Volkswagen Kombi Picape Militar

História e Desenvolvimento.
O projeto do utilitário leve com tração 4X2 mais famoso, do mundo nasceria na cidade de  Wolfsburg, na Alemanha, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, os termos do acordo de Postdam rezavam que as indenizações as nações aliadas seriam pagas mediante a reconstrução da economia alemã, garantindo assim recursos para que isto concretizasse de forma sustentável. Grade parte do parque fabril da montadora alemã se encontrava parcialmente destruída após os bombardeios de abril de 1945, e após a rendição estas instalações foram capturadas pelos americanos e posteriormente entregues aos britânicos, em cuja zona de ocupação a cidade e a fábrica foram destinadas. As operações de produção da Volkswagen foram colocadas sob o controle de Hirst, nascido em Saddleworth, então um governador militar civil com as forças de ocupação. Trabalhos de reconstrução das fabricas foram iniciados, e já no ano de 1946 a produção seria parcialmente retomada tendo com único produto o modelo VW Sedan. O processo de reconstrução do país demandaria um grande mercado de veículos utilitários de todos os portes, e a empresa vislumbrou neste cenário uma grande oportunidade de negócios. Curiosamente a ideia ou conceito por traz da icônica “Volkswagen Kombi” ou Kombinationsfahrzeug  ("veículo combinado" em alemão), surgiria como fruto da ideia do importador holandês Ben Pon que rabiscou em sua agenda de trabalhos, esboços se um veículo utilitário do tipo perua baseado sobre o chassi do VW Sedan. Esta ideia seria adotada pela diretoria da montadora de imediato, que partiu para construção de um primeiro protótipo, que basicamente apresentava uma pequena cabine montada sobre o motor na parte traseira e uma plataforma de carga na parte frontal, com óbvias simplificações de produção e redução de custos. Testes de campo identificaram uma série de problemas de resistência e fadiga quando do transporte de cargas, inviabilizando o conceito no qual o veículo fora concebido. Neste ponto a empresa partiu para o desenvolvimento de um novo desenho de chassis que suportasse o peso previsto da carga, a solução passaria pela adoção de uma moderna estrutura monobloco, paralelamente uma equipe de projetos da Faculdade Técnica de Braunschweig se empenhava no estudo do desing do veículo, que apesar de ainda apresentar forma pouco convencional, demonstraria uma aerodinâmica melhor que a dos protótipos iniciais com frente reta. Este processo culminaria e um série de alterações no projeto, resultando na versão final em fins do ano de 1949, com o primeiro carro de produção em série ganhando as ruas na Alemanha em março do ano seguinte.

Durante a década de 1950 as vendas continuariam em franca expansão na Europa com um processo de exportação em franco crescimento também, porém no início da década seguinte com o passar do tempo a Kombi já demonstrava algum sinal de “cansaço” em seu visual. Em 1960, a área de desenvolvimento da Volkswagen na Alemanha iniciou o projeto EA114 (Entwicklungsauftrag Nr 114 – em tradução livre, Ordem de Desenvolvimento nº 114), cujo objetivo era desenvolver uma nova geração para a Kombi. Iniciado, o projeto atingiu rapidamente o estágio de protótipo. Entretanto, a avaliação do presidente-executivo Heinrich “Heinz” Nordhoff, responsável também pelo desenvolvimento da primeira geração da Kombi, era de que o modelo em produção teria ainda algum fôlego pela frente. Diante disso, solicitou nesse mesmo ano que o projeto EA114 fosse suspenso temporariamente, só retornado à pauta no final de 1964 com meta planejada para lançamento em três anos, o que acabou ocorrendo em agosto de 1967, já como modelo 1968. Com o lançamento do novo modelo, conhecido como T2, onde “T” significa Transporter, como a Kombi era também conhecida, e “2” significando a segunda geração, veio também a mudança de nome para as versões topo de linha. Até então conhecidas como Micro Bus para o modelo Standard de passageiros e Micro Bus de Luxe, para o modelo mais luxuoso, passou a ser chamada Clipper para modelo Standard e Clipper L, para o modelo de Luxo. Não havia dúvida que a segunda geração da Kombi era uma evolução do modelo original. Mais atualizado tecnicamente, com um novo motor mais potente de 1.600 cm³, e maior estabilidade, trazia ainda uma aparência mais atraente, proporcionando um melhor espaço interno e mais conforto para o motorista. Poucos meses após o lançamento do modelo Clipper, mais precisamente em 12 de abril de 1968, falecia aos 69 anos Heinz Nordhoff, o principal responsável pelo desenvolvimento das duas primeiras gerações da Kombi, causando grande comoção entre os funcionários da Volkswagen, assim como entre a população de Wolfsburg, que formou grandes filas nas ruas da cidade a fim de acompanhar o cortejo fúnebre. Antes disto o corpo foi velado numa das alas da fábrica, onde recebeu as homenagens das dezenas de milhares de funcionários da Volkswagen, e depois passou por suas ruas internas. O esquife foi transportado por uma Kombi Clipper picape, com teto cortado, de acabamento luxuoso, preparada especialmente para a ocasião, que foi seguida por um cortejo de carros pretos.
Após algum tempo modelo T2 no mercado, a Volkswagen percebeu que seu modelo topo de linha, a Clipper L, posteriormente chamada VW Micro Bus de Luxe novamente, perdeu muito o charme do modelo anterior que possuía pintura em duas cores, com o segundo tom pouco acima da linha de cintura, e fazendo um “V” na dianteira. Possuía também várias janelas laterais e pequenas janelas tipo claraboias no teto, junto a um imenso teto solar de lona de correr. Já no novo modelo o segundo tom de cor restringia-se somente à pintura do teto no limite das calhas, as janelas laterais eram panorâmicas e não possuía mais as pequenas janelas tipo claraboia no teto. O teto solar era menor e de chapa, logo acabava ficando mais difícil distingui-la dos modelos inferiores. Diante disso, em 1971, a Volkswagen modificou a pintura do seu modelo topo de linha, estendendo o segundo tom de cor até um pouco acima da linha de cintura assim como era no modelo T1. Também foram introduzidos freios a disco nas rodas dianteiras. E assim, a nova geração T2 seguiu em evolução. Para 1972, ano que marcou o pico da produção total considerando todos os modelos, foram introduzidas algumas modificações, ficando o destaque para as novas lanternas traseiras, maiores e com a luz de ré integrada. As entradas de ar nas colunas traseiras ficaram maiores em função da adoção, como opcional, de um novo motor de 1.700 cm³, assim como a tampa do motor que também ficou maior.  Em função da adoção de novos pneus radiais, o formato dos arcos das rodas dianteiras foi modificado. Novas calotas e rodas mais largas já haviam sido introduzidas ao longo de 1971, assim como freios a disco nas rodas dianteiras. Em 1973, foram introduzidas modificações visando melhorar a segurança. A Kombi ganhou novos para-choques de perfil reto e novos indicadores de direção dianteiros que subiram da parte frontal inferior para as laterais da tomada de ar dianteira, ficando mais visíveis. O emblema “VW” também foi modificado, tendo o diâmetro reduzido. Foi também disponibilizada a opção de transmissão automática. demanda pela segunda geração da Kombi era tamanha que a fábrica de Hannover foi apoiada pela fábrica de Emden desde dezembro de 1967, ou seja, quatro meses após o início da produção. Durante o seu primeiro ano completo de produção, 1968, 228.290 Kombis T2 foram produzidas na Alemanha, superando por uma margem considerável o melhor ano de produção da primeira geração, a T1.

Em fevereiro de 1968, poucos meses após o lançamento da segunda geração, a produção da Kombi alcançou a marca de 2.000.000 de veículos produzidos, tendo o presidente Heinz Nordhoff participado da cerimônia comemorativa realizada na fábrica da Volkswagen dois meses antes de sua morte. A segunda geração da Kombi alemã foi reconhecidamente um grande sucesso, pois a marca de 3.000.000 de veículos produzidos foi alcançada apenas três anos e meio após a marca anterior, em setembro de 1971, e a marca de 4.000.000 alcançada em julho de 1975. A demanda pela segunda geração da Kombi era tamanha que a fábrica de Hannover foi apoiada pela fábrica de Emden desde dezembro de 1967, ou seja, quatro meses após o início da produção. Durante o seu primeiro ano completo de produção, 1968, 228.290 Kombis T2 foram produzidas na Alemanha, superando por uma margem considerável o melhor ano de produção da primeira geração, a T1. Na Europa (e na maior parte do mundo) a Kombi (conhecida como "Transporter", "Type 2", "Kombi" ou mesmo "Combi") foi produzida em sua forma tradicional até final dos anos 1970, quando deu lugar a um utilitário de tração dianteira e motor refrigerado a água, que chegou a ser importado para o Brasil sob os nomes "Eurovan" e "Transporter". Curiosamente, foi o único modelo derivado do Fusca a evoluir além do motor boxer refrigerado a ar (isso excluindo o VW Gol, que possuía apenas o motor em comum). No Brasil A carroceria se manteve basicamente a mesma do modelo original, sendo que a versão vendida entre 1976 e 1996 era uma amálgama entre as "gerações" 1 e 2 da Kombi alemã, única no mundo (como basicamente toda a linha "a ar" da Volkswagen do Brasil). A versão pós 97 na verdade é praticamente o mesmo modelo produzido na Alemanha entre 1972 e 1979 (T2b, Clipper), com porta lateral corrediça, tampa do porta malas mais larga, redução do número de janelas laterais para três em cada lado, além de teto mais elevado, única alteração verdadeiramente "original" feita nessa ocasião.
Apesar de ser descontinuada na Europa face a evolução da tecnologia no segmento de utilitários leves, o modelo ainda podia atender a contento os cenários mercadológicos de países emergentes, onde o principal diferencial se resumia no custo de aquisição e manutenção. No Brasil um dos principais mercados da Volkswagen Kombi, as vendas se mantinham em curva ascendente durante as décadas de 1980 e 1990, neste período apenas pequenas atualizações de ordem cosmética foram implementas nos veículos produzidos no Brasil. No início do novo século as vendas começaram a apresentar uma grande tendência de declínio apontando a necessidade de adequação do produto aos novos tempos. No ano de 2005 seria implementada a mais drástica mudança na VW Kombi, com a adoção de motorização refrigerada a água de e painel de instrumentos semelhante aos automóveis "de entrada" da marca (Gol e Fox). A mudança de motorização, para se adequar aos novos padrões brasileiros de emissões de gases carbônicos, selou, de forma discreta, o fim do motor boxer refrigerado a ar no Brasil. Embora altamente popular no mercado Brasileiro (ainda registrando uma média de vendas de 60.000 unidades ano), as novas legislações de segurança veicular do pais que a partir de 01 de janeiro de 2014, passariam a incluir a obrigatoriedade da adoção de sistemas de freios e ABS e sistema de air bags, fez com que o modelo tivesse sua produção enfim descontinuada no Brasil.  Ao todo foram entregues mais de 1,5 milhão de unidades em 56 anos  de produção da família Volkswagen Kombi no país.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras 
A longeva trajetória da família da Volkswagen Kombi no Brasil, tem início em 1949 quando as empresas Chrysler norte-americana e a Volkswagen alemã firmaram acordo segundo o qual a primeira autorizava suas concessionárias a comercializarem a marca alemã fora dos EUA. Como consequência, naquele mesmo ano a Companhia Distribuidora Geral Brasmotor que já fazia parte da rede de distribuidores da montadora norte americana, adicionalmente assumiu a representação brasileira da Volkswagen em um momento em que a empresa alemã mal começa a despontar no mercado mundial. Em 1951 os primeiros seis VW Sedan ou “Fuscas” nacionais foram montados na planta de São Bernardo. Visando ampliar o portfólio da montadora alemã, a diretoria da Brasmotor resolveu importar um pequeno lote do utilitário VW Kombi. A rápida aceitação grande aceitação do modelo pelo mercado comercial levou a empresa a decidir pela montagem do veículo no país. Os veículos seriam recebidos desmontados na forma de “kits” no sistema popularmente conhecido como “CKD" (Completely Knocked Down), passando a ser montados manualmente nas instalações da empresa no município de São Bernardo do Campo (SP). . Em 1952 chegava a versão picape. Além de ótima área de carga, tinha um compartimento para volumes menores entre a caçamba e o piso inferior. Para todos os tipos de carroceria, o motor era o mesmo de 1.131 cm3, com potência de 25 cv a 3.300 rpm e taxa de compressão de 5,8:1. Os resultamos comerciais logo despertariam a atenção da matriz da montadora alemã, que vislumbraram o enorme potencial do mercado consumidor brasileiro, este cenário levaria a decisão em se estabelecer uma planta industrial no país. Esta decisão se materializaria a partir de março de 1953, em associação ao grupo brasileiro Monteiro Aranha (com 20% do capital), a Volkswagen inaugurou linha de fabricação própria no país, em um galpão alugado no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP), iniciando a montagem de Kombis e Sedans 1200 com componentes importados e apenas 12 operários. Em cinco anos, 2.820 veículos seriam ali construídos, dos quais 552 Kombis, com 25% de conteúdo nacional em peso (20% em valor). Entre os itens de fornecimento local estavam: baterias, pneus, todos os artigos de borracha, vidros, bancos, revestimento interno, material plástico, escapamento e silencioso, frisos decorativos, calotas e toda a fiação elétrica.

Em 1956, antes mesmo da criação do GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística, a empresa alemã iniciou a construção de um complexo industrial junto à via Anchieta, em São Bernardo do Campo – o primeiro fora da Alemanha, onde seriam instaladas as maiores prensas da América do Sul. De lá sairia, em setembro de 1957, o primeiro Volkswagen de produção nacional, a Kombi de passageiros, já com mais de 50% de nacionalização (motor e câmbio eram ainda importados). Como todos os modelos que viriam nos anos seguintes, possuía motor traseiro refrigerado a ar (com bloco fundido em liga leve, quatro cilindros contrapostos e radiador de óleo) e suspensão por barras de torção nas quatro rodas, independentes na dianteira e com semi-eixos oscilantes na traseira. A caixa era de quatro marchas (1ª não sincronizada), os freios a tambor e a direção mecânica. O aproveitamento de espaço era total: três bancos, com nove lugares, acessíveis pelas três portas (duas à frente e uma dupla na lateral direita). Os bancos podiam ser facilmente retirados (eram fixados por borboletas), abrindo 4,8 m³ de espaço para carga (810 kg, ou 925 kg no furgão), que também podia ser alcançado pela ampla tampa de abertura vertical localizada na traseira. O pneu de reserva foi magistralmente escondido por detrás do encosto do assento dianteiro. O carro dispunha de larga prateleira porta-objetos sob o painel e sistema de circulação de ar quente e frio. Estes produtos rapidamente elevariam a Volkswagen do Brasil  S/A ao posto de líder em vendas no mercado nacional automotivo. Neste mesmo período o Exército Brasileiro dispunha em sua frota, um elevado número de veículos leves de transporte de origem norte americana, que eram fruto dos fornecimentos nos termos do acordo Leand & Lease Act Bill (Lei de Empréstimos e Arrendamentos) durante a Segunda Guerra Mundial. 
Apesar de atender a contento há mais de quinze anos as missões básicas de transporte leve, esta frota sem mostrava envelhecida e apresentava ainda altas taxas de indisponibilidade muito em virtude de problemas na obtenção de peças de reposição importadas, análise preliminares deste cenário indicavam a clara necessidade de substituição de grande parte desta frota de utilitários. Parte da solução para a renovação da frota poderia ser fornecida pela própria indústria automobilística nacional, esta decisão ajudaria a fomentar este segmento bem como possibilitaria a aquisição de um grande número de veículos, devido ao baixo custo de aquisição local. Dentre as montadoras existentes foram selecionados modelos produzidos pelas empresas Willys Overland do Brasil S/A e pela Volkswagen do Brasil S/A. Desta última seriam adquiridos veículos do modelo VW Kombi, com as primeiras entregas ocorrendo em meados do ano de 1961. As primeiras unidades fornecidas da VW Kombi, foram da versão tipo furgão com seis portas, dispostas duas versões: Luxo e Standard para emprego em missões de transporte de pessoal. Este modelo já apresentava a nova caixa de câmbio toda sincronizada e a relação da caixa de redução, melhorando em muito o modal de condução, curiosamente esta versão já atingia um índice de nacionalização atingia 95% de seus componentes. Em operação junto as unidades da ativa como veículos urbanos as VW Kombi receberam a designação de Viatura Administrativa de Transporte – “VTR ADM TNE” com os registros recebendo o prefixo “EB-51”. Na sequência desta aquisição tanto a Marinha quanto a Força Aérea Brasileira passaram a adotar a Kombi nas mesmas versões a partir do ano de 1962. No ano seguinte a Volkswagen do Brasil, introduziu em seu portfólio comercial a versão picape da VW Kombi, este novo modelo estava dotado com novo e mais potente motor boxter VW 1500,  que conseguia desenvolver até 52 cv de potencia á 4.600 rpm. 

Este aumento de potência melhoraria em muito o desempenho do veículo, e logo após chegar as concessionárias as vendas disparariam, como esta nova versão sendo oferecida com a opção de carroceria de madeira ou de aço.  A Volkswagen Kombi picape logo chamaria a atenção das três Forças Armadas Brasileiras, que passaram a encomendar sucessivos lotes para o emprego em suas unidades operacionais espalhadas por todo o país, com principal tarefa de transporte leve de carga. Neste mesmo período o Exército Brasileiro era um dos principais participantes das forças de paz multinacionais das Nações Unidas durante a operação UNEF - SUEZ (United Nations Emergency Force), mantendo um grande contingente de tropas, veículos e equipamentos em proveito dos esforços de manutenção de estado de paz entre israelenses e árabes na região do canal de Suez. Inicialmente as tropas brasileiras baseadas no deserto do Sinai – Egito, faziam usos de diversos tipos veículos de transporte de carga e pessoal, como caminhões ingleses Bedford, brasileiros FNM D-11000 e veículos norte-americanos M3 Scout Car, porém vislumbrou-se a necessidade de utilitários de pequeno porte. Neste contexto o Ministério do Exército optou por fazer uso de uma pequena quantidade de Volkswagen Kombis, na versão picape, que já estavam em uso em suas forças regulares no país. A opção pela adoção deste veículo como solução para o transporte leve de cargas e pessoal nesta missão se deu muito pelo tipo do ambiente operacional, pois além de ter uma reputação confiável e robusta, a VW Kombi se mostraria muito eficiente no cumprimento de suas missões, pois seu  motor do tipo “boxter” com sistema de refrigeração a ar garantia emprego constante em missões de longa duração, não se enquadrando então nas limitações impostas aos veículos leves refrigerados à água, que sempre super aqueciam nas estradas devido ao calor. Estes utilitários então foram adquiridos novos de fábrica, portando como customização uma cobertura de lona da caçamba do tipo militar, receberam o padrão de pintura uniforme em branco portando as marcações padrão de campo das forças de paz da ONU da operação UNEF-SUEZ. Os carros foram transportados em navios da Marinha do Brasil, chegando neste teatro de operações em meados do ano de 1964, ficando a disposição dos efetivos brasileiros do Batalhão Suez até fins de 1967, executando tarefas de transporte de suprimentos entre os postos avançados espalhados pelo deserto.
Em operação junto as unidades da ativa como veículos urbanos as VW Kombi receberam a designação de Viatura Administrativa de Transporte – “VTR ADM TNE” com os registros recebendo o prefixo “EB-51”. Na sequência desta aquisição tanto a Marinha quanto a Força Aérea Brasileira passaram a adotar a Kombi nas mesmas versões a partir de 1962. Durante anos estes veículos se mantiveram em plena atividade com mais aquisições periódicas, a partir de 1975 Kombi ganhou uma ganhava nova frente e tornava-se quase idêntico à alemã modelo Clipper, com amplo para-brisa sem divisões e novamente mais unidades da versão picape seriam compradas pelas três forças armadas. Em 1978 a Volkswagen Kombi recebia novos reforços estruturais e, transmissão e juntas homocinéticas passando a ser equipado com um novo motor VW 1.6 desenvolvendo potência de 50 cv. Ao longo da década de 1990 o projeto já apresentava a obsolescência perante os novos veículos utilitários produzidos no Brasil, porém sua excelente relação de custo benefício sustentaria novas aquisições pelas três forças armadas nos próximos anos. Acredita-se que as ultimas unidades em serviço no Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e na Força Aérea Brasileira devem se manter em operação até meados da década de 2020

Em Escala.
Para representarmos a Volkswagen Kombi picape modelo 1963, em serviço junto ao "Batalhão Suez", fizemos uso de um modelo em Die Cast na escala 1/32 produzido pela RMZ City.  Como a miniatura original representa a versão furgão,  foi necessário realizar a conversão em scratch para o modelo picape, procedendo o corte da cabine, construção do piso da caçamba, laterais e armação do suporte da lona. Detalhamento final da carga foi feito com utensílios e equipamentos em resina, Eletric Products, o mesmo fabricante dos decais  na escala 1/35 do set “Suez - 1957 / 1967".
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão de pintura empregado em todos os veículos participantes da  multinacional da ONU "UNEF-SUEZ", com as Volkswagen Kombi do Exército Brasileiro portando este esquema até seu retorno ao Brasil em 1967. Já os veículos em uso no país seguiram o padrão de camuflagem verde oliva até os dias atuais. Já os carros em uso pela Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira adotaram padrões diferentes de pintura e marcações. 

Bibliografia : 
- Volkswagen Type 2 Wikipedia https://en.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Type_2
- Volkswagen do Brasil – www.volkswagen.com.br
- Kombi Cliper Brasileira: T2 OU T1,5? - www.autoentusiastas.com.br/2016/09/kombi-clipper-brasileira-t15-parte-1/
Batalhão Suez - http://www.batalhaosuez.com.br/

Submarinos Classe Balao no Brasil

História e Desenvolvimento.
Em meados da década de 1930, o intensificar das tensões na Europa e na Ásia, já denunciavam claramente o que estava por vir, levando assim o governo norte americano a antecipar estudos visando a implementação de vários programas de modernização de suas forças armadas. No tocante aos meios navais, esta seria uma das maiores preocupações tendo em vista principalmente as ambições expansionistas da armada imperial japonesa. Neste aspecto a arma submarina passaria a ganhar cada vez mais importância na composição da frota naval norte americana. Assim seria criado o conceito projeto de “Submarino de Frota”, que teria por lógica a capacidade de operar em conjunto com as frotas principais de batalha, suas principais missões envolviam a exploração á frente do grupo de combate visando identificar e relatar a composição, velocidade e curso da frota inimiga e então atacar e reduzir a ameaça inimiga em preparação para a ação principal da frota. Para operar efetivamente nesta função, um submarino deveria apresentar a combinação de alta velocidade de superfície, longo alcance e armamento pesado, no entanto as limitações no design e construção de submarinos nas décadas de 1920 e 1930 impediam este equilíbrio de qualidades. Estudos seriam iniciados visando atender a esta demanda, resultando na primeira classe de submarino denominada Tambor, infelizmente o timing conspiraria contra o emprego real desses barcos em seu papel designado, pois o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, destruiria a linha de batalha da Frota do Pacífico e junto com ela o conceito de batalha de armas liderada por navios de guerra de superfície. Isto resultaria temporariamente na perda da principal missão do conceito de “Submarino de Frota”, felizmente este cenário abriria caminho para o emprego posterior contra a forte mercante japonesa, atuando decisivamente no processo de estrangulação da máquina de guerra daquela país. Grande parte da frota de navios deste tipo seria formada por submarinos da classe Gato que começaram a ser produzidos a partir de meados de 1941.

O projeto e design da classe Gato eram quase idênticos aos aplicados nos submarinos Tambor, com as diferenças significantes se resumindo em um aumento de 5 metros no comprimento do casco para permitir a adição de um anteparo à luz d'água dividindo a única sala de máquinas em duas partes, com dois geradores a diesel em cada sala, e ampliação na profundidade de mergulho de 76 metros para 91 metros. Os navios desta classe juntamente com quase todos os submarinos do tipo frota da Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, apresentavam construção parcial de casco duplo. Apesar de serem mais lentos no processo de mergulho quando comparado aos submersíveis alemães e britânicos (devido ao seu porte maior) os navios da classe Gato, possuíam maior autonomia podemos desempenhar missões de longo alcance. As qualidades deste modelo de submersível levariam ao comando da marinha a analisar uma linha evolutiva do projeto, visando assim aumentar a performance em combate. Sob a tutela dois dos principais projetistas de submarinos da marinha, o Capitão Andrew McKee e o Comandante Armand Morgan, este processo culminaria na criação de uma nova classe de submarinos com maior capacidade de mergulho. O emprego na construção do casco envolvendo uma nova liga de aço de alta tração (HTS), combinada com um aumento na espessura do casco de 9⁄16 polegadas (14,3 mm) para 7⁄8 polegadas (22,2 mm), resultaria em uma profundidade de teste de 140 m e uma profundidade de colapso de 270 m. No entanto, a capacidade limitada da bomba de corte em profundidades, e a falta de tempo para projetar uma nova bomba, fez com que o s-almirante E. L. Cochrane, chefe do “Bureau of Ships”, limitasse a profundidade dos testes a 120 m. Felizmente, em 1944 uma bomba centrífuga do modelo “Gould” redesenhada substituiu a bomba de guerra no início da guerra, e a profundidade de mergulho eficaz foi aumentada. Avaliações preliminares foram extremamente promissoras, resultando nos primeiros contratos de produção em fins do ano de 1942, com os primeiros submarinos desta classe agora designada como “Balao” sendo comissionados para uso operacional no início do ano seguinte.
Os navios desta classe incorporariam mudanças demandadas pela recente experiência em combate, como redução das dimensões de vela, torre de comando e introdução de tesouras do tipo periscópio que estavam sendo adaptados aos submarinos Gato que já se encontravam em serviço, melhorando assim sensivelmente a aerodinâmica destes submersíveis. Em termos de propulsão esta nova classe apresentava configuração semelhante aos seus antecessores, dispondo de quatro motores a diesel V10 ou V16 (Fairbanks-Morse ou General Motors) que alimentavam geradores elétricos, e motores elétricos produzidos pela General Eletric dirigiam os eixos. Em termos de armamento podiam ser equipados com até 24 torpedos MK14, MK15 disparados por dez tubos de torpedos de 21 pol. (533 mm), sendo quatro na popa e seis na proa. No entanto muitos alvos Guerra do Pacífico  eram embarcações de pequeno porte e não valiam um torpedo, então dispor de uma arma secundária no convés era fundamental. Os primeiros navios comissionados estavam equipados com um canhão MK.9 de calibre de 4 polegadas (102 mm), sendo posteriormente rearmados com canhões MK.17 de calibre de 5 polegadas (127 mm), semelhantes a armas de artilharia montadas em torres duplas que equipavam destroieres e cruzadores de batalha, porém construídos com materiais resistentes à corrosão. Curiosamente os sistemas de carregamento e de mira destas armas eram dispostos em kits, sendo removidos do passadiço quando em missões de deslocamento, sendo somente acoplados a arma minutos antes do uso real em combate. Já para autodefesa contra aeronaves, os navios da classe Balao contavam com canhão antiaéreo Bofors de 40mm e dois reparos de metralhadoras gêmeas Oerlikon de 20 mm.

Os submarinos classe Balao começaram a entrar em serviço em meados de 1943 no teatro de operações do Pacifico, sendo fundamentais no processo de destruição da frota mercante japonesa e possuindo grande participação no desgaste da frota militar da Marinha Imperial Japonesa, sendo creditados a estes um grande número de afundamentos de navios de guerra do inimigo. Cabe ainda a esta classe de submersíveis deter o título de ser responsável pelo afundamento do maior navio de guerra na história militar, quando em 29 de novembro 1944 o “USS Archerfish - SS-311” perseguiu e afundou após 4 disparos de torpedo MK14 o porta-aviões japonês Shinano de 59.000 toneladas. Um total de 108 submarinos seriam comissionados durante o conflito, entre estes o “USS Tang SS-306” seria o recordista em afundamentos desta classe de submersíveis, durante o conflito com 33 navios destruídos totalizando 116.454 toneladas. Até o final da campanha do Pacifico nove embarcações destas seriam perdidas em combate, totalizando apenas 17% das perdas de submarinos norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar do cancelamento em 1945 da produção contratada de 62 navios desta classe, doze Balao seriam ainda comissionados até setembro de 1948, com mais dois navios o “USS Turbot SS-427” e “USS Ulua SS-428” entregues incompletos a fim de serem empregados como cascos de teste para coleta de dados de pesquisa sobre novas armas e design de submarinos, se mantendo nesta função até fins da década de 1950. Além de permanecerem em serviço como arma de primeira linha, a Marinha Americana (US Navy) interessada em manter um grande contingente de reservistas treinados para emprego imediato, designou pelo menos 20 submarinos da classe Balao de 1946 a 1971 para vários portos costeiros e interiores, para servirem como plataformas de treinamento durante os treinos de fim de semana dos reservistas.
No início do ano de 1946 a Marinha Americana (US Navy) iniciou o Programa de Propulsão Subaquática (Greater Underwater Propulsion Power – GUPPY), com o objetivo melhorar a velocidade submersa, a manobrabilidade e a resistência de seus submarinos. Inicialmente a ideia era o desenvolvimento de uma nova classe de submarinos, mas a diretoria do “Bureau of Ships” acreditava que a frota de submarinos existentes da classe Gato, Balao e Tench poderia ser modificada para incorporar as melhorias desejadas. Em junho do mesmo ano, o Chefe de Operações Navais aprovou o projeto GUPPY, com os trabalhos sendo iniciados pelo Estaleiro Naval de Portsmouth. Um total de 55 navios da classe Balao seriam submetidos a este programa, com alguns continuando no serviço na marinha norte americana até o início da década de 1970. Entre o final da Segunda Guerra Mundial e o início da década de 1970, um total de 46 navios desta classe seriam transferidos ou arrendados a marinhas estrangeiras, estes incluíam 17 submarinos para a Turquia, 2 para a Grécia, 3 para a Itália, 2 para a Holanda, 5 para a Espanha, 2 para a Venezuela, 4 para a Argentina, 2 para o Brasil, 2 para o Chile, 2 para o Peru, 1 para o Canadá e 1 para Taiwan.

Emprego na Marinha do Brasil.
No início do século XX, o Brasil, ansioso por finalmente tomar parte no grupo das ditas nações modernas, empreende uma série de transformações para fortalecer sua economia e, com ela, assumir um papel de maior destaque no mundo. Neste contexto a modernização e fortalecimento de suas forças armadas teria papel importante neste movimento, e a decisão de se dotar a Marinha do Brasil com submarinos se daria neste cenario ideológico de projeção de poder. Porém, apenas em 1914 o Brasil entraria no grupo dos países capazes de operar a nova tecnologia, com a chegada dos primeiros submersíveis encomendadas ao estaleiro Fiat – San Giorgio, em La Spezia, Itália. Estes navios foram designados como Classe “F” e eram submersíveis costeiros, de defesa do porto, com 370 toneladas, movidos a propulsão diesel-elétrica, munidos com dois tubos de torpedos. Para a operação desta nova arma seria criada em 17 de julho de 1914 a Flotilha de Submersíveis, comandada por Filinto Perry, subordinada ao Comando da Defesa Móvel e sediada na Ilha de Mocanguê Grande, em Niterói. Em 1928 a flotilha seria reforçada com o recebimento de um submarino mineiro de grande porte denominado Submarino-de-Esquadra “Humaytá”. Os pioneiros submarinos classe “F” seriam desativados em 1933, sendo substituídos somente em 1937 através da incorporação dos submarinos italianos da classe “Perla”, esta classe ficaria conhecida como “T”, em razão dos nomes de suas embarcações: “Tupy”, “Tymbira” e “Tamoyo”. A Segunda Guerra Mundial no teatro de operações do Atlantico Sul se destacou pelo emprego massivo de submarinos do EIXO e, com ele, de táticas antissubmarino para combate por parte dos aliados, neste contexto os submarinos da classe “T” participaram intensamente do adestramento de escoltas a comboios e de tática antissubmarino para unidades de superfície e aeronaves, trabalhando em conjunto com as equipes adestradas pelo EITAS e pelo CITAS. Apesar de não haver embates com navios inimigos, os submarinos brasileiros cumpriram a contento sua missão de patrulha e proteção das rotas navais do país durante este conflito.

Após o conflito a Flotilha de Submersíveis, se manteve operacional, a duras penas já que contava somente com os três veteranos submersíveis classe “T” e o único submarino classe Balila, Submarino-de-Esquadra “Humaytá”. navios estes que já estavam obsoletos há muitos anos, não só em questões de desempenho, mas também em eletrônica e sensores embarcados destinados a missões de ataque. Em 18 de janeiro de 1957 seriam recebidos dois modernos submarinos da Classe Gato, o S15 Riachuelo (ex-USS Paddle - SS 263) e S14 Humaitá (ex-USS Muskallunge - SS 262). Estas incorporações trariam novo alento a Flotilha de Submersíveis, pois estes novos submarinos estavam equipados com o sistemaTDC - Target Data Computer (Computador de Dados do Alvo - Eletro-mecânico) Mk 3 mod.5 e o relativamente moderno sonar passivo JP 1. E sua introdução representava um importante salto tecnológico, quando comparado a seus antecessores italianos da classe “T”, que enfim seriam retirados do serviço ativo em 26 de agosto de 1959, encerrando assim uma carreira de 26 anos de bons serviços prestados a Marinha do Brasil. A década de 1960 chegou trazendo importantes avanços. Em 1963, a Flotilha de Submarinos passou a se chamar Força de Submarinos; foi criada a Escola de Submarinos como organização militar autônoma na estrutura do Ministério da Marinha. Apesar destes importantes passos, haviam somente dois submarinos em atividade, se fazendo necessário o esforço por parte do Ministério da Marinha em ampliar sua frota de navios deste tipo. Neste contexto negociações foram conduzidas a partir de meados de 1962, junto ao Departamento de Estado do Governo Norte Americano, visando fazer uso dos termos do Programa de Assistência Militar Brasil – Estados Unidos para a aquisição de pelo menos dois novos submarinos usados do tipo “Fleet-Type”.
Estas negociações culminaram na transferência de duas unidades de submersíveis da classe “Balao”, o primeiro receberia a designação de Submarino Rio Grande do Sul - S 11, ex-USS Sand Lance - SS 381, foi o terceiro navio e o primeiro submarino, a ostentar esse nome em homenagem ao Estado do Rio Grande do Sul, na Marinha do Brasil. Foi construído pelo Portsmouth Navy Yard, em Kittery, Maine, e teve sua incorporação a Marinha Americana (US Navy) em 9 de outubro de 1943 sendo destinado a operar no teatro de operações do Pacifico onde teve ampla atuação no esforço de guerra aliado operando até final do conflito. A partir de  14 de fevereiro, foi descomissionado no San Francisco Naval Shipyard, em Hunters Point e colocado na Reserva da Esquadra do Pacifico, onde permaneceu até ser designado para ser emprestado a Marinha do Brasil, sob os termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program). O S11 foi incorporado a Marinha do Brasil na Base de Submarinos de Pearl Harbor, Havaí, em 7 de setembro de 1963, pelo Aviso 1644 de 12/08/1963 MM e OD 0047 de 07/09/1963 do EMA (Bol. 36/63/3965 MM), em cerimônia conjunta com o submarino Bahia - S 12. Em 23 de outubro, após adestramento da tripulação, partiu de Pearl Harbor em companhia do S Bahia - S 12, com destino ao Brasil. Fez escalas em San Diego (Califórnia), Acapulco (México), Balboa (Panamá), La Guaira (Venezuela), Trinidad e Tobago e Belém-PA em 4 de dezembro, Fortaleza - CE, e Salvador - BA. Em 22 de dezembro, chegou ao Rio de Janeiro, atracando no caís da Base Almirante Castro e Silva (BACS). Em maio, foi removido o canhão de 5 polegadas, pela extinta Fabrica de Munições da Marinha (FM), no AMRJ. Os canhões do Rio Grande do Sul, assim como do Bahia, são oportunos dizer, haviam sido recolocados durante o recebimento, a fim de permitir a aquisição de maior cota de munição para os Cruzadores Barroso e Tamandaré, através do MAP.

Já o Bahia - S 12, ex-USS Plaice - SS 390, foi o quarto navio e o primeiro submarino, a ostentar esse nome em homenagem ao Estado da Bahia, na Marinha do Brasil. Foi construído pelo Portsmouth Naval Shipyard, em Kittery, Maine, sendo transferido para MB sob os termos do Programa de Assistência Militar, e incorporado a MB na Base de Submarinos de Pearl Harbor, Havaí, em 7 de setembro de 1963, pelo Aviso 1643 de 12/08/1963 MM e OD 0047 de 07/09/1963 do EMA (Bol. 36/63/3965 MM). Foi construído pelo Portsmouth Navy Yard, em Kittery, Maine, com sua incorporação a Marinha Americana (US Navy) tendo ocorrido em 12 de fevereiro de 1944, sendo destinado a operar no teatro de operações do Pacifico, onde serviu até o final do conflito. Em 1º de novembro, foi descomissionado e colocado na reserva da Esquadra do Pacifico no Arsenal de Marinha de Mare Islanda, em Vallejo, Califórnia, permanecendo neste status até o dia 18 de maio de 1963, quando foi recomissionado, já que havia sido selecionado para ser emprestado a Marinha do Brasil, sob os termos do Programa de Assistência Militar (MAP - Military Assistance Program). Depois de ser recondicionado, passou a realizar o treinamento da tripulação brasileira. Em 22 de dezembro, chegou ao Rio de Janeiro, atracando no caís da Base Almirante Castro e Silva (BACS). Em operação estes dois novos submarinos agora designados oficialmente como “Classe Rio Grande do Sul” ampliaram a capacidade de dissuasão da Força de Submarinos, pois estes novos navios apresentavam uma evolução na capacidade de detecção do sonar. Isso significava um potencial de discrição consideravelmente maior, pois tornava possível o ataque mergulhado abaixo da cota periscópica, sob orientação apenas de sonar (ataque sonar). Os outros submarinos da classe Gato só podiam atacar na cota periscópica.
Visando melhorar seu desempenho estes dois submarinos foram submetidos no Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro - AMRJ a modernizações, com o S12 Bahia sendo o primeiro a ter sua superestrutura modificada, em 1966, com a substituição do "cigarette deck" pela vela hidrodinâmica metálica e pela elevação do valvulão, o que impedia alagamentos na navegação de superfície. Curiosamente esta foi a primeira vez que uma reforma desta monta em submarinos do tipo “Fleet Type” foi realizada fora dos Estados Unidos. Em 1968 o submarino S11 Rio Grande do Sul seria submetido ao mesmo processo, estes dois navios emergiram deste processo apresentando um desing muito ficando semelhante aos submarinos da mesma classe modificados para o padrão GUPPY na Marinha Americana (U.S. Navy). Durante os anos seguintes os submarinos da classe "Rio Grande do Sul" prestaram excelentes serviços a Marinha do Brasil. A aquisição de mais submarinos da Classe GUPPY II/III, a partir de 1972 permitiu a Força de Submarinos a estudar a desativação de seus navios mais antigos, com o S11 Rio Grande do Sul dando baixa em 2 de maio do serviço ativo, sendo submetido a Mostra de Desarmamento pelo Aviso 0427 de 02/05. Em quase nove anos de serviço na MB, atingiu as marcas de 110.870 milhas navegadas, das quais 7.524 em imersão, 686,5 dias de mar, 2.433 horas de imersão lançando 20 torpedos. Já o S12 Bahia recebeu baixa em 27 de março de 1973. Em quase dez anos de serviço, atingiu as marcas de 140.503 milhas navegadas, das quais 11.118 em imersão, 836 dias de mar, 2.863 horas de imersão, lançando 32 torpedos.

Em Escala.
Para representar o submarino Classe Balao - Bahia  S12, (ex-USS Plaice - SS 390), fizemos uso do antigo kit da Revell na escala 1/180, sendo esta a única opção existente para a classe Balao. Optamos por representar o navio quando do seu recebimento, portando inclusive  o canhão de 5 polegadas. Para sermos mais fiéis a representação do S12 Bahia, procedemos pequenas alterações em termos de antenas e sensores. Empregamos decais confeccionados sob encomenda pela Duarte Models, fizemos uso de tintas produzidas pela Tom Colors.
O esquema de cores (FS) descrito abaixo representa o padrão aplicado aos dois submarinos da classe Balao “Classe Rio Grande do Sul”  recebidos em 1963. Durante a primeira fase de sua carreira mantiveram este padrão, somente após o processo modernização da vela seriam aplicadas alterações na sistemática de identificação de casco, mantendo este esquema até sua desativação no ano de 1972.


Bibliografia : 
- Submarinos Classe Balao Wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Balao-class_submarine
- Submarinos Classe Gato Wikipedia – https://en.wikipedia.org/wiki/Gato-class_submarine
- Cem anos da Força de Submarinos – Marinha do Brasil
- Navios de Guerra Brasileiros – Poder Naval https://www.naval.com.br 
- Marinha do Brasil - https://www.marinha.mil.br/ 

Chevrolet Brasil 6400 e 6500

História e Desenvolvimento.
A General Motors Corporation (GM) é uma das maiores e mais influentes fabricantes de veículos do mundo, com uma trajetória marcada por expansões estratégicas, inovações e diversificação. A companhia foi fundada em 16 de setembro de 1908 por William C. Durant, um bem-sucedido fabricante de carruagens, na cidade de Flint, Michigan, Estados Unidos. A visão de William C. Durant era criar uma holding que reunisse diversas marcas automotivas sob uma única estrutura corporativa, promovendo sinergias e ampliando a competitividade no mercado. Logo após sua fundação, a GM iniciou uma série de aquisições estratégicas para fortalecer seu portfólio: Buick Motor Company: Incorporada em 1908, a Buick, fundada pelo escocês David Dunbar Buick, já era uma marca estabelecida, tendo produzido seu primeiro automóvel em 1903. William C. Durant, que havia sido presidente da empresa, trouxe-a como a primeira marca da GM. Oldsmobile Motor Vehicle Company: Em 12 de novembro de 1908, a Oldsmobile, fundada em 1897, tornou-se a segunda marca a integrar a GM, consolidando sua posição no mercado automotivo americano. Oakland Motor Car Company: Adquirida nos anos seguintes, a Oakland evoluiu posteriormente para a marca Pontiac. Cadillac Automobile Company: Comprada em 1909 por US$ 5,5 milhões, a Cadillac, fundada em 1902, adicionou um segmento de luxo ao portfólio da General Motors. Essas aquisições estabeleceram as bases para a diversificação de produtos e a expansão da GM no mercado automotivo. Em 3 de novembro de 1911, William Durant, após divergências com os acionistas que o levaram a deixar a GM, fundou a Chevrolet Motor Company of Michigan, em parceria com o piloto e mecânico suíço Louis Chevrolet. A Chevrolet rapidamente ganhou relevância e, em 1918, foi adquirida pela própria GM, tornando-se uma das marcas mais emblemáticas da empresa. Ainda em 1911, a General Motors Corporation (GM) criou a marca GMC, derivada da aquisição da Rapid Motor Vehicle Company. A GMC focou na produção de caminhonetes e caminhões leves, um segmento que atraiu investimentos significativos e se tornaria um pilar estratégico para a empresa. Nos anos seguintes, a GM buscou oportunidades de crescimento além do mercado automotivo. Em 1918, a empresa deu seus primeiros passos na expansão internacional com o estabelecimento de uma operação comercial no Canadá, marcando o início de sua presença global. Esse movimento abriu caminho para a conquista de mercados em todos os continentes. Em 1919, a GM diversificou suas atividades ao incorporar a Frigidaire Company, uma fabricante de refrigeradores. Essa aquisição representou a primeira incursão da empresa em um setor não automotivo, refletindo seu interesse em explorar novos mercados e consolidar sua expansão internacional.

A diretoria comercial da General Motors Corporation (GM) , guiada por uma visão estratégica, identificou o potencial para uma presença global significativa. Essa abordagem resultou em uma série de iniciativas de expansão: 1923: Inauguração da primeira fábrica na Europa, localizada em Copenhague, Dinamarca, marcando a entrada da montadora no continente. 1925: Início de operações orgânicas na Argentina, França e Alemanha, além da aquisição da montadora britânica Vauxhall Motors, fortalecendo a presença da GM no mercado europeu. 1926: Estabelecimento de operações na Austrália, Japão e África do Sul, ampliando a alcance global da empresa. 1928: Entrada no mercado indiano, um passo ousado em um território ainda pouco explorado pela indústria automotiva. 1929: Aquisição da fabricante alemã Opel, consolidando a posição da GM na Europa. No mesmo período, a GM incorporou a Yellow Coach Company nos Estados Unidos, uma fabricante de ônibus escolares amarelos, diversificando seu portfólio no mercado doméstico. Essas iniciativas culminaram na ascensão da corporação como o maior fabricante de veículos do mundo em 1931. A GM voltou sua atenção para o promissor mercado latino-americano, estabelecendo a General Motors do Brasil em 26 de janeiro de 1925. Inicialmente, a empresa operou em instalações alugadas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde lançou seu primeiro produto no mercado brasileiro: um furgão utilitário leve. O furgão foi produzido utilizando o sistema Completely Knocked Down (CKD), no qual kits importados – compostos por chassis, motores, transmissões e outros componentes – eram montados localmente. As características do processo incluíam: Baixa agregação de componentes nacionais: Apenas algumas partes não metálicas da carroceria eram produzidas localmente. Flexibilidade de entrega: Os veículos eram fornecidos completos ou como conjuntos de chassis nu com capô, permitindo encarroçamento personalizado por terceiros. Esse modelo de produção permitiu à General Motors Corporation (GM) estabelecer uma presença inicial no Brasil, adaptando-se às condições do mercado local. Desde o início de suas operações no Brasil, a GM identificou oportunidades no setor militar, fornecendo caminhões leves para o Exército Brasileiro. Esses veículos, baseados em chassis e plataformas de modelos comerciais do portfólio da empresa, eram configurados com carrocerias militares padronizadas. O processo de adaptação incluía: Customização artesanal: As carrocerias eram fabricadas nas oficinas de carpintaria do Exército, conforme padrões estabelecidos pelo Serviço Central de Transportes (SCT). Atendimento a requisitos militares: Os veículos foram configurados para atender às necessidades operacionais da Força Terrestre, garantindo robustez e funcionalidade. Essa colaboração inicial com o Exército Brasileiro marcou o começo de uma longa relação da GM com o setor de defesa no país.
Nos primeiros anos de operação, a GM Brasil utilizou modelos como os Chevrolet 1926 e 1928, além de ambulâncias e veículos de bombeiros, para atender à demanda inicial do mercado. O aumento das vendas incentivou a empresa a investir em uma moderna planta fabril em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. Concluída em outubro de 1929, a fábrica foi projetada para ampliar a capacidade de produção e fortalecer a presença da GM no Brasil. A inauguração da fábrica coincidiu com a Crise de 1929, desencadeada pela quebra das bolsas de Nova York e Chicago, um evento que abalou a economia global. No Brasil, a instabilidade foi agravada pela Revolução Constitucionalista de 1932, criando um cenário de incertezas. Em resposta, a diretoria da GM Brasil, com aprovação da matriz nos Estados Unidos, decidiu suspender temporariamente as operações da fábrica. No entanto, a produção não foi completamente interrompida. O governo paulista adquiriu o estoque inteiro de veículos da GM Brasil e solicitou a retomada das atividades para apoiar a retaguarda civil da mobilização militar. Durante o conflito, a empresa focou em: Manutenção e reparo: Recuperação de veículos danificados . Adaptação de veículos civis: Conversão para uso militar. Outros serviços de suporte: Atendimento às necessidades logísticas do esforço revolucionário. Após o término da Revolução Constitucionalista, a GM Brasil entrou em um novo ciclo de crescimento, impulsionado pela recuperação econômica e pela demanda no mercado sul-americano. Em 1940, cerca de 75% dos furgões e caminhões vendidos pela empresa no Brasil já contavam com carrocerias fabricadas localmente, alcançando quase 90% de nacionalização de componentes básicos. Entre os modelos produzidos nacionalmente, destacavam-se: GMC Flatbed Truck , Chevrolet 112 Comercial 937, Chevrolet 13 Tigre 937 e Chevrolet 157 Gigante 937.  Essa alta taxa de nacionalização refletiu o compromisso da GM Brasil com a integração à economia local, reduzindo a dependência de importações e fortalecendo a indústria automotiva nacional. O sucesso da produção local foi interrompido pelo aumento das tensões geopolíticas na década de 1940, impulsionadas pela Segunda Guerra Mundial e pela expansão do Império do Japão no sudeste asiático. A General Motors Corporation redirecionou suas prioridades globais para o esforço de guerra, e a subsidiária brasileira foi designada para produzir equipamentos militares essenciais, incluindo: reboques de duas rodas, unidades de cozinha de campanha e recipientes para transporte de gasolina e outros materiais. Essa reorientação demonstrou a capacidade da GM Brasil de adaptar-se rapidamente às demandas estratégicas globais, contribuindo para o suporte logístico das forças aliadas.

A década de 1950 marcou um período de transformação para a General Motors do Brasil (GM Brasil), impulsionado por políticas governamentais que incentivaram a nacionalização da indústria automotiva. Neste período, a GM Brasil expandiu sua oferta no mercado nacional com modelos de caminhões leves, como o Opel Blitz II Comercial. Esses veículos atendiam à crescente demanda por soluções de transporte, mas dependiam significativamente de componentes importados, o que limitava a integração com a economia local. Em 1953, o governo federal brasileiro implementou medidas para promover a indústria automotiva nacional, incluindo: Limitação de importações: Restrição percentual na importação de componentes automotivos, permitindo apenas a aquisição de peças sem equivalentes produzidos localmente - Proibição de veículos montados: Veto à importação de veículos a motor já finalizados, incentivando a produção doméstica. Em 1956, foi criado o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), um programa federal que oferecia incentivos significativos, como benefícios fiscais e financeiros, para o estabelecimento de uma indústria automotiva nacional. Nesse mesmo ano, a GM Brasil teve seu plano de fabricação de caminhões com alto índice de nacionalização aprovado pelo GEIA, alinhando-se às metas do governo. O plano aprovado pela GEIA envolveu o desenvolvimento de uma nova linha de veículos de transporte e utilitários, composta por três modelos distintos: Caminhão  médio, Furgão comercial e Picape. O objetivo era alcançar o maior índice de nacionalização já registrado no mercado automotivo brasileiro, utilizando componentes produzidos localmente e matéria-prima nacional sempre que possível. Em março de 1958, a GM Brasil lançou o Chevrolet 6500 Brasil, um caminhão médio que se tornou um marco na indústria automotiva nacional. Este veículo foi projetado com características únicas, incluindo: Design exclusivo: A cabine, desenvolvida especificamente para o mercado brasileiro, combinava elementos da série norte-americana Advanced Design (1954–1955) com a estética frontal da família Task Force (1955–1959) . Especificações técnicas: Motor Chevrolet Jobmaster 261, seis cilindros, 4,3 litros, de segunda geração - Câmbio manual de quatro marchas (primeira marcha seca) - Opções de eixos traseiros de duas velocidades. Estaria disponível nas versões: Curta (C-6403): 3.970 mm de distância entre eixos e Longa (C-6505): 4.440 mm de distância entre eixos. O Chevrolet 6500 Brasil alcançou um índice de nacionalização de 22% em componentes manufaturados diretamente pela GM Brasil, incluindo: Cabine, Painel dianteiro, Grade do radiador, Capô, Para-lamas, Molas, Vidros e Banco.  Os demais componentes foram fornecidos por parceiros terceirizados, utilizando matéria-prima nacional, o que reforçou a integração com a cadeia produtiva local.
O Chevrolet 6500 Brasil, lançado em 1958, marcou um marco significativo na história da General Motors do Brasil (GM Brasil), representando o compromisso com a nacionalização e a adaptação às demandas do mercado brasileiro. O nome "Brasil" foi adotado em referência ao mapa do país estampado no símbolo da Chevrolet na parte frontal do Chevrolet 6500, simbolizando sua identidade como um veículo genuinamente brasileiro. Diferentemente dos modelos anteriores montados no sistema Completely Knocked Down (CKD), o Chevrolet 6500 foi projetado e produzido com alto índice de componentes nacionais, refletindo a integração da GM Brasil com a indústria local. O Chevrolet 6500 Brasil alcançou grande sucesso no mercado, sendo amplamente utilizado para o transporte de diversos produtos. Suas versões incluíam configurações para carga seca e basculantes, atendendo a uma ampla gama de necessidades. O modelo tornou-se especialmente popular entre feirantes e empresas de serviços de frete, devido à sua robustez, versatilidade e confiabilidade. O ano de 1958 foi marcado por dois eventos significativos para a GM Brasil: Lançamento da Picape Chevrolet Brasil 3100: Complementando a linha de veículos nacionais, a picape foi projetada para atender às demandas do mercado de utilitários, reforçando a presença da GM no segmento. Introdução do Motor Chevrolet Brasil 261: Fabricado em São José dos Campos, São Paulo, o motor de 6 cilindros em linha, com 4.278 cc, virabrequim apoiado em quatro mancais e potência de 142 cv, foi um marco na nacionalização de componentes essenciais, garantindo desempenho e durabilidade. Entre 1958 e 1964, a GM Brasil implementou melhorias contínuas na linha Chevrolet Brasil, aumentando o índice de nacionalização e aprimorando o desempenho dos veículos. As principais atualizações incluíram: 1960: Substituição do câmbio norte-americano por um câmbio Clark nacional - Introdução do diferencial Timken nacional, reforçando a produção local de componentes críticos. 1962–1964: Substituição do carburador importado Rochester "barriquinha" pelo carburador nacional DFV 226 - Reforço do chassis para maior durabilidade - Redesign da frente com quatro faróis - Novo teto avançado sobre o para-brisa.- Vigia dupla na traseira da cabine - Tanque de gasolina externo - Novas fechaduras, limpadores de para-brisa (reposicionados à direita) e quebra-sóis - Oferta opcional de câmbio Fuller de cinco marchas seco, com tomada de força para equipamentos e reduzida a vácuo. Essas modificações melhoraram a funcionalidade, o conforto e a competitividade dos veículos, alinhando-os às expectativas do mercado. Apesar das melhorias, a concorrência no mercado automotivo brasileiro intensificou-se com o lançamento de modelos mais modernos por outras montadoras. A necessidade de uma nova família de caminhões tornou-se evidente, levando à decisão de encerrar a produção do Chevrolet 6500 Brasil e da linha associada em 1964. Esses modelos foram substituídos pelos novos Chevrolet C-60, que incorporaram avanços tecnológicos e design atualizado para competir no mercado em evolução.

Emprego nas Forças Armadas Brasileiras.
Durante o inicio da Segunda Guerra Mundial, preocupado com a possibilidade de uma invasão do continente americano pelas forças do Eixo, o governo norte-americano sob a gestão do presidente Franklin D Roosevelt  incentivou a participação do Brasil no esforço de guerra aliado. Como contrapartida, o Brasil obteve acesso a vantagens estratégicas como : Acordos bilaterais de comércio: Fortalecimento das relações econômicas com os Estados Unidos. Acesso ao programa  Leand & Lease Bill Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos): Uma linha de crédito de US$ 100 milhões para aquisição de equipamentos militares modernos, incluindo armamentos, aeronaves, veículos blindados e carros de combate. Entre 1942 e 1945, o Exército Brasileiro recebeu mais de 5.000 caminhões militares de diversos modelos, como GMC CCKW, Diamond T, US White Corbitt Cargo, Ward La France, Chevrolet Série G, e Studebaker US6G. Esses veículos proporcionaram uma capacidade significativa de mobilização de tropas e cargas, modernizando as operações logísticas da  Força Terrestre. Na década de 1950, a frota de caminhões adquirida durante a guerra enfrentou sérios problemas operacionais, decorrentes de: Desgaste natural: O uso intensivo durante e após o conflito comprometeu a condição das viaturas. Dificuldade de manutenção: A produção dos modelos recebidos foi descontinuada nos Estados Unidos, dificultando a importação de peças de reposição essenciais. Essa situação gerou preocupações críticas no comando do Exército Brasileiro, pois a redução da capacidade de transporte ameaçava diretamente a prontidão operacional. A necessidade de soluções emergenciais tornou-se prioritária para manter a funcionalidade das forças terrestres. A aquisição de uma nova frota de caminhões militares, como os modelos REO M-34 e M-35 com tração 4x4 e 6x6, foi considerada a solução ideal para substituir os veículos obsoletos. No entanto, o alto custo de tal investimento estava fora do alcance orçamentário do Exército Brasileiro na época. Estudos mais realistas resultaram em três estratégias complementares: Aquisição limitada de caminhões modernos: Aquisição:  de um pequeno número de caminhões militares modernos como os norte-americanos REO M-34, visando atender às necessidades mais urgentes com equipamentos atualizados -Repotencialização de frotas existentes: Estudos para modernizar e remotorizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G, prolongando sua vida útil por meio de reformas e atualizações -Adoção de caminhões comerciais militarizados: Utilização de veículos comerciais adaptados para cumprir missões secundárias, oferecendo uma solução econômica e imediata.

Mesmo com esta pauta na mesa,  o Exército Brasileiro enfrentou desafios significativos para manter sua capacidade operacional devido à obsolescência de sua frota de caminhões militares. Assim para  recuperar a capacidade logística do Exército Brasileiro, três alternativas foram consideradas: aquisição de novos caminhões militares, repotencialização de veículos existentes, e adoção de caminhões comerciais militarizados. Contudo, os estudos para modernizar os caminhões GMC CCKW e Studebaker US6G foram descartados devido a: Alto custo de implementação: Os investimentos necessários excediam as capacidades orçamentárias. Falta de expertise técnica: O Brasil não dispunha de experiência prévia em programas de modernização de tal escala. O cancelamento dessa iniciativa intensificou a necessidade de ampliar a aquisição de caminhões comerciais militarizados, que poderiam complementar a frota militar, composta majoritariamente por veículos 6x6 projetados para operações fora de estrada. A adoção de caminhões comerciais militarizados visava liberar a frota 6x6 para missões fora de estrada, destinando os novos veículos a funções secundárias, como transporte em ambientes urbanos e rodoviários. Esse conceito já havia sido implementado pelo Exército Brasileiro desde a década de 1930, com o uso de modelos como Chevrolet 112 Tigre, Chevrolet 137 Comercial, Chevrolet Gigante 937, e Opel Blitz II, todos adaptados para operações militares. A introdução em larga escala de caminhões comercialmente militarizados permitiu uma redistribuição eficiente dos recursos logísticos, otimizando a utilização da frota existente e garantindo a continuidade das operações. Para apoiar a indústria automotiva nacional, o Ministério do Exército optou por veículos produzidos pela Fábrica Nacional de Motores (FNM), que fabricava dois modelos de caminhões médios: o FNM D-9500 e o FNM D-11000. Após avaliação, o FNM D-11000 foi selecionado devido às suas características estruturais, que atendiam aos requisitos para militarização. As principais especificações do modelo incluíam: Robustez estrutural: Projetado para transportar cargas pesadas em estradas precariamente pavimentadas e terrenos irregulares -  Chassi reforçado: Equipado com sete travessas de reforço forjadas em aço de alta resistência, garantindo durabilidade e capacidade de suportar condições adversas -  Adequação ao uso militar: A construção robusta do D-11000 oferecia as condições necessárias para adaptações destinadas a operações militares. A estratégia de redistribuir a reduzida frota de caminhões militares 6x6 para missões fora de estrada e utilizar veículos comerciais em funções secundárias demonstrou pragmatismo e eficiência. 
A escolha do FNM D-11000 reforçou o compromisso do Exército com a modernização logística, ao mesmo tempo em que apoiou o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira, garantindo a continuidade de suas operações em um contexto de restrições orçamentárias e desafios técnicos. Resolvida em parte a necessidade de caminhões médios, restava focar na renovação da frota dos caminhões leves, que neste período era composta principalmente por modelos Opel Blitz II Comercial, além de veículos mais antigos, como Chevrolet 157 Gigante 937, GM G7106, G7107 e G-617M, recebidos entre 1935 e 1942. Esses veículos desempenhavam um papel crítico na estrutura logística do Exército, mas sua obsolescência, decorrente do desgaste e da dificuldade de manutenção, exigia um programa de renovação para garantir a operacionalidade. A necessidade de substituição da frota de caminhões leves representou uma oportunidade estratégica para a General Motors do Brasil, que já comercializava com sucesso os caminhões médios Chevrolet Brasil 6400 e 6500 no mercado civil. Reconhecendo o potencial de atender às demandas do Exército, a GM Brasil desenvolveu uma proposta para fornecer versões adaptadas desses modelos, aproveitando sua robustez, confiabilidade e aceitação no mercado. Perto do final da década de 1950, a General Motors do Brasil S/A formalizou uma proposta ao Ministério do Exército, oferecendo duas versões dos caminhões Chevrolet Brasil 6400 e 6500. A proposta destacava as seguintes vantagens: Preço competitivo: Custo acessível, alinhado às restrições orçamentárias do Exército -  Robustez e confiabilidade: Características comprovadas no mercado civil, garantindo desempenho em operações militares -  Facilidade de manutenção: A ampla utilização dos modelos no segmento comercial permitia economia de escala na aquisição de peças de reposição e na manutenção. O contrato foi rapidamente formalizado, prevendo a aquisição inicial de pelo menos 300 caminhões destinados ao transporte de tropas e carga. Os veículos foram divididos em dois tipos de carroceria, projetados para otimizar custos e atender às necessidades específicas: Transporte de tropas: Equipado com carroceria comercial de madeira, adaptada para o transporte de pessoal - Transporte de carga: Equipado com carroceria padrão militar (semelhante a empregada  nos GMC G7107), construída em madeira e metal, projetada para suportar cargas variadas. Essa divisão estratégica reduziu os custos globais do pacote de aquisição, mantendo a funcionalidade operacional dos veículos.

A aquisição dos caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil pelo Exército Brasileiro, iniciada em 1958, representou um marco na modernização de sua frota de transporte, com as entregas de um grande numero de veículos (dispostos nos dois modelos) sendo realizada imediatamente. O curto intervalo entre a assinatura do contrato e as entregas foi possibilitado pela mínima necessidade de adaptações para militarização, já que os veículos eram, em essência, versões comerciais retiradas diretamente da linha de produção da General Motors do Brasil (GM Brasil). Essa abordagem garantiu agilidade e economia no processo de fornecimento. Os caminhões foram inicialmente destinados aos Regimentos de Infantaria (R.I.), substituindo veículos leves obsoletos. Posteriormente, com novas aquisições, foram incorporados aos Regimentos de Cavalaria, que, a partir de 1969, passaram a ser denominados Regimentos de Cavalaria Mecanizados, devido à extinção das operações hipomóveis no Brasil. Essa distribuição estratégica ampliou a capacidade de transporte e mobilidade das unidades do Exército Brasileiro. Os caminhões Chevrolet 6400 e 6500 na versão de transporte de tropas podiam ser eventualmente equipados com armamento para autodefesa. Um suporte na parte traseira da cabine permitia a instalação de metralhadoras, como a norte-americana Browning M2 calibre .50 ou a dinamarquesa Madsen  de calibre 7 mm, proporcionando proteção adicional em operações militares. A partir de 1959, foram entregues unidades do Chevrolet 6500 Brasil com carroceria militar, projetadas para maior capacidade de carga. Esses veículos apresentavam as seguintes características: Capacidade de transporte: Até 16 soldados totalmente equipados ou cargas diversas. Mobilidade de artilharia: Transporte de canhões de montanha Schneider de 75 mm ou Saint Chamond de 75 mm, além de tração de obuseiros Schneider de 105 mm. Essa configuração aumentou significativamente a mobilidade das unidades de artilharia, permitindo maior eficiência em operações de campo. Uma nova versão de carroceria, conhecida como "Espinha de Peixe", foi encomendada para atender às necessidades dos Batalhões e Pelotões da Polícia do Exército (PE). Designada como "Transporte de Pessoal TP Choque 4x2", essa variante foi projetada para operações de controle de distúrbios e transporte de tropas em ambientes urbanos. Devido à sua versatilidade, o modelo foi posteriormente adquirido por diversos governos estaduais para uso pelas Polícias Militares (PM), ampliando sua aplicação no setor de segurança pública.
Além do Exército Brasileiro, os caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil foram incorporados pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Marinha do Brasil a partir de 1960. Pequenos lotes foram adquiridos nas configurações de transporte com carrocerias de madeira e de metal, destinados principalmente a tarefas de transporte de carga. Essa aquisição ampliou a utilização dos modelos em diferentes ramos das Forças Armadas, reforçando sua versatilidade e confiabilidade em operações logísticas. Um pequena parcela ainda na configuração da carroceria de "Espinha de Peixe" foi adquirida pelo Ministério da Aeronáutica (MAer) para emprego pelos Batalhões de Infantaria da Aeronáutica (BInfA). Nos anos de 1961 e 1962, o Exército Brasileiro celebrou novos contratos com a GM Brasil para aquisição de unidades adicionais dos caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil. Esses veículos já incorporavam melhorias introduzidas pela montadora, incluindo: Frente com quatro faróis: Atualização estética que modernizou o design e Chassis reforçado: Aumento da robustez e capacidade de carga, adequando os caminhões às demandas militares. Essas melhorias refletiram o compromisso da GM Brasil em atender às especificações operacionais do Exército, mantendo a competitividade do produto. Em 1964, a General Motors do Brasil anunciou o fim da produção dos caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil, encerrando as possibilidades de novas aquisições pelas Forças Armadas Brasileiras. A decisão marcou o fim de uma era para a família Chevrolet Brasil, que havia sido amplamente utilizada em aplicações militares e civis. A demanda por caminhões militarizados foi atendida, a partir de meados da década de 1960, pela nova linha de caminhões Chevrolet Série C-60 e D-60, lançada como sucessora natural dos modelos 6400 e 6500. Esses novos veículos incorporaram avanços tecnológicos e de design, garantindo a continuidade do fornecimento de soluções logísticas robustas para as Forças Armadas e o mercado civil. Os últimos caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil em serviço ativo, utilizados principalmente pela Polícia do Exército (PE), foram retirados de operação no início da década de 1970. A desativação marcou o fim do ciclo operacional desses modelos nas Forças Armadas, encerrando uma trajetória de mais de uma década de contribuições para a logística militar brasileira. Os caminhões Chevrolet 6400 e 6500 Brasil foram fundamentais para a modernização logística das Forças Armadas Brasileiras, sendo utilizados pelo Exército, Força Aérea e Marinha do Brasil. Sua adoção em configurações de transporte de carga e tropas, aliada às melhorias implementadas até 1964, demonstrou a capacidade da GM Brasil de atender às necessidades militares com veículos confiáveis e econômicos. O encerramento da produção e a transição para a linha C-60 e D-60 refletiram a evolução do setor automotivo, enquanto a desativação final na década de 1970 consolidou o legado desses caminhões como um marco na história militar e industrial do Brasil.

Em Escala.
Para representar o Chevrolet 6500 Brasil EB21-1213, foi selecionado um modelo em die-cast produzido pela Axio para a Editora Salvat, na escala 1/43. Este kit foi escolhido por sua qualidade e fidelidade ao design do veículo original, oferecendo uma base sólida para as adaptações necessárias à configuração militar. A versão militarizada do Chevrolet 6500 Brasil apresenta diferenças mínimas em relação à variante civil, o que permitiu uma conversão relativamente simples. As modificações foram realizadas utilizando técnicas de scratch building. Para reproduzir as marcações do Exército Brasileiro, foram utilizados decais do conjunto "Exército Brasileiro 1942–1982", produzido pela Decais Eletric Products.
O esquema de cores coitado abaixo, segue conformidade com as especificações do padrão Federal Standard (FS), foi utilizado em todos os veículos militares do Exército Brasileiro desde a Segunda Guerra Mundial até o final de 1982.  Os caminhões Chevrolet 6400 e  6500 Brasil, empregados pelo Exército Brasileiro, mantiveram esse esquema de pintura até sua retirada de serviço no início da década de 1970. Durante esse período, as únicas alterações realizadas foram relacionadas às marcações de identificação, como matrículas e insígnias, que variavam conforme a unidade ou a missão.



Bibliografia :
- Primórdios da Motorização no Exército Brasileiro 1919-1940 - Expedito Carlos Stephani Bastos
- Chevrolet Brasil 6500 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Chevrolet_6500
- Chevrolet Transporte e Comércio – Editora Salvat 2019
- General Motors do Brasil – www.generalmotors.com.br 
- Motorização no Exército Brasileiro 1906 a 1941 - Expedito Carlos Stephani Bastos