Volkswagen Kombi Furgão Militar

História e Desenvolvimento. 
O projeto do utilitário leve com tração 4X2 mais famoso, do mundo nasceria na cidade de  Wolfsburg, na Alemanha, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, os termos do acordo de Postdam rezavam que as indenizações as nações aliadas seriam pagas mediante a reconstrução da economia alemã, garantindo assim recursos para que isto concretizasse de forma sustentável. Grade parte do parque fabril da montadora alemã se encontrava parcialmente destruída após os bombardeios de abril de 1945, e após a rendição estas instalações foram capturadas pelos americanos e posteriormente entregues aos britânicos, em cuja zona de ocupação a cidade e a fábrica foram destinadas. As operações de produção da Volkswagen foram colocadas sob o controle de Hirst, nascido em Saddleworth, então um governador militar civil com as forças de ocupação. Trabalhos de reconstrução das fabricas foram iniciados, e já no ano de 1946 a produção seria parcialmente retomada tendo com único produto o modelo VW Sedan. O processo de reconstrução do país demandaria um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes, e a empresa vislumbrou neste cenário uma grande oportunidade de negócios. Curiosamente a ideia ou conceito por traz da icônica “Volkswagen Kombi” ou Kombinationsfahrzeug  ("veículo combinado" em alemão), surgiria como fruto da ideia do importador holandês Ben Pon que rabiscou em sua agenda de trabalhos, esboços se um veículo utilitário do tipo perua baseado sobre o chassi do VW Sedan. Esta ideia seria adotada pela diretoria da montadora de imediato, que partiu para construção de um primeiro protótipo, que basicamente apresentava uma pequena cabine montada sobre o motor na parte traseira e uma plataforma de carga na parte frontal, com óbvias simplificações de produção e redução de custos. Testes de campo identificaram uma série de problemas de resistência e fadiga quando do transporte de cargas, inviabilizando o conceito no qual o veículo fora concebido. Neste ponto a empresa partiu para o desenvolvimento de um novo desenho de chassis que suportasse o peso previsto da carga, a solução passaria pela adoção de uma moderna estrutura monobloco, paralelamente uma equipe de projetos da Faculdade Técnica de Braunschweig se empenhava no estudo do desing do veículo, que apesar de ainda apresentar forma pouco convencional, demonstraria uma aerodinâmica melhor que a dos protótipos iniciais com frente reta. Este processo culminaria e um série de alterações no projeto, resultando na versão final em fins do ano de 1949, com o primeiro carro de produção em série ganhando as ruas na Alemanha em março do ano seguinte.

Durante a década de 1950 as vendas continuariam em franca expansão na Europa com um processo de exportação em franco crescimento também, porém no início da década seguinte com o passar do tempo a Kombi já demonstrava algum sinal de “cansaço” em seu visual. Em 1960, a área de desenvolvimento da Volkswagen na Alemanha iniciou o projeto EA114 (Entwicklungsauftrag Nr 114 – em tradução livre, Ordem de Desenvolvimento nº 114), cujo objetivo era desenvolver uma nova geração para a Kombi. Iniciado, o projeto atingiu rapidamente o estágio de protótipo. Entretanto, a avaliação do presidente-executivo Heinrich “Heinz” Nordhoff, responsável também pelo desenvolvimento da primeira geração da Kombi, era de que o modelo em produção teria ainda algum fôlego pela frente. Diante disso, solicitou nesse mesmo ano que o projeto EA114 fosse suspenso temporariamente, só retornado à pauta no final de 1964 com meta planejada para lançamento em três anos, o que acabou ocorrendo em agosto de 1967, já como modelo 1968. Com o lançamento do novo modelo, conhecido como T2, onde “T” significa Transporter, como a Kombi era também conhecida, e “2” significando a segunda geração, veio também a mudança de nome para as versões topo de linha. Até então conhecidas como Micro Bus para o modelo Standard de passageiros e Micro Bus de Luxe, para o modelo mais luxuoso, passou a ser chamada Clipper para modelo Standard e Clipper L, para o modelo de Luxo. Não havia dúvida que a segunda geração da Kombi era uma evolução do modelo original. Mais atualizado tecnicamente, com um novo motor mais potente de 1.600 cm³, e maior estabilidade, trazia ainda uma aparência mais atraente, proporcionando um melhor espaço interno e mais conforto para o motorista. Poucos meses após o lançamento do modelo Clipper, mais precisamente em 12 de abril de 1968, falecia aos 69 anos Heinz Nordhoff, o principal responsável pelo desenvolvimento das duas primeiras gerações da Kombi, causando grande comoção entre os funcionários da Volkswagen, assim como entre a população de Wolfsburg, que formou grandes filas nas ruas da cidade a fim de acompanhar o cortejo fúnebre. Antes disto o corpo foi velado numa das alas da fábrica, onde recebeu as homenagens das dezenas de milhares de funcionários da Volkswagen, e depois passou por suas ruas internas. O esquife foi transportado por uma Kombi Clipper picape, com teto cortado, de acabamento luxuoso, preparada especialmente para a ocasião, que foi seguida por um cortejo de carros pretos.
Após algum tempo modelo T2 no mercado, a Volkswagen percebeu que seu modelo topo de linha, a Clipper L, posteriormente chamada VW Micro Bus de Luxe novamente, perdeu muito o charme do modelo anterior que possuía pintura em duas cores, com o segundo tom pouco acima da linha de cintura, e fazendo um “V” na dianteira. Possuía também várias janelas laterais e pequenas janelas tipo claraboias no teto, junto a um imenso teto solar de lona de correr. Já no novo modelo o segundo tom de cor restringia-se somente à pintura do teto no limite das calhas, as janelas laterais eram panorâmicas e não possuía mais as pequenas janelas tipo claraboia no teto. O teto solar era menor e de chapa, logo acabava ficando mais difícil distingui-la dos modelos inferiores. Diante disso, em 1971, a Volkswagen modificou a pintura do seu modelo topo de linha, estendendo o segundo tom de cor até um pouco acima da linha de cintura assim como era no modelo T1. Também foram introduzidos freios a disco nas rodas dianteiras. E assim, a nova geração T2 seguiu em evolução. Para 1972, ano que marcou o pico da produção total considerando todos os modelos, foram introduzidas algumas modificações, ficando o destaque para as novas lanternas traseiras, maiores e com a luz de ré integrada. As entradas de ar nas colunas traseiras ficaram maiores em função da adoção, como opcional, de um novo motor de 1.700 cm³, assim como a tampa do motor que também ficou maior.  Em função da adoção de novos pneus radiais, o formato dos arcos das rodas dianteiras foi modificado. Novas calotas e rodas mais largas já haviam sido introduzidas ao longo de 1971, assim como freios a disco nas rodas dianteiras. Em 1973, foram introduzidas modificações visando melhorar a segurança. A Kombi ganhou novos para-choques de perfil reto e novos indicadores de direção dianteiros que subiram da parte frontal inferior para as laterais da tomada de ar dianteira, ficando mais visíveis. O emblema “VW” também foi modificado, tendo o diâmetro reduzido. Foi também disponibilizada a opção de transmissão automática. demanda pela segunda geração da Kombi era tamanha que a fábrica de Hannover foi apoiada pela fábrica de Emden desde dezembro de 1967, ou seja, quatro meses após o início da produção. Durante o seu primeiro ano completo de produção, 1968, 228.290 Kombis T2 foram produzidas na Alemanha, superando por uma margem considerável o melhor ano de produção da primeira geração, a T1.

Em fevereiro de 1968, poucos meses após o lançamento da segunda geração, a produção da Kombi alcançou a marca de 2.000.000 de veículos produzidos, tendo o presidente Heinz Nordhoff participado da cerimônia comemorativa realizada na fábrica da Volkswagen dois meses antes de sua morte. A segunda geração da Kombi alemã foi reconhecidamente um grande sucesso, pois a marca de 3.000.000 de veículos produzidos foi alcançada apenas três anos e meio após a marca anterior, em setembro de 1971, e a marca de 4.000.000 alcançada em julho de 1975. A demanda pela segunda geração da Kombi era tamanha que a fábrica de Hannover foi apoiada pela fábrica de Emden desde dezembro de 1967, ou seja, quatro meses após o início da produção. Durante o seu primeiro ano completo de produção, 1968, 228.290 Kombis T2 foram produzidas na Alemanha, superando por uma margem considerável o melhor ano de produção da primeira geração, a T1. Na Europa (e na maior parte do mundo) a Kombi (conhecida como "Transporter", "Type 2", "Kombi" ou mesmo "Combi") foi produzida em sua forma tradicional até final dos anos 1970, quando deu lugar a um utilitário de tração dianteira e motor refrigerado a água, que chegou a ser importado para o Brasil sob os nomes "Eurovan" e "Transporter". Curiosamente, foi o único modelo derivado do Fusca a evoluir além do motor boxer refrigerado a ar (isso excluindo o VW Gol, que possuía apenas o motor em comum). No Brasil A carroceria se manteve basicamente a mesma do modelo original, sendo que a versão vendida entre 1976 e 1996 era uma amálgama entre as "gerações" 1 e 2 da Kombi alemã, única no mundo (como basicamente toda a linha "a ar" da Volkswagen do Brasil). A versão pós 97 na verdade é praticamente o mesmo modelo produzido na Alemanha entre 1972 e 1979 (T2b, Clipper), com porta lateral corrediça, tampa do porta-malas mais larga, redução do número de janelas laterais para três em cada lado, além de teto mais elevado, única alteração verdadeiramente "original" feita nessa ocasião.
Apesar de ser descontinuada na Europa face a evolução da tecnologia no segmento de utilitários leves, o modelo ainda podia atender a contento os cenários mercadológicos de países emergentes, onde o principal diferencial se resumia no custo de aquisição e manutenção. No Brasil um dos principais mercados da Volkswagen Kombi, as vendas se mantinham em curva ascendente durante as décadas de 1980 e 1990, neste período apenas pequenas atualizações de ordem cosmética foram implementas nos veículos produzidos no Brasil. No início do novo século as vendas começaram a apresentar uma grande tendência de declínio apontando a necessidade de adequação do produto aos novos tempos. No ano de 2005 seria implementada a mais drástica mudança na VW Kombi, com a adoção de motorização refrigerada a água de e painel de instrumentos semelhante aos automóveis "de entrada" da marca (Gol e Fox). A mudança de motorização, para se adequar aos novos padrões brasileiros de emissões de gases carbônicos, selou, de forma discreta, o fim do motor boxer refrigerado a ar no Brasil. Embora altamente popular no mercado Brasileiro (ainda registrando uma média de vendas de 60.000 unidades ano), as novas legislações de segurança veicular do pais que a partir de 01 de janeiro de 2014, passariam a incluir a obrigatoriedade da adoção de sistemas de freios e ABS e sistema de air bags, fez com que o modelo tivesse sua produção enfim descontinuada no Brasil.  Ao todo foram entregues mais de 1,5 milhão de unidades em 56 anos de produção da família Volkswagen Kombi no país.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras 
A longeva trajetória da família da Volkswagen Kombi no Brasil, tem início em 1949 quando as empresas Chrysler norte-americana e a Volkswagen alemã firmaram acordo segundo o qual a primeira autorizava suas concessionárias a comercializarem a marca alemã fora dos EUA. Como consequência, naquele mesmo ano a Companhia Distribuidora Geral Brasmotor que já fazia parte da rede de distribuidores da montadora norte americana, adicionalmente assumiu a representação brasileira da Volkswagen em um momento em que a empresa alemã mal começa a despontar no mercado mundial. Em 1951 os primeiros seis VW Sedan ou “Fuscas” nacionais foram montados na planta de São Bernardo. Visando ampliar o portfólio da montadora alemã, a diretoria da Brasmotor resolveu importar um pequeno lote do utilitário VW Kombi. A rápida aceitação grande aceitação do modelo pelo mercado comercial levou a empresa a decidir pela montagem do veículo no país. Os veículos seriam recebidos desmontados na forma de “kits” no sistema popularmente conhecido como “CKD" (Completely Knocked Down), passando a ser montados manualmente nas instalações da empresa no município de São Bernardo do Campo (SP). Em 1952 chegava a versão picape. Além de ótima área de carga, tinha um compartimento para volumes menores entre a caçamba e o piso inferior. Para todos os tipos de carroceria, o motor era o mesmo de 1.131 cm3, com potência de 25 cv a 3.300 rpm e taxa de compressão de 5,8:1. Os resultamos comerciais logo despertariam a atenção da matriz da montadora alemã, que vislumbraram o enorme potencial do mercado consumidor brasileiro, este cenário levaria a decisão em se estabelecer uma planta industrial no país. Esta decisão se materializaria a partir de março de 1953, em associação ao grupo brasileiro Monteiro Aranha (com 20% do capital), a Volkswagen inaugurou linha de fabricação própria no país, em um galpão alugado no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP), iniciando a montagem de Kombis e Sedans 1200 com componentes importados e apenas 12 operários. Em cinco anos, 2.820 veículos seriam ali construídos, dos quais 552 Kombis, com 25% de conteúdo nacional em peso (20% em valor). Entre os itens de fornecimento local estavam: baterias, pneus, todos os artigos de borracha, vidros, bancos, revestimento interno, material plástico, escapamento e silencioso, frisos decorativos, calotas e toda a fiação elétrica.

Em 1956, antes mesmo da criação do GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística, a empresa alemã iniciou a construção de um complexo industrial junto à via Anchieta, em São Bernardo do Campo – o primeiro fora da Alemanha –, onde seriam instaladas as maiores prensas da América do Sul. De lá sairia, em setembro de 1957, o primeiro Volkswagen de produção nacional, a Kombi de passageiros, já com mais de 50% de nacionalização (motor e câmbio eram ainda importados). Como todos os modelos que viriam nos anos seguintes, possuía motor traseiro refrigerado a ar (com bloco fundido em liga leve, quatro cilindros contrapostos e radiador de óleo) e suspensão por barras de torção nas quatro rodas, independentes na dianteira e com semieixos oscilantes na traseira. A caixa era de quatro marchas (1ª não sincronizada), os freios a tambor e a direção mecânica. O aproveitamento de espaço era total: três bancos, com nove lugares, acessíveis pelas três portas (duas à frente e uma dupla na lateral direita). Os bancos podiam ser facilmente retirados (eram fixados por borboletas), abrindo 4,8 m³ de espaço para carga (810 kg, ou 925 kg no furgão), que também podia ser alcançado pela ampla tampa de abertura vertical localizada na traseira. O pneu de reserva foi magistralmente escondido por detrás do encosto do assento dianteiro. O carro dispunha de larga prateleira porta-objetos sob o painel e sistema de circulação de ar quente e frio. Estes produtos rapidamente elevariam a Volkswagen do Brasil S/A ao posto de líder em vendas no mercado nacional automotivo. Neste mesmo período o Exército Brasileiro dispunha em sua frota, um elevado número de veículos leves de transporte de origem norte americana, que eram fruto dos fornecimentos nos termos do acordo Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de atender a contento há mais de quinze anos as missões básicas de transporte leve, esta frota sem mostrava envelhecida e apresentava ainda altas taxas de indisponibilidade muito em virtude de problemas na obtenção de peças de reposição importadas, análise preliminares deste cenário indicavam a clara necessidade de substituição de grande parte desta frota de utilitários.
Parte da solução para a renovação da frota poderia ser fornecida pela própria indústria automobilística nacional, esta decisão ajudaria a fomentar este segmento bem como possibilitaria a aquisição de um grande número de veículos, devido ao baixo custo de aquisição local. Dentre as montadoras existentes foram selecionados modelos produzidos pelas empresas Willys Overland do Brasil S/A e pela Volkswagen do Brasil S/A. Desta última seriam adquiridos veículos do modelo VW Kombi, com as primeiras entregas ocorrendo em meados do ano de 1961. As primeiras unidades fornecidas da VW Kombi, foram da versão tipo furgão com seis portas, dispostas duas versões: Luxo e Standard para emprego em missões de transporte de pessoal. Este modelo já apresentava a nova caixa de câmbio toda sincronizada e a relação da caixa de redução, melhorando em muito o modal de condução, curiosamente esta versão já atingia um índice de nacionalização atingia 95% de seus componentes. Em operação junto as unidades da ativa como veículos urbanos as VW Kombi receberam a designação de Viatura Administrativa de Transporte – “VTR ADM TNE” com os registros recebendo o prefixo “EB-51”. Na sequência desta aquisição tanto a Marinha quanto a Força Aérea Brasileira passaram a adotar a Kombi nas mesmas versões a partir de 1962. Durante anos estes veículos se mantiveram em plena atividade com mais aquisições periódicas, a partir de 1975 Kombi ganhou uma ganhava nova frente e tornava-se quase idêntico à alemã modelo Clipper, com amplo para-brisa sem divisões e novamente mais unidades seriam compradas pelas três forças armadas. Neste período registros não oficiais do Exército Brasileiro apontam o emprego do modelo furgão para atividades que possivelmente não eram muito convencionais, quando em proveito de missões do extinto SNI – Serviço Nacional de Informações. Estas VW Kombi eram completamente forradas internamente (inclusive o vidro traseiro) com material para isolamento termoacústico (espuma forrada com vinil preto), contendo pequenos alçapões para ventilação e vigília, sua cabine era isolada do restante da carroceria, existindo apenas uma pequena portinhola para comunicação interna com quem ia no banco dianteiro. Possuíam ainda reforço no sistema elétrico, possuindo no motor alternador em vez de dínamo e previsão para duas baterias, certamente porque durante sua utilização deveria haver um maior consumo de energia. Curiosamente não portavam quaisquer identificações militares externas e eram pintadas na cor bege. Especula-se que foram empregadas como postos moveis de escuta (principalmente pelo ambiente isolado que era propício para interceptações telefônicas), vigília, observação ou ainda para interrogatórios.

Além da versão de transporte de pessoal e carga, as Volkswagen Kombis militarizadas, foram empregadas pelas três forças armadas brasileiras na versão de ambulância, tendo seu interior preparado para esta atividade, com a instalação de uma maca padrão hospitalar de 1,98 metros por 0,58 metros, suporte e instalação para cilindro de oxigênio, divisória integral, armário para medicamentos e banco para assistente no interior. Possuíam ainda sistema de sirene com luz intermitente no teto e vidros traseiros translúcidos. Ao longo dos anos novas modificações foram incluídas no modelo civil, citando por destaque a ocorrida em 1978, com o recebimento de reforços estruturais e, para a transmissão, juntas homocinética, dupla carburação, motor VW 1.6 com 52 cv a 4.200 rpm chegando no torque de a 11,2 m.kgf a 2.600 rpm, proporcionando assim capacidade de carga de duas toneladas. Passou a contar também sistema de servo freio nas quatro rodas, reforço de suspensão na dianteira com barras de torção com feixes e estabilizador e na traseira com barras de torção cilíndricas e juntas universais de dupla articulação. Logo após seriam lançadas as versões com motor diesel e álcool, melhorias significativas que levariam a novos contratos militares de fornecimento visando substituir grande da frota de Volkswagen Kombis adquiridas na década de 1960. Entre as aplicações militares especificas do modelo destaca-se a torre de controle móvel, uma versão modificada para a Força Aérea Brasileira em fins da década de 1960 com a inclusão uma torre de observação com seis janelas basculantes de vidro para emprego em aeródromos desprovidos de estrutura mínima de apoio a controle de voo. Curiosamente o Exército Brasileiro a partir de 1977 viria empregar VW Kombis produzidas na Alemanha, estes veículos faziam parte de um pacote negociado para a aquisição do moderno sistema suíço de artilharia antiaérea Oerlikon de 35 mm e tinha como funcionalidade serem empregados como oficinas móveis (dispondo de todo o ferramental original) para manutenção do conjunto que era composto pelos canhões duplos de 35 mm, servos de acionamento e radares. Uma solução inteligente e econômica, já que uma VW Kombi podia servir a vários canhões em campo, a designação deste modelo no Exército Brasileiro era “TE Ofn 4×2 Kombi (Oerlikon)”, sendo popularmente conhecido como” Oficina Kombi Oerlikon”. Especula-se que pelo menos três carros deste foram recebidos e pertenciam a versão alemã T2, sendo desprovidas bancos ou qualquer tipo de forração interna. Inicialmente foram operadas 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, Brigada General Samuel Teixeira Primo, posteriormente pelo menos um veículo se encontrava estocado no Parque Regional de Manutenção da 1ª Região Militar no Rio de Janeiro.

Em 1978 a Volkswagen Kombi recebia novos reforços estruturais e, transmissão e juntas homocinéticas passando a ser equipado com um novo motor VW 1.6 desenvolvendo potência de 50 cv. Ao longo da década de 1990 o projeto já apresentava a obsolescência perante os novos veículos utilitários produzidos no Brasil, porém sua excelente relação de custo-benefício sustentaria novas aquisições pelas três forças armadas nos próximos anos. As últimas VW Kombi para emprego militar foram adquiridas a partir de 2006, equipadas com motor 1.4 derivado do motor do Fox/Polo, usado para exportação, tendo como principal usuário a Força Aérea Brasileira, que atualmente ainda emprega uma considerável frota deste modelo em suas bases áreas, onde são empregados como veículos de transporte de pessoal e carro de orientação em pista do tipo “ Folow Me”. Acredita-se que as últimas unidades em serviço no Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e na Força Aérea Brasileira devem se manter em operação até meados da década de 2020. 

Em Escala.
Para representarmos a VW Kombi Tipo 102 modelo 1969 “EB51-8990”, fizemos uso de um modelo em Die Cast na escala 1/32 produzido pelo fabricante RMZ City, como não existem diferenças entre as versões civil e militar, não são necessárias alterações em scratch. Empregamos decais confeccionados pela Eletric Products pertencentes ao set “Exército Brasileiro 1942/1982".

O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura do Exército Brasileiro aplicado em todos os veículos utilitários leves classificados como Viatura Administrativa de Transporte – “VTR ADM TNE”, com este padrão se mantendo até os dias atuais. Na Marinha do Brasil o esquema de pintura adotado foi o mesmo aplicado aos demais veículos de transporte, já na Força Aérea Brasileira diversos padrões foram e são empregados de acordo com a missão de cada modelo. Fizemos usos de tintas produzidas pela Aerotech.

Bibliografia : 
- Volkswagen Type 2 Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Type_2
- Volkswagen do Brasil – www.volkswagen.com.br
- Kombi Cliper Brasileira: T2 OU T1,5? - www.autoentusiastas.com.br/2016/09/kombi-clipper-brasileira-t15-parte-1/
- Kombis secretas ou não, dão baixa no Exército - http://www.autoentusiastas.com.br

Bell Model 47J H-13J

História e Desenvolvimento. 
O emprego de aeronaves militares de asas rotativas na Segunda Guerra Mundial remonta a meados do ano de 1940, quando o modelo alemão Flettner FL 282 “Kolibri”, um aparelho de cockpit aberto e rotores entrelaçados e assento único,  seria liberado pela Força Aérea Alema (Luftwaffe) para produção. Inicialmente pretendia-se usar esta aeronave para realizar o transbordo de cargas e passageiros entre os navios da Marinha Alemã (Kriegsmarine). Em seguida seria desenvolvida a versão  FL 282 B-2,  equipada com um segundo assento, para ser ocupado por um observador, que deveria ser encarregado de prover o reconhecimento avançado do campo de batalha.  A cada fase do programa de ensaios em voo, este conceito de aeronave se mostrava cada vez mais promissor, levando o governo a encomendar a produção de mil células a empresa Bayerische Motoren Werke AG - BMW. Porém a forte campanha de bombardeio aliado a máquina industrial nazista, arrasaria grande parte do parque fabril aeronáutico alemão, levando assim a priorização de recursos para a produção de aeronaves de combate, resultando em apenas vinte e quatro helicóptero efetivamente entregues. Já no lado dos Aliados, o desenvolvimento de aeronaves de asas rotativas apresentaria grandes avanços perto do final do conflito, com os primeiros helicópteros realmente funcionais os Sikorsky R-4, sendo destacados para operação no teatro de operações do Pacífico em junho de 1945. Mesmo neste curto espaço de tempo, ficaria claro o potencial operacional deste tipo de aeronave nos conflitos futuros. Neste momento, outros fabricantes norte-americanos ensaiavam sua participação neste novo nicho mercadológico, entre estes a Bell Aircraft Company, que passaria a investir recursos, em um projeto liderado pelo engenheiro aeronáutico Arthur Young. Oficialmente apresentado ao comando da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) no dia 03 de setembro de 1941, este projeto visava o desenvolvimento de uma aeronave de asas rotativas de pequeno porte. Este programa receberia um pujante financiamento governamental, que envolvia inicialmente a produção de dois protótipos da aeronave agora designada como Bell Model 30. Seu primeiro voo ocorreria em 26 de junho de 1943, e logo seria submetido a um extenso programa de ensaios e testes de voo. Deste processo emergiria uma nova versão aprimorada, o  Bell Model 47. 

As expectativas a cerca deste novo modelo de aeronave, levariam a empresa a criar um divisão industrial especializada a Bell Helicopter Company, com suas instalações sediadas no Forte Worth no estado do Texas. O primeiro Bell Model 47 alçaria voo no dia  8 de junho de 1945, apresentando um sistema de rotor simples com duas hélices de madeira, motor convencional, uma seção tubular de aço soldado desprovida de carenagem e com o cockpit coberto com uma bolha em de plexiglass.  Esta seção superior poderia ainda ser removida transformando a aeronave em um helicóptero conversível, posteriormente esta bolha em plexiglass passaria a ser moldada em uma peça só, se tornando visualmente a marca registrada do modelo. Este design de cabine de comando, apresentaria uma ampla e excelente visibilidade, oque tornava mais seguro sua condução. Sua versão inicial de produção o Bell Helicopter Model 47A, receberia sua homologação para o mercado civil (classificação H1) no dia 08 de março de 1946, oficialmente se tornaria a primeira aeronave comercial de asas rotativas do mundo. Sua capacidade de transporte de um piloto e mais dois passageiros e sua confiabilidade mecânica,  tornariam o modelo rapidamente um sucesso comercial no mercado civil e governamental. Neste meio tempo, encontrava-se em curso o desenvolvimento da versão militar, com via a atender as demandas das forças armadas norte-americanas que buscavam a incorporação de uma aeronave de  leve de asas rotativas para o emprego em  missões de ligação e observação. Baseado no modelo civil, esta versão se distinguia visualmente pela adoção de um cone de cauda coberto com tecido e trem de pouso com quatro rodas. Em termos de conjunto mecânico, a nova aeronave estaca equipada com um motor mais potente o Franklin 6V4-178-B3 de 178 hp. O primeiro protótipo seria entregue para avaliação em abril de 1946, e deste programa de ensaios em voo emergiria a versão militar inicial  de produção o Bell H-13 Sioux. Um primeiro contrato envolvendo  vinte e oito helicópteros seria celebrado, com as primeiras células sendo entregues ao Exército dos Estados Unidos (US Army) em dezembro do mesmo ano.
Após definida sua doutrina operacional, os primeiros Bell H-13 seriam colocados em serviço ativo atuando em tarefas de ligação e observação, e seus excelentes resultados em açao despertariam a atenção do comando da aviação naval da  Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e da Guarda Costeira dos Estados Unidos (US Coast Guard). Após tratativas seriam firmados os primeiros contratos de produção para estes ramos das forças armadas, inicialmente se limitando a um pequeno número de aeronaves, com estas sendo idênticas a versão empregada pelo Exército dos Estados Unidos (US Army). As primeiras aeronaves destinadas a aviação naval seriam entregues no início do ano de 1948, e após o início das operações verificaria-se a necessidade de customização do modelo para atendimento aos parâmetros de operação naval. Suas missões geralmente compreendiam voos de longa duração sobre o mar aberto sem possibilidade de pousos de emergência, e neste contexto deveria-se priorizar o desempenho e consequente segurança. Com base nestas exigências a equipe de projeto da  Bell Helicopter Company desenvolveria a versão Bell 47D1, que passava a ser equipada com o novo motor Franklin O-335-3 que apresentava agora 200 hp de potência nominal. Apesar de manter sua capacidade de transporte de duas pessoas, teria sua carga útil aumentada para 225 kg e voltava a equipado com trem de pouso do tipo esqui, dispensando ainda a cobertura de lona na fuselagem.  As hastes horizontais de suporte dos esquis eram retas formando ângulos retos entre as hastes e os esquis, o que permitiria a colocação de uma maca em cada lado externo da aeronave para o transporte de feridos, agregando as tarefas originais de treinamento e emprego geral, a missão de evacuação aero médica o que potencializaria o valor militar da nova aeronave. Este novo modelo logo conquistaria novos contratos de produção, elevando rapidamente o número de células em serviço militar ativo nos anos seguintes. 

Seu batismo de fogo ocorreria na Guerra da Coreia (1950 a 1953), quando os novos Bell H-13D  das três forças armadas norte-americanas, seriam empregados em larga escala no conflito atuando em missoes de ligação, observação e principalmente no transporte de feridos da linha de frente diretamente para os centros médicos de campanha, recebendo esta tarefa a denominação de MEDEVAC (Medical Evacuation – Evacuação Aero médica).  Este novo escopo operacional demandaria o aumento de aeronaves de asas rotativas naquele teatro de operações, levando assim a celebração de novos contratos de aquisição envolvendo centenas de células. A grande disponibilidade destas aeronaves de asas rotativas aliadas ao desenvolvimento de uma doutrina operacional de socorro aero médico resultaria em um enorme registro de resgates de feridos, transporte e salvamento, atingindo a impressionante cifra de mais de quinze mil soldados norte-americanos salvos durante este conflito. Em seu país de origem o Bell H-13D viria a se tornar o primeiro treinador padrão primário de aeronaves de asas rotativas desempenhando esta missão junto a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), Exército dos Estados Unidos (US Army), Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (US Marine Corps). Além da formação de uma geração inteira de pilotos estas aeronaves seriam vitais no desenvolvimento da doutrina operacional de emprego de helicópteros. A fabricação do Bell 47D em suas versões militares e civis, alcançaria a cifra de mil células produzidas até o ano 1953, quando começaram a ser desenvolvidas e fabricadas novas variantes para o atendimento de demandas de clientes internacionais nos mercados civil e militar. Dentre estes destacamos os modelos Bell 47E, Bell 47F, Bell 47G, Bell 47G2 e Bell 47H, esta última desenvolvida para o transporte de até três pessoas contando com  o canopy totalmente fechado. As oportunidades internacionais levariam no transcorrer das décadas de 1950 e 1960 a empresa a licenciar a produção dos modelos da família Bell Model 47. Um total de mil e duzentas aeronaves das versões Bell 47G e Bell 47J seriam entregues pela empresa italiana Augusta SpA e mais quatrocentos e vinte e dois helicópteros produzidos pela inglesa Westland Aircraft Company. 
Em 1952 um acordo de produção sob licença seria celebrado entre a Bell Helicopter Company e a empresa japonesa Kawasaki Aircraft Enginnering, envolvendo principalmente as versões Model 47D e do Model 47G, com sua produção sendo efetivamente iniciada somente no início do ano de 1954. Este acordo contemplava as  versões militares e civis, tanto para o mercado doméstico quanto para exportação. Este programa seria descontinuado no Japão somente em meados do ano de 1976 com quatrocentos e quarenta e sete helicópteros produzidos. Esta família de aeronaves de asas rotativas se manteria em produção ininterrupta por vinte e sete anos, com a última linha sendo descontinuada somente no ano 1977. O Bell Model 47 pode ser considerado o modelo pioneiro de aeronave de asas rotativas de alta produção e operação. Sua imagem seria eternizada no imaginário popular na série de TV Mash que retratava o dia a dia do serviço médico militar norte-americano durante a Guerra da Coréia. Ao todo até fins da década de 1970 seriam entregues entre versões civis e militares mais de cinco mil células, com muitas destas se mantendo operacionais até o ano de 1998. Seriam empregadas no serviço militar na  Alemanha Ocidental, Argentina, Austrália, Brasil, Canada, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Cuba, El Salvador, Egito, Sudão, Senegal, Bolívia, Estados Unidos, Franca, Grécia, Israel, Itália, México, Noruega, Nova Zelândia, Paquistão, Paraguai, Peru, Reino Unido, Brasil, Suécia, Tailândia, Turquia e Vietnã do Sul. 

Emprego nas Força Aérea Brasileira.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira contava com mais de mil e quinhentas modernas aeronaves militares, com quase a sua totalidade sendo recebida a partir de 1942, nos termos do programa Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). Em termos de capacidade ofensiva dispunha-se de um grande número de células de aeronaves de primeira linha, como os famosos caças bombardeiros Republic P-47D Thunderbolt, Curtiss P-40 Warhawk e aeronaves de ataque Douglas A-20 Havoc e North American B-25 Mitchel. Esta combinação de aeronaves de combate combinada com modelos de transporte e patrulha marítima e guerra antissubmarino (ASW), tornavam está a segunda maior força aérea das Américas, e a maior arma aérea do hemisfério sul do planeta. Apesar deste cenário se mostrar aceitável de imediato, as perspectivas futuras de médio prazo, seriam drasticamente alteradas pela evolução tecnológica aeronáutica observada no fim desta mesma década. Além da crescente participação de aeronaves movidas com motores de reação, começava a se destacar a introdução e operação dos primeiros modelos de aeronaves de asas rotativas, principalmente nas forças armadas norte-americanas, com o emprego dos primeiros Sikorsky R-4 e Bell 47D Sioux . Inclusive com sua versatilidade sendo testada e aprovada em cenários de conflitos reais em missões de transporte de pessoal, ligação, observação de campo de batalha e evacuação aero médica , como observado no transcorrer da Guerra da Coreia (1950 – 1953). Atento a estas mudanças, no início da década de 1950, o comando do Ministério da Aeronáutica (MAer) empreenderia estudos envolvendo o planejamento e estruturação do seu primeiro grande plano de modernização. Entre os pontos focais deste processo estava a aquisição vetores, e a criação e operação de um núcleo destinados ao emprego de aeronaves de asas rotativas. Seria definido neste estudo, que a primeira missão deste grupo seria focada principalmente para prestar serviços de transporte  aéreo especial (VIP – Very Important Person) aos mais altos escalões do governo federal.

O programa de aquisição de aeronaves de asas rotativas, seria deflagrado pelo Ministério da Aeronáutica (MAer)  em fins do ano de 1951, e após análises técnicas, a escolha recaindo sobre o fabricante Bell Helicopter Company através do seu modelo Bell 47D1. Esta versão estava equipada com motor Franklin O-335 de 178 HP de potência, representando neste momento o modelo militar mais atualizado em produção, equipando o braço aéreo de todas as forças armadas norte-americanas. Após tratativas comerciais, em 25 de março de 1952, seria celebrado com o representante da marca no país, um contrato para a aquisição de quatro aeronaves novas de fábrica, englobando neste pacote os serviços de treinamento e fornecimento de peças de reposição. Como se tratava do modelo de série sem customizações, estas células seriam retiradas da linha de produção, acelerando assim sua montagem para o atendimento da demanda brasileira. Em novembro do mesmo ano seria concluída a produção da última aeronave, sendo estas oficialmente inspecionadas por oficiais da Aeronáutica nas instalações da Bell Helicopter Company,  em Fort Worth no estado do  Texas. Em seguida seriam desmontados e preparados para o transporte ao Brasil por via marítima, sendo recebidos no porto do Rio de Janeiro nos primeiros dias do ano de 1953. Após serem descarregadas, seriam transportadas por via terrestre até o aeroporto do Galeão, onde passariam a ser montadas nas instalações da Fábrica do Galeão (FGL) por técnicos do fabricante em conjunto com o pessoal técnico da empresa estatal brasileira. Porém neste processo observou-se que uma das células infelizmente havia sido extremamente danificada na operação de transporte ao Brasil. Análises mais aprofundadas dos danos sofridos, classificariam a recuperação da célula como economicamente inviável. Desta maneira este aeronave não chegaria a ser montada, com seus componentes sendo separados e armazenados para servirem de suprimento as demais células operacionais. 
Este helicóptero passaria a ser designado na Força Aérea Brasileira como H-13D, recebendo as matrículas 8500 a 8502. Suas operações seriam iniciadas a partir do Aeroporto Santos Dumont, onde ficavam concentradas as estruturas e aeronaves pertencentes a Seção de Aeronaves de Comando (SAC), que era subordinada ao Quartel General da III Zona Aérea, organização esta criada para uso exclusivo no transporte das autoridades do governo brasileiro. Esta unidade evoluiria no futuro, se tornando o Esquadrão de Transporte Especial (ETE) e que posteriormente seria o embrião para a formação do Grupo de Transporte Especial (GTE), com a operação de aeronaves de asas rotativas destinadas ao 2º Esquadrão. Vale salientar que estes helicópteros  foram recebidos com a provisão para emprego de kits flutuadores intercambiáveis (equipamento até então inédito no país) com os tradicionais esquis de pouso. Poderiam ainda ser empregados em tarefas de Evacuação Aero médica (MEDEVAC), pois eram equipadas com suporte laterais para instalação de um par de macas externos, destinados ao transporte de feridos. Este pacote de equipamentos especiais, possibilitaria o emprego destes helicópteros no processo de desenvolvimento inicial da doutrina operacional de missões de busca e salvamento (SALVAEREO). Como a capacidade de transporte desses helicópteros era restrita apenas um passageiro, o Ministério da Aeronáutica (MAer) decidiu buscar no mercado internacional uma aeronave com maior capacidade de transporte. Ao considerar a existência no mercado do Bell modelo “47J”, com capacidade para até três passageiros, definiu-se pela aquisição de cinco destas aeronaves, que foram denominadas como H-13J. As aeronaves, que começaram a ser recebidas a partir de 28 de outubro de 1958, e equipariam inicialmente o 2º Esquadrão do Grupo Transporte Especial, que manteria duas aeronaves operando do Aeroporto Santos Dumont até 1961. Ao mesmo tempo, o 2º Esquadrão do 1º Grupo de Aviação Embarcada (2º/1º GAE), situado na Base Aérea de Santa Cruz, se preparava para receber os seus primeiros helicópteros antissubmarino (ASW) Sikorsky H-34J, necessitando assim de um vetor para treinamento de seus pilotos neste período de espera. 

Com a solução definida pelo emprego dos Bell H-13J que além de atender as demandas desta unidade, também cumpriam missões de transporte especial VIP (Very Important Person) nas áreas próximas a cidade do Rio de Janeiro, em complemento as aeronaves do Esquadrão Transporte Especial (ETE). Vale ainda salientar que a partir do recebimento dos Bell H-13J especializados em transporte especial de autoridades,  possibilitariam a concentração dos veteranos Bell H-13D em missões de busca e salvamento (SAR). Neste perfil os Bell H-13D do Esquadrão Transporte Especial (ETE), seriam transferidos para Quartel General da 3º Zona Aérea no Rio de Janeiro (QG3ºZAé), onde operariam até março de 1958, quando seriam então distribuídos para a 2ª Esquadrilha de Ligação e Observação (2ºELO), sediada na Base Aérea do Galeão. Em 1961, com a transferência do Esquadrão de Transporte Especial (ETE) do Rio de Janeiro, para  cidade de Brasília, a nova capital federal, estes helicópteros passariam a ser  concentrados na Base Aérea de Brasília. Desta maneira este grupo  passariam aa realizar apenas o cumprimento de missões de transporte de autoridades de primeiro e segundo escalão. O presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, seria um dos mais frequentes usuários dos Bell H-13J, como também seu sucessor o presidente Artur da Costa e Silva. Apesar da excelente folha de serviços prestados, era notório que as pequenas aeronaves de asas rotativas já podiam ser classificadas como obsoletas e não tão seguras para a missão de transporte dos altos mandatários do país. Neste contexto o Ministério da Aeronáutica (MAer), iniciaria estudos visando a substituição de sua frota de aeronaves de asas rotativas destinadas ao transporte especial de autoridades. Este processo culminaria em 1967 na aquisição de três helicópteros Bell 206 Jet Ranger designados como VH-4 e matriculados FAB 8570 e 8572, que seriam recebidos a partir de 15 de julho de 1968.
Já com as células retiradas das tarefas de transporte especial de autoridades VIP (Very Important Person), as células remanescentes dos Bell H-13J seriam transferidas em outubro do mesmo ano, para a Academia da Força Aérea (AFA) baseada na cidade de Pirassununga no interior de São Paulo. Neste momento passariam a cumprir missões de busca e salvamento – SAR (Searching and Rescue), e apoio a tarefas de instrução aérea aos cadetes da academia, passando a ser operados também em missões de ligação em proveito do comando daquela organização. Ao todo cinco células seriam incorporadas e operadas pela Força Aérea Brasileira, recebendo as matriculas de “ FAB 8508 á 8512 “, com a última aeronave operacional sendo retirada do serviço ativo somente em meados do ano de 1974. Após este processo esta aeronave seria armazenada e mantida em condições de voo, esperando assim a alienação para venda a terceiros.  Neste momento seria decido incorporar uma célula ao acervo do  Museu Aeroespacial – Musal, com Bell 47J H-13J FAB 8509 sendo transladada em voo no início do ano de 1975, onde seria preservada,  encerrando assim uma carreira de dezesseis anos a serviço da Força Aérea Brasileira.

Em Escala.
Para representarmos o  Bell 47J H-13J " FAB 8512 " empregamos o  novo kit da LF Models na escala 1/72, modelo que apesar de apresentar pequenos problemas na qualidade de injeção do plástico,  apresentas um bom detalhamento para a escala contando com peças em resina e photoetched. Salientando que recentemente este mesmo fabricante lançou um modelo na escala 1/48. Empregamos decais originais presentes no kit. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão com qual as aeronaves foram recebidas em 1958, seguindo o esquema aplicado a aeronaves de transporte de especial de autoridades VIP (Very Important Person), mantendo este padrão até sua retirada de serviço em 1974. Empregamos tintas e vernizes produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia :
- Bell H-13 Sioux- https://en.wikipedia.org/wiki/Bell_H-13_Sioux
- Bell H-13J - https://airandspace.si.edu/collection-objects/bell-h-13j/nasm_A19690013000
- História da Força Aérea Brasileira , Prof Rudnei Dias Cunha - http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html
- Aeronaves Militares Brasileiras 1916 – 2015 Jackson Flores Jr

Dodge Série D VTNE - VTE

História e Desenvolvimento. 
Em 1900, os irmãos John Francis Dodge e Horace Elgin Dodge iniciaram um projeto ambicioso para desenvolver um automóvel inovador, distinto dos modelos disponíveis no mercado norte-americano. Nos primeiros anos, a produção era predominantemente artesanal, com dezenas de veículos fabricados manualmente. Em 1914, a empresa foi formalmente constituída como Dodge Motors Company, adotando processos de produção em série que ampliaram significativamente sua capacidade operacional. Com o início da produção em larga escala, a Dodge Motors Company alcançou rápida notoriedade no mercado norte-americano de carros de passeio. A qualidade e a confiabilidade de seus veículos asseguraram uma participação expressiva no setor, gerando recursos financeiros que viabilizaram investimentos em novos segmentos e consolidaram a marca como referência no mercado automotivo. O falecimento dos irmãos Dodge em 1920 representou um divisor de águas na história da empresa, levando a mudanças significativas em sua orientação estratégica e estrutura organizacional. Apesar desse impacto, a Dodge continuou a operar com foco em inovação e crescimento, preparando o terreno para sua expansão em novos mercados. Em 1928, a Dodge Motors Company foi adquirida pela Chrysler Corporation, passando a integrar um conglomerado que incluía marcas como De Soto, Plymouth e Fargo. Sob a liderança do empreendedor Walter P. Chrysler, a marca Dodge manteve sua identidade distinta e continuou a expandir sua presença no mercado, beneficiando-se da estrutura e dos recursos do grupo. No final da década de 1920, a Dodge direcionou esforços para o desenvolvimento de veículos utilitários leves voltados para o mercado civil. Esses modelos foram projetados com base nas plataformas de veículos comerciais de passageiros, uma estratégia que minimizou os custos de projeto e produção ao aproveitar o ferramental existente. Destinados ao transporte de cargas e atividades pesadas, incluindo operações fora de estrada, os utilitários alcançaram êxito comercial, reforçando a reputação da Dodge como símbolo de robustez e versatilidade. O crescimento contínuo das vendas foi interrompido pela crise econômica de 1929, que impôs desafios financeiros significativos à Dodge. A aquisição pela Chrysler Corporation, consolidada no ano seguinte, proporcionou a reestruturação necessária para a continuidade das operações, integrando a Dodge ao portfólio de marcas do conglomerado. Na primeira metade da década de 1930, o cenário geopolítico global, marcado pela ascensão do partido nazista na Europa e o início de uma corrida armamentista, criou oportunidades no mercado militar. A diretoria da Dodge Motors Company identificou o potencial de atender às demandas das forças armadas e, em 1934, iniciou o desenvolvimento de protótipos de caminhões militares de médio e grande porte. Esses projetos foram fundamentados na experiência prévia da empresa, que forneceu veículos leves ao governo dos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial. O primeiro resultado desses esforços foi o caminhão experimental K-39-X-4, um modelo com tração nas quatro rodas e capacidade de 1,5 toneladas, apresentado ao comando do Exército dos Estados Unidos (US Army). Esse veículo marcou o início de uma linha de sucesso no segmento de caminhões militares, evidenciando a capacidade da Dodge de atender às exigências do setor de defesa. 

O êxito dos caminhões militares motivou a Dodge a diversificar sua linha de modelos para atender às crescentes demandas do mercado. Em 1938, a empresa inaugurou a planta industrial Warren Truck Assembly, em Michigan, dedicada à produção de caminhões leves e médios. Essa instalação fortaleceu a capacidade produtiva da Dodge, consolidando sua posição como um fornecedor estratégico de veículos militares e civis. Em 1939, a Dodge Motors Company apresentou uma linha redesenhada de picapes e caminhões, caracterizada por um design moderno e designada como "Job-Rated". Essa linha foi desenvolvida para atender a uma ampla gama de tarefas e trabalhos, combinando funcionalidade e estética contemporânea. O lançamento marcou um avanço significativo na oferta de veículos utilitários, reforçando a reputação da Dodge no mercado civil e preparando a empresa para demandas futuras no setor militar. Na mesma época, o agravamento das tensões geopolíticas na Europa e no Pacífico evidenciou a necessidade de modernização e reequipamento das forças armadas dos Estados Unidos. O Exército dos Estados Unidos (US Army) estabeleceu um padrão para veículos de transporte, dividindo-os em cinco classes com base na capacidade de carga útil: ½ tonelada, 1½ tonelada, 2½ toneladas, 4 toneladas e 7½ toneladas. Esse padrão visava atender às exigências operacionais em um cenário de possíveis conflitos globais. Em junho de 1940, o Quartel-General do Comando do Exército dos Estados Unidos (US Army Quartermaster Corps) testou e aprovou três caminhões comerciais padrão com tração nas quatro rodas: o Dodge de 1½ toneladas 4x4, o GMC de 2½ toneladas 6x6 e o Mack de ½ tonelada 6x6. Esses veículos foram selecionados para atender às necessidades logísticas e operacionais do Exército, estabelecendo as bases para a produção em larga escala. No verão de 1940, a Dodge-Fargo Division da Chrysler Corporation recebeu um contrato para fornecer 14.000 unidades de caminhões de ½ tonelada com tração integral 4x4, designados pela empresa como série VC. A produção em série teve início em novembro de 1940, e, com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, a designação foi alterada para série WC (Weapons Carriers). Esses veículos substituíram os modelos Dodge VC-1 e VC-6 de ½ tonelada, pertencentes à série original G505, no Exército norte-americano. Os caminhões Dodge WC de ½ tonelada, produzidos em 1940, incluíam os modelos VF-401 a VF-407, equipados com o motor tipo T-203 da Dodge G-621. Esses veículos eram variações dos protótipos pré-guerra RF-40 (-X) e TF-40 (-X) (ou T-200/T-201), montados em um chassi com distância entre eixos de 143 polegadas (3,63 metros). Durante 1940, a Dodge fabricou mais de 6.000 unidades sob dois contratos com o governo norte-americano, demonstrando sua capacidade de atender às demandas militares em larga escala. Entre o final de 1940 e o início de 1942, foram produzidas aproximadamente 82.000 unidades de caminhões de ½ tonelada com tração 4x4, sob diversos contratos com o Departamento de Guerra dos Estados Unidos. A produção foi realizada tanto pela Dodge Motors Company quanto pela Fargo Motor Car Company. A família Dodge WC alcançou um total de 38 variantes. Um aspecto fundamental da série WC era a intercambialidade de 80% das peças de reposição entre as diferentes versões e modelos produzidos pela Dodge. Essa padronização facilitou significativamente a logística de suprimentos e os processos de manutenção nos diversos fronts de batalha durante a Segunda Guerra Mundial, garantindo maior eficiência operacional.
O fim da Segunda Guerra Mundial resultou na desmobilização imediata das indústrias de defesa norte-americanas, com o cancelamento de contratos de produção militar. Para a Dodge Motors Company, esse cenário exigiu a reorientação estratégica para novos nichos no mercado civil e comercial, além de um ambicioso plano de internacionalização voltado para mercados emergentes, com destaque para a América Latina. A Dodge já estava presente no Brasil desde a década de 1930, por meio da empresa carioca Chrysbraz Comercial Ltda., controlada pelos acionistas da Mesbla S/A. Essa operação comercializava modelos Chrysler, Dodge, Plymouth e Fargo, importados no formato CKD (Completely Knocked Down) e montados localmente. No final da década de 1940, a Dodge retomou esse modelo de parceria, firmando contratos em 1947 com três empresas regionais: Companhia Distribuidora Geral, em São Bernardo do Campo, São Paulo; Cipan Comercial, no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Cirei Exportações e Importações S.A., em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A Brasmotor, a mais estruturada dessas empresas, comercializou, em um período de oito anos, mais de 3.500 automóveis e aproximadamente 12.000 veículos comerciais, consolidando a presença da marca no mercado brasileiro. Em 1956, o Governo Federal brasileiro criou o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), um programa que oferecia incentivos significativos para o estabelecimento de uma indústria automotiva nacional. Apesar do atrativo pacote de benefícios, a diretoria da Chrysler Corporation, controladora da Dodge, não demonstrou interesse imediato. Propostas para a instalação de uma fábrica conjunta, apresentadas pela Brasmotor em 1956, e negociações com a Willys em 1957 para a produção local de 6.000 unidades anuais do Plymouth Savoy, com 65% de nacionalização, foram rejeitadas. O projeto Chrysler-Willys do Brasil S.A., embora autorizado pelo GEIA em dezembro de 1957, não foi concretizado. A chegada da Chrysler Corporation ao Brasil ocorreu indiretamente por meio da Simca do Brasil, uma subsidiária da Société Industrielle Mécanique et Carrosserie Automobile (Simca Francesa). Em 1958, a Simca estabeleceu uma planta fabril em São Bernardo do Campo, São Paulo, alinhada aos incentivos do GEIA. Em 1963, a Chrysler adquiriu a matriz francesa da Simca, e, em 1966, assumiu o controle da Simca do Brasil. A partir de agosto de 1967, a empresa passou a operar como Chrysler do Brasil S.A. Sob a gestão da Chrysler do Brasil, o portfólio inicial incluía os modelos Simca Chambord, Simca Alvorada e Simca Jangada. Esses veículos passaram por uma revisão técnica abrangente, com melhorias no controle de qualidade e a introdução de uma garantia inédita de 36.000 km ou dois anos de uso. Essa reestruturação resultou em um aumento expressivo nas vendas, com o primeiro trimestre de 1968 registrando um crescimento de 220% em relação ao mesmo período do ano anterior. O sucesso comercial criou condições para o planejamento de novos lançamentos. Em junho de 1968, a Chrysler confirmou o Dodge Dart como o próximo modelo a ser introduzido no mercado brasileiro, visando competir no segmento de automóveis de origem Chrysler. Para o segmento de veículos compactos, a empresa considerou o Simca 1000 e o Hillman Imp, ambos com motor traseiro. Contudo, a fábrica de São Bernardo do Campo não dispunha de espaço suficiente para a produção desses modelos. A Chrysler do Brasil optou por priorizar o segmento de carga e utilitários, considerando o forte mercado nacional para esses veículos. A produção foi iniciada em 1967 em uma planta industrial recém-adquirida em Santo André, São Paulo, anteriormente operada pela International Harvester Corporation, que encerrou suas atividades no Brasil em 1964. 

Os primeiros modelos lançados sob a marca Dodge foram voltados para aplicações comerciais e industriais, alinhando-se às demandas do mercado brasileiro. A entrada da Chrysler do Brasil S.A. no mercado brasileiro marcou um momento significativo para a indústria automotiva nacional, com a introdução de uma linha de veículos de carga projetados para atender às demandas do mercado. Este relatório detalha a estreia da empresa no Salão Internacional do Automóvel de 1968, a apresentação dos modelos Dodge D-100, D-400 e D-700, suas especificações técnicas e o impacto de sua chegada no cenário competitivo brasileiro. Em novembro de 1968, a Chrysler do Brasil S.A. fez sua estreia oficial no mercado brasileiro durante o Salão Internacional do Automóvel, realizado em São Paulo. A empresa apresentou três modelos de veículos de carga, abrangendo diferentes categorias de capacidade: Dodge D-100: Picape com capacidade de 700 kg; Dodge D-400: Caminhão leve com capacidade de 3,5 toneladas; Dodge D-700: Caminhão médio com capacidade de 8 toneladas. A exposição destacou o compromisso da Chrysler com o mercado brasileiro, posicionando a marca Dodge como uma concorrente robusta no segmento de veículos comerciais. O primeiro modelo a chegar às concessionárias, em maio de 1969, foi o Dodge D-700. Com um design de inspiração norte-americana, caracterizado por uma cabine recuada, o veículo era equipado com o motor a gasolina Dodge V8 318, reconhecido como o maior e mais potente motor a gasolina produzido no Brasil até então. Suas principais especificações incluíam: Motor: V8 318, 5.212 cm³, bloco e cabeçote de ferro, comando de válvulas no bloco acionado por corrente metálica, carburador de corpo duplo, diâmetro de 99,3 mm e curso de 84,1 mm; Potência e Torque: 198 cv a 4.200 rpm e 42 kgfm a 2.400 rpm; Transmissão: Caixa manual de quatro marchas (opcionalmente cinco, com a primeira não sincronizada), reduzida com acoplamento elétrico; Suspensão: Dependente, tipo eixo rígido com feixe de molas nos dois eixos; Freios: Hidráulicos com assistência a vácuo, a tambor nas quatro rodas; Direção: Tipo rosca sem fim, não assistida; Tanque de Combustível: Capacidade de 104 litros; Chassi: Disponível em três comprimentos de entre-eixos, variando de 3,68 m a 5,00 m. O Dodge D-700 foi projetado para atender às demandas de transporte de cargas pesadas, destacando-se pela robustez e confiabilidade. Em agosto de 1969, a Chrysler lançou o Dodge D-400, posicionado como um concorrente direto do Ford F-350, que dominava o segmento de caminhões leves por uma década. Lançado como parte da linha 1970, o D-400 compartilhava o motor V8 318 de 5,2 litros, ajustado para entregar 203 cv, tornando-o o caminhão a gasolina mais potente do mercado brasileiro. Suas especificações incluíam: Motor: V8 318, 5.212 cm³, com 203 cv; Transmissão: Caixa manual de quatro marchas, com a primeira não sincronizada; Tanque de Combustível: Capacidade de 68 litros; Suspensão, Freios e Direção: Similares ao D-700, com suspensão de eixo rígido, feixe de molas, freios a tambor e direção tipo rosca sem fim. O D-400 foi bem recebido, consolidando a presença da Dodge no segmento de caminhões leves. Em novembro de 1969, a picape Dodge D-100 foi introduzida no mercado. Equipada com o mesmo motor V8 318 de 5,2 litros, ajustado para 198 cv, a D-100 apresentava: Transmissão: Caixa manual de três marchas sincronizadas; Suspensão: Convencional, com eixos rígidos e molas semi-elípticas; Capacidade de Carga: 700 kg. A picape foi projetada para atender às necessidades de transporte leve, combinando desempenho e praticidade. 
Em janeiro de 1970, a linha 1970 trouxe uma novidade significativa para o Dodge D-700: a introdução do motor Perkins a diesel de seis cilindros e 5,8 litros, oferecendo maior eficiência para operações de carga pesada. Em outubro do mesmo ano, a Chrysler lançou o Dodge D-900, que apresentava melhorias como: Rodas: Raiadas, com para-choques mais largos; Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas; Direção: Hidráulica, disponível como opcional; Freios: Acionados a ar; Motores: Opções V8 318 de 5,2 litros a gasolina e Perkins de 5,8 litros a diesel. O D-900 foi projetado para atender a demandas mais exigentes, reforçando a competitividade da linha Dodge. A introdução dos modelos D-100, D-400, D-700 e, posteriormente, D-900 posicionou a Chrysler do Brasil como uma forte concorrente no mercado de veículos de carga. A combinação de motores potentes, designs robustos e opções de configuração versáteis permitiu à Dodge atender a uma ampla gama de necessidades comerciais, desafiando marcas estabelecidas como a Ford. A rápida aceitação dos modelos no mercado brasileiro evidenciou a eficácia da estratégia da Chrysler em priorizar o segmento de carga e utilitários. A década de 1970 foi marcada por mudanças significativas na indústria automotiva brasileira, impulsionadas por fatores como a crise do petróleo e transformações no mercado corporativo. Em resposta à crise do petróleo, que incentivou o desenvolvimento de motores mais eficientes, a Chrysler do Brasil introduziu, na linha 1976, o Dodge D-400 equipado com um motor a diesel Perkins 4236 de 3,9 litros. As especificações técnicas do motor incluíam: Cilindrada: 3.860 cm³, com diâmetro de 98,4 mm e curso de 127 mm; Taxa de Compressão: 16:1; Sistema de Injeção: Bomba injetora de atuação direta; Potência e Torque: 90 cv a 3.000 rpm e 30 kgfm a 1.500 rpm (valores brutos). Esse motor, posteriormente utilizado no Volkswagen 6-80 e no Chevrolet D-10, destacou-se pela eficiência e confiabilidade, atendendo às demandas do mercado por veículos de carga mais econômicos. No mesmo período, o Dodge D-900 foi substituído pelo Dodge D-950, que manteve as opções de motores disponíveis, incluindo o V8 318 de 5,2 litros a gasolina e o Perkins de 5,8 litros a diesel. O D-950 trouxe melhorias incrementais, mantendo a robustez característica da linha Dodge. Em julho de 1979, a Volkswagenwerk, proprietária da Volkswagen do Brasil, anunciou a aquisição de 67% das ações da Chrysler do Brasil, incluindo suas fábricas e os direitos de produção de seus veículos no país. A transação, formalizada em janeiro de 1979, surpreendeu o setor automotivo brasileiro. Em novembro do mesmo ano, a Volkswagenwerk adquiriu os 33% restantes, assumindo o controle total da empresa. O principal objetivo da Volkswagen era utilizar a infraestrutura industrial da Chrysler do Brasil para ingressar no mercado de veículos de carga, um segmento no qual a empresa ainda não tinha presença global significativa. Apesar das declarações iniciais da Volkswagen sobre a continuidade da linha Dodge, a estratégia de longo prazo priorizava a substituição desses modelos por novos caminhões desenvolvidos sob a marca Volkswagen. Em fevereiro de 1981, a razão social da Chrysler do Brasil foi alterada para Volkswagen Caminhões, marcando o fim da identidade Chrysler no mercado brasileiro. Nos anos seguintes, a linha Dodge Série D, que incluía modelos como o D-400, D-700 e D-950, foi gradualmente descontinuada. A infraestrutura industrial adquirida foi redirecionada para a produção da primeira geração de caminhões Volkswagen, alinhada com a estratégia global da empresa de expandir sua presença no segmento de veículos comerciais. 
Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante o inicio da Segunda Guerra Mundial, preocupado com a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo, o governo norte-americano sob a gestão do presidente Franklin D Roosevelt  incentivou a participação do Brasil no esforço de guerra aliado. Como contrapartida, o Brasil obteve acesso a vantagens estratégicas como : Acordos bilaterais de comércio: Fortalecimento das relações econômicas com os Estados Unidos. Acesso ao programa  Leand & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos): Uma linha de crédito de US$ 100 milhões para aquisição de equipamentos militares modernos, incluindo armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Entre 1942 e 1945, o Exército Brasileiro recebeu mais de 5.000 caminhões militares de diversos modelos, como GMC CCKW, Diamond T, US White Corbitt Cargo, Ward La France, Chevrolet Série G, e Studebaker US6G. Esses veículos proporcionaram uma capacidade significativa de mobilização de tropas e cargas, modernizando as operações logísticas da  Força Terrestre. Na década de 1950, a frota de caminhões adquirida durante a guerra enfrentou sérios problemas operacionais, decorrentes de: Desgaste natural: O uso intensivo durante e após o conflito comprometeu a condição das viaturas. Dificuldade de manutenção: A produção dos modelos recebidos foi descontinuada nos Estados Unidos, dificultando a importação de peças de reposição essenciais. Essa situação gerou preocupações críticas no comando do Exército Brasileiro, pois a redução da capacidade de transporte ameaçava diretamente a prontidão operacional. A necessidade de soluções emergenciais tornou-se prioritária para manter a funcionalidade das forças terrestres. A aquisição de uma nova frota de caminhões militares, como os modelos REO M-34 e M-35 com tração 4x4 e 6x6, foi considerada a solução ideal para substituir os veículos obsoletos. No entanto, o alto custo de tal investimento estava fora do alcance orçamentário do Exército Brasileiro na época. Estudos mais realistas resultaram em três estratégias complementares: Aquisição limitada de caminhões modernos: Aquisição:  de um pequeno número de caminhões militares modernos como os norte-americanos REO M-34, visando atender às necessidades mais urgentes com equipamentos atualizados -Repotencialização de frotas existentes: Estudos para modernizar e remotorizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G, prolongando sua vida útil por meio de reformas e atualizações -Adoção de caminhões comerciais militarizados: Utilização de veículos comerciais adaptados para cumprir missões secundárias, oferecendo uma solução econômica e imediata. Mesmo com esta pauta na mesa,  o Exército Brasileiro enfrentou desafios significativos para manter sua capacidade operacional devido à obsolescência de sua frota de caminhões militares. Assim para  recuperar a capacidade logística do Exército Brasileiro, três alternativas foram consideradas: aquisição de novos caminhões militares, repotencialização de veículos existentes, e adoção de caminhões comerciais militarizados. 

Contudo, os estudos para modernizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G foram descartados devido a: Alto custo de implementação: Os investimentos necessários excediam as capacidades orçamentárias. Falta de expertise técnica: O Brasil não dispunha de experiência prévia em programas de modernização de tal escala. O cancelamento dessa iniciativa intensificou a necessidade de ampliar a aquisição de caminhões comerciais militarizados, que poderiam complementar a frota militar, composta majoritariamente por veículos 6x6 projetados para operações fora de estrada. A adoção de caminhões comerciais militarizados visava liberar a frota 6x6 para missões fora de estrada, destinando os novos veículos a funções secundárias, como transporte em ambientes urbanos e rodoviários. Esse conceito já havia sido implementado pelo Exército Brasileiro desde a década de 1930, com o uso de modelos como Chevrolet 112 Tigre, Chevrolet 137 Comercial, Chevrolet Gigante 937, e Opel Blitz II, todos adaptados para operações militares. A introdução em larga escala de caminhões comercialmente militarizados permitiu uma redistribuição eficiente dos recursos logísticos, otimizando a utilização da frota existente e garantindo a continuidade das operações. Para apoiar a indústria automotiva nacional, o Ministério do Exército optou por veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que fabricava dois modelos de caminhões médios: o FNM D-9500 e o FNM D-11000. Após avaliação, o FNM D-11000 foi selecionado devido às suas características estruturais, que atendiam aos requisitos para militarização. As principais especificações do modelo incluíam: Robustez estrutural: Projetado para transportar cargas pesadas em estradas precariamente pavimentadas e terrenos irregulares -  Chassi reforçado: Equipado com sete travessas de reforço forjadas em aço de alta resistência, garantindo durabilidade e capacidade de suportar condições adversas -  Adequação ao uso militar: A construção robusta do D-11000 oferecia as condições necessárias para adaptações destinadas a operações militares. A estratégia de redistribuir a reduzida frota de caminhões militares 6x6 para missões fora de estrada e utilizar veículos comerciais em funções secundárias demonstrou pragmatismo e eficiência.   A partir de 1964, o Exército Brasileiro passou a adquirir a nova linha de caminhões Chevrolet C-60 e Ford F-600 , disponíveis nas configurações de tração 4x2 e 6x6.  Reconhecendo a importância de aumentar a capacidade operacional dos caminhões, especialmente em ambientes fora de estrada, o comando do Exército Brasileiro buscou implementar um novo esforço estratégico. Novamente em função do baixo orçamento existente, a solução deveria ser doméstica, passando pela aquisição de novos caminhões militarizados de fabricação nacional, porém estes novos veículos deveriam realmente incorporar capacidades militares aos modelos civis existentes no mercado, permitindo assim operar nos ambientes fora de estrada característicos dos veículos de emprego militar. 
Na década de 1960, a Engesa – Engenheiros Especializados S.A. emergiu como uma empresa de destaque no cenário industrial brasileiro, consolidando-se posteriormente como um dos principais fabricantes de equipamentos militares terrestres do país.  A Engesa destacou-se pela qualidade de seu quadro técnico, composto por profissionais altamente qualificados, muitos dos quais formados pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Essa equipe foi fundamental para o desenvolvimento de tecnologias avançadas, posicionando a empresa como um polo de inovação no setor industrial brasileiro. Em 1966, a Engesa alcançou um marco significativo com o projeto e a fabricação do sistema de tração 4x4, conhecido comercialmente como “Tração Total”. Esse kit, projetado para equipar veículos de série nacionais, era composto por: Caixa de transferência com duas tomadas de força; Eixo dianteiro direcional; Guincho (opcional). Posteriormente, o sistema foi expandido para configurações 6x4 e 6x6, aproveitando os eixos e feixes de molas traseiros originais dos veículos. Destinado inicialmente a picapes e caminhões produzidos por fabricantes como Chevrolet, Ford e, mais tarde, Dodge, o sistema “Tração Total” conferiu aos veículos comerciais um desempenho off-road excepcional, até então inédito no Brasil. O sistema “Tração Total Engesa” revolucionou a capacidade operacional dos veículos equipados, ampliando significativamente sua versatilidade. Por exemplo, uma picape Ford F-100 equipada com o sistema apresentava capacidade de carga duplicada e era capaz de superar rampas com inclinação de até 85%. Essa inovação destacou a Engesa como líder em soluções de mobilidade para ambientes desafiadores. A linha de produtos “Tração Total” foi patenteada no Brasil e no exterior, consolidando a propriedade intelectual da Engesa e atraindo a atenção de mercados internacionais. No âmbito nacional, o sistema despertou o interesse das Forças Armadas Brasileiras, que reconheceram seu potencial estratégico. Em 1967, o projeto “Tração Total” foi oficialmente classificado como “De Interesse para a Segurança Nacional”, um marco que reforçou a relevância da Engesa no setor de defesa.O sistema de “Tração Total” da Engesa, patenteado na década de 1960, criou uma oportunidade estratégica para montadoras nacionais expandirem sua presença no mercado militar brasileiro. A necessidade de modernização da frota das Forças Armadas, composta por veículos obsoletos como os GMC Série CCKW e Studebaker US6G, incentivou a colaboração entre fabricantes automotivos, a Engesa e o Ministério do Exército para o desenvolvimento de caminhões militarizados com capacidades avançadas de tração.  A partir de 1963, veículos produzidos pela General Motors do Brasil, como as camionetes Chevrolet C-1416 e os caminhões Chevrolet C-60, foram submetidos a testes de campo com a integração da tração dianteira e do sistema 4x4 da Engesa. Esses ensaios foram cruciais para estabelecer os parâmetros técnicos finais de uma nova linha de caminhões comerciais militarizados, disponíveis nas configurações de tração 4x4 e 6x6. As principais plataformas selecionadas para conversão incluíam: Chevrolet D-60; Mercedes-Benz LA-1111 e Ford F600. Em meados de 1965, foram assinados os primeiros contratos de produção entre as montadoras, a Engesa e o Ministério do Exército. As entregas dos caminhões militarizados tiveram início no começo de 1966, marcando um avanço significativo na modernização da frota militar brasileira. Esses contratos fortaleceram a indústria automotiva nacional, alinhando-se aos objetivos do Governo Federal de consolidar o parque industrial do país.

Os caminhões entregues apresentavam diferenças visuais e funcionais em relação às versões comerciais, incluindo: Carrocerias de padrão militar; Para-choques reforçados; Ganchos traseiros para tração de reboques de carga geral ou peças de artilharia de campanha de pequeno e médio porte. Além das versões equipadas com o sistema “Tração Total”, as Forças Armadas Brasileiras (Exército, Marinha e Força Aérea) também adquiriram caminhões militarizados em configurações mais simples, adaptados para diversas funções operacionais. A partir de 1970, a diretoria comercial da Chrysler do Brasil identificou o potencial do mercado militar e iniciou negociações com a Engesa para homologar seus modelos Dodge D-400 e D-700 para integração com o sistema “Tração Total”. Essa iniciativa visava posicionar a Chrysler como fornecedora no processo contínuo de renovação da frota militar, substituindo veículos antigos ainda em uso pelo Exército Brasileiro. A homologação dos modelos Dodge representava uma oportunidade estratégica para a empresa conquistar uma fatia significativa desse mercado em expansão. No entanto os primeiros contratos governamentais conquistados pela Chrysler do Brasil envolveram uma versão do caminhão Dodge D-700 configurada como veículo de combate a incêndios. Este modelo de médio porte foi projetado para atender às necessidades de unidades do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar em pequenas cidades do interior, bem como de grandes empresas estatais. Suas principais características incluíam: Carroceria Especializada: Produzida pela empresa carioca Argos Carros de Bombeiro e Veículos Especializados Ltda., sediada em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, com design inspirado em modelos norte-americanos de combate a incêndios; Índice de Nacionalização: Atingiu 95%, com a maioria dos componentes fabricados localmente, exceto as bombas, que eram importadas. Apesar do sucesso em obter contratos com governos estaduais, o volume de vendas permaneceu limitado, refletindo a natureza incipiente do mercado para esse tipo de veículo especializado. Paralelamente, a Chrysler do Brasil, em parceria com a Engesa, desenvolveu três protótipos de veículos militarizados para submissão ao programa de avaliação padrão do Exército Brasileiro. Esses protótipos visavam atender à demanda por caminhões modernos com capacidades off-road, integrando o sistema de “Tração Total” da Engesa. Os modelos testados incluíam: Dodge D-700 Militarizado (6x6): Testado a partir do início de 1971, este protótipo apresentava: Carroceria militar com grades de proteção para faróis e para-choques reforçados; Motor a gasolina V8 de 196 cv; Câmbio Clark e caixa de transmissão ZF do Brasil; Sistema de “Tração Total” 6x6; Conjunto de suspensão “Boomerang” da Engesa, uma inovação revolucionária para operações em terrenos irregulares. Dodge D-400 (4x4): Configurado com tração 4x4, projetado para maior mobilidade em operações táticas. Dodge D-700 (4x4, Cabine Aberta): Equipado com cabine aberta, cobertura de lona e para-brisa basculante, possibilitando transporte aéreo em aeronaves da Força Aérea Brasileira, como o Lockheed C-130 Hercules e o De Havilland C-115 Buffalo.
Os protótipos foram submetidos a extensos testes pelo Exército Brasileiro e pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil em 1971. Apesar do desempenho promissor, especialmente do Dodge D-700 6x6 com suspensão “Boomerang”, não houve encomendas desses modelos. A preferência das Forças Armadas Brasileiras por caminhões com motores a diesel, mais econômicos e adequados às operações prolongadas, favoreceu modelos concorrentes, como o Chevrolet D-60 e o Ford F-600D, que foram adquiridos em grande quantidade durante o período. Estes dois modelos com tração integral receberiam pequenos contratos de produção, com as entregas se iniciando a partir de meados do ano de 1972, mas grande parte da frota de caminhões da Chrysler do Brasil a serviço do Exército Brasileiro, seria composta por veículos puramente comerciais sem nenhuma militarização. Estes seriam divididos entre os modelos Dodge D-700, D-750, D-900 e D-950, entregues com diversas configurações de carroceria, como carga seca, baú, oficina, cisterna de água, tanque de combustível, oficina, posto de comando, frigorifico, socorro, basculante e bombeiro.  Os caminhões basculantes Dodge D-950 destacaram-se por sua capacidade superior em comparação com modelos similares, tornando-se peças fundamentais nas operações dos Batalhões de Engenharia de Construção (BEC) do Exército Brasileiro. Essas unidades tinham como missão atuar em obras de cooperação com organismos públicos federais, estaduais e municipais, envolvendo a construção de: Ferrovias; Rodovias; Viadutos; Pontes; Açudes; Portos; Barragens; Poços artesianos. Os Dodge D-950 equiparam diversos batalhões, incluindo: 1º BEC, Caicó, Rio Grande do Norte; 2º BEC, Teresina, Piauí; 3º BEC, Picos, Piauí; 4º BEC, Barreiras, Bahia; 5º BEC, Porto Velho, Rondônia; 6º BEC, Boa Vista, Roraima e 7º BEC, Rio Branco, Acre. A robustez e a versatilidade do Dodge D-950 garantiram sua utilização prolongada nessas unidades, contribuindo significativamente para projetos de infraestrutura em regiões estratégicas do país. Os caminhões Dodge fornecidos pela Chrysler do Brasil permaneceram em operação no Exército Brasileiro até o final da década de 1980. A partir desse período, foram gradualmente substituídos por modelos equivalentes produzidos por outras montadoras, incluindo: Ford F-600 e F-12000; Mercedes-Benz L-1111, L-1113 e L-1114. Os últimos veículos a serem retirados de serviço, no início da década de 1990, foram os caminhões configurados como bombeiros. Muitas dessas unidades foram repassadas a corpos de bombeiros de pequenas cidades do interior do Brasil, estendendo sua vida útil em aplicações civis. O fornecimento dos caminhões Dodge pelo Exército Brasileiro reforçou a posição da Chrysler do Brasil no mercado de veículos comerciais e especializados. A utilização dos D-950 pelos Batalhões de Engenharia de Construção destacou a capacidade da empresa de atender às demandas de operações complexas, contribuindo para o desenvolvimento de infraestrutura nacional. A substituição por modelos de outras fabricantes refletiu a evolução do mercado e a necessidade de renovação tecnológica, mas não diminuiu o legado dos veículos Dodge no contexto militar brasileiro.

Em Escala.
Para a representação do Dodge D-950, foi utilizado um modelo em die-cast na escala 1/43, pertencente à coleção “Caminhões de Outros Tempos” da Editora Altaya, produzido pela Axio. Este modelo foi selecionado por sua fidelidade ao design original do veículo, servindo como base ideal para a customização necessária à versão militar. O modelo base foi submetido a um processo de customização para refletir as características da viatura basculante EB51-1430 do Exército Brasileiro. As modificações incluíram ajustes visuais e funcionais para alinhar a miniatura às especificações militares. O detalhamento da réplica foi aprimorado com a aplicação de decais produzidos pela Eletric Products, pertencentes ao conjunto “Exército Brasileiro 1942-1982”. 
O esquema de cores (FS) descrito abaixo corresponde ao padrão tático militar estabelecido pelo Exército Brasileiro a partir da Segunda Guerra Mundial. Esse padrão foi projetado para garantir camuflagem eficaz em diversos ambientes operacionais, mantendo a uniformidade visual e funcional dos veículos militares. Todos os caminhões Dodge fornecidos pela Chrysler do Brasil para uso militar, incluindo os modelos D-400, D-700, D-750, D-900 e D-950, adotaram esse esquema de pintura durante todo o período de operação, com exceção dos veículos configurados como bombeiros.  Para a aplicação do esquema de pintura tático, foram empregadas tintas e vernizes de alta qualidade produzidos pela Tom Colors.

Bibliografia : 

- Veículos Militares Brasileiros – Roberto Pereira de Andrade e José S Fernandes
- Batalhões de Engenharia de Construção – Exército Brasileiro
- Chrysler do Brasil - http://www.lexicarbrasil.com.br/chrysler
- Manual Técnico – Exército Brasileiro 1976