Ford G-917T 1,5 ton (VNE)


História e Desenvolvimento.
Fundada em 16 de junho de 1903, no subúrbio de Detroit, Michigan, a Ford Motor Company se consolidaria como uma das mais emblemáticas montadoras norte-americanas. Sob a liderança visionária do engenheiro Henry Ford, a empresa nasceu de um investimento ousado, com um capital inicial de US$ 28.000, aportado por Ford e doze investidores, entre os quais se destacavam os irmãos John e Horace Dodge, que mais tarde fundariam a Dodge Motors Company. Apesar das instalações modestas em seus primórdios, a Ford Motors representava uma promessa de inovação em um setor ainda incipiente. Nos primeiros anos, a produção era quase artesanal, com pequenos grupos de dois ou três trabalhadores dedicando-se a cada veículo, montando-os etapa por etapa. Cerca de 80% dos componentes eram fornecidos por terceiros, mas os modelos iniciais da Ford rapidamente conquistaram a confiança do público norte-americano, posicionando a empresa como líder no mercado de automóveis de passeio. Esse sucesso gerou recursos que permitiram a expansão da companhia e o aprimoramento de seus processos produtivos. Buscando maior eficiência, a Ford adotou um modelo de integração vertical, internalizando a produção de componentes essenciais, o que se revelou altamente eficaz para a época. Em 1908, Henry Ford apresentou uma inovação significativa com o Ford Modelo T, equipado com o primeiro motor de cabeça de cilindro removível. Esse marco veio em um momento em que a indústria automotiva, iniciada em 1886 com o Benz Patent-Motorwagen de Karl Benz, demandava métodos de produção mais eficientes para tornar os automóveis acessíveis à classe média. Foi nesse contexto que, em 1914, Henry Ford revolucionou a indústria ao introduzir a “linha de montagem”, um sistema contínuo de produção em série que ficou conhecido como “Fordismo”. Com a padronização de processos, a verticalização da produção e o célebre lema de Ford — “Você pode comprar um Ford de qualquer cor, contanto que seja preto” —, o Modelo T alcançava reduções contínuas em seus custos de produção. Esses ganhos eram diretamente repassados aos consumidores, consolidando a liderança do modelo no mercado norte-americano e ampliando sua popularidade. Desde cedo, a Ford Motor Company demonstrou visão global, investindo em parcerias internacionais para a montagem local de seus veículos. A primeira iniciativa nesse sentido ocorreu em 1904, no Canadá, com uma linha dedicada à produção do Ford Modelo C. Essa iniciativa marcou a criação da Ford Motor Company of Canada, com sede na  Walkerville, Ontário, representando o primeiro passo de sua expansão internacional, crucial para o fortalecimento da marca, que se tornaria sinônimo de inovação e acessibilidade no setor automotivo.

A Ford Motor Company consolidou sua expansão internacional em 1911, quando iniciou a produção do icônico Ford Modelo T na Grã-Bretanha, alcançando plenamente o mercado europeu por meio de sua rede de distribuidores. Esse marco representou um passo decisivo na estratégia global da empresa, que buscava atender à crescente demanda por automóveis acessíveis. Em 1913, a Ford voltou seus olhos para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo uma filial comercial em Buenos Aires, Argentina, um movimento que reforçou sua presença em uma região de grande potencial econômico. Durante a década de 1910, o Ford Modelo T, carinhosamente apelidado de “Tin Lizzie”, tornou-se o automóvel mais popular nos Estados Unidos, com sua versatilidade expandida para versões utilitárias e de serviço. Não surpreende, portanto, que o veículo tenha desempenhado um papel crucial durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Milhares de unidades militarizadas foram produzidas para apoiar as forças aliadas na Europa, com o Exército Real Britânico, por exemplo, empregando cerca de 19 mil caminhões leves Ford. A entrada dos Estados Unidos no conflito, em 1917, ampliou ainda mais o uso desses veículos, que se destacaram em missões de socorro médico, transporte de pessoal e suprimentos. Esse desempenho gerou inúmeros contratos de produção, proporcionando à Ford recursos financeiros significativos para investir em novos modelos de veículos utilitários e caminhões leves. Na década de 1920, a Ford lançou a família de utilitários Ford Modelo AAA, que trouxe maior potência e capacidade de carga. Esses veículos alcançaram notável sucesso comercial, mantendo altas vendas mesmo durante a crise econômica iniciada em 1929, demonstrando a resiliência da marca em tempos desafiadores. No início dos anos 1930, a empresa apresentou a família Ford Modelo BB, que introduzia melhorias significativas, como uma suspensão aprimorada e um motor a gasolina de 3,3 litros, com quatro cilindros refrigerados a água, entregando 52 cavalos de potência. Com um consumo médio de 24 litros por 100 km e uma velocidade máxima de 75 km/h, aliado a um preço acessível, o Modelo BB conquistou tanto o mercado norte-americano quanto o europeu. A produção do Modelo BB na Europa foi iniciada em 1932, nas instalações da Ford Motor Company AG, em Colônia-Niehl, Alemanha. Nesse período, a Ford já se consolidava como um império automotivo global, com fábricas estrategicamente estabelecidas em diversos países, incluindo Estados Unidos (Dearborn, Michigan), Grã-Bretanha (Dagenham), Canadá (Windsor), Austrália (Melbourne), África do Sul (Port Elizabeth), Nova Zelândia (Lower Hutt), França (Poissy e Asnières), Holanda (Amsterdã), Bélgica (Antuérpia), Romênia (Bucareste) e União Soviética (Gorki). Essa rede global refletia a visão de Henry Ford de tornar a mobilidade acessível em escala mundial, solidificando o legado da empresa como pioneira na indústria automotiva.
Graças à sua robusta rede global de distribuidores, a Ford Motor Company continuou a expandir seu portfólio de produtos, buscando atender às crescentes demandas do mercado automotivo. Em 1935, a empresa lançou a nova geração de caminhões leves Ford Modelo V8-51, desenvolvida com base no chassi estendido do automóvel de passeio Ford V8. Equipado com um moderno motor refrigerado a água, de oito cilindros em “V” e 3,6 litros, o modelo entregava uma potência de 90 cavalos, aliada a uma transmissão manual de quatro velocidades. Esse conjunto mecânico permitia alcançar uma velocidade máxima de 83 km/h, com um consumo médio de 26 litros de gasolina por 100 km, representando um avanço significativo em eficiência em comparação aos modelos anteriores da montadora. Popularmente conhecido como “Ford Barrel-Nose” devido ao design característico de sua grade frontal, o Modelo V8-51 alcançou rápido sucesso comercial nos Estados Unidos, o que impulsionou sua produção em subsidiárias internacionais, incluindo a Ford Motor Company AG, na Alemanha, e a Ford of Britain, na Inglaterra. No mercado britânico, o modelo foi comercializado como Fordson 61 e 62 (Ford Six e Eight), disponível em duas configurações de chassi: uma versão curta, com distância entre eixos de 3.340 mm, e uma versão longa, com 3.990 mm, ambas com capacidade de carga de até três toneladas. A versatilidade do veículo atraiu a atenção de forças militares, e, a pedido do Exército Alemão (Wehrmacht), a Ford Motor Company AG desenvolveu uma versão militarizada, adaptada com componentes específicos para o transporte de tropas e cargas. Paralelamente, a Ford intensificou seus esforços no segmento de utilitários leves, com capacidade de até 1,5 toneladas. Em 1931, a empresa lançou uma linha derivada de suas primeiras picapes, equipadas com os consagrados motores Ford V8 de 90 cavalos. Em 1937, a Ford apresentou os caminhões leves da família Ford Stake Bed, com capacidade de 3/4 de tonelada, popularmente conhecidos como “One-Tonner”. Esses veículos introduziam uma nova cabine e chassi, projetados para atender às necessidades de transporte leve com robustez e confiabilidade. O sucesso desses modelos reforçou a posição da Ford como uma das líderes no mercado de veículos utilitários, tanto nos Estados Unidos quanto em outros continentes. A dedicação da Ford em inovar e adaptar seus produtos às demandas de diferentes mercados consolidou sua reputação como uma marca visionária, capaz de atender tanto às necessidades civis quanto às exigências de cenários militares, pavimentando o caminho para sua expansão global contínua.

Em 1939, a Ford Motor Company introduziu aprimoramentos significativos em sua linha de veículos utilitários, destacando-se a adoção de um moderno sistema de freios hidráulicos. Essa inovação colocou os modelos da Ford em igualdade com os concorrentes, que já incorporavam essa tecnologia em veículos similares, reforçando a competitividade da marca no mercado. Nesse mesmo ano, a empresa apresentou uma nova grade frontal de design oval, que se tornaria uma marca registrada de suas picapes e utilitários leves, conferindo-lhes uma identidade visual distinta e reconhecível. Enquanto isso, na Europa, a subsidiária alemã da Ford passou por uma transformação drástica. Em 1939, ela foi estatizada e renomeada Ford Werke AG, direcionando toda a sua produção para atender ao esforço de guerra nazista. Suas linhas de montagem passaram a fabricar o Ford G917T, um caminhão de três toneladas equipado com um motor V8 de 91 cavalos. Além da versão padrão para transporte, foram produzidas variantes especializadas, incluindo veículos de comando, ambulâncias, caminhões de rádio e oficinas móveis. Esses modelos foram amplamente utilizados pelo Exército Alemão (Wehrmacht), pela Marinha (Kriegsmarine) e pela Força Aérea (Luftwaffe). Apesar do embargo norte-americano imposto após a declaração de guerra em dezembro de 1941, que restringiu o acesso a peças, a produção do G917T continuou até meados de 1942. Nesse momento, ele foi substituído pelo Ford V3000, também de três toneladas, mas projetado para ser mais robusto, simples de fabricar e com maior uso de componentes locais. Nos Estados Unidos, a Ford observava uma trajetória ascendente de vendas, um sucesso que se refletia nas exportações, especialmente para mercados emergentes da Ásia e da América Latina. Este último, em particular, demonstrava grande potencial comercial a curto e médio prazo, atraindo não apenas a Ford, mas também outras montadoras norte-americanas. A robustez, o baixo custo de aquisição e a eficiência operacional dos caminhões e utilitários da Ford conquistaram as forças armadas de diversos países sul-americanos, que, na época, iniciavam a modernização de suas doutrinas operacionais. Assim, abriu-se um novo e promissor nicho de mercado, com modelos adaptados para o transporte de pessoal e cargas, oferecendo soluções modernas a preços altamente competitivos. Um fator determinante para o sucesso dessas iniciativas foi a compatibilidade mecânica entre os modelos militares e comerciais da Ford. Essa uniformidade facilitava a manutenção e reduzia os custos com peças de reposição, tornando os veículos ainda mais atraentes para os mercados emergentes. A capacidade da Ford de aliar inovação, acessibilidade e versatilidade solidificou sua posição como líder no setor automotivo, atendendo tanto às demandas civis quanto às necessidades estratégicas de forças militares em todo o mundo.
Com o recrudescimento das hostilidades na Europa a partir de 1940 e o aumento das tensões com o Império do Japão no Leste Asiático, o governo norte-americano intensificou seus esforços para modernizar e reequipar suas forças armadas. Nesse cenário, a indústria nacional foi rapidamente mobilizada para apoiar o esforço de guerra aliado, direcionando sua capacidade produtiva à fabricação de equipamentos militares. Nesse contexto, a Ford Motor Company reestruturou suas linhas de produção, dedicando-se à manufatura de uma ampla gama de veículos adaptados para uso militar. Os modelos já consolidados no portfólio da Ford, como o Ford V8, foram rapidamente militarizados, recebendo carrocerias adaptadas para o transporte de cargas e pessoal. Essas versões podiam contar com cabines de aço, semelhantes às dos modelos civis, ou cabines militares com cobertura de lona, adequadas às mais diversas missões operacionais. Entre os destaques estava o Ford G8T, um caminhão comercial de 1,5 tonelada com tração 4x2, que se tornou o modelo mais produzido de sua categoria durante o conflito. Esses veículos desempenharam um papel central nas operações logísticas, não apenas das forças armadas dos Estados Unidos, mas também de nações aliadas, integrando o portfólio do programa de assistência militar Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Até 1943, mais de 60 mil caminhões Ford foram fornecidos à União Soviética, um número superado apenas pelos veículos da família GMC CCKW 352 4x4. Na Europa, as forças armadas alemãs também fizeram amplo uso dos caminhões Ford G-917 (modelos G917T St IIIa e G987T St IIIb), com mais de 25 mil unidades empregadas nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial. Durante as campanhas de conquista entre 1939 e 1942, centenas de caminhões Ford pertencentes a forças inimigas foram capturados. Graças à familiaridade dos mecânicos da Wehrmacht com os componentes desses veículos, produzidos em fábricas na Alemanha, França e Romênia, a frota capturada mantinha elevados índices de operacionalidade. Essa versatilidade e confiabilidade reforçaram a relevância dos modelos Ford no cenário de guerra. Após o término do conflito, o Ford G-917 permaneceu como um dos principais modelos em sua categoria, tanto nos Estados Unidos quanto na Alemanha. Sua produção foi mantida até o final da década de 1940, quando começou a ser gradualmente substituído por novos projetos que refletiam os avanços tecnológicos do pós-guerra. A durabilidade e a adaptabilidade dos caminhões Ford durante o conflito consolidaram a reputação da empresa como uma das líderes na produção de veículos utilitários, deixando um legado marcante na história automotiva e militar.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a utilização de veículos automotores em operações militares consolidou-se como uma visão estratégica para as principais forças armadas do mundo. A busca por maior mobilidade no campo de batalha moderno, impossível de ser alcançada por carroças e cavalos, tornou-se uma prioridade. Nesse contexto, o Exército Brasileiro alinhou-se a essa tendência, iniciando esforços para incorporar essa nova filosofia operacional. A possibilidade de modernização exerceu grande fascínio entre a jovem oficialidade brasileira, um entusiasmo compartilhado pelas Forças Públicas, precursoras das atuais Polícias Militares Estaduais. Até então, a maioria das viaturas empregadas pelo Exército Brasileiro era hipomóvel, ou seja, tracionada por animais, incluindo modelos de fabricação estrangeira e alguns produzidos localmente. Os primeiros veículos automotores incorporados à Força Terrestre foram caminhões leves do modelo Ford T, recebidos a partir do início da década de 1920. A escolha pelo modelo Ford T foi impulsionada pela instalação da Ford Motor Company no Brasil em 1919, a primeira montadora a estabelecer operações no país. Esses veículos eram montados localmente no sistema CKD (Completely Knocked Down), com componentes importados dos Estados Unidos e assemblagem realizada nas instalações da empresa em São Paulo. Inicialmente, predominavam veículos de passeio e utilitários, que logo começaram a ser adaptados para uso militar. A esses modelos somaram-se veículos da Chevrolet, muitos deles automóveis de passeio encarroçados localmente, sem padronização, complementados por modelos de outras montadoras norte-americanas e europeias. Em 1923, foi criado o Serviço Central de Transportes do Exército Brasileiro (SCT), sediado na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Essa organização foi equipada com diversos caminhões e utilitários destinados a fins militares, contando com uma estrutura técnica notável para a época, capaz de atender às demandas de montagem e manutenção. Os veículos eram adquiridos diretamente dos fabricantes em sua configuração básica — chassi, conjunto mecânico e cabine — e posteriormente customizados nas oficinas do SCT para aplicações específicas, como transporte de tropas, carga ou outras funções operacionais. Com uma base operacional estabelecida, o Exército Brasileiro iniciou ensaios e treinamentos para integrar esses veículos às suas operações, desenvolvendo doutrinas que exploravam o potencial dessa nova forma de mobilidade. A primeira grande aplicação prática desses veículos automotores ocorreu durante a Revolução de 1924, um movimento armado liderado por militares e civis em São Paulo contra o Governo Federal. No interior do Paraná, sob o comando do General Cândido Mariano da Silva Rondon, diversos veículos civis e militares foram empregados em variadas funções, incluindo ambulâncias para o transporte de feridos e caminhões leves para a movimentação de tropas. Esse episódio marcou um momento significativo na modernização logística do Exército Brasileiro, evidenciando o potencial transformador dos veículos automotores no contexto militar

Apesar do avanço representado pela introdução de veículos automotores no Exército Brasileiro, na década de 1920, o suporte logístico para itens essenciais, como víveres, combustível, munição e armamentos, ainda dependia majoritariamente de carroças de tração animal. Essas carroças, conhecidas como “tipo colonial” e puxadas por seis cavalos, eram amplamente utilizadas, especialmente em regiões onde a infraestrutura viária era limitada. Contudo, a partir do início da década de 1930, o Exército Brasileiro intensificou a adoção de veículos militares e militarizados, incluindo modelos sobre rodas e semilagartas, provenientes de diversas marcas internacionais. Entre elas, destacavam-se as norte-americanas Ford, Chevrolet, Dodge e International, as britânicas Thornycroft e Commer, a francesa Somua e as alemãs Henschel e Krupp. Embora dispusesse de uma variedade de fornecedores, o Exército Brasileiro passou a priorizar modelos de caminhões leves e médios montados localmente, uma decisão estratégica para facilitar a manutenção e garantir o acesso a peças de reposição, muitas vezes importadas. Essa tendência foi impulsionada pela necessidade de padronizar as marcas de veículos adquiridos, visando otimizar processos logísticos e reduzir custos operacionais. Após estudos detalhados, essa diretriz foi formalizada pelo “Aviso 658”, de 27 de setembro de 1937, que determinava que apenas veículos das montadoras Ford, Chevrolet, Dodge e Commer poderiam ser adquiridos para tarefas de transporte de carga e pessoal. Essa normativa, que também se aplicava à Marinha do Brasil para veículos destinados ao transporte de tropas, cargas, combustíveis e evacuação médica, proibiu expressamente a compra de modelos de outras fabricantes. Nesse contexto, a Ford Motor Company do Brasil consolidou sua posição como uma das principais fornecedoras do Exército Brasileiro, competindo em igualdade com a General Motors. Ambas as montadoras destacavam-se não apenas por sua liderança no mercado nacional, mas também por seu compromisso em ampliar investimentos técnicos, incluindo o aumento do conteúdo nacional em seus veículos. Essa abordagem reforçava a confiabilidade e a acessibilidade de suas frotas, atendendo às demandas das Forças Armadas. Antes mesmo da promulgação do Aviso 658, o Exército Brasileiro já contava com uma frota significativa de caminhões e utilitários da Ford, com destaque para modelos como o Ford TT, Ford V8, Ford 131 ½ ton, Ford Barrel-Nose, Ford 157 ½ ton e Gigante 937 ½ ton. Esses veículos, conhecidos por sua robustez e versatilidade, desempenharam papéis cruciais na modernização logística da Força Terrestre, pavimentando o caminho para a profissionalização e a eficiência operacional no transporte militar.
Nos anos que se seguiram, o Exército Brasileiro intensificou a aquisição de veículos junto à Ford Motor Company, incorporando novos modelos à sua frota, como o Ford 1/5 ton Stake Bed, Ford Modelos 1938/1940/1941, Ford G-540 2G8T - G8T, Ford G-622, Ford G-917, Ford FK G-700 e Ford YBH2. Com essas adições, as frotas combinadas das Forças Armadas Brasileiras superaram a marca de 1.500 caminhões, proporcionando naquele período uma capacidade de mobilidade significativa para a Força Terrestre, ainda que limitada pelas condições da época. Contudo, nenhum desses modelos era de grande porte, o que levou o comando do Exército a buscar soluções para atender às demandas de transporte pesado. Assim, com base na normativa vigente, foram adquiridos caminhões de maior capacidade, como os britânicos Thornycroft Tartar 6x4 e os alemães Henschel & Sohn 33 D1 6x4. Estes últimos foram destinados, em particular, à tração dos obuseiros Schneider de 155 mm, cuja massa excedia a capacidade de reboque dos veículos então disponíveis na frota brasileira. Em 22 de junho de 1939, foi promulgado o “Aviso 553”, que estabeleceu a padronização das carrocerias dos caminhões em uso no Exército Brasileiro, uma iniciativa liderada pelo chefe do Serviço Central de Transportes (SCT). A nova configuração seguia o padrão das carrocerias militares norte-americanas, com placas únicas de madeira nas faces externas e bancos laterais fixos, otimizando o espaço para o transporte de tropas e, eventualmente, de cargas e volumes. Notavelmente, em muitos veículos, as portas das cabines foram eliminadas, e adotou-se um esquema de pintura exclusivamente militar, abandonando as combinações de duas ou mais cores típicas dos modelos civis. Diversos caminhões Ford, incluindo o modelo G-917 T, receberam essas carrocerias militarizadas, ostentando um esquema de camuflagem tático em três tons — cinza, verde e marrom —, que conferia tanto funcionalidade quanto uma estética marcante. Nesse período, os caminhões Ford G-917 T de 1939, com capacidade de 1,5 tonelada, foram amplamente empregados no transporte de canhões de montanha Schneider 75 mm e Saint Chamond 75 mm, acompanhados de suas respectivas guarnições. Além disso, esses veículos desempenharam um papel pioneiro ao serem destacados para operar junto aos recém-formados 1º e 2º Regimentos de Artilharia Antiaérea (1/1º RAAAé e 2/1º RAAAé). Nessa função, os G-917 T serviram como plataformas móveis para os canhões antiaéreos duplos Oerlikon de 20 mm, de fabricação suíça, marcando o início da mobilidade na artilharia antiaérea da Força Terrestre e reforçando a modernização das capacidades defensivas do Exército Brasileiro. Durante a década de 1930, uma pequena fração dos caminhões Ford G-917T de 1939, com capacidade de 1,5 tonelada, foi adaptada localmente por fornecedores especializados para atuar como veículos cisterna, transportando combustível e água. Este receberiam a designação de TE Auto Caminhão Cisterna Agua 2 Ton rodado duplo e TE Auto Caminhão Cisterna Combustível 2 Ton. 
Contudo, a maior parte dessa frota permaneceu dedicada às funções dos “Esquadrões de Trem”, denominação atribuída às unidades de transporte militar do Exército Brasileiro na época. As demais versões em uso receberiam as designações de TE Auto Caminhão Oficina 2 Ton rodado simples,  TNE Auto Caminhão Carga 1 ½ Ton rodado simples e TE Auto Caminhão Ambulância 4x2. Na Marinha do Brasil, esses veículos foram utilizados exclusivamente para o transporte de cargas, operando em apoio direto aos distritos navais. Nos anos seguintes, a frota manteve elevados índices de operacionalidade, resultado não apenas da robustez inerente ao projeto da Ford, mas também da facilidade de manutenção e do acesso a peças de reposição, fatores essenciais para sua confiabilidade A partir de meados de 1941, com o agravamento da Segunda Guerra Mundial e a decisão do governo brasileiro de alinhar-se aos Aliados, tornou-se evidente que os meios de transporte disponíveis eram insuficientes para atender às crescentes demandas de mobilização militar. Uma das principais lacunas observadas era a ausência de caminhões com tração integral, projetados especificamente para operações logísticas em apoio às instalações estratégicas ao longo do extenso litoral brasileiro. Essa necessidade foi suprida com a adesão do Brasil ao programa Lend-Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), que disponibilizou uma linha de crédito de US$ 100 milhões para a aquisição de equipamentos bélicos. Esse programa permitiu ao país acessar armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate, transformando significativamente sua capacidade militar. Nos anos subsequentes, o Brasil recebeu mais de dois mil caminhões modernos, com destaque para os modelos GMC CCKW 352 4x4 e CCKW 353 6x6, além dos Studebaker US-6G. Esses veículos passaram a ser o pilar da capacidade de transporte das Forças Armadas Brasileiras, garantindo maior eficiência logística. Com a chegada desses novos modelos, os caminhões leves militarizados, como o Ford G-917T, foram realocados para missões de apoio e segunda linha. Eles desempenharam essas funções até o início da década de 1950, quando começaram a ser gradualmente desativados no Exército Brasileiro. Na Força Aérea Brasileira e na Marinha do Brasil, esses veículos permaneceram em serviço pelo menos até o início da década seguinte, refletindo sua durabilidade e versatilidade. A transição para veículos mais avançados marcou um capítulo importante na modernização das Forças Armadas Brasileiras, consolidando a importância de uma logística eficiente e adaptada às exigências do cenário militar global. Os caminhões Ford G-917T, embora eventualmente substituídos, deixaram um legado de confiabilidade e contribuíram significativamente para a evolução do transporte militar no Brasil.

Em Escala.
Para representarmos o G-917 T - 1939  (1,5 tonelada), empregado pelo Exército Brasileiro, fizemos uso do  modelo artesanal confeccionado em resina na escala 1/35, produzido pelo fabricante Dnepro Model, salientando que recentemente a ICM lançou este mesmo injetado na escala 1/35. Optamos por manter a carroceria comercial original do veículo, não alterando para o padrão militar adotado posteriormente. Fizemos a aplicação de decais confeccionados pela Decal & Book pertencentes ao "Set Forças Armadas Brasileiras 1942 - 1982", seguindo fotos de época, salientando no entanto que não identificamos registros visuais deste tipo de marcação neste modelo de caminhão. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa um dos padrões de pintura tático do Exército Brasileiro adotado no final da década de 1940, salientamos alguns destes veículos durante muitos anos manteriam as pinturas comerciais com muitas peças cromadas. Experimentalmente seria aplicada em um certo numero de caminhões, um esquema camuflado em trens tons de cinza, marrom e verde. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Ford do Brasil – www.ford.com.br
- Ford Motors Co. - www.ford.com
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos

Charrua M-1 e M-2 - VBTP Motopeças


História e Desenvolvimento.
No início da década de 1940, o Exército Brasileiro iniciaria um movimento de modernização de seus meios, e entre os equipamentos almejados se encontravam veículos blindados de transporte de tropas, que começavam a se despontar no emprego junto as forças armadas alemães e norte-americanas. Este anseio passaria a ser materializado a partir do ano de 1942, quando o Exército Brasileiro passaria a receber nos termos do programa de ajuda militar  Leand & Lease Bill Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos). Neste contexto seriam recebidos os primeiros carros blindados de transporte de tropa dos modelos M3-A1 Scout Car sobre todas e meias lagartas M-2 e M-3 Half Track. Curiosamente apesar de concebidos para missão de transporte de tropas no front de batalha, não seriam imediatamente empregados nesta missão, sendo destinados a tração de peças leves de artilharia. Este desvio de finalidade foi influenciado pela total imersão da força terrestre nacional na doutrina militar francesa que era fundamentada nas táticas da Primeira Guerra Mundial que era adepta da operação hipomóvel.  O aumento da influência norte-americana no país durante o conflito irá impactar na mudança de mentalidade e doutrina da Força Terrestre, principalmente motivada pelo recebimento de um grande lote de veículos meia lagarta M-3, M-3A1 e M-5, o que possibilitaria pela primeira vez implementação de táticas de infantaria motorizada.  No início da década de 1950 passaria o comando da Força Terrestre passaria a avaliar a real efetividade e chances de sobrevivência de suas forças mecanizadas em um moderno cenário de conflagração. Ficava evidente a necessidade de se promover um amplo processo de modernização de meios, necessidade esta que começaria a ser viabilizada a partir de 15 de março de 1952, quando foi assinado entre os presidentes Getúlio Vargas e Harry Truman, o Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Com o título oficial de "Acordo de Assistência Militar", esta parceria bilateral, estabeleceria basicamente o fornecimento em vantajosas condições econômicas de material bélico norte-americano atualizado para as Forças Armadas Brasileiras, buscando assim promover uma substituição dos meios atuais, que foram cedidos na década de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. Assim o Brasil passaria a integrar o grupo de países beneficiados nos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), que garantiria acesso facilitado a modernos equipamentos militares, para assim prover regionalmente uma linha de defesa contra a hipotética ameaça expansionista socialista. 

Desta maneira caberia ao Exército Brasileiro a destinação de grande parcela deste acordo, passando a ser fornecidos a partir de agosto de 1960, os primeiros cinquenta carros de combate médio M-41 Walker Buldog, dois veículos de socorro M-74 Sherman Recovery Vehicle e vinte viaturas blindadas de transporte de pessoal do modelo FMC M-59APC. Estes últimos apesar se tratar de veículos usados, se encontravam em excelente estado de conservação registrando baixa quilometragem de uso, pois se encontravam armazenados desde 1959 junto as instalações da Unidade do Corpo de Artilharia (Ordinance Corps Depot), no estado de Ohio. Os vinte carros blindados M-59 A1 APC destinado ao Exército Brasileiro seriam separados e então revisados localmente colocados em plenas condições de funcionamento, passando a ser preparados para transporte por via naval. Estes seriam recebidos no porto do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1960 juntamente com os primeiros carros de combate M-41 Walker Buldog. Já no país, estes carros seriam inspecionados e preparados para o estágio operacional e treinamento de seus operadores, sendo posteriormente transportados por via terrestre, e distribuídos em dezembro deste mesmo ano em proporções iguais, ao 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) ambos baseados na cidade do Rio de Janeiro. Já em uso no Exército Brasileiro, estes blindados receberiam a designação oficial de VBTT - Veículo Blindado de Transporte de Tropas M-59. Nestas unidades operativas, estes veículos tiveram o importante papel de desenvolver a doutrina de emprego deste tipo de carros de transporte de tropas sob esteiras junto à forca blindada do Exército Brasileiro, operando em conjuntos com carros de combate como os M-41 Walker Buldog e M-3 Stuart. Nos primeiros exercícios conjuntos entre os VBTT M-59A1 e os M-41, confirmar-se-ia o ocorrido junto as operações no Exército do Estados Unidos (US Army), onde o M-59 não era capaz de acompanhar a dinamicidade dos M-41 no campo de batalha. Além disso eles apresentariam também grandes limitações em deslocamentos de média e grande distância no país, pois seu peso bruto excedia a capacidade da infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias. A soma destes fatores levaria o Ministério do Exército a declinar de mais ofertas para cessão de novos carros M-59A1 VBTT, como solução intermediaria seriam iniciados estudos prevendo o repotenciamento dos antigos carros meia lagarta White M-2 , M-3 e M-5, visando assim estender sua vida útil até a incorporação de um possível substituto.   

Esta demanda logo seria atendida, pois a partir de 1965 dentro dos termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program), seria negociada a cessão de mais de cinco centenas de veículos blindados de transporte de tropa FMC M-113A0 (modelo que fora desenvolvido nos Estados Unidos como substituto aos M-59). Esta grande quantidade a ser recebida permitiria prover um ciclo total de renovação dos meios em operação naquele momento permitindo desativar todos os M-2, M-3 e M-5 Half Track. Em 1969 a partir do momento que os M-113A0 APC atingiram seu status operacional pleno, tanto o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec) e ao 16º Regimento de Cavalaria Mecanizada (RecMec), passariam a ser equipados com este novo blindado. Nos anos vindouros o Exército Brasileiro vivenciou uma mobilidade nunca testemunhada na história, com os VBTT M-113 chegando a dotar mais de quinze unidades entre Regimentos de Carros de Combate (RCC) e Batalhões de Infantaria Blindada (BIB). Altamente robusto e de fácil manutenção, a frota destas viaturas sempre apresentava excelentes índices de disponibilidade operacional. Este positivo cenário, no entanto, iria começar a se alterar a partir do início do ano de 1977, quando os Estados Unidos passaram a ser presididos pela administração de Jimmy Carter, novas diretivas deste governo passariam a condicionar a continuidade dos programas de ajuda militar a averiguação da situação do Brasil no tocante aos direitos humanos. Esta decisão provocaria o desagravo do presidente Ernesto Geisel, que em carta oficial se manifestaria “O governo brasileiro recusa de antemão qualquer assistência no campo militar que dependa, direta ou indiretamente, de exame prévio, por órgãos de governo estrangeiro, de matérias, que, por sua natureza, são da exclusiva competência do governo brasileiro.” , Pressões políticas decorridas desta iniciativa levariam o governo brasileiro a decidir pelo rompimento do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos. Este evento determinaria a interrupção de toda financeira e linhas de abastecimentos de peças de reposição para os veículos militares em uso nas Forças Armadas Brasileiras. Isto afetaria diretamente a frota de VBTT M-113, resultando em curto espaço de tempo em altos índices de indisponibilidade, a este fator se somaria o atingimento do ápice da crise do petróleo, o que afetaria ainda mais a frota destes blindados, tendo em vista o alto consumo de seus motores a gasolina. A busca por uma solução viável geraria os primeiros estudos visando o repotenciamento destes blindados, com primeiro destes tendo origem em 1981 na empresa Biselli – Viaturas e equipamentos Industriais Ltda, prevendo a adaptação de um motor Iveco Diesel 150, o qual não produziu os resultados esperados pelo Exército Brasileiro, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. 
Paralelamente estudava-se implementar um processo semelhante junto aos vinte VBTT M-59, processo este que despontaria como uma oportunidade para uma jovem empresa do interior do estado de São Paulo.  Fundada em 1956 na cidade de Sorocaba, a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens, teria seu foco inicial na nascente indústria automotiva nacional, passando de um mero fornecedor de peças de reposição, para a se tornar no final da década de 1970 na maior indústria brasileira de componentes de câmbios e diferenciais. Durante sua trajetória, no final da década de 1960 a empresa se aproximaria do Exército Brasileiro, principalmente por sua experiencia no segmento de componentes e veículos pesados. A primeira parceria nasceria do projeto de repotenciamento e remotorização de trinta tratores de artilharia M-4A1 High Speed Tractors fabricados pela Allis-Chalmers Company em 1943 e incorporados ao Exército Brasileiro a partir do ano de 1949. Este processo envolveria a troca da caixa de marchas, transmissão, motor (por Scania Diesel de 260 cv), esteiras, roletes e suspensão (os três últimos fornecidos pela Novatração S/A).  Este programa obteria um grande êxito, com a empresa logo em seguida contratada para a o desenvolvimento e produção de caixas de marcha para a série de blindados X-1A2 Carcará, fabricados pela Bernardini S/A, estes carros de combate leves derivados da modernização dos modelos M-3 e M-3A1 Stuart recebidos pelo Exército Brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. No início da década seguinte, em conjunto com o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx), a empresa desenvolveria um programa de customização dos antigos carros de combate M-4 Sherman, convertendo-os em carros blindados para engenharia. Fazendo uso da plataforma original seriam acrescidos uma lâmina frontal (intercambiável com um caça-minas) e grua hidráulica com lança rebatível e capacidade de içamento de até 10 toneladas, sendo ainda capazes de rebocar viaturas de até 40 toneladas. Infelizmente após a produção de onze carros pré-série e testes de campo, o modelo acabaria não sendo adotado pela Força Terrestre. Apesar deste revés a empresa lograria êxito em conquistar a seguir um contrato para a remotorização da frota de setenta e dois obuseiros autopropulsados M-108. Estas constantes parcerias trariam grande notoriedade e respeito junto ao comando da Força Terrestre, com a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens se tornando um dos principais expoentes da indústria de defesa nacional.   

Emprego no Exército Brasileiro.
Ao ser selecionada para implementação do processo de remotorização dos VBTP M-113 e para o estudo do processo de repontenciamento dos VBTP M-59 a diretoria técnica da Motopeças S.A. Transmissões e Engrenagens, passaria a ter um contato íntimo com o projeto destes dois modelos norte-americanos de viatura blindada de transporte de tropa, conhecendo em detalhes su particularidades de conceito e desing. O primeiro contrato celebrado era dedicado aos VBTT M-113, e envolveria a substituição do motor original, um V8 Chrysler de 215 cv a gasolina, com o elevadíssimo consumo de um litro por quilômetro, por um diesel nacional (Mercedes-Benz de seis cilindros e 180 cv); mantendo o desempenho, a troca permitiu aumentar a autonomia em mais de 70%. Também seriam substancialmente alterados os sistemas elétrico, de alimentação e arrefecimento. Este programa traria grandes recursos financeiros para a empresa, possibilitando assim estudar alternativas em conjunto com a equipe do  Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) para o repotenciamento dos VBTP M-59.  O objetivo inicial visava substituir seus dois motores a gasolina GMC Model 302 de seis cilindros em V, por um conjunto a diesel nacional semelhante ao que seria adotado nos M-41B Brazilian Buldog.  Diversos estudos seriam elaborados, porém apesar de se mostrar um programa viável em termos técnicos, este nao seria recomendado do ponto de vista operacional, com esta decisão derivada pelo fato de seu alto peso de deslocamento e pela baixa quantidade de veículos presente na frota. Porém esta negativa acabaria por resultar em uma nova proposta, que envolveria o desenvolvimento de um novo veículo blindado de transporte de tropas que viesse a unir as qualidades operacionais dos dois modelos em uso. O primeiro parâmetro visava conceber um veículo com agilidade e mobilidade do M-113, porém com uma maior capacidade de transporte de carga útil semelhante ao VBTP M-59, e para isto seu peso final não deveria exceder as 18 toneladas. Esta primícia visava não extrapolar as limitações máximas de peso existentes na infraestrutura viária brasileira, como pontes, viadutos, estradas e principalmente pranchas ferroviárias, proporcionando ao veículo plena capacidade de deslocamento de média e grande distância no país. Curiosamente,  posteriormente esta determinação seria abandonada em virtude do estudo para o desenvolvimento de versões especializadas , como antiaérea 20 mm, socorro com torre giratória, combate de fuzileiros com canhão de 20 mm, caça tanques com canhões de 60 mm  e 90 mm, obuseiro autopropulsado 155 mm e sistema para lançamento de foguetes,  com pesos finais de combate na ordem de 21 toneladas e 24 toneladas no máximo.   

Esta proposta de desenvolvimento objetivava a médio e o longo prazo, a substituição de todos o veículos blindados de transporte de tropas VBTP M-113 presentes nas frotas do Exército Brasileiro e Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, trazendo uma maior independência estratégica. O modelo seria  concebido para dar maior flexibilidade e agilidade às unidades de Fuzileiros Blindados do Exército, pois possuía também plena a capacidade de operação anfíbia, podendo transpor rios e lagos com grande facilidade, coisa comum no extenso território brasileiro. Os estudos seriam iniciados em abril de 1983, com modelo sendo desenvolvido com inspiração no carro de combate M-41 Walker Buldog, com o qual o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx) detinha grande conhecimento em virtude da implementação dos processos de modernização em curso naquele mesmo momento. Neste contexto seriam empregados no projeto, um grande numero de componentes empregados neste modelo de carro de combate, visando assim também otimizar a cadeia logística já existente de suprimentos no Exército Brasileiro. Apesar desta "inspiração" o modelo apresentaria uma série inovações tecnológicas, como a adoção de dois  hidrojatos Belljet 3.650 RPM 2 x 160 hp para propulsão na água, moderno sistema de blindagem composta por placas de cerâmica nas superfícies externas e sistema básico de visão noturna. O primeiro protótipo funcional seria apresentado em março de 1985, estando equipado com um motor  em linha nacional Scania Turbo Diesel DS11,  gerando 394 hp de potencia nominal,  posicionado na dianteira direita ao lado do operador. Este motor operaria  acoplado a uma caixa automática de mudanças norte-americana. do tipo "cross drive" CD 500/3 produzida pela Allison GM (duas marchas à frente e ré), suspensão por dez barras de torção e oito amortecedores hidráulicos.  Contava com o mesmo sistema de suspensão empregado nos blindados M-41 e M-59, contando com dez rodas de apoio e  lagartas de 532 mm de largura,  com  sapatas fabricadas pela Novatração Artefatos de Borracha. Sua blindagem básica foi dimensionada para  resistir a munições de 7,62 mm, com esta capacidade sendo ampliada para suportar munição básica para com o dobro do calibre,  chegando até  no máximo 20 mm, mediante a instalação de placas cerâmicas nas superfícies externas, no entanto estas placas não podiam ser empregadas quando do transcurso submerso na água. 
Apresentava um peso total de combate de dezoito toneladas (o dobro quase do M-113), podendo transportar em sua configuração básica três tripulantes e nove soldados totalmente equipados, podendo chegar ao total de vinte e dois infantes em uma configuração especial . O acesso podia se dar pela larga rampa traseira de acionamento hidráulico, por duas portas localizadas na rampa ou por duas escotilhas no teto; o carro dispunha de seis seteiras e três periscópios, um deles para visão noturna . Este protótipo estava equipado com a mesma torre presente no VBTP M-59 (retirada de um veiculo do Exército Brasileiro), que operava com acionamento hidráulico e automático, armada com uma metralhadora automática Browning  M-2 calibre .50,  que garantia plena segurança ao seu operador. De seu interior era possível disparar armas automáticas por quatro pequenas pequenas escotilhas (seteiras), por fim estava equipado com quatro lançadores de granadas fumígenas. O modelo designado como M-1 receberia o nome de "Charrua" (que na linguagem indígena significa ágil, robusto e com garra), sendo logo apresentado oficialmente ao Exército Brasileiro, passando em seguida, a ser  submetido a um extenso programa de testes e avaliação de campo, realizado inicialmente no campo de provas da Motopeças S/A na cidade de Sorocaba e posteriormente no Campo de Provas da Marambaia (CPrM) no Rio de Janeiro. Em agosto de 1985 seria concluído e disponibilizado um segundo protótipo com diversas melhorias, ampliando assim o programa de testes. Neste estágio seriam apontadas inúmeras oportunidades de de refinamento do projeto, nascendo assim o modelo M-2 Charrua II, que apresentaria significativas diferenças em termos de desing. O Charrua I tinha um formato com linhas mais retas com grande semelhança com os VBTT M-113, com quebras ondas em formato de "V" com uma torre automática de metralhadora posicionada ao ao lado do motorista, que em ambos os casos fica no canto dianteiro esquerdo. Já o Charrua II dispunha de um desing mais anguloso e moderno, fazendo uso de um  quebra ondas reto, com uma nova torre manual de armamento sendo agora posicionada atrás do motorista. A alteração do modelo de torre se daria pela limitação da quantidade disponível deste conjunto, que seria retirada da frota dos VBTT M-59,  que neste momento já se encontram em processo de desativação junto ao Exército Brasileiro. Outra significativa mudança era a adoção de um motor mais potente, agora o Scania V8 Turbo Diesel DS-14 com 470 hp de potencia.  Este modelo aprimorado passaria a ser avaliado também pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN), acompanhando inicialmente o programa coordenado pelo Exército Brasileiro, e depois conduzindo individualmente um processo similar. 
Em ambos os programas, o M-2 Charrua II apresentaria  um excelente desempenho e grande mobilidade de manobras tanto na terra, exibindo capacidade de girar em torno do próprio eixo, capacidade conhecida como pivoteamento, como na água onde demonstraria grande agilidade oferecida pelo sistema de hidrojato. Mais dois protótipos seriam concluídos, um destes seria customizado para representar um viatura especializada para emprego em missões antiaéreas. Este veiculo receberia a instalação de um canhão Bofors de 40 mm montado em uma torre giratória Trinity apresentando elevação entre  -10 e +80 graus, com carregador de 100 tiros e cadência de 330 por minuto. Seu sistema de detecção e engajamento e controle de fogo era feito através de sistemas eletrônicos, permitindo a identificação, calculo e engajamento de um alvo aéreo  em cerca de dois segundos. Sua munição seria nacionalizada cabendo a FI Indústria e Comércio Ltda fluminense, a produção da munição e a espoleta de proximidade ficando a cargo da empresa  Prólogo S/A Produtos Eletrônicos.  Sua efetividade operacional deveria abater alvos até  6.000 metros de altura, especialmente aviões evadindo mísseis a baixa altitude e helicópteros. Além do protótipo funcional seriam apresentados projetos conceituais envolvendo o emprego de quatro canhões 25 mm numa torre Oto Melara ou quatro mísseis terra ar guiados por infravermelho Piranha.  Este protótipo de veiculo blindado antiaéreo seria montado pela Moto Peças S/A em parceria com a CBV Indústria Mecânica S/A,  sendo exposto em 1987 em uma feira militar na cidade de São José dos Campos.  Apesar de promissor seu projeto não avançaria além da fase conceitual, e infelizmente o Exército Brasileiro somente incorporaria um veiculo especializado a este missão somente em  2013 com a adoção do sistema Gepard 1A2 Flakpanzer. Posteriormente este chassis seria empregado para o desenvolvimento da versão socorro que também não evoluiria, o mesmo ocorrendo com dos demais modelos planejados como ambulância, socorro, carro oficina, comunicações, radar, obuseiro 155 mm,  lançador de mísseis e porta morteiros de 120 mm. O Charrua II permaneceu em testes até a primeira metade da década de 1990, apesar de seus dotes, o pais atravessava uma de suas maiores crises econômicas o que acarretaria em drásticos cortes no orçamento das Forças Armadas Brasileiras, levando ao cancelamento do programa. Neste contexto o Exército Brasileiro abandonaria o projeto de substituição da frota dos VBTP M-113, optando por processos paliativos de repotenciamento, o mesmo ocorrendo com o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN). Apenas um protótipo do modelo Charrua II ficaria sobre a guarda do Exército Brasileiro, sendo recuperado no ano de 2022 por uma equipe de mecânicos da 3ª Divisão de Exército, localizada em Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 

Em Escala.
Para representarmos o M-2 Charrua II em sua configuração final, optamos por desenvolver um projeto em scratch building, partindo  do kit original do carro de combate M-41A3 Walker Buldog produzido pela Tamiya na escala 1/35. Deste aproveitamos somente o  chassi,  rodas, suspensão, esteiras e acessórios, construindo todo o restante artesanalmente com base nas plantas originais do protótipo. Utilizamos decais confeccionados pela  Decals e Books presentes no  set "Forças Armadas do Brasil".
Todos os cinco protótipos do M-1 e M-2  VBTP Charrua receberam o padrão de pintura tático em dois tons, adotado pelo Exército Brasileiro a partir do o ano de 1983. Com este esquema sendo mantido na única viatura preservada junto  a 3ª Divisão de Exército, baseada na cidade de  Santa Maria do estado do Rio Grande do Sul. 


Bibliografia :
Moto Peças S/A Lexicar - https://www.lexicarbrasil.com.br/moto-pecas/
- Blindados no Brasil Volume I, por Expedito Carlos S. Bastos
- Blindados no Brasil Volume II, por Expedito Carlos S. Bastos
- M-41C Rede de Tecnologia & Inovação do Rio de Janeiro - http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm
- Carro de combate M-41 no Exército Brasileiro - http://www.defesanet.com.br

Chevrolet Gigante 1941 - 1942 VTNE

História e Desenvolvimento. 
A General Motors Corporation (GM) é uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, com uma trajetória marcada por expansões estratégicas, inovações e diversificação. A companhia foi fundada em 16 de setembro de 1908 por William C. Durant, um bem-sucedido fabricante de carruagens, na cidade de Flint, Michigan, Estados Unidos. A visão de William C. Durant era criar uma holding que reunisse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura corporativa, promovendo sinergias e ampliando a competitividade no mercado. Logo após sua fundação, a GM iniciou uma série de aquisições estratégicas para fortalecer seu portfólio: Buick Motor Company: Incorporada em 1908, a Buick, fundada pelo escocês David Dunbar Buick, já era uma marca estabelecida, tendo produzido seu primeiro automóvel em 1903. William C. Durant, que havia sido presidente da empresa, trouxe-a como a primeira marca da General Motors. Oldsmobile Motor Vehicle Company: Em 12 de novembro de 1908, a Oldsmobile, fundada em 1897, tornou-se a segunda marca a integrar a GM, consolidando sua posição no mercado automotivo americano. Oakland Motor Car Company: Adquirida nos anos seguintes, a Oakland evoluiu posteriormente para a marca Pontiac Cadillac Automobile Company: Comprada em 1909 por US$ 5,5 milhões, a Cadillac, fundada em 1902, adicionou um segmento de luxo ao portfólio da General Motors. Essas aquisições estabeleceram as bases para a diversificação de produtos e a expansão da GM no mercado automotivo. Em 3 de novembro de 1911, William Durant, após divergências com os acionistas que o levaram a deixar a GM, fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente ganhou relevância e, em 1918, foi adquirida pela própria GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. Ainda em 1911, a General Motors Corporation (GM) criou a marca GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company. A GMC focou na produção de caminhonetes e caminhões leves, um segmento que atraiu investimentos significativos e se tornaria um pilar estratégico para a empresa. Nos anos seguintes, a General Motors buscou oportunidades de crescimento além do mercado automotivo. Em 1918, a empresa deu seus primeiros passos na expansão internacional com o estabelecimento de uma operação comercial no Canadá, marcando o início de sua presença global. Esse movimento abriu caminho para a conquista de mercados em todos os continentes. Em 1919, a GM diversificou suas atividades ao incorporar a Frigidaire Company, uma fabricante de refrigeradores. Essa aquisição representou a primeira incursão da empresa em um setor não automotivo, refletindo seu interesse em explorar novos mercados e consolidar sua expansão internacional.

A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. Essa abordagem resultou em uma série de iniciativas de expansão: 1923: Inauguração da primeira fábrica na Europa, localizada em Copenhague, Dinamarca, marcando a entrada da montadora no continente. 1925: Início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da montadora britânica Vauxhall Motors, fortalecendo a presença da GM no mercado europeu. 1926: Estabelecimento de operações na Austrália, Japão e África do Sul, ampliando a alcance global da empresa. 1928: Entrada no mercado indiano, um passo ousado em um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. 1929: Aquisição da fabricante alemã Opel, consolidando a posição da GM na Europa. No mesmo período, a GM incorporou a Yellow Coach Company nos Estados Unidos, uma fabricante de ônibus escolares amarelos, diversificando seu portfólio no mercado doméstico. Essas iniciativas culminaram na ascensão da corporação como o maior fabricante de veículos do mundo em 1931. A GM voltou sua atenção para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. O furgão foi produzido utilizando o sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual kits importados – compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes – eram montados localmente. As características do processo incluíam: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram produzidas localmente. Flexibilidade de entrega: Os veículos eram fornecidos completos ou como conjuntos de chassis nu com capô, permitindo encarroçamento personalizado por terceiros. Esse modelo de produção permitiu à General Motors Corporation (GM) estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado local. Desde o início de suas operações no Brasil, a GM identificou oportunidades no setor militar, fornecendo caminhões leves para o Exército Brasileiro. Esses veículos, baseados em chassis e plataformas de modelos comerciais do portfólio da empresa, eram configurados com carrocerias militares padronizadas. O processo de adaptação incluía: Customização artesanal: As carrocerias eram fabricadas nas oficinas de carpintaria do Exército, conforme padrões estabelecidos pelo Serviço Central de Transportes (SCT). Atendimento a requisitos militares: Os veículos foram configurados para atender às necessidades operacionais da Força Terrestre, garantindo robustez e funcionalidade. Essa colaboração inicial com o Exército Brasileiro marcou o começo de uma longa relação da GM com o setor de defesa no país.
A General Motors do Brasil (GM Brasil) consolidou sua presença no mercado brasileiro nas décadas de 1920 e 1930, enfrentando desafios econômicos globais e regionais enquanto expandia sua capacidade produtiva. No inicio foram comercializados diversos modelos, com destaque para os Chevrolet 1926 e 1928 com tração parcial, além de ambulâncias e carros de bombeiros construídos sobre suas plataformas. O aumento das vendas no mercado brasileiro incentivou a empresa a investir em uma moderna planta fabril em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. Concluída em outubro de 1929, a fábrica foi projetada para ampliar a capacidade de produção e fortalecer a presença da General Motors  no país. A inauguração da fábrica coincidiu com a Crise de 1929, desencadeada pela quebra das bolsas de Nova York e Chicago, um evento que abalou a economia global. Esse colapso econômico forçou a matriz norte-americana a revisar suas estratégias de curto e médio prazo em âmbito internacional, implementando planos de contingência para mitigar os impactos financeiros. No Brasil, a deflagração da Revolução Constitucionalista em 9 de julho de 1932 mobilizou cerca de sete milhões de habitantes e o parque industrial do estado de São Paulo em apoio ao esforço de guerra. O conflito gerou um clima de incerteza econômica, levando a diretoria da GM Brasil, em alinhamento com a matriz nos Estados Unidos, a suspender temporariamente as atividades da fábrica de São Caetano do Sul. No entanto, a produção não foi completamente interrompida. O governo paulista adquiriu o estoque total de veículos da GM Brasil e solicitou a retomada das operações para apoiar a retaguarda civil da mobilização militar. Durante o conflito, a empresa desempenhou as seguintes funções: Manutenção e reparo: Recuperação de veículos danificados - Adaptação de veículos civis: Conversão para uso militar - Serviços de suporte: Atendimento às demandas logísticas do esforço revolucionário. A presença constante de oficiais das Forças Públicas de São Paulo transformou a fábrica em uma extensão dos quartéis revolucionários, intensificando sua relevância durante o período. As demandas geradas pela Revolução Constitucionalista elevaram o faturamento da GM Brasil, permitindo que a subsidiária alcançasse, pela primeira vez, o equilíbrio econômico e financeiro. Esse sucesso motivou a diretoria a diversificar a linha de produtos automotivos, com investimentos significativos para aumentar o índice de nacionalização dos veículos.  Essa estratégia visava reduzir a dependência de componentes importados e fortalecer a integração com a economia local. 

A partir de 1933, a General Motors do Brasil iniciou um novo ciclo de crescimento, expandindo sua presença não apenas no Brasil, mas também no mercado sul-americano. Novos investimentos na estrutura produtiva foram realizados, culminando em 1940, quando cerca de 75% dos furgões e caminhões comercializados pela empresa apresentavam carrocerias fabricadas localmente, com quase 90% de nacionalização de componentes básicos. No portfólio da GM Brasil, a família de caminhões médios e leves GMC Flatbed Truck alcançou grande relevância. Esses veículos já haviam conquistado êxito no mercado norte-americano, especialmente após o lançamento da linha de 1935, que introduziu: Motor a gasolina V8: Proporcionava desempenho superior - Caixa de mudanças manual de três velocidades: Garantia confiabilidade e eficiência - Desempenho notável: Capacidade de atingir 100 km/h em 8,4 segundos, um feito impressionante para um caminhão da época. Essas características consolidaram o GMC Flatbed Truck como uma opção robusta e versátil, atendendo às demandas do mercado brasileiro e reforçando a reputação da montadora. A trajetória inicial da General Motors do Brasil foi marcada pela introdução de modelos como os Chevrolet 1926 e 1928, a construção da fábrica de São Caetano do Sul na região metropolitana de Sao Paulo, e a superação de desafios como a Crise de 1929 e a Revolução Constitucionalista de 1932. O apoio à mobilização militar durante o conflito impulsionou o equilíbrio financeiro da empresa, abrindo caminho para a diversificação e a nacionalização dos produtos. A família GMC Flatbed Truck destacou-se como um exemplo de inovação e desempenho, consolidando a General Motors do Brasil como um pilar da indústria automotiva nacional e sul-americana na década de 1930.  Em 1941, a General Motors nos Estados Unidos submeteu a família GMC Flatbed Truck a um processo de reestilização e aprimoramento mecânico e estrutural, com as modificações também aplicadas aos veículos produzidos no Brasil. As principais melhorias incluíram: Estrutura reforçada: Aumento da distância entre eixos, longarinas reforçadas, molas maiores e mais macias, nova caixa de direção e sistema de freios aprimorado. Adaptação ao clima brasileiro: Sistema de arrefecimento tropicalizado para evitar superaquecimento, adequado às condições climáticas do país. Nova cabine: Construída em aço reforçado, montada sobre um chassi mais flexível em termos de torção, proporcionando maior conforto ao condutor. Desempenho otimizado: Melhor agilidade em ambientes urbanos, com maior economia de combustível. Na versão topo de linha, o modelo incorporou refinamentos no acabamento e itens opcionais de conforto, conquistando a preferência dos usuários. 
Essas adaptações, especialmente projetadas para a precária infraestrutura rodoviária brasileira, consolidaram o GMC Flatbed Truck como um sucesso comercial no mercado nacional. O agravamento do cenário geopolítico com o início da Segunda Guerra Mundial alterou as prioridades da GM. Nos Estados Unidos, o governo direcionou o parque industrial para um programa de rearmamento, focado na modernização das forças armadas. Um dos pilares desse esforço foi a transição do Exército dos Estados Unidos (US Army) de uma força hipomóvel para uma força motomecanizada, exigindo a aquisição em larga escala de caminhões com tração integral 4x4 e 6x6. Esses novos veículos visavam substituir ou complementar modelos em uso, como os Chevrolet G-506, G-621 Dodge, e G-540 Ford. Como resultado, a General Motors Corporation redirecionou toda sua capacidade produtiva para o esforço de guerra, impactando suas subsidiárias globais, incluindo a GM Brasil. No Brasil, a produção de modelos comerciais, como os Chevrolet 112 Comercial 937 (1 tonelada), Chevrolet 131 ½ Tigre 937 (1 1/3 toneladas), e Chevrolet 157 Gigante 937 (1 ½ tonelada), foi temporariamente descontinuada. A partir de 1941, a GM Brasil reorientou suas linhas de produção para atender às demandas do esforço de guerra, fabricando: Reboques militares de duas rodas: Para transporte de carga e combustível. Unidades de cozinha de campanha: Equipamentos logísticos essenciais para operações militares. Recipientes para transporte: Incluindo tanques para gasolina e outros materiais estratégicos. A partir de 1943, a GM Brasil também passou a montar milhares de veículos militares fornecidos em estado semidesmontado às Forças Armadas Brasileiras, no âmbito do programa norte-americano Lend-Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Essa iniciativa fortaleceu a capacidade logística do Brasil durante o conflito. Com o término da Segunda Guerra Mundial em 1945, a GM Brasil retomou a produção de seu portfólio completo, incluindo carros, utilitários, e caminhões. Esses produtos foram comercializados tanto no mercado civil quanto no militar, atendendo às demandas de reconstrução e crescimento econômico do país. A experiência adquirida durante o conflito, combinada com a infraestrutura produtiva já estabelecida, posicionou a General Motors do  Brasil para um novo ciclo de expansão.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
O período posterior à Primeira Guerra Mundial (1914–1918) marcou a consolidação do uso de veículos motorizados nas forças armadas globais, visando maior mobilidade no campo de batalha. No Brasil, essa tendência foi adotada pelo Exército Brasileiro e pelas Forças Públicas (atual Polícia Militar), impulsionando a modernização logística. Este documento detalha a incorporação inicial de veículos militares, o papel da Ford Motor Company e da General Motors do Brasil (GM Brasil) no mercado automotivo nacional, e a criação do Serviço Central de Transportes do Exército Brasileiro (SCT) para gerenciar a frota militar. O uso de veículos motorizados durante a Primeira Guerra Mundial demonstrou seu valor estratégico, influenciando as principais forças armadas do mundo a priorizar a mecanização. No Brasil, o comando do Exército Brasileiro reconheceu a importância dessa inovação, que despertou grande interesse entre a jovem oficialidade e as Forças Públicas estaduais. A adoção de veículos militares tornou-se uma prioridade para aumentar a mobilidade e a eficiência operacional no campo de batalha moderno. Os primeiros veículos incorporados pelo Exército Brasileiro foram caminhões leves do modelo Ford T, recebidos no início da década de 1920. A escolha desse modelo foi motivada pela presença da Ford Motor Company no Brasil, a primeira montadora a se estabelecer no país, em 1919. A Ford produzia veículos localmente no sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual componentes importados dos Estados Unidos eram montados em sua fábrica em São Paulo. Esses veículos, predominantemente de passeio e utilitários, ofereciam a vantagem de produção em larga escala e disponibilidade imediata. Além da Ford, outras montadoras, tanto norte-americanas quanto europeias, operavam no Brasil durante o período. Entre elas, destacou-se a General Motors Company, conhecida localmente como Chevrolet. A GM Brasil rapidamente conquistou a liderança no emergente mercado nacional de caminhões e utilitários, devido à qualidade e versatilidade de seus produtos. Essa posição de destaque posicionou a empresa como um fornecedor relevante para as necessidades do Exército Brasileiro e do mercado civil. Em 1923, foi estabelecido o Serviço Central de Transportes do Exército Brasileiro (SCT), sediado na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. O SCT foi criado para gerenciar a frota de caminhões e utilitários militares, equipando o Exército com uma estrutura logística moderna. Suas principais características incluíam: Frota diversificada: Composta por diversos modelos de veículos adquiridos diretamente dos fabricantes, fornecidos em sua configuração básica (chassis, conjunto mecânico e cabines). Customização: Os veículos eram adaptados nas oficinas do SCT para atender a diferentes aplicações militares, como transporte de tropas, carga e suporte logístico. Infraestrutura técnica: Um sistema robusto de montagem e manutenção, considerado avançado para os padrões da época, garantindo a operacionalidade da frota. 

Essa estrutura permitiu ao Exército Brasileiro desenvolver um núcleo operacional significativo, iniciando ensaios e treinamentos para integrar os novos meios de transporte às suas operações. Com a base doutrinária aplicada, a primeira grande utilização de veículos automotores para fins militares ocorreria durante a Revolução de 1924, um movimento armado liderado por militares e civis em São Paulo contra o Governo Federal, foi o primeiro grande evento a demonstrar a aplicação prática de veículos automotores em operações militares no Brasil. Sob o comando do General Cândido Mariano da Silva Rondon, principalmente na frente de batalha no interior do Paraná, diversos veículos civis e militares foram utilizados em funções variadas, incluindo: Ambulâncias: Transporte de feridos, garantindo atendimento médico rápido. Caminhões leves: Mobilização de tropas e transporte de suprimentos. Apesar dessas inovações, o suporte logístico para itens críticos, como víveres, combustível, munição e armamentos, ainda dependia majoritariamente de carroças coloniais puxadas por seis cavalos, conhecidas como "carroção tipo colonial", amplamente utilizadas na região. Na década de 1930, o Exército Brasileiro expandiu o uso de veículos militares e militarizados, incorporando modelos sobre rodas e lagartas de diversas marcas, incluindo: Norte-americanos: Ford, Chevrolet, Dodge, International. - Britânicos: Thornycroft, Commer - Franceses: Somua - Alemães: Henschel, Krupp. Embora a variedade de fornecedores fosse significativa, o Exército passou a priorizar caminhões leves e médios montados localmente. Essa preferência visava facilitar a manutenção e o acesso a peças de reposição, frequentemente importadas, reduzindo custos e melhorando a operacionalidade. A multiplicidade de marcas e modelos gerava desafios logísticos, como a complexidade na gestão de peças e manutenção. Para enfrentar esse problema, o Exército Brasileiro reconheceu a necessidade de padronizar os veículos adquiridos, otimizando processos e reduzindo custos operacionais. Estudos foram realizados para definir critérios de aquisição, culminando na emissão do "Aviso 658" em 27 de setembro de 1937. O Aviso 658 estabeleceu diretrizes claras para a aquisição de veículos destinados ao transporte de carga ou pessoal, restringindo a compra aos modelos produzidos pelas seguintes montadoras: Ford, Chevrolet, Dodge e Commer.  A normativa proibiu expressamente a aquisição de veículos de outras fabricantes, promovendo maior uniformidade na frota e simplificando a logística de manutenção. A padronização favoreceu significativamente a General Motors do Brasil (GM Brasil), que, ao lado da Ford do Brasil, consolidou sua posição como fornecedora preferencial do Exército Brasileiro. Ambas as montadoras destacavam-se por: Liderança comercial: Dominavam o mercado brasileiro de veículos, especialmente no segmento de caminhões e utilitários. Investimentos técnicos: Demonstravam maior disposição para aumentar o nível de nacionalização de seus produtos, incorporando componentes fabricados localmente. Apoio logístico: Ofereciam infraestrutura robusta para manutenção e fornecimento de peças, atendendo às exigências do Exército. 
Na década de 1940, a General Motors do Brasil (GM Brasil) consolidou sua posição como fornecedora preferencial do Exército Brasileiro, ao lado da Ford, devido à qualidade e adaptação de seus veículos às condições locais.  No final da década de 1940, o Exército Brasileiro iniciou um amplo programa de modernização de sua frota de veículos utilitários, priorizando caminhões leves produzidos localmente para garantir manutenção eficiente e acesso a peças de reposição. A montadora brasileira, reconhecida pela confiabilidade e adaptação de seus modelos, tornou-se uma escolha estratégica, dividindo a preferência com a Ford. Essa iniciativa visava melhorar a mobilidade e a capacidade logística das unidades militares em todo o país. A General Motors do Brasil (GM Brasil) forneceu ao Exército Brasileiro os caminhões Chevrolet 112 e 137, popularmente conhecidos como Tigre e Comercial, que se destacaram por suas características técnicas e operacionais: Motorização: Equipados com um motor a gasolina GMC de seis cilindros, gerando 78 hp, proporcionando desempenho adequado para operações militares. Configuração inicial: Semelhantes às versões comerciais, muitos desses veículos foram entregues com pintura do catálogo civil, diferenciando-se apenas pelas marcações militares de seus grupamentos. Versão militarizada: A partir de entregas subsequentes, os caminhões passaram a ser fornecidos em configuração militar, com pintura verde-oliva, ausência de portas convencionais, e supressão da rodagem dupla traseira, otimizando sua adequação ao uso militar. Os caminhões Tigre e Comercial foram amplamente alocados em Divisões de Cavalaria e Regimentos de Cavalaria, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a infraestrutura rodoviária era mais desenvolvida. Suas principais funções incluíam transporte de tropas e cargas, embora sua capacidade fosse limitada a seis soldados de infantaria totalmente equipados, devido às dimensões reduzidas do modelo. Paralelamente, o Exército Brasileiro adquiriu em grande escala a picape Chevrolet 1941, disponível em duas configurações: Cabine aberta: Destinada ao transporte de pessoal. Cabine fechada: Utilizada para transporte de cargas. Apesar da incorporação em larga escala, verificou-se que a picape não atendia plenamente às necessidades de capacidade de transporte exigidas pelo Exército Brasileiro, principalmente devido a seu pequeno porte, limitando sua eficácia em operações logísticas mais exigentes.

Para superar as limitações da picape Chevrolet 1941, o Exército Brasileiro adquiriu o Chevrolet 157 Gigante 937, parte da família GMC Flatbed Truck, com tração 4x2. Esse modelo apresentou características superiores, incluindo: Capacidade de carga: Até 1,5 tonelada, suportada por um motor Chevrolet V8. Customização para o Brasil: Sistema de arrefecimento tropicalizado, projetado para operar no clima predominante do país, minimizando problemas de superaquecimento comuns em outros veículos militares da época. Versatilidade operacional: Capaz de transportar até 16 soldados totalmente equipados ou realizar o transporte de canhões de montanha Schneider de 75 mm, ampliando a mobilidade das unidades. Os Chevrolet Gigante 937 foram rapidamente integrados às unidades operativas em todo o território nacional, desempenhando funções essenciais no transporte de carga e pessoal. Sua capacidade de carga superior e adaptação às condições locais tornaram o modelo um ativo valioso para o Exército, especialmente em operações que exigiam maior volume logístico. O Chevrolet Gigante 937 foi empregado pelo Exército Brasileiro para tracionar obuseiros autopropulsados Krupp e Schneider de 155 mm, inicialmente equipados com rodas de madeira, que foram posteriormente substituídas por pneus. Essa capacidade aumentou significativamente a mobilidade das unidades de artilharia da Força Terrestre, permitindo deslocamentos mais rápidos e eficientes em operações de campo.  Parte da frota de Chevrolet Gigante recebeu adaptações para funções antiaéreas, marcando a introdução da primeira plataforma especializada nesse tipo no Brasil. Essas modificações incluíam a instalação de: Canhões duplos Oerlikon de 20 mm: Armas leves antiaéreas para defesa contra aeronaves. Metralhadoras Madsen de 7 mm: Complementando o armamento defensivo.  A partir do final de 1941, os veículos foram alocados aos 1º, 2º e 3º Regimentos de Artilharia Antiaérea (RAAAé), onde foram utilizados para tracionar canhões alemães Flak 88 mm Modelo 18 C/56, equipamentos de comando, preditores WIKOG 9SH, e sistemas de localização de som ELASCOPORTHOGNOM.  Esses equipamentos haviam sido adquiridos por meio do "Grande Contrato Krupp". A atribuição dessa missão ocorreu emergencialmente devido à não entrega dos caminhões alemães Krupp 3 ½ Ton L3H163, prometidos no acordo, em razão do agravamento da Segunda Guerra Mundial. 
A versatilidade da plataforma e do chassi do Chevrolet Gigante permitiu adaptações para usos diversos, incluindo: Ônibus "jardineira": Equipado com uma carroceria semiaberta, foi utilizado por unidades do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira (FAB) para transporte de pessoal. Transporte de pontões: A Fábrica de Curitiba desenvolveu uma versão específica para unidades de engenharia, destinada ao transporte de componentes para montagem de pontes flutuantes. Aproximadamente 20 caminhões nessa configuração foram produzidos, permanecendo em serviço até o início da década de 1950. A adesão do Brasil ao programa norte-americano Lend-Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) em 1942 marcou uma mudança significativa na frota militar brasileira. A partir desse ano, o Exército começou a receber grandes quantidades de caminhões militares modernos com tração integral 4x4 e 6x6, que se tornaram a espinha dorsal do transporte de carga e pessoal nos anos seguintes. Esse influxo de veículos permitiu que os Chevrolet Gigante fossem realocados para missões de apoio e segunda linha, funções nas quais permaneceram até o início da década de 1950. Além do Exército, o Chevrolet Gigante foi utilizado como veículo utilitário pela Força Aérea Brasileira, pela Marinha do Brasil, e pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Versões militarizadas do caminhão também foram empregadas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo até 1955, demonstrando sua versatilidade e longevidade em aplicações de segurança pública. Os Chevrolet Gigante começaram a ser desativados no início da década de 1950, à medida que os novos caminhões recebidos pelo programa Lend-Lease assumiam as funções primárias de transporte. Sua retirada gradual marcou o fim de um ciclo importante na modernização logística das Forças Armadas Brasileiras. O Chevrolet 157 Gigante 937 destacou-se na década de 1940 por sua capacidade de atender a uma ampla gama de necessidades militares, desde o transporte de artilharia pesada até configurações antiaéreas e especializadas, como ônibus e veículos de engenharia. Sua utilização pelo Exército, Força Aérea, Marinha, e Polícia Militar do Estado de São Paulo, aliada às adaptações para o clima brasileiro, reforçou sua importância na história militar do país. A transição para os caminhões do programa Lend-Lease na década de 1950 marcou o fim de sua operação primária, mas o legado do Chevrolet Gigante permanece como um símbolo da versatilidade e inovação da General Motors do Brasil no apoio às forças militares e de segurança.

Em Escala.
Para representar o Chevrolet 157 Gigante 937 EB20-2841 pertencente ao Exército Brasileiro, foi selecionado o modelo em resina do Ford V-3000, produzido pela PRM Models. Apesar de ser um modelo Ford, a cabine do V-3000 apresenta semelhanças significativas em design e detalhes com o Chevrolet Gigante 937, tornando-o uma base adequada para o projeto. A escolha foi fundamentada na proximidade estética e na qualidade do kit, que permitiu adaptações precisas. Para reproduzir as marcações do Exército Brasileiro, foram utilizados decais do conjunto "Exército Brasileiro 1942–1982", produzido pela Decais Eletric Products

O esquema descrito abaixo, representa o  terceiro padrão de pintura do Exército Brasileiro, implementado durante a década de 1940, foi desenvolvido conforme as especificações do sistema Federal Standard (FS). Este esquema era notavelmente semelhante ao padrão de pintura utilizado pelo Exército dos Estados Unidos (US Army) no mesmo período, refletindo a influência das colaborações militares, especialmente no contexto do programa Lend-Lease Bill Act. Inicialmente estes caminhões  foram recebidos ostentando uma pintura em um tom diferente de verde, com alguns caminhões ainda ostentando um padrão de camuflagem ao estilo empregado em veiculos militares franceses durante a década de 1920.

Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- General Motors do Brasil – www.generalmotors.com.br
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos