McDonnel Douglas A-4KU AF-1A

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1950, as aeronaves a reação começaram a substituir os caças e aeronaves de ataque equipados com motores a pistão nas forças aéreas das principais potencias militares, tendência também enfatizada pelo comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy). Nesse período, a força naval norte-americana contava com dezenas de porta-aviões de médio e pequeno porte, enquanto projetos para a construção de porta-aviões de grande porte já estavam em andamento, que apresentariam capacidade para operar aeronaves de grande porte. Nesse contexto, o comando da aviação naval lançou uma concorrência para o desenvolvimento de uma nova aeronave de ataque de pequeno porte, destinada a operações embarcadas que pudesse equipar seus navios aeródromos de pequeno e médio porte. Os requisitos estabelecidos para o projeto incluíam: raio de ação mínimo de 555 km, velocidade máxima de até 805 km/h, peso máximo de 13.600 kg e capacidade de transportar até 1.908 kg de carga útil, convencional ou nuclear. Além disso, a aeronave deveria apresentar baixo custo de aquisição e operação, com o objetivo de substituir os monomotores a pistão Douglas A-1 Skyraider nas missões de ataque. Em janeiro de 1952, a Douglas Aircraft Company apresentou sua proposta, desenvolvida sob a liderança do renomado engenheiro-chefe Edward Henry Heinemann. O projeto consistia em uma aeronave compacta, projetada para operar em porta-aviões de médio e pequeno porte. Com peso de apenas 5.440 kg — metade do especificado —, a aeronave alcançava uma velocidade máxima de 950 km/h e podia transportar uma carga útil de 2.250 kg, incluindo variada gama armamentos, inclusive nucleares. Sua área alar, de apenas 8,38 m², eliminava a necessidade de asas dobráveis para armazenamento em porta-aviões, reduzindo a complexidade de sistemas hidráulicos e elétricos e barateando o custo de manutenção. O primeiro protótipo, equipado com o motor turbojato Curtiss-Wright J65, realizou seu voo inaugural em 22 de junho de 1954, na Base da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Edwards, Califórnia. Após um programa inicial de ensaios em voo bem-sucedidos, foi assinado um contrato para a produção de 18 aeronaves de pré-série, designadas YA4D-1, que foram destinadas ao desenvolvimento final do projeto. Concluída essa etapa, celebrou-se um contrato para a aquisição de 500 aeronaves, ao custo unitário de US$ 860.000, valor inferior ao teto estipulado originalmente na concorrência, de US$ 1.000.000.

A primeira versão de produção da aeronave, designada A-4A Skyhawk, era equipada com dois canhões Colt Mk 12 de 20 mm, com capacidade para 100 disparos por arma. A aeronave podia ser configurada com uma ampla variedade de armamentos, incluindo bombas de queda livre, foguetes não guiados, mísseis ar-terra e ar-ar, além de uma bomba termonuclear de pequeno porte. As unidades iniciais foram destinadas aos esquadrões aeronavais VA-72 e VMA-224 da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), com o objetivo de facilitar a adaptação e a conversão dos pilotos para a nova aeronave. Após a conclusão desse processo, as aeronaves foram alocadas diretamente às unidades embarcadas em porta-aviões de pequeno porte, equipando esquadrões de ataque leve. Essa integração conferiu a esses navios uma capacidade de ataque até então inexistente, uma vez que não podiam operar aeronaves de maior porte, como o McDonnell Douglas F-4 Phantom II ou o Vought F-8 Crusader. As primeiras missões dos A-4A Skyhawk concentraram-se na proteção aérea de aeronaves de guerra antissubmarino (ASW) baseadas em porta-aviões médios da classe Essex. As versões A-4A e A-4B não possuíam sistema de radar, sendo direcionadas aos alvos por meio de vetoração realizada a partir de navios da frota ou por aeronaves de alerta aéreo antecipado Grumman E-1 Tracer AEW. O A-4 Skyhawk também foi pioneiro na implementação de um sistema de reabastecimento aéreo tático, reduzindo a dependência de aviões-tanque dedicados de grande porte. Nesse sistema, uma aeronave A-4B configurada para reabastecimento, equipada com um “buddy store” — um tanque externo de combustível com um carretel de mangueira e uma caçamba de reabastecimento extensível —, era lançada sem armamento. Já as aeronaves de ataque eram configuradas com carga máxima de armamentos e recebiam combustível até o limite de peso máximo de decolagem, inferior à capacidade total do tanque. O batismo de fogo do A-4 Skyhawk ocorreu no Sudeste Asiático, onde a aeronave se destacou como o principal vetor de ataque leve da Marinha dos Estados Unidos durante os primeiros anos da Guerra do Vietnã, sendo empregada em missões contra alvos no Vietnã do Norte. Em 1º de maio de 1967, um A-4C Skyhawk do esquadrão VA-76, embarcado no porta-aviões USS Bon Homme Richard, abateu um MiG-17 da Força Aérea do Vietnã do Norte utilizando um foguete Zuni não guiado, marcando a única vitória aérea da aeronave nesse conflito. Posteriormente, os A-4 Skyhawk começaram a ser substituídos pelo Vought A-7 Corsair II nas missões de ataque da Marinha. Contudo, a aviação do Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) manteve a aeronave em serviço em todos os seus esquadrões de ataque. Notavelmente, um A-4E Skyhawk foi responsável pelo lançamento das últimas bombas norte-americanas na Guerra do Vietnã.
O McDonnell Douglas A-4 Skyhawk passou a atrair o interesse de diversas nações, especialmente aquelas que operavam porta-aviões menores e mais antigos, remanescentes da Segunda Guerra Mundial, o que resultou na assinatura dos primeiros contratos de exportação para a Argentina e Austrália que operavam navios aeródromos britânicos. Dentre os operadores internacionais, Israel destacou-se como o maior usuário externo, processo iniciado em 1966, quando a França, até então principal fornecedora de equipamentos militares do país, impôs severas restrições à venda de material bélico. Esse cenário levou o governo israelense a intensificar sua aproximação com os Estados Unidos, culminando na implementação de um programa de assistência militar mais robusto. Nesse contexto, o McDonnell Douglas A-4 Skyhawk foi a primeira aeronave oferecida à Força Aérea de Israel (IAF), com as entregas ocorrendo logo após a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967. Localmente designadas como Ayit (termo hebraico para "Águia"), essas aeronaves apresentavam um custo de aquisição equivalente a apenas um quarto do valor de um McDonnell Douglas F-4 Phantom II, com a capacidade de transportar uma carga bélica superior. Essa relação custo-benefício levou Israel a adquirir mais de 200 unidades, consolidando o A-4 como a espinha dorsal de sua força de ataque ao solo. Durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973, os A-4 Skyhawk desempenharam um papel central, executando o maior número de missões de ataque terrestre da campanha. Contudo, a alta exposição resultou em perdas significativas, com pelo menos nove aeronaves abatidas por caças MiG-21 e MiG-17 da coalizão árabe e por fogo antiaéreo. Para recompor essas perdas, os Estados Unidos implementaram, no final de 1973, a Operação Nickel Grass, que envolveu a transferência de aeronaves usadas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para Israel. Uma versão específica, designada A-4H, foi desenvolvida para atender às necessidades de Israel. Essa variante incorporava aviônicos mais avançados, o motor Pratt & Whitney J52-P-8A com maior empuxo e canhões DEFA de 30 mm, substituindo os Colt Mk.12 de 20 mm. Visualmente, o A-4H distinguia-se por uma "corcova" que abrigava os novos sistemas eletrônicos e por um tubo de escape estendido, modificação local destinada a aumentar a proteção contra mísseis terra-ar guiados por calor. Ao todo, 90 unidades dessa versão foram entregues e empregadas em diversos conflitos. Em 2008, foi iniciado um processo de desativação gradual dos A-4 Skyhawk, que foram substituídos nas missões de ataque pelos caças General Dynamics F-16 Fighting Falcon. Temporariamente, as aeronaves remanescentes foram destinadas a missões de treinamento, até serem definitivamente retiradas de serviço a partir de 2014, quando foram substituídas pelos aviões italianos Alenia Aermacchi M-346 Master.

mbora o Douglas A-4 Skyhawk tenha desempenhado um papel significativo na Força Aérea de Israel (IAF), o primeiro cliente de exportação foi a Argentina, que assinou, em 1965, um contrato para a aquisição de 25 aeronaves da versão A-4B para operação embarcada. Em 1970, um novo acordo resultou na entrega de igual quantidade de unidades. Todas essas aeronaves, provenientes de unidades ativas da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), foram revisadas pela Lockheed Service Company e redesignadas como A-4P. Em 1976, um terceiro contrato foi firmado para a compra de 25 unidades da versão A-4C, destinadas a substituir os caças North American F-86 Sabre em missões de intercepção. Essa foi a primeira variante argentina equipada para operar mísseis ar-ar AIM-9B Sidewinder. Devido ao seu porte compacto e agilidade, o A-4 Skyhawk foi selecionado para substituir os caças Grumman F9F Panther e Grumman F9F Cougar no porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo V2 (Ex HMS Venerable) , da Marinha Argentina (Armada). Para atender a essa demanda, foram adquiridas 16 unidades da versão A-4Q, entregues a partir de 1971. Apesar dos embargos impostos pelos Estados Unidos ao governo militar argentino a partir do final da década de 1970, essas aeronaves tiveram destacada atuação no conflito das Malvinas (Falklands), entre abril e junho de 1982. Durante o conflito, 48 aeronaves das versões A-4P, A-4C e A-4Q foram empregadas em missões de ataque contra a frota britânica, resultando no afundamento do destróier Tipo 42, HMS Coventry e das fragatas Tipo 21, HMS Antelope e HMS Ardent, além de causar sérios danos a outros navios. Contudo, 22 dessas aeronaves foram abatidas por caças BAE Sea Harrier FRS1 da Marinha Real Britânica (Royal Navy), Harrier GR.3 da Força Aérea Real (RAF), artilharia antiaérea e mísseis terra-ar britânicos instalados nas ilhas após o desembarque. Depois do término do conflito, as celulas remanescentes foram modernizadas por meio do programa Halcón, permanecendo em serviço até 1999, quando foram substituídas por 36 aeronaves modernizadas da versão Lockheed Martin OA/A-4AR Fightinghawk. Além da Argentina, outras nações com porta-aviões de pequeno porte de origem britânica, como Austrália e Nova Zelândia, também operaram versões do Douglas A-4 Skyhawk em seus grupos aéreos embarcados durante as décadas de 1970 e 1980.
A última variante produzida especificamente para as forças armadas dos Estados Unidos, composta pelos modelos A-4M e TA-4M Skyhawk, representou o ápice tecnológico da família A-4. Essas aeronaves foram operadas principalmente pelos esquadrões de ataque da aviação do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). A produção final da linha destinou-se a uma encomenda da Força Aérea do Kuwait (al-Quwwat al-Jawwiya al-Kuwaitiya), que incluiu 30 unidades monoplaces A-4KU Skyhawk e seis unidades biplaces TA-4KU. A fabricação do A-4 Skyhawk foi encerrada em fevereiro de 1979, com um total de 2.960 aeronaves monoplaces e 565 unidades da versão de treinamento entregues a operadores em países como Estados Unidos, Argentina, Brasil, Singapura, Austrália, Indonésia, Israel, Kuwait, Malásia e Nova Zelândia. Seguindo o exemplo do pioneiro programa de modernização conduzido em Israel pela empresa estatal Israel Aircraft Industries (IAI), diversos outros programas de atualização foram implementados em centenas de células da família A-4 Skyhawk. Destacam-se as modernizações realizadas por Indonésia, Singapura e Argentina, que elevaram a aeronave a um nível tecnológico avançado, prolongando significativamente sua vida útil. Nos Estados Unidos, as últimas unidades empregadas em missões de conversão operacional, treinamento de combate (como aeronaves "agressoras") e reboque de alvos foram retiradas do serviço ativo em 2003. Notavelmente, as qualidades de voo, agilidade em combate e baixa assinatura de radar do A-4 Skyhawk proporcionaram à aeronave uma sobrevida singular. Essas características levaram à sua adoção por empresas privadas, como a Draken International e a Aero Group, que passaram a utilizá-la em contratos com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos para programas de treinamento para as forças armadas norte-americanas.

Emprego na  Marinha do Brasil
Em 26 de janeiro de 1965, o Decreto-Lei nº 55.627 proibiu a Aviação Naval da Marinha do Brasil de operar aeronaves de asa fixa, determinando a transferência de seus vetores e pessoal para o Ministério da Aeronáutica (MAer). Essa restrição permaneceu em vigor até o final da década de 1990, quando os últimos Grumman S-2E Tracker (P-16E) da Força Aérea Brasileira (FAB) foram desativados. A retirada dessas aeronaves gerou uma lacuna operacional nas atividades de aviação embarcada, criando uma oportunidade para que o almirantado buscasse a revogação da chamada “Lei da Asa Fixa”. Os esforços nesse sentido culminaram em 8 de abril de 1998, com a promulgação do Decreto Presidencial nº 2.538, que restaurou à Marinha do Brasil o direito de operar aeronaves de asa fixa. A única condição estipulada era que essas aeronaves fossem empregadas primariamente a bordo de um navio-aeródromo da esquadra. Nesse novo contexto, o navio-aeródromo brasileiro A-11 Minas Gerais, embora modernizado diversas vezes ao longo de sua carreira, havia sido projetado com base em conceitos da década de 1940, voltados para o embarque de aeronaves de pequeno porte equipadas com motores a pistão. Essas características impunham limitações significativas para a operação de jatos de alto desempenho, devido ao tamanho reduzido da pista e à capacidade limitada das catapultas. Tais restrições operacionais influenciaram diretamente a escolha de aeronaves adequadas. Inicialmente, o comando da Aviação Naval demonstrou preferência pelos jatos de ataque franceses (novos ou mesmo usados) Dassault-Breguet Super Étendard, que se adequavam às limitações operacionais do A-11 Minas Gerais e possuíam comprovada experiência em combate. Contudo, a proposta francesa excedia a capacidade orçamentária da Marinha do Brasil, tornando a aquisição de cinco a dez aeronaves totalmente inviável. Diante desse cenário, a alternativa mais viável recaiu sobre a família Douglas A-4 Skyhawk, que já contava com um histórico bem-sucedido de operação em navios-aeródromos de pequeno porte semelhantes ao brasileiro. Foram realizadas consultas internacionais para identificar oportunidades de aquisição, resultando em uma concorrência prontamente atendida pela The Boeing Company. A empresa ofereceu um lote de aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk em bom estado de conservação, provenientes do governo do Kuwait, que as devolveu como parte do pagamento por um lote de caças multifuncionais McDonnell Douglas F/A-18 Hornet. 

Negociações entre o governo brasileiro e a The Boeing Company resultaram em uma proposta de US$ 70 milhões, abrangendo a aquisição de 20 aeronaves monoplaces A-4KU Skyhawk e três biplaces TA-4KU, além de um amplo estoque de peças sobressalentes, treinamento e um pacote de armamentos, incluindo mísseis ar-ar Raytheon AIM-9L Sidewinder. As versões A-4KU e TA-4KU estavam entre as mais avançadas da família A-4, sendo derivadas do A-4M Skyhawk II, desenvolvido para missões de ataque do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Embora desprovidas de capacidades para ataque nuclear, lançamento de mísseis antirradiação ou uso de bombas guiadas por TV, essas aeronaves incorporavam o moderno sistema Hughes ARBS (Angle Rate Bombing System), para designação de alvos no solo, e podiam operar mísseis AGM-65 Maverick. Equipadas com o motor turbojato Pratt & Whitney J52-P408, que fornecia 11.200 libras de empuxo, as unidades haviam sido produzidas entre 1977 e 1979, com uma média de apenas 1.700 horas de voo, o que as classificava como relativamente novas e com significativa vida útil remanescente. Algumas dessas aeronaves participaram ativamente da Primeira Guerra do Golfo, operando a partir de bases na Arábia Saudita contra forças iraquianas. Uma comissão de oficiais da Marinha do Brasil foi enviada ao Kuwait para selecionar, entre a frota disponível, as 20 unidades monoplaces e três biplaces. Após a escolha, as aeronaves foram revisadas, desmontadas e preparadas para transporte marítimo, chegando ao porto do Rio de Janeiro em 5 de setembro de 1998. Paralelamente, foi determinada a criação de uma unidade especializada para operar os novos jatos de ataque, culminando, em 2 de outubro de 1998, na ativação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), sediado no complexo militar de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. O treinamento dos pilotos foi estruturado em duas fases. A primeira etapa envolveu a participação da Força Aérea Brasileira, utilizando suas unidades de instrução. A segunda etapa foi conduzida nos Estados Unidos, na Estação Aeronaval de Kingsville (Naval Air Station Kingsville), no Texas. Nesse período, os oficiais aviadores brasileiros realizaram qualificações para pouso em porta-aviões e treinamento no emprego de sistemas de armamento, utilizando aeronaves de treinamento avançado McDonnell Douglas T-45 Goshawk.
Em 26 de maio de 2000, foi realizado o primeiro voo de um Douglas A-4KU Skyhawk pilotado por um oficial aviador da Marinha do Brasil. Entre 11 e 13 de setembro do mesmo ano, ocorreram os primeiros procedimentos de toque e arremetida no convoo do navio-aeródromo A-11 Minas Gerais. Posteriormente, entre 18 e 21 de janeiro de 2001, foram executados os primeiros pousos e catapultagens a bordo desse navio. Contudo, as operações do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) com o A-11 Minas Gerais foram breves, pois, no final de 2001, o governo brasileiro adquiriu do governo francês o navio-aeródromo R-99 Foch, com o objetivo de substituir o veterano A-11, que contava com mais de 50 anos de serviço. As aeronaves, redesignadas como AF-1 Skyhawk, passaram a operar a bordo do novo navio-aeródromo A-12 São Paulo assim que este foi declarado operacional. Em dezembro de 2001, dois AF-1A Skyhawk partiram da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia com destino à Base Aérea de Natal, onde realizaram os primeiros disparos reais com mísseis AIM-9H Sidewinder. Esses mísseis haviam sido revisados e revalidados pelas empresas brasileiras Mectron S/A, Avibrás S/A e Imbel, e todos os lançamentos foram bem-sucedidos. Com isso, o VF-1 foi homologado para operações plenas. A Marinha do Brasil planejava manter 15 aeronaves operacionais para compor o Grupo Aéreo Embarcado. Em determinado momento, até 20 unidades estavam em condições de voo. Contudo, ao longo dos anos, a disponibilidade operacional foi gradualmente reduzida, principalmente devido às limitações orçamentárias impostas às Forças Armadas pelo governo federal. Como consequência, os pilotos enfrentaram dificuldades para manter suas qualificações, e as operações embarcadas tornaram-se cada vez menos frequentes. Para mitigar esse problema, o comando do esquadrão optou por manter em operação constante as três aeronaves biplaces AF-1B Skyhawk, permitindo que dois aviadores navais compartilhassem as poucas horas de voo disponíveis. Curiosamente, essas aeronaves não foram empregadas em operações embarcadas. Essa decisão foi justificada pela existência de apenas três unidades desse modelo na frota, levando a Marinha a priorizar sua preservação e evitar riscos de acidentes que pudessem resultar na perda dessas valiosas células ao operar no navio-aeródromo A-12 São Paulo.

Após treze anos da incorporação das aeronaves McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk, o Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) determinou a implementação de um amplo programa de modernização das células remanescentes, com o objetivo de estender sua vida util até que houvesse tempo habil para a aquisição de um modelo mais atualizado.  Para atender a essa demanda, foi assinado, em 14 de abril de 2000, um contrato com a Embraer S/A, prevendo inicialmente a modernização de 12 aeronaves que se encontravam em melhor estado de conservação. O projeto incluía a revitalização estrutural, a atualização do piloto automático — permitindo maior concentração do piloto na missão ao gerenciar os sistemas da aeronave — e a integração de novos sistemas de defesa ativa e passiva, como o Radar Warning Receiver (RWR). Esse dispositivo possibilitava a detecção e evasão de ameaças, como mísseis e caças inimigos, aumentando a sobrevivência da aeronave e a probabilidade de êxito nas missões. Além disso, foram incorporados os seguintes avanços: - Um terceiro rádio VHF com capacidade de transmissão de dados via data-link, utilizando equipamentos Rohde & Schwarz; - Integração de radar altímetro e TACAN, permitindo ao piloto centralizar informações em uma única tela (Conformal Multi-Function Display - CMFD), o que aprimorava a consciência situacional durante operações em porta-aviões e voos por instrumentos; - Atualização dos instrumentos do motor, com avisos aurais sobre limites operacionais, consolidação de dados em uma única tela e melhor visualização dos indicadores; - Estações de briefing e debriefing, que proporcionavam melhor planejamento das missões, economia no uso de equipamentos aviônicos, otimização das informações geradas em voo e suporte ao treinamento e avaliação das tripulações. O primeiro protótipo modernizado, registrado como AF-1B N-1011, realizou seu voo inaugural em 17 de julho de 2013. Após ensaios bem-sucedidos, foi autorizado o envio das demais aeronaves à Embraer S/A, com a primeira unidade modernizada entregue formalmente em 26 de maio de 2014. Contudo, restrições orçamentárias atrasaram a entrega das aeronaves restantes, e a em fevereiro de 2017 a desativação precoce do navio-aeródromo A-12 São Paulo levou o Comando da Força Aeronaval a reavaliar o número total de células  a serem modernizadas.
Em 20 de abril de 2022, a Embraer S/A entregou à Marinha do Brasil a última aeronave modernizada do modelo AF-1C. O programa de modernização contemplou um total de sete aeronaves, sendo cinco unidades monoplaces AF-1B e duas unidades biplaces AF-1C. Essas aeronaves proporcionaram à Aviação Naval um vetor aéreo de tecnologia avançada, capaz de executar missões de inteligência, incluindo o acompanhamento de alvos de superfície. Entre os principais avanços, destacou-se a integração do radar israelense EL/M 2032, que oferece múltiplos modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação. Esse sistema permite detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de determinar a distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armamentos. No modo TWS (Track While Scan), é possível localizar e rastrear automaticamente até 64 alvos terrestres ou de superfície simultaneamente, enquanto o modo SAR (Synthetic Aperture Radar) viabiliza o mapeamento terrestre em missões de reconhecimento. Essas capacidades, combinadas aos radares 997 Artisan instalados no Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico, reforçam a eficiência da Força Naval em missões de interceptação, ataque e defesa aérea. Apesar da desativação do navio-aeródromo A-12 São Paulo e da operação de uma frota reduzida, a manutenção das aeronaves modernizadas visa preservar a doutrina operacional da aviação de ataque com aeronaves de asa fixa. Esse esforço busca assegurar a continuidade dessas capacidades até que os jatos AF-1C Skyhawk sejam substituídos por novos vetores no futuro próximo.

Em Escala.
Para representarmos o McDonnell Douglas A-4KU AF-1  Skyhawk "MB 1005" optamos pelo kit da Hobbycraft na escala 1/48, modelo este que apresenta bom nível de detalhamento, incluindo amplo leque de configuração de cargas externas semelhantes as adotadas em sua operação no Brasil. Vale salientar que  recentemente a Hasegawa lançou uma edição especial e limitada com os  A-4KU da Marinha do Brasil  Empregamos decais confeccionados pela FCM Decais , presentes no Set 48/44, mesclados com decais originais do modelo.
O esquema de cores  (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura tático empregado em todos  McDonnell Douglas A4-KU e TA-4KU recebidos pela Marinha do Brasil, somente o AF-1 1001 recebeu um padrão de pintura diferenciado na cor  cinza FS-26187, aplicado para a cerimônia  de apresentação das aeronaves no dia 2 de outubro de 1998 durante as comemorações do 82º Aniversário da Aviação Naval. Já as aeronaves modernizaras apresentam um padrão de pintura de baixa visibilidade com as marcações em  low wiz.


Bibliografia :

- Revista Força Aérea Número 13   - Luciano Melo Ribeiro
- Revista Força Aérea Número 21 - Eduardo Baruffi Valente
- Asas Sobre o Mares - Aviação Naval Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha
- McDonnell Douglas A-4 Skyhawk - Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/McDonnell_Douglas_A-4_Skyhawk
- Poder Naval - www.naval.com.br , Alexandre Galante

C-95A, C-95B e C-95C Bandeirante

História e Desenvolvimento. 
No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira comprometeu-se com um ambicioso programa de integração nacional. Neste contexto, quase toda a sua frota de aeronaves Douglas C-47 e Beechcraft C-45 foi mobilizada, com o intuito de expandir não apenas as linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), mas também de realizar missões de assistência logística e médica nas regiões mais remotas do país.  Contudo, ao longo dos anos, o uso intensivo dessas aeronaves resultou em desgastes estruturais significativos, o que impactou diretamente nos índices de indisponibilidade da frota. Esta situação foi ainda mais exacerbada pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição, evidenciando a necessidade premente de substituir integralmente a frota existente. Neste cenário, o Coronel Ozires Silva apresentou ao comando da Aeronáutica uma proposta para o desenvolvimento de uma aeronave bimotora nacional de médio porte. Os esforços para a concretização deste projeto começaram a tomar forma em junho de 1965, em colaboração com o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial em São José dos Campos, SP, com o lançamento do programa IPD-6504. Sob a supervisão do engenheiro francês Max Holst, que havia projetado diversas aeronaves, incluindo o MH-1521 Broussard, utilizado pela Força Aérea Francesa (Armée de l'Air), uma equipe dedicada foi formada para atender a essa demanda. O projeto envolvia o desenvolvimento de uma aeronave bimotora de asa baixa, com estrutura metálica, medindo 12,74 metros de comprimento, janelas em formato de bolha e capacidade para oito passageiros. A partir do início de 1967, após a elaboração dos cálculos e desenhos necessários, iniciou-se a construção de um mock-up em escala 1:1, com o corte e a moldagem dos painéis realizados manualmente sobre o modelo. Paralelamente, foram selecionados motores turbo-hélice Pratt & Whitney PT6A-20 de 550 shp cada, que garantiriam à aeronave o alcance dos patamares de desempenho desejados. O programa de desenvolvimento e construção se estendeu por três anos e quatro meses, totalizando cento e dez mil horas de trabalho e envolvendo diretamente cerca de trezentos colaboradores. O primeiro protótipo, designado YC-95 Bandeirante (nome dado em  honra aos desbravadores do Brasil, no século XVI), foi concluído no início de outubro de 1968 e preparado para seu primeiro voo. Os motores do Bandeirante funcionaram pela primeira vez no dia 17 de outubro, incrivelmente seis dias antes do primeiro voo. Vários testes de solo foram realizados exaustivamente pelos projetistas e pilotos, para garantir a confiabilidade dos sistemas, um trem de pouso foi danificado durante um taxiamento, mas consertado antes do dia previsto. 

O grande  momento histórico ocorreu na manhã do dia 22 do referido mês, quando o YC-95 decolou para seu voo de testes. Durante este voo inaugural, foi detectada uma instabilidade direcional na aeronave, que foi prontamente corrigida pela equipe técnica do CTA. Após a realização de ajustes menores, em 27 de outubro de 1968, o YC-95 Bandeirante, registrado sob a matrícula FAB 2130, foi oficialmente apresentado em uma cerimônia no aeroporto de São José dos Campos, São Paulo. A cerimônia contou com a presença de autoridades, representantes da imprensa e um público estimado em 15 mil pessoas. Sob os atentos olhares dos presentes, a aeronave decolou de uma pista não pavimentada, pilotada pelo Major Mariotto Ferreira e pelo Engenheiro Michel Cury, celebrando assim os anos de dedicação investidos no programa da aeronave brasileira. Em 1969, devido a divergências de opinião sobre a condução do desenvolvimento do projeto, o engenheiro francês Max Holste deixou a equipe. Nesse mesmo ano, o Coronel Ozires Silva e sua equipe iniciaram esforços para buscar parcerias no setor privado nacional para a produção em série da nova aeronave. Apesar das muitas negativas enfrentadas, o Coronel não se deixou desanimar; uma grande oportunidade surgiu durante um encontro inesperado com o presidente Artur da Costa Silva, no qual ele conseguiu convencê-lo a investir no projeto de produção em série. Esse esforço resultou na criação de uma empresa estatal de capital misto, estabelecida na cidade de São José dos Campos, São Paulo, com sua fundação ocorrendo em 19 de agosto de 1969. A nova empresa recebeu o nome de Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer), tendo o Coronel Ozires Silva como seu primeiro presidente, cargo que ocupou até 1986. Assim, o projeto IPD-6504 e seus dois protótipos foram transferidos para a nova empresa, recebendo a designação oficial de EMB-100 Bandeirante. Subsequentemente, iniciaram-se trabalhos focados na melhoria do projeto e no desenvolvimento da engenharia de processo para a futura produção em série da aeronave. Como resultado desse trabalho, foi criado um terceiro protótipo, que recebeu a matrícula PP-ZCN e realizou seu voo inaugural em 29 de junho de 1970. Apesar de seu bom desempenho durante os testes de voo, constatou-se que as condições e os parâmetros operacionais para os quais o projeto havia sido originalmente concebido haviam se modificado. Em particular, a capacidade de transporte de até oito passageiros se tornara insuficiente, pois o mercado passou a preferir modelos com capacidade para até doze passageiros. Essa mudança trazia desafios significativos para o sucesso do EMB-100 nos segmentos comercial nacional e internacional, levando a empresa a um processo de reformulação do projeto. 
Assim, nasceu o Embraer EMB-110, uma nova versão com maior porte, que atendia à nova demanda por transporte civil e cuja variante militar (C-95) poderia também carregar uma carga útil maior, incorporando avanços técnicos significativos. A partir das novas definições  de projeto estabelecidas, em novembro teve início a produção do primeiro exemplar pré-série da versão militar, designado como C-95, recebendo a matrícula FAB 2133. Este modelo apresentava uma fuselagem alongada em relação aos primeiros protótipos, com 14,23 metros de comprimento, e passava a incorporar janelas retangulares em vez das ovais originais. Possuía também  um novo estabilizador vertical, naceles de motores redesenhadas e motores turboélices mais potentes do modelo Pratt & Whitney PT6A-27, cada um com 680 hp. O primeiro voo do C-95 FAB 2133 ocorreu em 9 de agosto de 1972, sendo imediatamente destinado a um extenso e detalhado programa de testes e ensaios em voo conduzido pela Força Aérea Brasileira. Posteriormente, a aeronave recebeu homologação operacional oficial do Centro de Tecnologia da Aeronáutica (CTA) e de demais órgãos governamentais responsáveis pelo transporte aéreo. Nesse contexto, foi formalizado um contrato entre a Embraer S/A e o Ministério da Aeronáutica (MAer) para a aquisição de oitenta células, com as primeiras aeronaves previstas para entrega à Força Aérea Brasileira a partir de fevereiro de 1973. Contudo, até o final de 1976, foram produzidas e incorporadas apenas cinquenta e cinco células. Embora tenha sido concebido inicialmente para fins militares, o Embraer C-95 Bandeirante demonstrou também um notável potencial civil. Assim, que foi lançado o modelo EMB-110C, que apresentava capacidade para até dezesseis passageiros o que despertaria o interesse de operadores regionais. O primeiro contrato comercial foi celebrado com a empresa Transbrasil S/A, que recebeu seu primeiro exemplar em abril de 1973, ostentado a matrícula PT-TBA. Em seguida, Vasp S/A, uma empresa estadual paulista de capital misto, tornou-se o segundo operador comercial do modelo, com esta variante atingindo a  produção total de trinta e quatro células. Devido ao seu projeto bem dimensionado para o o atendimento de trechos regionais com considerável desempenho, o EMB-110 Bandeirante rapidamente iniciaria seus primeiros passos no mercado internacional, conquistando vários contratos nos Estados Unidos. Em 1975, foi concretizada a primeira exportação de uma versão militar para a Força Aérea do Uruguai (FAU). Apenas dois anos depois, a companhia aérea francesa Air Littoral se tornou o primeiro cliente internacional da versão civil. 

Nos anos subsequentes, o Embraer EMB-110 consolidou-se como referência no mercado regional norte-americano, conquistando uma ampla base de clientes composta por empresas renomadas de transporte regional. Buscando diversificar seu portifólio, seria desenvolvida a  versão EMB-110E, derivando diretamente do EMB-110C, destinada ao mercado  de transporte executivo, com seu interior podendo ser customizado para seis ou oito passageiros; apesar de representar um grande diferencial, apenas quatro aeronaves seriam produzidas e comercializadas. Já versão a nova  EMB-110J representou um desenvolvimento do EMB-110E, dos quais foram produzidos apenas doze exemplares. O emprego operacional desta versão inicial, motivaria a equipe de projetos da  Embraer S/A a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga. O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal objetivo o mercado de transporte militar (atendendo primordialmente uma demanda da Força Aérea Brasileira), esta aeronave teria sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Passaria a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível. Esta nova versão receberia a designação de C-95A Bandeirante. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o EMB-110P1 para até dezenove passageiros ou carga e o EMB-110P2 para transporte exclusivo de até vinte e um passageiros, que ao invés da porta de carga, dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgiria a versão militar EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como C-95B Bandeirante, tratava-se de um modelo com uma série de melhorias e aprimoramentos sobre seu modelo antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg o Embraer C-95B Bandeirante se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) que operariam o modelo.
Entre os anos de 1981 e 1982, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu cinco exemplares da versão EMB-110P1K SAR, aeronaves projetadas especificamente para a execução de missões de busca e salvamento. Essas aeronaves, designadas SC-95B foram registradas sob as matrículas FAB 6542 a FAB 6546, sendo incorporadas ao 2º/10º Grupo de Aviação - Esquadrão Pelicano, onde passariam a substituir os antigos anfíbios Grumman SA-16 Albatross empregados até este momento. Os SC-95B foram fornecidos internamente para realizar evacuações aeromédicas, possuindo capacidade para transportar até seis feridos em macas. Além disso, a aeronave permite o lançamento de botes salva-vidas e paramédicos por meio de paraquedas através da porta traseira. Para melhorar as operações de observação e busca, foram instaladas duas amplas janelas ovais em formato de bolha na parte posterior da fuselagem. Em 1983, a Embraer S/A desenvolveu a última variante militar do modelo, o EMB-110P1(A) Bandeirante, que recebeu a designação C-95C. Esta versão foi aprimorada com melhorias significativas, incluindo um isolamento acústico mais eficiente, modernização dos sistemas de aviônica e a adoção de estabilizadores horizontais com um ângulo de diedro positivo de 10 graus, medida destinada a incrementar a estabilidade e o desempenho da aeronave. Até o fim de sua produção, em dezembro de 1991, foram fabricadas 498 unidades do EMB-110 Bandeirante de todas as versões, atendendo tanto ao mercado civil regional em oito países quanto a nove operadores militares, entre os quais se destacam Chile, Brasil, Gabão, Uruguai, Cabo Verde, Colômbia e Angola. Este projeto foi um divisor de aguas para o pais, passando de um simples fornecedor de comodities para um dos expoentes da indústria aeronáutica internacional. Quando  ouvimos a palavra “Bandeirante” lembramos do início da maior indústria aeronáutica do Brasil, a Embraer S/A, fundada em motivação da comercialização dessa aeronave com todo o planeta, seria o primeiro passo para futuros projetos e parcerias internacionais. O conhecimento agregado com o Bandeirante possibilitou à criação do o EMB-121 Xingu, pressurizado, compartilhando asas modificadas e trem de pouso, com nova fuselagem de seção cilíndrica. Na sequencia seria desenvolvido o EMB-120 Brasilia, que  com base eu projeto daria origem a família de jatos regionais EMB-145, levando a empresa brasileira a  entrar no mercado comercial de jatos de transporte de passageiros e jatos executivos, galgando o posto de terceira maior fabricante do mundo.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
O Embraer C-95 Bandeirante foi desenvolvido em atendimento a uma solicitação da Força Aérea Brasileira (FAB), que buscava substituir gradualmente sua frota de aeronaves de transporte, composta pelos modelos Douglas C-47 e Beechcraft C-45. Essas aeronaves, devido ao prolongado tempo de uso, apresentavam sinais evidentes de obsolescência em suas estruturas. Nesse contexto, foi formalizado o primeiro contrato de aquisição, com o objetivo de fornecer 80 unidades do C-95, quantidade considerada suficiente para equipar imediatamente os principais esquadrões de transporte aéreo da Força Aérea Brasileira (FAB). O processo de reequipamento priorizou as unidades responsáveis pelas missões do Correio Aéreo Nacional (CAN), com ênfase nas operações realizadas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. As três primeiras unidades do C-95, registradas sob as matrículas FAB 2132, FAB 2133 e FAB 2134, foram entregues a partir de 9 de fevereiro de 1973 e alocadas inicialmente ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA) – Pioneiro, sediado na Base Aérea do Galeão. Essas aeronaves passaram a desempenhar de imediato funções essenciais no âmbito do III Comando Aéreo Regional (IIICOMAR), incluindo transporte logístico regional, operação de linhas aéreas regionais, integração nacional, além de missões de salvamento e evacuação aeromédica, entre outras atividades. A partir de meados de 1974, a Embraer S/A alcançou uma cadência de produção de quatro unidades mensais do C-95 Bandeirante, ritmo que permitiu a rápida distribuição do modelo entre diversas unidades de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). Posteriormente, as aeronaves foram destinadas aos esquadrões 1º ETA, 2º ETA e 4º ETA, bem como ao Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipamentos (CATRE), unidade estabelecida em janeiro de 1974 na cidade de Natal, onde o C-95 foi empregado em tarefas orgânicas. Nos primeiros anos de operação, a frota composta por 55 unidades do C-95 Bandeirante, abrangendo as matrículas FAB 2132 a FAB 2175 e FAB 2179 a FAB 2189, demonstrou seu valor operacional, consolidando um avanço significativo na aviação de transporte da Força Aérea Brasileira. Com o objetivo de substituir os veteranos Douglas EC-47, a Embraer S/A desenvolveu a variante EMB-110A, designada como EC-95, destinada à calibragem de auxílios à navegação. Essa versão possuía capacidade para até seis passageiros ou operadores dos sistemas eletronicos. Posteriormente, foi criada a variante EMB-110B, designada como R-95, voltada para missões de aerofotogrametria. Equipada com câmeras Zeiss e aviônicos adicionais, essa versão tinha capacidade para até cinco passageiros ou operadores. Em operação militar, as aeronaves da família Bandeirante destacaram-se pela elevada disponibilidade operacional e por apresentarem uma excelente relação custo-benefício.

A experiência inicial com o Embraer C-95 Bandeirante revelou oportunidades de aprimoramento no projeto original, questão que foi objeto de extensos debates entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer. Como resultado dessas discussões, foi desenvolvida a variante EMB-110K1 Bandeirante, designada militarmente como C-95A, consolidando os esforços para otimizar o desempenho e a funcionalidade da aeronave. No início de 1976, o Ministério da Aeronáutica (MAer), em conjunto com a fabricante, revisou o contrato inicial, decidindo converter o último lote de 25 unidades para a nova versão EMB-110K1 Bandeirante. Essa variante, projetada primordialmente para o transporte militar, incorporava motores Pratt & Whitney Canada PT6A-34 de 750 HP, uma nova deriva ventral, fuselagem com comprimento de 14,60 metros, uma porta de carga traseira e uma porta adicional para passageiros e tripulação. As entregas dessas aeronaves, registradas sob as matrículas FAB 2280 a FAB 2299, tiveram início em meados de 1976. A primeira unidade a operar o modelo C-95A foi o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA), em outubro de 1977, sediado na Base Aérea de Canoas. O processo de entrega das demais unidades se estendeu até setembro de 1978, com as células restantes sendo distribuídas entre os cinco esquadrões de transporte aéreo então existentes. Em 1978, as aeronaves do 5º ETA passaram a ser empregadas pelo 3º Esquadrão de Instrução Aérea (EIA), unidade dedicada à formação de pilotos de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB). Três anos mais tarde, em 1981, esse esquadrão foi extinto, e a missão de instrução foi transferida para o 1º/5º Grupo de Aviação – Esquadrão Rumba. Este esquadrão assumiu a responsabilidade pela formação de pilotos multimotores até 1993, retomando essa função com os C-95 Bandeirante em 2001. Durante sua atuação no Esquadrão Rumba, foi criada a Esquadrilha DeAdalus, composta por cinco aeronaves C-95 Bandeirante, com o objetivo de realizar demonstrações aéreas. A primeira apresentação ocorreu em Natal, em 10 de fevereiro de 1982, durante as solenidades de passagem de comando do Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE). Posteriormente, em 18 de agosto de 1982, a esquadrilha realizou sua primeira exibição com uso de fumaça, em São José dos Campos, como parte das comemorações do aniversário da Embraer S/A. Contudo, a Esquadrilha Deadalus foi dissolvida em 1983, e as aeronaves retornaram exclusivamente às missões de formação de pilotos multimotores e transporte orgânico. 
Durante sua trajetória na Força Aérea Brasileira (FAB), os aviões C-95 Bandeirante destacaram-se por seu desempenho consistente em diversas missões, incluindo o transporte de passageiros e a formação de pilotos. Além disso, estes aeronaves atenderam às necessidades de operações de patrulha, reconhecimento, busca e salvamento, bem como transporte logístico.  No final de 1979, o Ministério da Aeronáutica (MAer) formalizou uma nova encomenda junto à Embraer S/A, optando pelo modelo mais recente, EMB-110P1(K). Esta aquisição, composta por 31 unidades designadas C-95B Bandeirante, recebeu as matrículas FAB 2300 a FAB 2330. As entregas iniciaram-se em fevereiro de 1980 e se prolongaram até outubro de 1984. As primeiras unidades operacionais da FAB a receber o C-95B foram o 2º/2º Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário e o 1º/15º Grupo de Aviação (GAv) – Esquadrão Onça, este último substituindo seus bimotores canadenses De Havilland C-115 Buffalo pela nova aeronave de fabricação nacional. Gradualmente, outras unidades passaram a operar o Embraer C-95B Bandeirante, e foi estabelecida uma divisão interna para otimizar a alocação dos modelos. O C-95 original foi concentrado nos 2º, 4º e 5º Esquadrões de Transporte Aéreo (ETA), enquanto os novos C-95B foram destinados aos 1º, 3º, 6º e 7º ETA, além do 2º/2º GT – Esquadrão Corsário e do 1º/15º GAv – Esquadrão Onça. Estas últimas unidades, com foco em operações táticas militares, destacaram-se especialmente em tarefas como o lançamento de paraquedistas e o reabastecimento aéreo. Em 1987, foi formalizada uma nova encomenda de 12 aeronaves, desta vez do modelo EMB-110P1(A), notavelmente caracterizado pela adoção de estabilizadores horizontais com 10° de diedro positivo. As primeiras unidades, designadas C-95C e registradas sob as matrículas FAB 2331 a FAB 2342, começaram a ser entregues em junho de 1988. Destas, 11 foram destinadas ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA), enquanto uma foi alocada como aeronave orgânica na Base Aérea de Anápolis. É pertinente mencionar que, em 1991, o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA) desenvolveria um Sistema de Lançamento Múltiplo (SLM) de cargas. Este sistema consiste na instalação de trilhos no piso da aeronave, permitindo que o operador empurrasse até dez fardos de noventa quilos, que eram ejetados em menos de dez segundos pela porta de carga. Tal recurso viabiliza o reabastecimento de tropas com munições, víveres e suprimentos médicos em uma única passagem, minimizando a exposição da aeronave ao fogo inimigo. Este sistema foi homologado pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) em 1996, sendo posteriormente incorporado a todos os esquadrões que operam os modelos Embraer C-95A, C-95B e C-95C Bandeirante.

Durante mais de três décadas, os Embraer C-95 Bandeirante desempenharam um papel fundamental como sustentáculo das missões de transporte aéreo, ligação e atendimento humanitário na Força Aérea Brasileira (FAB). Esses aviões também foram utilizados em tarefas como o lançamento de paraquedistas, lançamento de cargas, evacuação aero médica, treinamento e conversão operacional, destacando-se em suas operações em todo o território nacional. Em setembro de 1995, o Embraer C-95B Bandeirante, matrícula "FAB 2301", pertencente ao 1º/15º Grupo de Aviação - Esquadrão Onça, foi designado para integrar o pacote de arrendamento de aeronaves C-95 Bandeirantes ao Exército Brasileiro, onde realizaria missões de transporte e apoio a essa organização militar até 1999, quando as aeronaves foram devolvidas à Força Aérea Brasileira (FAB). No ano de 2007, o Embraer C-95B Bandeirante deixou de ser operado pelo 7º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA) - Esquadrão Cobra, sendo substituído pelos novos Cessna C-98 Caravan. Em 2008, o C-95B começou a ser gradualmente substituído no 1º/15º Grupo de Aviação - Esquadrão Onça pelos novos CASA C-105 Amazonas. O avanço do processo de desativação dos primeiros Embraer C-95 Bandeirante possibilitou a concentração das aeronaves C-95A remanescentes no 1º/5º Grupo de Aviação - Esquadrão Rumba, onde passaram a realizar missões de formação de pilotos multimotores. Ao longo de sua operação, o Bandeirante registrou diversos acidentes, resultando na perda de três C-95A, seis C-95B e um C-95C. Embora lamentáveis, essas ocorrências podem ser consideradas aceitáveis em vista do intenso uso a que a frota estava submetida. Igualmente, seis células dos modelos C-95B e C-95C foram convertidas para missões de calibragem e auxílio à navegação junto ao Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), mantendo-se em operação até 2016, quando foram, finalmente, substituídas pelos novos Embraer 500 IU-50 Legacy. No início do século XXI, apesar da introdução de novas aeronaves de transporte, como os CASA C-105 Amazonas, Embraer C-97 Brasília e Embraer C-99, a Força Aérea Brasileira ainda dependia consideravelmente dos veneráveis Embraer C-95B e C-95C Bandeirante como vetores de transporte, especialmente em missões nas regiões mais inóspitas com infraestrutura aeroportuária limitada. No entanto, as células remanescentes já demonstravam estar ultrapassadas em termos de aviação e apresentavam evidentes sinais de desgaste estrutural, resultado do longo tempo de operação das aeronaves.
O Comando da Aeronáutica (COMAER) iniciou estudos visando a eventual substituição dos Embraer C-95 Bandeirante por aeronaves de porte semelhante, explorando diversas alternativas, incluindo a possibilidade de produção de aeronaves polonesas sob licença. Contudo, o desafio de implementar um novo modelo transcendeu a mera aquisição e treinamento; envolveu um complexo processo logístico que abrangeu o fluxo de ferramentas e peças de reposição. Diante desse cenário, decidiu-se explorar a viabilidade de um processo de modernização dos Embraer C-95B e C-95C Bandeirante. Após uma análise detalhada, optou-se por implementar um programa que contemplasse as melhores células disponíveis. Essa definição começou a se concretizar em setembro de 2008, quando foi assinado um contrato no valor de R$ 89,9 milhões com as empresas AEL Sistemas e Embraer S/A. O acordo envolveu a modernização e revitalização de trinta e oito células dos Embraer C-95B e C-95C Bandeirante, além de doze células das aeronaves de patrulha Embraer EMB-111 P-95B Bandeirulha. A modernização seria realizada em três fases. Na primeira fase, a AEL Sistemas S/A substituiria o sistema de navegação e comunicação obsoleto por um sistema mais completo e moderno, com concepção digital, apresentado em "multifunction displays". O Glass Cockpit mudava ao conceito do C-95, é a tecnologia mais avançada que existe em termos de navegação na aviação de transporte na FAB, e vai permitir uma transição fácil dos pilotos para outras aeronaves que utilizam esse sistema, como o C-130 Hércules, Orion P-3, Amazonas C-105 e Condor C-99. Na segunda fase, a Embraer S/A revitalizaria a estrutura da aeronave, proporcionando melhorias no sistema de refrigeração, além de substituir equipamentos essenciais nos sistemas mecânico e hidráulico. Por fim, a aeronave receberia melhorias na forração interna e uma nova pintura. Este programa de modernização, associado a um gerenciamento adequado, asseguraria a operação das aeronaves por mais vinte anos na Força Aérea Brasileira. O primeiro Embraer EMB-110M C-95BM Bandeirante, matrícula FAB 2332, modernizado, foi entregue em 11 de dezembro de 2011, destinado ao 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA), sediado no Rio de Janeiro. Com esta entrega, encerrava-se o primeiro ciclo operacional da aeronave, que se destacou como a mais numerosa e importante aeronave de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB).

Em Escala.
Para representarmos o Embraer C-95C Bandeirante "FAB 2337" pertencente ao 6º Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA), fizemos uso do antigo kit em resina na escala 1/72 do GIIC Models, única opção disponível na época para este modelo. Recentemente a Amodel lançou este kit injetado ser tornando uma excelente oportunidade. Empregamos decais originais impressos pela GIIC presentes no kit em conjunto com decais da FCM oriundos de diversos sets.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o primeiro padrão de pintura camuflado em três tons aplicados as aeronaves de transporte tático C-95B e C-95C na Força Aérea Brasileira. Inicialmente em 1977 os C-95A foram recebidos no mesmo padrão de pintura dos primeiros C-95, sendo também padronizados no esquema tático a partir de 1980. Este padrão passou a ser substituído com a adoção de um novo padrão com marcações em baixa visibilidade após a implementação  do processo de modernização iniciado em 2011.



Bibliografia :

- História da Força Aérea Brasileira, Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Centro Histórico da Embraer -http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-110-Bandeirante.aspx
- Os Reis do Rio – As Asas do 3º ETA, Marcelo C. Mendonça – Revista Força Aérea – Nº 22
- Embraer EMB 110 Bandeirante – Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_110_Bandeirante
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr

M-32 VBE Socorro

História e Desenvolvimento.
Na Europa, na segunda metade da década de 1930, o plano de rearmamento implementado pelo governo nacional-socialista Alemão adotava uma nova abordagem ao concentrar-se no desenvolvimento de conceitos e doutrinas militares. Esses conceitos seriam posteriormente integrados no campo de batalha, combinando novas tecnologias em equipamentos e armamentos destinados ao combate terrestre com o devido apoio aéreo. Tal iniciativa culminou na elaboração do conceito de "Guerra Relâmpago" ou Blitzkrieg. Essa tática tinha como um de seus principais pilares o desenvolvimento de carros de combate blindados, os quais se destacavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo. Nesse contexto, os novos carros de combate alemães eram projetados para serem superiores em todos os aspectos em relação a seus concorrentes disponíveis na época. Embora o Tratado de Versalhes, firmado após o término da Primeira Guerra Mundial, impusesse limitações significativas à Alemanha, os programas de reaparelhamento das forças armadas nazistas avançavam rapidamente. Do outro lado do Oceano Atlântico, o serviço de inteligência dos Estados Unidos informava continuamente o comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) sobre esses avanços e as iminentes ameaças que poderiam surgir. As análises preliminares desses relatórios indicavam que os novos carros blindados alemães superariam facilmente os modelos utilizados até então. Para enfrentar essa situação desafiadora, em abril de 1939, foi iniciado um abrangente programa de estudos com o objetivo de desenvolver novos carros de combate, cujo propósito principal era substituir os obsoletos modelos M-1 e M-2, que constituíam a espinha dorsal das forças blindadas da nação. O objetivo primordial deste plano era conceber veículos de combate capazes de rivalizar, em potenciais cenários de conflito, com os novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em fase inicial de operação. Em julho de 1939, foi deflagrado um programa de desenvolvimento que ficaria sob a responsabilidade das equipes de projeto de veículos blindados do Departamento de Artilharia do Exército dos Estados Unidos (U.S. Army Ordnance Department), sediado em Fort Lee, Virgínia. Imediatamente, os trabalhos conceituais foram iniciados, estabelecendo diversos parâmetros de projeto com base no carro de combate M-2. Dentre os principais aspectos destacava-se a adoção do novo canhão M-22 de calibre 37 mm e um sistema de blindagem dimensionado para resistir a impactos de munições antitanque do mesmo calibre que a arma principal. Apesar dessa iniciativa, persistia a dúvida sobre a real capacidade de proteção que o nível de blindagem proporcionaria ao "M-3 Light Tank", assim como a efetividade de seu poder de fogo frente aos novos carros de combate alemães e japoneses que estavam em desenvolvimento naquele momento.

Os temores expressos por uma significativa parcela dos oficiais de comando do Exército dos Estados Unidos (US Army) foram confirmados em junho de 1940, com o início da campanha na França. Durante este conflito, os novos carros blindados alemães Panzer III e Panzer IV, operando segundo os princípios da guerra relâmpago (Blitzkrieg), obtiveram vitórias esmagadoras contra os melhores carros de combate franceses e britânicos disponíveis na época. Tornou-se evidente que o canhão M-22 de 37 mm se mostrava completamente ineficaz, tornando necessário equipar os novos carros de combate norte-americanos com um canhão de calibre 75 mm. Entretanto, nem os antigos M-2, nem os novos M-3 poderiam ser adaptados para acomodar essa arma, uma vez que seu peso maior exigiria o desenvolvimento de uma nova torre giratória. Embora essa abordagem estivesse sendo considerada, buscou-se simultaneamente uma solução provisória, que envolveu uma modificação experimental de um M-2, resultando na criação de um obuseiro autopropulsado de 75 mm, com o canhão sendo projetado pelo Watervliet Arsenal. Os testes de campo desse protótipo levaram à conclusão de que o chassi do M-2 existente poderia ser utilizado em combinação com uma superestrutura redesenhada, mantendo ainda a arma de 37 mm instalada em uma torre giratória. O novo carro de combate M-3 apresentava, assim, um design incomum, já que a arma principal, o canhão M-2 de 75 mm, não estava instalado em uma torre giratória, mas sim fixada ao chassi. Essa configuração resultou da falta de experiência da indústria norte-americana na concepção de uma torre que pudesse abrigar uma arma desse calibre. Ressalta-se que a solução de empregar dois canhões foi inspirada em modelos europeus, como o Char B1 francês e o Churchill Mark I britânico. No caso do Char B1, o veículo foi projetado como um canhão autopropulsado, destinado a atacar fortificações, com uma capacidade antitanque adicional proporcionada por um segundo canhão em uma pequena torre. Já o modelo inglês incorporava uma arma montada no casco dianteiro, utilizada principalmente para disparar projéteis de fumaça. O novo M-3 diferia ligeiramente dos padrões europeus, apresentando um canhão principal de dupla finalidade, capaz de disparar um projétil perfurante a uma velocidade suficiente para penetrar efetivamente a armadura, além de lançar um projétil altamente explosivo que era considerável o suficiente para ser eficaz em combate. Contudo, a disposição do canhão de 75 mm comprometeu significativamente o deslocamento lateral da peça, obrigando o veículo a manobrar para otimizar o ângulo de tiro. Por sua vez, o canhão de 37 mm, montado na torre principal, revelou-se de pouca utilidade diante das blindagens mais sofisticadas. Apesar dessas preocupações, o M-3 poderia ser produzido em larga escala e com maior rapidez em comparação aos carros de combate convencionais, atendendo, assim, às demandas emergenciais não apenas dos Estados Unidos, mas também da Grã-Bretanha.
No final de janeiro de 1942, os primeiros tanques M-3 Grant, fornecidos pelos Estados Unidos, chegaram ao Norte da África para reforçar as forças britânicas. As tripulações foram submetidas a um rigoroso programa de treinamento, com o objetivo de prepará-las para confrontos contra as forças do Eixo. O canhão principal M-2 de 75 mm, baseado em um modelo de artilharia de campanha francês, permitiu ao Exército Real Britânico utilizar amplos estoques de munição remanescentes da Primeira Guerra Mundial. Dentre os projéteis disponíveis, destacava-se o perfurante de tiro sólido, capaz de penetrar aproximadamente 50 mm de blindagem a uma distância de 1.000 metros. Embora superior aos canhões de 2 libras equipados nos tanques britânicos da época, o desempenho do M-3 ainda não atendia plenamente aos padrões exigidos para operações de combate. O batismo de fogo do M-3 Grant ocorreu em 27 de maio de 1942, durante a Batalha de Gazala, no Norte da África. Sua introdução representou uma surpresa tática para as forças alemãs, que não estavam preparadas para enfrentar o canhão de 75 mm. O M-3 demonstrou superioridade em relação ao canhão antitanque Pak 38 de 50 mm e ao KwK 39 de 50 mm montado no Panzer III, principal tanque médio alemão. Adicionalmente, o M-3 superou os tanques leves italianos Fiat M13/40 e M14/41, cujo canhão de 47 mm apresentava eficácia limitada a curtas distâncias. Apenas os canhões autopropulsados italianos Semoventi 75/18, utilizando projéteis HEAT, eram capazes de neutralizar o M-3 de forma eficaz. Apesar dessas vantagens iniciais, os M-3 Grant não conseguiram assegurar a vitória na Batalha de Gazala. Foram severamente impactados pelos canhões antiaéreos alemães Flak 18/36/37/41 de 88 mm, que exploraram vulnerabilidades críticas do tanque, incluindo seu perfil elevado, baixa relação peso-potência e armadura rebitada. Esta última apresentava a desvantagem de gerar ricochetes internos dos rebites sob impacto, causando ferimentos às tripulações. Embora concebidos como uma solução temporária para o Exército Real Britânico, enquanto aguardava a entrega dos tanques Crusader Mark III, atrasos na produção deste último tornaram o M-3 Grant o principal veículo blindado das forças aliadas no Oriente Médio. Contudo, suas limitações táticas e técnicas evidenciaram a necessidade urgente de substituição. Para otimizar os recursos industriais disponíveis, decidiu-se desenvolver um novo modelo que preservasse elementos do design do M-3, mas incorporasse melhorias significativas, como uma torre giratória de 360 graus para o canhão de 75 mm.

Em outubro de 1941, o protótipo do Medium Tank M-4, posteriormente conhecido como Sherman, foi concluído na fábrica da Baldwin Locomotive Co., na Filadélfia. Com um peso bruto de 30 toneladas, o M-4 utilizava o eficiente sistema de Suspensão Vertical por Mola Voluta (VVSS) e era equipado com o motor aeronáutico a gasolina Curtiss-Wright Continental R-975E, que entregava 330 hp de potência. Este novo tanque representou um avanço significativo em relação ao M-3, oferecendo maior flexibilidade tática e capacidade de adaptação às demandas do campo de batalha. O projeto do tanque M-4 Sherman foi orientado pela simplicidade estrutural, com o objetivo de facilitar a produção em larga escala para atender à crescente demanda das forças aliadas. A meta inicial previa a entrega de aproximadamente 2.000 veículos por mês. Após extensos testes de campo, foram implementadas correções e melhorias no projeto original, culminando na primeira versão de produção, o M-4A1, cuja fabricação foi iniciada em fevereiro de 1942. Para atender às especificações do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), foi desenvolvido o modelo M-4A2, que substituiu o motor original a gasolina pelo motor diesel General Motors Twin 6-71. Essa alteração visava unificar o tipo de combustível utilizado pelas forças blindadas com o empregado pela frota naval, otimizando a logística. Posteriormente, a pedido do Exército dos Estados Unidos (US Army), foi criada a variante M-4A3, equipada com o motor a gasolina Ford GAA V-8 de 500 hp, proporcionando maior potência. A versão final de produção, o M-4A4, tornou-se disponível em julho de 1942. Embora visualmente semelhante ao M-4A1, o M-4A4 distinguia-se por seu chassi construído com chapas retas soldadas, em vez de uma peça única fundida. As primeiras unidades apresentavam uma blindagem frontal tripartida, unida por parafusos, característica herdada diretamente do tanque M-3 Lee. O M-4 Sherman teve seu batismo de fogo em 23 de outubro de 1942, durante a Segunda Batalha de El Alamein, no Norte da África, conduzida pelo 8º Exército Britânico. Operado por tripulações britânicas experientes, o M-4 demonstrou superioridade significativa em relação ao M-3 Lee/Grant, enfrentando com êxito os tanques alemães Panzer. Contudo, quando empregado pelo Exército dos Estados Unidos na Batalha de Kasserine, em fevereiro de 1943, o desempenho foi comprometido pela inexperiência das tripulações da 1ª Divisão Blindada, resultando em pesadas perdas. No teatro de operações europeu, o M-4 Sherman foi introduzido durante a Operação Husky, a invasão da Sicília, em julho de 1943. Operando ao lado dos tanques leves M-3 Stuart, os M-4A1 enfrentaram forte resistência dos canhões antitanque alemães e italianos. Em 11 de julho de 1943, os M-4 prestaram apoio crucial à infantaria aliada em Piano Luco. Durante os combates na Itália, as forças aliadas sofreram a perda de centenas de veículos, mas a 3ª Brigada da 1ª Divisão Blindada alcançou êxito ao entrar em Roma.
A introdução em larga escala dos tanques de combate M-4 Sherman possibilitou, no contexto das operações de frente, a substituição dos modelos M-3 Lee e Grant. Nesse cenário, com o objetivo de padronizar a cadeia de suprimentos de peças de reposição, foi decidido o desenvolvimento de uma viatura blindada especializada de socorro, destinada a substituir o M-31, versão de recuperação baseada no M-3. O projeto do novo veículo teve como base o tanque M-4A1 Sherman, caracterizado por escotilhas ovais de dimensões reduzidas para o motorista e seu auxiliar, além de um casco soldado com angulação acentuada, sem a incorporação das blindagens externas suplementares comumente utilizadas. Os primeiros exemplares do M-32 Recovery Vehicle começaram a ser entregues em meados de 1942, sendo majoritariamente construídos a partir de unidades originalmente produzidas como tanques de combate. A estrutura voltada para operações de socorro e manutenção foi integrada à plataforma padrão do M-4 Sherman. Contudo, a prioridade na entrega de tanques de combate limitou significativamente o emprego imediato do M-32 nos teatros de operações europeu e asiático, com sua participação ativa iniciando-se a partir dos desembarques aliados na Itália e na Normandia. Um aspecto notável é que apenas 111 unidades foram fabricadas diretamente como M-32 Recovery Vehicle nas linhas de produção, sendo a maioria das viaturas composta por conversões de tanques M-4 já finalizados. As versões subsequentes, introduzidas após meados de 1942, acompanharam as melhorias implementadas na plataforma do M-4 Sherman, resultando nos modelos M-32, M-32B1, M-32B2 e M-32B3. Até o final de 1944, a produção e conversão dessas viaturas de socorro alcançaram um total superior a 1.500 unidades. Nas fases finais da Segunda Guerra Mundial, a frota de M-32 começou a ser parcialmente substituída pelo M-74 Recovery Vehicle, uma versão de socorro baseada no M-4A3E8 Sherman, equipado com o sistema de suspensão HVSS, que proporcionava desempenho superior. Ao término do conflito, os M-32 remanescentes foram colocados em reserva, sendo posteriormente reativados para uso na Guerra da Coreia (1950-1953). Na década de 1950, grande parte dessas viaturas em reserva foi transferida a nações alinhadas à política geopolítica dos Estados Unidos, no âmbito do Programa de Assistência Militar (MAP). Nessas nações, versões especializadas foram desenvolvidas localmente, e muitas dessas viaturas permaneceram em serviço até meados da década de 1980.

Emprego no Exército Brasileiro.
No início da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos passou a considerar com crescente preocupação a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A capitulação da França em junho de 1940 intensificou essas preocupações, uma vez que a ocupação de colônias francesas, como as Ilhas Canárias e Dacar, poderia proporcionar bases operacionais para as forças nazistas, ampliando a ameaça à América. Nesse cenário, o Brasil emergiu como o ponto mais vulnerável a uma potencial invasão, devido à sua proximidade geográfica com o continente africano, que também estava sob os planos de expansão territorial alemã. Adicionalmente, as conquistas japonesas no sudeste asiático e no Pacífico Sul consolidaram o Brasil como o principal fornecedor de látex para os Aliados, uma matéria-prima essencial para a produção de borracha, indispensável à indústria bélica. Geograficamente, o litoral nordeste brasileiro revelou-se estratégico para o estabelecimento de bases aéreas e portos, sendo o ponto mais próximo entre os continentes americano e africano para o translado aéreo. Assim, a costa brasileira tornou-se fundamental para o transporte de tropas, veículos, suprimentos e aeronaves destinados aos teatros de operações na Europa e no Norte da África. Diante desse cenário, foi iniciada uma política de maior aproximação entre Brasil e Estados Unidos, resultando em acordos de cooperação econômica e militar. Um dos marcos dessa colaboração foi a adesão do Brasil ao programa de assistência militar conhecido como Lend-Lease Act (Lei de Arrendamentos e Empréstimos), cujo objetivo principal era modernizar as Forças Armadas Brasileiras. Naquela conjuntura, o Exército Brasileiro enfrentava desafios significativos, com equipamentos, armamentos e doutrinas operacionais em estado de obsolescência. Os termos do acordo proporcionaram ao Brasil uma linha de crédito inicial de US$ 100 milhões, destinada à aquisição de material bélico. Esse investimento possibilitou o acesso a armamentos modernos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate, fortalecendo a capacidade militar do país. Apesar dos esforços de modernização, os primeiros tanques M-4 Sherman, modelos realmente modernos para os padrões da época foram fornecidos ao Exército Brasileiro somente em julho de 1945, com a entrega inicial de 17 unidades, com mais destes sendo recebidos nos meses seguintes.

A integração dos tanques M-4 e M-4A1 Sherman aos Batalhões de Carros de Combate (BCC) do Exército Brasileiro marcou um avanço significativo no fortalecimento tático das forças blindadas nacionais. Em comparação com os modelos leves M-3 e M-3A1 Stuart, bem como os médios M-3 Lee, utilizados desde 1942, os M-4 Sherman destacavam-se por sua superioridade em desempenho, blindagem e capacidade de fogo, elevando substancialmente o padrão operacional das unidades blindadas. Entre o início e meados da década de 1950, o Exército Brasileiro recebeu, por meio do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program – MAP), promovido pelo governo dos  Estados Unidos, um lote complementar composto por 30 carros de combate M-4A-1 Sherman, acompanhados de 50 motores e um expressivo conjunto de peças de reposição. Esses recursos visavam assegurar índices satisfatórios de disponibilidade operacional da frota. Apesar de sua quantidade reduzida em relação aos tanques M-3 Stuart e M-3 Lee, os M-4 Sherman assumiram um papel de destaque como principal vetor das forças blindadas brasileiras, desempenhando funções centrais nas operações táticas. Nesse período, a frota total de carros de combate do Exército Brasileiro aproximava-se de 500 unidades. Um aspecto relevante a ser destacado é que os contratos de Empréstimo e Arrendamento (Lend-Lease Act) não contemplaram a cessão de veículos especializados em operações de socorro e recuperação de carros de combate, mesmo que derivados dos modelos em uso pelo Exército Brasileiro. Essa ausência gerou uma significativa lacuna operacional, uma vez que as atividades de socorro em campo eram realizadas de maneira precária por veículos sobre rodas, como os caminhões Diamond T-968 G-509 6×6 Wrecker, Chevrolet G-506 NM G-7117 com guincho, NK G-7113 Tractor, GMC CCKW-352 G-138 M-7 e tratores de artilharia Minneapolis Moline GTX-147 6×6. Com o passar dos anos, o envelhecimento progressivo de toda a frota de carros de combate resultou em um aumento na incidência de falhas mecânicas em campo. Esse cenário tornou-se particularmente desafiador devido à inexistência de um veículo blindado de socorro dedicado, o que impactava diretamente a eficiência operacional dos Batalhões de Carros de Combate (BCC), comprometendo sua prontidão e capacidade de resposta.
Cientes e preocupados com este cenário, em meados de 1952, ainda no âmbito do Programa de Assistência Militar (Military Assistance Program – MAP), o adido militar brasileiro em Washington, D.C., formalizou, em 1953, uma solicitação para a cessão de um número limitado de veículos blindados de socorro sobre esteiras. Esse pedido foi atendido por meio de um acordo que resultou na entrega de duas viaturas usadas do modelo M-32 Recovery Vehicle, projetado para operações de socorro em campo e desenvolvido com base no tanque médio M-4A1 Sherman. Evidências baseadas em registros fotográficos sugerem que essas unidades pertenciam às versões iniciais de produção, possivelmente M-32 ou M-32B1. O M-32 Recovery Vehicle era equipado com uma grua hidráulica de lança rebatível para reboque e içamento, além de um guincho hidráulico com capacidade de 30 toneladas. Suas dimensões incluíam 5,9 metros de comprimento (extensível em mais 5,5 metros durante operações de suspensão de veículos danificados), 2,7 metros de largura e 2,94 metros de altura, com um peso bruto de 29.200 kg. O sistema motriz era composto por um motor radial de aviação Continental R-975-C1 ou C4, de 9 cilindros a gasolina, com potência de 350 hp ou 400 hp (261 ou 298 kW) a 2.400 rpm, idêntico aos empregados nos primeiros tanques M-4 Sherman recebidos pelo Brasil na década de 1950. A viatura utilizava o sistema de suspensão Vertical Volute Spring Suspension (VVSS). Para autodefesa, o M-32 estava equipado com uma metralhadora Browning calibre .50, montada na torre do comandante, com 300 cartuchos, uma metralhadora coaxial Browning calibre .30, com 9.000 cartuchos, e lançadores de granadas fumígenas. No Exército Brasileiro, a viatura foi oficialmente designada como M-32 VBE SOC (Viatura Blindada de Socorro) e recebeu as matrículas de frota EB13-115 e EB13-116. Registros não oficiais indicam que os operadores apelidaram as viaturas de "Sansão" e "Dalila". Essas viaturas passaram a ser empregadas em apoio aos Batalhões de Carros de Combate (BCC) equipados com tanques M-4 Sherman e M-3 Lee. Informações sobre sua operação no Exército Brasileiro são escassas, especialmente no que tange às unidades específicas que as utilizaram. Contudo, há registros e relatos que apontam que, em determinado momento, ambas as viaturas foram alocadas ao 1º Batalhão de Carros de Combate (BCC), sediado no Rio de Janeiro (RJ).
Embora o Exército Brasileiro contasse com apenas duas viaturas deste modeli, o Sherman M-32 VBE SOC foi o primeiro veículo blindado de socorro (VBS) operado no Brasil, desempenhando um papel fundamental na consolidação da doutrina operacional para assistência em campo de carros de combate blindados sobre esteiras. Mas apesar disso ainda se mostravam insuficientes para atender a constante demanda, levando o comando da Força Terrestre a negociar junto ao governo dos Estados Unidos a cessão de mais veículos especializados neste tipo de missão. Este pleito seria logo atendido, e em 1957 seriam recebidos três veículos do modelo M-74 Recovery Vehicle, uma evolução do M-32, construídos com base na plataforma do M-4A3 Sherman e equipados com a eficiente suspensão do tipo HVSS (Horizontal Volute Spring Suspension).  Esses veículos, registrados sob as matrículas EB13-243, EB13-244 e EB13-245, passaram a ser operados pelo Regimento de Reconhecimento Mecanizado (R Rec Mec), sediado na cidade do Rio de Janeiro, reforçando a dotação da unidade. Apesar da excelente folha de serviços, durante a década de 1970 estes veículos começaram a apresentar graves problemas de disponibilidade, principalmente devido à falta de peças de reposição, mesmo com o pessoal do Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar (Pq R Mnt/3) , fazendo uso de processos de canibalização da frota de carros de combate M-4 e M-4A1 Sherman que se encontravam em processo de desativação. Este esforço permitiria uma extensão de vida útil destes carros, com os M-32 e M-74 VBE SOC permanecendo em serviço até o início da década de 1980, quando foram totalmente substituídos pelos M-78 VBE SOC, que foram recebidos juntamente com os últimos lotes dos carros de combate médio M-41 Walker Bulldog. Atualmente, pelo menos uma unidade do M-32 VBE SOC, a viatura "EB13-115 Quebra Galho", encontra-se preservada e em condições operacionais no 8º Batalhão Logístico (8º B Log), localizado em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, sendo utilizada em atividades cerimoniais.

Em Escala.
Para a representação do M-32 VBE SOC Sherman, registrado como "EB 13-115", foi utilizado o kit da Italeri na escala 1/35, reconhecido por sua alta qualidade. Contudo, para retratar com precisão a versão operada pelo Exército Brasileiro, foi necessária a substituição do casco original do kit, correspondente ao M-4A1, pelo casco compatível presente no kit da M-32 produzido pela Tamiya. Adicionalmente, foram realizadas modificações nos pontos de fixação do guindaste, nas caixas de ferramentas e no suporte do rádio localizado na parte frontal do veículo. Para a aplicação das marcações, foram utilizados decais produzidos pela empresa Eletric Products, pertencentes ao set  "Exército Brasileiro 1942-1982".
O padrão de pintura tático descrito a seguir corresponde ao esquema de cores adotado pelos veículos blindados do Exército dos Estados Unidos (US Army) durante a Segunda Guerra Mundial, sendo este o mesmo aplicado aos M-32 VBE SOC recebidos pelo Brasil em 1953. Tal esquema de pintura foi mantido ao longo de todo o período de serviço da viatura no Exército Brasileiro, permanecendo inclusive na unidade preservada no acervo do 8º Batalhão Logístico (8º B Log).

Bibliografia:

- M32 Recovery Veihcle -http://www.usarmymodels.com/AFV%20PHOTOS/M32%20TRV/M32%20TRV.html
- M4 Sherman  – Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/M4_Sherman ttps://en.wikipedia.org/wiki/Curtiss_JN-4
- M4 Sherman no Brasil – Helio Higuchi e Paulo R. Bastos Junior.