 1872, quando a Marinha do Brasil imbuída em um amplo processo de modernização de sua artilharia, procederia a aquisição de um razoável número de peças para o emprego como artilharia de costa junto a seus fortes espalhados pelo litoral do país.  Em um esforço de colaboração pelo menos dez destes canhoes, neste contexto acabariam sendo cedidos ao Exército Brasileiro, incluindo modelo de calibre de 280 mm. Desta maneira em fins deste século,  maior parte da artilharia de costa do país, passaria a ser equipada com modernos canhões produzidos por este fabricante inglês e pela empresa alemã Friedrich Krupp AG, com estes equipamentos de defesa de costa, se mantendo em serviço até o final da década de 1920. A partir de meados da década seguinte, o escalar das tensões entre a Alemanha e os demais países da Europa, passariam a gerar um estado de atenção em todos os governos mundiais, entre estes o Brasil. Neste momento pesava como preocupação sobre os comandantes militares brasileiros, possível posição estratégica do país em um provável conflito de grande escala, principalmente por ser um potencial fornecedor de matérias primas de primeira importância para qualquer esforço de guerra. Desta maneira se fazia necessário prover um mínimo de proteção adequadas a seus principais portos espalhados pelo sem amplo litoral, este processo se daria principalmente pela implementação de um grande programa de modernização de sua estrutura de  artilharia de costa, que até então ainda era composta por canhões obsoletos ingleses, franceses e alemães, dispostos nos calibres de 150 mm, 280 mm e 305 mm. Neste momento o pais seria envolvido em um processo de aproximação com o governo norte-americano do  Presidente Franklin Delano Roosevelt, que apresentava com principal objetivo estender sua influência conquistando assim a confiança do governo brasileiro. Esta movimentação inicialmente visava facilitar o processo de cessão de áreas no Nordeste do país, visando a construção e estabelecimento de bases áreas e navais para proteção e operação de portos, nestas regiões .  Isto se dava, pois esta região representava para translado aéreo, o ponto mais próximo entre o continente americano e africano, assim a costa brasileira seria fundamental no envio de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves para emprego em um hipotético futuro teatro de operações no continente europeu. 

O avançar destas negociações logo iram resultar em positivas expectativas que iriam culminar no apoio do governo norte-americano ao estabelecimento da indústria siderúrgica nacional, e também nas primeiras intenções em se prover uma ampla modernização das forças armadas brasileiras. Entre as soluções práticas se daria um primeiro movimento no processo de reformulação da artilharia de costa do Exército Brasileiro, mediante a decisão de cessão de noventa e nove canhões Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX), a partir do segundo semestre de 1939. Estes armas pertencentes ao Exército dos Estados Unidos (US Army), apesar de terem sido produzidas no ano de 1920, se encontravam em perfeito estado de conservação, pois tiveram pouco emprego prático, sendo armazenados como reserva estratégica deste o ano de de 1933 devido à escassez de munição inglesa de calibre 152,4 mm. Não existem registros oficias sobre o possível recebimento no Brasil dos cinquenta um  tubos de reposição do canhão que faziam parte do pacote original que fora armazenado  juntamente com estas peças de artilharia. O recebimento dos canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) seria iniciado em outubro de 1940, com os trabalhos de treinamento logo sendo implementados. Este acordo previa ainda apoio técnico norte-americano visando a produção local da munição de 152,4 mm, que em muito se assemelhava aos seus projeteis de calibre de 155 mm.  O proposito inicial de seu emprego após o intensificar do conflito na Europa, levaria ao comando do Exército Brasileiro a direcionar estes "novos" canhões de artilharia de costa, para assim equipar os fortes militares localizados próximos aos principais portos comerciais do país. Estas baterias seriam empregadas em estado de alerta constante, permitindo assim guarnecer o tráfego e o acesso aos portos estratégicos brasileiros. Neste momento estas peças de artilharia passariam a substituir gradualmente os antigos canhões alemães Krupp 150 mm L/50 recebidos entre 1901 e 1902, complementando ainda as armas francesas Schneider-Canet de 150mm recebidos na década de 1920. Os Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX), apresentariam sobre seus antecessores como principal evolução, seu maior alcance operacional, chegando a 18.400 metros, contemplando ainda uma excelente cadência de três tiros por minuto, superando em muito as peças em uso até então que atingiam no máximo 9.000 metros. 
Esta iniciativa de proteção das regiões portuárias iria gerar a partir de 1942 a criação de novas unidades operacionais dedicadas a esta tarefa, entre estes o 6º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (6º GACosM), e o 8º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (8º GACosM), reforçando os já  “Grupos de Artilharia de Costa”, que operavam junto aos fortes militares dispostos no litoral sul do Estado de São Paulo. Diferente dos canhões de grande calibre existentes no Exército Brasileiro, os novos Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) podiam ser deslocados para diversos pontos da costa, trazendo assim uma nova capacidade defensiva, ampliando seu raio de operação. Porém, no entanto este equipamento ainda enfrentava certa limitação em suas operações de deslocamento, devido principalmente a seus transportadores ainda estarem equipados com rodas de aço, o que prejudicava sensivelmente sua velocidade ao ser tracionado, principalmente em estradas de terra ou ainda em vias pavimentadas com paralelepípedos (muito comuns naquele período). A fim de se atender a esta demanda uma comissão técnica do Exército dos Estados Unidos no início do ano de 1941, capacitaria a empresa carioca Sociedade Industrial Santa Mathilde Ltda, a implementar um programa de conversão dos transportadores originais, passando a equipá-los com um conjunto de rodas padrão e pneus de borracha. Este processo permitiria que os canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) serem tracionados em velocidades mais elevadas em qualquer tipo de movimento. Este programa também abrangeria uma adaptação na base do transportador de uma plataforma circular com um eixo central de apoio, de forma que a peça pudesse ser girada 360º, equiparando assim sua funcionalidade de se posicionar com rapidez para assim disparar em todos os ângulos, se equiparando aos canhões fixos de artilharia de costa. Tao logo estas peças de artilharia retornassem a seus grupamentos, passariam a ser tracionados com grande eficiência pelos tratores sobre rodas Minneapolis Moonline GTX-147 6X6, recebidos em meados do ano de 1941. Neste período dois destes canhões seriam transferidos para atuar junto a Escola de Artilharia de Costa (EAC) baseada no Rio de Janeiro, onde seriam empregados até o final do ano de 1944 no Curso de Emergência de Oficiais de Artilharia de 1ª Linha, visando a formação de pessoal para emprego em suas unidades de defesa de costa. 

Durante toda a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial os “Grupos Móveis de Artilharia de Costa” sem mantiveram em alerta, atuando em missões de prontidão, não só em suas sedes no estado de São Paulo, mas também se desdobrando em tarefas de treinamento e emprego operacional nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Já os os efetivos pertencentes ao 7º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (7ºGACosM), baseados no Rio Grande do Sul, seriam constantemente desdobrados nos demais estados da região sul do pais. Nestes deslocamentos rodoviários de longa distância os canhoes Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX) seriam tracionados pelos pesados caminhões Diamond T968 & T969 6X6 e Corbitt - US White Cargo, desenvolvendo velocidades superiores aos lentos tratores de artilharia Minneapolis Moonline GTX-147 6X6. Canhões deste modelo sem a modificação de seus transportadores, seriam mobilizados para o emprego na defesa costeira do arquipélago de Fernando de Noronha, operando junto ao 1º Grupo Independente de Artilharia (1º GIA) equipado também com os modelos Krupp Flak 88 mm C/56 Modelo 18, onde seriam tracionados também pelo veículos meia lagarta alemães  Sd.Kfz. 7. Posteriormente este grupo seria transferido para a cidade de Niterói no Rio de Janeiro, porém quatro canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) seriam mantidos para operações de defesa do arquipélago. O término do conflito em maio de 1945 não alteraria a rotina operacional dos canhões ingleses, com estes se mantendo em intensa operação em suas bases originais. Seriam realizadas também diversas de missões de desdobramento de grande escala, como o grande aquartelamento do 8º Grupo Móvel de Artilharia de Costa (8º GACosM), realizado nas praias do Leblon e na Fortaleza de Santa Cruz no Rio de Janeiro durante o ano de 1946. A partir de agosto de 1949 os tratores de artilharia Minneapolis Moonline GTX-147 6X6 passariam a ser substituídos pelos novos M-4 High Speed Tractor, com estes assumindo a missão de tracionar os canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX), resultando em uma significativa melhora na eficiência do processo de movimentação destas pesadas peças de artilharia. 
Durante as décadas seguintes os canhões Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) se mantiveram na missão de defesa e artilharia de costa, realizando esta tarefa com grande proficiência e prontidão, mantendo altos índices de operacionalidade. Apesar do recebimento de sistemas de artilharia mais modernos de origem norte-americana como o obuseiro M-1 de 155 mm, os canhões ingleses seriam mantidos como principal arma a ser empregada na missão de artilharia de costa. Nos anos que se seguiriam receberiam esmerada manutenção e modernização,  envolvendo sistemas de orientação de tiro. No entanto o rápido avançar da tecnologia  empregada no desenvolvimento de foguetes e misseis destinados as tarefas de saturação de área, logo iria lograr a  obsolescência os sistemas de canhões para o emprego nas tarefas de artilharia para defesa de costa. No início da década de 1990, os canhões remanescentes deste modelo ainda se encontravam em operação junto ao  6° Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM), 8° Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (8º GACosM) e ao 10º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (10º GACosM). E seria decido que estes grupos seriam os primeiros a incorporar o Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área - Astros II produzido pela empresa brasileira Avibras Indústria Aerospacial S/A. Desta maneira grada grupo receberia inicialmente uma bateria deste sistema, com este processo sendo implementado de forma gradual até  fins do ano de 1994 quando o último canhão Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) sendo retirado do serviço ativo no Exército Brasileiro. Diversas peças seriam preservadas, sendo mantidos em unidades ou museus militares.


Em Escala.
Para representarmos o obuseiro Vickers-Armstrong M-1917 (Mark XIX) fizemos uso de um inovador kit em resina com impressão 3D produzido artesanalmente. Modelo que surpreende pelo nível de detalhes, sendo desenvolvido especificadamente para representar os canhões desta família operados pelo Exército Brasileiro, não sendo assim necessário proceder nenhuma alteração durante sua montagem.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os canhões Vickers-Armstrong M-1971 (Mark XIX) desde o seu recebimento no ano de 1940. Este padrão se manteria inalterado até sua desativação no ano de 1994. Fizemos usos de tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.


 Bibliografia:  
-  Vickers-Armstrong  Limited - https://en.wikipedia.org/wiki/Vickers-Armstrongs
- Canhão Vickers Armstrong 152,4 mm  VII/VIII - https://pt.wikipedia.org/wiki/Canh%C3%A3o_152,4_mm_modelo_VII/VIII
- A Evolução da Artilharia – Victor H. Mori & Adler Homero Fonseca de Castro
- Veteranos da Artilharia de Costa – Facebook.
- Artilharia de Campanha no Exército Brasileiro – Cezar Carriel Benetti - http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/ACEB.pdf

Opel Blitz II Comercial (TNE Carga)


História e Desenvolvimento
Fundada em 21 de janeiro de 1862, por Adam Opel, na cidade de Rüsselsheim, no estado de Hesse, Alemanha, a Opel Automobile GmbH, conhecida simplesmente como Opel, nasceu com a missão de fabricar máquinas de costura para uso doméstico e industrial. O que começou como uma modesta iniciativa em um pequeno município alemão logo se transformaria em uma história de inovação, superação e excelência, que levaria a Opel a se tornar uma das maiores montadoras da Europa. Nos primeiros anos, a Opel concentrou-se na produção de máquinas de costura, alcançando um marco impressionante entre 1863 e 1911, com a fabricação e venda de um milhão de unidades. Durante esse período, a empresa também diversificou sua produção, incorporando bicicletas ao seu portfólio. Contudo, por volta de 1900, tornou-se evidente que o futuro da Opel não residiria no mercado de máquinas de costura, onde a produção alemã superava as possibilidades de vendas globais. Esse momento de reflexão marcou o início de uma ousada transição para o setor automotivo, uma decisão que redefiniria o legado da empresa. Em 1898, a Opel deu seus primeiros passos no mundo dos automóveis, iniciando o projeto e desenvolvimento de seus primeiros modelos de carros de passeio. Em 1899, a empresa lançou seu primeiro veículo, produzido na fábrica de Rüsselsheim. Apesar da ambição, o modelo inicial enfrentou desafios comerciais, com menos de cem unidades vendidas, refletindo a cautela do mercado em relação a uma marca ainda nova no setor automotivo. No entanto, a determinação da Opel em inovar abriu novas portas. Em 1901, a empresa firmou um acordo de licenciamento com a montadora francesa Automobiles Darracq France, iniciando a produção local de veículos sob a marca Opel-Darracq. Esses carros combinavam carrocerias alemãs com chassis franceses, equipados com motores rudimentares de dois cilindros. A parceria proporcionou uma valiosa troca de experiências, capacitando a Opel a desenvolver seu primeiro modelo original, apresentado ao público na edição de 1902 do Salão do Automóvel de Hamburgo. A produção em série desse modelo começou em 1906, marcando o início de uma nova era para a empresa. O sucesso comercial levou à dissolução da parceria com a Darracq em 1907, encerrando a marca Opel-Darracq e consolidando a independência da Opel no mercado automotivo. Em 1909, a Opel lançou o modelo 4/8 PS, carinhosamente conhecido como Doktorwagen (“Carro do Médico”). Esse veículo conquistou a admiração de profissionais, especialmente médicos, que precisavam percorrer longas distâncias em áreas rurais onde estradas pavimentadas eram raras. Com sua robustez e confiabilidade, o Doktorwagen tornou-se um símbolo de acessibilidade, sendo vendido por apenas 3.950 marcos alemães – cerca da metade do preço dos modelos de luxo da época. Essa inovação democratizou o acesso ao automóvel, aproximando a tecnologia da Opel das necessidades do cotidiano. 

Um revés significativo ocorreu em 1911, quando um incêndio devastou a fábrica de Rüsselsheim. Longe de se deixar abater, a Opel transformou a adversidade em oportunidade, reconstruindo uma nova instalação com máquinas e ferramentas modernas. Esse investimento em infraestrutura marcou um ponto de inflexão, impulsionando a empresa a novos patamares. Em 1913, a Opel Automobile GmbH consolidou-se como a maior montadora da Alemanha e uma das líderes na Europa, um testemunho de sua visão, resiliência e compromisso com a excelência. Com a entrada da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, a Opel, como outras indústrias do país, teve sua produção reorientada para suprir as necessidades das forças armadas. A fábrica em Rüsselsheim, modernizada após um incêndio devastador em 1911, estava equipada com maquinaria avançada, o que a posicionava como um ativo estratégico para o esforço de guerra. A empresa focou na fabricação de caminhões, essenciais para o transporte de tropas, suprimentos e equipamentos em um conflito marcado por frentes de batalha extensas e condições adversas. Um dos principais produtos da Opel durante o período foi um caminhão de três toneladas, projetado para atender às exigências logísticas do exército alemão. Pela primeira vez, a empresa adotou a padronização de peças, permitindo que componentes de um veículo fossem utilizados para reparar outro, uma inovação que aumentou a eficiência na manutenção em campo. Essa abordagem refletia não apenas a capacidade técnica da Opel, mas também sua adaptação às realidades da guerra, onde a rapidez na reparação de veículos era crucial para manter as operações militares. A mobilização para a guerra trouxe desafios significativos para a Opel. Cerca de 2.500 trabalhadores da empresa – uma parte substancial de sua força de trabalho – foram convocados para o serviço militar, deixando a fábrica com uma equipe reduzida. Para manter a produção, a Opel recorreu à mão de obra de mulheres e prisioneiros de guerra, uma prática comum na indústria alemã durante o conflito. Esses trabalhadores, muitos dos quais nunca haviam operado maquinaria industrial, foram essenciais para sustentar a linha de produção, enfrentando longas jornadas em um ambiente de incerteza e pressão. Sua dedicação, em meio às dificuldades impostas pela guerra, foi um testemunho do esforço coletivo para apoiar a nação em um momento crítico. A produção de caminhões pela Opel não apenas supriu as necessidades logísticas do exército, mas também simbolizou a resiliência de uma empresa que, em poucos anos, havia passado de máquinas de costura e bicicletas para um papel central na indústria automotiva. Os veículos fabricados em Rüsselsheim atravessaram campos de batalha, transportando suprimentos vitais e conectando linhas de frente, onde a mobilidade era muitas vezes a diferença entre o sucesso e o fracasso.
O término da Primeira Guerra Mundial, em novembro de 1918, marcou o início de um período desafiador para a Opel Automobile GmbH, então a maior montadora da Alemanha. Com a derrota do país e as imposições do Tratado de Versalhes, a indústria alemã enfrentou severas restrições, incluindo limitações na produção de bens estratégicos e uma economia abalada pela hiperinflação e pela crise social. Nesse contexto, a Opel, sediada em Rüsselsheim, demonstrou notável resiliência, reconstruindo suas operações e consolidando sua posição como uma força inovadora no setor automotivo europeu. Essa jornada de recuperação foi impulsionada pela determinação de seus trabalhadores e pela visão de seus líderes, que transformaram adversidades em oportunidades para um novo capítulo na história da empresa. Na década de 1920, a Opel lançou modelos que reforçaram sua reputação de inovação e acessibilidade. Um dos marcos foi o Opel 4/12 PS, conhecido como Laubfrosch (“rã verde”), introduzido em 1924. Inspirado em conceitos de produção em massa, esse carro compacto e econômico tornou-se um sucesso comercial, atraindo uma nova geração de consumidores que buscavam mobilidade acessível. O Laubfrosch foi um reflexo do compromisso da Opel em democratizar o automóvel, oferecendo um veículo confiável a um preço competitivo, em um momento em que a Alemanha lutava para se recuperar economicamente.  A empresa também investiu na modernização de suas instalações em Rüsselsheim, incorporando técnicas de produção inspiradas nos avanços da indústria americana, como a linha de montagem. Essa abordagem permitiu à Opel aumentar a eficiência e reduzir custos, consolidando sua posição como líder no mercado automotivo alemão. Em 1928, a Opel alcançou um feito notável, tornando-se a maior produtora de automóveis da Europa, com uma participação de mercado significativa e uma reputação de qualidade e inovação. Um marco crucial na trajetória pós-guerra da Opel foi sua aquisição pela General Motors (GM) em 1929. A parceria com a gigante americana trouxe recursos financeiros, acesso a novas tecnologias e uma visão estratégica que permitiram à Opel expandir suas operações e enfrentar a concorrência global. Sob a égide da GM, a Opel continuou a desenvolver veículos que combinavam engenharia alemã com inovações de produção em massa, mantendo sua identidade enquanto se adaptava às demandas de um mercado em rápida evolução. Essa colaboração também proporcionou estabilidade em um período de turbulência econômica, especialmente com a chegada da Grande Depressão. A Opel, apoiada pela GM, conseguiu manter suas operações e continuar inovando, lançando modelos como o Opel 1.2 Liter em 1931, que reforçava sua oferta de veículos econômicos e confiáveis para o público. Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu em 1939, a Opel Automobile GmbH, sediada em Rüsselsheim, Alemanha, era a maior montadora do país e uma das líderes da Europa, já sob o controle da General Motors (GM) desde 1929. Como uma das principais indústrias automotivas da Alemanha, a Opel foi rapidamente mobilizada para apoiar o esforço de guerra do regime nazista, redirecionando sua expertise em engenharia e produção para atender às demandas militares.  Com o início do conflito, a produção civil de automóveis foi suspensa, e as fábricas da Opel em Rüsselsheim e Brandeburgo foram reorientadas para a fabricação de veículos e equipamentos militares. A empresa concentrou-se na produção do Opel Blitz, um caminhão robusto que se tornou um pilar da logística militar alemã. 

Disponível em várias configurações, como transporte de tropas, ambulâncias e veículos de carga, o Opel Blitz era valorizado por sua confiabilidade e capacidade de operar em terrenos difíceis, desempenhando um papel crucial no transporte de suprimentos e pessoal nas frentes de batalha. Além do Blitz, a Opel produziu componentes para outros equipamentos militares, incluindo peças para aviões e tanques. A fábrica de Rüsselsheim, modernizada após o incêndio de 1911, e a planta de Brandeburgo, inaugurada em 1935, operavam em alta capacidade para atender às exigências do exército alemão. A empresa também fabricou o Opel Maultier, uma variante adaptada para terrenos extremos, com esteiras traseiras que melhoravam a tração em condições como neve e lama, especialmente na Frente Oriental. O término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, trouxe à Opel Automobile GmbH um cenário de desafios sem precedentes. A divisão da Alemanha colocou a fábrica de Brandeburgo, um dos principais centros de produção da empresa, na zona controlada pela União Soviética, além da Cortina de Ferro. As linhas de montagem remanescentes, ou o que sobrou delas, foram transferidas para o território soviético, onde passaram a produzir o Moskwitch, um veículo inspirado no popular Opel Kadett e em outros modelos pré-guerra. Em Rüsselsheim, coração industrial da Opel, 47% das instalações haviam sido devastadas pelos bombardeios aliados nos meses finais do conflito. Com determinação inabalável, a Opel, agora sob a gestão renovada da General Motors Corporation (GM), concentrou seus esforços na reconstrução da fábrica de Rüsselsheim. Esse processo foi marcado por dificuldades econômicas e logísticas, mas impulsionado pelo espírito resiliente de seus funcionários, muitos dos quais retornaram do conflito com o desejo de contribuir para a recuperação da Alemanha. Em 15 de julho de 1946, um marco histórico foi alcançado: o primeiro caminhão Opel Blitz do pós-guerra saiu da linha de produção, em uma cerimônia que contou com a presença do General Geoffrey Keyes, do Exército dos Estados Unidos (US Army), além de líderes locais e jornalistas. Esse momento simbolizou não apenas a retomada da produção, mas também a renovação da Opel como um pilar da indústria alemã. Nos primeiros anos do pós-guerra, a fábrica de Rüsselsheim diversificou sua produção, fabricando refrigeradores Frigidaire para atender às necessidades imediatas de um mercado em reconstrução. No entanto, o Opel Blitz permaneceu como o coração da identidade automotiva da empresa. Equipado com o confiável motor de seis cilindros a gasolina, originalmente utilizado na limusine militar Kapitän, o caminhão era sinônimo de durabilidade e funcionalidade, características essenciais em uma nação que demandava veículos robustos para reconstruir sua infraestrutura. No final da década de 1940, o departamento de projetos da Opel, sob a liderança da GM, começou a planejar um sucessor para o Opel Blitz, com o objetivo de atender à crescente demanda por caminhões e ônibus em uma Alemanha em recuperação. Lançado no final de 1951, o novo Blitz trouxe inovações modestas, mas significativas. O motor de seis cilindros em linha com válvulas laterais, embora considerado tecnologicamente ultrapassado, manteve-se como uma escolha confiável devido à sua robustez e funcionamento silencioso. Acoplado a uma caixa de câmbio de quatro velocidades, com a primeira marcha não sincronizada, e a uma tração traseira suspensa por molas multifolhas de desmultiplicação simples, o veículo foi projetado para atender às necessidades práticas do período. A inovação mais notável, embora discreta, foi a introdução de uma cabine monobloco em aço. Essa evolução substituiu as antigas carrocerias de chapa montadas sobre estruturas de madeira, que eram pesadas, frágeis e pouco rígidas. A nova cabine, mais leve e resistente, representou um avanço significativo em segurança e eficiência, refletindo o compromisso da Opel em adaptar-se às exigências de um mercado em transformação. Para os motoristas que conduziam o Blitz pelas estradas danificadas do pós-guerra, essa melhoria significava maior confiabilidade e conforto em suas jornadas diárias.
Na década de 1950, a Opel Automobile GmbH, sob a égide da General Motors, consolidou sua recuperação após os desafios do pós-Segunda Guerra Mundial, lançando o Opel Blitz II, um caminhão que combinava funcionalidade com um design moderno inspirado nos utilitários norte-americanos da Chevrolet. Com linhas que remetiam ao estilo aceito nos Estados Unidos, o Blitz II apresentava laterais pronunciadas, um capô arredondado com uma grade cromada de destaque, portas altas e um para-brisa chanfrado. Esses elementos conferiam ao veículo uma estética sofisticada, comparável aos modelos produzidos em cidades como Detroit e Chicago, tornando-o não apenas um utilitário, mas também um símbolo de inovação em uma Alemanha em reconstrução.  Como caminhão de tonelagem média, o Opel Blitz II ocupava um nicho semelhante ao do Citroën 23Ru no mercado francês, destacando-se por sua economia, confiabilidade e robustez. Ele se tornou o parceiro ideal de pedreiros, pequenos empresários da construção civil, criadores de gado, distribuidores de bebidas e fornecedores de combustível, que dependiam de sua versatilidade para enfrentar as demandas do dia a dia. Disponível em diversas configurações de carroceria, o Blitz II era onipresente, adaptando-se a diferentes necessidades com a mesma determinação que impulsionava a recuperação econômica do país. Em 1960, a terceira geração do Opel Blitz foi apresentada no Salão do Automóvel de Frankfurt, marcando um novo capítulo na evolução do veículo. A cabine semiavançada, inspirada nos furgões de entrega de leite norte-americanos, trouxe um design ainda mais moderno, com um capô curto inclinado, um amplo para-brisa panorâmico e um raio de giro reduzido que garantia excepcional manobrabilidade em ambientes urbanos. Essa configuração foi pensada para facilitar o trabalho de motoristas em cidades movimentadas, onde a agilidade era essencial. A Opel ofereceu uma gama de opções personalizáveis, quase “à la carte”, permitindo que os clientes escolhessem entre diferentes configurações de portas – batente ou corrediça para o motorista, lateral de batente único ou engastada, e traseira em uma ou duas partes, incluindo portas do tipo armário. A alavanca de câmbio, agora posicionada sob o volante, trouxe maior conforto ao motorista, simplificando o trabalho de distribuição e transporte urbano. O motor a gasolina General Motors de seis cilindros, com 2.695 cm³ e 70 cv a 3.600 rpm – o mesmo utilizado nos sedãs de luxo da marca –, oferecia um equilíbrio entre leveza e torque, embora seu consumo elevado fosse uma limitação em comparação com os motores a diesel, um mercado dominado pela Mercedes-Benz. Em maio de 1965, a Opel lançou a quarta geração do Blitz, respondendo às demandas do mercado com a introdução de uma opção de motor a diesel. Os clientes podiam escolher entre o motor a gasolina de seis cilindros, agora com 80 cv, ou o motor diesel XPD-90 de 2.100 cm³ e 60 cv, produzido pela Indenor (Grupo Peugeot). Embora menos potente, o motor diesel destacava-se por sua alta confiabilidade e baixo consumo, oferecendo economia significativa para os usuários diários. Essa inovação posicionou o Blitz como uma opção mais competitiva em mercados de exportação, onde a ausência de motores a diesel havia sido uma desvantagem. A partir de 1970, a última versão do Opel Blitz incorporou uma caixa de câmbio sincronizada de cinco marchas, permitindo melhor aproveitamento da potência do motor diesel. Produzido até 1975, o Blitz continuou a ser um símbolo de confiabilidade, atendendo às necessidades de trabalhadores que viam no veículo um parceiro indispensável para suas atividades. Em 1975, seu sucessor, desenvolvido pela Bedford, uma subsidiária britânica da General Motors, assumiu o nome Blitz e continuou a ser produzido na fábrica alemã, mantendo o legado de versatilidade e inovação.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, marcou um ponto de inflexão na história militar global, consolidando o uso de veículos automotores como uma visão de futuro para os exércitos do mundo. No Brasil, essa transformação não passou despercebida. A jovem oficialidade do Exército Brasileiro, imbuída de um espírito de modernização, viu nos veículos motorizados uma oportunidade de fortalecer as capacidades operacionais, um fascínio compartilhado pelas Forças Públicas, hoje conhecidas como polícias militares. Esse movimento representou não apenas um avanço técnico, mas também um símbolo de progresso, conectando a determinação dos militares à promessa de um país em busca de inovação. No início da década de 1920, o Exército Brasileiro incorporou seus primeiros veículos automotores, com destaque para os caminhões Ford Modelo T. A escolha não foi casual: a Ford Motor Company, primeira montadora a se estabelecer no Brasil em 1919, trouxe consigo a produção em larga escala, tornando seus veículos acessíveis e amplamente disponíveis. Montados no país pelo sistema CKD (completely knocked down), no qual componentes eram importados e montados localmente, esses veículos eram, em essência, modelos civis adaptados para uso militar. Apesar de sua simplicidade, os Ford T representaram um marco, oferecendo mobilidade e versatilidade em um contexto onde cavalos e carroças ainda predominavam. A Ford não estava sozinha no mercado brasileiro. Ao seu lado, competiam montadoras norte-americanas e europeias, com destaque para a General Motors, conhecida no Brasil como Chevrolet. A Chevrolet rapidamente conquistou a liderança no segmento de caminhões e utilitários, graças à sua robustez e à capacidade de atender às demandas de um país em desenvolvimento. Esses veículos, inicialmente projetados para o mercado civil, foram adaptados para funções militares, pavimentando o caminho para uma nova era na logística do Exército Brasileiro. Em 1923, o Exército Brasileiro deu um passo significativo rumo à modernização com a criação do Serviço Central de Transportes (SCT), sediado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Equipado com diversos modelos de caminhões e veículos adaptados para uso militar, o SCT foi uma iniciativa pioneira para a época. Os veículos eram adquiridos diretamente dos fabricantes, geralmente compostos apenas pelo chassi, motor e parte dianteira, sendo posteriormente customizados para atender às necessidades específicas do Exército. A unidade contava com um parque próprio para montagem e manutenção, uma estrutura impressionante que refletia o compromisso com a autonomia e a eficiência operacional. Esse processo de adaptação exigia não apenas habilidade técnica, mas também a dedicação de militares e trabalhadores que transformavam chassis básicos em veículos prontos para missões variadas. O SCT tornou-se um símbolo da capacidade do Exército Brasileiro de inovar, preparando o terreno para o uso crescente de veículos motorizados em operações militares.

A primeira grande demonstração do potencial dos veículos automotores no Exército Brasileiro ocorreu durante a Revolução de 1924, particularmente na frente do Paraná. Sob o comando do General Cândido Mariano da Silva Rondon, um líder visionário, diversos veículos – tanto civis quanto militares – foram empregados em funções estratégicas. De ambulâncias que transportavam feridos, garantindo cuidados médicos em meio ao conflito, a pequenos caminhões que moviam tropas rapidamente, esses veículos provaram sua importância em um cenário de combate. A mobilidade proporcionada pelos automotores não apenas aumentou a eficiência operacional, mas também trouxe um novo nível de agilidade às forças brasileiras, marcando um divisor de águas na história militar do país. Para os soldados que operavam esses veículos e para os feridos que dependiam de sua chegada, os caminhões representavam mais do que máquinas – eram instrumentos de esperança e sobrevivência. O General Rondon, com sua visão estratégica, reconheceu o valor dessa tecnologia, utilizando-a para fortalecer a capacidade de resposta de suas tropas e consolidar o papel dos veículos no futuro do Exército Brasileiro. Na década de 1930, o Exército Brasileiro consolidou sua trajetória de modernização, incorporando uma ampla gama de veículos militares e militarizados, tanto sobre rodas quanto sobre lagartas, provenientes de marcas renomadas como Ford, Chevrolet, Dodge, International, Thornycroft, Commer, Somua, Henschel e Krupp. Essa diversidade refletia a busca por soluções que atendessem às crescentes demandas logísticas e operacionais de uma força armada em transformação. Contudo, em meio à multiplicidade de fornecedores, emergiu uma preferência clara por caminhões leves e médios produzidos ou montados localmente, utilizando o sistema completely knocked down (CKD), no qual componentes importados eram montados no Brasil. Essa abordagem não apenas fortalecia a indústria nacional, mas também garantia maior acessibilidade e manutenção dos veículos, fundamentais para as operações militares. Em 27 de setembro de 1937, o Exército Brasileiro formalizou sua estratégia de aquisição de veículos por meio do “Aviso 658”, uma normativa que estipulava a compra exclusiva de modelos fabricados por quatro montadoras: Ford Motor Company, General Motors Corporation (Chevrolet), Dodge Motor Company e Commer Motors. Essa decisão visava padronizar a frota, reduzindo custos de manutenção e simplificando a logística de suprimentos. A medida refletia o compromisso com a eficiência operacional, mas também a visão de uma instituição que reconhecia a importância de alinhar-se às capacidades industriais disponíveis no país. Nesse contexto, a General Motors Corporation, popularmente conhecida no Brasil como Chevrolet, começou a ganhar destaque nas fileiras do Exército Brasileiro, rivalizando em igualdade com a Ford do Brasil S/A. A preferência por essas marcas era impulsionada não apenas pela qualidade de seus veículos, mas também pela infraestrutura de montagem e suporte que ambas ofereciam no Brasil, garantindo prontidão e confiabilidade em um cenário de recursos limitados.
Entre os primeiros veículos da nova geração adquiridos pelo Exército estavam os caminhões leves Chevrolet Modelos 112 e 137, apelidados de Tigre e Comercial. Esses modelos, robustos para a época, conquistaram espaço devido à sua versatilidade e à capacidade de operar em diferentes condições. Outro veículo amplamente adotado foi a picape Chevrolet 1941, disponível em versões com cabine aberta, ideal para o transporte de pessoal, ou cabine fechada, voltada para cargas. Apesar de sua popularidade, esses modelos apresentavam limitações em termos de capacidade de carga, não atendendo plenamente às necessidades operacionais do Exército Brasileiro, que exigia veículos mais robustos para suportar as demandas de transporte militar. A solução para esse desafio veio com a introdução do Chevrolet 157 Gigante 937, um caminhão com capacidade de transporte de 1,5 tonelada. Esse modelo representou um avanço significativo em relação aos seus predecessores, oferecendo maior robustez e eficiência. Para os militares que dependiam desses veículos em missões de transporte de tropas, suprimentos ou equipamentos, o Gigante era mais do que um caminhão – era um aliado confiável, capaz de enfrentar as estradas precárias e os desafios logísticos de um país em desenvolvimento. A adesão do Brasil ao programa Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) em 1941 marcou um momento decisivo para as Forças Armadas Brasileiras, particularmente para o Exército Brasileiro. Por meio desse acordo, o país recebeu milhares de caminhões militares com tração 6x6 e 4x4, incluindo centenas de modelos fabricados pela General Motors Corporation, como os GMC G7106, G7107, G-617M, G-506, G-085 M-6 e G-620, além de veículos produzidos pela Ford e Dodge. Esses caminhões representaram um salto significativo na capacidade de mobilização das forças brasileiras, permitindo que os antigos Chevrolet 157 Gigante 937, já obsoletos para as demandas táticas, fossem realocados para funções administrativas e de apoio secundário. Para os militares que operavam esses novos veículos, eles eram mais do que máquinas – eram instrumentos de prontidão e soberania, fortalecendo a presença do Exército em um período de tensões globais. Com o término da Segunda Guerra Mundial em 1945, o Exército Brasileiro enfrentou a necessidade de redefinir suas prioridades. A experiência adquirida durante o conflito, incluindo a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, destacou a importância da mobilidade e da logística eficiente. Nesse contexto, foi iniciado um movimento de profunda reorganização da frota de caminhões de transporte, com um novo foco em missões de transporte leve voltadas para a integração territorial do Brasil. Essas missões, essenciais para conectar regiões remotas e consolidar a presença militar no vasto território nacional, demandavam veículos com tração 4x4, que ofereciam o melhor equilíbrio entre custo, benefício e versatilidade.

No entanto, no início da década de 1950, grande parte da frota de caminhões militares  de pequeno porte recebida durante a guerra estava comprometida ou fora de serviço. A dificuldade de acesso a peças de reposição, agravada pelas limitações logísticas do pós-guerra, reduziu significativamente a operacionalidade desses veículos. A aquisição de novos caminhões militares importados, embora desejável, foi descartada devido a restrições orçamentárias. Diante desse desafio, o Exército Brasileiro optou por uma solução pragmática: a compra de caminhões comerciais, que combinavam menor custo de operação e manutenção com a robustez necessária para atender às demandas militares. Nesse cenário, a General Motors do Brasil S/A emergiu como uma parceira estratégica. Na década de 1950, a empresa experimentava um crescimento acelerado no mercado civil de caminhões e utilitários, consolidando sua liderança graças à qualidade de seus produtos e à escala de produção. Essa posição permitia à General Motors oferecer preços competitivos e condições vantajosas, especialmente em sua linha de caminhões leves e médios, que se mostravam ideais para as necessidades do Exército Brasileiro. A confiabilidade dos veículos Chevrolet, já testada no mercado civil, inspirava confiança nos militares, que viam nesses caminhões uma solução prática para superar os desafios logísticos do período. Nesse contexto, o governo brasileiro abriu uma concorrência para a aquisição de um grande lote de caminhões comerciais com tração 4x2, visando substituir a frota combalida e atender às demandas de transporte leve em missões de integração territorial e apoio logístico. A concorrência atraiu propostas de três grandes montadoras estabelecidas no Brasil: Ford Motor Company Brasil Ltda, Dodge Motors do Brasil S/A e General Motors do Brasil S/A. A General Motors destacou-se ao oferecer o Opel Blitz II, um caminhão de porte médio que já era amplamente reconhecido no mercado civil como uma ferramenta profissional indispensável. Compacto, mas com boa capacidade de carga, o Blitz II era o favorito de profissionais autônomos e pequenas empresas do setor de construção, transporte e distribuição, que valorizavam sua robustez sem os elevados custos operacionais associados a veículos maiores. Sua versatilidade e confiabilidade também o tornavam uma escolha consolidada em governos estaduais, onde era empregado pelos Corpos de Bombeiros como veículo de intervenção rápida. A proposta da General Motors trouxe uma vantagem competitiva decisiva: o Opel Blitz II era oferecido a um preço extremamente acessível, combinado com níveis comprovados de durabilidade e eficiência. Essa combinação de custo-benefício, aliada à reputação do veículo no mercado civil, posicionou o Blitz II como a solução ideal para as necessidades do Exército Brasileiro. Para os militares responsáveis pela escolha, o caminhão representava mais do que um veículo – era uma promessa de renovação, capaz de atender às exigências logísticas com praticidade e economia.
Após uma avaliação rigorosa, o Opel Blitz II foi declarado vencedor da concorrência, marcando um marco significativo na modernização do Exército Brasileiro. Em meados de 1951, o Ministério do Exército formalizou um contrato com a General Motors do Brasil para a aquisição inicial de pelo menos 300 caminhões. Por se tratar da versão comercial básica, sem adaptações específicas para uso militar, as entregas foram iniciadas imediatamente, com os primeiros veículos chegando às unidades operativas ainda no mesmo ano. Essa rapidez na implementação refletiu a eficiência da General Motors e a urgência do Exército em revitalizar sua frota. Neste período, a incorporação de uma nova frota de caminhões Opel Blitz II ao Exército Brasileiro marcou um passo significativo na modernização de suas unidades, especialmente os Regimentos de Cavalaria, que, a partir de 1969, seriam redesignados como Regimentos de Cavalaria Mecanizados, refletindo a extinção definitiva da tração hipomóvel no Brasil. Em serviço receberiam as designações de  "TNE Auto Caminhão Carga 4x2" e TNE Caminhão Carga 1/ ¾ Ton 4x2.  Concentrados principalmente nas regiões Sul e Sudeste, esse processo de mecanização representou não apenas uma evolução tecnológica, mas também um símbolo de progresso, conectando a determinação dos militares à missão de fortalecer a mobilidade e a eficiência operacional em um país de vastas dimensões.  Apesar de sua robustez e versatilidade, a capacidade de transporte do Blitz II era limitada devido ao seu porte médio, permitindo o carregamento de apenas seis soldados de infantaria totalmente equipados ou equipes de apoio com armamentos pesados, como morteiros de 81 mm, metralhadoras Browning M-2 calibre .50 de fabricação norte-americana ou as antigas metralhadoras dinamarquesas Madsen 7 mm montadas em tripé. Mesmo com essa restrição, o Blitz II provou ser um aliado confiável, demonstrando notável desempenho em terrenos variados e consolidando sua reputação como um veículo resistente e adaptável. A versatilidade do Opel Blitz II brilhou especialmente durante treinamentos operacionais de grande relevância, como a manobra “A Grande Marcha de 1960”. Nesse evento, os caminhões prestaram suporte logístico essencial ao Décimo Esquadrão Independente de Cavalaria de Guarapuava, que percorreu cerca de 400 km a cavalo até Londrina, no norte do Paraná, para participar do desfile de Sete de Setembro. Embora o Opel Blitz II tenha desempenhado seu papel com distinção, sua capacidade limitada de transporte tornou-se um obstáculo à medida que as demandas operacionais do Exército Brasileiro evoluíam. A partir da primeira metade da década de 1960, os caminhões começaram a ser complementados e gradualmente substituídos por novos modelos produzidos localmente pela General Motors do Brasil, como o Chevrolet Brasil 6500, e, posteriormente, pela família Chevrolet C-60 e D-60. Esses veículos, projetados para atender às necessidades de transporte militar com maior capacidade e eficiência, marcaram o próximo capítulo na mecanização das forças armadas.

Em Escala 
Para representarmos o Opel Blitz II Comercial  TNE Carga "EB21-3412 empregado pelo Exército Brasileiro usamos o modelo em die cast produzido pela Axio para a Editora Altaya na escala 1/43. Assim como a versão militarizada apresenta mínimas diferenças em relação a versão civil, procedemos uma leve conversão em scratch e incluímos como detalhamento itens em resina para representar a carga , para se obter a configuração empregada pelo Exército Brasileiro. A identificação visual do “EB21-3412” foi recriada com a aplicação de decais de alta qualidade, produzidos pela Eletric Products e pertencentes ao conjunto “Exército Brasileiro 1942-1982”
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em todos seus veículos militares desde a Segunda Guerra Mundial até  o final do ano de 1982, pequenas alterações seriam relacionadas apenas as marcações de identificação. Os Opel Blitz II Comercial  TNE Carga, manteriam este padrão até sua retirada do serviço ativo.  Na recriação desse padrão para fins de modelismo ou restauração, foram utilizadas tintas de alta qualidade produzidas pela Tom Colors, conhecidas por sua precisão e fidelidade às especificações originais. 




Bibliografia :

- Caminhões Brasileiros de Outros Tempos - Opel Blitz II - Editora Ataya
- Opel Blitz II Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Opel_Blitz
- A Grande Marcha de 1960 -  Jose M. Gracia Araujo - https://dirceupato.blogspot.com/
- Veículos Militares  do Brasil – EB e CFN https://www.facebook.com/groups/blindadosbrasil

Toyota Bandeirante emprego militar


História e Desenvolvimento.
A história do desenvolvimento desta família de carros para qualquer terreno tem início em 1941 durante a Segunda Guerra Mundial, quando as Filipinas foram invadidas pelas tropas do Exército Imperial do Japão. O país havia sido apoiado e defendido pelos Estados Unidos, mas quando os japoneses chegaram lá, encontraram veículos militares americanos de diversos modelos e um deles chamou a atenção, um jeep Bantam Mark II. Imediatamente, os oficiais enviaram o modelo ao Japão para que pudesse ser fabricado algo parecido, deste processo surgiria do centro de desenvolvimento do Exército Imperial um protótipo denominado AK10. Após testes promissores foi decido iniciar a produção em larga escala, ficando a Toyota responsável pela manufatura. Mas a engenharia reversa do Bantam Mark II lançou as bases para um futuro modelo. A guerra acabou, o Japão perdeu e com a derrota, o AK10 entrou num limbo de cinco anos. No início da década seguinte os Estados Unidos iniciaram o programa de reconstrução do parque industrial do Japão, fomentando diversos setores entre este o automotivo, e a Toyota receberia um contrato para a produção de 100 unidades de um projeto da Willys, passando a ser denominado localmente como projeto BJ “Jeep” que rapidamente evoluiu em volume e características, sendo um veículo maior que o modelo americano e mais capaz. Em 1951, o Toyota BJ “Jeep” logrou subir o Monte Fuji indo aonde nenhum carro esteve antes, o que chamou a atenção do governo japonês, que decidiu encomendar quase 300 unidades para a força nacional de polícia. Mas, em 1954, a Toyota já começava a incomodar a indústria automotiva americana e uma demanda da Willys fez com que a japonesa fosse proibida de vender seu modelo BJ como um “Jeep”, agora marca que estava sob a companhia dos EUA. Assim, ela simplesmente mudou o nome do produto para Land Cruiser. O nome foi uma decisão da Toyota para não desmerecer seu produto diante do Land Rover britânico e como a Studebaker havia encerrado naquele ano seu modelo Land Cruiser, a japonesa estrategicamente decidiu encampar esta marca. No mesmo ano, melhorias seriam incorporadas como o novo motor, de 3.9 litros com 126 cavalos. As famosas séries do BJ começaram, porém, em 1955.

Neste mesmo período a montadora focava sua expansão mundial, e entre seus principais mercados estava o Brasil, com a empresa japonesa passando a comercializar através de seu representante comercial Alpagral Ltda em São Paulo, carros importados e montados localmente. Logo o sucesso comercial conquistado levaria a empresa japonesa em 23 de janeiro de 1958 a inaugurar um escritório no centro da cidade de São Paulo, com o nome de Toyota do Brasil Indústria e Comércio Ltda. Esta iniciativa visava assim preparar as bases para o atendimento direto do promissor mercado nacional. Onze meses depois, a empresa inicia as suas atividades como montadora de veículos, operando no regime de CKD (Completely Knocked Down) a linha de utilitários Land Cruiser. A expansão das vendas no mercado nacional levaria a inauguração de uma planta industrial maior, agora na cidade de São Bernardo do Campo, em novembro de 1962. Nesta oportunidade a Toyota substitui a linha Land Cruiser pelo Bandeirante que também estava sendo montado no sistema CKD, este novo utilitário estava equipado com um motor próprio seis-cilindros a gasolina, sendo disponibilizado com tração nas quatro rodas e disponível nas versões jipe e camioneta de carga e de uso misto. Em maio de 1962 a linha Bandeirante passaria a ser fabricada no Brasil, abandonando o sistema CKD, passando a adotar o excelente motor Mercedes Benz OM-314 de 3.784 cm3 com 85 cv, que era emprestado do caminhão MB L-608D, esta decisão se materializaria no grande diferencial mercadológico do veículo. Nesta fase a produção da carroceria era terceirizada, ficando a cargo da  Brasinca, o teto de era oferecido como item opcional, assim como a capota de aço, vendida a partir de 1963, mesmo ano quem que seria iniciada a produção da versão picape. 

A robustez e promessa de durabilidade do veículo da montadora japonesa se refletia em seu slogan de marca “O Toyota Bandeirante foi construído para durar longos anos produzindo lucros para seu proprietário.” Esta frase, que constava do manual do proprietário, não chegou a ser desmentida pelos donos do carro, que tinha fama de poder rodar um milhão de quilômetros sem abrir o motor. Completando o conjunto motriz, havia uma transmissão mecânica de quatro marchas, uma caixa de transferência de duas velocidades, que tal como os eixos flutuantes também eram produzidos na fábrica em São Bernardo do Campo. Tal característica denotava a política de verticalização da montadora, que a exceção do motor, os principais componentes eram quase integralmente eram de produção própria. Ao longo dos anos seguintes toda a família Toyota Bandeirante foi submetida a melhorias em termos de acabamento e conjunto mecânico. As mudanças mais impactantes começaram a surgir na década de 1980 com a introdução da sincronização de todas as marchas, passando a dispor de uma segunda mais longa, para assim a primeira passou a ser incorporada no uso urbano do utilitário, que ganhou também uma caixa de transferência, à semelhança do concorrente Willys. Fora isto a família seguia fiel ao projeto original, este conservadorismo pode ser explicado por sua boa aceitação no mercado – pretendentes chegavam a enfrentar meses de fila. Algumas poucas concessões foram opções de chassis mais longos, além de leves alterações, tanto estéticas como mecânicas. Mas nada que mudasse significativamente sua síntese. A próxima evolução surgiria em 1983 com o lançamento da versão cabine dupla, complementando assim o catálogo composto por cinco outros utilitários, incluindo o jipe curto com teto de lona ou aço, a perua com teto de aço e as picapes curta e longa. Seu nascimento era uma resposta aos usuários que desejavam aliar a capacidade de transportar 1.100 kg de carga e até seis pessoas, sem abrir mão da robustez e mobilidade proporcionada pela tração total.

Na época do lançamento, não havia concorrente senão a picape Chevrolet 10 Cabine Dupla com tração 4X4 Engesa. Ainda assim, o modelo era desprovido de reduzida e oferecido apenas sob encomenda. Seu nome oficial de batismo era OJ55LP2BL, mas era conhecida como Toyota Cabine Dupla. Possuía um comprimento de 5,30 metros e o entre eixos de 3,36 metros que revelavam sua origem, a picape longa de quem emprestava o chassi, com pequenas alterações. A cabine lembrava o jipe teto de aço encurtado e a caçamba exclusiva desta versão tinha 1,80 metro de comprimento, 73 cm a menos que a picape longa. Os ângulos de entrada e saída ficavam em 42 e 22 graus respectivamente, suficientes no fora de estrada. O interior era dominado por bancos tipo 1/3 e 2/3 na dianteira e inteiriço na traseira, ambos revestidos com vinil. O painel simétrico apresentava porta luvas em formato idêntico ao quadro de instrumentos, já a posição de dirigir era memorável, com controles bem-posicionados. O túnel central acomodava um trio de alavancas de mudanças, da tração 4x4 combinada com reduzida e freio de estacionamento. Novamente o sucesso seria imediato, com a empresa ampliando sua participação de mercado neste segmento. Seguindo a modernização da linha de caminhões Mercedes-Benz, em 1990 o OM314 cedeu lugar ao novo OM364 de 3.972 cm3, com a potência saltando para 90 cv, oferecendo um torque máximo em menor rotação e consumo reduzido. A fixação do motor, bem como a captação de ar e o sistema de escape foram redesenhados. Nesta mesma ocasião a família passou adotar uma nova grade dianteira em plástico com faróis retangulares. Em 1994, o Bandeirante voltou às origens e recebeu um motor Toyota importado, uma evolução em relação ao OM-364, adotado desde o fim da década de 80. Mais potente que o Mercedes-Benz (96 cavalos a 3400 rpm, ante 90 cavalos a 2800 rpm).

Em 1996, para atender a limites mais restritos de emissão de gases, o motor Toyota 14B teve sua potência reduzida para 96 cv e torque de 24,4 mkgf. Em substituição aos antiquados tambores, os freios ganharam discos ventilados. A essa altura o mercado já estava abrindo as importações, e novos modelos importados começaram a ameaçar a liderança da Toyota neste segmento. A principal preocupação da montadora era a linha Defender da Land Rover. Com a nova legislação de emissão de poluentes que passaria a vigorar a partir de 2002, verificou se que o motor aspirado do Bandeirante não mais se enquadrava nos limites previstos. Além disso, o peso de quatro décadas no mercado sem alterações significativas já se fazia sentir. Com isso o final da linha de utilitários da Toyota foi anunciado para novembro de 2001. Em 43 anos foram produzidas 103.750 unidades, sem contar os Toyota que foram montados em sistema CKD, que não somaram 1.000 exemplares. Nesta mesma época estimava-se que 60% dos veículos produzidos ainda continuavam em operação no país, prova indiscutível de sua resistência e durabilidade.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Próximo ao final da década de 1950 o Exército Brasileiro dispunha de uma grande frota de veículos militares com tração 4X4 em suas fileiras, sendo composta por mais de 1.500 carros dispostos entre os modelos da família Dodge WC-51, WC-53, WC-54, WC-56 e WC-57, destinados a missões de transporte, ambulância, carro comando e tração de peças de artilharia leve. Estes recebimentos eram frutos dos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), sendo disponibilizados entre os anos de 1942 e 1945. Apesar se ser uma formidável frota em termos numéricos, sua operacionalidade estava seriamente afetada, pois uma parte significativa se encontrava indisponível por problemas de manutenção, muitos dos quais ocasionadas por problemas no fluxo de aquisição de peças de reposição, que cada mais rareavam no mercado internacional, devido ao fato de que em seu país de origem sua produção havia sido descontinuada há mais de 15 anos. Este cenário comprometia em muito a capacidade de mobilidade da força terrestre do exército, e alguma solução deveria ser alcançada em um curto prazo de tempo, buscando assim evitar um colapso que se tornava cada vez mais evidente. Neste contexto a aquisição dos sucessores naturais dos modelos em uso os novos Dodge M37 e M43 se mostrava inviável em termos de recursos financeiros necessários, tendo em vista seu alto custo unitário de aquisição multiplicado por no mínimo 1.000 unidades (necessidade mínima para substituição dos antigos Dodge WC-51, WC-53, WC-54, WC-56 e WC-57). Assim este vestuoso orçamento esbarra na dura realidade orçamentária não só do Exército Brasileiro, mas também das demais forças armadas nacionais.

A solução então deveria ser customizada a realidade orçamentaria, fazendo assim os olhares se voltarem para indústria nacional, e nesta época a Willys Overland do Brasil (WOB) já estava consolidada como a principal montadora de automóveis brasileira, gozando ainda de grande confiança junto ao Exército Brasileiro, por fornecer centenas de Jeeps 1/4 Ton CJ-5, que vieram a substituir carros similares recebidos durante a década de 1940. Neste contexto o lançamento da Rural reestilizada e posteriormente da nova picape Willys despertariam o interesse do exército, criando assim uma opção de baixo custo para substituir e complementar sua frota de utilitários, resultando assim nos primeiros de contratos de aquisição do Rural Willys-Overland F-85 Militar. Apesar de atenderam a contento as necessidades emergências os novos utilitários em uso apresentavam como deficiência a ausência de um efetivo sistema de tração 4X4, dispositivo este essencial para operação em ambiente fora de estrada. Esta lacuna seria preenchida também pela indústria nacional, pois neste ano a Toyota do Brasil Indústria e Comércio Ltda lançava no mercado brasileiro, sua linha de utilitários leves com tração 4x4. Esta nova família denominada Toyota Bandeirante atraiu o interesse dos oficiais do comando do Exército Brasileiro, gerando a montadora uma consulta para o desenvolvimento de uma versão militarizada, demanda que foi prontamente atendida pela empresa. Assim entendimentos foram feitos culminando em 1964 nos primeiros contratos de aquisição do jipe curto com teto de lona ou aço, sendo seguidos por unidades dos modelos perua com teto de aço e as picapes com chassis curto e longo destinadas a missões de transporte de pessoal (cabine simples e dupla) e ambulância. Apesar de se mostrarem eficientes em campo anda eram essencialmente veículos civis dotadas com poucas modificações militares o que poderia gerar dúvidas quando de sua efetivamente em um possível cenário de conflagração real.

Ao longo dos anos seguintes a montadora japonesa, passou a fornecer as mesmas versões para a Força Aérea Braseira e Marinha do Brasil, ao longo das décadas de 1970 e 1980, na aeronáutica o modelo chegou a ser utilitário padrão presente em maior número em todas as bases aéreas e sedes administrativas. A primeira versão verdadeiramente militar surgiria a partir de 1985, quando o Exército Brasileiro e o Corpo de Fuzileiros Navais na Marinha do Brasil abriram uma concorrência prevendo a aquisição de uma grande quantidade de jipes militares, entre os parâmetros apresentados deste programa rezava a obrigatoriedade de a proposta vencedora contemplar a fabricação ou montagem no país. Dentre as empresas licitantes desatacava-se a proposta apresentada pela empresa Bernardini S.A. Indústria e Comércio denominados projeto “Jipe Xingu” (inicialmente chamado de projeto Vitoria), na prática se tratava apenas de uma versão militarizada do Toyota Bandeirante, com bitola alargada e três comprimentos de chassi. Como observação do ponto de vista estrutural sua lataria era mais grossa, a pedido do exército a Toyota estampou chapas com um material reforçado. As alterações eram as usuais para o tipo de veículo: guincho mecânico produzido pela Biselli, acoplamento para reboque, para-brisa rebatível, santo antônio, faróis militares e suspensão reforçada. Dois protótipos foram entregues em meados do mesmo ano sendo submetidos a um extenso programa de testes de campo, com seu desempenho sendo considerado promissor pela junta militar avaliadora, gerando assim com o Ministério da Marinha um contrato prevendo a compra de 270 unidades que passaram a ser entregue no início do ano de 1988, com uma grande parte desta frota se mantendo em atividade no Corpo de Fuzileiros Navais até a primeira década do século XXI, passando a ser  gradativamente substituídos pelos novos Agrale Marruá militarizados. 

O contrato celebrado com o Exército Brasileiro, previa a aquisição de 300 carros com 60 destes equipados com para-brisa, basculante e recortado e suportes para fixação de peça de artilharia na parte traseira, versão está produzida com a finalidade de substituir os antigos jipes M-151A1 e M-151C Ford Kaiser Mutt empregados como canhoneiros, armados com canhões sem recuo modelo M-40A1 de 106 mm. O desempenho em campo do novo modelo foi exemplar conquistando novos contratos e a produção em escala desses carros deu uma sobrevida à Bernardini, mas não foi suficiente para sustentar seu parque industrial e logo após a entrega final a empresa infelizmente fecharia as portas em 2001. Na década de 1990 o Exército passaria a operar o modelo militar da versão OJ55LP2BL cabine dupla, sendo entregues tanto na configuração com cabine em aço, quanto com para-brisa rebatível e cabine em lona.  Estes primeiramente destinados a equipar os Grupos de Exploradores dos Pelotões de Cavalaria Mecanizado e Pelotões de Exploradores. Neste período também consultas foram feitas junto a Toyota para o desenvolvimento de uma versão ambulância para emprego em qualquer terreno, nascendo assim com base na versão picape cabine longa uma nova versão militar que tinha por principal finalidade substituir as antigas ambulâncias Willys Ford F81 que se encontravam em serviço desde a década de 1970. As primeiras entregas desta nova variante que além de contar com a versão básica também compreendia uma versão melhor equipada destinada a missões de UTI móvel começaram em 1996 se estendendo até o ano 2000, sendo distribuídas a quase todas as unidades de batalha do Exército Brasileiro no território nacional. A versão cabine dupla foi empregada em um cenário real de combate durante a participação brasileira nas forças de paz da ONU durante a Primeira Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola – UNAVEM I entre 1989 e 1991 e posteriormente na UNAVEM II entre 1991 e 1995, nesta segunda fase durante um confronto uma picape Bandeirante foi alvejada por disparos inimigos.

O envelhecimento e obsolescência da frota aliados ao fato do encerramento da produção da linha de utilitários da Toyota em 2001, levou o Ministério da Defesa a considerar opções para a gradativa substituição desta família de utilitários, priorizando a retirada em serviço das versões de cabine dupla com capota de lona. Assim em 2002 seria celebrado junto a empresa inglesa Land Rover a compra de 750 unidades da versão Defender para distribuição entre as três forças armadas brasileiras, iniciando assim o processo de desativação da família Toyota.  No entanto as versões utilitárias continuam em operação realizando atividades administrativas e muitas das unidades da versão ambulância recebidas na década de 1990 foram submetidas a um processo de revitalização em nível de 4º Escalão da Viatura e de seus componentes e acessórios, envolvendo manutenções nos sistemas de motorização e periféricos, embreagem, caixa de transmissão, freios, direção, suspensão, elétrico, manutenção do baú e funilaria e pintura, permitindo estender sua vida útil. Curioso é observar que todos os veículos remanescentes serão substituídos no curto prazo pela família de veículos 4x4 Agrale Marruá, incluindo os Defender que apesar de serem adquiridos para sucederem aos Toyota Bandeirantes acabarão sendo tirados de serviço no mesmo período que seu antecessor

Em escala.
Para representarmos a Viatura Operações -  Vtr OpToyota Bandeirante Cabine Dupla, pertencente ao Exército Brasileiro, fizemos uso do modelo em die cast produzido pela Axio na escala 1/43 da coleção “Veículos de Serviço do Brasil Tempos” da Editora Altaya, procedendo a customização para a versão militar.  Empregamos decais confeccionados pela decais Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1983 – 2003”.

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático do Exército Brasileiro aplicado em a maioria de veículos militares a partir de 1983, porém ainda coexistia com este padrão o esquema de pintura em verde oliva principalmente na versão ambulância. Já carros participantes das operações internacionais UNAVEM I e II foram pintados no esquema das forças de paz das Nações Unidas (ONU). Já os veículos pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira adotaram esquemas de pintura diferentes.

Bibliografia :

- Grandes Brasileiros: Toyota Bandeirante – Sergio Berezovsky Quatro Rodas

- A origem do Toyota Bandeirante - https://www.noticiasautomotivas.com.br/toyota-bandeirante/

- Veículos de Serviço do Brasil – Toyota Bandeirante – Editora Altaya

- Lexicar Brasil – Toyota  www.lexicar.com.br

- Toyota do Brasil – www.toyota.com.br